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Em maio de 2012, o empresário e herdeiro das indústrias Yoki, foi

brutalmente assassinado e esquartejado pela esposa, Elize Matsunaga. O que


teria motivado tal crime, foram as inúmeras traições, e humilhações sofridas por
ela durante o casamento. Elize dispara um tiro a queima roupa em seu marido,
durante uma briga de casal, um tiro certeiro e letal tira a vida de Marcos
Matsunaga. Assim, com o claro objetivo de desaparecer com o corpo, Elize o
divide em partes, colocando em três malas diferentes para desaparecer com os
rastros do crime.

Marcos e Elize se conheceram em um site adulto, onde Elize trabalhava


como acompanhante de luxo, Marcos na época era casado, mas manteve o
relacionamento extraconjugal com Elize, por 3 anos, até que decidiu separar-se
da esposa para casar com Elize. O casal vivia em perfeita harmonia, segundo
amigos de Marcos, nunca o viram tão apaixonado assim antes.

Porém, em meados de 2010, Elize começa a desconfiar das traições do


marido, e resolve contratar um detetive particular para investigar seu marido, e
então descobre que realmente estava sendo traída. Elize estava grávida quando
descobriu a primeira traição, mas Marcos não sabia da sua gravidez, quando ela
resolveu contar, Marcos implorou por perdão e disse que jamais voltaria a fazer
isso, Elize então resolve perdoa-lo.

No entanto, dia 17 de maio de 2012, Marcos passou a noite em um hotel


de luxo com sua amante, aproveitando-se da ausência de sua esposa que estava
viajando, visitando sua família, o detetive que Elize tinha contratado enviou-lhe
fotos do casal no hotel, então Elize resolve voltar antecipadamente pra cidade
onde morava, dia 19 de maio, mesmo dia do crime.

Marcos pega a mulher, e a filha de 1 ano, e a babá no aeroporto e as leva


pra casa, logo dispensa a babá, ficando só a família. Em casa, Elize começa a
tirar satisfações com Marcos sobre o que ela acabará de descobrir, Marcos
furioso desferiu um tapa no rosto de Elize, em seguida, continuou com
xingamentos e ameaças, como perder a guarda da filha e nunca mais teria
contato com a criança.
Dessa forma, Elize temendo que Marcos disparasse com uma das
inúmeras armas que tinham em casa, contra ela, a mesma correu para outro
cômodo se armando contra Marcos, em depoimento para a polícia o intuito era
apenas intimida-lo de modo que não fizesse nada contra ela, no entanto em nada
se afetou Marcos, que continuou com as ofensas e ameaças, foi quando Elize,
tomada pelo ódio, disparou na cabeça de Marcos, que morreu na hora. Elize
esquartejou Marcos em 6 partes e dividiu em 3 malas, espalhando pela cidade
com o intuito de livra-se do corpo e da culpa.

Uma vez que, esse crime hediondo, por si só, já teria grande repercussão
na impressa, a assassina tinha sido garota de programa e a vítima era um grande
empresário e também herdeiro de uma das maiores empresas alimentícias do
Brasil.

Dessa forma, trata-se de uma tragédia que mexe com nossos sentimentos
e da qual se pode tirar algumas reflexões. A primeira é a de que o roteiro do
documentário, dividido em quatro capítulos, é bastante favorável a Elize, pois
boa parte do seu tempo é dedicada aos advogados de defesa. Isso ocorre, pois
há uma evidente intenção de se humanizar alguém que cometeu uma barbárie
e atuou com frieza extrema para ocultar o cadáver.

Contudo, dois dos principais personagens que representam a acusação,


por sua vez, não passam muita credibilidade, o que, de alguma forma, reforça o
lado da criminosa. A imagem póstuma de Marcos é defendida principalmente por
dois de seus amigos, mas a conclusão que se chega ao final dos quatro capítulos
que compõem o documentário é a de que o empresário era infiel, viciado em
prostituição, tinha o caráter fraco, foi um caçador obcecado por armas e possuía
temperamento cruel.

Por outro lado, a segunda reflexão que surge é que as pessoas são frutos
do meio em que se forma. Elize foi uma criança abandonada pelo pai,
negligenciada pela mãe e abusada pelo padrasto, tudo isso dentro de um
contexto de pobreza no interior do Paraná. Esse quadro pode explicar a frieza
da assassina de decidir a melhor maneira de se livrar do corpo do marido. Mas,
esse é o típico caso em que se pode até compreender as razões, mas não se
pode compactuar com a violência e os requintes de crueldade. Elize passa a
maior parte do documentário chorando, mas é possível vislumbrar por várias
vezes a indiferença dela em relação ao homicídio.

Ela deixou a prostituição para se casar com um homem rico. Mas preferiu
perder tudo, incluindo sua liberdade, ao perceber que era traída com uma
prostituta. Não se sabe ao certo se ela diz a verdade quando fala sobre a noite
do assassinato (a perícia verificou que Marcos deveria estar ajoelhado diante
dela quando o tiro foi disparado, enquanto ela afirma que a vítima estava em pé).
Diante dos acontecimentos, assim, concluir-se que ela agiu sob forte emoção
quando apertou o gatilho.

O certo é que ela mostra um lado sombrio no terceiro episódio, quando


fala que o marido comentava que nunca tinha conhecido uma mulher que não
se importava em caçar ou que matasse animais. Elize solta um "pois é" seguindo
de uma risada irônica.

Além disso, outra reflexão que surge diz respeito à estratégia de defesa
do julgamento. Nos casos de feminicídio, os defensores, com muita frequência,
exaltam o lado humano do assassino e as concentram em desconstruir o caráter
da vítima. Curiosamente, foi exatamente o que os advogados de Elize fizeram
com a vítima: mostraram o lado obscuro de Marcos, explorando suas fraquezas
e até apresentaram textos atribuídos a ele que desenhavam o atendimento de
prostitutas com as quais se relacionava.

A maldade humana é algo que produz sentimentos ambíguos. De um lado,


rejeitamos a malignidade, de outro, não nos conformamos com certos
acontecimentos e queremos saber como é possível que alguém tenha tanta
malevolência no coração. Diante disso, nos faz refletir sobre o pensamento de
Thomas Hobbes. Segundo Hobbes, os homens podem todas as coisas e, para
tanto, utilizam-se de todos os meios para atingi-las. Ou seja, o ser humano é
mau por natureza, analisando esse e muitos outros casos análogos, tendemos
a concordar com Hobbes.

Em resumo, o caso de Elize Matsunaga é notável por seu impacto na mídia


e na sociedade brasileira devido à brutalidade do crime que cometeu e às
complexas circunstâncias que o cercam. O julgamento e a condenação de Elize
levantaram questões sobre justiça, sensacionalismo na mídia e a difícil tarefa de
determinar a verdade em casos tão controversos. Este caso serve como um
exemplo de como eventos criminais podem ter repercussões duradouras na
consciência pública.

Por fim, a violência no ser humano é um fenômeno profundamente enraizado


na história e na cultura de nós brasileiros. Assim, ela pode se manifestar de
diversas formas, incluindo violência física, psicológica, sexual e estrutural. No
entanto, muitas vezes, a violência é utilizada como meio de controle, poder ou
como resposta a disputas e conflitos, porém, algumas pessoas resolvem esses
conflitos da maneira errada e acaba exagerando na violência.

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