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Atualização 20220505

GRACE SCHOLL OF THEOLOGY

A LUZ COMO ATRIBUTO DE DEUS

Artigo

Palavras chave: Luz; Atributos de Deus;


Jesus/Messias/Salvador; Restauração; Sacerdote; Menoráh;

Pergunta chave: É a LUZ um dos Atributos de Deus ?

FONTES

 Bíblia Shedd, tradução João Ferreira de Almeida, 2ª. edição


Revista e Atualizada, Editora Vida Nova;

 A Lei de Moisés – Torá e as Haftarót, Tradução Meir


Matzliah Melamed, 1962, Edição 2017, Editora e Livraria Séfer Ltda;

 Parashá Que Haja Luz! - Parashá Bereshit 2020/5781 –


Prof. Matheus Zandona – Ministério Ensinando de Sião – Belo Horizonte
– MG;

 Parashá A Luz e a Torá - Bahaalotchá - 2018/5778 - Prof.


Matheus Zandona;

 Textos Sagrados: Judaísmo: O Bereshith ou Genesis


Rabba , uma seleção de provérbios da obra traduzida para o inglês por
Samuel Rapaport.

 Rabbah Genesis Volume I (acesso gratuito) e Volume


2 (registro obrigatório) no Internet Archive

 Midrash Rabá: Gênesis . Traduzido por H. Freedman e


Maurice Simon, Vols. 1–2. Londres: Soncino Press, 1983. ISBN 0-
900689-38-2 .
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 Jacob Neusner . Confrontando a criação: como o judaísmo


lê Gênesis: uma antologia de Gênesis Rabá . Columbia, SC: University
of South Carolina Press, 1991. ISBN 0-87249-732-1 .

 Artscroll Kleinman Edition Midrash Rabbah Genesis Vol 1–


4, inglês/hebraico com elucidação em
inglês http://www.artscroll.com/Books/mrbr2.html

 Este artigo incorpora o texto de uma publicação agora


em domínio público : Singer, Isidore ; et ai., eds. (1901-
1906). "Bereshit Rabá" . A Enciclopédia Judaica . Nova York: Funk &
Wagnalls.(entrada de Marcus Jastrow e J. Theodor).

 BERKHOF, L. Summary of Christian Doctrine. Wm. B.


Eerdmans Publishing Company, 1939.

 BERKHOF, L. Teologia Sistemática. Campinas: LPC, 1995.

 GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida


nova, 2006.

 HODGE, Charles. Systematic Theology, vol. 1. Grand


Rapids: Christian Classics Ethereal Library, 2005.

 MILNE, Bruce. Os Atributos ou Perfeições de Deus. Em


MILNE, Bruce. Know the Truth. Inter-Varsity Press, Inglaterra, 1982.

 STEVENSON, John. What is God Like?


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ANTECEDENTES

Atributo segundo o dicionário português é um substantivo


masculino, que caracteriza o que é próprio, de algo ou de alguém.

A título de exemplo, os atributos de Deus são qualidades


atribuídas ao caráter divino de acordo com sua auto-revelação e que
nos ajudam a entender quem é Ele.

Vários autores como Charles Hodge, Louis Berkhof, Wayne


Grudem, Bruce Milne dentre outros, a título de facilitar o entendimento,
costumam classificar os atributos divinos em dois grupos: atributos
incomunicáveis e comunicáveis, ou ainda como "atributos exclusivos
de Deus" e "atributos não-exclusivos de Deus".

 Atributos incomunicáveis são aqueles que enfatizam a distinção


absoluta entre Deus e a criatura (não podem ser comunicados à
criatura). Geralmente, fala-se deles por via negativa, afirmando
aquilo que Deus não é - esta descrição é conhecida como teologia
negativa ou apofática.
 Atributos comunicáveis são aqueles em que são encontradas
semelhanças ou analogias na criatura, especialmente no ser
humano (estes atributos podem ser comunicados à criatura).

A Luz, tal qual abordarei nesse artigo, configura-se como um


atributo comunicável de Deus, que o faz chegar a toda criatura, desde
os primórdios da criação até o futuro, comunicável através da Sua
Palavra, da encarnação de Cristo e delegada ao ser humano como um
instrumento de restauração de toda a vida que lhe foi confiada.

Para auxiliar nessa análise, farei uso de conhecimentos e


tradições da Igreja primitiva, fundada por Cristo, na qual judeus e
gentios comungavam da Palavra de Deus revelada no antigo
testamento e na mensagem apostólica que nos foi legada no novo
testamento.

Segundo o conhecimento ancestral dos Rabinos, presente no


B'reshith Rabba, que mais adiante falaremos dele, a Torá era para
Deus, quando ele criou o mundo, o que o plano é para um arquiteto
quando ergue um edifício. (pág. 43).

Também dizem os Rabinos que Deus só é assim conhecido depois


de criar o céu e a terra, por isso não se diz: "Deus criou", mas "No
princípio criou Deus os céus e a terra", Ele não é mencionado como
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Deus antes de criar. Da mesma forma que o título de um rei terreno


precede seu nome, por exemplo, Imperador Augusto.

Em Gn 1.3 está escrito: “E disse Deus: Haja luz; e houve luz.


A luz é mencionada cinco vezes no capítulo de abertura da Bíblia. Isso
aponta para os cinco livros da Torá. "Deus disse, haja luz", refere-se
ao livro de Gênesis, que nos esclarece como a criação foi realizada. As
palavras "E houve luz" referem-se ao livro de Êxodo, que contém a
história da transição de Israel das trevas para a luz. E “Deus viu a luz
que era bom" que faz alusão ao livro de Levítico, que contém
numerosos estatutos.

Na primeira parte de Gn 1:4, está escrito: “E viu Deus que era


boa a luz (TOV)”, desse ponto em diante, cada uma das criações que
se sucederam apontaram para a Luz, pois ao final da criação de cada
uma delas está escrito: “...e viu Deus que era bom.”

Na segunda parte de Gn 1:4, está escrito que "E Deus dividiu


entre a luz e entre as trevas": isso se refere ao livro de Números,
dividido como esse livro é entre a história daqueles que saíram do Egito
e a daqueles que estavam a caminho de possuir a terra prometida.

"E Deus chamou a luz dia": isso faz referência ao livro de


Deuteronômio, que não é apenas um ensaio dos quatro livros
anteriores, mas contém a eloquente acusação de Moisés a Israel e
muitas leis não mencionadas nos livros anteriores.

Porém, em Gn 1:2, precedendo a criação da Luz, está escrito que


após a criação do céu e da terra “...a terra era sem forma e vazia; e
havia trevas sobre a face do abismo.”, nesse ponto parece haver
alguma razão para o desânimo da Terra, como se tivesse ciente de sua
sorte de antemão.

Deus, Criador de todas as coisas, já sabia que o mundo conteria


homens justos e ímpios, e há uma alusão a isso na história da criação:
"A terra sem forma" significa os ímpios, e as palavras "e houve luz"
referem-se aos justos.

A luz, quando criada, teria capacitado o homem a ver de um


canto da terra ao outro; mas os ímpios da geração de Enos, o dilúvio
e a Torre de Babel fizeram com que aquela luz fosse retirada deste
mundo, e fosse não só preservada para os justos em uma esfera mais
elevada, mas, principalmente, apontando para a verdadeira identidade
do Messias Jesus, restaurador da criação, “Luz do mundo, cuja a
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promessa para os que o seguem é de nunca andar em trevas e ter a


luz da vida!” (Jo 8:12).

CONTEXTO

Assim como um Rei antes de construir seu palácio determina a


planta e vizualiza nela o resultado final, o Eterno determinou o
resultado final de toda a criação antes mesmo de começar a criar:
“Haja Luz !”

A palavra Luz na Bíblia aparece 90 vezes, começando por Genesis


1,3 e terminando em Apocalipse 22,5 portanto em quase todos os
livros da Bíblia com um significado amplo, percebido pelas leituras que
fazemos da Bíblia.

Nos antecedentes desse artigo, eu citei o B'reshith Rabba, dessa


forma, cabe aqui um destaque para a importância desse texto religioso
do período clássico do judaísmo para o nosso entendimento do livro de
Gênesis.

B'reshith Rabba provavelmente foi escrito não muito depois do


Talmude de Jerusalém (séculos 4 a 5) com algumas adições
posteriores. É um midrash que compreende uma coleção de antigas
interpretações homiléticas rabínica do Livro do Gênesis (B'reshith em
hebraico).

Midrash é um termo encontrado nas Escrituras, precisamente


em II Crônicas 13:22, posteriormente atribuído à exposição (exegese)
em especial das Escrituras. Em contraste com a interpretação literal,
subsequentemente chamada de peshat, o termo midrash designa
uma exegese profunda e contrária ao método de peshat, tentando
penetrar e revelar o espirito das Escrituras, cercando por todos lados,
examinando, revelando às interpretações que não são óbvias na leitura
superficial do texto.

O Talmud compara este tipo de exposição midráxica um martelo


que desperta as faíscas adormecidas na rocha.

É um gênero de literatura rabínica que contém as primeiras


interpretações e comentários sobre a Torá Escrita e a Torá Oral (lei
falada e sermões), bem como a literatura rabínica não-legalística
(Ágadá) e ocasionalmente as leis religiosas judaicas (Halacá), que
normalmente formam um comentário contínuo sobre passagens
específicas da Bíblia Hebraica (Tanaque).
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Genesis Rabbah contém muitas explicações simples de palavras


e frases, muitas vezes na língua aramaica, adequadas para a instrução
da juventude. Ele também contém variadas exposições agádicas
populares nas palestras públicas das sinagogas e escolas.

Os primeiros capítulos do Gênesis (sobre a criação do mundo e


do homem), forneceram um material especialmente rico para esse
modo de exegese. Seções inteiras são dedicadas a comentários sobre
um ou dois versículos do texto. Muitas referências ao pensamento
filosófico contemporâneo são feitas com o propósito de refutar as
opiniões dos incrédulos. Também ocorrem referências a condições
contemporâneas e eventos históricos. É característico do Midrash ver
os personagens e as condições da Bíblia à luz da história
contemporânea da época.

O melhor manuscrito de Genesis Rabbah é encontrado no Codex


Add. 27.169 do Museu Britânico e foi usado para a edição crítica
emitida por J. Theodor uma das fontes bibliográficas desse artigo.

Promovido esse destaque, voltemos a Gn1:3: “E disse Deus:


Haja luz; e houve luz.”

A Luz representa a manifestação plena de Deus no mundo


material, o reflexo da sua Santidade e expressão da sua Glória.

Sendo assim, toda a criação deverá resplandecer a Luz de Deus,


manifestar a Sua presença. Esta Luz não é ainda plenamente
contemplada na criação, pois o Criador fez a separação entre a Luz e
trevas (Gn 1:4). Ela está presente de forma parcial para nos lembrar
da missão primordial do homem, que é servir como instrumento para
resplandecer a Luz de Deus no mundo, pois tudo o que existe foi criado
pela Luz de Deus e possui o objetivo de resplandecê-la.

A palavra resplandecer aparece vinte e duas vezes na Bíblia e


sempre associada a reproduzir a Luz emanada por Deus.
Veja como exemplo o fato de como Moises resplandecia a Luz de
Deus quando descia do Monte Sinai: “...E aconteceu que, descendo
Moisés do monte Sinai (e Moisés trazia as duas tábuas do Testemunho
em sua mão, quando desceu do monte), Moisés não sabia que a pele
do seu rosto resplandecia, depois que o SENHOR falara com ele. “ (Ex
34:29).

No Novo Testamento encontramos Jesus descendo até nós para


trazer luz a um mundo que era dominado pelas trevas, sendo Ele o
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exemplo perfeito, a matriz de identidade para quem quer viver uma


vida que agrada a Deus.

Jesus nos convida para sermos filhos de Deus, luz deste mundo
e agentes de restauração daqueles que estão perdidos e sem
esperança, que perderam a luz e mergulharam no mundo das trevas.

Jesus em Mt 17:1-13 e Lc 9:28-36 ao se aproximar de Deus se


transfigura, sua face brilha como o sol e suas roupas se tornam brancas
como a luz. No mesmo instante uma nuvem resplandecente os
envolveu, e dela saiu uma voz, que dizia: “Este é o meu Filho amado
em quem me agrado. Ouçam-no!”.

A Luz é o propósito de todas as coisas criadas, incluindo as


Trevas. A escuridão tem o propósito de não apenas proporcionar ao
homem o poder de escolha entre justos (luz) e ímpios (trevas), mas
também para ser transformada em Luz através dos atos de justiça do
homem, como está escrito em Isaias 45 a partir do verso 7.

Com isso, o plano Deus para seu povo, judeus e gentios em


Cristo (Jo 17) é o que está em 1 Pe 2: 9: “Mas vós sois a geração
eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que
anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz”.

O caráter Cristocêntrico do chamado de Deus ao homem,


manifesto na Luz do Messias, desde o início da criação, está muito bem
expresso em Jo 1:1-14, que inclusive aponta para a separação dos
Justos (Luz) do Ímpios (Trevas), a saber: “..No princípio era o Verbo,
e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no
princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele
nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz
dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a
compreenderam. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome
era João. Este veio para testemunho, para que testificasse da luz,
para que todos cressem por ele. Não era ele a luz, mas para que
testificasse da luz. Ali estava a luz verdadeira, que ilumina a
todo o homem que vem ao mundo. Estava no mundo, e o mundo
foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu,
e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-
lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu
nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem, mas de Deus. E o Verbo se fez carne, e
habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito
do Pai, cheio de graça e de verdade.”.
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Jesus, o Messias, é a manifestação Plena de Deus no mundo. Ele


é a Luz de Deus e faz com o homem possa resplandecer também esta
luz. Ele mesmo afirmou isso em Jo 8:12: “...Falou-lhes, pois, Jesus
outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não
andará em trevas, mas terá a luz da vida.”.

Em Jesus, segundo Cl 2:9, “...habita, corporalmente, toda a


plenitude da Divindade.

Nas palavras do Rabino Messiânico Matheus Zandona, “...O


mundo foi criado para que o Homem, resplandecendo a Luz a Luz do
Criador através de Cristo, pudesse transformá-lo na habitação da
presença de Deus. Assim como Luz foi confinada e revelada de forma
oculta na criação, Jesus está em um estado oculto ao seu povo Israel
(K´lipá em hebraico). Porém, tal como a Luz divina mesmo oculta é
evidenciada na criação, Jesus (mesmo estranho a Israel) é evidenciado
na Torá e nos Profetas. Assim, como o homem quando resplandece a
Luz divina faz com que a criação também manifeste esta Luz, nós que
temos a Luz do Mundo em nossos corações, devemos resplandece-lo
de tal forma que Israel e as nações possam vê-la.”.

Livro do Êxodo (do em grego clássico: ἔξοδος, éxodos, "saída" ou


"partida"; em hebraico: ‫שמֹות‬,
ְׁ Shəmōṯ, "nomes", a segunda palavra
do começo do texto: "Ora estes são os nomes dos filhos de Israel, que
entraram no Egito") é o segundo livro da Torá (vem logo depois de
Gênesis) e o segundo da Bíblia hebraica (o Antigo Testamento dos
cristãos).

Ele conta a história do Êxodo, ou seja, de como


os israelitas deixaram para trás a escravidão no Egito por sua fé
em Yahweh/Deus, que escolheu Israel como seu povo. Liderados por
seu profeta, Moisés, eles viajaram pelo deserto até o monte Sinai,
onde Deus lhes promete a terra de Canaã (a "Terra Prometida") como
recompensa por sua fidelidade.

Os israelitas passam a fazer parte da aliança com Deus, que lhes


fornece suas leis e instruções para a construção do Tabernáculo.
Tradicionalmente atribuído ao próprio Moisés, os estudiosos modernos
entendem que o livro foi, inicialmente, produzido no cativeiro da
Babilônia (século VI a.C.) tendo como base tradições escritas e orais
mais antigas com revisões finais no período pós-exílio (século V a.C.).

Alguns estudiosos defendem que este é o mais importante livro


do Antigo Testamento, pois ele define as principais características da
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identidade de Israel: a memória de um passado marcado por


dificuldades e pela fuga, uma aliança com Deus, que escolheu Israel,
e o estabelecimento de uma vida comunitária e as leis necessárias para
mantê-la.

No Livro de Êxodo na parte chamada Terumah em hebraico, Ex


25–27, Deus fornece para construção do Tabernáculo, local onde Ele
habitará no meio do seu povo (Ex 25:8) e a sua decoração.

Dentre a decoração que estará no local, Deus entrega as


instruções para a fabricação do Candelabro, Menoráh em hebraico
(v.31-40): “...Também farás um candelabro de ouro puro; de ouro
batido se fará este candelabro; o seu pé, as suas hastes, os seus
copos, os seus botões, e as suas flores serão do mesmo. E dos seus
lados sairão seis hastes; três hastes do candelabro de um lado dele,
e três hastes do outro lado dele. Numa haste haverá três copos a
modo de amêndoas, um botão e uma flor; e três copos a modo de
amêndoas na outra haste, um botão e uma flor; assim serão as seis
hastes que saem do candelabro. Mas no candelabro mesmo haverá
quatro copos a modo de amêndoas, com seus botões e com suas
flores; E um botão debaixo de duas hastes que saem dele; e ainda
um botão debaixo de duas outras hastes que saem dele; e ainda um
botão debaixo de duas outras hastes que saem dele; assim se fará
com as seis hastes que saem do candelabro. Os seus botões e as suas
hastes serão do mesmo; tudo será de uma só peça, obra batida de
ouro puro. Também lhe farás sete lâmpadas, as quais se acenderão
para iluminar defronte dele. Os seus espevitadores e os seus
apagadores serão de ouro puro. De um talento de ouro puro os farás,
com todos estes vasos. Atenta, pois, que o faças conforme ao seu
modelo, que te foi mostrado no monte.”

A Menoráh ficava numa posição estratégica do tabernáculo e


tinha a função de iluminar todo o local.

Ela servia como uma “luz”, como uma educadora/disciplinadora


para os sacerdotes pois ela precisava se manter sempre acesa, além
disto a Menoráh também representa:1 – A luz de Deus sobre a terra;2
– Jesus como a Luz do mundo; 3 – As boas obras dos justos que
praticam a justiça; 4 – No B'reshith Rabba a Menoráh representa a
Árvore da Vida, e que suas sete hastes representam as sete palavras
que compõe o primeiro versículo de Gênesis.

A função educadora da Luz através da Menoráh era evidenciada


nos serviços do Sacerdote, que tinha que acender todos os dias a
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lâmpada e se comprometendo em mantê-las acesa por 24 horas. Para


fazer todos os dias a mesma coisa, a pessoa tem de ser “disciplinada”.

Todos os dias o sacerdote ia até as lâmpadas e limpava, tirava


toda sujeira, pó e cinzas e acendia novamente, isso demonstra que a
pessoa tem que ser educada (disciplinada), então uma das mensagens
por trás desse ato é sobre educação espiritual que os justos são
chamados a praticar a partir do seu devocional diário.

Alguns escritos rabínicos apontam também para o fato de os sete


braços da MENORÁ representarem os SETE SABERES, isto é – os sete
orifícios que compõem o rosto, sendo esses:2 orelhas – 2 olhos – 2
narinas – 1 boca.

Portanto, os sete braços da Menoráh representam exatamente o


que precisamos praticar diariamente: Iluminar o que se ouve;
Iluminar o que se olha; Iluminar o que você cheira; Iluminar,
principalmente, o que você fala.

Na dinâmica de manutenção da Menoráh acesa, assim está


escrito em Lm 3:22-25: “...As misericórdias do SENHOR são a causa
de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim;
renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade. A minha porção é
o SENHOR, diz a minha alma; portanto, esperarei nele. Bom é o
SENHOR para os que esperam por ele, para a alma que o busca.”.

Todas as manhãs um cohen (sacerdote) entrava na seção côdesh


(Santo) do Tabernáculo ou do Templo Sagrado e subia as escadas que
conduziam à Menoráh. Tirava as cinzas de todas as lâmpadas, tirava
os pavios queimados, colocando novos. Então, derramava azeite de
oliva em cada lâmpada de um cântaro que continha meio lug
(aproximadamente 250 ml) de azeite de oliva casher. Fazia isto todas
as manhãs, mas não acendia a Menoráh até a tarde.

Conta-se na tradição rabínica que quando o Sacerdote entrava


para limpar a Menoráh presenciava um milagre.

As sete luzes da Menoráh deveriam ter-se extinguido, pois o


azeite que o sacerdote havia acendido na tarde anterior não podia
durar mais que doze horas: até a manhã seguinte. Porém,
incrivelmente, o Sacerdote sempre encontrava a luz do meio das sete
ainda acesa. Como era possível?

Tratava-se claramente de um milagre, um sinal de Deus


para demonstrar aos judeus que sua Divindade repousava no
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Tabernáculo. Este mesmo Cohen não tocava na luz do meio, mas


limpava as outras seis lâmpadas e colocava novos pavios. O Cohen que
entrava à tarde encontrava a luz do meio acesa. Usava então esta luz
para acender as outras seis luzes. Somente depois de fazê-lo apagava
a luz do meio, limpava as cinzas dessa lâmpada e voltava a acendê-la.
A luz do meio manteve-se assim, constantemente acesa no
Tabernáculo.

A Menoráh tinha a função de lembrar a presença de Deus no


interior do tabernáculo, suas “hastes” ficavam miradas para a haste
central, a função não era só iluminar o tabernáculo, mas também o
centro dela mesmo. Segundo alguns rabinos, assim como a “Menoráh”
ilumina todo o tabernáculo, assim deve ser Israel e iluminar todas as
nações da terra, cumprindo a promessa dada para Abraão -“Bendito
será todas as nações da terra”.

A Menoráh representa também os sete Espírito de Deus no


Messias – (Is 12.2), são eles: 1 – O Espírito do Senhor; 2 – Espírito de
Sabedoria; 3 – Espírito de entendimento; 4 – Espírito de conselho; 5 –
Espírito de fortaleza; 6 – Espírito de conhecimento;
7 – Espírito de temor do Senhor.

Os sete braços da Menoráh representam também os 7 dias da


semana.

Em Zacarias 4:1-10, onde o profeta tem uma visão de


um candelabro de sete pontas, sendo abastecido por duas oliveiras,
que estão ao lado de uma grande bacia de azeite, e esse identifica as
sete pontas como sendo “os olhos do Senhor que percorrem toda a
terra” (verso 10).

Em Apocalipse 5:6 também existe a menção aos sete olhos do


Senhor: “Então, vi, no meio do trono e dos quatro seres viventes e
entre os anciãos, de pé, um Cordeiro como tendo sido morto. Ele tinha
sete chifres, bem como sete olhos, que são os sete Espíritos de Deus
enviados por toda a terra.”

O Profeta Isaías profetiza que os sete espíritos de Deus


representam o próprio Jesus, o qual manifestaria em carne, as sete
características do servo do Senhor: “Do tronco de Jessé sairá um
rebento, e das suas raízes, um renovo. Repousará sobre ele o Espírito
do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de
conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do
SENHOR.” (Is 11:1-2).
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No Salmo 119:105, está escrito que: “...A tua Palavra (Torah) é


lâmpada que ilumina os meus passos e luz que clareia o meu caminho.”

Verdade e Justiça é a Palavra de Deus, vide Paulo em Rm 14:17,


Dt 16:20: “A justiça, somente a justiça seguirás; para que vivas, e
possuas em herança a terra que te dará o Senhor teu Deus.” E Jo
14:6: “...Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida;
ninguém vem ao Pai, senão por mim.”

Em Mateus 5:14-16, Jesus faz menção ao chamado sacerdotal


do povo de Deus: “Vós sois a luz do mundo (a Menoráh); não se pode
esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende
a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a
todos que estão na casa.
Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus “, e
continua em Mt 5:16: “...que a nossa boa obra deve resplandecer para
glorificar ao Pai...para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a
vosso Pai, que está nos céus.

Várias coisas como já falamos, remetem ao fato de que os


chamados a serem Povo de Deus devem ser a luz do mundo,
resplandecendo a Luz de Deus, recebida através de Jesus para iluminar
toda a humanidade.

CONCLUSÃO

A palavra verdade em Hebraico é "emêt", formada por três letras,


‫אֶ ֶמת‬, onde a primeira letra (ֶֶ‫ )א‬é a primeira letra do alfabeto hebraico,
a segunda letra (ֶֶ‫ )מ‬é a letra que divide (em partes iguais) todo o
alfabeto hebraico e a terceira letra (‫)ת‬, última letra do alfabeto
hebraico, ou seja, a Verdade da Palavra de Deus abrange o princípio
(Gênesis), o meio (Messias) e o fim (Apocalípse).

Assim como no início de tudo Deus declarou o desfecho profético,


em “Que Haja Luz”, Deus já nos declarou que no final a sua Luz
resplandecerá, através do Messias sobre todo a humanidade.

Em Ap 21:22-24 está escrito o destino para o qual a Luz de Deus


conduzirá a humanidade: E nela não vi templo, porque o seu templo
é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro.
E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela
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resplandeçam, porque a glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro


é a sua lâmpada. E as nações dos salvos andarão à sua luz; e os reis
da terra trarão para ela a sua glória e honra.

Esse texto de Apocalipse está em conformidade com o que


outrora veio a ser profetizado pelo Profeta Isaias em Is 60:19-21, a
saber: Nunca mais te servirá o sol para luz do dia nem com o seu
resplendor a lua te iluminará; mas o Senhor será a tua luz perpétua,
e o teu Deus a tua glória. Nunca mais se porá o teu sol, nem a tua
lua minguará; porque o Senhor será a tua luz perpétua, e os dias do
teu luto findarão. E todos os do teu povo serão justos, para sempre
herdarão a terra; serão renovos por mim plantados, obra das minhas
mãos, para que eu seja glorificado.

Em Is 2:3-5 vemos que a Luz do Senhor vem de Israel


(Jesus/Messias) e da sua Palavra: “...E irão muitos povos, e dirão:
Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó, para
que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas;
porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor.
E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes
converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices;
uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão
mais a guerrear. Vinde, ó casa de Jacó, e andemos na luz do Senhor.

O chamado Sacerdotal sobre Israel, em Is 42:6 resplandece


sobre os gentios: “...Eu, o Senhor, te chamei em justiça, e te tomarei
pela mão, e te guardarei, e te darei por aliança do povo, e para luz
dos gentios.”.

Para restauração de toda a humanidade e criação, como está em


At 3:21: “...O qual convém que o céu contenha até aos tempos da
restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus
santos profetas, desde o princípio...”

Através da Luz de Deus do Princípio, a criação se estabelece,


essa mesma Luz restaura a humanidade em Cristo e cumpre o seu
propósito de benção sobre todas as coisas.

Para finalizar, cito o Profeta Daniel, que de uma forma magnifica,


sintetizou no Cap 2, verso 22, o que é a Luz de Deus: “...Ele revela o
profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora
a LUZ...”.

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