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Abordagem da Governança
Corporativa em artigos publicados
nas revistas da área de Contabilidade
classificadas no sistema Qualis da
Capes de 2000 a 2011
E
Doutorando em Administração pela Uninove
ste trabalho analisa, longitudinalmente, os estudos sobre (SP), Mestre em Administração pela Unifor
Governança Corporativa (GC) no Brasil e busca, por meio (CE), possui graduação em Bacharelado em
disso, apresentar um panorama com dados da publicação Ciências Contábeis pela UFPI. Professor da
Faculdade Piauiense dos cursos de Adminis-
de artigos na área. O objetivo deste trabalho foi traçar o perfil das
tração e Contabilidade. Linha de pesquisa:
publicações e a evolução do tema “governança corporativa” nos Estratégia e Estudos Organizacionais, com
artigos publicados nas Revistas da área de Contabilidade elencadas ênfase nos temas: Governança Corporativa,
no Qualis da Capes B5 a A1, no período de 2000 a 2011. Observa- Stakeholders, Sustentabilidade, Controlado-
se que a pesquisa trata de um estudo bibliométrico, que se destinou ria, Contabilidade e Finanças.
“
Evidencia-se uma pergunta que fundamenta as
linhas mestras desse estudo, ou seja, qual é o perfil
das publicações e a evolução do tema Governança
Corporativa nos artigos publicados nas Revistas da
área de Contabilidade elencadas no Qualis da Capes B5
a A1, no período de 2000 a 2011?
”
RBC n.º 199
REVISTA BRASILEIRA DE CONTABILIDADE 13
Os resultados encontrados pelo o perfil das pesquisas e a evolução ção entre propriedade e gestão
autor vão ao encontro de maneira da temática GC. Verificou-se existir (SILVEIRA; BARROS; FAMÁ, 2003).
similar com os estudos dos pes- uma concentração das pesquisas Nascimento et al. (2009) ana-
quisadores Martins et al. (2008) e sobre o tema em finanças, e que, lisaram a produção científica
Bianchi et al. (2009), no que tan- a partir de 2003, começaram a ser sobre GC na área de administra-
ge à relação da governança com a publicados trabalhos relacionados ção e contabilidade, dos anais
área de finanças. a outras áreas. e periódicos editados pela USP.
Em relação à pesquisa de Mar- García-Meca e Sánches-Balles- Concluiu-se que a forma mais fre-
tins et al. (2008), foi levantado o ta (2009) fizeram uma meta-análi- quente de autoria é de dois auto-
estado da arte da produção cien- se de 35 estudos, com o intuito de res; 81% dos autores publicaram
tífica, bem como analisaram as examinar os efeitos da GC e os ga- apenas um artigo; e os autores
contribuições teóricas e empíricas nhos de resultado que ela propor- Jensen, M. C. e Fama, Eugene F.
sobre GC, a partir dos congressos ciona na administração, por meio são os mais citados pelos artigos
da Anpad, no período de 2000 a do gerenciamento dos conselhos estudados. Ressalta-se que a na-
2007. Nesse âmbito, destaca-se de administração e estrutura de cionalidade desses autores é nor-
uma preponderância desses estu- propriedade. Constatou-se ocorrer te-americana. Com isso, tal resul-
dos na área de finanças, em re- uma relação entre a GC por meio tado corrobora com os achados
lação a organizações e estratégia. de seus mecanismos e os ganhos dos pesquisadores Bomfim (2006)
Além disso, há forte concentração de resultado na gestão. e Zapata (2008).
em instituições de São Paulo e um Remete-se que o Conselho Catapan e Cherobim (2010) de-
grande volume de estudos no pe- de Administração e a Estrutura senvolveram um estudo bibliomé-
ríodo 2006/2007. Este último re- de Propriedade são os principais trico sobre GC. Verificou-se que a
sultado corrobora com a pesquisa mecanismos de governança cor- maioria dos artigos possui dois ou
de Bomfim (2006) e Catapan e porativa, pois, além de harmo- três autores e que a USP é a insti-
Cherobim (2010), ao contemplar nizar os interesses de acionis- tuição que apresenta maior núme-
a USP como a IES que mais publi- tas e gestores de uma empresa ro de publicações. Em relação ao
ca sobre o tema. (YERMACK, 1996; HIMMELBERG; trabalho de Muritiba et al. (2010),
Já o trabalho de Zapata (2008) HUBBARD; PALIA, os autores mapearam a produção
explorou os conceitos implícitos 1999), eles tam- científica sobre GC em periódi-
da GC, por meio de uma pesqui- bém reduzem cos brasileiros, Qualis B2 a A1
sa bibliométrica dos artigos pu- problemas nas áreas de Administração,
blicados pela comunidade aca- de agência, Economia e Contabilidade
dêmica, por meio de três bases principal- de 1998 a 2009. Os resulta-
de dados: EBSCO, Pro Quest e mente quando dos mostraram que a área
Scielo. Os principais resulta- ocorre separa- de GC vem evoluindo em
dos foram: concentração da número de artigos publi-
produção nos Estados Unidos cados e que se caracteriza
e Reino Unido. A maioria dos por estar baseada em teo-
estudos foca problemas práti- ria recente.
cos de controle e gestão. No Huang e Ho (2011) fi-
que se refere à concentração zeram uma análise biblio-
da produção sobre governan- métrica sobre GC, por meio
ça nos Estados Unidos, este do Social Science Citation
resultado é visto similarmen- Index, nas áreas de finan-
te também no trabalho de ças, economia, administra-
Bomfim (2006). ção e negócios de 1992 a
Como ocorrerá na pes- 2008. Os resultados evi-
quisa de Martins et al. denciam que a produção
(2008), os autores Bianchi anual dos artigos sobre a
et al. (2009) também tra- temática GC aumentou
balharam nos artigos dos regularmente. Duarte et
congressos da Anpad, de al. (2011) investigaram
1999 a 2008, identificando a produção científica
do e no Brasil, como, por exemplo: RCVR e RUC, evidenciando, assim, a (TESTA, 1998), sendo consideradas
a reformulação da Lei das S.A. e a importância dessas revistas no con- assim periódicos de maior fator de
criação do Índice de GC (IGC) em texto contábil do Brasil para o cres- impacto (BEUREN; SOUZA, 2008).
2001; a promulgação da Lei SOX cimento gradativo da temática GC Beuren e Souza (2008, p. 46) com-
nos Estados Unidos; e a criação pela na literatura acadêmica nacional plementam a afirmação de Testa
BM&F Bovespa dos segmentos dife- na área de Contabilidade. Em sua (1998), afirmando que:
renciados de GC: Nível 1, Nível 2 e pesquisa, os autores Muritiba et al.
Novo Mercado, realizada em 2002; (2010) ressaltam a importância da A Lei de Bradford sugere que à
o lançamento em 2005 pela BM&F RCF como periódico da área con- medida que os primeiros artigos
Bovespa do índice de Sustentabili- tábil que se destaca na evidencia- sobre um novo assunto são es-
dade Empresarial (ISE). ção da temática GC, seguido pela critos, eles são submetidos a uma
Ressalta-se, também, o aper- revista BASE da Unisinos. Diante do pequena seleção, por periódicos
feiçoamento realizado pela cenário, a Lei de Bradford vai de en- apropriados, e se aceitos, esses
BM&F Bovespa das regras dos contro ao que foi contemplado no periódicos atraem mais e mais ar-
NDGC, em 2006. Foi sancionada Gráfico 2, pois esta Lei reporta-se tigos, no decorrer do desenvolvi-
em 2007 a Lei n.º 11.638, que à dispersão dos periódicos científi- mento da área/assunto. Ao mesmo
reformulou a Lei das S.A., em cos, evidenciando seus respectivos tempo, outros periódicos publi-
sua parte contábil, adequando-a graus de relevância na literatura cam seus primeiros artigos sobre
às necessidades de maior disclo- acadêmica. Bradford compreendeu o assunto. Se o assunto continuar
sure. Em 2008, entra em vigor a que um núcleo essencial de revistas a se desenvolver, emerge eventu-
Lei n.º 11.638/07, determinando forma a base da literatura para to- almente um núcleo de periódicos,
assim a harmonização das nor- das as disciplinas, e que, portanto, que corresponde aos periódicos
mas contábeis nacionais com os a maioria dos trabalhos importan- mais produtivos, em termos de ar-
padrões adotados internacio- tes é publicada em poucas revistas tigos, sobre o tal assunto.
nalmente nos principais
mercados de capitais do
mundo.
Entende-se, então, que Gráfico 1 – Evolução do número de artigos sobre GC por ano
as publicações sobre o
60
tema GC acompanham, de
49
forma gradativa, a evolu- 50
42
ção do mercado corporati- 40
vo nacional e internacional 30
30
7
do tema ora investigado 10
3
6
1 1
na literatura acadêmica na- 0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
cional. Tais resultados são
corroborados de maneira Fonte: Dados da pesquisa
similar nos estudos de Mar-
tins et al. (2008), Bernar-
di (2008), Zapata (2008), Gráfico 2 – Número de artigos por revista
Bianchi et al. (2009), Muri-
60
tiba et al. (2010) e Huang
50
e Ho (2011). O Gráfico 2 50
35
rientes e para os iniciantes, o que
30
impacta na evolução e na disse- 25
minação de futuros trabalhos. 20
16
O Gráfico 3 mostra a frequên- 15 13
Terceiro Setor
Ao analisar a Tabela 2, cons- portanto, esses conteúdos, entre destaque nas revistas: RUC (7), RCF
tata-se que as revistas RCF, RCVR, as 12 revistas analisadas, são os (6), RCVR (6) e RCMCC (4). Já os te-
RUC, RCO e REPC se destacaram na mais estudados. mas Accountability, Contabilidade
evidenciação dos temas mais prolí- Remete-se a dizer também Internacional, Auditoria, Estrutura
ficos, com 81 artigos, ou seja, 42% que o periódico RCF é o profícuo de Propriedade, Controladoria e
do total dos temas mais contem- entre as revistas, ao perceber que Fundos de Pensão se destacaram
plados nas revistas objeto de es- evidencia 23% dos temas em des- apenas na RCF, com 5, 3, 4, 3, 3 e 2
tudo. Isso mostra uma associação taque neste trabalho. Destaca-se publicações, respectivamente. Ou-
entre as revistas mais prolíferas também a RCVR, com 16% das te- tros temas também se destacam
e os assuntos mais evidenciados máticas. Verifica-se que a temática com seus respectivos periódicos: a
nessa área nos últimos 12 anos, disclosure é a única que aparece Lei SOX (RCVR) e o gerenciamento
ou seja, 66,67% (Tabela 3), e que, em todos os periódicos, sendo de resultados (RUC).
Para melhor fomentar a análise, nos artigos objeto de estudo. Logo destaque nos parágrafos anterio-
a Tabela 3 contempla os temas de em seguida, ressalta-se o cresci- res pode ser reflexo das transfor-
destaque das revistas pesquisadas mento das temáticas: contabilidade mações ocorridas no panorama
com o ano de publicação. Ao ana- internacional, auditoria, NDGC, de- internacional, em que a busca pe-
lisar a Tabela 3, verifica-se que os sempenho organizacional, Lei SOX, las melhores práticas de GC vem
temas mais constantes, quando se estratégia empresarial, estrutura de influenciando no melhor desem-
trata da temporalidade do recorte propriedade, boas práticas de GC e penho das empresas brasileiras
de 12 anos, são o disclosure e ac- contabilidade ambiental, entre ou- (ROSSONI; MACHADO-DA-SILVA,
countability, confirmando assim a tras a partir do ano de 2007. 2010) e, consequentemente, no
importância e a integração forte de Diante do exposto, verifica-se crescimento do mercado corporati-
ambos com as boas práticas de GC que a evolução das temáticas em vo nacional (ROGERS et al., 2007).
Ainda, a partir de 2007, observou- e, sim, constatar que essa questão do de pesquisa, evidenciado nos estu-
-se o surgimento de outros temas norteia implicações de natureza prá- dos. Os autores Bianchi et al. (2009) e
na área de governança, que são: re- tica, empírica e técnica. Entende-se, Muritiba et al. (2010) concordam, de
cursos humanos, ADR, ISE, educa- com isso, que o pesquisador tem que maneira similar, com os achados.
ção contábil, conservadorismo con- buscar e encontrar a abordagem que
tábil, responsabilidade social, ética mais se adéque com sua pesquisa, 4.4. Características de autoria
e terceiro setor. Tal fato descreve permitindo assim chegar a um me- O número de autores nas pu-
uma evolução dessas temáticas nos lhor resultado que responda ao pro- blicações pode evidenciar redes e
artigos de GC nas revistas de conta- blema de pesquisa (GÜNTHER, 2006). parcerias entre autores. Na medida
bilidade ora investigadas, demons- Diante desse contexto, esse item ana- em que mais autores publicam em
trando assim a horizontalidade das lisa as abordagens metodológicas conjunto, nota-se que a área é in-
áreas de governança e contabilida- mais utilizadas nos artigos, o que vestigada por grupos de pesquisa
de para com esses temas. mostra a preferência por determina- em vez de autores individuais. A
Os temas de menor represen- dos métodos na área, como mostra o colaboração entre autores é vista
tatividade foram: Análise de Risco, Gráfico 4. Nessa evolução das abor- internacionalmente como um dos
Conflitos se Interesse, Contabilidade dagens metodológicas em estudos indicadores de qualidade das publi-
Financeira, CVM, Código de Boas sobre GC, destaca-se a abordagem cações, principalmente em temas
Práticas e Terceiro Setor, ou seja, tive- quantitativa, desde 2006. interdisciplinares (SUBRAMANYAM,
ram apenas uma única publicação. Os dados mostram que a temática 1983), como é o caso da GC. O
sobre GC vem sendo investigada, pre- Gráfico 5 apresenta a frequência de
4.3. Abordagens metodológicas dominantemente, pela abordagem artigos de autoria individual e com
A questão não é colocar a aborda- quantitativa desde 2006, o que re- mais autores por artigo.
gem qualitativa versus a quantitativa, presenta um crescente interesse pelos Como pode ser observado no
ou seja, decidir por uma ou outra, pesquisadores da área por esse méto- Gráfico 5, prevalecem os artigos
publicados com dois au-
tores (84). Tal informação
é corroborada pelos au-
Gráfico 4 – Tipologia de pesquisa quanto a abordagem por ano tores Nascimento et al.
40 (2009), Catapan e Chero-
35
35
bim (2010) e Duarte et al.
30 33 (2011), enquanto com três
25 autores somam 45 artigos.
20
21 17 O que pode ser entendido,
15
11 14
por meio desse gráfico, é
11
10 8 que houve uma forte inte-
5 5
5 4
1 1 1
3
1 2 2
1 1
2
3
2 2
1
gração e consolidação de
0 0 0 0 0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 grupos de pesquisa sobre
Qualitativa Quantitativa Quali-Quanti o tema GC, principalmente
Fonte: Dados da pesquisa
de 2006 a 2011, ou seja,
83,85%. Ainda ao analisar
o Gráfico 5, constata-se
Gráfico 5 – Autoria dos artigos por ano que as publicações com
30 dois autores começaram
25 24
a tomar espaço, a partir
de 2003; os artigos com
20
18 três e quatro participan-
15
13 tes destacaram-se entre
12
10 10 10 10 2004 e 2006, respecti-
8
5
7 7
6
7
5 5
6 vamente; e artigos com
4 4 4
1 1
3
1
2 2
3
1
2
3
1 1 1
2 2
1
3
2 cinco e seis autores não
0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 são comuns, aparecendo
Autoria Individual Dois Autores Três Autores Quatro Autores Cinco Autores Seis Autores alguns a partir de 2006 e
Fonte: Dados da pesquisa 2005, respectivamente.
“
A questão não é colocar a abordagem qualitativa
versus a quantitativa, ou seja, decidir por uma ou outra,
e, sim, constatar que essa questão norteia implicações
de natureza prática, empírica e técnica.
”
Em relação aos trabalhos sem A análise dos autores que dos. Com seis, evidenciam-se os
parceria, constata-se certa cons- mais publicam sobre determina- autores Costa, Beuren e Gallon.
tância entre 2001 a 2010, com do assunto revela a maturida- Ainda cabe salientar que dos 22
crescimento acentuado em 2008. de da área. Áreas mais maduras autores mais prolíficos sobre o
Esses dados sugerem uma tentati- tendem a ter pesquisadores com tema GC, 54,44% são das IES da
va de consolidação de grupos de histórico de pesquisa relevante região Sudeste, com destaque ao
pesquisa sobre GC, contribuindo, (NEDERHOF, 2006). Estado de São Paulo (45,45%);
assim, para o fomento desse tema. De acordo com o Gráfico 6, 22,73%, das IES da região Sul;
Nota-se também que a participa- o autor que mais publicou arti- 13,64%, IES da região Nordes-
ção nos grupos de pesquisa am- gos nos 12 periódicos pesquisa- te; e 9,09% não foram identifi-
plia as possibilidades de produção dos, de 2000 a 2011, foi Murcia, cados. Os autores como Bomfim
individuais (BULGACOV; VERDU, com oito publicações, seguido (2006), Martins et al. (2008),
2001), influenciando novas publi- dos autores Borba e Oliveira, Nascimento et al. (2009), Cata-
cações e parcerias. ambos com sete artigos publica- pan e Cherobim (2010) e Duarte
et al. (2011) corroboram de for-
ma similar com os achados.
Gráfico 6 – Autores mais prolíficos no tema GC Contemplam-se também
de 2000 a 2011 poucos autores (22) na autoria
ou coautoria de três até oito
9
8
publicações sobre o tema GC.
8
7
7 7 Em contraste, há 35 autores
6
6 6 6 com participação em apenas
5
5 5 duas publicações sobre o tema,
4 4 4
4 seguidos pela grande maioria
3 3 3 3 3 3 3 3 3 3 3
3
(320 autores) que participaram
2
em apenas um artigo. Ou seja,
1
0
aproximadamente, 15% dos au-
tores têm mais de um artigo pu-
Fernando Dal-Ri Murcia
Sirlei Lemes
Suliani Rover
Sirlei Lemes
a qual enfatiza que poucos pes- Gráfico 7 – Autores / Organismos mais citados
quisadores publicam muito e 80 75
muitos pesquisadores publicam 70
70 70
Lopes, A. B.
Iudibicus, S.
CVM
Jensen, M. C.
Bovespa
Hendriksen, E. S.
Silveira, A. D. M.
Breda, M. F. van
Watts, R.
Beuren, I. M.
IBGC
Martins, E.
Ball, R.
Meckling, W.
Shleifer, A.
Vishny, R.
La Porta, R.
Famá, R.
Zimmerman, J. L.
FASB
Fama, E. F.
IASB
Lopes-de-Silanes, F.
Leuz, C.
Coelho, A. C. D.
portante para a disseminação e
continuidade das publicações,
pois ela aponta quais autores
são mais evidenciados em de-
Fonte: Dados da pesquisa
terminada temática, contribuin-
do e proporcionando um norte
para pesquisadores experientes
e para os iniciantes, influencian- pes e Beuren, além de serem os dos autores nacionais mais pro-
do, de maneira direta, no cres- que mais publicam sobre o tema líficos, os achados vão de encon-
cimento de futuras pesquisas GC, também são os que mais tro à Lei de Lotka, pois esta Lei
sobre o tema e que corrobora- foram citados nos referenciais parte da premissa de que, pro-
rão, a posteriori, no fomento do dos artigos investigados nessa porcionalmente, poucos autores
assunto ora em investigação. pesquisa, mostrando uma ten- publicam mais e consequente-
O Gráfico 7 mostra a frequên- dência de crescimento na par- mente são mais citados do que
cia de autores mais citados nos ticipação dos autores nacionais muitos autores que publicam
estudos sobre GC nas revistas nas citações sobre o tema em menos (MORETTI; CAMPANARIO,
Qualis da Capes de Contabilida- questão. Na experiência brasilei- 2009). Ainda segundo os auto-
de. Ao analisar o Gráfico 7, no- ra, no que se refere ao incentivo res, tal constatação é visível em
ta-se que Lopes é o autor mais à adoção de boas práticas de GC, campos emergentes da ciência,
citado nas referências sobre a destacam-se as ações do Institu- como é o caso da GC.
temática GC no período analisa- to Brasileiro de Governança Cor-
do, ou seja, com 75 citações. Em porativa (IBGC), da Comissão de
seguida, são contemplados os Valores Mobiliários (CVM) e da 5. Considerações Finais
autores, Iudícibus, Jensen, Hen- Bolsa de Valores de São Paulo
driksen, Silveira, Breda, Watts e (MENDES-DA-SILVA et al., 2009). Esse trabalho investigou o
Beuren, com, respectivamente, Nesse contexto, o estudo desta- perfil das publicações e a evolu-
70, 65, 48, 48, 48, 47 e 47 ci- ca a CVM, a Bovespa e o IBGC, ção do tema Governança Corpo-
tações no total dos 192 artigos como as instituições que mais rativa nos artigos publicados nas
investigados sobre o tema GC no foram referendadas nos 192 ar- Revistas da área de Contabilidade
período ora estudado. tigos investigados, com 70, 55 elencadas no Qualis da Capes B5
É importante mencionar que e 42 citações, respectivamente. a A1, no período de 2000 a 2011.
os autores Lo- Remetendo-se ao cenário acadê- Para tanto, efetuou-se uma análi-
mico nacional, no que se refere à se bibliométrica em uma amostra
produtividade de 192 artigos.
Verificou-se um cresci-
mento a partir de 2003
de estudos sobre o
tema, com um
decréscimo
em 2005, vol-
tando a crescer
em 2006. Observou-se que
50% dos artigos publicados es-
“
Sugere-se, para futuros estudos, que seja feita a
análise dos conteúdos dos 192 artigos pesquisados para
melhor compreender o fraco aprofundamento dessas
temáticas e sobre a predominância de temas que mais
se destacaram nesse estudo.
”
temas menos evidenciados, ve- Economia e Finanças. Ressalta-se
rificou-se que análise de risco, que a carência, no Brasil, de estu-
conflitos de interesse, con- dos sobre as temáticas de análise
tabilidade financeira, de risco, conflitos de interesse, con-
CVM, código de boas tabilidade financeira, CVM, código
práticas e terceiro setor de boas práticas e terceiro setor, no
tão con- tiveram apenas uma úni- tema GC, nos periódicos pesquisa-
centrados nas ca publicação durante os dos, caracteriza uma oportunidade.
três primeiras revistas: RCF, RCVR doze anos pesquisados. Sugere-se, para futuros estu-
e RUC. Foi constado que a RCF foi Em relação às características de dos, que seja feita a análise dos
a única que manteve uma unifor- autoria, constatou-se que o autor conteúdos dos 192 artigos pesqui-
midade na publicação de artigos que mais publicou artigos nos 12 sados para melhor compreender o
sobre o tema GC desde 2004. No periódicos pesquisados de 2000 fraco aprofundamento dessas te-
que se refere aos temas eviden- a 2011 foi Murcia e que Lopes é o máticas e sobre a predominância
ciados em GC, foi observado nos autor mais citado nas referências de temas que mais se destacaram
192 artigos investigados que os sobre a temática GC no período nesse estudo. Sugere-se também o
assuntos que mais se destacaram analisado, ou seja, com 75 citações. aprofundamento das abordagens
foram: disclosure, accountabili- Como limitação do estudo, vale metodológicas. Estudos sobre re-
ty, contabilidade internacional, destacar que a amostra restringiu- des de pesquisadores na área tam-
auditoria, NDGC, desempenho -se às publicações das revistas bém são importantes para melhor
organizacional, Lei SOX, estra- Qualis A1 a B5 da área de Conta- caracterizar as autorias e mapear
tégia empresarial, estrutura de bilidade. Seria importante então os principais grupos de GC.
propriedade, boas práticas de GC ampliar essa faixa de análise para
e contabilidade ambiental, repre- os periódicos acadêmi-
sentando 66,67% dos conteúdos, cos de Administração,
sendo também os mais represen-
tativos durante os anos de 2000
a 2011. Porém, em relação aos
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