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PREENCHIMENTO DE FORMULÁRIOS DE BENEFÍCIO PARA PACIENTES COM

NECESSIDADES ESPECIAIS

COMPLETION OF BENEFIT FORMS FOR PATIENTS WITH SPECIAL NEEDS

Keti Stylianos Patsis*

*Conselheira parecerista do CRM-PR.

Palavras-chave ¬ Pacientes com necessidades especiais, sequelas neurológicas, médico


perito, atestado médico, competência, preenchimento de documentos, benefícios públicos.

Keywords ¬ Patients with special needs, neurological sequel, medical expert, medical
certificate, competence, completing documents, public benefits.

CONSULTA
Em correspondência encaminhada a este Conselho Regional de Medicina, profissional médico
formula consulta com o seguinte teor:
“Solicito esclarecimento quanto ao preenchimento de formulários de benefício para pacientes
com necessidades especiais. Justificativa. Como médico neurologista de unidade hospitalar,
frequentemente sou solicitado pelas assistentes sociais a preencher alguns documentos para
benefício de pacientes com sequelas neurológicas, abaixo descritos, porém em várias
situações tenho dúvidas com relação a quem compete preenchê-los: eu, como médico
assistente temporário enquanto o paciente se encontra em tratamento ambulatorial com tempo
limitado (usualmente seis meses); o médico assistente original, que acompanha e deverá
continuar acompanhando o paciente em outro serviço (os pacientes da unidade fazem
acompanhamento no serviço de origem hospital onde foi inicialmente atendido – e possuem
um médico assistente que dará a continuidade do acompanhamento mesmo após a alta
ambulatorial); ou um perito médico (de trânsito, do trabalho outro perito)?
Situação 1: Devo preencher atestado/declaração para permitir a confecção de credencial para
vagas especiais de estacionamento Urbs ou equivalente? Deve ser preenchido em formulário
próprio a ser fornecido pela Urbs? Deve constar CID de diagnóstico? Ou o seu preenchimento
é competência exclusiva de perito (médico especialista em trânsito do Detran/Ciretran?
Situação 2: Semelhante à anterior, porém visando benefício de isenção tarifária de transporte
público (ônibus), inclusive metropolitano, para o paciente e, em alguns casos, para
acompanhante. Em quais casos devemos solicitar o benefício para o acompanhante?
Situação 3: Mesmos questionamentos que as anteriores, porém visando o provimento de
benefício para o programa da Cohab, especificamente o “Minha Casa, Minha Vida”.
Situação 4: Com o objetivo de conseguir benefício do INSS, este não deve ser após avaliação
do Médico Perito do INSS? Até onde eu saiba, o requerente deve abrir processo no INSS para
solicitar beneficio e, na condição de médico assistente temporário, só devo fornecer dados por
escrito para o colega perito daquela instituição mediante questionamentos por escrito. Isso
procede?

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Como os pacientes da unidade também fazem acompanhamento no serviço de origem e
possuem um médico assistente que dará a continuidade do acompanhamento mesmo após a
alta ambulatorial, não seria responsabilidade deste colega o preenchimento de declarações
para o INSS?”

FUNDAMENTAÇÃO E PARECER
Em atenção aos questionamentos do consulente, temos a aduzir que:
“Situação 1: Devo preencher atestado/declaração para permitir a confecção de credencial para
vagas especiais de estacionamento Urbs ou equivalente?”
Sim, conforme o artigo 91 do Código de Ética Médica, que veda ao médico deixar de atestar
atos executados no exercício profissional, o médico que o atende no serviço de reabilitação
deve elaborar o atestado quando solicitado pelo paciente. O atestado médico é parte
integrante do ato médico, sendo seu fornecimento direito inalienável do paciente.
“Deve ser preenchido em formulário próprio a ser fornecido pela Urbs? Deve constar CID de
diagnóstico?”
Se for preciso preencher um formulário específico para que o paciente alcance seu direito, o
médico deve fazê-lo para não deixar o paciente à mercê de sua própria sorte.
Quanto à colocação de CID, seguir o que determina as Resoluções do CFM n.º 1851/2008 e
n.º 1658/2002.
“Ou o seu preenchimento é competência exclusiva de perito (médico especialista em transito
do Detran/Ciretran)?”
Os médicos que acompanham o paciente devem preencher tal formulário, em relação à
situação médica do paciente.
“Situação 2: Semelhante à anterior, porém visando benefício de isenção tarifária de transporte
público (ônibus), inclusive metropolitano, para o paciente e, em alguns casos, para
acompanhante.”
Em quais casos devemos solicitar o benefício para o acompanhante? Em todos os casos em
que o paciente dependa de um acompanhante para se locomover, por motivos de ordem física
ou mental.
“Situação 3: Mesmos questionamentos que as anteriores, porém visando o provimento de
benefício para o programa da Cohab, especificamente o Minha Casa, Minha Vida.”
Conforme o artigo 91 do Código de Ética Médica, que veda ao médico deixar de atestar atos
executados no exercício profissional, quando solicitado pelo paciente ou por seu representante
legal, conclui-se que o médico que o atende no serviço de reabilitação deve elaborar o
atestado quando solicitado pelo paciente.
“Situação 4: Com o objetivo de conseguir benefício do INSS, este não deve ser após avaliação
do Médico Perito do INSS? Até onde eu saiba, o requerente deve abrir processo no INSS para
solicitar beneficio e, na condição de médico assistente temporário, só devo fornecer dados por
escrito para o colega perito daquela instituição mediante questionamentos por escrito. Isso
procede?”
Não procede. O segurado do Instituto Nacional do Seguro Social, ao solicitar um Benefício por
Incapacidade deverá passar por uma perícia médica, onde comprovará as alegações de
incapacidade para o exercício profissional através de atestados emitidos pelos médicos que o

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acompanham e dos resultados de exames já realizados. O Perito Médico Previdenciário poderá
solicitar informações médicas complementares aos médicos que assistem o segurado, se
entender necessário.
“Como os pacientes da unidade também fazem acompanhamento no serviço de origem e
possuem um médico assistente que dará a continuidade do acompanhamento mesmo após a
alta ambulatorial, não seria responsabilidade deste colega o preenchimento de declarações
para o INSS?”
Ainda com base no artigo 91 do Código de Ética Médica, os dois médicos devem fornecer
atestados, se solicitados pelo paciente. Note-se que quanto mais informações forem
disponibilizadas ao Perito Médico Previdenciário, maiores serão as chances de a conclusão da
perícia ser a adequada.
É o parecer. SMJ.
Curitiba, 14 de janeiro de 2014.
Cons.ª KETI STYLIANOS PATSIS
Conselheira parecerista

PARECER CRM-PR n.º 2.439/2014.


Processo-Consulta n.º 22/2013.
Parecer Aprovado
Sessão Plenária n.º 3.420, de 14/01/14 – CÂM III.

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