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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Filosofia e Ciências Humanas


Faculdade de História
Departamento de História

Luiz Henrique da Costa Moreira

O CASO PROCONSULT
UMA TENTATIVA DE FRAUDAR A ELEIÇÃO DE 1982

Belford Roxo
2023
Luiz Henrique da Costa Moreira

O CASO PROCONSULT
UMA TENTATIVA DE FRAUDAR A ELEIÇÃO DE 1982

Projeto de Graduação apresentado ao


Departamento de Filosofia e Ciências
Humanas da Faculdade de História,
Universidade do Estado Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos para obtenção do
Diploma de Graduação e Bacharel pelo Curso
de História.

Orientador: Prof.ª. Henrique Gaio

Coorientador: Prof.ª. Henrique Gaio

Belford Roxo
2023
CATALOGAÇÃO NA FONTE
UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CTC/F

Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial


deste projeto final de graduação, desde que citada fonte.

_____________________________________ ____________________________
Assinatura Data

_____________________________________ ____________________________
Assinatura Data
Luiz Henrique da Costa Moreira

Projeto de Graduação apresentado ao


Departamento de Filosofia e Ciências
Humanas de Faculdade de História,
Universidade do Estado Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos para obtenção do
Diploma de Graduação e Bacharel pelo Curso
de História.

Aprovados: ___/___/2023
Banca Examinadora:

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Prof.ª:

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Prof.ª.

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Prof.ª.

Belford Roxo
2023
Dedico este trabalho a minha família, minha mãe, meu pai e meus parentes por
investirem na minha educação e me apoiarem. Dedico também este trabalho para
minha amada namorada, que me ajudou nos momentos mais difíceis.
AGRADECIMENTOS

Direciono meu saudoso agradecimento ao Professor...


Quando tivermos que discutir polícia, vamos ter que
discutir ministério público, vamos ter que discutir as
questões legislativas e o setor do judiciário, junto a isso
o papel do Estado perante a sociedade. (1997)

Hélio Luz, Ex-secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro


RESUMO

Após a Lei da Anistia e a revogação do AI-5 o Brasil começava a sentir de maneira


“lenta e gradual” os ventos da Democracia. Exilados políticos, como personagens que
circundam esta história, seriam peça chave na luta pela volta dos direitos civis e
políticos no país. Mas as Forças Armadas Brasileira estavam divididas neste
processo, a chamada Linha Dura que eram opostos aos militares da chamada escola
de Soborne confeccionavam planos para fazer o já regime militar que caia de podre
se perpetuar no poder. Antes mesmo do pleito de 1982, militares do 1º Batalhão de
Polícia do Exército, da famigerada Rua Barão de Mesquita, explodiram bombas em
um show que comemorava o dia 01 de maio. A empreitada falhou, e os militares que
buscavam culpar os movimentos de esquerda e de demasiadas vertentes políticas
foram pegos em flagrante, inclusive um deles, com uma bomba no colo. Porém,
militares da Linha Dura iriam tentar novamente, dessa vez, sem explosão. Contudo,
militares usariam as escabrosas técnicas inovadoras e métodos sujos que o SNI
possuía e em conluio com a grande mídia, para frear o que já se chamava Nova
Democracia. Mas uma maneira de se pensar? Justo quando militares pedem para
sair, eles pedem para retornar? Ou seria algo mais obscuro? Que talvez, por si só,
prejudicaria seus companheiros de farda e que qualquer convulsão social daria jeito?
Neste trabalho, analisamos documentos retirados do Sistema de Informação do
Arquivo Nacional o SIAN a procura de documentos que pudessem dar um outro olhar
para esta tentativa de fraude que se tentou no Estado do Rio de Janeiro no ano de
1982.

Palavra-chave: SNI, PROCONSULT, SERPRO, FRAUDE;


ABSTRACT

After the Amnesty Law and the revocation of AI-5, Brazil began to feel the winds of
Democracy in a “slow and gradual” way. Political exiles, as characters that surround
this story, would be a key player in the fight for the return of civil and political rights in
the country. But the Brazilian Armed Forces were divided in this process, the so-called
Hard Line that were opposed to the military of the so-called Soborne school, making
plans to make the already rotten military regime perpetuate itself in power. Even before
the 1982 election, military personnel from the 1st Army Police Battalion, on the
infamous Rua Barão de Mesquita, exploded bombs at a show celebrating the 1st of
May. The venture failed, and the military who sought to blame leftist movements and
too many political strands were caught in the act, including one of them, with a bomb
in his lap. However, the Hard Line military would try again, this time without an
explosion. However, the military would use the scabrous innovative techniques and
dirty methods that the SNI had and in collusion with the mainstream media, to curb
what was already called New Democracy. But a way of thinking? Just when military
personnel ask to leave, do they ask to return? Or is it something more obscure? That
perhaps, in itself, it would harm his comrades in uniform and that any social upheaval
would come in handy? In this work, we analyze documents taken from the Information
System of the National Archive, the SIAN, in search of documents that could give
another look to this fraud attempt that was attempted in the State of Rio de Janeiro in
the year 1982.

Keywords: SNI, PROCONSULT, SERPRO, FRAUD;


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Manual pioneiro da ESG, 1950, Ministério do Silêncio..............................16

Figura 2 - ...................................................................................................................00

Figura 3 - ...................................................................................................................00

Figura 4 - ...................................................................................................................00

Figura 5 - ...................................................................................................................00

Figura 6 - ...................................................................................................................00

Figura 7 - ...................................................................................................................00

Figura 8 - ...................................................................................................................00

Figura 9 - ...................................................................................................................00

Figura 10 - .................................................................................................................00

Figura 11 - .................................................................................................................00

Figura 12 - .................................................................................................................00

Figura 13 - .................................................................................................................00

Figura 14 - .................................................................................................................00

Figura 15 - .................................................................................................................00
LISTA DE SIGLAS

CIE – Centro de Informações do Exército;

CIA – Central Intelligence Agency;

OSS – Office of Strategic Services;

CEP – Centro de Estudos do Pessoal;

PROCONSULT – Programa

SNI – Serviço Nacional de Informações;

IPM – Inquérito Policial Militar;

SSP-RJ – Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro;

SERPRO – Secretaria

ESG – Escola Superior de Guerra;

SFICI – Serviço de Informações e Contra-Informações;


SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO......................................................................................................00
2 – METODOLOGIA TEÓRICA EMPREGADA..........................................................00
2.1 – ANTECEDENTE NOTÓRIO...............................................................................00
2.1.2 – SNI E A POLÍTICA..........................................................................................00
2.2 – ABRIL DE 77......................................................................................................00
2.3 – LEI DA ANISTIA 79............................................................................................00
2.4 – BRIZOLA, O ÚLTIMO CALDILHO......................................................................00
2.5 – O PDT E O PLURIPARTIDARISMO..................................................................00
2.6 – A CARA DO ARENA, JEITO DO PDS................................................................00
3 – MOREIRA FRANCO E JOÃO FIGUEIREDO.......................................................00
3.1 – O PLEITO E SEUS OBSTÁCULOS...................................................................00
3.1.1 – O NASCIMENTO DA JUSTIÇA ELEITORAL..................................................00
3.1.2 – PROCONSULT E SERPRO............................................................................00
3.2 – A TV GLOBO E AS ORGANIZAÇÕES MARINHO..............................................00
3.3 – ATUAÇÃO DA IMPRENSA CONTRA A FRAUDE.............................................00
4 – O MOTIVO PARA FRAUDE..................................................................................00
4.1 – CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................00

REFERÊNCIAS..........................................................................................................00

ANEXO DE MÍDIA VOL. A / B..................................................................................00


1 – INTRODUÇÃO

No ano de 1992 acontecia a ECO92 que era uma cooperação de diversos


países para combater o desmatamento e o aquecimento global com medidas
implementadas por governos signatários do tratado. Os olhos do Brasil e do mundo
estavam voltados para um local específico: o Rio de Janeiro. Historicamente, o Rio de
Janeiro para o resto do mundo foi o cartão de visitas para o resto do Brasil, e isso tem
consequências enormes para o que se dedigna há como o Estado Brasileiro conduz
suas políticas internas. Quando tratamos do final da Ditadura Militar, onde o fogareiro
foi aceso no famoso Discurso da Central do Brasil no Centro do Rio, e onde no ano
de 1983 as ruas se encheram para pedir a volta do direito ao voto, subtraído a ferro e
fogo por militares golpistas. Novamente, o Rio de Janeiro é palco de uma trama que
será vital para a consolidação de uma Justiça Eleitoral autônoma, com recursos e
acima disso, inviolável.

Após a devolução da liberdade subtraída com violência do povo, os direitos


civis deram tração para que movimentos políticos e sindicais erguessem voz em favor
de ainda mais direitos. E depois de muitos episódios de violência, e sendo por último
também da morte do jornalista Vladmir Herzog, a ditadura militar já não se sustentava.
Os militares caminhavam a passos largos em direção ao Crepúsculo dos Deuses –
obviamente carentes de deidade – Estamos falando de um período que se
compreende de 1979 à 1983, o DOPS e DOI-CODI só encerrariam suas operações
de grupo de extermínio no ano de 1985, ou seja, embora a sociedade da denominada
Década Perdida estivesse sentindo a brisa da democracia, ainda do outro lado do
muro, estavam apostos os assassinos para agir em favor de um estado criminoso.

Criminosos como eram, e como são, tentariam por mais de uma vez obstruir
as vias para a liberdade constitucional e individual. O arbítrio ainda rondava junto aos
fantasmas para quem saiu para o exílio e voltava com medo de morrer. Aos que
ficaram, foram seviciados e barbaramente mortos. O regime militar, assim como diz
na música da digníssima Gal Costa: mostrou sua cara.
2 - METODOLOGIA TEÓRICA EMPREGADA

Em nosso prisma teórico e arcabouço documental, assim como artigos e


livros que nos dão diversas direções para pesquisar, trazendo grande gama e matizes
de interpretação e de finalidade. Aos documentos oficiais e obtidos em Arquivos
Públicos Estaduais e em órgãos da União e do Ministério da Justiça e Segurança
Pública como o Arquivo Nacional utilizaremos como prisma teórico o Materialismo
Histórico Dialético, pois em nossa historiografia não temos uma história
governamental uniforme e linear, sendo interrompida a ordem constitucional vigente e
sendo implantadas ditaduras na história política brasileira, provocando diversas
mudanças sociais e causada de diferentes formas. Portanto, não seria possível
analisar a Fraude PROCONSULT a partir de uma lógica atual ignorando totalmente o
último estado de exceção no Brasil de 1964 a 1985, onde o Estado Brasileiro
aparelhou os órgãos de segurança, entre eles as agências de inteligência para
perseguir e reprimir opositores políticos. Aqueles que foram perseguidos, promoveram
a luta para a reabertura da democracia e pelos direitos humanos, logo seriam inimigos
do Estado de Exceção.

Em questão aos acontecimentos sociais e que geram grande impacto na


sociedade como um todo, faremos uso do prisma da História-Cultural. Pois ainda
temos presente em nossa sociedade o famigerado fantasma de que eleição no Brasil
é fraudada desde o final da Ditadura Militar. É trivial pensar que poderíamos
simplesmente olhar para Justiça Eleitoral e analisar sua atuação no dia de hoje e
categorizar como insegura e sem credibilidade. Mas a questão é que estabelecendo
uma ordem cronológica ou não dentro da temática, em todos os momentos vamos nos
deparar com uma Justiça Eleitoral que nesse período é muito jovem e que não possuía
o aparato que hoje possui. Contudo, ainda no século XXI esse debate infundado
ganha cada vez mais força, estabelecendo contato em primeiro plano com a Farsa e
em segundo plano com a Tragédia.

Para matérias de jornal e imprensa no geral, seria mais adequado utilizar o


prisma da Antropologia Histórica, que estabelece o estudo das sociedades em sua
constante mudança e adaptação a ordem. Sendo assim, matérias de imprensa no
período da repressão do regime militar podem ser ainda que interpretadas de maneira
subjetiva, pois havia órgãos de censura em todas as redações vigiando cara repórter
e jornalista responsável pela matéria. Estabelecer essa norma para as matérias além
de ser fundamental, é de suma importância, pois nos dá o contraste de imprensa livre
e imprensa enviesada. Não são raros os casos de jornais sensacionalistas que
estampavam as capas de guerrilheiros ou membros da esquerda como o MR-8 e ALN
com titulação escandalosa, glorificando a ação covarde das forças de repressão,
consolidando a aceitação da mídia hegemônica de que o “inimigo interno estava
sendo combatido” e mais que isso, provando que este existia, causando e incutindo
aquilo que chamamos de Populismo Punitivo Midiático Sensacionalista. Impresa essa
que no geral, apoiou o regime militar e suas práticas violentas, então fazer uso da
antropologia histórica é vital para as matérias de jornal que compreendem do período
de 1964 a 1985.

2.1 – ANTECEDENTE NOTÓRIO

Antes mesmo do Golpe Civil Empresarial Militar, homens fardados


tramavam contra a democracia que no recorte histórico aqui mencionado se dava pela
Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1946. Porém, ainda faltava um setor de
inteligência forte, que pudesse suprir as necessidades dos militares. Isso só seria
possível após o ano de 1949, com a instalação da primeira escola superior de guerra
no Brasil.

Da Política da Boa Vizinhança à Campanha na Itália contra o Eixo, os


militares Brasileiros e Americanos estreitaram laços, algo que vinha tentando ser feito
desde a Grande Guerra em 1914, e que em 1943 era possível com a entrada do Brasil
no conflito mundial ao lado dos aliados. Com a instalação da Escola Superior de
Guerra, implementada pelos estadunidenses baseados no conceito de War College1
o manual viria em 1950 com o título Manual Pioneiro da ESG. Este, continha 17
páginas e foi elaborada onde nasceu a Divisão de Informações do Exército
Estadunidense, no Fort Leavenworth. O autor do manual era um brigadeiro-do-ar que
fazia um curso de navegação na instalação militar estadunidense, seu nome era Ismar
Pfaltzgcaff Brasil e no arquivo que enviara ao Brasil de maneira confidencial,
determinaria a nova diretriz de inteligência e contra insurgência.

1
War College – Conceito para estabelecer o novo método de guerra; aos vencedores da Segunda
Guerra Mundial, no caso os Estados Unidos e a União Soviética, estabelecerem um novo conceito de
Conflito Moderno;
“Entre outros temas, abordava as diferenças entre tipos de
informação (táticas, militares e estratégicas) e seus respectivos
campos de interesse (política, economia, topografia, sociologia,
militar, biografia, ciência e tecnologia).”

FIGUEIREDO, Lucas. Ministério do Silêncio. pp. 57.

Figura 01

No documento, que fora redigido aos moldes americanos, estabelecia uma


nova diretriz que ainda viria se chamar Doutrina de Segurança Nacional. Mas para
uma nação segura, precisaria ter uma equipe que despojasse segurança. O que não
dava segurança e tirava o sono dos militares brasileiros era a infiltração do
Comunismo e da Komintern2.

2
Komintern – A Internacional Comunista também conhecida como Terceira Internacional (1919 – 1943) foi
uma organização fundada por Vladmir Lenin em março de 1919 no intuito de reunir os partidos comunistas de
todo os países;
Então, militares que cursaram a ESG junto com outros militares que fizeram
formação no Fort Leavenworth elaboraram um serviço secreto aos moldes
estadunidenses, e principalmente para o combate ao inimigo interno.

“Simultaneamente com o choque emocional que nos trouxera a


derrocada da França [na Segunda Guerra], eivando de suspeição
todos os ensinamentos que havíamos haurido de seus mestres
militares, fomos compelidos, de súbito, a cooperar ativamente
com as Forças Armadas norte-americanas na grande coligação
que logo se arquitetou para a defesa da liberdade ameaçada.
Assim, de uma hora para outra, a doutrina militar brasileira [setor
de informações] se viu inundada por uma avalanche de processos
[...] e principalmente por uma terminologia que nossos aliados do
Norte, com prodigalidade de noveaux riches3, criaram em ritmo
comparável ao de sua fabulosa produção industrial.”

FIGUEIREDO, Lucas. Ministério do Silêncio. pp. 58.

Quando, a doutrina militar brasileira precisou de informações, ou infraestrutura


para conseguir, foi o Fort Leavenworth junto com a Divisão de Informações do Exército
estadunidense quem cedeu treinamento, equipamentos e suporte financeiro. O
embrião do que chamaríamos após 1964 de SNI, se chamava nos anos 1950 de Sfici

3
Noveaux Riches - Novo-rico, é um termo derrogatório usado para descrever pessoas cuja riqueza tenha sido
obtida na sua geração, ao invés de forma sequencial, sobretudo hereditária.
REFERÊNCIAS

JUPIARA, Aloysio. Porões da Contravenção. Ed. RECORD. (2021).

FIGUEIREDO, Lucas. Ministério do Silêncio. Ed. RECORD. (2009)

GOV. FEDERAL. Comissão Nacional da Verdade (CNV). (2013) – vol. I, II, III. Aps. II

SIAN. Sistema de Informação do Arquivo Nacional. (Códices.XXXXXX). 2023.

DIÁRIO OFICIAL ESTADUAL. Portarias relacionadas ao SSP-RJ/DOPS/PM/PC/PF.


(1964 – 1997)

ANEXO DE MÍDIA - VOL. A

ANEXO DE MÍDIA - VOL. B

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