Você está na página 1de 1

O tarado do elevado

O caso já era de conhecimento da cidade, havia um tarado se expondo no elevado. Muitas senhoras e
senhoritas tinham sido vítimas do bem-dotado sujeito que fazia questão de mostrar o quão avantajado
era o seu ego. Ele não atacava ou ameaçava suas vítimas, tampouco falava, apenas,
desavergonhadamente, apresentava o documento. É claro que isto é bastante para que o prendesse.
Afinal, sua ação vai contra as normas de boa educação, de civilidade e de decoro.
\\\\\\\

Nasci na rua Tuiuti, no lugar onde hoje chamam de Verdão, as enfermeiras e o corpo médico eram todos
unânimes em me bajularem, dizendo que era a flor da maternidade. Isso segundo minha mãe.
Cresci na Beira, entre brancos e negros. Entre crentes e católicos. Entre gente boa e gente de má índole.
Estudei no PZ, Grupo Escolar Paulo Zimermann. Ali estudavam ricos e pobres. A diretora era a Dona Lydia
Heloise Demonte Rosa.
Conhecida a vida nas ruas da cidade de Rio do Sul, engraxando sapatos, vendendo pastéis e sonhos,
guiando cego.
\\\\\\\

Os amores que vêm tarde não movem corações

E, hoje, pintando paredes, voltando ao antigo ofício que exerci no começo de minha vida laborativa,
sinto que completei o último ciclo de vida. voltei ao começo, agora, para terminar minha escrita de vida.
O serviço, por ser fisico, permite-me o continuo refletir. trabalho como pintor e cada pincelada vem
acompanhada de pensamentos e de memórias já há muito esquecidas.

Você também pode gostar