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DIAGNÓSTICO

ARMAZENAGEM
AGRÍCOLA
NO BRASIL
D I AGN ÓSTICO

ARMAZENAGEM
AGRÍCOLA
NO BRASIL
Equipe técnica do estudo “Diagnóstico da armazenagem agrícola no Brasil”

Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-LOG)

Thiago Guilherme Péra – Coordenador-Geral e Pesquisador


Fernando Vinícius da Rocha – Pesquisador
Daniela Bacchi Bartholomeu – Pesquisadora
Everton Lima Costa – Pesquisador
Sarah Barbosa da Silva – Pesquisadora
Lavínia Bettoni – Pesquisadora

Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA)

Diretoria Técnica
Bruno Barcelos Lucchi – Diretor Técnico
Maciel Silva – Diretor Técnico Adjunto

Núcleo Econômico
Renato Conchon – Coordenador
Elisangela Pereira Lopes – Assessora Técnica
Guilherme Costa Rios – Assessor Técnico
Gustavo Vaz da Costa – Assessor Técnico
Isabel Mendes de Faria – Assessora Técnica
Maria Angélica Echer Ferreira Feijó – Assessora Técnica

Comissão Nacional de Cereais, Fibras e Oleaginosas


Tiago dos Santos Pereira – Assessor Técnico

Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial (Esalq-LOG)


Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq)
Universidade de São Paulo (USP)
Av. Pádua Dias, 11 (Antiga Colônia Sertãozinho)
Piracicaba-SP – CEP: 13.418-900
https://esalqlog.esalq.usp.br/

Este é um projeto executado pelo Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindus-


trial (Esalq-LOG), vinculado à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), perten-
cente à Universidade de São Paulo (USP), com a interveniência da Fundação de Estudos
Agrários Luiz de Queiroz (Fealq).
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................................................................7

2. A IMPORTÂNCIA DA ARMAZENAGEM PARA A AGRICULTURA BRASILEIRA...................................................8


2.1. Coordenação entre oferta e demanda e controle da sazonalidade................................................................................ 8
2.2. Garantia de suprimento............................................................................................................................................................................... 8
2.3. Gestão da comercialização e maior rentabilidade do produtor....................................................................................... 9
2.4. Redução das filas de caminhões......................................................................................................................................................... 10
2.5. Redução da armazenagem a céu aberto.........................................................................................................................................11
2.6. Prolongamento do escoamento da safra........................................................................................................................................11

3. O PAPEL DA INFRAESTRUTURA DE ARMAZENAGEM PARA OS DIFERENTES AGENTES DA CADEIA


DE SUPRIMENTOS DE GRANÉIS SÓLIDOS AGRÍCOLAS............................................................................................... 12
3.1. O armazém para o produtor......................................................................................................................................................................12
3.2. O armazém para a indústria.....................................................................................................................................................................13
3.3. O armazém para terminais e portos...................................................................................................................................................13

4. O PERFIL DAS INFRAESTRUTURAS DE ARMAZENAGEM NO BRASIL.............................................................. 15


4.1. Perfil da armazenagem nacional..........................................................................................................................................................19
4.2. Perfil da armazenagem por região brasileira.............................................................................................................................26
4.3. Perfil da armazenagem do produtor rural....................................................................................................................................32
4.4. Comparativo entre a armazenagem no Brasil e nos EUA..................................................................................................38

5. PESQUISA DA SITUAÇÃO DE ARMAZENAGEM AGRÍCOLA SOB A ÓTICA DOS PRODUTORES


RURAIS..............................................................................................................................................................................................40
5.1. Perfil da armazenagem do produtor rural.....................................................................................................................................43
5.2. Perfil do produtor rural com infraestrutura de armazenagem na propriedade............................................... 44
5.3. Perfil do produtor rural que utiliza silo bolsa (silo bag)........................................................................................................63
5.4. Perfil do produtor rural que não possui infraestrutura de armazenagem e não utiliza silo bolsa....... 70
5.5. Recomendações para incentivar a expansão da armazenagem na fazenda na visão dos produtores
rurais.................................................................................................................................................................................................................................77
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

1. INTRODUÇÃO

A armazenagem, uma das principais atividades primárias da logística, é fundamental para a


competitividade do agronegócio brasileiro, por permitir o equilíbrio do descompasso espacial
e temporal entre oferta e demanda. Enquanto o descompasso espacial é caracterizado pelo
desequilíbrio entre as regiões de produção e de consumo, o descompasso temporal constitui
o desequilíbrio entre os períodos de colheita e de demanda. Historicamente, o Brasil apresenta
déficit de capacidade estática de armazenagem de grãos, com elevada heterogeneidade nas
regiões produtivas. Essa situação incorre em perdas de oportunidade na comercialização agrí-
cola, bem como no favorecimento do aumento da volatilidade do preço do frete rodoviário – em
decorrência da necessidade do “estoque sobre rodas” durante a época de colheita. Além disso,
a armazenagem possui diferentes funções para os múltiplos agentes da economia. Destaca-se,
entre elas, a função social, presente quando se promove segurança alimentar ao se proporcionar
espaço físico adequado para a formação de estoques, principalmente em períodos de adversi-
dades econômicas e/ou produtivas.

O objetivo deste relatório é realizar o diagnóstico da armazenagem agrícola no Brasil, de for-


ma a consolidar um perfil, bem como recomendar oportunidades de melhoria no sistema de
armazenagem, de modo a ampliar a competitividade do agronegócio.

A segunda seção do documento apresenta a importância da armazenagem para a agricultura


brasileira, envolvendo aspectos de coordenação entre oferta e demanda e controle de sazona-
lidade, garantia de suprimento, gestão da comercialização e maior rentabilidade do produtor,
além dos gargalos evidentes da falta de armazenagem, tais como armazenagem a céu aberto,
filas de caminhões, entre outras estratégias.

Na terceira seção, é discutido o papel da infraestrutura de armazenagem para os diferentes


agentes da cadeia de suprimentos de granéis sólidos agrícolas, apresentando os distintos usos e
finalidades da armazenagem.

A quarta seção apresenta o perfil da infraestrutura de armazenagem no país, trazendo uma


compilação de diferentes bases de dados públicas, sobre estatísticas da situação da armazena-
gem, em níveis nacional e estadual, além da análise exploratória do perfil da armazenagem ao
nível do produtor rural.

Na quinta seção, é apresentada a pesquisa primária realizada sobre a situação da armazenagem


agrícola sob a ótica dos produtores rurais. São contempladas informações sobre o perfil da ar-
mazenagem do produtor e o perfil do produtor rural que utiliza infraestrutura de armazenagem
na fazenda, fora da fazenda e silo bolsa, incluindo também recomendações desses agentes para
incentivar a expansão da infraestrutura de armazenagem no país.

Na sexta seção, é apresentada uma discussão sobre os benefícios dos ganhos econômicos com
a armazenagem em diferentes regiões no país, para as culturas do milho e da soja. Na sétima,
é apresentado o custo da armazenagem dentro da fazenda. Na oitava, discute-se por quanto
tempo a capacidade de armazenagem é suficiente para estocar a produção nacional de grãos,
trazendo um comparativo entre regiões brasileiras. Na nona, é apresentada uma discussão sobre
crédito rural e apoio à construção ou ampliação da infraestrutura de armazenagem.

Na décima, discute-se uma proposta de rearranjo da infraestrutura de armazenagem no país,


indicando as principais regiões prioritárias e o custo para equacionar o déficit atual. Por fim, nas
seções 11 e 12, são apresentadas as considerações gerais e as recomendações de ações para o
fortalecimento da armazenagem agrícola no país.

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2. A IMPORTÂNCIA DA ARMAZENAGEM
PARA A AGRICULTURA BRASILEIRA

Neste tópico são abordadas as contribuições da armazenagem para a agricultura brasileira, as-
sim como apontados seus efeitos diretos e indiretos. Uma vez que a armazenagem traz benefí-
cios importantes para os diferentes agentes da cadeia de suprimentos, ela acaba sendo estraté-
gica para uma série de aspectos relacionados à cadeia produtiva como um todo. Por exemplo,
ao atuar como mecanismo de gestão de comercialização, ela contribui para a redução da vo-
latilidade do preço do frete e do pico de movimentação em épocas de colheita. Além disso, ao
desafogar o escoamento no pico da safra, alonga os fluxos de transporte durante os meses do
ano e diminui as filas de caminhões nos locais de carregamento e descarga.

De uma maneira geral, os principais benefícios da armazenagem para a agricultura brasileira


como um todo são apresentados na Figura 1.

Coordenação Gestão da
entre oferta e comercialização
Garantia de
demanda e e maior
suprimento
controle da rentabilidade
sazonalidade do produtor

Redução das Redução da Prolongamento


filas de armazenagem do escoamento
caminhões a céu aberto da safra

Figura 1. Benefícios associados à utilização da armazenagem


Fonte: Adaptada de Luchezzi (2017), Russo (2012) e Senar (2018).

2.1. Coordenação entre oferta e demanda e controle da sazonalidade

As empresas usam o estoque para melhorar a coordenação entre oferta e demanda. Particular-
mente, setores que enfrentam produção sazonal devem armazenar determinada quantidade
de produtos para que haja possibilidade de comercialização na entressafra.

Esse é o caso dos alimentos, cujo armazenamento constitui uma rede essencial e indispensável
para a uniformidade de abastecimento e distribuição, pois enquanto a necessidade de alimen-
tação e a demanda das agroindústrias são ininterruptas ao longo do ano, a produção de grãos
é sazonal. Com isso, o produto estocado na entressafra possibilita suprir essas demandas e
evita variações intensas de preços no mercado (PATURCA, 2014).

2.2. Garantia de suprimento

Além da coordenação entre oferta e demanda, também é estratégico armazenar produtos


cujos preços sofram constantes variações (em função do mercado global, por exemplo). Preços
de determinados insumos ou commodities podem oscilar em função de uma série de fatores.
Assim, como forma de minimizar riscos de variação de preços de insumos, as empresas podem
decidir adquiri-los forma antecipada e mantê-los armazenados até seu uso.

8
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

A armazenagem ajuda a compensar a insegurança ou demora no abastecimento de materiais


importados, reduzir desabastecimentos em momentos de ameaças de crises em determina-
dos setores, enfrentar aumentos súbitos de demanda, entre outros aspectos.

2.3. Gestão da comercialização e maior rentabilidade do produtor

Com o processo de abertura da economia a partir dos anos 90 e o consequente aumento da


concorrência no mercado de produtos agrícolas, o produtor rural se depara com uma nova re-
alidade de produção e comercialização. Além disso, as crescentes safras de grãos, as quais vêm
sistematicamente apresentando recordes nos últimos anos, significam um desafio maior ainda
para ele no momento da colheita e comercialização do produto. Nesse contexto, a competitivi-
dade dos agentes muitas vezes está condicionada à redução de custos de produção, de proces-
samento ou logísticos, envolvendo as operações de transporte e armazenagem.

A sobrevivência nesse mercado exige mudanças na forma de atuação do produtor rural, que
deve adotar estratégias de administração, planejamento da atividade e comercialização de seus
produtos.

A utilização da armazenagem de produtos agrícolas insere-se nesse contexto, pois permite que o
produtor planeje a comercialização do produto, avaliando os momentos oportunos no mercado.

A complexidade da etapa da comercialização do produto está relacionada à grande volatilidade


nos preços dos produtos agrícolas. A sazonalidade na produção, caracterizada por momentos de
safra e entressafra, resulta na sazonalidade nos preços recebidos pelos produtores.

Por essa razão, como forma de aumentar a receita obtida, em muitos casos torna-se preferível
armazenar o produto a comercializá-lo imediatamente após a colheita. A escolha da melhor
época para venda exerce, portanto, forte influência na rentabilidade da atividade.

A Figura 2 ilustra o comportamento dos preços em cenários “sem” e “com” estrutura de armaze-
nagem. No primeiro caso, quando não há capacidade estática para armazenamento, o produtor
necessita escoar sua safra imediatamente após a colheita. Nesse momento, contudo, os preços
de comercialização encontram-se reduzidos (em função da maior oferta do produto no merca-
do), enquanto os custos logísticos apresentam-se elevados (em função da maior demanda por
serviços de transporte). Isso implica menores margens para o produtor.

Por outro lado, se o produtor possui estrutura de armazenagem disponível, ele ganha a possibili-
dade de guardar o produto até o período no qual essa relação de preços esteja mais atrativa. Nor-
malmente, alguns meses depois do pico da safra, os preços do produto tendem a se recuperar, en-
quanto os custos logísticos tendem a reduzir, aumentando as margens e o resultado do produtor.

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Cenário sem armazenagem Cenário com armazenagem

Preço
Preço

Colheita Colheita

Custos Custos
Logísticos Logísticos

Escoamento Concentrado Alongamento do


(”Rush”) Escoamento

Figura 2. Armazenagem como apoio à tomada de decisão quanto à comercialização do produto


Fonte: NovaAgri (2010).

Na prática, uma série de relações de preços deve ser analisada para que se possa tomar a es-
tratégia mais certeira. Para o produtor rural, a decisão de armazenar deve levar em considera-
ção, além das expectativas de preços a serem recebidos, também a necessidade de capital para
cumprimento de suas obrigações financeiras, o custo de oportunidade do capital imobilizado
na forma de estoques, os custos de armazenamento, entre outros, dificultando ainda mais o pla-
nejamento e a decisão de armazenagem (CAIXETA FILHO; MOREIRA; RODRIGUES, 2005). Além
disso, o agricultor deve decidir a quantidade e o produto (no caso de produzir mais de um) que
deve ser comercializado ou armazenado a cada mês.

2.4. Redução das filas de caminhões

Um adequado sistema de armazenagem, além de proporcionar aumento de rentabilidade aos


produtores, pode também contribuir para a diminuição de um dos maiores problemas brasilei-
ros que dizem respeito à logística de exportação no pico da safra: a formação de filas de cami-
nhões em terminais intermodais e, especialmente, nos portos.

Sem local suficiente para armazenar, a colheita de grande volume de grãos, concentrada em
poucos meses no ano, aumenta demasiadamente a demanda por caminhões que se dirigem
aos terminais, formando filas enquanto aguardam para descarregar. As filas para chegar aos
portos de Santos e Paranaguá, por exemplo, chegaram, em alguns anos, a ultrapassar os 20 e 40
km, respectivamente (Figura 3).

Figura 3. Filas de caminhões nas proximidades dos Portos de Santos e Paranaguá, respectivamente
Fonte: Revista Logística & Supply Chain (2013) e Duarte (2011).

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Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Em 2014, com a implantação de um sistema de agendamento dos caminhões no porto de Santos, ob-
servou-se redução tanto das filas quanto dos tempos médios de permanência dos veículos. Já naque-
le ano, as filas para descarga reduziram de quatro dias para aproximadamente 14 a 18 horas (GLOBO
RURAL apud SOLIANI; CAMARGO JÚNIOR, 2015). Paranaguá adotou sistema similar em 2017.

O advento do sistema de agendamento contribuiu para reduzir as filas, mas não eliminou efe-
tivamente o problema, que é estrutural e está relacionado ao déficit de armazenagem no país.
Na prática, o que ocorreu foi o deslocamento das filas: o que antes ficava concentrado na zona
portuária aguardando para descarregar, agora fica espalhado no interior do estado, aguardando
liberação para seguir viagem (SOLIANI; CAMARGO JÚNIOR, 2015).

2.5. Redução da armazenagem a céu aberto

A falta de capacidade estática para armazenagem de grãos nas principais regiões produtoras
brasileiras, além de acarretar a formação de filas, acaba trazendo outros problemas que podem
causar deseconomias ao longo de toda a cadeia.

Um exemplo desses entraves diz respeito à armazenagem a céu aberto de grãos, nas regiões
produtoras, que não contam com capacidade estática suficiente. Parte da produção que não
é imediatamente escoada, ou não é direcionada para algum armazém, permanece na proprie-
dade, muitas vezes a céu aberto (Figura 4). Sem qualquer estrutura de proteção, o produto fica
exposto a variações climáticas e a ataques de insetos e roedores, o que leva a uma significativa
perda da produção, bem como da qualidade.

Figura 4. Milho estocado a céu aberto por falta de capacidade estática de armazenagem

Esse fato é normalmente observado em várias regiões brasileiras, mas principalmente na Região
Centro-Oeste, durante o período de colheita de milho safrinha. Os armazéns, que ainda estão
sendo dedicados à estocagem da soja, colhida alguns meses antes, não têm espaço suficiente
para receber o milho de segunda safra, cuja produção tem sido crescente. Nos últimos cinco
anos, por exemplo, a produção de milho segunda safra aumentou aproximadamente 60,0%,
atingindo, segundo dados da Conab, 86 milhões de toneladas em 2022.

2.6. Prolongamento do escoamento da safra

A existência de infraestrutura de armazenagem contribui também para o prolongamento do


escoamento da safra, ou seja, a produção é escoada de forma mais diluída ao longo do ano, e
não fica concentrada no pico da colheita.

Essa tendência é importante, uma vez que permite o uso dos equipamentos de transporte e
armazenagem de forma mais homogênea ao longo do ano, evitando, por um lado, demanda
intensa em poucos meses e, por outro, ociosidade desses equipamentos no restante do ano.
Consequência desse movimento, os preços dos serviços de transporte também oscilam com
menor intensidade, reduzindo os riscos referentes às oscilações dos valores de frete e favorecen-
do o planejamento das movimentações.

11
3. O PAPEL DA INFRAESTRUTURA DE
ARMAZENAGEM PARA OS DIFERENTES
AGENTES DA CADEIA DE SUPRIMENTOS
DE GRANÉIS SÓLIDOS AGRÍCOLAS

A atividade logística relacionada à armazenagem tem, em linhas gerais, o objetivo de separar tem-
poralmente a produção e o consumo. No entanto, dependendo do agente da cadeia de supri-
mentos em questão, o armazém apresenta finalidade mais específica, que inclui, entre outros
aspectos, a redução de custos de produção e de transporte, a coordenação entre suprimento e
demanda e o auxílio ao processo de produção e colheita (BALLOU, 1993 apud ARAÚJO et al., 2022).

Assim, este tópico discute o papel da infraestrutura de armazenagem para os diferentes agen-
tes da cadeia de suprimentos de granéis sólidos agrícolas, tais como produtor, tradings, indús-
tria, portos/terminais e prestadores de serviços.

3.1. O armazém para o produtor

Ao contar com uma estrutura própria de armazenagem, o produtor obtém uma série de bene-
fícios durante a etapa de pós-colheita e comercialização de sua safra. A escolha do sistema e da
unidade armazenadora deve levar em conta o tipo do produto e o volume a ser armazenado, os
custos de instalação e operação, os fatores técnicos e operacionais e os aspectos de localização,
transporte e infraestrutura local. Assim, o produtor precisa dispor dos recursos financeiros para
a construção, aquisição de equipamentos e operacionalização da estrutura de armazenagem
(SENAR, 2018).

O armazém tem como vantagens para o produtor:

• Melhor qualidade do grão, evitando deixá-lo exposto a céu aberto;

• Maior agilidade na colheita, pois elimina o tempo perdido nas filas das unidades armaze-
nadoras coletoras ou intermediárias (APROSOJA, [s. d.]);

• Melhor padronização da colheita no que diz respeito a umidade, grãos avariados e impu-
rezas, melhorando a qualidade da classificação do produto entregue (APROSOJA, [s. d.]);

• Possibilidade de comercialização da produção em períodos de melhores preços, evitando


as pressões naturais do mercado na época da colheita (CORREA, 1983 apud CAIXETA FI-
LHO; MOREIRA; RODRIGUES, 2005); e

• Economia com custos de transporte, uma vez que os fretes alcançam preços máximos nos
meses de safra (CORREA, 1983 apud CAIXETA FILHO; MOREIRA; RODRIGUES, 2005).

Talvez o benefício mais evidente seja o fato de não precisar escoar seu produto imediatamente
após a colheita, permitindo melhor planejamento da comercialização do produto e resultados
mais favoráveis da atividade. Nesse contexto, o armazém possui o papel de auxiliar o produtor
na gestão de sua comercialização, envolvendo expectativas com relação aos preços futuros do
produto e aos custos de transporte. Com isso, o produtor ganha liberdade na escolha do perío-
do mais interessante para vender sua produção, avaliando os momentos em que as relações de
preços estiverem favoráveis. Os custos da própria armazenagem, seja ela própria ou terceirizada,
também devem ser monitorados para compor e auxiliar a tomada de decisão.

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Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Portanto, o armazém, para o produtor, corresponde à extensão do processo produtivo, em que


se torna estrutura importante para garantir a continuidade da produtividade e qualidade alcan-
çadas no campo, além de auxiliar na gestão de sua comercialização.

Em casos de ausência de escala de produção que viabilize estrutura própria de armazenagem,


o produtor pode fazer uso desse serviço pela contratação de terceiros. As cooperativas acabam
atuando como elo importante para suprir a demanda por capacidade estática e oferecer funcio-
nalidades para o produtor, nas regiões em que predominam pequenas propriedades.

Além disso, mais recentemente, os condomínios de armazéns rurais têm surgido como novo
arranjo organizacional entre produtores rurais vizinhos sócios que investem numa estrutura de
armazenagem e dividem as cotas de armazenamento entre eles (FILIPPI; GUARNIERI, 2019).

3.2. O armazém para a indústria

Para a indústria de processamento, os grãos representam importante insumo produtivo. No caso


da soja, por exemplo, cerca de um terço do grão produzido no país transforma-se em farelo ou
em óleo de soja. Em 2021, foram processadas cerca de 47,8 milhões de toneladas de soja em
grão, tendo sido produzidas 36,8 milhões de toneladas de farelo de soja e 9,6 milhões de tonela-
das de óleo de soja (ABIOVE, 2022).

Para garantir o correto suprimento de matéria-prima para o processamento, a indústria deve man-
ter a soja em grão estocada. Isso ocorre porque a produção de grãos é sazonal ao longo do ano,
tendo sua oferta concentrada principalmente entre os meses de fevereiro e maio, enquanto o pro-
cessamento ocorre de maneira mais regular, distribuído de forma homogênea ao longo do ano.

Nesse caso, a estrutura de armazenagem possui, portanto, o papel de estoque regulador, voltado
para prover a quantidade de matéria-prima para o processamento da indústria, considerando a
volatilidade de suprimento e a garantia, especialmente durante o período de entressafra.

3.3. O armazém para terminais e portos

Ferrovias e hidrovias são modalidades de transporte que apresentam maior competitividade


para cargas de menor valor agregado e grandes volumes que precisam percorrer longas dis-
tâncias para chegar ao destino. Dada a maior capacidade de carga em comparação às loco-
motivas, às barcaças e aos navios em relação aos implementos rodoviários, acabam resultando
em menores custos de transporte e menores emissões de CO2 por unidade de carga transpor-
tada. Assim, o uso mais intensivo de hidrovias e ferrovias resulta em uma série de benefícios
econômicos e ambientais para os produtos do agronegócio.

Para que a carga chegue até a ferrovia ou a hidrovia, ela é transportada por caminhão desde o
local de origem até um terminal de transbordo, dotado de infraestrutura e equipamentos es-
pecíficos para realizar a descarga do caminhão e o carregamento dos vagões ferroviários ou das
barcaças hidroviárias. Com isso, permite-se a intermodalidade, isto é, a integração de mais de
um modo de transporte na solução logística.

No entanto, em função da diferença de capacidade existente entre os equipamentos de trans-


porte, os terminais são dotados de unidades armazenadoras, capazes de garantir a quantidade
de produto necessária para a continuidade das operações logísticas. De forma geral, esse papel
da unidade armazenadora também ocorre junto aos terminais portuários em operações de ca-
botagem ou envolvendo exportação/importação, nas quais há a transferência da carga de cami-
nhões e ferrovias para as embarcações, e vice-versa.

13
A Figura 5 ilustra a diferença da capacidade de carga das modalidades de transporte.

1 bitrem: 1 vagão: 1 barcaça hidroviária:


38 t 80 a 120 t 1.500 a 2.000 t

1 rodotrem: 1 locomotiva: 1 navio Panamax:


48 t 80 a 100 vagões = 10.000 t 60.000 a 70.000 t

Figura 5. Capacidades de carga transportada por caminhões, vagões ferroviários, barcaças hidroviárias e navios
graneleiros
Fonte: Elaborada pelos autores.

Assim, os terminais de transbordo e portuários são fundamentais para viabilizar a intermoda-


lidade, conferindo maior competitividade às soluções logísticas. As unidades armazenadoras,
nesses casos, são importantes para equilibrar os fluxos de entrada e saída da carga durante as
operações intermodais, garantindo a disponibilidade do produto, enquanto transferência entre
modos de transporte. Por isso, tais unidades armazenadoras são caracterizadas pela elevada
rotatividade, isto é, o produto fica estocado apenas durante o período necessário para realizar a
próxima operação de transbordo.

14
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

4. O PERFIL DAS INFRAESTRUTURAS


DE ARMAZENAGEM NO BRASIL

Conforme a estrutura física, a estocagem de grãos pode ocorrer em armazéns convencionais,


quando o produto está acondicionado em sacarias, ou em estruturas para acondicionamento
do grão a granel. A Figura 6 sintetiza os principais tipos de estrutura de armazenagem.

Produto embalado

Armazém convencional

Produto a granel

Armazém graneleiro ou generalizado

Armazém estrutural ou inflável

Silo

Alvenaria/concreto
Vertical
Metálico
Bolsa

Móvel

Figura 6. Tipos de estrutura de armazenagem


Fonte: Elaborada pelos autores.

O armazém convencional, em geral, é uma estrutura de concreto ou alvenaria, de piso plano e


compartimento único, voltado para estocagem de mercadorias acondicionadas em algum tipo
de embalagem, como sacos, fardos, caixas, entre outros. A armazenagem se dá em lotes indivi-
dualizados de produtos que tenham as mesmas características (IBGE, 2014).

Segundo dados da Conab (2022), há no país 16.933 unidades armazenadoras cadastradas, com
capacidade estática de aproximadamente 178,0 milhões de toneladas. Os armazéns convencio-
nais para estocagem das sacarias respondem por apenas 10,0% da capacidade estática, sendo o
restante referente à capacidade estática de estruturas para estocagem do grão a granel.

Particularmente para granéis sólidos agrícolas, os tipos mais comuns de armazéns são os grane-
leiros ou granelizados, os silos (metálicos, de alvenaria ou de concreto) e os sistemas de arma-
zenagem temporária (silo bolsa, silo móvel ou armazém inflável), conforme ilustrado na Figura
7. Independentemente do tipo, uma estrutura de armazenagem deve contar com os devidos
equipamentos para as etapas de recebimento, expedição, separação de impurezas, transporte e
secagem (SENAR, 2018).

Em pequenas propriedades, os grãos podem ser armazenados em tonéis e bombonas herme-


ticamente fechados. No caso de grãos de café, o produto pode ser armazenado em tulhas. No
caso do milho em espiga, é muito comum o uso de paiol ou tulha (SENAR, 2018).

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Armazém Armazém Silo vertical -
graneleiro estrutural concreto
ou inflável

Silo vertical - Silo Silo


metálico bolsa móvel

Figura 7. Tipos de armazéns para estocagem de granéis sólidos agrícolas


Fonte: Elaborada pelos autores.

O armazém graneleiro é uma estrutura de concreto ou alvenaria de um compartimento de arma-


zenagem. Em geral, a massa de grãos é separada por septos divisórios apresentando fundos em
forma de “V” ou “W”. O armazém granelizado, por sua vez, é uma unidade armazenadora de fundo
plano, normalmente resultante de uma adaptação do armazém convencional (IBGE, 2014).

O armazém estrutural e o armazém inflável são unidades armazenadoras de grande capacida-


de, mas de caráter emergencial e provisório. Ambos possuem cobertura de vinil ou polipropi-
leno, mas enquanto o armazém inflável tem sua estrutura flexível, dotada de válvulas e com-
portas que permitem a sua modelagem ou armação por meio da insuflação de ar circulante, o
armazém estrutural possui uma estrutura firme e autossustentável (IBGE, 2014). De forma geral,
esses tipos de armazéns são mais comumente verificados em zonas de expansão de fronteiras
agrícolas, nas quais a infraestrutura de armazenagem de caráter permanente ainda é incipiente
(IBGE, 2014). A Pesquisa de Estoque do IBGE levanta a informação desse tipo de armazenagem,
mas esta é normalmente divulgada de modo agregado junto às estatísticas dos armazéns con-
vencionais, o que dificulta uma caracterização mais apurada dessas estruturas.

Os silos verticais são unidades caracterizadas por células ou compartimentos estanques, que
oferecem condições de armazenagem por períodos mais longos que os armazéns comuns, pois
permitem um controle mais eficiente das fontes de deterioração. O tamanho de cada estrutura
depende da quantidade de grãos que será armazenada, do tempo de armazenamento e da
quantidade de safras por ano (SENAR, 2018). As diferenças básicas entre as estruturas dos silos
verticais estão relacionadas: (I) ao custo de instalação; (II) à necessidade de reparos ou manu-
tenção ao longo do tempo; e (III) à vulnerabilidade à infestação de organismos prejudiciais à
conservação dos grãos.

16
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Além dessas estruturas fixas, há também os sistemas de armazenagem temporários e móveis,


tais como o silo bolsa (silo bag) e o silo móvel, que também têm ganhado espaço no contexto
de déficit de armazenagem em algumas regiões.

Algumas das principais características, vantagens e desvantagens desses armazéns são sumari-
zadas no Quadro 1.

Quadro 1. Características, vantagens e desvantagens das unidades armazenadoras


de granéis sólidos agrícolas

Tipo de
Características Vantagens Desvantagens
armazém
Baixa versatilidade na
Estrutura simplificada,
movimentação de grãos;
onde os produtos são Baixo custo de instalação;
possibilidade de infiltração
Armazém estocados em montes, construção rápida; e
de água;
graneleiro sobre lajes de concreto grande capacidade em
dificuldade de aeração; e
executadas diretamente pequeno espaço.
pequeno número de
sobre o terreno.
células.
Revestido de lona de PVC,
Armazém Montagem rápida; e
utilizado para estocagem Caráter emergencial e
estrutural ou estocagem em grande
de grandes volumes de provisório.
inflável escala.
grãos.
Unidade armazenadora de
grãos caracterizada por um
ou mais compartimentos
estanques
denominados células;
constituído por duas Longa vida útil;
Alto custo e tempo de
partes: torre (elevadores, baixo custo de
instalação;
secadores, exaustores, manutenção;
Silo vertical – alto custo de manutenção;
máquinas de limpeza, ocupa menos espaço; e
de concreto e
entre outros) e conjunto de melhor conservação dos
maior incidência de
células; grãos para um maior
quebra de grão.
normalmente construído tempo de armazenagem.
em áreas urbanas,
próximas às indústrias de
processamento; e
média e grande
capacidades.
Unidade armazenadora de
grãos caracterizada por um
Estrutura mais simples;
ou mais compartimentos Possibilidade de infiltração
menor custo que o do silo
estanques de umidade; transmissão
de concreto; e
Silo vertical – denominados células; de calor para dentro da
célula de capacidade
metálico de chapas lisas ou célula; e
média, que possibilita
corrugadas, de ferro maior custo de instalação
maior flexibilidade
galvanizado ou alumínio; e do que os graneleiros.
operacional.
montados em série sobre
um piso de concreto.
Bolsa de polietileno em
camadas: a branca no
Aquisição de trato e
exterior protege contra
máquinas embutidoras e
raios ultravioletas e reflete Baixo custo de aquisição;
extratoras;
o calor; a preta interna baixo custo operacional; e
Silo bolsa vulnerabilidade a roubos e
bloqueia a luz; mede possibilita separar a safra
(silo bag) predadores;
de 40 a 90 metros de por lotes e qualidades
baixa vida útil; e
comprimento; e diferentes.
mais adequada para uso
comporta de 100 a 300
de curto prazo.
toneladas, dependendo do
tipo de grão.

17
Tipo de
Características Vantagens Desvantagens
armazém
Estrutura metálica coberta
Baixo custo de instalação;
de com lona de PVC;
baixo custo de Aquisição de
telemetria e automação
manutenção; e equipamentos móveis para
Silo móvel remota; modularidade
possibilita separar a safra carga e descarga; e
flexível e expansível; e
por lotes e qualidades baixa vida útil.
baixa capacidade de
diferentes.
armazenagem.

Fonte: Elaborado pelos autores com base em IBGE (2014), Senar (2018), Aprosoja (s. d.), Araújo et al. (2022) e Paturca (2014).

A pesquisa de estoques do IBGE divulga a capacidade estática das unidades que armazenam
granéis sólidos agrícolas em dois grupos: o conjunto dos armazéns graneleiros e granelizados
e o conjunto dos silos (incluindo-se, nesse caso, os silos bolsa). Os dados relativos aos armazéns
estruturais ou infláveis são agregados às estatísticas dos armazéns convencionais e, por isso, não
são considerados neste relatório para efeitos da caracterização da infraestrutura de armazena-
gem de granéis sólidos agrícolas.

Assim, conforme dados da pesquisa de estoques do IBGE (2022), no segundo semestre de 2021
o Brasil contava com uma capacidade estática de armazenagem de granéis sólidos agrícolas de
aproximadamente 160 milhões de toneladas, distribuídos entre armazéns graneleiros ou gra-
nelizados e silos. A oferta de armazenagem está basicamente concentrada nas Regiões Sul e
Centro-Oeste, as quais respondem por 82,0% da capacidade estática nacional. O Mato Grosso
é o estado que conta com a maior oferta de armazenagem, respondendo por 26,0% da capaci-
dade estática nacional, ou o equivalente a 42,5 milhões de toneladas. Na sequência, aparecem
os estados do Rio Grande do Sul e Paraná, com 31,8 e 28,3 milhões de toneladas de capacidade
estática, respectivamente.

Além disso, cabe mencionar que a maior parte da oferta de capacidade estática nacional vem dos
armazéns tipo silo (Figura 8). Em geral, estes respondem por quase 58,0% da capacidade estática
total, e essa realidade se verifica em todas as regiões do país, com exceção do Centro-Oeste, em
que os armazéns graneleiros acabam sendo maioria.

Centro-Oeste 57,8% 42,2%

Sul 29,4% 70,6%

Sudeste 33,4% 66,6%

Nordeste 48,3% 51,7%

Norte 21,2% 78,8%

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Armazéns graneleiros e granelizados Silos

Figura 8. Divisão da capacidade estática de armazenagem de granéis sólidos agrícolas por agrupamento (em %)
Fonte: Elaborada com base nas informações da pesquisa de estoque do IBGE (2022).

18
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

4.1. Perfil da armazenagem nacional

Ao analisar os números relativos à armazenagem no Brasil, nota-se uma série de aspectos que
merecem atenção. Em particular, que a capacidade estática de armazenagem vem aumentando
ao longo dos anos. No entanto, ela não tem conseguido acompanhar a taxa de crescimento da
produção de produtos agrícolas, de modo que os gargalos resultantes do déficit de armazenagem
no país têm se tornado crescentes a cada nova safra recorde. Para reverter esse cenário, o diferen-
cial das taxas de crescimento entre produção e capacidade estática de armazenagem precisa ser
equacionado, basicamente por meio de programas de incentivo ao investimento em armazéns.

Um outro aspecto é a disparidade da distribuição geográfica das unidades armazenadoras e da


capacidade estática nas diferentes regiões. Com isso, nota-se algumas poucas regiões com gran-
de oferta de armazenagem, enquanto a grande maioria carece desse tipo de infraestrutura. Por
isso, o nível de agregação da análise é importante para entender melhor a realidade, bem como
as devidas ações para a região de interesse.

Finalmente, cabe destacar que as duas principais fontes de dados de armazenagem no país
(CONAB e IBGE) adotam critérios de levantamento e divulgação dos dados de armazenagem
muitas vezes não convergentes, o que limita o aprofundamento das análises.

Nesse sentido, este tópico dedica-se a sistematizar indicadores de armazenagem no país a partir
de diferentes formas de agregação, de modo a caracterizar a situação sob diferentes aspectos.

Em se tratando dos números da capacidade das infraestruturas de armazenagem, entre 2010 e


2021 o Brasil aumentou sua capacidade estática para armazenagem de grãos em 43,0 milhões de
toneladas, atingindo um total de 178,0 milhões de toneladas em 2021, de acordo com informações
do Sistema de Cadastro Nacional de Unidades Armazenadoras (SICARM) e da Companhia Nacio-
nal de Abastecimento (CONAB, 2022). Conforme mostra a Figura 9, os armazéns para granéis sóli-
dos representam cerca de 90% da capacidade estática total observada em 2021, ou o equivalente
a 158,4 milhões de toneladas. O restante é classificado como armazém convencional, de acordo
com os dados da Conab (2022) – aproximadamente 20 milhões de toneladas em 2021.

200
174,8 176,8 178,0
180 167,6 170,0 172,5
163,1
(milhões de toneladas)

156,9
150,1
Capacidade estática

160
139,6 144,8
135,0
140

120

100

80

60

40

20

-
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ano

Granel sólido Convencional Total

Figura 9. Evolução da capacidade estática para o armazenamento de grãos no Brasil


Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022).

19
No período analisado, a capacidade estática para o armazenamento da produção cresceu 32%,
influenciada, em grande parte, pelos investimentos em novos armazéns graneleiros. Tal evolu-
ção apresentou taxas de crescimento diferentes ao longo do tempo. Até 2016, o crescimento
anual médio da capacidade estática de armazenagem no Brasil foi de 3,7%. Nesse intervalo de
tempo, foram adicionados ao sistema de armazenagem brasileiro aproximadamente 4,6 mi-
lhões de toneladas de capacidade estática ao ano (máximo de 6,8 milhões adicionados entre
2013 e 2014). A partir de 2017, o crescimento médio anual da capacidade de armazenagem no
Brasil girou em torno de 2,1 milhões de toneladas (1,2% ao ano). Tais informações estão sumari-
zadas na Figura 10, que destaca a diminuição na intensidade da adição de novas infraestruturas
de armazenagem no Brasil observada nos últimos anos.

5,0
4,5%
4,5
4,0%
Crescimento anual da

3,7% 3,7%
capacidade estática

4,0
3,4%
3,5

3,0 2,7%

2,5

2,0
1,4% 1,5% 1,3%
1,5 1,1%
1,0 0,7%
0,5

0,0
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ano

Figura 10. Crescimento anual da capacidade de armazenagem no Brasil


Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022).

A redução na dinâmica de crescimento da capacidade estática de armazenagem no Brasil se


contrapõe à evolução da produção de grãos. A Figura 11 mostra que o Brasil produziu, aproxima-
damente, 226 milhões de toneladas de soja e milho em 2020, período em que a capacidade
estática para o armazenamento da produção girava em torno de 177 milhões de toneladas. Entre
2010 e 2020, o Brasil aumentou a sua produção em 81,0% (adição de 101 milhões de toneladas).

Tais informações mostram que o país tem capacidade estática instalada para armazenar apro-
ximadamente 79,7% da sua produção de soja e milho. Tal índice de capacidade relativa, apre-
sentado na Figura 12, também foi sendo reduzido ao longo dos últimos anos, consequência do
ritmo maior de aumento da produção de grãos. Tais informações reforçam o desbalanço entre
a evolução da produção (média anual crescimento de 10 milhões de toneladas por ano) e o
crescimento da capacidade de armazenamento.

20
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

240 225,8% 223,4%

Milhões de toneladas
212,6% 215,4%
220 200,3%
200 182,7%
174,8% 176,8% 178,0%
180 166,6% 167,6% 170,0% 172,5%
162,0%
160 139,6% 144,8%
135,0% 163,1% 160,6%
140 156,9%
150,1%
120 136,9%
124,1% 130,5%
100
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ano
Capacidade de armazenagem Produção

Figura 11. Evolução da produção de grãos e da capacidade de armazenagem


Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022) e do IBGE (2022).

115 108,7%
107,0%
Capacidade relativa de

110 105,7% 104,4%


armazenagem (%)

105

100 94,1%
95
92,7% 86,1%
90
89,3% 81,1%
85 79,7%
78,3%
80 79,9%
75

70
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Ano
Capacidade/Produção

Figura 12. Brasil: Percentual da produção de grãos que pode ser armazenada (capacidade estática relativa, em porcentagem)
Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022) e do IBGE (2022).

No tocante às características das infraestruturas de armazenagem, dados da Conab (2022)


mostram que apenas 28,8% da capacidade estática de armazenagem possuem infraestrutura
para a realização da operação de secagem dos grãos. Atividades de pré-limpeza estão asso-
ciadas a 31,1% da capacidade estática total. 12,2% contam com estrutura para a realização de
limpeza. Estruturas de termometria e aeração estão presentes em 74,5% e 79,2% da capacida-
de estática nacional. A Figura 13 consolida essas informações, evidenciando a pluralidade das
instalações armazenadoras no que diz respeito a atributos que podem impactar a qualidade
da armazenagem dos grãos.

21
Limpeza 12,2%

infraestrutura
Atributos da
Aeração 79,2%

Termometria 74,5%

Pré-limpeza 31,1%

Secagem 28,8%

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90
Percentual da capacidade total com o atributo

Figura 13. Atributos das infraestruturas de armazenagem


Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022).

Conforme o tipo de entidade, as unidades armazenadoras podem ser classificadas como:


(I) públicas; (II) privadas; e (III) de cooperativas (CONAB, 2022).

Os armazéns públicos são unidades credenciadas junto à Conab para operar com estoques pú-
blicos. Totalizam 4 milhões de toneladas de capacidade estática do país – o que representa ape-
nas 2,3% do total – e estão majoritariamente localizados nas Regiões Sudeste e Sul, respectiva-
mente (Figura 14).

Por outro lado, as unidades privadas respondem por 75,6% da capacidade estática de armaze-
nagem no país (ou cerca de 135 milhões de toneladas) e estão principalmente localizadas na
Região Centro-Oeste (particularmente no estado do Mato Grosso).

As cooperativas representam uma alternativa de prestação de serviços de armazenagem aos produ-


tores de menor escala de produção, cujos volumes acabam não viabilizando a aquisição de uma es-
trutura própria de armazenagem. Por isso, esse tipo de arranjo se destaca na Região Sul (com cerca
de 67,0% da capacidade estática das cooperativas), especialmente no estado do Paraná.

80
(milhões de toneladas)

70
Capacidade estática

60

50

40

30

20

10

0
Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul
Privada 56,8 11,9 5,4 19,5 41,0
Pública 0,3 0,3 0,2 1,7 1,5
Cooperativa 7,9 0,3 0,4 4,6 26,4

Cooperativa Pública Privada

Figura 14. Capacidade estática das unidades armazenadoras, por tipo de entidade e região brasileira (milhões de toneladas)
Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022).

22
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

A Figura 15 ilustra a distribuição da capacidade estática de armazenagem das cooperativas, uni-


dades públicas e privadas no país.

(a) Cooperativas

(b) Públicas

Capacidade estática
(mil toneladas)

Até 28
28-54
54-195
195-345
345-557
557-881

(c) Privadas 881-1.263


1.263-1.844
1.844-2.459
Maior do que 2.459

Figura 15. Distribuição da capacidade estática de armazenagem no Brasil


Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022).

23
Cabe mencionar que, além dessas formas de entidade, outros arranjos intermediários podem
existir, a exemplo dos condomínios de armazéns rurais. Essa configuração permite que peque-
nos produtores tenham acesso a sua própria estrutura de armazenagem, ganhando viabilidade
e escala por meio da associação com outros produtores. Assim, os “condomínios de armazéns
rurais são um tipo de organização associativista, empreendedora e relativamente nova, em que
é viabilizada uma estrutura completa de armazenagem pela divisão de cotas de armazenamen-
to entre produtores rurais vizinhos sócios” (FILIPPI; GUARNIERI, 2019, p. 274).

Conforme sua localização e finalidade, a unidade armazenadora pode ser classificada como: (I)
em nível de fazenda; (II) coletora; (III) intermediária; e (IV) terminal (CONAB, 2022).

O armazém em nível de fazenda é a unidade localizada na propriedade rural, com capacidade


estática e estrutura dimensionada para atender ao próprio produtor. Além de sua importância
para auxiliar na gestão da comercialização da safra, propicia também (APROSOJA, [s. d.]):

• Maior agilidade na colheita, pois elimina o tempo perdido nas filas das unidades armaze-
nadoras coletoras ou intermediárias; e

• Melhor padronização da colheita no que diz respeito a umidade, grãos avariados e impure-
zas, melhorando a qualidade da classificação do produto entregue.

Apesar desses e outros benefícios, dados da Conab (2022) apontam que estruturas de arma-
zenagem em nível de fazenda contabilizam pouco mais de 4 mil unidades. Estas, juntas, res-
pondem por apenas 26,6 milhões de toneladas de capacidade estática, o equivalente a quase
15,0% da capacidade estática total do país (Figura 16). Além disso, boa parte dessa infraestrutura
está concentrada na Região Centro-Oeste. O estado do Mato Grosso, sozinho, representa cerca
de 40% da capacidade estática em nível de fazenda. Essa estrutura de armazenagem no Cen-
tro-Oeste é relativamente nova e é resultado do processo de expansão da fronteira agrícola em
direção a essa região, caracterizada pela agricultura de larga escala (CONAB, 2022).

Cabe mencionar que o produtor investiu relativamente mais em estruturas próprias de arma-
zenagem nos últimos 10 anos do que o observado em nível nacional, o que permitiu elevar a
capacidade estática em nível de fazenda em 40,0% entre 2010 e 2021. Para efeitos comparativos,
a capacidade estática total do país cresceu menos nesse período, na ordem de 32,0%. De qual-
quer forma, em ambos os casos, a taxa de crescimento da capacidade estática de armazenagem
em 10 anos é bem inferior ao crescimento da produção de grãos, que ultrapassou os 82,0%.

200
172,5 174,8 176,8 178,0
(milhões de toneladas)

180 167,6 170,0


163,1
Capacidade estática

160 156,9
144,8 150,1
135,0 139,6
140
120
100
80
60
40 19,0 19,6 20,4 21,4 22,3 23,9 24,8 25,4 25,7 26,0 26,2 26,5
20
-
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 2021
Total Localizada nas propriedades

Figura 16. Evolução da capacidade estática de armazenagem total e em nível de fazenda (em milhões de toneladas)
Fonte: Conab (2022).

24
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

A unidade coletora é a principal estrutura em termos de capacidade estática, respondendo por


75 milhões de toneladas ou 44,5% do total nacional (CONAB, 2022). Esse tipo de armazém está
localizado na zona rural (inclusive nas propriedades rurais) ou urbana e recebe produtos dire-
tamente das lavouras para prestação de serviços para vários produtores. Possui características
operacionais próprias e é dotada de equipamentos para processamento de limpeza, secagem e
armazenagem, com capacidade operacional compatível com a demanda local.

A unidade intermediária é o armazém que permite a concentração de grandes estoques em lo-


cais estratégicos, visando facilitar o processo de comercialização, industrialização ou exportação.
Corresponde à segunda maior capacidade estática de armazenagem do país, com 33,0% do
total (CONAB, 2022).

Tanto as unidades coletoras quanto as intermediárias são fundamentais para agregar capacida-
de estática de armazenagem nas regiões produtoras, provendo os serviços em locais estratégi-
cos para os produtores que não possuem sua estrutura na fazenda. Por isso, são majoritariamen-
te encontradas nas Regiões Centro-Oeste e Sul.

Por fim, a unidade armazenadora terminal possui características de alta rotatividade, localizada
junto aos portos ou próximo aos grandes centros consumidores. São cerca de 280 unidades que
totalizam 13,5 milhões de toneladas de capacidade estática. Desse total, quase 90,0% da capa-
cidade estática estão localizados em zona portuária (Tabela 1), o que explica a elevada participa-
ção dos estados de SP, PR e RS, nos quais encontram-se os principais portos de movimentação
de soja e milho. Os 10,0% restantes dizem respeito às unidades terminais localizadas no interior
do país, em portos secos.

Tabela 1. Perfil das unidades armazenadoras terminais localizadas em zona portuária

Capacidade estática Capacidade estática


Região/UF Unidades
(toneladas) relativa (%)

Sul 136 5.751.147 47,8%

RS 38 2.662.450 22,1%

PR 68 2.401.977 20,0%

SC 30 686.720 5,7%

Sudeste 71 3.332.751 27,7%

SP 58 2.761.731 23,0%

ES 12 567.170 4,7%

MG 1 3.850 0,0%

Norte 30 826.160 6,9%

PA 26 658.485 5,5%

RO 4 167.675 1,4%

25
Capacidade estática Capacidade estática
Região/UF Unidades
(toneladas) relativa (%)

Nordeste 32 1.387.973 11,5%

MA 13 818.209 6,8%

PE 4 236.230 2,0%

AL 8 189.492 1,6%

CE 7 144.042 1,2%

Centro-Oeste 13 725.384 6,0%

MT 11 647.724 5,4%

GO 1 46.290 0,4%

MS 1 31.370 0,3%

Total 282 12.023.415 100,0%

Fonte: Conab (2022).

4.2. Perfil da armazenagem por região brasileira

Dados da Conab (2022) mostram que, atualmente, a Região Sul é que a soma a maior capacida-
de de armazenagem estática instalada – aproximadamente 68,8 milhões de toneladas, o equi-
valente a 38,7% da capacidade nacional. Os cinco municípios com as maiores capacidades ins-
taladas são Ponta Grossa (PR), Rio Grande (RS), Paranaguá (PR), Guarapuava (PR) e Maringá (PR).

Na sequência, 36,5% da capacidade de armazenagem estão instalados na Região Centro-Oes-


te (65,0 milhões de toneladas). Sorriso (MT), Primavera do Leste (MT), Lucas do Rio Verde (MT),
Rio Verde (GO) e Campo Novo do Parecis (MT) se destacam como os municípios com a maior
capacidade instalada do Centro-Oeste. Juntas, as Regiões Sul e Centro-Oeste somam 75,2% da
capacidade de armazenagem e 76,3% da produção de soja e milho nacionais.

A Região Sudeste aparece em terceiro lugar (14,5% da capacidade total), seguida pelos municí-
pios da Região Nordeste (7,0%) e Norte (3,3%).

Tida como a principal fronteira agrícola da produção nacional de grãos, a regionalização de Ma-
topiba (que compreende os estados do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia) soma 7,8%
da capacidade estática de armazenagem, o equivalente a 13,3 milhões de toneladas.

A distribuição da capacidade estática de armazenagem no Brasil em nível municipal é apresen-


tada na Figura 17.

26
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Capacidade estática
(mil toneladas)

Até 28
28-54
54-195
195-345
345-557
557-881
881-1.263
1.263-1.844
1.844-2.459
Maior do que 2.459

Figura 17. Distribuição espacial da capacidade estática de armazenagem de grãos


Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022).

No comparativo entre as unidades da Federação, o Mato Grosso é o estado cuja capacidade de


armazenagem representa 22,0% da nacional – 39,2 milhões de toneladas. Com uma produção
anual de soja e milho da ordem de 68,7 milhões de toneladas, esse estado figura entre os de
maior déficit entre produção e capacidade de armazenagem. Aproximadamente 42,9% da pro-
dução é superior à capacidade estática das infraestruturas de armazenagem.

O Paraná tem uma capacidade estática de armazenamento de 30,2 milhões de toneladas. A


produção de soja e milho estadual totaliza 36,7 milhões de toneladas no ano, caracterizando a
existência de um déficit de armazenagem (aproximadamente 17,7% da produção é superior à
capacidade estática das infraestruturas de armazenagem).

Dentre as unidades da Federação destacadas na Tabela 2 (maiores produtores de soja e milho),


Rio Grande do Sul, São Paulo e Santa Catarina têm o somatório das respectivas capacidades
de armazenagem superior à produção estadual. Pelo comparativo entre capacidade estática
e produção, não são observados déficits no armazenamento desses grãos em tais localidades.
Contudo, é importante ressaltar que: (I) parte das infraestruturas de armazenagem está locali-
zada em portos, distantes das regiões produtivas; e (II) safras de outras culturas concorrem por
espaço nos armazéns.

27
Pelas informações da Tabela 2, os maiores déficits de armazenagem estaduais estão localiza-
dos no Mato Grosso do Sul, no Piauí, no Maranhão, no Tocantins, no Mato Grosso, no Pará e em
Goiás. Nesses estados, ao menos 40% da produção são superiores à capacidade estática de
armazenamento de grãos.

Tabela 2. Capacidade estática e produção nas principais unidades da Federação

Percentual da
Capacidade
Capacidade Produção produção que
estática Produção
UF estática (milhões de é superior à
(milhões de relativa (%)
relativa (%) toneladas) capacidade
toneladas)
estática (%)
MT 39,2 22,0% 68,7 30,4% 42,9%
PR 30,2 16,9% 36,7 16,2% 17,7%
GO 14,8 8,3% 24,7 10,9% 40,0%
MS 10,6 6,0% 21,6 9,6% 50,9%
RS 32,3 18,2% 15,5 6,9% 0,0%
MG 10,1 5,7% 13,9 6,2% 27,5%
BA 5,7 3,2% 8,7 3,9% 35,2%
SP 14,2 8,0% 8,4 3,7% 0,0%
MA 2,8 1,6% 5,2 2,3% 46,2%
SC 6,3 3,6% 4,9 2,2% 0,0%
PI 2,4 1,4% 4,6 2,1% 48,1%
TO 2,5 1,4% 4,4 2,0% 43,5%
PA 1,7 0,9% 2,9 1,3% 41,6%
Outras UFs 5,2 2,9% 5,4 2,4% -

Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022) e do IBGE (2022).

A agregação dessas informações mostra que os estados da Região Centro-Oeste têm capa-
cidade para armazenar pouco mais da metade da produção local. Dados relativos ao ano de
2020 mostram que o Mato Grosso tem uma capacidade relativa para armazenar 56,9% da sua
produção de soja e milho. Para Goiás, essa capacidade relativa é de 59,3%. No Mato Grosso do
Sul, 48,5%. Para esses estados, a capacidade relativa foi diminuindo ao longo dos últimos anos
(Figura 18), consequência do desequilíbrio entre o crescimento da produção e a realização de
investimentos em infraestrutura.

A Figura 19 traz essa mesma informação para os estados de Matopiba. Decréscimo na capaci-
dade relativa de armazenagem também é verificado, sendo o Maranhão capaz de armazenar
53,8% da sua produção, o Tocantins, 55,6%, o Piauí, 47,3% e a Bahia, 64,4%.

Na Região Sul, o Paraná tem capacidade instalada para armazenar 82,1% da sua produção de
soja e milho (Figura 20). Santa Catarina e Rio Grande do Sul têm capacidade de armazenagem
superior à produção de soja e milho. Cabe adicionar que esta também pode ser disponibiliza-
da para o armazenamento de outros grãos produzidos na região.

28
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Capacidade relativa de
100,0

armazenamento (%)
90,0

70,0

60,0

50,0

40,0

2015 2016 2017 2018 2019 2020


GO 75,3% 86,3% 64,9% 68,5% 62,6% 59,3%
MT 73,7% 89,6% 62,6% 66,1% 60,8% 56,9%
MS 55,2% 71,4% 51,5% 59,1% 55,2% 48,5%

GO MT MS

Figura 18. Região Centro-Oeste: percentual da produção de grão que pode ser armazenado (capacidade estática relativa,
em porcentagem)
Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022) e do IBGE (2022).

160
Capacidade relativa de
armazenamento (%)

140

120

100

80

60

40
2015 2016 2017 2018 2019 2020
MA 73,0% 137,8% 67,2% 69,2% 60,5% 53,8%
TO 62,2% 88,1% 70,8% 69,8% 65,5% 55,6%
PI 62,9% 149,5% 57,0% 50,6% 52,4% 47,3%
BA 72,1% 110,1% 76,4% 64,3% 77,3% 64,4%

MA TO PI BA

Figura 19. Matopiba: percentual da produção de grão que pode ser armazenada (capacidade estática relativa, em porcentagem)
Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022) e do IBGE (2022).

230,0

210,0
Capacidade relativa de
armazenamento (%)

190,0

170,0

150,0

130,0

110,0

90,0

70,0

50,0
2015 2016 2017 2018 2019 2020
PR 85,1% 93,3% 80,4% 93,4% 91,3% 82,1%
SC 105,6% 120,9% 106,4% 120,2% 119,0% 125,7%
RS 144,8% 148,5% 125,9% 143,1% 131,2% 206,8%
PR SC RS

Figura 20. Região Sul: percentual da produção de grão que pode ser armazenada (capacidade estática relativa, em porcentagem)
Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022) e do IBGE (2022).

29
Aprofundando o comparativo entre as capacidades de armazenagem e os dados da produ-
ção de soja e milho por microrregião brasileira, a Figura 21 ilustra a distribuição geográfica do
déficit e do superávit de armazenagem no Brasil. Na imagem, os tons avermelhados indicam
que a produção de grãos é superior à capacidade estática de armazenagem da microrregião
(indicativo de déficit). Por sua vez, tons esverdeados estão associados a microrregiões em que
a produção desses grãos é menor do que a capacidade estática instalada. Nesses casos, cabe
adicionar que não necessariamente existe superávit de armazenagem se se considerar o se-
guinte conjunto de informações: (I) outros grãos podem ter elevada importância para a agri-
cultura regional, competindo por espaço de armazéns com as produções de soja e milho; e (II)
parte significativa da capacidade de armazenagem pode estar associada a regiões portuárias
e a terminais multimodais (armazenagem transitória).

Capacidade relativa (%)


< 25%
26% - 50%
51% - 75%
76% - 100%
> 101%

Figura 21. Relação entre a capacidade estática de armazenagem e a produção de soja e milho, considerando microrregiões
com produção de grãos acima de 16 mil toneladas
Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022) e do IBGE (2022).

Considerando informações relativas ao ano de 2020, os maiores déficits absolutos estão nas mi-
crorregiões de Alto Teles Pires (MT), Dourados (MS), Sudoeste de Goiás (GO), Arinos (MT), Parecis
(MT), Canarana (MT), Sinop (MT), Norte Araguaia (MT) e Entorno de Brasília (GO), todas no Cen-
tro-Oeste. Para cada uma dessas localidades, a produção é ao menos 2,0 milhões de toneladas
superior à capacidade estática de armazenagem.

Na regionalização de Matopiba:

• O detalhamento dessa análise para o Maranhão mostra que Gerais de Balsas (MA), Chapadas das
Mangabeiras (MA) e Imperatriz (MA) são as microrregiões os maiores déficits de armazenagem;

30
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

• No Tocantins, os maiores déficits estão nas microrregiões de Jalapão (TO), Miracema do


Tocantins (TO) e Porto Nacional (TO);

• No Piauí, o déficit se evidencia no Alto Parnaíba Piauiense (PI), no Alto Médio Gurguéia (PI) e
nas Chapadas do Extremo Sul Piauiense (PI); e

• Na Bahia, os maiores déficits estão em Barreiras (BA), Santa Maria da Vitória (BA) e Ribeira
do Pombal (BA).

Goioerê (PR), Toledo (PR) e Cornélio Procópio (PR) compõem as regiões paranaenses com as
maiores diferenças entre a produção e a capacidade de armazenagem.

Relativo ao desenvolvimento das infraestruturas de armazenagem nos estados brasileiros, o des-


compasso entre o crescimento da produção de grãos no Brasil e o crescimento da capacidade
estática de armazenagem é ainda mais evidente no Mato Grosso. Entre 2015 e 2020, o crescimento
médio anual da produção de soja e milho no estado foi de 3,9 milhões de toneladas. No mesmo
período, a capacidade estática de armazenagem teve um crescimento médio anual de 569 mil
toneladas. Em termos relativos, o crescimento anual da capacidade estática no Mato Grosso foi
capaz de armazenar apenas 15% do crescimento da produção estadual de grãos. Essa diferença
tende a agravar a problemática da falta de capacidade para o armazenamento de grãos no estado.

O mesmo é observado em Goiás e no Maranhão. Lá, o crescimento médio da capacidade es-


tática de armazenagem representa 15,0% do crescimento médio anual da produção de grãos.
Em Goiás, a produção teve um crescimento médio anual de 1,31 milhão de toneladas e a capa-
cidade de armazenagem cresceu 0,20 milhão de toneladas por ano. Quanto à realidade ma-
ranhense, 0,35 e 0,05 (milhão de toneladas) foi o crescimento anual médio da produção e da
armazenagem, respectivamente.

Essa diferença na dinâmica de crescimento da produção e da armazenagem é típica para os


estados do Centro-Oeste e de Matopiba. Na Região Sul, esse descompasso não é observado nos
estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul (estados com redução na produção de soja e
milho no período analisado, conforme supracitado).

A Figura 22 permite comparar o crescimento da produção e da capacidade de armazenagem


nos estados da Região Centro-Oeste e Região Sul e de Matopiba. Em valores absolutos, o Mato
Grosso tem um aumento médio no déficit de armazenagem de 3,3 milhões de toneladas por
ano. Dentre os demais estados, o aumento anual no déficit de armazenagem é de 1,1 milhão de
toneladas em Goiás, 703 mil toneladas no Mato Grosso do Sul, 294 mil toneladas no Maranhão,
163 mil toneladas no Tocantins, 276 mil toneladas no Piauí, 220 mil toneladas na Bahia e 331 mil
toneladas no Paraná. Para essas localidades, tais informações reforçam o entendimento de que
o déficit de armazenagem de grãos tem aumentado nos últimos anos.

5,00
Milhões de toneladas

3,90
4,00

3,00

2,00
1,31
0,92
1,00 0,57 0,35 0,110,28 0,35 0,31 0,400,73 0,17 0,25
0,20 0,22 0,05 0,08 0,09
-
-0,03
(1,00)
-1,15
(2,00)
GO MT MS MA TO PI BA PR SC RS
UF
Capacidade Produção

Figura 22. Crescimento médio anual da produção de soja e milho e da capacidade estática de armazenamento (entre 2015 e 2020)
Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022) e do IBGE (2022).

31
A Tabela 3 detalha as informações de capacidade estática por região brasileira, trazendo o com-
parativo com as infraestruturas instaladas nas propriedades rurais (em nível de fazenda). Confor-
me supracitado, apenas 14,9% da capacidade estática de armazenagem no Brasil está instalada
nas propriedades rurais (26,4 milhões de toneladas). O Nordeste é a região com maior participa-
ção de armazéns em nível de fazenda em relação à capacidade total do estado – aproximada-
mente 41,0% da capacidade está instalada nas propriedades (5,1 milhões de toneladas). O Mato
Grosso aparece com a segunda maior participação relativa – em torno de 22,2%, o que represen-
ta 14,46 milhões de toneladas de capacidade.

Tabela 3. Perfil da capacidade de armazenagem entre as regiões brasileiras


(dados do ano de 2021)

Centro- Brasil
Variável Sul Nordeste Norte Sudeste
-Oeste (total)
Capacidade estática
65,0 68,8 12,4 5,9 25,8 178,0
(milhões de toneladas)
Capacidade estática
nas propriedades 14,5 3,5 5,1 0,8 2,6 26,5
(milhões de toneladas)
Capacidade estática
nas propriedades 22,2% 5,1% 41,0% 13,1% 10,2% 14,9%
(% do total)
Distribuição da
capacidade estática 36,5% 38,7% 7,0% 3,3% 14,5% -
por região (%)

Fonte: Elaborada com base em informações da Conab (2022).

4.3. Perfil da armazenagem do produtor rural

Nesta seção, o objetivo é analisar o perfil do uso da armazenagem pelos produtores, a partir da
análise exploratória dos dados do Censo Agropecuário realizado em 2017 pelo IBGE.

O Brasil possui 268 mil estabelecimentos agropecuários com unidades armazenadoras, dos
quais 78,7% são armazéns convencionais/estruturais, 20,8% são do tipo silo, 2,5% são do tipo
graneleiro e granelizado e apenas 0,4% são infláveis, de acordo com a classificação do IBGE.

Por outro lado, em termos de capacidade instalada, verifica-se uma concentração maior de qua-
se 60,0% de armazéns do tipo silo nas propriedades, em contraste com os armazéns convencio-
nais, que correspondem a aproximadamente 23,0%, com os armazéns graneleiros/granelizados,
que correspondem a 16,3%, e com os armazéns infláveis, que correspondem a 0,9% da capaci-
dade total instalada de armazenagem.

Mais especificamente ainda, cerca de 93,0% dos armazéns nos estabelecimentos agropecuários
são dos próprios proprietários dos estabelecimentos, 5,0% são dos arrendatários da terra e o
restante se distribui entre parceiros e comodatários.

A Figura 23 apresenta a distribuição da capacidade estática instalada nos principais estados


produtores de grãos e da região de fronteira agrícola (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) no
Brasil, envolvendo o destaque para os diferentes tipos de infraestrutura (graneleiro/granelizado,
silo, convencionais e infláveis).

32
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Bahia Goiás Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul

Paraná Piauí Rio Grande do Sul Santa Catariana Tocantins

PARANÁ

BAHIA SANTA
TOCANTINS SILO CONV CATARINA

GRAN

SILO CONV

SILO CONV CONV


GRAN
SILO
GRAN

GRAN

RIO
MATO CONV GRANDE
GROSSO SILO GRAN SILO
DO SUL

GRAN

CONV

SILO GRAN
SILO CONV
CONV

SILO CONV

GRAN
GRAN
SILO CONV
PIAUÍ

MARANHÃO GRAN

GOIÁS

MATO GROSSO
DO SUL

Figura 23. Proporção da distribuição da capacidade estática de armazenagem dentro da fazenda nos principais estados
produtores de grãos no Brasil
Nota: SILO: armazenagem do tipo silo; GRAN: armazéns graneleiros e granelizados; INFLA: infláveis; e CONV: armazéns
convencionais e estruturais.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do Censo Agropecuário 2017 (IBGE, 2017).

É notório o destaque da participação da capacidade estática nos estabelecimentos agrope-


cuários nos estados do Mato Grosso (29,1% do Brasil) e do Rio Grande do Sul (14,6% do Brasil).
A estatística detalhada pode ser consultada na Tabela 4.

33
Tabela 4. Distribuição da capacidade estática de armazenagem nas propriedades (mil tone-
ladas e % do Brasil) dos principais estados produtores de grãos

Armazéns Armazéns
Unidade
Total convencionais Infláveis graneleiros e Silos
federativa
e estruturais granelizados
56.521 12.934 492 9.225 33.868
Brasil
(100%) (100%) (100%) (100%) (100%)
924 404 33 67 419
Tocantins
(1,6%) (3,1%) (6,6%) (0,7%) (1,2%)
1.347 550 27 106 663
Maranhão
(2,3%) (4,2%) (5,6%) (1,1%) (1,9%)
1.539 143 0 360 1.035
Piauí
(2,7%) (1,1%) (0%) (3,9%) (3%)
4.121 1.029 24 874 2192
Bahia
(7,2%) (7,9%) (4,9%) (9,4%) (6,4%)
3.576 970 27 219 2.358
Paraná
(6,3%) (7,5%) (5,5%) (2,3%) (6,9%)
Santa 1.861 814 12 55 977
Catarina (3,2%) (6,2%) (2,5%) (0,6%) (2,8%)
Rio Grande 8.300 1.502 28 602 6.166
do Sul (14,6%) (11,6%) (5,7%) (6,5%) (18,2%)
Mato Grosso 3.029 409 0 320 2299
do Sul (5,3%) (3,1%) (0%) (3,4%) (6,7%)
16.477 1.732 2 5.507 9.234
Mato Grosso
(29,1%) (13,3%) (0,5%) (59,7%) (27,2%)
4.574 962 46 548 3017
Goiás
(8%) (7,4%) (9,3%) (5,9%) (8,9%)

Nota: Valores em parênteses representam a participação (%) da unidade federativa em relação ao Brasil.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do Censo Agropecuário 2017 (IBGE, 2017).

Os estabelecimentos agropecuários com área de lavoura acima de 501 hectares concentram apro-
ximadamente 67,6% da capacidade estática total de armazenagem no país. As propriedades com
pequenas áreas de lavoura (até 10 hectares), em contraste, concentram 5,92% da capacidade está-
tica total de armazenagem. O detalhamento da distribuição da capacidade estática de armazena-
gem por tipo de armazém e tamanho de área de lavoura pode ser visualizado na Tabela 5.

Tabela 5. Distribuição da capacidade estática de armazenagem nos estabelecimentos agro-


pecuários, por tipo de armazém e tamanho da área de lavoura no Brasil

Armazéns Armazéns
Área de lavoura Total convencionais Infláveis graneleiros e Silos
e estruturais granelizados
Até 10 hectares 5,92% 17,72% 4,43% 0,95% 2,79%
De 11 a 50 hectares 5,69% 14,24% 7,59% 1,49% 3,55%
De 51 a 100 hectares 2,31% 4,76% 1,41% 0,56% 1,86%
De 101 a 200 hectares 2,39% 4,04% 1,10% 1,01% 2,16%
De 201 a 500 hectares 6,53% 8,25% 5,69% 2,21% 7,06%
Acima de 501 hectares 67,58% 39,06% 77,04% 80,61% 74,79%
Produtor sem área de lavoura 9,57% 11,92% 2,74% 13,17% 7,80%

Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do Censo Agropecuário 2017 (IBGE, 2017).

34
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

A distribuição da capacidade total de armazenagem nos estabelecimentos agropecuários, por


tamanho de área de lavoura dos principais estados produtores de grãos e da fronteira agrícola
do país, pode ser visualizada na Figura 24.

De formal geral, observa-se concentração elevada da capacidade de armazenagem nas pro-


priedades que apresentam área de lavoura acima de 501 hectares, tal como a realidade no nível
Brasil apresentado anteriormente, envolvendo os estados da Bahia, de Goiás, do Maranhão, do
Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul, do Piauí, do Rio Grande do Sul e do Tocantins. Tal estatística
agrega a capacidade das estruturas de armazéns convencionais, estruturais, infláveis, granelei-
ros, granelizados e silos.

Bahia Goiás Maranhão Mato Grosso Mato Grosso do Sul

Até 10 hectares Até 10 hectares Até 10 hectares Até 10 hectares Até 10 hectares
6,3% 1,7% 2,8% 0,3% 0,2%
Até 11 a 50 hectares Até 11 a 50 hectares Até 11 a 50 hectares Até 11 a 50 hectares Até 11 a 50 hectares
4,4% 2,6% 1,0% 0,1% 0,5%
Até 51 a 100 hectares Até 51 a 100 hectares Até 51 a 100 hectares Até 51 a 100 hectares Até 51 a 100 hectares
2,2% 1,1% 1,0% 0,1% 0,5%
Até 101 a 200 hectares Até 101 a 200 hectares Até 101 a 200 hectares Até 101 a 200 hectares Até 101 a 200 hectares
1,9% 1,0% 0,2% 0,3% 1,8%
Até 201 a 500 hectares Até 201 a 500 hectares Até 201 a 500 hectares Até 201 a 500 hectares Até 201 a 500 hectares
2,1% 7,5% 1,9% 1,0% 5,7%
Acima de 501 hectares Acima de 501 hectares Acima de 501 hectares Acima de 501 hectares Acima de 501 hectares
78,4% 64,2% 91,6% 92,2% 76,3%
Produtor sem área de lavoura Produtor sem área de lavoura Produtor sem área de lavoura Produtor sem área de lavoura Produtor sem área de lavoura
4,7% 21,3% 1,5% 6% 14,9%

Paraná Piauí Rio Grande do Sul Santa Catarina Tocantins


Até 10 hectares Até 10 hectares Até 10 hectares Até 10 hectares Até 10 hectares
8,5% 0,4% 4,1% 35,7% 1,7%
Até 11 a 50 hectares Até 11 a 50 hectares Até 11 a 50 hectares Até 11 a 50 hectares Até 11 a 50 hectares
11,9% 0,3% 5,7% 23,3% 0,2%
Até 51 a 100 hectares Até 51 a 100 hectares Até 51 a 100 hectares Até 51 a 100 hectares Até 51 a 100 hectares
2,9% 0,1% 4,4% 7% 0,3%
Até 101 a 200 hectares Até 101 a 200 hectares Até 101 a 200 hectares Até 101 a 200 hectares Até 101 a 200 hectares
4,7% 0% 4,8% 5,5% 1,8%
Até 201 a 500 hectares Até 201 a 500 hectares Até 201 a 500 hectares Até 201 a 500 hectares Até 201 a 500 hectares
12,6% 0,4% 15,9% 4,6% 14,3%
Acima de 501 hectares Acima de 501 hectares Acima de 501 hectares Acima de 501 hectares Acima de 501 hectares
47,7% 95,6% 59,1% 12,4% 69,8%
Produtor sem área de lavoura Produtor sem área de lavoura Produtor sem área de lavoura Produtor sem área de lavoura Produtor sem área de lavoura
11,7% 3,2% 5,5% 11,6% 12%
% 0% 0% % 0% 0% % 0% 0% % 0% 0% %
40
%
0%
0%

0%

0%

0%

0%

%
%

%
20 4 10 20 4 10 20 4 10 20 4 10 20 10
80

80

80

80

80
60

60

60

60

60

Figura 24. Distribuição da capacidade total de armazenagem (% do total) dentro da fazenda, por tamanho da área de la-
voura das propriedades dos principais estados produtores de grãos
Nota: Tais estatísticas agregam a capacidade das estruturas de armazéns convencionais, estruturais, infláveis, graneleiros,
granelizados e silos.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do Censo Agropecuário 2017 (IBGE, 2017).

A capacidade média de armazenagem, por estabelecimento agropecuário no Brasil, é de 211


toneladas (ou 3.516 sacas de 60 kg), envolvendo todo o sistema de armazenagem (convencio-
nais, estruturais, infláveis, graneleiros, granelizados e silos). Particularmente para o armazém do
tipo silo, a capacidade média por estabelecimento é de 609 toneladas (10.150 sacas de 60 kg).
Os estados do Mato Grosso e do Piauí se destacam como produtores de grãos com maior capa-
cidade média de armazenagem dentro da propriedade, passando de quatro mil toneladas. No
caso especificamente do armazém do tipo silo, observa-se uma capacidade média instalada de
armazenagem do Piauí, que supera inclusive o estado do Mato Grosso, além do Maranhão, que
figura no ranking como terceiro colocado. A Figura 25 apresenta os indicadores de capacidade
média de armazenagem por estabelecimento agropecuário das principais regiões produtoras
de grãos e por tipo de armazém.

35
Total Armazéns convencionais e estruturais

960
5.526

4.424

511
473

1.733 308

910 167
636 107
211 257 172 257 61 47 16 36 63
114 68

BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO

Armazéns graneleiros e granelizados Silos

12.941
18.984

14.015
8.297

6.197
5.554

5.590 5.268 3.018


3.556 2.043
2.482
1.377 2.363 609 1.020 370 745
175 65 498 104

BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO

Figura 25. Capacidade média de armazenagem por estabelecimento agropecuário com unidade armazenadora (tonela-
da/estabelecimento)
Nota: Tais estatísticas no total agregam a capacidade das estruturas de armazéns convencionais, estruturais, infláveis, gra-
neleiros, granelizados e silos.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do Censo Agropecuário 2017 (IBGE, 2017).

Considerando os dados do Censo Agropecuário 2017 (IBGE, 2017), em média, o Brasil possui 1,46
unidade armazenadora por estabelecimento agropecuário com estrutura de armazenagem. No
caso específico de silos, estrutura mais comum utilizada para armazenagem de grãos, o número
médio por estabelecimento agropecuário no Brasil é de 2,29 – sendo que os estados do Tocan-
tins (3,32), do Maranhão (2,38), do Piauí (3,5), do Mato Grosso do Sul (3,4), do Mato Grosso (3,03)
e de Goiás (2,58) ultrapassam essa média. O detalhamento da quantidade média de unidades
armazenadoras, por estabelecimento agropecuário e que possuem infraestrutura de armazena-
gem, pode ser visualizado na Figura 26.

36
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Total Armazéns convencionais e estruturais

2,18 1,26
1,23 1,23
1,85
1,17
1,11 1,14 1,19 1,14 1,13 1,14
1,8 1,8 1,04
1,63
1,46 1,4
1,34 1,32 1,38
1,09

BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO

Armazéns graneleiros e granelizados Silos

2,38 2,32
3,5 3,4
3,32
1,76 3,03
1,64
1,53 2,53 2,58
1,4 2,38
1,32 1,31 1,38 2,29 2,25
1,19 1,16 1,9 1,86

BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO

Figura 26. Quantidade média de unidades armazenadoras por estabelecimento agropecuário com unidades armazenadoras
Nota: Tais estatísticas no total agregam a capacidade das estruturas de armazéns convencionais, estruturais, infláveis, gra-
neleiros, granelizados e silos.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do Censo Agropecuário 2017 (IBGE, 2017).

Outra estatística importante para compreender o perfil da armazenagem ao nível de fazenda


diz respeito à capacidade média de cada unidade armazenadora instalada na propriedade
(Figura 27). No Brasil, cada unidade armazenadora possui 145 toneladas de capacidade. Mais
especificamente ainda, a capacidade média por silo nas propriedades é de 265 toneladas. Os
estados do Maranhão (2,6 mil toneladas/silo), do Piauí (3,6 mil toneladas/silo), do Mato Grosso
do Sul (1,6 mil toneladas/silo) e de Tocantins (910 toneladas/silo) despontam como as regiões
com as maiores capacidades médias por silo nas unidades armazenadoras.

37
Total Armazéns convencionais e estruturais

2.459 2.539
844

427 447
935
245
505
389 103 136
145 237 187 52 56
128 82 52 39 29 32

BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO

Armazéns graneleiros e granelizados Silos

14.428 3.697

2.601 2.739

6.033 1.634
4.828
910 792
2.094 2.214 2.026 404 257 402
899 1.439 265
197 65 359 108

BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO BR TO MA PI BA PR SC RS MS MT GO

Figura 27. Capacidade média de armazenagem (toneladas) de cada unidade armazenadora no estabelecimento agrope-
cuário
Nota: Tais estatísticas no total agregam a capacidade das estruturas de armazéns convencionais, estruturais, infláveis, gra-
neleiros, granelizados e silos.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir de dados do Censo Agropecuário 2017 (IBGE, 2017).

4.4. Comparativo entre a armazenagem no Brasil e nos EUA

Nos Estados Unidos da América (EUA), a capacidade de armazenagem total de grãos em 2021 foi
da ordem de 660 milhões de toneladas (USDA, 2022). Destaca-se o fato de que a maior parte da
capacidade de armazenagem do país corresponde a infraestrutura nas fazendas, o que reduz a
dependência do produtor em relação ao serviço de armazenagem de terceiros e confere maior
poder de decisão no momento de comercialização da safra.

A Tabela 6 sintetiza alguns indicadores relativos a armazenagem no Brasil e nos Estados Uni-
dos. Enquanto nos EUA a capacidade de armazenagem total de grãos corresponde a 131,0% da
produção de soja e milho, no Brasil essa relação se reduz para aproximadamente 80,0%. Além
disso, nos EUA, a maior parcela da capacidade de armazenagem está localizada nas fazendas
(o equivalente a 53,4% do total), sendo que no Brasil tal participação é de quase 15,0%.

38
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Tabela 6. Indicadores de armazenagem no Brasil e nos EUA, 2021

Indicador Brasil EUA


Capacidade absoluta 178 milhões de toneladas 660 milhões de toneladas
Capacidade relativa 80% da produção3 131% da produção3
Capacidade on-farm1 15% da capacidade estática total 53% da capacidade estática total
Capacidade off-farm2 85% da capacidade estática total 47% da capacidade estática total

Nota: 1 On-farm: capacidade dentro da fazenda; 2 off-farm: capacidade fora da fazenda; 3 referente à produção de
soja e milho em 2021.
Fonte: Conab (2022), IBGE (2022) e USDA (2022).

Os estados com maior capacidade absoluta de armazenagem nos EUA são Iowa e Illinois, com
cerca de 93 e 82 milhões de toneladas em 2021, respectivamente. Eles são também os maiores
produtores de soja e milho do país (cerca de 82 e 74 milhões de toneladas, respectivamente).
A capacidade estática relativa nesses estados corresponde a 100,0% e 124,0% da produção de
soja e milho em Iowa e Illinois, respectivamente (USDA, 2022).

No Brasil, Mato Grosso e Paraná são os estados de maior produção de soja e milho (68,7 e 36,7 mi-
lhões de toneladas, respectivamente) e de capacidade estática absoluta de armazenagem (39,2
e 30,1 milhões de toneladas, respectivamente). Como resultado, sua capacidade estática relativa
corresponde a 57,0% e 82,0% da produção de soja e milho em MT e PR (CONAB, 2022; IBGE, 2022).

Cabe mencionar que o fato de o Brasil ter mais de uma safra por ano representa uma particulari-
dade que o difere da realidade de outros países produtores, como os EUA, por exemplo. De fato,
mais importante do que a própria capacidade estática, total ou relativa, em uma região é que ela
suporte o fluxo de produtos durante o período de colheita até o final da comercialização. Para
uma determinada quantidade produzida, quanto mais concentrado esse fluxo em determinado
período do ano, maior deve ser a capacidade do local para receber a produção. Por outro lado,
quanto mais distribuído esse fluxo ao longo do ano, menor a necessidade de capacidade de ar-
mazenagem – e o fato de haver mais de uma safra auxilia nesse aspecto.

Nessa linha, quando se observa os indicadores dos EUA, país com uma das maiores capacidades
de armazenagem do mundo, mas com apenas uma safra anual, tem-se notado um aumento da
escassez de estruturas para o adequado armazenamento de grãos, especialmente nas regiões
de produção menos tradicionais. Com isso, apesar dos números expressivos da armazenagem, o
país também tem parte do produto armazenado a céu aberto ou em silos bolsas.

39
5. PESQUISA DA SITUAÇÃO DE
ARMAZENAGEM AGRÍCOLA SOB A ÓTICA
DOS PRODUTORES RURAIS

Além do levantamento de dados secundários realizado especialmente para estruturação da


Seção 4, foi realizada uma aplicação de questionário em formato eletrônico junto ao setor
produtivo, com o intuito de levantar informações primárias a respeito da armazenagem na
fazenda, sob a ótica do produtor rural. Em geral, o questionário aplicado abordava uma série
de questões voltadas: à compreensão do perfil do produtor que possui armazéns próprios; à
identificação das principais dificuldades do produtor em investir em armazenagem; à identifi-
cação das características da gestão do armazém por parte do produtor; e ao levantamento dos
incentivos para fomentar a armazenagem ao nível de fazenda.

O questionário foi dividido em quatro partes, as quais contemplavam um conjunto específi-


co de questões, conforme ilustrado na Figura 28. Na primeira parte (Parte I), um conjunto de
cinco questões buscava captar informações sobre as características dos produtores e das suas
propriedades agrícolas. Dependendo das respostas inseridas pelo produtor sobre a situação
da armazenagem na fazenda e o tipo de armazém, o questionário o direcionava para um novo
conjunto de perguntas, de acordo com seu perfil. Assim, na segunda parte do questionário
(Parte II), um novo conjunto de questões objetivava especificamente caracterizar a situação
do produtor que: possui armazém na propriedade (12 perguntas); possui armazém e silo bolsa
na propriedade (12 perguntas); utiliza apenas silo bolsa (5 perguntas); ou não possui armazém
(6 perguntas).

Na Parte III, as questões estavam voltadas para o levantamento de informações mais específi-
cas sobre o silo bolsa, destinadas somente aos produtores que afirmaram utilizar essa alterna-
tiva de armazenagem.

A última parte do questionário (Parte IV) foi direcionada para identificar sugestões de incenti-
vos para fomentar a armazenagem na fazenda, na visão do produtor.

Assim, dependendo do perfil da armazenagem do produtor, ele poderia responder de 11 a, no


máximo, 23 perguntas no total.

40
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

5 perguntas

Características do produtor
e da propriedade agrícola
Parte I

12 perguntas 12 perguntas 5 perguntas 6 perguntas

Característica do
Característica do produtor que
produtor que possui armazém Característica do Característica do
Parte II possui armazém na propriedade produtor que produtor que não
na propriedade (silo, convencional utiliza apenas silo possui armazém
(silo, convencional ou graneleiro) e bolsa
ou graneleiro) também usa silo
bolsa

5 perguntas

Informações
Parte III sobre o silo bolsa

1 pergunta

Identificação de
Parte IV incentivos para
fomentar a
armazenagem na
fazenda

Figura 28. Estrutura do questionário


Fonte: Elaborada pelos autores.

Para a aplicação do questionário, foi delimitada uma amostragem mínima de 554 respostas,
de maneira a alcançar nível de confiança de 95,0% e erro médio de 2,5%. O público-alvo corres-
pondeu à população de produtores rurais de lavoura não permanente de 1,6 milhão definido
pelo IBGE (2017). Além disso, de forma a captar efeitos da heterogeneidade regional, tal amos-
tragem mínima foi distribuída para todas as unidades federativas do Brasil proporcionalmente
à quantidade produzida de grãos em 2021 (IBGE, 2022).

A pesquisa foi aplicada no período de 21/09/2022 a 06/10/2022 de forma eletrônica, com amplo
apoio das Federações Estaduais de Agricultura e Pecuária, bem como da Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil e do Grupo Esalq-LOG.

A quantidade de respostas obtidas foi de 1.065, ultrapassando a amostragem mínima previa-


mente estabelecida, conforme apresentado na Tabela 7, segmentada por grande região e uni-
dade federativa.

41
Tabela 7. Amostragem mínima e quantidade de respostas obtidas do questionário por
grande região e unidade federativa

Quantidade de
Unidade federativa Amostragem mínima Participação (%)
respostas
Norte 33 98 9,19%
Acre 2 3 0,28%
Amapá 2 7 0,66%
Amazonas 2 3 0,28%
Pará 7 15 1,41%
Rondônia 6 16 1,50%
Roraima 2 6 0,56%
Tocantins 12 48 4,50%
Nordeste 63 125 11,75%
Alagoas 2 3 0,28%
Bahia 23 51 4,79%
Ceará 2 4 0,38%
Maranhão 15 18 1,69%
Paraíba 2 5 0,47%
Pernambuco 2 2 0,19%
Piauí 12 17 1,60%
Rio Grande do Norte 2 2 0,19%
Sergipe 3 23 2,16%
Centro-Oeste 261 347 32,58%
Distrito Federal 2 6 0,56%
Goiás 57 72 6,76%
Mato Grosso 149 203 19,06%
Mato Grosso do Sul 53 66 6,20%
Sudeste 58 240 22,54%
Espírito Santo 2 2 0,19%
Minas Gerais 34 200 18,78%
Rio de Janeiro 2 5 0,47%
São Paulo 20 33 3,10%
Sul 139 255 23,96%
Paraná 89 105 9,86%
Rio Grande do Sul 38 86 8,10%
Santa Catarina 12 64 6,00%
Brasil 554 1.065 100,00%
Fonte: Resultados da pesquisa.

Além disso, como forme de avaliar a região com alguns municípios que têm apresentado uma
dinâmica diferenciada de crescimento, foi criada uma região denominada de Matopiba, cor-
respondendo à agregação dos estados do Maranhão, do Tocantins, do Piauí e da Bahia, para
avaliá-la em termos da situação de armazenagem pela ótica do produtor.

42
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

5.1. Perfil da armazenagem do produtor rural

As respostas da pesquisa realizada apontam que 61,0% dos produtores rurais declararam não
possuir infraestrutura de armazenagem na propriedade. O restante utiliza algum tipo de arma-
zém na propriedade (38,9%), sendo que 19,8% deles possuem infraestrutura de armazenagem
(silo, convencional ou graneleiro), 9,2% complementam a sua capacidade de armazenagem
com o silo bolsa (silo bag) e apenas 9,9% utilizaram apenas silo bolsa para a armazenagem.

Participação da propriedade rural que possui infraestrutura de armazenagem

Possui infraestrutura de armazenagem do tipo silo, convencional ou graneleiro, e também utiliza silo bolsa (silo bag)
9,2%
Possui infraestrutura de armazenagem do tipo silo, convencional ou graneleiro
19,8%
Possui apenas silo bolsa (silo bag)
9,9%
Não possui infraestrutura de armazenagem
61,0%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

Figura 29. Participação das propriedades rurais com estrutura de armazenagem


Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

A Figura 30 apresenta a participação da propriedade rural que possui infraestrutura de arma-


zenagem por região. A Região Sul do país, contemplando os estados do Paraná, de Santa Cata-
rina e do Rio Grande do Sul, destacou-se como a de maior nível que não possui armazenagem
de grãos na fazenda, segundo a amostragem realizada na pesquisa primária. Em termos de
uso do silo bolsa, as Regiões Nordeste e Norte configuram-se como as que utilizaram 30,6% e
10,4%, respectivamente, de silo bolsa exclusivamente.

Participação da propriedade rural que possui


infraestrutura de armazenagem por região
80 76,8

70 67,4
61
58,3
60
Participação (%)

53,9
50

40 38,7
30,6
30
21,9 20,8 21,3
20 17,7 18,5 19,8
14,1
10,1 10,4 10,4
12,9 9,9 9,2
10 6,3
5
2,8 2
0

Centro-Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Matopiba


Não possui armazenagem para grãos

Possui apenas silo bolsa (silo bag)

Possui infraestrutura de armazenagem do tipo silo, convencional ou graneleiro

Possui infraestrutura de armazenagem do tipo silo, convencional ou graneleiro,


e também utiliza silo bolsa

Figura 30. Participação das propriedades rurais com estrutura de armazenagem por grandes regiões no país
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

43
A Tabela 8 apresenta a participação das propriedades rurais com estrutura de armazenagem
e tipos de cultura agrícola produzidos. É interessante destacar que os produtores das culturas
de soja e milho (segunda safra) são os que possuem a maior participação de armazenagem
do tipo silo convencional e graneleiro, bem como são também os que complementam a ca-
pacidade de armazenagem existente com silo bolsa. No caso de utilizá-lo, as quatro maiores
combinações de produção que se destacam são: soja e milho segunda safra (23,8%), soja e
milho segunda safra e outros (13,3%), apenas produção de milho segunda safra (13,3%) e, por
fim, milho safra verão associado com a produção de outras culturas, tais como trigo, centeio,
cevada, triticale, entre outras (13,3%).

Tabela 8. Participação das propriedades rurais pesquisadas, com estrutura de


armazenagem por tipos de cultura agrícola

convencional ou

utiliza silo bolsa


ou graneleiro, e
Armazenagem

Armazenagem
armazenagem

convencional
do tipo silo,

do tipo silo,
Apenas silo
Não possui

graneleiro
bolsa
Culturas

Café 7,9% 5,7% 7,1% 3,1%


Milho (segunda safra) 1,3% 13,3% 1,9% 0,0%
Milho (safra verão) e café 0,8% 1,9% 0,0% 0,0%
Milho (safra verão) e milho (segunda safra) 1,7% 1,0% 2,9% 2,0%
Milho (safra verão) e outros 13,9% 13,3% 8,6% 5,1%
Milho (safra verão), milho (segunda
0,5% 0,0% 1,0% 0,0%
safra) e outros
Outros¹ 6,8% 0,0% 2,9% 0,0%
Soja 5,1% 5,7% 2,4% 0,0%
Soja e milho (segunda safra) 27,2% 23,8% 28,1% 46,9%
Soja e milho (safra verão) 6,5% 9,5% 6,2% 6,1%
Soja e outros 6,2% 2,9% 8,1% 3,1%
Soja, milho (segunda safra) e outros 6,0% 13,3% 12,4% 15,3%
Soja, milho (safra verão) e outros 9,6% 2,9% 7,6% 7,1%
Soja, milho (safra verão), milho (segunda
6,6% 6,7% 11,0% 11,2%
safra) e outros
Total geral 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
Nota: ¹ Outros: trigo, centeio, cevada, triticale e silagem.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

5.2. Perfil do produtor rural com infraestrutura de armazenagem na propriedade

Nesta subseção, é discutido o perfil da armazenagem do produtor que possui a infraestrutura


na propriedade, envolvendo armazéns do tipo silo, graneleiro e convencional.

A Figura 31 apresenta a distribuição do tamanho médio da propriedade, em hectares, em fun-


ção da existência de armazéns próprios na propriedade, por região e agregado no Brasil. Nes-
se sentido, observa-se para o Brasil uma relação linear de quanto maior o tamanho médio
da propriedade, maior a frequência de infraestrutura de armazenagem (silo, convencional ou
graneleiro). Além disso, para grandes propriedades, é comum observar o uso do silo bolsa para
complementar a capacidade de armazenagem da infraestrutura existente.

44
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Relação entre o tamanho médio das propriedades


e a existência de armazenagem própria

Tamanho médio da propriedade (hectares)


10.000
9.516

9.000

8.000

7.000 6.997
6.313
6.000 5.850
5.564
5.013
5.000 4.893
4.349
3.944
4.000
3.355
3.000
2.489
2.096 2.025
2.000 1.420
1.236 1.247
1.135 779
1.000 459
385 300 205 247

0
Centro-Oeste Matopiba Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil
Não possui armazenagem para grãos

Possui apenas silo bolsa (silo bag)

Possui infraestrutura de armazenagem do tipo silo, convencional ou graneleiro

Possui infraestrutura de armazenagem do tipo silo, convencional ou graneleiro,


e também utiliza silo bolsa

Figura 31. Tamanho da propriedade agrícola (hectares) em função da disponibilidade de armazéns próprios, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

A distribuição dos tipos de armazéns dos produtores que possuem infraestrutura de armaze-
nagem na propriedade pode ser visualizada na Figura 32. No Brasil, a amostragem aponta que
57,7% dos produtores consultados apresentaram armazéns do tipo silo na propriedade, 19,9%,
armazéns do tipo convencional, 19,9%, armazéns graneleiros e 2,4%, outros tipos de estrutura.

100

90

80

67,9
70 64,9
59,5 60,3
58,3 57,7
60
Participação (%)

50

37,736,2
40

30 23,8 25 25
19,9 19,9
18,8 17,9 17,4
20 15,6 13,9 14,7
11,9 10,7
8,7
10 4,8 3,6
2,8 2,4
0,6
0
Centro-Oeste Matopiba Nordeste Norte Sudeste Sul Brasil
Armazéns convencionais

Armazéns do tipo silo

Armazéns graneleiros

Outros
Figura 32. Distribuição dos tipos de armazéns dos produtores que possuem infraestrutura de armazenagem na propriedade
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

45
A Figura 33 apresenta a capacidade média dos armazéns nas propriedades dos produtores,
em sacas. A média Brasil apontou uma capacidade para 159,3 mil sacas (equivalente a 9,5 mil
toneladas). O maior destaque é a Região Centro-Oeste, com capacidade média de 214.592
mil sacas (12,8 mil toneladas), enquanto a de menor capacidade média é a Região Nordeste,
com 13,5 mil sacas (810 toneladas). É interessante observar que a região de fronteira agrícola,
Matopiba, apresentou armazéns com capacidade média elevada, acima inclusive da própria
Região Sul do país, tradicional na produção de grãos.

Capacidade média de armazéns (sacas), por região

Sul
141.565
Sudeste
51.162
Norte
126.665
Nordeste
13.500
Matopiba

Centro-Oeste
214.592
Brasil
159.385
0

0
0
0

0
0

0
0

0
0
0

00
0
0

00
0

00

00
00

00
00
.0

.0
.0
.0

0.

0.
0.

0.
0.

0.
0.
40

80
60
20

14

18
16

22
12

20
10

Média de capacidade de armazenagem (sacas)

Figura 33. Capacidade média dos armazéns, em sacas, por região e no Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

A relação entre a capacidade de armazenagem e o tamanho da área dos produtores rurais pode
ser observada na Figura 34. É interessante notar a proporcionalidade entre o aumento da área
e a capacidade de armazenagem, em uma relação diretamente proporcional. No Brasil, a partir
dos dados observados, é possível inferir que o aumento em 10,0% da área da propriedade rural
do produtor aumenta na mesma proporção a capacidade de armazenagem da propriedade.

46
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Relação entre capacidade de armazenagem e tamanho da área

Centro-Oeste Nordeste Sul Norte

16 16 16 16
14 14 14 14

log cap de arm.

log cap de arm.

log cap de arm.


log cap de arm.

12 12 12 12

(sacas)

(sacas)

(sacas)
(sacas)

10 10 10 10
8 8 8 8
6 6 6 6
4 4 4 4
2 2 2 2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Sudeste Matopiba Brasil

16 16 16
14 14 14
log cap de arm.

log cap de arm.

log cap de arm.


12 12 12
(sacas)

(sacas)

(sacas)
10 10 10
8 8 8
6 6 6
4 4 4
2 2 2
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12

Figura 34. Relação entre capacidade de armazenagem e tamanho da propriedade rural, em escala logarítmica
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

A Figura 35 apresenta a proporção da produção de grãos que foi armazenada na infraestrutura


do próprio produtor dentro das propriedades no ano de 2021, ao nível agregado de Brasil. Ve-
rifica-se que 41,2% dos produtores armazenaram mais de 75,0% da sua produção agrícola nos
próprios armazéns.

Proporção da produção de grãos (%) que foi armazenada


na própria infraestrutura no último ano
45
41,2%
40

35

30

25
22,5%
20 18,6%
15
9,2%
10

5 3,6% 4,9%

0
Não soube Até 10% Entre Entre Entre Acima de 75%
avaliar 11% e 25% 26% e 50% 51% e 75%

Figura 35. Proporção da produção de grãos que foi armazenada na própria infraestrutura de armazenagem (silo, convencional
e graneleiro) no último ano, no nível Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

47
A Figura 36 apresenta o detalhamento da proporção da produção de grãos armazenada na
própria infraestrutura por região no país. As regiões, de uma forma geral, seguem o padrão
apresentado agregado no Brasil, com maior concentração das respostas e com uma propor-
ção acima de 75,0% armazenada na própria infraestrutura, com exceção da Região Nordeste
e de Matopiba.

Proporção da produção de grãos (%) que foi armazenada


na própria infraestrutura no último ano, por região

Centro-Oeste Matopiba Nordeste

50 46,4%
45
40
35
31,6%
30 29,5%
26,4% 27,3% 26,3%
25 22,7%
20 18,4%
15 11,2% 13,6%
10,5%
10 6,8% 6,8% 6,8% 7,9%
5,3%
5 1,6% 0,8%
0
Não soube avaliar

Até 10%

Entre 11% e 25%

Entre 26% e 50%

Entre 51% e 75%

Acima de 75%

Não soube avaliar

Até 10%

Entre 11% e 25%

Entre 26% e 50%

Entre 51% e 75%

Acima de 75%

Não soube avaliar

Até 10%

Entre 11% e 25%

Entre 26% e 50%

Entre 51% e 75%

Acima de 75%
Norte Sudeste Sul
50
45 48,1%
40
37,9%
35 35,5%
30 31%
25
20 23,8% 21% 21,2%
15 17,7% 17,3%
14,5%
10
9,6%
5 6,9% 6,9% 6,5%
3,4% 4,8% 1,9% 1,9%
0
Não soube avaliar

Até 10%

Entre 11% e 25%

Entre 26% e 50%

Entre 51% e 75%

Acima de 75%

Não soube avaliar

Até 10%

Entre 11% e 25%

Entre 26% e 50%

Entre 51% e 75%

Acima de 75%

Não soube avaliar

Até 10%

Entre 11% e 25%

Entre 26% e 50%

Entre 51% e 75%

Acima de 75%

Figura 36. Proporção da produção de grãos que foi armazenada na própria infraestrutura de armazenagem (silo, convencional
e graneleiro) no último ano, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

48
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

O tempo médio do produto armazenado na própria infraestrutura de armazenagem (silo, gra-


neleiro e convencional) do produtor rural, no Brasil, em 2021, pode ser observado na Figura 37.
O padrão mais típico observado (42,2% de frequência) foi tempo médio de armazenagem de
4 a 6 meses no país, embora uma pequena parcela (5,9%) tenha apresentado tempo médio de
até um mês. Para uma menor parcela (2,3%), o tempo médio fora acima de 12 meses.

Tempo médio de armazenagem na própria


infraestrutura de armazenagem, em 2021

45
42,2%
40
35
30
25
22,5%
20
16%
15
11,1%
10
5,9%
5
2,3%
0
Até 1 mês 2 até 3 meses 4 até 6 meses 7 até 9 meses 10 até 12 meses Acima de
12 meses

Figura 37. Tempo médio de armazenagem na própria infraestrutura (silo, convencional e graneleiro) em 2021, no nível Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O tempo médio de armazenagem na própria infraestrutura por região, em 2021, é detalhado


pela Figura 38. As Regiões Centro-Oeste e Sudeste e Matopiba apresentam padrões seme-
lhantes ao nível nacional, com maior frequência para um tempo médio de armazenagem de
4 até 6 meses. A Região Sul, por outro lado, possui padrão mais alongado no tempo de arma-
zenagem, sendo o de maior frequência de 7 até 9 meses (43,1%).

49
Tempo
Tempo médiode
médio de armazenagem
armazenagem nana
própria
própria
infraestruturade
infraestrutura dearmazenagem,
armazenagem, em
em2021,
2021,porpor
região
região
Centro-Oeste Matopiba Nordeste
Centro-Oeste Matopiba Nordeste
55 54%
55 50 54%
50 44,4%
45 42,1%
44,4%
45 40 42,1%
40 35

35 30
26,3%
25 24,4%
30 18,5%
20 16,1%
26,3%
25 15,6% 15,8%
15 24,4%13,3%
18,5% 10,5%
20 10 16,1% 7,3% 15,6% 15,8%
15 5 3,2% 13,3%2,2% 2,6% 2,6%
0,8% 10,5%
10 0 7,3%
5 3,2% 2,2% 2,6% 2,6%
Até 1 mês

2 até 3 meses

4 até 6 meses

7 até 9 meses

10 até 12 meses

Acima de 12 meses

Até 1 mês

2 até 3 meses

4 até 6 meses

7 até 9 meses

10 até 12 meses

Acima de 12 meses

Até 1 mês

2 até 3 meses

4 até 6 meses

7 até 9 meses

até 12 meses

de 12 meses
0,8%
0
Até 1 mês

2 até 3 meses

4 até 6 meses

7 até 9 meses

10 até 12 meses

Acima de 12 meses

Até 1 mês

2 até 3 meses

4 até 6 meses

7 até 9 meses

10 até 12 meses

Acima de 12 meses

Até 1 mês

2 até 3 meses

4 até 6 meses

meses

12 meses

Acima de 12 meses
10 atéAcima
7 até 9 10
Norte Sudeste Sul
55
50
45
Norte Sudeste Sul 43,1%
40
55
35 33,3% 31,7% 31,4%
50
30
45 25 43,1%
23,3% 20,6%
40 20 16,7% 16,7% 19%
35 15 33,3% 31,7% 12,7% 31,4% 11,8%
10% 11,1%
30 10
4,8% 5,9%
5 3,9% 3,9%
25 23,3%
0 20,6%
20 16,7% 16,7% 19%
Até 1 mês

2 até 3 meses

4 até 6 meses

7 até 9 meses

10 até 12 meses

Acima de 12 meses

Até 1 mês

2 até 3 meses

4 até 6 meses 4 até 6 meses

7 até 9 meses

10 até 12 meses

Acima de 12 meses

Até 1 mês

2 até 3 meses

4 até 6 meses

7 até 9 meses

7 até 9 meses 10 até 12 meses

Acima de 12 meses
15 12,7%
11,1% 11,8%
10 10%
4,8% 5,9%
5 3,9% 3,9%
0
Até 1 mês

2 até 3 meses

4 até 6 meses

7 até 9 meses

10 até 12 meses

Acima de 12 meses

Até 1 mês

2 até 3 meses

7 até 9 meses

10 até 12 meses

Acima de 12 meses

Até 1 mês

2 até 3 meses

4 até 6 meses

10 até 12 meses

Acima de 12 meses

Figura 38. Tempo médio de armazenagem na própria infraestrutura (silo, convencional e graneleiro) em 2021, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O tempo médio de ocupação1 dos armazéns com grãos em 2021 no Brasil pode ser observado
na Figura 39. O padrão mais típico, com 31,6% de frequência, foi um tempo médio de ocupação
do armazém de 7 a 9 meses. O detalhamento por região do tempo médio consta na Figura 40.

1. “Tempo médio de ocupação dos armazéns” indica, em quanto tempo, em média, o armazém ficou ocupado com grãos no ano de 2021. Difere do indicador
“tempo médio de armazenagem na própria infraestrutura”, que apresenta o tempo médio em que os grãos ficaram armazenados. No caso de armazenar
mais do que um produto, por exemplo, soja e milho segunda safra, os tempos médios de armazenagem de ambos podem ser semelhantes, mas como são
produzidos em épocas distintas e armazenados em épocas distintas, o tempo médio de ocupação do armazém do produtor é ampliado.

50
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

De forma regionalizada, o Centro-Oeste apresentou um tempo médio de ocupação dos ar-


mazéns com grãos, em 2021, mais típico (34,5%) de 10 a 12 meses. Já no Sul, por exemplo, o
padrão mais típico (44,9%) é de 7 a 9 meses. Além disso, também foram observadas situações
em que o armazém passou todo o ano desocupado, por exemplo, nas Regiões Norte (3,6% da
amostra), Sudeste (8,1%) e Sul (2,0%). Apesar de pouco representativa, a possível inadequação
da capacidade de armazenagem para o recebimento dos grãos é uma das justificativas para
esse número, bem como eventuais quebras dos equipamentos do armazém.

Tempo médio de ocupação dos armazéns com grãos em 2021


35

30
31,6%
29,3%
25
23,8%
20

15
11,2%
10

5 2,4% 1,7%
0
O armazém 1 a 3 meses 4 a 6 meses 7 a 9 meses 10 a 12 meses Outros
ficou vazio

Figura 39. Tempo médio de ocupação da infraestrutura própria em 2021, no nível Brasil
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

51
Tempo médio
Tempo de de
médio ocupação
ocupaçãodos
dosarmazéns comgrãos
armazéns com grãosemem 2021,
2021, por por região
região

Centro-Oeste Matopiba Nordeste


Centro-Oeste Matopiba Nordeste
45
45
40
40 38,6% 37,8%
35 38,6%34,1% 35,1%
34,5% 37,8%
35 30 30,2% 35,1%
27,6% 34,5% 34,1%
30 25 30,2%
27,6%
25 20
15,9% 16,2%
20 15
10,8% 16,2%
10 6,9% 15,9%
15 6,8%
5 4,5% 10,8%
0,9%
10 6,9%
0 6,8%
5 4,5%
0,9%
ficou vazio

1 a 3 meses

4 a 6 meses

7 a 9 meses

10 a 12 meses

Outros

O armazém ficou vazio

1 a 3 meses

4 a 6 meses

7 a 9 meses

10 a 12 meses

Outros

O armazém ficou vazio

1 a 3 meses

4 a 6 meses

7 a 9 meses

10 a 12 meses

Outros
0
O armazém ficou vazio

1 a 3 meses

4 a 6 meses

7 a 9 meses

10 a 12 meses

Outros

O armazém ficou vazio

1 a 3 meses

4 a 6 meses

7 a 9 meses

10 a 12 meses

Outros

O armazém ficou vazio

1 a 3 meses

4 a 6 meses

7 a 9 meses

10 a 12 meses

Outros
O armazém

45 Norte Sudeste Sul


44,9
40
35 39,3%
45 Norte
30 Sudeste Sul
25 30,6% 44,9
40 25% 25,8%
20 24,2%
35 39,3% 21,4% 22,4% 22,4%
15
30
10
25
10,7% 30,6% 9,7%
5 8,1%
25% 25,8% 6,1%
20 0 3,6% 24,2% 1,6% 2% 2%
21,4% 22,4% 22,4%
15
10
armazém ficou vazio

1 a 3 meses

4 a 6 meses

7 a 9 meses

10 a 12 meses

Outros

O armazém ficou vazio

1 a 3 meses

4 a 6 meses

7 a 9 meses

10 a 12 meses

Outros

O armazém ficou vazio

1 a 3 meses

4 a 6 meses

7 a 9 meses

7 a 9 meses 10 a 12 meses

Outros
10,7%
8,1% 9,7%
5
6,1%
0 3,6% 1,6% 2% 2%
O armazém ficou vazio

meses

4 a 6 meses

7 a 9 meses

10 a 12 meses

Outros

O armazém ficou vazio

1 a 3 meses

4 a 6 meses

7 a 9 meses

10 a 12 meses

Outros

O armazém ficou vazio

1 a 3 meses

4 a 6 meses

10 a 12 meses

Outros
1 a 3O

Figura 40. Tempo médio de ocupação da infraestrutura própria de armazenagem em 2021, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O ganho médio econômico com o uso do armazém, por parte dos produtores rurais com in-
fraestrutura própria, no Brasil, nas últimas três safras, é apresentado pela Figura 41. O padrão
mais típico (24,2% de frequência) relevou que o produtor com o armazém próprio ganhou
entre 6,0% e 10,0% na comercialização durante a época fora da colheita em relação à época
da colheita. Mais especificamente ainda, aproximadamente 27,0% dos produtores declararam
ganhos econômicos médios acima de 11,0% em relação à comercialização na época da colhei-
ta. Por outro lado, por volta de 15,6% dos produtores declararam que não obtiveram ganhos
econômicos com o uso do armazém próprio em relação ao preço médio na época da colheita.
De toda forma, fica nítida a existência de uma simetria positiva para ganhos econômicos com
a armazenagem em relação ao período da colheita.

52
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Ganho econômico médio com o uso do armazém, nas últimas três safras,
comparando ao preço médio na época da colheita
26

24 24,2%
22

20
19,9%
18
16,6%
16
15,6%
14 13,6%
12

10

8 7,3%

4
3%
2

0
Não soube Não obteve Até 5% Entre Entre Entre Acima de
avaliar ganhos 6% e 10% 11% e 20% 21% e 30% 31%

Figura 41. Ganho econômico médio com o uso do armazém declarado pelos produtores com infraestrutura de armazenagem,
nas últimas três safras, comparado ao preço médio na época da colheita, no nível Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O detalhamento por região do ganho econômico médio com o uso do armazém declarado
pelos produtores pode ser consultado na Figura 42.

53
Ganho econômico
Ganho médio
econômico com
médio comuso
uso do armazém,nas
do armazém, nas últimas
últimas trêstrês safras,
safras,
comparado ao preço médio na época da colheita, por região
comparado ao preço médio na época da colheita, por região

Centro-Oeste
Centro-Oeste Matopiba
Matopiba Nordeste
Nordeste

35 35
33,1% 33,1%
30
30
25
25 18,5 % 18,5 %
22,2%22,2% 18,4% 23,7% 23,7%
20
18,5 % 18,5 %
22,2%22,2% 17,8% 17,8% 18,4% 23,7% 23,7%
20 17,8% 17,8%15,6% 15,8%
15 12,9% 15,6% 13,2% 15,8%
15 10
12,9%
9,7%
13,2% 5,3%
9,7% 4% 4,4%
10 5 3,2% 5,3%
4% 4,4%
5 0 3,2%
0
Não soube avaliar

ganhos

Até 5%

e 10%

Entre 11% e 20%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%

Não soube avaliar

Não obteve ganhos

Até 5%

e 10%

e 20%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%

Não soube avaliar

Não obteve ganhos

Até 5%

e 10%

e 20%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%
Não soube avaliar

Não obteve ganhos

Até 5%

Entre 6% e 10%

20%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%

Não soube avaliar

ganhos

Até 5%

10%

20%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%

Não soube avaliar

Não obteve ganhos

5%

10%

Entre 11% e 20%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%
e 6%

6% e6%

Até6%
11% e11%

6% e11%
Não obteve

Entre

Entre Entre

Entre
Entre Entre

EntreEntre
Entre 11%

Não obteve

Norte Sudeste Sul

35 33,3%
Norte
30 26,7% Sudeste Sul
25,5%
25 21,6% 21,6%
35 20,3%
33,3% 18,6%
20 16,9% 16,9%
30 26,7%
15 13,3% 13,3% 25,5% 13,7%
10,2%10,2%
25 10 6,7% 6,7% 6,8% 7,8% 7,8% 21,6% 21,6%
20,3%
18,6%
20 5 16,9% 16,9% 2%
15 0
13,3% 13,3% 13,7%
10,2%10,2%
10 6,8% 7,8% 7,8%
Não soube avaliar

Não obteve ganhos

Até 5%

Entre 6% e 10%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%

Não soube avaliar

Não obteve ganhos

Até 5%

5% 6% e 10%

Entre 11% e 20%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%
6,7% 6,7%
Não soube avaliar

obteve ganhos

Até 5%

Entre 6% e 10%

Entre 11% e 20%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%

Entre 11% e 20%

5 2%
0
Até Entre
Não soube avaliar

Não obteve ganhos

Até 5%

Entre 6% e 10%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%

Não soube avaliar

Não obteve ganhos

Entre 6% e 10%

Entre 11% e 20%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%
Não soube avaliar

Não obteve ganhos

Não5%

Entre 6% e 10%

Entre 11% e 20%

Entre 21% e 30%

Acima de 31%

Entre 11% e 20%


Até

Figura 42. Ganho econômico médio com o uso do armazém declarado pelos produtores com infraestrutura de armazenagem,
nas últimas três safras, comparado ao preço médio na época da colheita, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

Outra informação relevante a ser mapeada e entendida diz respeito à perda ou quebra técnica
média que ocorre na armazenagem. Nessa linha, a Figura 43 apresenta a distribuição das perdas
médias declaradas pelos produtores rurais que possuem infraestrutura de armazenagem, em
porcentagem por mês armazenado. É interessante notar que as respostas são bem distribuídas.
Alguns aspectos importantes são: (I) existe desconhecimento dos produtores sobre as suas per-
das (14,2%); (II) a parcela de 24,1% (situação mais frequente) declarou que não apresentou perdas
nas suas operações com armazenagem; (III) aproximadamente 65,0% dos produtores declara-
ram a existência de algum nível de perda, sendo que a situação mais frequente de perdas é o
nível de 0,11% a 0,25%, por mês armazenado (representando 20,1% da frequência de respostas);
(IV) e há uma parcela de 7,9% dos produtores que declarou apresentar perdas acima de 1%, o que
chama atenção para a problemática da gestão das perdas por parte dos produtores.

54
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Perda média observada na armazenagem própria (% por mês armazenado)


26

24 24,1%
22

20
20,1%

18

16
14,2% 14,5%
14

12 11,9%
10
7,9%
8

6 5%
4
2,3%
2

0
Não soube Sem perdas Até 0,1% 0,11% a 0,25% 0,26% a 0,50% 0,51% a 0,75% 0,76% a 0,1% Acima de
avaliar 1%

Figura 43. Perda (quebra técnica) média observada na armazenagem própria (% por mês armazenado), no nível Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O detalhamento do nível de perda (quebra técnica) declarado pelos produtores rurais que pos-
suem infraestrutura de armazenagem pode ser consultado na Figura 44.

Os padrões de maiores frequências identificados por região são:

• Centro-Oeste: de 0,11% a 0,25% de perda (22,6% das respostas);

• Matopiba: não soube avaliar (25,0%) e perda de 0,11% a 0,25% (20,5%);

• Nordeste: empate entre não soube avaliar, sem perdas e perda de 0,11 a 0,25% (21,6%);

• Norte: não soube avaliar (26,7%), perda até 0,1% (16,7%) e perda de 0,11% até 0,25% (16,7%);

• Sudeste: sem perdas (38,1%) e perdas de 0,11% até 0,25% (16,7%); e

• Sul: sem perdas (30,8%) e perdas de 0,11% até 0,25% (19,2%).

55
Perda média
Perda observada
média observada na armazenagem
na armazenagem própria
própria
(%(%por
pormês
mêsarmazenado), por
armazenado), por região
região

Centro-Oeste Matopiba Nordeste


Centro-Oeste Matopiba Nordeste
40
40
35
35
30
25%
30 25 22,6% 21,6%21,6% 21,6%
25% 20,5%
18,5%
25 20 22,6%
15,3% 16,1% 18,2% 15,9%
20,5% 21,6%21,6% 16,2%
21,6%
18,5% 18,2% 16,2%
20 15 15,3% 16,1%
9,1% 15,9%
8,9%
10 6,5% 8,1% 8,1%
5,4%
15 4% 4,5% 4,5%
8,9%5 9,1% 2,7% 2,7%
10 6,5% 8,1% 2,3% 8,1%
5,4%
4% 4,5% 4,5%
0
5 2,3% 2,7% 2,7%
Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,1%

a 0,25%

a 0,50%

a 0,75%

0,76% a 1%

Acima de 1%

Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,1%

a 0,25%

a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1%

Acima de 1%

Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,1%

a 0,25%

0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1%

Acima de 1%
0
Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,1%

0,11% a 0,25%

0,50%

a 0,75%

a 1%

Acima de 1%

Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,1%

0,25%

0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1%

Acima de 1%

Não soube avaliar

Sem perdas

0,1%

0,11% a 0,25%

0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1%

Acima de 1%
0,51%
0,26% a0,11%

0,11% a0,11%

0,11%
0,51% 0,26%

0,26%
0,76%

Até
0,26% a
Norte Sudeste Sul
38,3%
40
35
Norte Sudeste Sul
30,8%
30 26,7%
38,3%
40 25
19,2%
35 20 16,7%16,7% 16,7% 17,3%
30,8% 15,4%
30 26,7%
15 10% 10% 13,3% 11,7% 11,7% 13,3% 11,5%

10 6,7% 5%
25
3,3% 19,2%
5 16,7%16,7% 16,7% 17,3% 1,9% 1,9% 1,9%
20 15,4%
0 13,3% 13,3%
15 10% 10% 11,7% 11,7% 11,5%
Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,1%

0,26% a 0,50%0,11% a 0,25%

0,26% a 0,50%

0,76% a 1%0,51% a 0,75%


0,76% a 1%

Acima de 1%

Não soube avaliar


Sem perdas Sem perdas

Até 0,1%

0,11% a 0,25%0,11% a 0,25%


0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1%

Acima de 1%

Não soube avaliar


Não soube avaliar Sem perdas

Até 0,1%

Até 0,1%0,11% a 0,25%


0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1%

Acima de 1%
10 6,7% 5%
5 3,3%
1,9% 1,9% 1,9%
0
Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,1%

0,11% a 0,25%

0,51% a 0,75%

Acima de 1%

Não soube avaliar

Até 0,1%

0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1%

Acima de 1%

Sem perdas

0,11% a 0,25%

0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1%

Acima de 1%

Figura 44. Perda (quebra técnica) média observada na armazenagem própria (% por mês armazenado), por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

Em algumas situações, pelo fato de o produtor possuir infraestrutura de armazenagem, ele


pode receber um bônus ou prêmio como um percentual adicional no preço, basicamente em
decorrência do comprador não precisar ocupar a infraestrutura própria com o produto. A Fi-
gura 45 apresenta os resultados relativos à existência de tal bonificação e o percentual corres-
pondente. Nessa linha, alguns padrões observados são: (I) 67,7% dos produtores declararam
que não receberam nenhum tipo de bônus por apresentar infraestrutura de armazenagem;
(II) daqueles produtores que receberam, a situação mais típica foi um ganho médio de até 5,0%
no preço de comercialização (situação com frequência de 23,1%); e (III) 2,0% declararam um
bônus superior a 10,0% no preço.

56
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Nível de bônus ou prêmio na comercialização do produto (%) com as tradings


da região quando possui infraestrutura de armazenagem própria
70
67,7%
65

60

55

50

45

40

35

30

25 23,1%

20

15

10
5%
5 2,3% 2%
0
Não recebe Não soube Até 5% Entre 6% e 10% Acima de
avaliar no preço no preço 10% no preço

Figura 45. Recebimento de bônus ou prêmio na comercialização do produto (% do preço) com as tradings da região quando há
infraestrutura de armazenagem própria, no nível Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O detalhamento da existência e distribuição de bônus na comercialização do produto quando


o produtor possui infraestrutura de armazenagem, por região, pode ser observado na Figura
46. As regiões que mais recebem algum tipo de prêmio ou bônus na comercialização do pro-
duto são Centro-Oeste (43%), Sul (35,3%) e Matopiba (24,5%).

57
NívelNível de bônus
de bônus ouou prêmiona
prêmio nacomercialização
comercialização do
doproduto (%)(%)
produto comcomas as
tradings da região quando há infraestrutura de armazenagem própria, região
tradings da região quando há infraestrutura de armazenagem própria, por por região
Centro-Oeste Matopiba Nordeste
Centro-Oeste Matopiba Nordeste
100
100 90
90 80 73,7%
73,3%
80 70
73,3% 73,7%
70 60 53,7%
60 50
53,7%
40 30,9%
50
30 20%
40 30,9% 18,4%
20
30 8,9%
10 3,3% 3,3% 2,2% 20% 2,2% 2,3% 2,6% 2,6% 2,7%
18,4%
20 0
8,9%
10 3,3% 3,3% 2,2% 2,2% 2,3% 2,6% 2,6% 2,7%
Não recebe

Não soube avaliar

Entre 6% e 10%

Acima de 10%

Não recebe

soube avaliar

Entre 6% e 10%

Acima de 10%

Não recebe

Não soube avaliar

Entre 6% e 10%

e 10%de 10%
Até 5%

Até 5%Até 5%

Até 5%
0
Não recebe

Não soube avaliar

Entre 6% e 10%

Acima de 10%

Não recebe

Nãoavaliar

Entre 6% e 10%

Acima de 10%

Não recebe

Não soube avaliar

Acima de 10%
Até 5%

Até 5%

Entre 6%Acima
Não soube

Norte Sudeste Sul


100
90,2%
90
80%
Norte
80 Sudeste Sul
70 62,7%
100
60 90,2%
90
50
80%
80 40
70 30 62,7% 27,9%
20%
60 20
8,2% 5,9%
50 10 1,6% 2% 1,9%
40 0
30 27,9%
Não recebe

Não soube avaliar

Entre 6% e 10%

Acima de 10%

Não recebe

Não soube avaliar

Entre 6% e 10%

Acima de 10%

Não recebe

Não soube avaliar

Entre 6% e 10%

Entre 6% e 10% Acima de 10%


Até 5%

Até 5%

20% Até 5%
20
8,2% 5,9%
10 1,6% 2% 1,9%
0
Não recebe

Não soube avaliar

Entre 6% e 10%

Acima de 10%

Não recebe

Não soube avaliar

Entre 6% e 10%

Acima de 10%

Não recebe

Não soube avaliar

Acima de 10%
Até 5%

Até 5%

Até 5%

Figura 46. Recebimento de bônus ou prêmio na comercialização do produto (% do preço) com as tradings da região quando há
infraestrutura de armazenagem própria, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

Em relação ao interesse dos produtores que possuem infraestrutura de armazenagem em


expandir a sua capacidade na fazenda, observou-se que: 54,0% possuem tal intenção, com a
finalidade de adequá-la ao aumento da produção agrícola; 15,9% têm objetivo não somente
de adequá-la ao aumento da produção agrícola, mas também de prestar serviços de arma-
zenagem a terceiros (produtores vizinhos, por exemplo); e, por fim, 30,1% declararam que não
possuem interesse em expandir a capacidade de armazenagem, conforme apresentado na
Figura 47.

58
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Interesse em expandir a capacidade estática de armazenagem

30,1%

54%

15,9%

Sim (para comportar o aumento da própria produção)


Não Sim (para atender a terceiros e à própria produção)

Figura 47. Interesse dos produtores rurais que possuem infraestrutura de armazenagem em expandir a atual capacidade
estática de armazenagem no Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O detalhamento do interesse dos produtores rurais em expandir a capacidade estática de armaze-


nagem por região pode ser observado na Figura 48. As maiores regiões que não possuem interesse
em expandir a capacidade atual são Sul (47,1% não possuem interesse) e Sudeste (41,7%), de acordo
com os produtores. Uma das possíveis justificativas para isso diz respeito ao tamanho do armazém
ser adequado ao tamanho da produção. As regiões que possuem maior interesse em expandir a ca-
pacidade de armazenagem, tanto para comportar a produção agrícola própria quanto para prestar
serviços de armazenagem para terceiros, são Norte (82,7%), Centro-Oeste (78,4%) e Matopiba (73,3%).

Interesse em expandir a capacidade estática de armazenagem na fazenda – por região

Centro-Oeste Matopiba Nordeste

21,6% 26,7%
28,9%

66,7% 6,7% 65,8%


63,2% 15,2%

5,3%

Norte Sudeste Sul

17,2%
31,4%
43,3% 41,7%
58,6% 47,1%
24,1%

21,6%
15,0%

Sim (para comportar o aumento da própria produção)


Não Sim (para atender a terceiros e à própria produção)

Figura 48. Interesse dos produtores rurais que possuem infraestrutura de armazenagem em expandir a atual capacidade
nas diferentes regiões
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

59
Foram mapeados os principais fatores determinantes para investir em infraestrutura de ar-
mazenagem, em grau de importância, de acordo com os produtores rurais que possuem in-
fraestrutura de armazenagem. Os principais fatores classificados como alta importância são:
o uso da armazenagem como uma estratégia de comercialização para obtenção de maiores
ganhos econômicos (74,8%); possibilidade de escolher quando comercializar (64,9%); redução
do custo com a contratação de serviços de armazenagem de terceiros (60,4%); maior poder de
barganha na comercialização (61,1%); minimização das perdas no campo (54,2%); garantia da
qualidade do produto (54,3%); e maiores vantagens logísticas, como redução do tempo de fila,
flexibilidade do transporte, entre outras (48,7%). Os principais fatores classificados como ne-
nhuma importância são aspectos culturais, ou seja, os antepassados investiam em armazena-
gem (54,9%) e havia a possibilidade de prestar serviços de armazenagem para terceiros (43,7%).

Principais fatores determinantes para investir em infraestrutura de armazenagem

Estratégia de comercialização Possibilidade de escolher Reduzir custos com


quando comercializar armazenagens de terceiros
Alta importância Alta importância Alta importância
74,8% 64,9% 60,4%
Moderada importância Moderada importância Moderada importância
9,7% 16,7% 17,4%
Baixa importância Baixa importância Baixa importância
7,6% 11,2% 13,6%
Nenhuma importância Nenhuma importância Nenhuma importância
7,9% 7,2% 8,7%

Maior poder de barganha Possibilidade de prestar Crédito facilitado/reduzido


na comercialização de serviços para terceiros para construção
Alta importância Alta importância Alta importância
61,1% 18,1% 24,5%
Moderada importância Moderada importância Moderada importância
18,9% 13,8% 25,3%
Baixa importância Baixa importância Baixa importância
11,5% 24,4% 23,7%
Nenhuma importância Nenhuma importância Nenhuma importância
8,5% 43,7% 26,5%

Cultural Vantagens logísticas Minimização das


(antecessores já utilizavam) perdas no campo
Alta importância Alta importância Alta importância
12,3% 48,7% 54,2%
Moderada importância Moderada importância Moderada importância
11,5% 21,6% 18,5%
Baixa importância Baixa importância Baixa importância
21,3% 16% 15,1%
Nenhuma importância Nenhuma importância Nenhuma importância
54,9% 13,8% 12,2%

Melhor qualidade do produto Aproveitamento dos resíduos


para alimentação animal
Alta importância Alta importância
54,3% 34,8%
Moderada importância Moderada importância
23,8% 20,2%
Baixa importância Baixa importância
14,3% 26,6%
Nenhuma importância Nenhuma importância
7,5% 18,4%

Figura 49. Principais fatores determinantes para investir em infraestrutura de armazenagem, de acordo com os produtores que
possuem armazéns, no nível Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

60
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

O detalhamento dos principais fatores determinantes para investir em infraestrutura de arma-


zenagem por região pode ser consultado na Figura 50, ilustrando a frequência de respostas
para alta importância, em relação ao total de respostas por região. Por exemplo, 41,1% dos pro-
dutores que possuem infraestrutura de armazenagem do Centro-Oeste classificaram o apro-
veitamento dos resíduos para alimentação animal como de alta importância.

Fatores determinantes para investir em infraestrutura de armazenagem

Frequência de respostas de alta importância

Centro-Oeste Sudeste Sul

Aproveitamento dos residuos Aproveitamento dos residuos Aproveitamento dos residuos


para alimentação animal para alimentação animal para alimentação animal
41,1% 26% 26,7%
Melhor qualidade do produto Melhor qualidade do produto Melhor qualidade do produto
62,2% 47,1% 47,8%
Minimização das perdas no campo Minimização das perdas no campo Minimização das perdas no campo
66,7% 41,7% 30,4%
Vantagens logisticas Vantagens logisticas Vantagens logisticas
57,8% 37% 45,7%
Cultural (antecessores já utilizavam armazenagem) Cultural (antecessores já utilizavam armazenagem) Cultural (antecessores já utilizavam armazenagem)
7,6% 19,6% 20%
Crédito facilitado/reduzido para construção Crédito facilitado/reduzido para construção Crédito facilitado/reduzido para construção
32,7% 25,5% 13,3%
Possibilidade de prestar serviços para terceiros Possibilidade de prestar serviços para terceiros Possibilidade de prestar serviços para terceiros
19,8% 21,7% 15,6%
Maior poder de barganha na comercialização Maior poder de barganha na comercialização Maior poder de barganha na comercialização
68,8% 51,1% 66%
Reduzir custos com armazenagens de terceiros Reduzir custos com armazenagens de terceiros Reduzir custos com armazenagens de terceiros
65,5% 55,3% 63%
Possibilidade de escolher quando comercializar Possibilidade de escolher quando comercializar Possibilidade de escolher quando comercializar
75,7% 55,1% 61,2%
Estratégia de comercialização Estratégia de comercialização Estratégia de comercialização
78,8% 63,3% 83,7%

Matopiba Norte Nordeste

Aproveitamento dos residuos Aproveitamento dos residuos Aproveitamento dos residuos


para alimentação animal para alimentação animal para alimentação animal
41% 39,3% 32,4%
Melhor qualidade do produto Melhor qualidade do produto Melhor qualidade do produto
51,4% 50% 44,1%
Minimização das perdas no campo Minimização das perdas no campo Minimização das perdas no campo
59% 57,1% 55,9%
Vantagens logisticas Vantagens logisticas Vantagens logisticas
36,6% 57,1% 29,4%
Cultural (antecessores já utilizavam armazenagem) Cultural (antecessores já utilizavam armazenagem) Cultural (antecessores já utilizavam armazenagem)
10,8% 7,1% 8,8%
Crédito facilitado/reduzido para construção Crédito facilitado/reduzido para construção Crédito facilitado/reduzido para construção
15,8% 17,9% 14,7%
Possibilidade de prestar serviços para terceiros Possibilidade de prestar serviços para terceiros Possibilidade de prestar serviços para terceiros
10,5% 17,9% 8,8%
Maior poder de barganha na comercialização Maior poder de barganha na comercialização Maior poder de barganha na comercialização
58,5% 39,3% 58,8%
Reduzir custos com armazenagens de terceiros Reduzir custos com armazenagens de terceiros Reduzir custos com armazenagens de terceiros
53,7% 50% 50%
Possibilidade de escolher quando comercializar Possibilidade de escolher quando comercializar Possibilidade de escolher quando comercializar
58,1% 53,6% 58,8%
Estratégia de comercialização Estratégia de comercialização Estratégia de comercialização
75,6% 71,4% 67,6%

Figura 50. Principais fatores determinantes para investir em infraestrutura de armazenagem, de acordo com os produtores que
possuem armazéns, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

61
Na pesquisa, foi direcionada uma pergunta qualitativa sobre as principais dificuldades que os
produtores rurais possuem com a infraestrutura própria de armazenagem. A nuvem de pala-
vras mais frequentes das respostas pode ser observada na Figura 51.

DIFICULDADE

ALTO CUSTO
PERDAS

INSETO

PESSOAL QUALIDADE

QUALIFICADO
MANTER UMIDADE
QUALIDADE

MANUTENÇÃO

ENERGIA
ELÉTRICA

Figura 51. Nuvem de palavras das respostas dos produtores rurais envolvendo as principais dificuldades com o armazém próprio
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

As respostas qualitativas foram classificadas e agrupadas em temáticas apresentadas na Figura


52. As principais dificuldades são: falta de profissionais qualificados para a operação do armazém
(24,8%); gestão da qualidade do produto, envolvendo tanto perdas físicas quanto também perdas
de qualidade (16,5%); gestão da umidade dos grãos (7,8%); problemas financeiros (necessidade de
alto capital de giro, alto custo de manutenção, alto custo de aquisição, entre outros) (7,3%); alto cus-
to de energia, envolvendo tanto o custo de instalação da infraestrutura de distribuição de energia
para conectar o armazém à rede elétrica quanto os custos das diferentes fontes de energia utili-
zadas (6,4%); controle de pragas e insetos nos armazéns (6,9%); qualidade da energia elétrica, em
função da grande oscilação de energia que afeta o controle de umidade/temperatura, por exem-
plo (6,4%); tamanho insuficiente do armazém para comportar a produção (4,6%); necessidade de
manutenção (4,6%); problemas com a classificação do produto (4,1%); gestão do negócio, envol-
vendo dificuldades com gestão do estoque, gestão dos riscos, gestão da comercialização, entre

62
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

outros (3,2%); preocupação com roubo e segurança pública, principalmente em regiões remotas
ou quando envolve produtos agrícolas de maior valor agregado, como o café, por exemplo (2,8%);
falta de infraestrutura logística adequada para acessar os armazéns, envolvendo falta de estradas,
falta de balanças, entre outros problemas (2,8%); e licenciamento ambiental (1,4%).

Principais dificuldades
Principais dificuldadescom
com aa gestão daarmazenagem
gestão da armazenagem própria
própria

Falta deFalta de profissionais


profissionais qualificados
qualificados
24,8%
24,8%
Perdas (qualidade e físicas)
Perdas (qualidade e físicas)
16,5%
16,5%
Gestão da umidade
Gestão da umidade 7,8%
7,8%
Financeiras (alto custo de aquisição, necessidade de capital de giro etc.)
7,3%
Financeiras (alto custo de aquisição, necessidade de capital de giro etc.)
Alto custo de energia
7,3%
6,9%
Alto custo de energia
Controle de pragas e insetos
6,9%
6,9%
Controle de pragas e insetos
Qualidade da energia elétrica
6,9%6,4%
Qualidade da energia
Tamanho elétrica
insuficiente do armazém
6,4%
4,6%
Necessidade
Tamanho de manutenção
insuficiente do armazém
4,6%
4,6%
Problemas com classificação
Necessidade de manutenção
4,1%
4,6%
Gestão do negócio (estoque, riscos, comercialização etc.)
Problemas com 3,2%
classificação
4,1% com roubo e segurança pública
Preocupação
2,8%(estoque, riscos, comercialização etc.)
Gestão do negócio
3,2%
Falta de infraestrutura logística adequada nos acessos (estradas, balanças etc.)
2,8%
Preocupação com roubo e segurança pública
Licenciamento ambiental
2,8%
1,4%
Falta de infraestrutura logística adequada nos acessos (estradas, balanças etc.)
0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%
2,8%
Licenciamento ambiental
1,4%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Figura 52. Principais dificuldades do produtor rural com a gestão da infraestrutura de armazenagem própria
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

5.3. Perfil do produtor rural que utiliza silo bolsa (silo bag)

Nesta subseção, é discutido o perfil do produtor que utiliza silo bolsa (também denominado
de silo bag) na propriedade. Suas principais finalidades podem ser consultadas na Figura 53.

A pesquisa demonstrou diferentes funcionalidades para o silo bolsa: evitar gargalos de trans-
porte durante a época de colheita, envolvendo principalmente problemas de filas de cami-
nhões e alto preço de frete (27,3% da frequência); ser uma estratégia para buscar melhores
ganhos no preço na época fora de colheita, ou seja, efetivamente o uso do silo bolsa como uma
alternativa à infraestrutura de armazenagem (21,2%); ter espaço para guardar parte da produ-
ção do produtor de modo a não precisar armazenar a céu aberto (21,2%); representar economia
com custo de armazenagem de terceiros na região (12,1%); otimizar o fluxo do secador, evitan-
do gargalos de filas de caminhões e perdas (6,1%); complementar a capacidade de armazena-
gem da infraestrutura existente do silo (6,0%); otimizar máquinas e caminhões para evitar filas
nos armazéns (3,0%); e, por fim, ser usado na silagem, envolvendo a alimentação animal (3,0%).

63
Principais utilizações do silo bolsa (silo bag)

Evitar gargalos de transporte durante a época de colheita


27,3%
Ser uma estratégia para buscar melhores ganhos no preço na época fora de colheita
21,2%
Ter espaço para guardar parte da produção do produtor de modo a não precisar armazenar a céu aberto
21,2%
Representar economia com custo de armazenagem de terceiros na região
12,1%
Otimizar o fluxo do secador
6,1%
Complementar a capacidade de armazenagem do silo
6%
Otimizar máquinas e caminhões para evitar filas nos armazéns
3%
Ser usado na silagem, envolvendo a alimentação animal
3%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Figura 53. Principal uso do silo bolsa (silo bag) pelos produtores rurais
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

Quanto ao tempo médio em que o produto fica armazenado no silo bolsa, observa-se que a situação
mais frequente é de 2 até 5 meses (representando 56,8% da frequência), embora 8,7% dos produtores
tenham declarado tempo médio de armazenagem acima de 10 meses. O detalhamento pode ser
consultado na Figura 54. É interessante destacar que existe uma heterogeneidade no tempo médio
do uso do silo bolsa nas diferentes regiões do país. Por exemplo, o tempo típico de armazenagem no
Centro-Oeste é de 2 a 3 meses (37,6%), enquanto no Sul é de acima de 10 meses (30,8%). As estatísticas
do tempo médio do produto armazenado no silo bolsa podem ser visualizadas na Figura 55.

Tempo médio do produto armazenado no silo bolsa (silo )


30
28,4% 28,4%

25

21%

20

15

10
8,7%
7,4%
6,1%

0
Até 1 mês 2 a 3 meses 4 a 5 meses 6 a 7 meses 8 a 9 meses Acima de
10 meses

Figura 54. Tempo médio do produto armazenado no silo bolsa (silo bag), no nível Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

64
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Tempo médio do produto armazenado no silo bolsa (silo bag), por região

Centro-Oeste Matopiba Nordeste

60 65%
50
40 37,6%
29% 29%
30 22,8%22,8% 24,2%
20 15% 10%
5% 5,9% 5,9% 6,5% 6,5% 4,8% 5% 5%
10
0
Até 1 mês

2 a 3 meses

4 a 5 meses

6 a 7 meses

8 a 9 meses

Acima de 10 meses

Até 1 mês

2 a 3 meses

4 a 5 meses

6 a 7 meses

8 a 9 meses

Acima de 10 meses

Até 1 mês

2 a 3 meses

4 a 5 meses

6 a 7 meses

8 a 9 meses

Acima de 10 meses
Norte Sudeste Sul

60
50
40
33,3% 33,3% 30,8%
30 25,9%22,2%25,9% 23,1%
20 16,7% 16,7% 11,1% 11,1% 15,4% 15,4% 15,4%

10 3,7%
0
Até 1 mês

2 a 3 meses

4 a 5 meses

6 a 7 meses

8 a 9 meses

Acima de 10 meses

Até 1 mês

2 a 3 meses

4 a 5 meses

6 a 7 meses

8 a 9 meses

Acima de 10 meses

Até 1 mês

2 a 3 meses

4 a 5 meses

6 a 7 meses

8 a 9 meses

Acima de 10 meses
Figura 55. Tempo médio em que o produto fica armazenado no silo bolsa (silo bag), por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

A Figura 56 apresenta a proporção da produção de grãos da propriedade que foi armazenada


no silo bolsa no Brasil, em 2021. A situação mais típica apresentada foi armazenagem de até
10,0% da produção (26,8% de frequência nas respostas), embora 13,2% dos produtores tenham
declarado ter armazenado mais do que 75% da produção.

65
Proporção da produção de grãos da propriedade que
foi armazenada com o silo bolsa em 2021
30

26,8%

25

22,4% 22,4%

20

15
13,2%

10 9,2%

6,1%

0
Não souberam Até 10% De 11% a 25% De 26% a 50% De 51% a 75% Acima de 75%

Figura 56. Proporção da produção de grãos da propriedade que foi armazenada no silo bolsa em 2021 no Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O detalhamento por região pode ser conferido na Figura 57. As Regiões Centro-Oeste (30,7%),
Sul (38,5%) e Sudeste (26,9%) apresentaram padrões mais típicos de armazenagem de até 10,0%
da produção. O Norte (50,0%) e Matopiba (29,0%) apresentaram padrão típico de armazenar de
26,0% a 50,0% da produção e o Nordeste, acima de 75,0%.

66
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Proporção da produção de grãos da propriedade que foi


armazenada com o silo bolsa em 2021, por região

Centro-Oeste Matopiba Nordeste

60
60%
50
40 30,7% 28,7%
27,4% 29%
30 22,8%
19,4% 20%
20 11,3% 9,7%
7,9% 10%
10 5% 5% 3,2% 5% 5%
0
Não souberam

Até 10%

De 11% a 25%

De 26% a 50%

De 51% a 75%

Acima de 75%

Não souberam

Até 10%

De 11% a 25%

De 26% a 50%

De 51% a 75%

Acima de 75%

Não souberam

Até 10%

De 11% a 25%

De 26% a 50%

De 51% a 75%

Acima de 75%
Norte Sudeste Sul

60 50%
50
38,5%
40 33,3%
26,9%
30 23,1%
19,2% 19,2%
16,7% 15,4% 15,4% 15,4%
20 11,5%
7,7% 7,7%
10
0
Não souberam

Até 10%

De 11% a 25%

De 26% a 50%

De 51% a 75%

Acima de 75%

Não souberam

Até 10%

De 11% a 25%

De 26% a 50%

De 51% a 75%

Acima de 75%

Não souberam

Até 10%

De 11% a 25%

De 26% a 50%

De 51% a 75%

Acima de 75%
Figura 57. Proporção da produção de grãos da propriedade que foi armazenada no silo bolsa em 2021, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

Vale lembrar que, para o produtor que armazena o produto em infraestrutura de armazena-
gem própria, o padrão mais comum observado foi a não existência de perda. Diferentemente,
com o uso do silo bolsa, o padrão mais típico de perda (quebra técnica) apontado fora de 0,11%
a 0,25% (24,5% de frequência das respostas). Há, ainda, uma parcela de 6,6% dos produtores
declarantes de perdas acima de 1% e produtores que desconhecem as perdas com a operação
(20,1%). O detalhamento pode ser consultado Figura 58 e as informações por região são apre-
sentadas na Figura 59.

Perda média (quebra técnica) na armazenagem própria


utilizando o silo bolsa (% por mês armazenado)
30
24,5%
25
20,1%
20
15,3%
15 12,7%
10,5%
10 6,6%
6,1%
4,4%
5

0
Não soube Não apresentou Até 0,10% 0,11% até 0,26% até 0,51% até 0,76% até Acima de
avaliar perdas de perda 0,25% 0,50% 0,75% 1,00% 1,00%

Figura 58. Perda média (quebra técnica) na armazenagem própria utilizando o silo bolsa (% por mês armazenado) no Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

67
Perda
Perda média
média (quebratécnica)
(quebra técnica) na
na armazenagem
armazenagemprópria
própriautilizando
utilizando
o silo
o silo bolsa(%
bolsa (%por
por mês
mês armazenado),
armazenado), por
porregião
região
Centro-Oeste Matopiba Nordeste
Centro-Oeste Matopiba Nordeste
60
60 55
55 50
50 45
45 40 35%
40 35 35%
30 27,6%
35 24,2%
25 27,6% 22,6%
30
20 14,9%15,8%14,9% 22,6% 16,1%24,2% 15% 15%
25
15 15,8% 10,9% 11,3% 10% 10% 10%
20 16,1% 9,7% 15% 15%
8,1%
14,9%
10 14,9% 5% 4% 6,9% 4,8% 5%
15 10,9% 11,3% 3,2% 10% 10% 10%
5 8,1% 9,7%
10 5% 4% 6,9% 4,8% 5%
0 3,2%
5
avaliar

perdas

Até 0,10%

a 0,25%

0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1,00%

Acima de 1,00%

Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,10%

a 0,25%

a 0,50%

a 0,75%

0,76% a 1,00%

Acima de 1,00%

Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,10%

0,11% a 0,25%

a 0,50%

a 0,75%

a 1,00%

de 1,00%
0
Não soube avaliar

perdas

0,10%

0,11% a 0,25%

0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1,00%

Acima de 1,00%

Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,10%

0,25%

a 0,50%

a 0,75%

0,76% a 1,00%

Acima de 1,00%

Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,10%

a 0,25%

a 0,50%

a 0,75%

a 1,00%

Acima de 1,00%
Não soube

AtéSem

0,51%0,76%
0,51% 0,51%

0,26% 0,51%
0,26% a0,11%

0,11%

0,26%0,26%

0,11%0,26%

Acima
0,11% a
Sem

0,76%
Norte Sudeste Sul
60
55
Norte Sudeste Sul
50%
50
60 45
55 37%
40
50%
50 35 30,8%
45 30 25,9% 23,1%
25 37%
40 18,5%
20 16,7% 16,7% 16,7% 15,4%
35 30,8%
15
30 25,9% 7,4% 7,7% 7,7% 7,7% 7,7%
23,1%
10
25 3,7% 3,7% 3,7%
5 18,5%
20 16,7% 16,7% 16,7% 15,4%
0
15
7,4% 7,7% 7,7% 7,7% 7,7%
Não soube avaliar

Sem perdas
Até 0,10% Até 0,10%

0,11% a 0,25%

0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1,00%

Acima de 1,00%

Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,10%

0,11% a 0,25%

0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1,00%

Acima de 1,00%
soube avaliar

Sem perdas

0,11% a 0,25% Até 0,10%


0,11% a 0,25%

0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1,00%

Acima de 1,00%

10
3,7% 3,7% 3,7%
5
0
Não soube avaliar

Sem perdas

0,11% a 0,25%

0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1,00%

Acima de 1,00%

Não soube avaliar

Sem perdas

Até 0,10%

0,11% a 0,25%

0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1,00%

Acima de 1,00%
Não soube avaliar

perdas

Até 0,10%

0,26% a 0,50%

0,51% a 0,75%

0,76% a 1,00%

Acima de 1,00%
Sem Não

Figura 59. Perda média (quebra técnica) na armazenagem própria utilizando o silo bolsa (% por mês armazenado) no
Brasil, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

Na utilização do silo bolsa, normalmente opta-se pelo equipamento denominado embolsa-


dora para realizar o preenchimento do silo, ganhando escala na operação. Nessa linha, verifi-
cou-se que 82,5% dos produtores que fazem uso do silo bolsa possuíam embolsadora de grãos
e 8,3% contrataram serviços de terceiros (alugaram o equipamento). Por outro lado, 6,6% dos
produtores declararam não utilizar embolsadora, fazendo o preenchimento do silo bolsa ma-
nualmente (Figura 60).

68
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Utilização do equipamento
Utilização dede
do equipamento embolsadora degrãos
embolsadora de grãos para
para preencher
preencher o siloobolsa
silo bolsa

Contratam
Contratam serviços
serviços de terceiros
de terceiros
8,3% 8,3%
Utilizam equipamento próprio
Utilizam equipamento próprio
82,5%
82,5%
Não souberam
Não souberam
2,6%
2,6%
Não utilizam embolsadora
6,6%
Não utilizam embolsadora
6,6%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90%

Figura 60. Utilização do equipamento de embolsadora de grãos para preencher o silo bolsa no Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O detalhamento da utilização do equipamento de embolsadora de grãos por região pode ser


consultado na Figura 61. É interessante destacar que as regiões que mais alugam equipamen-
tos são a Sul (15,4%) e a Nordeste (14,7%). Já as Regiões Sudeste (33,3%) e Sul (30,8%) apresentam
as maiores frequências de resposta, indicando a não utilização do equipamento embolsadora.

Utilização do equipamento de embolsadora de grãos


para preencher o silo bolsa, por região

Centro-Oeste Matopiba Nordeste

Contratam servicos de terceiros Contratam servicos de terceiros Contratam servicos de terceiros


5% 9,7% 14,7%
Utilizam equipamento próprio Utilizam equipamento próprio Utilizam equipamento próprio
93,1% 88,7% 83,8%
Não souberam Não souberam Não souberam
1% 0% 1,5%
Não utilizam embolsadora Não utilizam embolsadora Não utilizam embolsadora
1% 1,6% 0%

Norte Sudeste Sul

Contratam servicos de terceiros Contratam servicos de terceiros Contratam servicos de terceiros


0% 7,4% 15,4%
Utilizam equipamento próprio Utilizam equipamento próprio Utilizam equipamento próprio
95% 44,4% 53,8%
Não souberam Não souberam Não souberam
0% 14,8% 0%
Não utilizam embolsadora Não utilizam embolsadora Não utilizam embolsadora
5% 33,3% 30,8%

Figura 61. Utilização do equipamento de embolsadora de grãos para preencher o silo bolsa, por região.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

69
5.4. Perfil do produtor rural que não possui infraestrutura de armazenagem e não utiliza silo
bolsa

Nesta subseção, é discutido o perfil do produtor que não possui infraestrutura de armazena-
gem e nem utiliza o silo bolsa.

Um dos fatores importantes quanto à construção da armazenagem diz respeito ao acesso ao


crédito. Nesse quesito, foi avaliado o conhecimento dos produtores rurais sobre as linhas de cré-
dito para a armazenagem, envolvendo recursos livres, linha oficial do Programa para Construção
e Ampliação de Armazenagem (PCA), entre outros. A pesquisa identificou que 25,9% dos pro-
dutores que não possuem infraestrutura de armazenagem desconhecem as linhas de crédito.
Sobre a linha oficial, apenas 35,7% conhecem o PCA. Por volta de 25,3% conhecem as linhas de
crédito de recursos livres, 12% conhecem tanto as de recursos livres quanto as de PCA e 1,2% co-
nhecem o Fundo do Centro-Oeste. Tais estatísticas podem ser consultadas na Figura 62.

Conhecimento dos produtores rurais sobre


as linhas de crédito para armazenagem

Recursos livres
25,3%
Linha oficial (PCA) e recursos livres
12%
Linha oficial (PCA)
35,7%
Fundo do Centro-Oeste
1,2%
Não conhecem
25,9%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40%

Figura 62. Conhecimento dos produtores rurais sobre as linhas de crédito existentes para armazenagem, no nível Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O detalhamento do grau de conhecimento dos produtores rurais sobre as linhas de crédito


para armazenagem pode ser visualizado, por região, na Figura 63.

As regiões que possuem produtores rurais com conhecimento maior sobre a linha oficial do
PCA são Centro-Oeste (44,1%), Norte (39,5%), Matopiba (38,3%) e Sul (44,1%). Em termos de des-
conhecimento sobre as linhas de crédito, os destaques são para as Regiões Sudeste (43,0%) e
Nordeste (37,1%) e Matopiba (31,9%).

70
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Conhecimento dos produtores rurais sobre as


linhas de crédito para armazenagem, por região

Centro-Oeste Matopiba Nordeste

Recursos livres Recursos livres Recursos livres


15,2% 17% 25,7%
Linha oficial (PCA) e recursos livres Linha oficial (PCA) e recursos livres Linha oficial (PCA) e recursos livres
17,9% 12,8% 11,4%
Linha oficial (PCA) Linha oficial (PCA) Linha oficial (PCA)
44,1% 38,3% 25,7%
Fundo do Centro-Oeste Fundo do Centro-Oeste Fundo do Centro-Oeste
4,1% 0% 0%
Não conhecem Não conhecem Não conhecem
18,6% 31,9% 37,1%

Norte Sudeste Sul

Recursos livres Recursos livres Recursos livres


30,2% 34,1% 25,7%
Linha oficial (PCA) e recursos livres Linha oficial (PCA) e recursos livres Linha oficial (PCA) e recursos livres
9,3% 4,4% 13,8%
Linha oficial (PCA) Linha oficial (PCA) Linha oficial (PCA)
39,5% 18,5%
44,1%
Fundo do Centro-Oeste Fundo do Centro-Oeste Fundo do Centro-Oeste
0% 0% 0%
Não conhecem Não conhecem Não conhecem
20,9% 43% 16,4%

Figura 63. Conhecimento pelos produtores rurais sobre as linhas de crédito existentes para armazenagem, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

Para captar o interesse em construir armazéns por parte dos produtores rurais que não pos-
suem infraestrutura de armazenagem, foi proposta uma taxa de juros atrativa. Identificou-se
que 72,7% investiriam em armazenagem. Por outro lado, 20,9% não investiriam, mesmo com
a referida taxa, pois não a julgaram como fator importante na decisão. Além disso, aproxima-
damente 4,0% indicaram que não investiriam pelo fato de serem pequenos produtores ou de
serem atendidos pelas cooperativas. A Figura 64 apresenta as informações do interesse dos
produtores.

Interesse dos produtores rurais em investir em armazenagem


caso obtivessem um crédito com taxa de juros atrativa

Sim, investiria em armazenagem caso a taxa de juros fosse atrativa


72,7%
Não, pelo fato de ser pequeno produtor ou de ser atedido pela cooperativa
3,9%
Não, pois a taxa de juros não é importante na decisão
20,9%
Investiria em armazenagem, independentemente da taxa de juros
2,5%

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80%

Figura 64. Interesse dos produtores rurais em investir em armazenagem caso obtivessem um crédito com taxa de
juros atrativa, no nível Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

71
O interesse dos produtores em investir em armazenagem com uma taxa de juros mais atrativa
por região pode ser consultado na Figura 65. Caso obtenham crédito com taxa de juros mais
atrativa, os produtores das Regiões Centro-Oeste (81,2%), Matopiba (89,8%), Nordeste (87,2%) e
Norte (90,9%) apresentam interesse em investir em armazenagem. Por outro lado, as Regiões
Sudeste (35,7%) e Sul (25,9%) se destacaram como estados que apresentaram produtores que
não investiriam em armazenagem, mesmo como uma taxa de juros atrativa.

Interesse dos produtores rurais em investir em armazenagem caso


obtivessem um crédito com taxa de juros atrativa, por região

Centro-Oeste Matopiba

Sim, investiria em armazenagem caso a taxa de juros fosse atrativa Sim, investiria em armazenagem caso a taxa de juros fosse atrativa
81,2% 89,8%
Não, pois a taxa de juros não é importante na decisão Não, pois a taxa de juros não é importante na decisão
9,9% 6,8%
Não, pelo fato de ser pequeno produtor ou de ser atendido pela cooperativa Não, pelo fato de ser pequeno produtor ou de ser atendido pela cooperativa
5% 1,7%
Investiria em armazenagem, independentemente da taxa de juros Investiria em armazenagem, independentemente da taxa de juros
3,9% 1,7%

Nordeste Norte

Sim, investiria em armazenagem caso a taxa de juros fosse atrativa Sim, investiria em armazenagem caso a taxa de juros fosse atrativa
87,2% 90,9%
Não, pois a taxa de juros não é importante na decisão Não, pois a taxa de juros não é importante na decisão
10,6% 5,5%
Não, pelo fato de ser pequeno produtor ou de ser atendido pela cooperativa Não, pelo fato de ser pequeno produtor ou de ser atendido pela cooperativa
0% 1,8%
Investiria em armazenagem, independentemente da taxa de juros Investiria em armazenagem, independentemente da taxa de juros
2,1% 1,8%

Sudeste Sul

Sim, investiria em armazenagem caso a taxa de juros fosse atrativa Sim, investiria em armazenagem caso a taxa de juros fosse atrativa
59,9% 66,5%
Não, pois a taxa de juros não é importante na decisão Não, pois a taxa de juros não é importante na decisão
35,7% 25,9%
Não, pelo fato de ser pequeno produtor ou de ser atendido pela cooperativa Não, pelo fato de ser pequeno produtor ou de ser atendido pela cooperativa
3,2% 5,1%
Investiria em armazenagem, independentemente da taxa de juros Investiria em armazenagem, independentemente da taxa de juros
1,3% 2,5%

Figura 65. Interesse dos produtores rurais em investir em armazenagem caso obtivessem um crédito com taxa de
juros atrativa, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

Em 2021, 66,4% dos produtores que não possuíam infraestrutura de armazenagem contrata-
ram serviços de terceiros, conforme apresentado pela Figura 66. Especificamente ainda, as
regiões com maiores taxas de contratação de serviços de armazenagem foram Centro-Oeste
(86,5%), Sul (77,4%), Norte (64,9%) e Matopiba (60,0%). As regiões com as maiores taxas de não
contratação de serviços foram Nordeste (66,7%) e Sudeste (58%), conforme especificado na
Figura 67.

72
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Contratação de serviços de armazenagem de


terceiros pelos produtores rurais, em 2021

Contrataram
66,4%
Não contrataram
33%
Não souberam avaliar
0,6%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50% 55% 60% 65% 70%

Figura 66. Contratação de serviços de armazenagem de terceiros pelos produtores rurais, em 2021
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

Contratação de serviços de armazenagem de terceiros


pelos produtores rurais, em 2021, por região

Centro-Oeste Matopiba Nordeste

Contrataram Contrataram Contrataram


86,5% 60% 31,3%
Não contrataram Não contrataram Não contrataram
13,5% 38,3% 66,7%
Não souberam avaliar Não souberam avaliar Não souberam avaliar
0% 1,7% 2,1%

Norte Sudeste Sul

Contrataram Contrataram Contrataram


64,9% 41,4% 77,8%
Não contrataram Não contrataram Não contrataram
31,6% 58% 22,2%
Não souberam avaliar Não souberam avaliar Não souberam avaliar
3,5% 3,5% 0%

Figura 67. Contratação de serviços de armazenagem de terceiros pelos produtores rurais, em 2021, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

A Figura 68 detalha o tipo de fornecedor do serviço de armazenagem contratado pelo produtor


rural em 2021. Os maiores fornecedores foram: cooperativa da qual o produtor é cooperado (47,1%),
empresas especializadas em armazenagem (33,4%) e tradings (10,7%), entre outros.

73
Tipo de fornecedor do serviço de armazenagem
contratado pelo produtor rural

Trading
10,7%
Produtor vizinho
0,6%
Indústria
0,8%
Empresas especializadas em armazenagem
33,4%
Cooperativa da qual é sócio
47,1%
Cooperativa da qual não é sócio
4%
Condomínio de armazéns de produtores
3,4%

0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 35% 40% 45% 50%

Figura 68. Tipo de fornecedor do serviço de armazenagem contratado pelo produtor rural no Brasil.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

De acordo com a Figura 69, existe uma diferença entre os padrões típicos dos prestadores
de serviço de armazenagem contratados pelos produtores rurais nas diferentes regiões do
país. Nota-se que as Regiões Norte (59,5%), Matopiba (44,4%), Nordeste (42,9%) e Centro-Oeste
(37,3%) apresentaram uma preferência majoritária por empresas especializadas em armazena-
gem. Já a Região Sul (70,8%) possui preferência majoritária por utilizar serviços da cooperativa
da qual os produtores são sócios.

Tipo de fornecedor do serviço de armazenagem contratado pelo produtor rural, por região

Centro-Oeste Matopiba Nordeste

Empresas especializadas em armazenagem Empresas especializadas em armazenagem Empresas especializadas em armazenagem


37,3% 44,4% 42,9%
Cooperativa da qual é sócio Cooperativa da qual é sócio Cooperativa da qual é sócio
33,1% 11,1% 7,1%
Trading Trading Trading
18,1% 36,1% 35,7%
Cooperativa da qual não é sócio Cooperativa da qual não é sócio Cooperativa da qual não é sócio
4,2% 2,8% 7,1%
Condomínio de armazéns de produtores Condomínio de armazéns de produtores Condomínio de armazéns de produtores
6% 2,8% 0%
Produtor vizinho Produtor vizinho Produtor vizinho
0,6% 2,8% 7,1%
Indústria Indústria Indústria
0,6% 0% 0%

Norte Sudeste Sul

Empresas especializadas em armazenagem Empresas especializadas em armazenagem Empresas especializadas em armazenagem


59,5% 43,2% 19,1%
Cooperativa da qual é sócio Cooperativa da qual é sócio Cooperativa da qual é sócio
13,5% 45,7% 31,6%
Trading Trading Trading
24,3% 4,9% 3,7%
Cooperativa da qual não é sócio Cooperativa da qual não é sócio Cooperativa da qual não é sócio
0% 2,5% 5,1%
Condomínio de armazéns de produtores Condomínio de armazéns de produtores Condomínio de armazéns de produtores
2,7% 3,7% 1,1%
Produtor vizinho Produtor vizinho Produtor vizinho
0% 0% 0,6%
Indústria Indústria Indústria
0% 0% 1,7%

Figura 69. Tipo de fornecedor do serviço de armazenagem contratado pelo produtor rural, por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

74
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Outra estatística de relevância diz respeito à distância média percorrida entre a fazenda do pro-
dutor e o armazém contratado para entrega do produto, em quilômetros (km). De acordo com
a pesquisa realizada, a distância média que o produtor percorre para entregar ao armazém de
terceiros é de 35,1 quilômetros (média nacional). O estado do Piauí foi o que apresentou a maior
média de distância percorrida, 110 quilômetros, enquanto o Rio Grande do Sul possui a menor,
16,1 quilômetros. O detalhamento das distâncias médias pode ser visualizado na Figura 70.

Distância média entre a fazenda e o armazém contratado (km)

Alagoas
37,5
Amapá
43
Bahia
35
Brasil
35,1
Ceará
30
Distrito Federal
34
Goiás
60
Maranhão
100
Mato Grosso
41
Mato Grosso do Sul
43,7
Minas Gerais
29,7
Pará
68
Paraná
19,2
Piaui
110
Rio Grande do Sul
16,1
Rondônia
86,5
Roraima
85
Santa Catarina
18
São Paulo
24
Tocantins
71,7

Figura 70. Distância média entre a fazenda e o armazém contrato, em quilômetros, das unidades federativas do país
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

75
Por fim, nesta subseção, a pesquisa buscou identificar as principais razões para os produtores
rurais não investirem em infraestrutura de armazenagem, conforme detalhado na Figura 71.
As razões classificadas por alto grau de importância são alto custo de construção, alto custo
de operação, dificuldade de acesso ao crédito para construção, falta de capital de giro para
manter o negócio e outras prioridades para investir na propriedade. Por outro lado, as razões
classificadas como de nenhuma importância respondem pela não observância das vantagens
com a armazenagem, sob a alegação de que o silo bolsa resolve a necessidade temporária de
armazenagem.

Razões para os produtores não investirem em infraestrutura de armazenagem

Dificuldade de acesso
Alto custo de construção Alto custo de operação ao crédito para construção
Alta importância Alta importância Alta importância
63% 34,2% 39%
Moderada importância Moderada importância Moderada importância
10,8% 27,7% 19,5%
Baixa importância Baixa importância Baixa importância
8% 25,1% 22,1%
Nenhuma importância Nenhuma importância Nenhuma importância
18,1% 13% 19,,3%

Necessidade de Falta de capital de giro


Ausência de vantagens mão de obra qualificada para manter o negócio
Alta importância Alta importância Alta importância
16,7% 25,1% 32,2%
Moderada importância Moderada importância Moderada importância
14,5% 25,5% 26,3%
Baixa importância Baixa importância Baixa importância
21,5% 27,3% 19,4%
Nenhuma importância Nenhuma importância Nenhuma importância
47,4% 22,2% 22,1%

Outras prioridades para Necessidade do armazém


investiri na propriedade solucionada pelo silo bolsa
Alta importância Alta importância
35% 10,6%
Moderada importância Moderada importância
25,1% 15,4%
Baixa importância Baixa importância
18,9% 22,1%
Nenhuma importância Nenhuma importância
21% 52%

Figura 71. Principais razões para os produtores não investirem em infraestrutura de armazenagem, por grau de im-
portância, no Brasil
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O detalhamento das razões para os produtores não investirem em infraestrutura de arma-


zenagem por região pode ser consultado na Figura 72. É importante destacar que foi apre-
sentada a participação dos produtores que classificaram cada razão como a de maior grau
de importância em relação ao total de classificações. Por exemplo, os produtores rurais do
Centro-Oeste classificaram o alto custo de construção do armazém com alta importância para
explicar o fato de não investirem em armazenagem.

76
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

Razões para os produtores não investirem em infraestrutura de armazenagem

Frequência de respostas para alta importância

Centro-Oeste Matopiba Nordeste

Alto custo de construção Alto custo de construção Alto custo de construção


61,8% 57,4% 63,6%
Dificuldade de acesso ao crédito para construção Dificuldade de acesso ao crédito para construção Dificuldade de acesso ao crédito para construção
45,5% 50% 39,4%
Falta de capital de giro para manter o negócio Falta de capital de giro para manter o negócio Falta de capital de giro para manter o negócio
21,4% 29,3% 42,4%
Outras prioridades para investir na propriedade Outras prioridades para investir na propriedade Outras prioridades para investir na propriedade
33,6% 30,2% 36,4%
Alto custo de operação Alto custo de operação Alto custo de operação
29,5% 26,3% 39,4%
Necessidade de mão de obra qualificada Necessidade de mão de obra qualificada Necessidade de mão de obra qualificada
24,2% 22,5% 21,2%
Ausência de vantagens Ausência de vantagens Ausência de vantagens
10,9% 21,6% 21,2%
Necessidade do armazém solucionada pelo silo bolsa Necessidade do armazém solucionada pelo silo bolsa Necessidade do armazém solucionada pelo silo bolsa
9,4% 7,7% 18,2%

Norte Sudeste Sul

Alto custo de construção Alto custo de construção Alto custo de construção


78,1% 61,7% 68,5%
Dificuldade de acesso ao crédito para construção Dificuldade de acesso ao crédito para construção Dificuldade de acesso ao crédito para construção
65,6% 37,8% 32,7%
Falta de capital de giro para manter o negócio Falta de capital de giro para manter o negócio Falta de capital de giro para manter o negócio
34,4% 40,9% 32,1%
Outras prioridades para investir na propriedade Outras prioridades para investir na propriedade Outras prioridades para investir na propriedade
28,1% 35,3% 39%
Alto custo de operação Alto custo de operação Alto custo de operação
18,8% 43% 34,2%
Necessidade de mão de obra qualificada Necessidade de mão de obra qualificada Necessidade de mão de obra qualificada
18,8% 30,8% 24,3%
Ausência de vantagens Ausência de vantagens Ausência de vantagens
12,5% 22,7% 16%
Necessidade do armazém solucionada pelo silo bolsa Necessidade do armazém solucionada pelo silo bolsa Necessidade do armazém solucionada pelo silo bolsa
6,3% 16,5% 6,5%

Figura 72. Principais razões para os produtores não investirem em infraestrutura de armazenagem (proporção de res-
postas para alta importância), por região
Nota: Em função de aproximações das casas decimais, é possível que a soma das informações não totalize 100,0%.
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

5.5. Recomendações para incentivar a expansão da armazenagem na fazenda na visão dos


produtores rurais

Nesta subseção, são apresentadas as principais indicações de incentivos propostos pelos pro-
dutores rurais para fomentar a expansão da capacidade de armazenagem de forma qualitativa
e aberta.

A Figura 73 apresenta a nuvem de palavras mais frequentes das recomendações dos produtores
para incentivar a armazenagem, sendo as mais usuais: linhas, crédito, incentivo, fomento, juros,
construção, cooperativa, condomínio e crédito para construção de armazenagem, entre outras.

77
CONDOMÍNIO

PRODUTOR

FOMENTO

CONSTRUÇÃO

LINHAS DE MAIOR
PRAZO
CRÉDITO

INCENTIVO

COOPERATIVAS

CRÉDITO

JUROS BAIXOS

Figura 73. Nuvem de palavras mais frequentes das recomendações dos produtores para incentivar a expansão da infraestrutura
de armazenagem
Fonte: Elaborada pelos autores a partir da pesquisa primária de dados.

O acesso ao crédito é a chave principal indicada pelos produtores para incentivar a armaze-
nagem dentro da fazenda. Nesse contexto, eles indicaram a necessidade de haver linhas de
crédito específicas para a armazenagem com taxa de juros mais atrativa (sugestões variando
de 2,0% a 5,0% ao ano), maior prazo de financiamento (sugestões variando de 12 a 20 anos) e
maior período de carência do pagamento da amortização (sugestões variando de 3 a 5 anos).

Alguns produtores, principalmente os com grandes propriedades, indicaram que a linha ofi-
cial do PCA limita o financiamento para armazéns com capacidade de até 100 mil sacas (6 mil
toneladas), a qual pode ser incompatível e subdimensionada para o tamanho da propriedade,

78
Diagnóstico da Armazenagem Agrícola no Brasil

criando um desestímulo para investimentos em armazenagem ou induzindo o dimensiona-


mento inadequado para usar o crédito, não reduzindo, efetivamente, o gargalo do déficit de
armazenagem na propriedade.

Muitos produtores, principalmente os de pequenas propriedades, indicaram a necessidade


de fomentar a armazenagem pela via da cooperativa, de forma que esta possa ofertar mais
capacidade de armazenagem indiretamente para os pequenos produtores que são sócios ou
usufruem dos serviços das cooperativas.

Para os produtores que possuem infraestrutura de armazenagem, ficou evidente a dificul-


dade quanto à manutenção e modernização dos armazéns existentes. Nesse contexto, foram
também pontuadas sugestões de linhas específicas de crédito para modernização do parque
de infraestrutura de armazenagem existente.

Outro aspecto importante diz respeito ao produtor arrendatário de longo prazo, com grande
produção e que não possui incentivo para construir armazém na propriedade. Com acesso ao
crédito com taxa de juros atrativa, ele poderia construir o armazém tanto para atender à neces-
sidade da propriedade quanto para prestar serviços de armazenagem para terceiros, inclusive
com recomendações de prazo de financiamento de acordo com o prazo do arrendamento. Mais
especificamente ainda, alguns produtores arrendatários recomendaram o fomento de secado-
res móveis para utilização nas suas propriedades, por intermédio de linhas de financiamento.

No caso dos produtores que usam apenas silo bolsa, muitos citaram a criação de linhas espe-
cíficas de crédito para fomentar a aquisição dos equipamentos de embolsadoras de grãos, de
modo a reduzir a dependência dos prestadores de serviços.

Além disso, ficou bastante evidente, tanto nas dificuldades apontadas pelos produtores quanto
nas indicações de expansão da armazenagem dentro da fazenda, a necessidade de qualifica-
ção profissional. Nessa temática, diversas sugestões foram pontuadas: capacitação dos profis-
sionais, incluindo os classificadores da região e o manejo do armazém quanto à conservação de
grãos; treinamento dos produtores que possuem armazém e/ou tenham interesse em construir;
e conscientização do produtor sobre os benefícios da armazenagem na propriedade.

Os pequenos produtores também pontuaram a necessidade de fomentar mais condomínios


de armazenagem entre eles mesmos ou mesmo do setor privado para prestar serviços nas
diferentes regiões, reduzindo custos logísticos e filas. Em algumas regiões, os produtores con-
centram as entregas em poucos armazéns, de forma simultânea, em função da colheita, im-
plicando filas elevadas.

No caso especificamente dos cafeicultores, ficou evidente a preocupação deles com a segu-
rança na armazenagem dentro da fazenda com vistas à redução dos roubos.

Por fim, em termos de sugestões sobre infraestrutura de apoio à armazenagem, ficaram evi-
dentes dois conjuntos de sugestões dos produtores. Primeiro, a necessidade de melhorar a
infraestrutura de distribuição de energia elétrica no interior para viabilizar a instalação e ope-
ração do armazém. Muitos produtores comentaram que, para investir em armazenagem, te-
riam que realizar investimentos na rede elétrica. A depender da região, há limitação e difi-
culdades com o suporte dos fornecedores de energia, além do fato de a energia que chega à
propriedade muitas vezes passar por oscilações. A outra sugestão é melhorar o sistema viário
de transporte, particularmente aprimorando estradas vicinais e acessos à propriedade, entre
outros aspectos.

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