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RECOMENDAÇÕES AOS JUIZES LEIGOS

1. Não atue em causa onde tenha algum motivo de impedimento ou suspeição. Solicita, no
caso, ao Juiz de Direito ou ao Escrivão a sua substituição, pois o Juiz deve estar acima de qualquer
suspeita;
2. Identificar, por meio de documento, as partes e os advogados. Lembre-se que a presença
pessoal das partes nas audiências dos Juizados é obrigatória. A pessoa jurídica deverá estar
representada por um sócio ou membro da Diretoria ou por um preposto devidamente credenciado
com a respectiva “Carta de Preposto”. Não é permitido ao advogado cumular as funções de
advogado e de preposto (ver enunciado nº 17, do Encontro de Coordenadores de Juizados Especiais
realizado no Rio de Janeiro);
3. Tratar as partes, advogados e testemunhas com atenção e respeito. Exigir, em caso de
necessidade, o mesmo tratamento para que a audiência desenvolva-se de modo regular e tranqüila.
Compete ao Juiz Leigo, sob a supervisão do Juiz de Direito, presidir todos os atos da audiência com
seriedade, segurança e controle, observando as formalidades legais. Não permitir ofensas contra o
Juiz ou entre as partes e advogados;
4. Observar se é o caso de assistência facultativa ou obrigatória de advogado para as partes, de
acordo com o previsto no art. 9º, § 1º e 2º, da Lei 9.099/95;
5. Na hipótese de alegação de incompetência do Juizado ou ilegitimidade de parte, reduzir a
termo e encaminhar, imediatamente, ao Juiz de Direito para apreciação, com sugestão de decisão
6. Empenhar-se com habilidade e boa técnica no sentido de buscar o acordo entre as partes,
dentro do objetivo do Juizado (art. 2º, parte final da Lei 9.099/95), que é a conciliação. Nesse
momento deve ser proporcionada uma maior informalidade de modo a possibilitar o entendimento.
Não manifestar sua opinião pessoal sobre o mérito da causa;
7. Na ausência injustificada do autor, devidamente intimado, sugerir ao Juiz de Direito a
extinção do feito. Ausente o réu, também intimado e não justificando até a abertura da audiência
(art. 453, § 1º do CPC), opinar pela revelia. Caso a ausência ocorra, justificadamente ou por falta de
intimação, designar nova data para a sua realização, sugerindo que a intimação seja efetuada por
Oficial de Justiça. Na hipótese de mais de um réu, todos intimados, a ausência de um não lhe
acarreta a revelia se o(s) outro(s) comparecer(em) – art. 320, I, do CPC;
8. Não instrução do feito, observar o procedimento previsto nos artigos 27 a 35 da Lei
9.099/95 (ver Roteiro de Audiência de Instrução e Julgamento). No depoimento pessoal das partes e
na inquirição das testemunhas, registrar no termo as declarações de forma resumida e apenas o
essencial (art. 13, § 3º da Lei 9.099/95). Após, diante do princípio constitucional do contraditório,
possibilitar às partes fazerem perguntas, indeferindo somente aquelas que não tenham relação com
os fatos, objetos da demanda, ou as que são repetições de declarações já registradas no termo. Em
qualquer hipótese, não se conformando a parte pelo indeferimento, poderá requerer ao juiz leigo que
fique consignado em ata;
9. Todas as provas devem ser produzidas na audiência de instrução e julgamento, mesmo que
não requeridas previamente (art. 33 da Lei 9.099/95). Somente em situações excepcionais, para a
busca da verdade, deve ser admitida alguma diligência posterior. De todo documento juntado deve-
se possibilitar a manifestação sucinta da outra parte, na mesma hora. Apenas em havendo contra-
pedido, concede-se prazo (até a próxima data para o prosseguimento da audiência) para o autor
responder (Parágrafo único do art. 31, da Lei 9.099/95);
10. Concluída a instrução, sem debates orais, compete ao juiz leigo proferir uma sugestão de
decisão ao juiz de direito, que poderá homologar, no todo ou em parte, ou prolatar outra em
substituição. Aconselha-se ao juiz leigo marcar uma data, dentro de dez dias úteis, como previsto na
resolução 01/95 da Corregedoria-Geral da Justiça, para publicar a sentença em Cartório, deixando
as partes presentes, desde já, intimadas. A decisão deverá ser suficientemente fundamentada,
analisando-se as provas especificamente produzidas e sustentando o direito a ser aplicado ao caso
concreto. O dispositivo deve ser bem claro. Não se admite sentença ilíquida. Observar os limites do
pedido. Em caso de condenação a uma indenização ou pagamento, estabelecer correção monetária
pelo IGP-M, a partir de determinada data, conforme o caso (de regra do ajuizamento), e juros legais
de 6% a.a. também a contar (de regra da citação). Havendo embargos declaratórios, apreciar apenas
a tempestividade e a existência ou não de obscuridade, contradição, omissão ou dúvida (art. 48 da
Lei 9.099/95). Não mudar o mérito.
ROTEIRO PARA AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO

1. Identificação das partes (pessoa física através de Identidade ou outro documento; pessoa
jurídica, através de carta de preposto para um empregado, identificando-o por documento, ou, se for
algum diretor ou sócio com poder de representação, deverá trazer cópia do estatuto ou contrato
social e, se for condomínio, pelo síndico, devidamente comprovado por documentos). Identificar
também os advogados;
2. Registrar na parte superior da ata os nomes da pessoas (partes e advogados) que
compareceram;
3. Tentar a conciliação entre as partes;
4. Não havendo acordo, iniciar a instrução do feito com os seguintes atos, nesta ordem:
A) Recebimento dos documentos do autor, havendo, os quais serão examinados, rapidamente,
pelo Juiz Leigo e, em seguida, dando-se vista ao(s) réu(s) para se manifestar, juntamente com a
contestação;
B) O réu poderá contestar na hora, por escrito ou oralmente, de forma resumida, e, também,
formular pedido a seu favor, nos limites do art. 3º, desde que fundado nos mesmos fatos que
constituem objeto da controvérsia;
C) Havendo contra-pedido do réu poderá o autor responder na própria audiência (o que é
melhor) ou requerer prazo até a próxima audiência;
D) Após, o Juiz Leigo acolherá o depoimento pessoal do autor (o réu deve sair da sala) e do
réu e, por fim, ouvirá separadamente as testemunhas, no máximo de três para cada parte,
registrando-se, resumidamente, apenas o essencial (art. 13, § 3º);
OBS.: Não convém dispensar testemunhas, a não ser com o consentimento expresso das
partes, fazendo constar em ata. Não inverter a ordem, a não ser com o consentimento das partes.
E) Finda a instrução, sem debates orais, o Juiz Leigo proferirá sua decisão na hora ou marcará
nova data, dentro de dez dias, para a publicação em cartório, ficando, desde já, todos intimados.
Este prazo deve ser cumprido entregando a decisão em cartório, com cópia, na véspera aprazada;
OBSERVAÇÕES:
– Somente os incidentes que possam intervir no regular prosseguimento da audiência, serão
decididos de plano (art. 29), como, por exemplo, legitimidade das partes ou incompetência do
Juizado. As demais questões serão decididas na sentença.
– Das decisões incidentais não cabe agravo. Somente poderão ser atacadas em havendo
recurso final.
– Havendo embargos declaratórios, apreciar apenas a existência ou não de obscuridade,
contradição, omissão ou dúvida (art. 48). Não mudar o mérito.
– Os erros matérias podem ser corrigidos de ofício.
ROTEIRO PRÁTICO – AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO
(Juizado Especial Cível – Lei 9.099/95)

Abertura da Ata
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Identificar as partes presentes – consignar nomes das partes e de seus procuradores (números
da OAB);
Pólo ativo – observar o disposto no art. 8º e parágrafos da Lei 9.099/95 e art. 38 da Lei 9.841/00;
Pessoa Jurídica – representação – deverá constar carta de preposto, contrato social ou estatuto
(cuidando-se de proprietário, sócio ou diretor com poderes de representação), ou ata de assembléia
que elegeu o síndico, tratando-se de condomínio – art. 9º, § 4º, da Lei 9.099/95.

Comparecimento das partes


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Se ausente o autor – extinção do processo, sem julgamento do mérito (art. 51, I, da Lei
9.099/95);
Se ausente o réu – decretação da revelia (art. 20 da Lei 9.099/95) – consignar o horário do último
pregão – a parte autora deverá acostar a documentação que entender conveniente.

Acompanhamento de advogado
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Valor da causa como critério para assistência de advogado. Em causas acima de 20 salários-
mínimos é obrigatório o acompanhamento de advogado – art. 9, caput, da Lei 9.099/95). Em valor
inferior é dispensável a assistência;
Se somente uma das partes comparece com advogado, ou o réu for pessoa jurídica ou firma
individual – art. 9º, caput, da Lei 9.099/95 – imposição de assistência judiciária à outra parte.
Conveniência do patrocínio por advogado – pode ser verbal – salvo poderes especiais – art. 9º, § 3º,
da Lei 9.099/95.

Proposta de Conciliação
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Exitosa – redação do acordo;
Inexitosa – prosseguimento do ato com abertura da instrução.
Extinção do Feito
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– Não comparecimento do autor – art. 51, I, da Lei 9.099/95;
– Complexidade da causa – art. 51, I (ex.: necessidade de utilização de meio de prova
inadmissível no sistema – perícia contábil, grafodocumentoscópica, etc.);
– Reconhecimento de incompetência territorial – art. 51, III;
– Impedimentos previstos no art. 8º – art. 51, IV;
– Falecimento do autor ou do réu – art. 51, V, VI.
Argüição de incompetência – (observar o disposto no art. 3º e 4º da Lei 9.099/95) – Suspeição
e impedimento (forma do CPC).
Instrução

Produção de Prova documental e contestação


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O autor acosta documentos. Vista ao réu para oferecer impugnação, querendo (art. 29,
parágrafo único, da Lei 9.099/95);
O réu contesta (escrito ou oral) – art. 30 – e acosta documentos. Dada vista ao autor para impugnar.
Obs.: não há abertura de prazo para tréplica.
Contra-pedido (art. 31, da Lei 9.099/95)
Adiamento da audiência – art. 31 e parágrafo único, da Lei 9.099/95 (nova data) – se a parte
requerer;
Incidentes processuais (art. 29);
Preliminares poderão ser apreciadas quando da decisão;
Intervenção de terceiro – vedada – art. 10 (admissível litisconsórcio).
Produção de prova oral – (art. 28, art. 33 – ambos da Lei 9.099/95)
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Depoimento pessoal – aplica-se o CPC;
Prova testemunhal – art. 34 (trazidas em audiência no máximo em número de três – ou arroladas no
mínimo cinco dias antes da audiência de instrução e julgamento);
Contradita – possibilidade – sistema do CPC;
Condução – não comparecimento da testemunha do juízo – art. 34, da Lei 9.099/95;
Produção Técnica – parecer técnico – art. 35 (não há a apresentação de quesitos).
Observações:
Toda a prova deve ser produzida em audiência – incabível suspensão ou adiamento para tal
fim;
Inadmissibilidade de debates orais ou memoriais.
Encerramento da Instrução – Autos conclusos para a decisão – designar data para publicação
da decisão.

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