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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA
DEPARTAMENTO ACADÊMICO DA CONSTRUÇÃO CIVIL

Unidade Curricular
Monitoramento Ambiental
Profa Drª Débora Monteiro Brentano

MONITORAMENTO AMBIENTAL

O que é Monitoramento?

Monitoramento é o estudo e o acompanhamento - contínuo e sistemático - do comportamento de


fenômenos, eventos e situações específicas, cujas condições desejamos identificar, avaliar e
comparar. Desta forma, é possível estudar as tendências ao longo do tempo, ou seja, verificar as
condições presentes, projetando situações futuras.
O monitoramento pode ser realizado a longo ou a curto prazo. Monitoramento de longo prazo
(Figuras 1) estuda variações no decorrer do tempo e acompanha de forma contínua os fatores a
avaliar, fornecendo resultados orientados por estudos de tendências. O monitoramento de curto
prazo estuda variações em períodos menores (Figuras 2). Independentemente da duração desta
atividade, um dos principais produtos do monitoramento é uma avaliação que permita
compreender os resultados qualitativos e quantitativos e a aplicação dos mesmos para vários
usos e usuários. Corroborando com esta definição, Brasil (2005), através da Resolução CONAMA
no 357, identifica monitoramento como a medição ou verificação de parâmetros de qualidade e
quantidade (de água), que pode ser contínua ou periódica, utilizada para acompanhamento da
condição e controle (da qualidade do corpo de água).

O que é Monitoramento Ambiental?

O monitoramento ambiental pode ser definido como um processo de coleta de dados, estudo e
acompanhamento contínuo e sistemático das variáveis ambientais, visando identificar e avaliar
qualitativa e quantitativamente as condições dos recursos naturais em um determinado momento,
assim como as tendências ao longo do tempo (variações temporais). As variáveis sociais,
econômicas e institucionais também são incluídas, por exercerem influências sobre o meio
ambiente. O monitoramento ambiental fornece informações sobre os fatores que influenciam no
estado de conservação, preservação, degradação e recuperação ambiental.
Para Bitar e Ortega (1998), monitoramento ambiental consiste na realização de medições e/ou
observações específicas, dirigidas a alguns poucos indicadores, com a finalidade de verificar se
determinados impactos ambientais estão ocorrendo, podendo ser dimensionada sua magnitude e
avaliada a eficiência de eventuais medidas preventivas adotadas.
Figura 1: Declínio na abundância e recuperação subsequente da espécie Eubalena australis (linha preta é a média,
linhas tracejadas mostram o mínimo e o máximo - 95% confiança). Avistamento de grandes populações que durante
o inverno: Argentina (ARG), Brasil (BZL), Africa do Sul (SAF), Sudoeste da Austrália (SWA), centro-sul da Australia
(SCA), e Nova Zelândia sub-Antártica (NZSA) e regiões onde os avistamentos são tipicamente de menores números
de indivíduos por ano.
Fonte: Harcourt et al., 2019

Figura 2. Variações nas concentrações de oxigênio dissolvido (mg/L) por um período de 24 h em um viveiro de engorda de
2
camarões marinhos. O viveiro operou sem aeração mecânica com uma densidade inicial de 15 camarões/m . Avaliações
conduzidas do fundo do viveiro em 5 dias distintos ao longo do ciclo de produção, com medições contínuas a cada 10 minutos.
Fonte: Panorama da Aquicultura, 2002.

Para que serve?

O monitoramento ambiental é um instrumento de controle e avaliação. Serve para conhecer o


estado e as tendências qualitativas e quantitativas dos recursos naturais e as influências
exercidas pelas atividades humanas e por fatores naturais sobre o meio ambiente. Desta forma,
subsidia medidas de planejamento, controle, recuperação, preservação e conservação do
ambiente em estudo, bem como auxilia na definição das políticas ambientais.
Reflete a relação de ações antrópicas e fatores naturais sobre o meio ambiente, bem como o
resultado da atuação das instituições por meio de planos, programas, projetos, instrumentos
legais e financeiros capazes de manter as condições ideais dos recursos naturais (equilíbrio
ecológico) ou recuperar áreas e sistemas específicos.
Dessa forma, as informações geradas devem transmitir clareza aos técnicos, aos tomadores de
decisões, à comunidade científica e a toda a sociedade sobre a situação que se quer analisar. Se
a informação não é bem entendida, não há clareza para avaliar os resultados, podendo haver
distorções, decisões inadequadas ou até mesmo erradas.
Segundo Machado (1995), a elaboração de um registro dos resultados do monitoramento é de
fundamental importância para o acompanhamento da situação, tanto para a empresa e para o
Poder Público, como também para a realização de auditoria.

Como é realizado?

A implantação de atividades de monitoramento ambiental necessita de uma seleção prévia de


indicadores. Estes são variáveis que expressam as condições qualitativas ou quantitativas do que
está sendo medido e avaliado. Devem descrever, de forma compreensível e significativa:
• o estado e as tendências dos recursos ambientais,
• a situação socioeconômica da área em estudo e
• o desempenho de instituições para o cumprimento das suas atribuições.
A escolha dos indicadores depende dos objetivos do monitoramento, do que se quer monitorar e
das informações a obter. Esses parâmetros são medidos em campo, em laboratório e em
escritório, alguns com bastante simplicidade e outros com alto grau de complexidade.
O monitoramento envolve um grande esforço para a alocação de recursos humanos e financeiros,
o que é uma das dificuldades para implantar um programa contínuo dessa natureza. O processo
se inicia com o planejamento, que envolve:
• a definição dos indicadores/parâmetros a serem avaliados,
• a metodologia e os meios a utilizar,
• o local da amostragem ou de coleta,
• a freqüência da obtenção de dados (ex. OD),
• a metodologia de análise,
• os procedimentos de coleta, preservação, armazenamento e transporte de amostras até o
laboratório, para análise,
• os equipamentos necessários,
• a forma de avaliação dos resultados obtidos,
• o processamento e armazenamento das informações,
• a forma de divulgação dos resultados.
A seleção dos indicadores requer um conhecimento preliminar do que existe na área em estudo e
de problemas locais. Em outros casos, serve como gerador primário de dados e informações
sobre o que existe no local em estudo, fornecendo um diagnóstico das condições ambientais.
A localização dos pontos de coleta deve ter representatividade no contexto do monitoramento e
ser de fácil acesso. Os dados podem ser coletados por técnicos (manualmente) ou de forma
automática. As estações automáticas são instaladas quando precisamos de informações
coletadas continuamente, geralmente em espaços de minutos, horas e dias.

O que é uma Rede de Monitoramento?

Na maioria das vezes, o monitoramento é realizado em vários locais, formando a chamada rede
de monitoramento. Trata-se de um sistema de monitoramento com obtenção de dados em várias
áreas, de abrangência local, regional, nacional e até mesmo internacional, capaz de fornecer uma
base de dados comparativa tanto em relação ao próprio local amostrado, quanto com outras
regiões.
Uma rede de monitoramento é um sistema planejado e organizado de coleta de informações
específicas ou interrelacionadas, que gera informações a partir dos dados coletados e aumenta o
conhecimento para a tomada de decisão e o planejamento ambiental.
O planejamento ou desenho de uma rede de monitoramento deve considerar:
• Os objetivos a serem atingidos em termos de informações, usos e usuários dos dados, não
apenas no momento do planejamento, mas também no futuro.
• Qual será a destinação dos dados.
• Em que área ou região devem ser coletadas as informações.
• As limitações a superar (recursos financeiros, tempo, número de funcionários, capacidade
administrativa, operacional e institucional dos envolvidos).
• A continuidade de atividades já executadas, de forma que a rede seja desenhada considerando
outras já existentes que preencham os mesmos objetivos de monitoramento.
• O alcance do benefício máximo com um custo mínimo (a relação custo/benefício).
• As competências dos órgãos envolvidos e as possíveis parcerias, de forma a minimizar custos,
evitar duplicidade de esforços e estabelecer um sistema de coordenação e integração das
atividades. Trata-se do chamado "arranjo institucional", que define responsabilidades e
atribuições das instituições públicas e da iniciativa privada envolvidas na execução do
monitoramento, assim como dos mecanismos de inter-relação.
• O estabelecimento de prioridades.
• Os riscos operacionais, caso não sejam disponibilizados os recursos financeiros, materiais e
humanos necessários.
• O estabelecimento de um programa de controle de qualidade dos dados, para gerar maior
credibilidade nos laudos e relatórios emitidos.
É importante lembrar que a definição do número de estações de amostragem e dos parâmetros
monitorados deve considerar as condições técnicas e econômicas do órgão executor. Além disto,
a rede deve ser revisada periodicamente, de forma a adequar-se a novas situações e processos.
A credibilidade da informação gerada depende da exatidão dos procedimentos adotados. O
controle de qualidade dos resultados emitidos passa pelo controle da atuação dos técnicos, bem
como por procedimentos de avaliação dos métodos de coleta e análise, calibração de
equipamentos, demarcação de áreas, entre outros aspectos.

Referências Bibliográficas:
BITAR, O.Y & ORTEGA, R.D. Gestão Ambiental. In: OLIVEIRA, A.M.S. & BRITO, S.N.A. (Eds.). Geologia de
Engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia (ABGE), 1998. cap. 32, p.499-508.
BRASIL. Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente nº 357, de 17 de março de 2005. Diário Oficial da União,
Ministério do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, Brasília, DF, 18 de março de 2005.
HARCOURT, R.; HOOP, J. van der; KRAUS, S.; CARROLL, E. L. Future Directions in Eubalaena spp.: Comparative
Research to Inform Conservation. Front. Mar. Sci., 30 January 2019 Sec. Marine Megafauna.
https://doi.org/10.3389/fmars.2018.00530
MACHADO, P.A.L. Direito ambiental brasileiro. 5ª ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1995. 696p.
PANORAMA DA AQUICULTURA. Notícias & Negócios. Edição 70. 2002. Disponível em:
https://panoramadaaquicultura.com.br/noticias-negocios_edicao70, acessado em 18.08.2022.
PORRÉCA, Lúcia Maria. Monitoramento Ambiental. In: ARAUJO FILHO, José Lázaro; RICARDO, Militão (Org.). Guia
do Chefe: Manual de Apoio ao Gerenciamento das Unidades de Conservação. Brasília: IBAMA/GTZ. 2000.

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