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CARTILHA DO CORRETOR DE IMÓVEIS


AUTORIA:
LUISA CARNEIRO
VICE-PRESIDENTE - CRECI/PA – 12ª REGIÃO

SUMÁRIO:
I – SÍMBOLO DO CORRETOR
II – COFECI X CRECIS
III – CRECIS X SINDICATOS
IV – DOS DEVERES DOS CORRETORES DE IMÓVEIS
V - DOS DIREITOS DOS CORRETORES DE IMÓVEIS
V-a) - DOS HONORÁRIOS
VI - DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO CORRETOR DE IMÓVEIS:
VI.a) - SOB A ÓTICA DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO – lei 10.460/2002
VI.a.a – TEXTO DA LEI 10.460/2002
VI.b) – SOB A ÓTICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – LEI Nº 8.078
DE 11.09.1990
VII – DO DIREITO DO COMPRADOR AO DESCONTO NOS EMOLUMENTOS NO REGISTRO
DE 1º FINANCIAMENTO PELO SFH

O QUE DIZ O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO, LEI 10.406 DE 10.01.2002, SOBRE A


CORRETAGEM

VIII - DAS ARRAS (OU SINAL E PRINCÍPIO DE PAGAMENTO) SÃO REGULADAS PELOS
ARTIGOS 417 A 420 DO CÓDIGO CIVIL

IX - DA LEI DO INQUILINATO (Lei nº 8.245/1991)

IX.a - PRINCIPAIS ITENS CONTEMPLADOS PELA LEI DO INQUILINATO


IX.b - DO LAUDO DE VISTORIA E SUA IMPORTÂNCIA NA LOCAÇÃO

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X - DO CONTRATO PARTICULAR DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS:

X.a) - O CONTRATO PARTICULAR DE COMPRA E VENDA DEVE SER REGISTRADO


NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS COMPETENTE?

XI - DAS TIPIFICAÇÕES PENAIS

XII.a) – APROPIAÇÃO INDÉBITA:

XII.b) - ESTELIONATO:

XII.c) – FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO E PARTICULAR:

XII - DAS ARMADILHAS DAS REDES SOCIAIS:

XIII.a) – DIFAMAÇÃO
XIII.b) – INJÚRIA
XIII.c) – CALÚNIA
XIII – CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL (Resolução COFECI nº 326/92).

XIV - O QUE É REPRESENTAÇÃO/DENÚNCIA FEITA PELA SOCIEDADE EM DESFAVOR


DO CORRETOR DE IMÓVEIS E AS IMPLICAÇÕES ADVINDAS.

XV - O PROCESSO DISCIPLINAR É ORIUNDO DE:


XV.a) – Auto de Infração;
XV.b) – Termo de Representação.

XVI – LGPD – LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS.


XVII - DA ATUALIZAÇÃO DE DADOS CADASTRAIS JUNTO AO CRECI.

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CARTILHA DO CORRETOR DE IMÓVEIS

DIREITOS E DEVERES DO CORRETOR DE IMÓVEIS SOB A ÓTICA DA LEGISLAÇÃO


PERTINENTE, DO CÓDIGO CIVIL E DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR:

A PROFISSÃO DE CORRETOR DE IMÓVEIS FOI CRIADA, INICIALMENTE,


PELA LEI 4.116 DE 27.08.1962, POSTERIORMENTE REVOGADA E
SUBSTITUÍDA PELA ATUAL LEI DE REGÊNCIA DA PROFISSÃO , LEI
6.530 DE 12.05.1978 E REGULAMENTADA PELO DECRETO Nº 81.871
DE 29.06.1978.
I – SÍMBOLO DO CORRETOR DE IMÓVEIS:
Os Corretores de Imóveis têm um símbolo: O COLIBRI – que distingue o
Corretor de Imóveis dentre os outros profissionais liberais.

O símbolo dos Corretores de Imóveis foi aprovado na XVI Seção Plenária


do COFECI realizada na Cidade de Porto Alegre-RS, por unanimidade dos
Conselheiros Federais presentes.

Onde estiver um Corretor de Imóveis a marca estará presente, haja vista


que o Colibri, beija flor brasileiro, tornou-se um símbolo para identificar o
profissional imobiliário, cujo trabalho se assemelha ao modo de agir de tão bela
ave, pela celeridade, disposição, forma de atuar, de se movimentar com rapidez
em todas as direções. Assim como o Colibri, que é um intermediário entre as
duas fases de um processo de enriquecimento da natureza, transformando
da flor ao fruto pela polinização, o Agente Imobiliário atua na intermediação
de compra e venda de imóveis, transformando o sonho da casa própria em
realidade, trazendo felicidade a quem realiza tão belo sonho.

II – COFECI X CRECIS
Os Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis, pessoas jurídicas de
direito público, são órgãos integrantes do Sistema COFECI/CRECI, com poderes
para fiscalizar, orientar e disciplinar o exercício da profissão de Corretor de
Imóveis em cada Estado do território nacional, além de representar, nos limites
de sua competência e abrangência, com autonomia administrativa, operacional
e financeira, em juízo ou fora dele, os legítimos interesses de seus respectivos
inscritos.

Os CRECIs são constituídos como autarquia federal corporativa e, embora


sejam organizações pertencentes aos Estados, não recebem ajuda financeira
governamental, sendo sua principal fonte de renda as anuidades pagas pelos
Corretores de Imóveis inscritos nos respectivos Regionais.

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Embora tendo que autogerir-se, como qualquer autarquia federal, suas
receitas e despesas estão sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas da União
- TCU.

Os CRECIs - Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis, têm como


órgão deliberativo o Plenário e como órgão administrativo a diretoria executiva,
eleita dentre seus 27 (vinte e sete) Conselheiros Efetivos, que é composta de
01 Presidente, 02 Vice-Presidentes, 02 Diretores Secretários e 02 Diretores
Tesoureiros, que prestam serviços voluntários ao Regional, sem nenhuma
remuneração, ou seja, são cargos honoríficos.

III – CRECIS X SINDICATOS

Não se deve confundir os Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis


com os Sindicatos dos Corretores de Imóveis.

III.a) Os CRECIs são autarquias federais, fiscalizadas pelo Tribunal de


Contas da União (TCU), tendo como principal competência a disciplina e
fiscalização da profissão de Corretores de Imóveis e a defesa da Sociedade
contra os Contraventores e maus Profissionais, podendo aplicar sanções
administrativas previstas na Legislação pertinente contra seus Associados,
chegando até a cassação de seus registros.

III.b) Os SINDICATOS são associações que têm o objetivo de defender os


interesses comuns da categoria. Não é de sua competência legal a fiscalização
da classe, o registro profissional ou a cassação desse registro. São entidades
livres, não estando sujeitos às autoridades públicas, exceto se praticarem
crimes previstos nas leis penais.

IV – DOS DEVERES DOS CORRETORES DE IMÓVEIS:


O Decreto nº 81.871/78 dispõe em seu artigo 1º, que o exercício da profissão
de Corretor de Imóveis, em todo o território nacional, somente será permitido:
I – ao possuidor do título de Técnico em Transações Imobiliárias,
inscrito no Conselho Regional de Corretores de Imóveis da jurisdição.
Também ao possuidor de diploma em Gestão Imobiliária, a nível de 3º
grau, será permitido o exercício da profissão de Corretor de Imóveis desde que
devidamente inscrito no CRECI de sua jurisdição.
Tais atribuições poderão ser exercidas por Pessoas Jurídicas, desde que
regularmente inscritas no CRECI da jurisdição, nos termos da Lei 6.530/78.
Dessa forma, o exercício da profissão de atividades privativas de Corretor
de Imóveis, por pessoas não inscritas nos respectivos Conselhos Regionais,

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constitui exercício ilegal de profissão ou atividade, previsto no capítulo VI,
artigo 47 da Lei das Contravenções Penais, que diz:
“Exercer profissão ou atividade econômica ou anunciar que a
exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado
o seu exercício: Pena – prisão simples de 15 (quinze) dias a 3
(três) meses, ou multa.”
Por sua vez o artigo 4º do Decreto 81.871/78 preconiza que:
“O número da inscrição do Corretor de Imóveis ou da Pessoa
Jurídica constará obrigatoriamente de toda propaganda, bem
como de qualquer impresso relativo à atividade profissional.”
Da mesma forma, aduz o referido diploma:
Artigo 34 – “O pagamento da anuidade ao Conselho Regional
constitui condição para o exercício da profissão de Corretor de
Imóveis e da pessoa jurídica.”
Artigo 38, XI - “Constitui infração disciplinar da parte do Corretor
de Imóveis: deixar de pagar contribuição ao Conselho Regional.”
A Resolução COFECI nº 1.383/2016, em seu artigo 1º define que: “a suspensão
de inscrição por falta de pagamento da anuidade ao Conselho Regional
constitui medida de caráter meramente administrativo e, quando imposta,
como tal deve ser processada, sem qualquer limitação temporal, no âmbito do
próprio Conselho Regional, sem remessa ao Conselho Federal, exceto em caso
de recurso voluntário, até que se produza o devido e negligenciado pagamento.
Parágrafo Único: Nada impede que, decorrido prazo estabelecido a
critério do Conselho Regional, sem que haja o pagamento das anuidades
devidas, seja instaurado e processado o competente Processo Administrativo
Disciplinar, cuja pena aplicável é a multa nos termos da lei.
De acordo com o Decreto nº 81.871/78 em seu artigo 38 – Constitui infração
disciplinar da parte do Corretor de Imóveis:
I – transgredir normas de ética profissional;
II – prejudicar, por dolo ou culpa, os interesses que lhe forem confiados;
III – exercer a profissão quando impedido de fazê-lo ou facilitar, por
qualquer meio, o seu exercício aos não inscritos ou impedidos;
IV – anunciar publicamente proposta de transação a que não esteja
autorizado através de documento escrito;
V – fazer anúncio ou impresso relativo a atividade profissional sem
mencionar o número de inscrição;

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VI – anunciar imóvel loteado ou em condomínio sem mencionar o
número do registro do loteamento ou da incorporação no Registro de
Imóveis;
VII – violar o sigilo profissional;
VIII – negar aos interessados prestações de contas ou recibo de
quantia ou documento que lhe tenham sido entregues a qualquer
título;
IX – violar obrigação legal concernente ao exercício da profissão;
X – praticar, no exercício da atividade profissional, ato que a Lei defina
como crime ou contravenção;
XI – deixar de pagar contribuição ao Conselho Regional;
XII – promover ou facilitar a terceiros transações ilícitas ou que por
qualquer forma prejudiquem interesses de terceiros;
XIII – recusar a apresentação de Carteira de Identidade Profissional,
quando couber.

V - DOS DIREITOS DOS CORRETORES DE IMÓVEIS:

V.a) - Dos Honorários Profissionais:

Os honorários são devidos ao Corretor de Imóveis, mesmo no caso de


dispensa do Corretor ou após o prazo determinado no contrato de corretagem,
se, em ambos os casos, o negócio tiver sido efetuado em razão da mediação
do Corretor.
Também são devidos os honorários se o negócio não for efetuado por
arrependimento de uma das partes, após a assinatura do Contrato Particular
ou da Promessa de Venda e Compra. O corretor de imóveis sempre deverá fazer
constar no Contrato particular a responsabilidade do Vendedor e/ou Comprador
(a parte que se arrepender), de se obrigar a efetuar o pagamento dos honorários
ao profissional intermediador se ocorrer a hipótese de arrependimento pura e
simplesmente.
Sendo o negócio concluído em razão do trabalho de mais um corretor, os
honorários devem ser repartidos igualmente, entre o Corretor que estiver com
o imóvel e o Corretor que apresentar o cliente, salvo disposições em contrário.
Se a remuneração não for fixada em lei ou no Contrato, deve ser fixada
segundo a natureza do negócio e os usos locais. Havendo a cláusula de
exclusividade, os honorários são devidos, mesmo se o negócio for realizado
sem a mediação do Corretor, exceto se houver inércia ou ociosidade por parte

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do profissional.
No caso de imóveis que dependem de Financiamento junto aos agentes
financiadores, o Corretor de Imóveis tem que ter a prudência de aguardar
a aprovação da Carta de Crédito e até mesmo a assinatura do Contrato de
Compra e Venda com força de Escritura Pública junto ao agente financiador,
para receber seus honorários.

VI – DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO CORRETOR DE IMÓVEIS:

VI.a) SOB A ÓTICA DO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO, LEI 10.406 DE 10.01.2002.

A Corretagem, incialmente inserida do Código Comercial de 1850 nos


seus artigos 36 a 57, à partir da edição da Lei 10.406/2002, passou a ser
regulada no novo Código Civil nos artigos. 722 a 729, em razão da unificação
legislativa das normas civis e comerciais.
O atual Código Civil trás uma abordagem nova sobre a corretagem de
forma geral, onde abrange as diversas espécies como comercialização de
imóveis, seguro, mercado de títulos e valores mobiliários, commodities.
O Corretor passa a ser definido legalmente como o profissional que se obriga
a obter negócios, conforme instruções recebidas, sem vínculo de mandato,
prestação de serviços ou qualquer outra relação de dependência, ou seja, é
um intermediador de negócios, pois não existe relação de dependência entre
o profissional e o contratante, visto que existe autonomia do agente.
A condição do enquadramento do Corretor de Imóveis como profissional
liberal, “decorre da transposição do enquadramento sindical determinado pelo
Ministério do Trabalho, da condição de trabalhadores autônomos do comércio
para “profissionais liberais”, estabelecida pela Portaria nº 3,245, de 08.07.1986,
assinada pelo então Ministro Almir Pazzianotto Pinto.”
Dessa forma, o Corretor de Imóveis se insere na categoria de profissional
liberal, a exemplo dos médicos, advogados, engenheiros e outras profissões
correlatas.
Embora não exista o vínculo trabalhista entre o contratante e o Corretor
de Imóveis, existem deveres que este se obriga a cumprir dentre os quais a lei
enumera expressamente os de diligência, prudência e de informação.
1. A diligência e a prudência, exigidas do corretor, é no sentido de
estar atento a detalhes do negócio, que o homem comum talvez não tenha
condições de perceber;

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2. A informação é outro importante dever, que está expresso na
Lei de Proteção ao Consumidor, onde o Corretor tem a obrigação de,
espontaneamente, fornecer toda e qualquer informação que possa influir
na realização do negócio, bem como sobre a segurança e riscos do mesmo,
sob pena de responder por perdas e danos;

O Corretor de Imóveis deve ter sempre em mente que, um cliente satisfeito


é a melhor propaganda para o seu negócio, ou seja, um cliente bem atendido
vai indicar o nome do profissional para outras pessoas de sua família, para seus
amigos e para seus vizinhos e assim por diante, o que com certeza lhe renderá
excelentes frutos, ao passo que, um cliente insatisfeito, que foi mal atendido e que
se sinta lesado pelo Corretor vai dar informações negativas desse profissional.

VI.a.a) - TEXTO DA LEI 10.406/2002 – CÓDIGO CIVIL DE 2002:


São estas as principais regras do Código Civil Brasileiro sobre a matéria
de corretagem, garantindo não só os direitos do contratante (pela fixação dos
deveres e responsabilidade do Corretor), como também do profissional, pela
previsão de normas sobre remuneração.
Art.722: “Pelo contrato de corretagem, uma pessoa, não ligada a outra
em virtude de mandato, de prestação de serviços ou por qualquer
relação de dependência, obriga-se a obter para a segunda um ou
mais negócios, conforme as instruções recebidas.”
Art.723: “O corretor é obrigado a executar a mediação com a
diligência e prudência que o negócio requer, prestando ao cliente,
espontaneamente, todas as informações sobre o andamento dos
negócios; deve ainda, sob pena de responder por perdas e danos,
prestar ao cliente todos os esclarecimentos que estiverem ao seu
alcance acerca da segurança ou risco do negócio, das alterações de
valores e do mais que possa influir nos resultados da incumbência.”
Art.724: “A remuneração do corretor, se não estiver fixada em lei,
nem ajustada entre as partes, será arbitrada segundo a natureza do
negócio e os usos locais.”
Art.725: “ A remuneração é devida ao Corretor uma vez que tenha
conseguido o resultado previsto no contrato de mediação, ou ainda
que este não se efetive em virtude de arrependimento das partes.”
Art.726: “Iniciado e concluído o negócio diretamente entre as partes,
nenhuma remuneração será devida ao corretor; mas se, por escrito,
for ajustada a corretagem com exclusividade, terá o corretor direito
à remuneração integral, ainda que realizado o negócio sem a sua
mediação, salvo, se comprovada sua inércia ou ociosidade.”

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Art.727: “Se, por não haver prazo determinado, o dono do negócio
dispensar o Corretor, e o negócio se realizar posteriormente, como
fruto da sua mediação, a corretagem lhe será devida; igual solução
se adotará se o negócio se realizar após a decorrência do prazo
contratual, mas por efeito dos trabalhos do Corretor.”
Art.728: “Se o negócio se concluir com a intermediação de mais de um
corretor, a remuneração será paga a todos em partes iguais, salvo
ajuste em contrário.”
Art.729: “Os preceitos sobre corretagem constante deste Código não
excluem a aplicação de outras normas da legislação especial.”

VI.a.b) - CONSIDERAÇÕES SOBRE A LEI 10.406/2002 – CC 2002:


Conforme está previsto no artigo 725 do Código Civil, o Corretor de Imóveis
possui OBRIGAÇÃO DE RESULTADO, ou seja, no decorrer de uma transação
imobiliária é possível que ocorram algumas variáveis que impeçam o resultado
positivo previamente estabelecido no contrato, como por exemplo, a desistência
do negócio já em tratativas finais de intermediação para o qual o Corretor foi
contratado, por motivos alheios à sua vontade. Neste caso, o Corretor fará jus
aos honorários se o contrato intermediado não for celebrado em virtude do
arrependimento de uma das partes por ele aproximadas.
Esse é o entendimento jurisprudencial e está calcado na equidade, haja
vista que não seria justo que o Corretor, após cumprir todas as diligências
necessárias, deixasse de receber os honorários contratados por força da
desistência de uma das partes.
Dessa forma, deve o Corretor de Imóveis cumprir com todas as diligências
necessárias para o bom desenvolvimento e resultado positivo do negócio para
o qual foi contratado, caso contrário, havendo negligência ou inércia por parte
deste, não fará jus aos honorários profissionais.
VI.a.c) - SOB A ÓTICA DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – LEI Nº 8.078
DE 11.09.1990:

O Código de Defesa do Consumidor tem previsão expressa acerca


da responsabilidade do profissional liberal, no parágrafo 4º do artigo 14º,
com a seguinte redação: “A responsabilidade pessoal dos profissionais
liberais será apurada mediante a verificação de culpa.”

Ou seja, a responsabilidade é subjetiva, portanto, depende da prova


da culpa do profissional, precisa ser evidenciada a relação da conduta do
Corretor e o nexo de causalidade com o dano apurado, para que este seja
responsabilizado.

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Nesse caso, o Corretor de Imóveis será responsável por eventuais
danos que venha a causar por ação ou omissão, nos termos do parágrafo
único do artigo 723 do Código Civil:

(...) Parágrafo Único: “Sob pena de responder por perdas e danos, o


Corretor de Imóveis prestará ao cliente todos os esclarecimentos
acerca da segurança ou do risco do negócio, das alterações de
valores e de outros fatores que possam influir nos resultados da
incumbência.”

É dever do Corretor esclarecer e alertar sobre todos os riscos do


negócio, a fim de que o cliente não seja surpreendido, nem tampouco o
acuse dos resultados negativos supervenientes que sejam danosos aos
interesses do mesmo.

Se o Corretor de Imóveis, por ação ou omissão causar prejuízo ao seu


cliente, responderá por perdas e danos.

VII – DO DIREITO DO COMPRADOR AO DESCONTO DE 50% NOS


EMOLUMENTOS NOS CARTÓRIOS DE REGISTRO DE IMÓVEIS, NA PRIMEIRA
AQUISIÇÃO DE IMÓVEL RESIDENCIAL FINANCIADO PELO SISTEMA FINANCEIRO
DE HABITAÇÃO-SFH, NOS MOLDES DO ART. 290 DA LEI 6015/73:
Embora não tenha uma ampla divulgação desses direitos por parte
dos Cartórios de Registro de Imóveis, o Comprador tem direito ao desconto
de 50% (cinquenta por cento) em todos os emolumentos, se for o primeiro
imóvel residencial adquirido através de financiamento pelo SFH, não
importando se tem ou teve outro imóvel urbano ou rural.
A condição para obtenção do desconto é que seja o primeiro
financiamento residencial no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação-
SFH. O consumidor pode ser (ou já ter sido) proprietário de outro imóvel urbano
ou rural, não importando para fins de deferimento do desconto, desde que seja
o primeiro financiamento habitacional pelo SFH.
Nesse diapasão existe entendimento jurisprudencial quanto à regra
contida no art. 290 da Lei 6015/73:
“REGISTRO DE IMÓVEIS – CUSTAS E EMOLUMENTOS – Primeira
aquisição de imóvel com financiamento do SFH – irrelevância
de o recorrente possuir outros imóveis - Redução de 50% quanto
aos emolumentos devidos – Exegese do art. 290 da Lei 6015/73 –
Precedentes da CGJ – Recurso Provido” (CGJSP – Processo nº
8492/2015, São Bernardo do Campo/SP, j.24/03/2015, DJ: 15/04/2015.
Relator Gustavo Henrique Bretas Marzagão).”

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O desconto de 50% incide sobre a totalidade dos emolumentos devidos,
sendo obrigação do Cartório de Registro de Imóveis informar ao consumidor
os requisitos da concessão previsto na Lei. O consumidor faz jus ao desconto
mesmo que a primeira aquisição financiada pelo SFH seja contratada com
garantia em alienação fiduciária.
É devida a devolução em décuplo do valor cobrado em excesso do
consumidor, quando houver dolo, má fé ou erro grosseiro no indeferimento
do desconto do art. 290 da Lei 6015/73, por parte do titular do Cartório de
Registro de Imóveis. Quando houver o indeferimento, ainda que parcial do
desconto, desrespeitando as interpretações judiciais, deve o consumidor
protocolar reclamação no Fórum da Comarca (Vara do Juiz Corregedor do
Cartório de Registro de Imóveis), buscando a devolução do valor cobrado
em excesso, na forma do art. 42, parágrafo único do Código de Defesa do
Consumidor, que se aplica à atividade registral, conforme jurisprudência
do STJ (STJ - Res 1.163.652. Rel. Ministro Herman Benjamin, 2ª T, DJ 01/07/10).
Da mesma forma, o Consumidor que assinar declaração falsa de
primeira aquisição de imóvel pelo SFH para auferir ao desconto, será
enquadrado civil e criminalmente.

VIII - AS ARRAS (OU SINAL E PRINCÍPIO DE PAGAMENTO) SÃO REGULADAS


PELOS ARTIGOS 417 A 420 DO CÓDIGO CIVIL:
Quando duas pessoas celebram um contrato, podem acordar o pagamento
de arras (ou sinal), o que é comum, sobretudo nos contratos de compra e venda
de imóveis.
Se o contrato é regularmente cumprido e concluído pelas partes, as arras
podem ser devolvidas, ou abatidas do valor a pagar no contrato, conforme o
que tenha sido estipulado pelos interessados.
Se há descumprimento do contrato, desistindo uma das partes de sua
concretização, dependerá de quem desistiu ou deu causa ao desfazimento do
negócio:
Se quem dá arras (Comprador) desiste ou dá causa ao desfazimento,
perde-as em favor da parte contrária (Vendedor).
Se quem recebe arras (Vendedor) desiste ou dá causa ao desfazimento,
terá que devolvê-las em dobro a quem as pagou (Comprador).
Se no contrato se fixou direito de arrependimento, não há direito a
indenização suplementar. Se não houver direito de arrependimento previsto,
além do acima, poderá a parte prejudicada, provando prejuízo maior do que o
valor das arras, obter judicialmente o direito à indenização dos prejuízos, deles
se abatendo as arras retidas ou recebidas em dobro conforme o caso.

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Art. 417. Se, por ocasião da conclusão do contrato, uma parte der à outra,
a título de arras, dinheiro ou outro bem móvel, deverão as arras, em
caso de execução, ser restituídas ou computadas na prestação devida,
se do mesmo gênero da principal.
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá
a outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem
recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e
exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e honorários
de advogado.
Art. 419. A parte inocente pode pedir indenização suplementar, se provar
maior prejuízo, valendo as arras como taxa mínima. Pode, também, a
parte inocente exigir a execução do contrato, com as perdas e danos,
valendo as arras como o mínimo da indenização.
Art. 420. Se no contrato for estipulado o direito de arrependimento
para qualquer das partes, as arras ou sinal terão função unicamente
indenizatória. Neste caso, quem as deu perdê-las-á em benefício da
outra parte; e quem as recebeu devolvê-las-á, mais o equivalente. Em
ambos os casos não haverá direito a indenização suplementar.

IX - DA LEI DO INQUILINATO (Lei nº 8.245/1991):

A Lei nº 8.245/1991 é a bíblia das relações locatícias dos imóveis e os


procedimentos a elas pertinentes.

É importante que todo Corretor de Imóveis conheça e atualize-se


sobre a Lei do Inquilinato haja vista que esta regula as regras para o aluguel
de imóveis e é onde contêm todos os ditames e minúcias importantes para
o Locador, Locatário, bem como para os Profissionais da área imobiliária.

IX.a) - PRINCIPAIS ITENS CONTEMPLADOS PELA LEI DO INQUILINATO:

- Das locações
- Das sublocações
- Dos aluguéis
- Dos deveres do locador e do locatário
- Do direito de preferência
- Das benfeitorias
- Das garantias locatícias

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- Das penalidades criminais e civis
- Das nulidades
- Da locação residencial
- Das locações para temporada
- Das locações não residenciais
- Dos Procedimentos
- Das Disposições Gerais
- Das Ações de Despejo
- Das Ações de Consignação de Aluguel e Acessórios da Locação
- Da Ação Revisional de Aluguel

IX.b) - DO LAUDO DE VISTORIA E SUA IMPORTÂNCIA NA LOCAÇÃO:

O documento mais importante para uma locação residencial ou comercial


é o seu contrato. Porém, um dos mais importantes, senão o mais importante
depois do contrato de locação é, sem dúvida alguma, o Laudo de Vistoria do
imóvel, que vai registrar as características do imóvel, bem como a sua real e
atual condição no momento da locação, se a pintura é nova, qualidade e marca
da tinta, se está limpo, se todas as instalações elétricas, hidráulicas e sanitárias
estão em funcionamento, relação de móveis e utensílios que compõem o imóvel,
defeitos, etc..
Embora muitas pessoas ao alugarem um imóvel não deem a devida
importância à necessidade do Laudo de Vistoria, é uma regra muito importante,
e consta na lei, determinando que o imóvel deva ser devolvido nas mesmas
condições em que foi entregue ao locatário.
A inobservância dessa necessidade tem provocado muitos aborrecimentos,
tanto aos locatários quanto aos locadores, no momento da entrega das chaves,
ao ser exigida a devolução do imóvel em acordo com o contrato de locação e o
laudo de vistoria, e até que o imóvel esteja apto e em condições de uma nova
locação, o contrato permanece em vigor, com aluguel e encargos por conta do
locatário(a).
Para se evitar transtornos desse tipo, que acabam onerando o locatário(a)
no momento da devolução do imóvel, para a realização de reparos que
lhe passaram despercebidos, e vai retardar o recebimento do imóvel pelo
locador(a), uma dica importante é, de posse do laudo de vistoria, avaliar o
imóvel locado, confrontando o imóvel com as informações contidas no laudo

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de vistoria, anotando o que não estiver em acordo com o apresentado no laudo
e levar ao locador, ou à administradora do imóvel, para que tais informações
passem a fazer parte integrante – como um laudo crítico – do laudo de vistoria
original, evitando assim, um consideravel e sempre oneroso atraso no momento
da devolução do imóvel. Aconselha-se também a fazer fotos do imóvel no
momento da entrega das chaves, para compará-las quando da devolução do
mesmo.

X - DO CONTRATO PARTICULAR DE COMPRA E VENDA DE IMÓVEIS:

O Contrato Particular de Compra e Venda de Imóvel, nada mais é que um


contrato preliminar (ou compromisso de contrato), com previsão nos artigos
462 a 466 do Código Civil Brasileiro.
Apesar de ser um contrato que pode ser dispensável, ou seja, não
obrigatório, é comum de ser encontrado em operações de compra e venda de
imóveis com o objetivo de propiciar maior segurança às partes no tocante ao
preço ajustado e à forma de pagamento.
Dispõe o art. 462 do CC que o contrato preliminar, exceto quanto à
forma, deve conter alguns dos requisitos essenciais ao contrato definitivo a ser
celebrado entre as partes. Dessa forma, deverão ser observados os requisitos
taxativos de validade dos negócios jurídicos dispostos no art. 104, incisos
I e II do CC, que são: agente capaz, objeto lícito, possível, determinado ou
determinável.
X.a) - O CONTRATO PARTICULAR DE COMPRA E VENDA DEVE SER REGISTRADO
NO CARTÓRIO DE REGISTRO DE IMÓVEIS COMPETENTE?
A dúvida recorrente são os efeitos do compromisso de compra e venda
em relação a seu registro ou não na matrícula do imóvel.
No caso de não registro em matrícula, existirá apenas uma obrigação de
o Promitente Vendedor outorgar a Escritura Definitiva depois de quitados os
valores ajustados.
Tal obrigação tem caráter pessoal Inter partes, ou seja, nada impede que o
Vendedor Outorgue uma Escritura Pública de Compra e Venda para um terceiro
e que este a registre no Cartório de Registro de Imóveis, sendo averbada na
matrícula.
Na hipótese da ocorrência deste fato, ao Promitente Comprador somente
restaria pleitear perdas e danos ou cláusula penal, juros, correção monetária e
honorários advocatícios em face do Promitente Vendedor e mais nada.
Portanto, quem adquiriu imóvel por compromisso de compra e venda ou
Escritura não registrada, não poderá reivindicar o imóvel de terceiro, haja vista
que este direito depende do registro destes contratos na matrícula.

15
Na hipótese do Promitente Vendedor se recusar a celebrar o contrato
definitivo e desde que não exista cláusula de arrependimento no Contrato, ao
Promitente Comprador restarão as seguintes opções:
a) Pode o comprador exigir, através de uma obrigação de fazer, que o
Vendedor celebre o contrato definitivo, com fulcro no artigo 463 do CCB;
b) Poderá o juiz suprir a vontade da parte inadimplente, conferindo caráter
definitivo ao contrato preliminar, conforme disposto no art. 464 do CCB, se
esgotado o prazo estipulado na ação de obrigação de fazer;
c) Caso o estipulante não der execução ao contrato preliminar, poderá
o Promitente Comprador considerá-lo desfeito, pedindo perdas e danos,
conforme prevê o artigo 465 do CCB;
d) Por Adjudicação Compulsória Extrajudicial, que é a inovação trazida pela
Lei nº 14.382/2022 que permite ao Comprador de imóvel registrá-lo em seu nome,
nas hipóteses em que o Vendedor descumprir o Contrato, falecer, for declarado
ausente ou civilmente incapaz ou estiver em localização incerta ou não sabida,
ou, tratando-se de pessoa jurídica, for extinta. Para tanto o adquirente deverá ser
assistido por advogado ou defensor público constituído, mediante procuração
com poderes específicos.
No mês de setembro de 2023 CNJ (Conselho Nacional de Justiça)
publicou o Provimento nº 150/2023, que traça as diretrizes para a
regulamentação da Adjudicação Compulsória Extrajudicial. Com esta
medida, os Cartórios de todo Brasil passam a contar com procedimento
comum para registro de imóveis nos casos em que o Comprador se vê
impedido de fazê-lo pelo descumprimento de obrigações contratuais
por parte do Vendedor do imóvel, sem precisar recorrer ao Poder
Judiciário.
Pelos fatos acima expostos, é que verificamos que quem não registra não
é dono e pode ter surpresas desagradáveis em função dessa inobservância da
lei.
Quando se averba na matrícula do imóvel o Compromisso de Compra
e Venda, existirá um direito real de aquisição do bem imóvel em favor do
Promitente Comprador

também chamado de direito real intermediário, conforme disposto no art.1225


inciso VII do Código Civil Brasileiro.

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XI - DAS TIPIFICAÇÕES PENAIS

Dentre as denúncias mais recebidas pelos CRECIs contra os


profissionais da área imobiliária, podemos elencar:

XI.a) - APROPRIAÇÃO INDÉBITA:

Prevista no Título II Dos Crimes Contra o Patrimônio, no artigo 168 do


Código Penal Brasileiro, consiste no apoderamento de coisa alheia móvel,
sem o consentimento do proprietário.

O criminoso recebe o bem por empréstimo ou em confiança, e passa


a agir como se fosse o dono.

Aplicado na seara imobiliária, enquadra-se nessa tipificação o


Corretor de Imóveis que recebe determinada quantia, que lhe é confiada
para dar uma destinação específica, todavia, após receber o valor, passa
a comportar-se como se dono fosse da quantia que lhe foi confiada, sem
destiná-la ao que foi contratado.

É importante frisar que na apropriação indébita, a princípio, o agente


não tem o animus de apropriar-se antes de receber a quantia ou o objeto;
a intenção de apoderar-se ocorre depois que ele recebeu o valor ou objeto
por livre e espontânea vontade do verdadeiro dono e passa a usufruí-lo
como se a si pertencesse.

A pena prevista para este crime é de reclusão de 01 (um) a 04


(quatro) anos, e multa.

XI.b) - ESTELIONATO:

Ainda no capítulo dos Crimes Contra o Patrimônio, respectivamente


no artigo 171 do Código Penal Brasileiro, o estelionato consiste na obtenção
de vantagens ilícitas através da utilização de uma fraude que induza ou
mantenha alguém em erro causando-lhe prejuízo.

Para que se verifique o estelionato, devem ser cumpridas quatro


premissas:

1) o praticante deve obter uma vantagem;


2) deve prejudicar outra pessoa;
3) a utilização de um esquema fraudulento;
4) que induza alguém a erro.

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Diferente da apropriação indébita, no estelionato, o agente já tem
o animus de apropriar-se de quantia ou do objeto, por isso, emprega meio
fraudulento para induzir a vítima a erro, a fim de obter vantagem causando
prejuízo a outrem.

Na corretagem verificamos alguns exemplos como: executar a


venda do mesmo imóvel para mais de uma pessoa; ofertar a compra e
venda de imóvel com restrição, recebendo o valor do sinal mesmo ciente
da impossibilidade do negócio; vender, permutar, dar em pagamento, em
locação ou em garantia coisa alheia como própria; silenciar sobre vícios
do produto induzindo o comprador ao erro; emitir cheques sem fundos,
etc.

A pena prevista para este crime é de reclusão de 01 (um) a 05 (cinco)


anos, e multa.

XI.c) – FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO E PARTICULAR:

Este crime está tipificado no artigo 297 do Código Penal Brasileiro e


elencado no rol dos crimes contra a fé pública.

O tipo penal de falsificação de documento público, não exige, para


a sua consumação, a efetiva produção de dano, logo, a simples ação do
núcleo do tipo já caracteriza o crime.

A falsificação do documento poderá ser em parte ou no todo. Em


parte, seria quando o documento é efetivamente verdadeiro, contudo, o
agente altera uma informação nele contida, exemplo disso seria inserir
uma foto em documento de identidade de terceiro, mudar data de validade
de uma carteira de identidade, etc.

Já nos casos de falsificações no todo, podemos vislumbrar quando


uma pessoa produz documento não oficial, contendo as características
principais do documento verdadeiro.

Temos ainda, a tipificação da falsificação de documento particular,


que está elencada no artigo 298 do Código Penal Brasileiro, e também
poderá ocorrer a falsificação em parte ou no todo.

XII - DAS ARMADILHAS DAS REDES SOCIAIS:

Hoje com o avanço da tecnologia as redes sociais, além de diversão,


socialização e entretenimento, estão se tornando aliadas de pessoas mal

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intencionadas, que usam a internet para roubar informações pessoais e
financeiras dos usuários, denegrir imagens, difamar, ofender e caluniar, achando
que ficarão impunes.

Dentre os principais ardis encontrados nas redes sociais, podemos


destacar e tipificar os seguintes crimes e suas sanções:

XII.a) - DIFAMAÇÃO:

Está prevista no artigo 139 do Código Penal Brasileiro, no livro


dos crimes contra honra, e visa penalizar a pratica de ato ofensivo
à reputação de alguém.

O fato pode ser verdadeiro ou falso, não importa, o crime atinge a


honra objetiva, ou seja, a reputação.

A pena prevista para este crime é de detenção, de 03 (três) meses a


01 (um) ano, e multa.

XII.b) - INJÚRIA:

Também no capítulo dos crimes contra a honra, está prevista no


artigo 140 do Código Penal Brasileiro - ocorre quando atribui a alguém
qualidade negativa, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro; em suma é
o xingamento dito diretamente à pessoa, não importando se o teor é falso
ou verdadeiro, A injúria pode ser cometida de forma verbal, escrita ou, até
mesmo física.

A pena prevista para este crime é de detenção, de 01 (um) a 06 (seis)


meses, ou multa.

XII.c) - CALÚNIA:

Positivada no artigo 138 do Código Penal Brasileiro, para que se


caracterize a calúnia, deve haver uma falsa imputação de fato definida
como crime.

Objeto Jurídico – Na tutela da honra objetiva da pessoa (que é o conceito dela


perante terceiros) a norma penal coíbe a conduta de imputar (divulgar, tornar público,
indicar, atribuir etc...) falsamente a alguém a prática de algum crime.

O delito de calúnia se caracteriza pela imputação falsa à autoria de um crime,


quando se afirma que alguém praticou uma conduta individualizada, igualmente
adequável à norma penal como delito.

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Logo, o autor do delito de calúnia pratica tal crime quando narra uma conduta
certa, determinada e também prevista como criminosa, imputando ao caluniado sua
autoria, mesmo ciente da falsidade da acusação.

A pena prevista para este crime é de detenção, de (seis) meses a 02 (dois)


anos, e multa.
Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala
ou divulga (§ 1º do art. 138).
XIII – CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL (Resolução COFECI nº 326/92).

O Código de Ética Profissional tem por objetivo fixar a forma pela qual
deve se conduzir o Corretor de Imóveis, quando do exercício profissional
(art. 1º Res. COFECI nº 326/92).

O Corretor de Imóveis em sua atividade profissional presta serviços de


grande relevância econômica e social, e cuida de assuntos que, muitas vezes,
envolvem sonhos como o da aquisição da casa própria e o da constituição de
renda para a aposentadoria.
A atividade desse profissional, apesar de repleta de grandes e boas
oportunidades, é permeada de riscos, mas que são passíveis de serem diminuídos
se forem observadas certas regras e tomadas determinadas precauções.
A responsabilidade do Corretor de Imóveis como a de outros profissionais,
deve ser analisada com base em suas obrigações contratuais, legais e éticas.
O artigo 5º do Código de Ética prevê que o Corretor de Imóveis responde
civilmente pelos atos que se revelem danosos aos clientes em virtude de
infrações éticas. O Código Civil estabelece que a responsabilidade é derivada
da culpa decorrente de imprudência, negligência ou imperícia.
XIII.a) DENTRO DO CÓDIGO DE ÉTICA, TRÊS OBRIGAÇÕES CHAMAM A ATENÇÃO:
I) inteirar-se de todas as circunstâncias do negócio, antes de
oferecê-lo;

II) ao oferecer um negócio, apresentar dados rigorosamente certos,


nunca omitindo detalhes que o depreciem, informando o cliente dos riscos
e demais circunstâncias que possam comprometer o negócio;

III) recusar a transação que saiba ilegal, injusta ou imoral.

“Tais obrigações éticas estão em total sintonia com as normas previstas


no Código Civil: o corretor é obrigado a executar a mediação com diligência e
prudência...” e ... prestará ao cliente todos os esclarecimentos da segurança
ou do risco do negócio....

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Nota-se que a função do Corretor de Imóveis não se resume apenas em
aproximar comprador e vendedor, mas vai muito além, pois um dos grandes
deveres de sua atividade é o de prestar informações rigorosamente corretas,
pautadas pela diligência e pela prudência, a fim de evitar negócios imobiliários
que possam ser futuramente anulados por questões que sabia, ou deveria
saber, serem ilegais, injustas ou imorais.
Por outro lado, fica evidenciado que o profissional não responde pelo
cumprimento das obrigações assumidas pelas partes (comprador e vendedor,
locador e inquilino), tais como o pagamento das parcelas, o pagamento dos
aluguéis, a entrega do imóvel ou a solidez estrutural, mas isso não significa que
possa, por exemplo, ocultar detalhes que depreciam o imóvel negociado, aliás,
isso é expressamente vedado.
Em alguns casos o Código de Defesa do Consumidor (CDC) também pode
ser aplicado, mas precisa ser avaliada a forma de atuação do Corretor, bem
como quem está adquirindo o imóvel e a destinação que será dada ao mesmo.
Apesar do Código de Defesa do Consumidor também exigir a comprovação
da culpa do profissional, há a vantagem da inversão do ônus da prova, que
transfere ao Corretor a obrigação de provar que não agiu contrário ao Código
de Ética ou à lei, bem como haverá presunções em favor do consumidor, por ser
considerado a parte mais frágil da relação.
Um cuidado especial que os Corretores devem ter é com a propaganda
para venda ou locação do imóvel. O CDC considera enganosa a publicidade
inteira ou parcialmente falsa, capaz de induzir a erro o consumidor sobre a
natureza, características, qualidade e quantidade do imóvel ofertado, dizendo
ainda que toda informação integra o contrato que vier a ser celebrado, ou seja,
o consumidor poderá exigir aquilo que foi anunciado.
Para se resguardar, antes de fazer qualquer anúncio, deve o Corretor
adquirir o hábito de ter uma declaração assinada pelo proprietário do imóvel
dizendo que todas aquelas informações são verdadeiras. Claro que isso
não afasta sua responsabilidade perante o consumidor, mas, em eventual
condenação a indenizar, o Corretor poderá cobrar o prejuízo do proprietário que
prestou aquelas informações.

XIV - O QUE É REPRESENTAÇÃO/DENÚNCIA FEITA PELA SOCIEDADE EM


DESFAVOR DO CORRETOR DE IMÓVEIS E AS IMPLICAÇÕES ADVINDAS.
A Resolução COFECI nº 146/82 aprovou o Código de Processo
Disciplinar, que regula a forma pela qual o CRECI vai apurar as denúncias
recebidas contra os profissionais Corretores de Imóveis, quer feitas através
de Representação por pessoas da Sociedade, quer pelo cometimento de
infrações autuadas pela fiscalização do Regional.

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XV - O PROCESSO DISCIPLINAR É ORIUNDO DE:

I – Auto de Infração;
II – Termo de Representação.

Recebida a denúncia é instaurado um processo administrativo, quando


é marcada uma audiência preliminar de Conciliação, onde as partes poderão
transigir, ou seja, chegar a um acordo por meio de concessões de parte a parte,
para por fim ao conflito.

Em não havendo acordo, o denunciado, após ter sido comunicado, tem


15 dias de prazo para apresentar defesa escrita. Após este prazo o processo é
enviado à Comissão de Ética e Fiscalização Profissional que poderá ouvir as
testemunhas, requerer diligências, enfim investigar tudo acerca da denúncia e
apresentar um parecer.

Depois dessa fase o processo é encaminhado a julgamento em sessão


Plenária, quando o relator apresentará a história da denúncia e logo após as
partes poderão narrar suas respectivas versões e responder às perguntas dos
integrantes da Assembléia, composta por 27 Conselheiros Efetivos Estaduais,
que funciona como Tribunal de Ética, tendo direito o denunciado de exercer a
ampla defesa e o contraditório.

Após, será feita a votação sobre o parecer do relator, podendo o processo


ser arquivado ou aplicada penalidade ao denunciado. Os Conselheiros Efetivos
que compõem a Plenária têm direito ao voto alternativo, caso não concordem
com o Voto do Conselheiro Relator, sendo tais votos colocados para deliberação
da Plenária, cuja decisão é soberana.

Decidido o processo administrativo, qualquer uma das partes pode


recorrer ao Conselho Federal de Corretores de Imóveis, mas se a penalidade
aplicada for de cancelamento do registro de Corretor de Imóveis e/ou Pessoa
Jurídica, e se não houver Recurso Voluntário da parte, o CRECI terá que recorrer,
obrigatoriamente, ao COFECI ex oficio, para que esse órgão homologue ou não a
penalidade.

XVI - LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS - LGPB Nº 13.709 DE 14.08.2018:

QUAL O OBJETIVO, OS FUNDAMENTOS E A ABRANGÊNCIA DA LGPD – LEI GERAL


DE PROTEÇÃO DE DADOS, Nº 13.709 DE 14.08.2018?
A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais conhecida pela sigla LGPD, foi
criada para proteger os direitos fundamentais de liberdade e de privacidade
e a livre formação da personalidade de cada indivíduo. A lei dispõe sobre o

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tratamento de dados feito por pessoa física ou jurídica de direito público ou
privado e engloba um amplo conjunto de operações efetuadas em meios
manuais ou digitais.
Sua aplicação está relacionada à pessoa (brasileira ou não), que esteja
no Brasil, no momento da coleta, cujos dados sejam tratados dentro do território
nacional, independentemente do meio aplicado, do país-sede do operador
ou do país onde se realizam os dados; usados para fornecimento de bens ou
serviços.
FUNDAMENTOS DA LGPG:
1. PRIVACIDADE E INTIMIDADE – o respeito à privacidade, ao assegurar os
direitos fundamentais de inviolabilidade da intimidade, da honra, da imagem e
da vida privada.
2. LIBERDADE E AUTODETERMINAÇÃO – a autodeterminação informativa, ao
expressar o direito do cidadão ao controle, e assim, à proteção de seus dados
pessoais e íntimos.
3. DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO - o desenvolvimento econômico e
tecnológico e a inovação, à partir da criação de um cenário de segurança
jurídica em todo o país.
4. CONCORRÊNCIA E DEFESA DO CONSUMIDOR - a livre iniciativa, a livre
concorrência e a defesa do consumidor, por meio de regras claras e válidas
para todo o setor privado.
5. CIDADANIA E DIGNIDADE - os direitos humanos, o livre desenvolvimento
da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas.
ABRANGÊNCIA DA LGPD:
Sem que nos apercebamos a todos os momentos e locais são utilizados
tratamento de dados pessoais de indivíduos. Por exemplo quando um gestor
público administra folhas de pagamentos, isso é tratamento de dados
pessoais; a ação de um comerciante que envia promoções por e-mail também
é tratamento de dados; o ato de publicar uma foto ou de deletar documentos
em uma rede social; quando se faz gravações em vídeo do movimento nos
corredores de um shopping; quando uma loja virtual armazena os endereços IP
de seus clientes, tudo isso é tratamento de dados.
MODELO DE CLÁUSULAS SUGERIDAS PARA OS PROFISSIONAIS IMOBILIÁRIOS
INSERIREM NOS CONTRATOS PARTICULARES DE VENDA E COMPRA E/OU
CONTRATOS DE LOCAÇÃO:

23
EXEMPLO: CLÁUSULA Nº
Com base na Lei n° 13.709/2018 - Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais
(LGPD) os PROMITENTES COMPRADORES (ou LOCATÁRIOS) declaram sob todos
os termos da legislação que, de forma livre, CONSENTIRAM em informar seus
dados pessoais para a execução do contrato e procedimentos preliminares,
nos termos do art. 7º, inciso V, do referido diploma legal, com a finalidade de
se realizar a prévia análise cadastral para emissão das respectivas certidões
junto aos órgãos públicos fiscais, judiciário, notarial, registral, entre outros que
se façam eventualmente necessários, observada a finalidade ora descrita, e a
confecção do presente instrumento, respeitados, ainda, a boa-fé e os princípios
previstos no art. 6º da LGPD.

§ PRIMEIRO:
Em cumprimento à referida legislação, as partes envolvidas na
negociação, obrigam-se, mutualmente, a respeitar a privacidade uns dos
outros, comprometendo-se a proteger e manter em sigilo, conforme art. 46 da
LGPD, os dados pessoais e sensíveis fornecidos pelos mesmos em função deste
contrato, salvo os casos em que sejam obrigados, por autoridades públicas, a
revelar tais informações a terceiros, de dispensa de consentimento previstos
em lei ou nas hipóteses convencionadas neste instrumento.
§ SEGUNDO:
Os PROMITENTES COMPRADORES (ou LOCATÁRIOS) declaram estar
cientes e concordam que os termos, informações e dados pessoais contidos
neste instrumento serão repassados a empresas e profissionais responsáveis
pelos lançamentos contábeis e fiscais, sobretudo, para instituições financeiras,
Receita Federal, Estadual e Municipal e, posteriormente, serão também
encaminhados para a administradora de condomínio, tabelionato e fólio
imobiliário competente, para fins de transferência da posse (e/ou propriedade)
do imóvel objeto deste contrato, a fim de viabilizar o cumprimento de toda e
qualquer obrigação legal ou regulatória inerente à finalidade deste contrato,
conforme autoriza o art. 7º, inciso II, da LGPD.
Nos termos do art. 7º, inciso VI, da LGPD, os PROMITENTES VENDEDORES
(ou LOCADORES), estão autorizados a realizar o tratamento de dados pessoais
dos PROMITENTES COMPRADORES (ou LOCATÁRIOS) para assegurar o exercício
regular de direitos em processo judicial, administrativos ou arbitrais que
possam decorrer do presente contrato e, com base no art. 7º, inciso IX, da LGPD,
a ostentar legítimo interesse em armazenar, acessar, avaliar, tratar, transferir,
compartilhar e comunicar sob qualquer forma e por tempo indeterminado, até
que se configure necessário, todos e quaisquer contratos, e-mails, mensagens
por aplicativos, cartas e demais documentos relativos ao objeto deste contrato.

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XVII – DO COAF
É obrigatória a Declaração Anual junto ao COAF – Conselho de Controle de
Atividades Financeiras, órgão administrativo brasileiro criado pela Lei 9.613/98
e reestruturado pela Lei 13.974/20, que integra o Sistema Brasileiro de Inteligência
(SISBIN), que faz parte da Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e
à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA). O COAF é vinculado administrativamente
ao Banco Central do Brasil, dotado de autonomia técnica e operacional, com
atuação em todo o território nacional.

XVIII - DA ATUALIZAÇÃO DE DADOS CADASTRAIS JUNTO AO CRECI:


É obrigação de todo Corretor de Imóveis ou Imobiliária a atualização de
seus dados cadastrais junto ao CRECI, inclusive o endereço completo, telefones,
e-mails, cumprindo o que determinam os Artigos 36 e 38 da da Resolução
COFECI nº 327/92, de 25/06/1992.
É obrigatório o Recadastramento anual de todos os Profissionais e
Imobiliárias.
Verifique seus dados acessando sua área restrita. Obs.: O CRECI/PA -
12ª Região não se responsabiliza por correspondências extraviadas ou não
recebidas por falta de atualização cadastral do profissional junto ao Regional.
Caso haja necessidade de maiores esclarecimentos sobre atualização de
dados cadastrais favor ligar (91) 3122-9821 ou encaminhar e-mail para secam@
creci-pa.org.br. Nosso site: creci-pa.gov.br.
Esperamos que as informações contidas nesta Cartilha sejam de grande
eficácia para todos os nossos profissionais do mercado imobiliário, e para os
futuros profissionais.
Att.
Luisa Carneiro
1ª Vice-Presidente CRECI/PA – 12ª Região
Inscrita sob nº 2010/PA em 23.10.1993.

25
Luisa Carneiro
1º Vice-presidente do CRECI-PA,
CONSELHEIRA FEDERAL SUPLENTE,
25 ANOS COMO CONSELHEIRA ESTADUAL EFETIVA,
30 ANOS COMO CORRETORA DE IMÓVEIS,
AVALIADORA IMOBILIÁRIA,
ADVOGADA,
SOCIÓLOGA.
luisa.carneiro@hotmail.com
91 9982-7407

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