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ROTEIRO - SOFTCORE

CENAS
ATO I - MY LITTLE DARK AGE

CASA DA MAITÊ
Maitê está se arrumando para o colégio. Já com o uniforme, ela arruma a mochila sem prestar
muita atenção, enfiando nela tudo que está em sua frente. Ela está distraída, com o
pensamento longe.

COLÉGIO
A cena corta para ela subindo a rampa em direção a sala, com seus fones de ouvido no
máximo. Alguns alunos passam de seu lado e a cumprimentam, mas ela o ignora e sobe até o
seu andar olhando para o chão, com cara de poucos amigos.
Ao chegar na sala, ela senta para iniciar uma prova surpresa, perto de Isabel Andrade.
Posteriormente, depois de acabar a prova, saí da sala e vai para a cantina já com a nota em
mãos, sendo imediatamente abordada por Augustine.

INTERVALO

No momento que o sinal toca, Maitê sai da sala, com cara de choro e uma prova na mão.
Corta para já sentada na mesa perto da piscina, olhando para a prova e se culpando.
Augustine aparece de seu lado, com seus óculos escuros.

AUGUSTINE — Deixa eu adivinhar…ficou muito tempo olhando pro sol? ou cortou


cebola? — (Nisso, ela olha para a prova) — Ah! Mais um zero em física pra coleção! Parabéns
pela incompetência em aprender algo! Não sei por quê ainda você tem esperanças.

MAITÊ — A esperança é a última que morre, né? E eu tenho que acreditar, já que meu
futuro no SSA depende de aprender essa desgraça.

AUGUSTINE — Como se você conseguisse passar no SSA… Maitê, essa é sua quarta nota baixa
nas primeiras provas do ano. Você não é uma Isabel da vida pra conseguir tudo que quer.

Maitê olhará para a garota popular, que está com sua prova e estará radiante com sua nota. A
protagonista olhará com inveja e tristeza, antes de se virar para responder o Espírito.

MAITÊ — Como se você fosse tudo isso né?! Espírito do cão! E sinceramente, Isabel não
conseguiu tudo, ela já nasceu com tudo, tem diferença.
INTERVALO

N
AUGUSTINE — E quem disse que eu sou um espírito?! — (Sorriso maligno) — E se Deus deu
esses privilégios pra ela, é porque a alma dela mereceu. Nunca soube que o Senhor tem seus
preferidos?!

MAITÊ — Aparentemente eu não sou uma das escolhidas para ter esses privilégios. Quer
saber? Eu vou embora pra casa que eu ganho mais.

AUGUSTINE — E o que você ganha com isso?

MAITÊ — Uma bela de uma soneca.

Maitê se afasta bruscamente deixando Tine sozinha na mesa com um sorriso debochado no
rosto

CASA DA MAITÊ

Nessa parte Maitê já chegará em casa e dispondo seus livros sobre a mesa,
verá um calendário de provas, com as provas mais importantes marcadas
naquela área. Em cenas cortadas ela comerá e aparecerá limpa. Mentindo
para si mesma, Maitê inicia o seu hobby preferido, desenho, sob sua
escrivaninha
Ela começa a desenhar, um desenho bonito e até fofo. Em questão de
minutos, seu olhar é desviado para a parede vendo as provas que ocorrerão.
Tentando desviar de pensamento, voltará para o desenho. Logo a cena
mudará para seu desenho completamente caótico. Demonstrando o caos que
ocorreu. Em um impulso ela fecha o caderno, colocará as mãos sobre a mesa
e chorará sobre o desenho. Se culpando por tudo
Em seguida, pegará seus livros e estudará, dizendo que vai parar de ser uma
inútil que só desenha e vai tentar ser um pouco como os outros. Nisso ela
pega o livro de física, começará a resolver as questões e irá errar tudo. Em
outra tentativa frustrada, verá vídeo aula de matemática, não entenderá e
seguirá enlouquecendo em seus estudos.
Horas depois, cansada de tentar e falhar, ela adormeceu na cama. Nessa
hora, Tine aparece
CASA DA MAITÊ

AUGUSTINE — Sabe, Tom Cruise é muito famoso por fazer os filmes de missão
impossível, e ele sempre resolve os problemas no final, mesmo que envolva salvar o mundo. A
sua missão impossível é apenas estudar exatas e você nunca consegue resolver os exercícios.
Sinceramente, você é patética. —

Maitê acorda sobre seus papéis, em lágrimas, assustada com a presença ali

— Veja, estudar é simples, não acha? Todos dizem isso para você, falando que
você apenas é estudante. Você só estuda para provas ruins para um sistema pior ainda. Não
estuda pelo conhecimento. Mais fácil que isso, impossível! E aliás, bom dia. —

MAITÊ — O que você está fazendo aqui?! Sua inconveniente, não chegue me assustando
desse jeito.

AUGUSTINE — Assustando? Susto mesmo foi quando eu vi você nesse estado. Cabelo
bagunçado…
boca seca…olhos inchados. Já entrou no papel de vestibulanda direitinho!

AUGUSTINE — Eu? Vestibulanda? Nem sei o que quero fazer! Tanto cansaço que venho
sentindo e ainda não aprendi nada, é óbvio que eu estaria assim.

AUGUSTINE — Como se você pudesse aprender…você e seus amigos só estudam para passar
de ano e olhe lá! Não estão arcando mais com tantas aulas confusas e cargas horárias
maiores do que o cérebro inútil de vocês. Se eu fosse você, se juntaria ao meu lado. O meu
mundinho é meio cinza e tem umas almas chatas que tentam nos atrapalhar, mas é mais feliz
que aqui!

MAITÊ — Não acho que me juntar ao monte de almas penadas vai resolver os meus problemas.
Você fala isso achando que é fácil, mas, no meu lugar, você não aguentaria um dia se quer.
Tenho que seguir o que a minha mãe fala, o que a sociedade fala.
AUGUSTINE — Adolescentes… sempre emotivos e levando tudo ao extremo…

MAITÊ — Mas você mesma não é uma adolescente?!

AUGUSTINE — Não, sou uma entidade vampírica espiritual da sua cabeça que tem 332
anos e que vive por atormentar adolescentes como você que passaram por algum evento
trágico e longo, resultando em traumas e uma mente nada saudável.

MAITÊ — Uma entidade vampírica da minha cabeça?! Você é doida! E além do mais, por que
não atormenta adultos também? Eles têm mais problemas do que eu.

AUGUSTINE — Primeiramente, a doida é você, que tá conversando comigo. Segundo,


como eu disse, jovens têm extremos de emoção, felicidade, raiva, tristeza e etc. Adulto só tem
o extremo da depressão, aí é chato, e boletos a pagar também.

MAITÊ — Extremo de felicidade… tá para nascer um dia que terei isso de novo. Mas olha aqui
Augustine, já cansei de você me perturbando, ok? Eu preciso terminar de estudar e você não vai
me atrapalhar!

AUGUSTINE — Deixarei você estudar. Mas sério, você se engana com uma facilidade!
Acha mesmo que de madrugada vai entender alguma coisa? É humilhante você fazer isso, só
irá consumi-la para a desgraça. Mas se quer continuar, continua, afinal eu só sou uma
“doida”.

Nessa hora, Tine sai e Maitê vê ela saindo. Mai para e reflete um pouco na cama, voltando a
estudar de madrugada
ATO II - INSIDE OUT

COLÉGIO
Há uma quebra de tempo. A semana de provas está cada vez mais próxima. Tudo o que Mai faz
é estudar. Ela está parecendo um zumbi. Tendo mais uma crise, ela está dentro de uma das
cabines do banheiro, sentada e encolhida no vaso. Enquanto está lá, alguém entra no
banheiro. Pelos sapatos, é Isabel, que está no telefone com a mãe.

ISABEL — Mãe? Consegue me escutar?

ISABEL — Então, eu tirei 10 em Português e em Literatura! Fui a única da turma a conseguir!


Acho que vou ganhar o prêmio de estudante do ano!

ISABEL — O que? Ah…o trabalho de artes…a professora deu…6

Nesse hora, conseguimos escutar o que a mãe dela fala

MÃE DA ISABEL — Seis!? Nota seis!? O primeiro lugar do colégio com seis!? Eu pago essa
escola para que?! Saiba que quando você voltar para casa, seu celular vai ser
confiscado!

ISABEL — Mãe, a culpa não foi minha…

MÃE DA ISABEL — Não importa! Seis é uma vergonha para quem era líder do grupo! Já parou
para pensar como eu e seu pai ficaremos envergonhando com essa nota!? Logo nós
dois que somos orgulhosos de você!

ISABEL — Mãe…

MÃE DA ISABEL — Um 6 nunca deve estar nas suas notas! Você tem que ser perfeita para
passar em medicina! Você só sai do seu quarto quando entender o assunto!

ISABEL — Tá bem, mãe…eu preciso ir…te amo…

A chamada acaba. É notável que a mãe não completa a frase. Isabel se encara no espelho,
tentando manter a calma. Ela tenta mexer no cabelo para se distrair, mas no final acaba
cobrindo o resto e solta um grito de raiva. Depois, se encara novamente, engole o choro e sai
como se nada tivesse acontecido. Maitê está em choque dentro do banheiro.

COLÉGIO (DIAS DEPOIS)


O dia da prova chegou. Maite já está sentada na cadeira para a prova. Ela não se acalma mais
uma vez. Por coincidência, Isabel senta em sua frente. A prova começa e Mai está com
dificuldade. Tenta fazer a primeira questão, mas não consegue. Para não surtar, se alongar na
cadeira para se distrair. Ela consegue fazer a segunda questão, mas ao ir para a terceira percebe que
não consegue fazer. Nisso, memórias do passaso retornam a mente, lhe atormentando e
desencadeando uma crise de ansiedade. Obtendo autorização para ir ao banheiro ela vai ao corredor
mas fica tonta e quando chega lá, molha seu rosto, se deparando com Augustine.

AUGUSTINE — Eu disse que voce não seria o suficiente. 5 minutos fazendo a prova e você já entrou em
crise de ansiedade. Eu deveria estar surpresa?

MAITÊ — Cala a boca, alma penada! Não foi você que passou 1 semestre inteiro estudando e
definhando. É óbvio que eu teria uma crise aqui.

AUGUSTINE — Primeiramente, eu, Augustine...

MAITÊ — EU NÃO LIGO!

Augustine — Olha o seu tom! Não sabia que estava falando com alguém tão infantil.

MAITÊ — Não reclame, aturar você é pior ainda aturar aquela prova.

Nesse instante Isabel entra no banheiro, perguntando se havia tido algo alma.

ISABEL — O que foi?

Assustada e ainda em crise, Mai correrá para a rampa, descendo para o banheiro de baixo. Nesse meio
tempo, Tine aparece na rampa, a fazendo correr mais.

AUGUSTINE — Eu disse que você não era o suficiente...

Maitê irá para o banheiro e se assustará com a entrada brusca da entidade.

AUGUSTINE — Pode correr o quanto quiser, mas nunca fugirá.

MAITÊ — Me deixa em paz, sai daqui!!!

AUGUSTINE — Eu sou você! Você não pode fugir de mim! Eu sou sua ansiedade, problemas e vícios,
tudo que há de ruim é você! Não há como esconder de quem você é! Eu nunca vou deixar de te
assombrar, porque você é um fracasso!

MMai começa a chorar na frente das pias antes que pudesse evitar. A cena corta.

ATO III - SEVEN


COLÉGIO (EXPO)
Assim que as provas acabam, na outra semana seria a expo arte. Maitê desenhou Noite
Estrelada e recebeu nota máxima pelo seu talento. Isabel tirou seis, como visto antes. Isabell
passeia pelos corredores da escola um pouco triste até que um quadro de Van Gogh. Maitê
estará passando no mesmo corredor e percebe Isa olhando o quadro e se aproxima

ISABEL — Quem desenhou isso deve ter talento. E amor pelo o que faz. Ficou parecido com o
original.
MAITÊ — (sorri) O que você pensa quando olha para o quadro?

Isabel para pra pensar um pouco

ISABEL — Eu vejo tudo, é meio triste e sombrio, mas é profundo e lindo de se ver. Dizem
que representa a escuridão e a morte

MAITÊ — Você tem um ótimo ponto de vista sobre o quadro. Eu não sabia que você gostava
dessas coisas.

ISABEL — Talvez seja porque nunca fomos tão próximas ou nunca tive a oportunidade de
falar sobre arte nesta escola. É tudo sobre provas.

Maite fica pensativa sobre e pensando que Isabel não aparentava o que era.

MAITÊ — Sabe o que chama minha atenção nessa obra? Na verdade, a cor que me chama
atenção?

Isabel negou com a cara confusa

MAITÊ — O amarelo das estrelas e da lua. Diziam que Van Gogh comia tinta amarela porque
achava que isso o faria feliz, já que amarelo é considerado a cor da felicidade, mas…(Nessa
hora, Maitê puxa o manga do casaco e mostra uma fita amarela envolta do seu braço)...nem
todos são cem por cento felizes, não é?

Isabel olha o braço de Mai, analisando a fita. Ela fica pensativa se deve fazer o mesmo.

ISABEL — Foi você que pintou o quadro, não é? (Maite concorda) Você conseguiu se expressar
da arte…isso é incrível! (as duas sorriem) Eu queria ter essa sorte…

Nisso, Maitê pega nos dois braços de Isabel, e levanta a manga do casaco, vendo que também
estava com fitas amarelas nos braços.

MAITÊ — Cada um tem seu jeito de se expressar, o meu é assim (Aponta pro quadro com a
cabeça) Talvez o seu seja escrevendo, ou até falando. Mas você tem que se expressar em
algum momento. Eu venho passando por algumas situações que me mostraram o qual é
importante se expressar. Então, se você precisa de alguém para desabafar…Assim, eu sei a
gente nem se conhece direito, mas… (as duas riem)

ISABEL — Tudo bem (Ela sorri) Podemos nos se ajudar

Ambas sorriram e é possível ver ao fundo Augustine com cara amarrada, já que ela percebeu
que ambas vão se ajudar emocionalmente.

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