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Monitoramento Ambiental
Profa Drª Débora Monteiro Brentano
MONITORAMENTO AMBIENTAL
O que é Monitoramento?
O monitoramento ambiental pode ser definido como um processo de coleta de dados, estudo e
acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis ambientais, visando identificar e avaliar
qualitativa e quantitativamente as condições dos recursos naturais em um determinado momento,
assim como as tendências ao longo do tempo (variações temporais). As variáveis sociais,
econômicas e institucionais também são incluídas, por exercerem influências sobre o meio
ambiente. O monitoramento ambiental fornece informações sobre os fatores que influenciam no
estado de conservação, preservação, degradação e recuperação ambiental.
Para Bitar e Ortega (1998), monitoramento ambiental consiste na realização de medições e/ou
observações específicas, dirigidas a alguns poucos indicadores, com a finalidade de verificar se
determinados impactos ambientais estão ocorrendo, podendo ser dimensionada sua magnitude e
avaliada a eficiência de eventuais medidas preventivas adotadas.
Figura 1: Declínio na abundância e recuperação subsequente da espécie Eubalena australis (linha preta é a média,
linhas tracejadas mostram o mínimo e o máximo - 95% confiança). Avistamento de grandes populações que durante
o inverno: Argentina (ARG), Brasil (BZL), Africa do Sul (SAF), Sudoeste da Austrália (SWA), centro-sul da Australia
(SCA), e Nova Zelândia sub-Antártica (NZSA) e regiões onde os avistamentos são tipicamente de menores números
de indivíduos por ano.
Fonte: Harcourt et al., 2019
Figura 2. Variações nas concentrações de oxigênio dissolvido (mg/L) por um período de 24 h em um viveiro de engorda de
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camarões marinhos. O viveiro operou sem aeração mecânica com uma densidade inicial de 15 camarões/m . Avaliações
conduzidas do fundo do viveiro em 5 dias distintos ao longo do ciclo de produção, com medições contínuas a cada 10 minutos.
Fonte: Panorama da Aquicultura, 2002.
Como é realizado?
Na maioria das vezes, o monitoramento é realizado em vários locais, formando a chamada rede
de monitoramento. Trata-se de um sistema de monitoramento com obtenção de dados em várias
áreas, de abrangência local, regional, nacional e até mesmo internacional, capaz de fornecer uma
base de dados comparativa tanto em relação ao próprio local amostrado, quanto com outras
regiões.
Uma rede de monitoramento é um sistema planejado e organizado de coleta de informações
específicas ou interrelacionadas, que gera informações a partir dos dados coletados e aumenta o
conhecimento para a tomada de decisão e o planejamento ambiental.
O planejamento ou desenho de uma rede de monitoramento deve considerar:
• Os objetivos a serem atingidos em termos de informações, usos e usuários dos dados, não
apenas no momento do planejamento, mas também no futuro.
• Qual será a destinação dos dados.
• Em que área ou região devem ser coletadas as informações.
• As limitações a superar (recursos financeiros, tempo, número de funcionários, capacidade
administrativa, operacional e institucional dos envolvidos).
• A continuidade de atividades já executadas, de forma que a rede seja desenhada considerando
outras já existentes que preencham os mesmos objetivos de monitoramento.
• O alcance do benefício máximo com um custo mínimo (a relação custo/benefício).
• As competências dos órgãos envolvidos e as possíveis parcerias, de forma a minimizar custos,
evitar duplicidade de esforços e estabelecer um sistema de coordenação e integração das
atividades. Trata-se do chamado "arranjo institucional", que define responsabilidades e
atribuições das instituições públicas e da iniciativa privada envolvidas na execução do
monitoramento, assim como dos mecanismos de inter-relação.
• O estabelecimento de prioridades.
• Os riscos operacionais, caso não sejam disponibilizados os recursos financeiros, materiais e
humanos necessários.
• O estabelecimento de um programa de controle de qualidade dos dados, para gerar maior
credibilidade nos laudos e relatórios emitidos.
É importante lembrar que a definição do número de estações de amostragem e dos parâmetros
monitorados deve considerar as condições técnicas e econômicas do órgão executor. Além disto,
a rede deve ser revisada periodicamente, de forma a adequar-se a novas situações e processos.
A credibilidade da informação gerada depende da exatidão dos procedimentos adotados. O
controle de qualidade dos resultados emitidos passa pelo controle da atuação dos técnicos, bem
como por procedimentos de avaliação dos métodos de coleta e análise, calibração de
equipamentos, demarcação de áreas, entre outros aspectos.
Referências Bibliográficas:
BITAR, O.Y & ORTEGA, R.D. Gestão Ambiental. In: OLIVEIRA, A.M.S. & BRITO, S.N.A. (Eds.). Geologia de
Engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE), 1998. cap. 32, p.499-508.
BRASIL. Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente nº 357, de 17 de março de 2005. Diário Oficial da União,
Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Brasília, DF, 18 de março de 2005.
HARCOURT, R.; HOOP, J. van der; KRAUS, S.; CARROLL, E. L. Future Directions in Eubalaena spp.: Comparative
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https://doi.org/10.3389/fmars.2018.00530
MACHADO, P.A.L. Direito ambiental brasileiro. 5ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1995. 696p.
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https://panoramadaaquicultura.com.br/noticias-negocios_edicao70, acessado em 18.08.2022.
PORRÉCA, Lúcia Maria. Monitoramento Ambiental. In: ARAUJO FILHO, José Lázaro; RICARDO, Militão (Org.). Guia
do Chefe: Manual de Apoio ao Gerenciamento das Unidades de Conservação. Brasília: IBAMA/GTZ. 2000.