A Cabalá no seu sentido mais profundo trata-se de uma poderosa ferramenta
de ensino que nos ajuda no nosso refinamento, em nosso processo de transformação pessoal, em nosso trabalho espiritual e seu estudo é uma fascinante viajem por meio da qual passamos a visualizar nossa existência terrena e tudo que nos rodeia de forma muito mais significativa. Nesta viajem acessamos o mais profundo do nosso ser, entendemos verdadeiramente a importância de nossos relacionamentos, o motivo de nossa existência terrena, e a importância de nossa conexão com a fonte Criadora. A Cabalá trata-se da parte mística do Judaísmo, logo inseparável da Torá. Porém, antes de compreendermos o que é a Cabalá é importante compreendermos primeiramente o que a Cabalá não é; Pois a simples menção da palavra “misticismo” ou “cabalá” gera frequentemente na mente das pessoas imagens de magia, amuletos, rituais e encantamentos, espíritos e outros tipos de fenômenos sobrenaturais. Num extremo estão aqueles que gostariam de penetrar no “mundo do sobrenatural” com o obscuro objetivo de manipular a ordem natural das coisas. No outro extremo estão aqueles que, sob o disfarce de um suposto racionalismo, descartam os conceitos da Divina Sabedoria da Cabalá, considerando-os fantasias e superstições primitivas enraizadas na ignorância ou na ingenuidade. Enfim, o misticismo judaico não veio a existir para trazer “soluções mágicas” para problemas sociais, mentais ou emocionais, pois é parte integrante da Torá, da autêntica Revelação Divina transmitida a Moisés no Monte Sinai e os estudos da Cabalá e a prática da Torá tem o objetivo de elevar a nós seres humanos para dentro de um novo nível de consciência, guiar-nos pelos caminhos da autorrealização e do aperfeiçoamento humano por meio do conhecimento. Centro de Mística Judaica Ohr HaKabbalah
Quanto aos estudos da Cabalá
Durante muitos séculos a Cabalá foi considerada um assunto “proibido”, assim
como seu estudo. Havia uma lista de pré requisitos que um candidato aos estudos da Cabalá deveria preencher para que lhe fosse assegurado o direito de acessar aos estudos da Divina Sabedoria. Os sábios cabalístas de nossa atualidade asseguram que estas proibições tiveram uma razão para serem estabelecidas, porém abordaremos este tema um pouco mais adiante. O próprio Rabi Shimon Bar Iochai, afirmou no sagrado Zohar que a permissão de revelar os segredos da Divina Sabedoria tinha sido dada somente a ele e seus discípulos, porém isto iria durar somente até o final dos dias, ou seja, até o período anterior à era messiânica. O grande sábio cabalista, o Rabino Avrahan Azulai ensinou que “os níveis mais básicos da Cabalá devem ser ensinados a todos, jovens e velhos, pois somente através dos estudos da Cabalá é que eliminaremos as guerras, a destruição e a desumanidade entre os homens”. Rav Azulai citou passagens do Zohar e descreveu um futuro em que até as crianças pequenas conheceriam os profundos ensinamentos da Cabalá. O Rabi Chaim Vital em aparente contradição com alguns pré requisitos para estudos da Cabalá anteriormente estabelecidos afirmou “Se fôssemos aplicar estes pré requisitos tão rigorosamente como eles aparecem, ninguém seria capaz de prosseguir com o estudo, a menos que tivesse um instrutor tão grande como Rabi Shimon Bar Iochai para resolver todos os problemas encontrados”. O Rabi Yitzchack Lúria – o santo Ari, cujos ensinamentos foram universalmente reconhecidos como definitivos pelas autoridades judaicas, declarou que à partir de então, não era apenas permissível, más uma Mitvá (mandamento), um dever, revelar para todos os segredos da Divina Sabedoria. E por fim, dentre outros grandes sábios cabalistas, o Rabi Gaón Del Vilna e o Rabi Yehudah Ashlag – o Baal HaSulam, também afirmaram categoricamente que ao final do século XX não haveria mais barreiras quanto aos estudos da Cabalá, pois os segredos da Divina Sabedoria está disponível a todo aquele que assim desejar acessá-la.
Rav Ashag dizia: “Nossa geração está no verdadeiro limiar da redenção se
apenas soubermos como disseminar a Sabedoria Divina para as massas” (O Shofar do Mashiach).