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Misturas de Soluções

Em nosso dia-a-dia, misturamos soluções com muita frequência. Por exemplo:


Em nossa refeição matinal, misturamos café e leite, em várias proporções;
Misturamos suco de limão e água potável para fazer limonada;
Tintas de cores diferentes são misturadas para obter tonalidades intermediárias.
É também muito comum, num laboratório químico, misturar duas ou mais soluções, que
poderão ser soluções de um mesmo soluto ou de solutos diferentes. Portanto, poderão ainda
acontecer de os solutos reagirem ou não entre si. Em qualquer caso, porém, estaremos
supondo que o solvente é sempre o mesmo e que as soluções são relativamente diluídas, pois
só nessas hipóteses é que o volume final será igual à soma dos volumes iniciais das soluções
que são misturadas.

Mistura de duas soluções de um mesmo soluto

Do ponto de vista quantitativo as substâncias dissolvidas numa mistura de soluções


correspondem ao somatório das substâncias existentes nas soluções iniciais.
Vamos imaginar duas soluções (A e B) de cloreto de sódio (NaCl), como ilustrado abaixo.

Na solução final (A " B):


Amassa do soluto é igual à soma das massas dos solutos em A e B. Portanto:
m = 7+ 8 ⇒ m =15 g de NaCl
Volume da solução também é igual à soma dos volumes das soluções A e B. Portanto:
V =100 + 200 ⇒ V = 300 mL de solução. Com esses valores e lembrando a definição de
concentração, obtemos, para a solução final (A " B):
300 de solução 15 g de NaCl
C=50 g/L
1,000 mL de solução C
Chegaríamos ao mesmo resultado pela fórmula da concentração:
m 15
C= ⇒ C= =50 g / L
V 0,3
Dessa feita é interessante notar que a concentração final (50 g/L) terá sempre um valor
compreendido entre as concentrações iniciais (70 g/L> 50 g/L> 40 g/L). Note, também, que a
concentração final (50 g/L) está mais próxima de 40 g/L do que de 70 g/L. Isso acontece
porque a segunda solução entra, na mistura, com um volume maior (200 mL) do que a
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primeira solução (100 mL). Relembrando que o produto CV representa a massa do soluto.
m
C= ⇒ m= CV
V

Pode se generalizar esse tipo de problema, da seguinte maneira:

 Massa do soluto na solução A: mA = CA VA


 Massa do soluto na solução B: mB = CB VB
 Massa do soluto na solução final: m = CV

Como as massas dos solutos se somam (m = mA + mB), temos:

Matematicamente, esse resultado significa que:


A concentração final é a média ponderada das concentrações iniciais, tomando-se por
“pesos” os volumes correspondentes.

Aplicando a fórmula anterior ao problema inicial, temos:

Todo o raciocínio feito no exemplo acima, com as concentrações das soluções iniciais e da
solução final, aplica-se também aos outros tipos de concentração— basta usar as definições
correspondentes e seguir o mesmo raciocínio. Feltre, (2004). Assim, por exemplo, para a
molaridade, teremos:

Mistura de duas soluções de solutos diferentes que não reagem entre si

O volume da solução final (A+ B) será: V= VA + VB). Nela reaparecerão inalterados os


solutos NaCl e KCl, pois eles não reagem entre si. No entanto, não tem sentido a soma das
massas do NaCl (mA) e do KCl (mB), pois são substâncias diferentes. O que fazer então?

Dessa feita resolveremos esse problema considerando cada soluto de modo independente
na solução final — isto é, como se o outro soluto não existisse. Dessa maneira, tudo se passa
como se cada solução inicial sofresse uma diluição, partindo de seu volume inicial e
atingindo o volume da mistura. Sendo assim, podemos aplicar as fórmulas da diluição a cada
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uma das soluções iniciais (como, por exemplo, VC= V'C' ou V M = V'M'). Utilizando os
dados da figura abaixo, temos:

Suponhamos agora que, no enunciado do problema, fossem pedidas não as concentrações


finais de NaCl e de KCl, e sim as concentrações dos íons presentes na solução final. Nesse
caso, teríamos de considerar as dissociações:

NaCl Na++ Cl- KCl K++ Cl-


Observemos que a solução final conterá três íons— Na+, K+ e Cl-. Em particular, o cálculo da
concentração de Cl-, na solução final, exigirá um cálculo estequiométrico prévio, para que se
possa somar a quantidade de Cl- proveniente do NaCl com aquela que provém do KCl.

Mistura de duas soluções de solutos diferentes que reagem entre si

Os casos mais comuns ocorrem quando juntamos solução de um ácido e solução de uma
base; ou solução de um oxidante e solução de um redutor; ou soluções de dois sais que
reagem entre si.

Havendo reação química, esses problemas devem ser resolvidos com o auxílio do cálculo
estequiométrico. Feltre (2004).

Além disso, quando os dois solutos entram em reação, podem ocorrer duas situações:

 Os dois solutos estão em quantidades exatas para reagir (proporção estequiométrica);


nesse caso, os dois solutos reagirão integralmente;
 Caso contrário, sobrará um excesso do primeiro ou do segundo soluto.

De seguida destacaremos esses dois casos em:

Caso 1 — Quando os solutos estão em proporção estequiométrica

Juntando-se 300mL de HCl 0,4 molar com 200 mL de NaOH 0,6 molar, pergunta-se quais
serão as molaridades da solução final com respeito:

a ) Ao ácido; b) à base; c) ao sal formado.

Resolução:

Neste exemplo, fala-se de uma mistura de uma solução de HCl com outra, de NaOH. Esses
dois solutos reagem de acordo com a equação:
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HCl + NaOH NaCl + H2O [Excesso de reagente (?)]

No final da reação poderá haver excesso — ou de HCl ou de NaOH —, o que somente


poderemos determinar por meio do cálculo estequiométrico. O cálculo estequiométrico fica
mais fácil se for efetua- do com o auxílio das quantidades de mols dos reagentes e dos
produtos da reação. Ora, a quantidade de mols (n) de cada soluto pode ser calculada de duas
maneiras:

m
n= , em que :m é a massa (em gramas), e M 1 , a massa molar ( em g /mol);
M1

M=
n
V (
, nV ⇒ , em que : M é a molaridade da solução em
mol
L )
, e V , o seu volume ( emL ) .

Em particular, a relação n= MV nos será muito útil de agora em diante. No problema dado,
temos:

 Para o HCl: n = MV = 0,4 × 0,3 ⇒ n = 0,12 mol de HCl


 Para o NaOH: n = MV =0,6×0,2 ⇒ n = 0,12 mol de NaOH

Feltre (2004), Considerando a equação do problema, teremos os seguintes valores em mols:

Foram calculados acima:


Segundo a equação, reagem:
Após a reação, restam:
(Lembremos de que as quantidades que reagem e as que são produzidas — na 2ª linha acima
— seguem a proporção dos coeficientes da equação química considerada.) Uma vez que não
há sobras de HCl nem de NaOH após a reação, concluímos que:
 A molaridade final do HCl é zero
 A molaridade final do NaOH também é zero
 Quanto ao NaCl, o esquema acima mostra a formação de 0,12mol desse sal—
dissolvido, é claro, na solução final, cujo volume é: 300 mL+ 200 mL =500 mL.
Portanto, as molaridades serão:
Para o NaCl temos:
0 , 12
M= ⇒ M =0 , 24 mol/ L
0,5
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Caso 2 — Quando os solutos não estão em proporção estequiométrica

Juntam-se 300 mL de HCl 0,4 M e 200 mL de NaOH 0,8 M. Pergunta-se quais serão as
molaridades da solução final em relação:

a)Ao ácido; b)à base; c)ao sal formado.

Resolução:

Seguindo o mesmo raciocínio que empregamos para resolver o exemplo anterior, calculamos
as quantidades, em mols, dos solutos iniciais:

 Para o HCl: n = MV = 0,4 ×0,3 ⇒ n =0,12 mol de HCl


 Para o NaOH: n = MV = 0,8 × 0,2 ⇒ n = 0,16 mol de NaOH

Vamos considerar a equação do problema e organizar uma tabela de quantidades em mols:

Foram calculados acima:


Segundo a equação, reagem;
Após a reação, restam.
(Os valores que aparecem na 2ª linha acima obedecem às proporções estabelecidas pelos
coeficientes da equação química.) Após a reação, essas substâncias estarão dissolvidas em
um volume total de solução igual a: 300 mL+ 200 mL =500 mL. Portanto, as molaridades
serão:
 Zero, para o HCl;
0 , 04
 Para a molaridade do NaOH será: M = ⇒ M =0 , 08 mol /L ⇒ (devido a esse
0,5
excesso de NaOH, a solução final será básica);
0 , 12
 Para o NaCl: M = ⇒ M =0 , 24 mol/ L
0,5

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