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FACULDADE DA SERRA GAÚCHA

CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

PROCESSOS DE DINÂMICA SUPERFICIAL:


Erosão, Assoreamento, Subsidência e colapso

Disciplina: Geotecnia Aplicada – CIV027/1321


Prof.: Fernando E. Boff
Estrutura de Apresentação
 Processos de Dinâmica Superficial
 Erosão
 Definição
 Classificação
 Fatores desencadeadores
 Formas de contenção e prevenção
 Assoreamento (exemplos e formas de contenção)
 Inundações (conceitos e medidas de controle)
 Subsidência e colapso (definições, estudos de
caso e forma de contenção) 2
Introdução
A paisagem de nosso planeta é dinâmica, sendo caracterizada
por uma constante mudança nas suas formas. Estas mudanças
são regidas por um equilíbrio entre as forças internas (que atuam
no sentido de elevar a superfície da terra) e as externas, que
tendem a arrasar estas elevações.
Parte destas mudanças necessita de milhares de anos para
completar seu ciclo, outras ocorrem relativamente rápido,
sendo perceptíveis na escala de tempo da vida humana.
Portanto, as encostas constituem-se em um dos diferentes tipos
de formas de terreno, originados pela ação de forças externas e
internas, através de agentes geológicos, climáticos,
biológicos e humanos que vêm, através dos tempos,
esculpindo a superfície da Terra.
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Introdução
 Processos (forças) que modificam e
modelam a superfície da terra,
movidos pela energia gravitacional
e solar.
 Tendência de nivelamento da
paisagem (terreno)
 Agentes: chuvas, vento, ondas, rios,
marés, gelo;
 Processos antrópicos;
 Ocorre deformação e modificação do
meio quando a resistência desse
meio é menor que as forças
atuantes;
 As modificações do meio variam
com o tempo, espaço e a
velocidade.
Conceitos
 Tempo: sequência cumulativa de
eventos, medidas em incrementos iguais,
movendo-se em uma direção apenas,
tornando o processo irreversível.
 Taxa (velocidade): mudanças de um
parâmetro em um certo período de tempo.
Por exemplo o avanço de uma boçoroca
pode ser de 100m/ano. Conforme a
velocidade e o tempo, o processo pode
ser considerado contínuo ou discreto.
 Espaço: sequência de locações medidas
em intervalos iguais, geralmente no
sistema XYZ. A taxa de variação Z em
relação a X ou Y é denominada
declividade.

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Processos de Dinâmica Superficial
Processos atuantes na dinâmica superficial:
 Movimentos de massa (quedas, tombamentos,
rolamentos, escorregamentos (deslizamento),
corridas/escoamento, etc.).
 Erosão (pela água e vento)
 Desagregação superficial

 Alívio de tensões
 Subsidência e colapso (direção essencialmente vertical
descendente)
 Deslizamentos submarinos e subaquosos 6
Erosão
DEFINIÇÃO: processo de desagregação e remoção de
partículas do solo ou de fragmentos e partículas de rochas,
pela ação combinada da gravidade com a água, vento, gelo
e/ou organismos (plantas e animais)(IPT, 1986).

FORMAS DE ABORDAGEM DOS PROCESSOS EROSIVOS:


Erosão natural (geológica) – erosão que se desenvolve em
condições de equilíbrio com a formação do solo;
Erosão acelerada (antrópica) – cuja intensidade é superior a
formação do solo, não permitindo a sua recuperação natural.

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Erosão hídrica
AÇÃO DA ÁGUA DA CHUVA:
 Impacto das gotas de chuva no solo que
provoca a desagregação e liberação das
partículas;
 Remoção e transporte pelo escoamento
superficial e;
 Deposição dos sedimentos produzidos
formando depósitos de assoreamento.
TIPO EROSÃO CONFORME A FORMA DO
ESCOAMENTO SUPERFICIAL:
 Erosão laminar: escoamento difuso das
águas das chuvas = remoção
progressiva e uniforme do solo
 Erosão linear: concentração das linhas
de fluxo – incisões na superficie do
terreno  sulcos  ravinas.

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Erosão em sulcos

9
Ravina

10
Boçoroca
Erosão das águas superficiais + subsuperficiais  piping
(erosão interna ou tubular)  boçoroca = rápida evolução e
elevado poder destrutivo
Modelo Evolutivo
Erosão Hídrica
Que tipo de erosão é essa ?
Erosão Hídrica
Que tipo de erosão é essa (laminar ou linear)?
Erosão Hídrica
Que tipo de erosão é essa (laminar ou linear)?
Erosão Hídrica
Que tipo de erosões são essas?

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Boçoroca (Exemplos)
Imagens aéreas de boçorocas no município de Cacequi

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Erosão hídrica
Fatores condicionantes:

Fatores antrópicos: desmatamento e formas de uso e


ocupação do solo (agricultura, obras civis (construção de
estradas), urbanização (criação e expansão de vilas e
cidades).

Fatores naturais: chuva, cobertura vegetal, relevo, tipo


de solo e substrato rochoso.

Consequências: destruição de terras de cultivo,


equipamentos urbanos e obras civis. 17
Fatores naturais
•Chuva: erosão pelo impacto das gotas de água, com energia e velocidade
variáveis, e por meio do fluxo concentrado das águas de escoamento. Depende
basicamente da distribuição, da quantidade e da intensidade da chuvas.
•Cobertura vegetal: defesa natural do solo contra a erosão: as copas das
árvores impedem em parte o impacto direto da chuva na superficie do terreno e
as raízes promovem um acréscimo de resistência ao solo. O desmatamento
implica em um aumento da velocidade superficial e aumento das infiltrações que
aumentam os gradientes e desencadeiam o piping. Consequência: aparecimento
de boçorocas.
• Relevo: declividade e comprimento da rampa. Maior declividade e comprimento
de rampa, maior a velocidade de escoamento. A vazão de escoamento também
contribui com a capacidade erosiva.
•Solo: a resistência contra a erosão tem influência. Fatores: textura, estrutura e
permeabilidade. Solos rasos e profundos.
•Rochas: características litológicas e intensidade do intemperismo, grau de
fraturamento.
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Fatores naturais
Efeito da vegetação no balanço hídrico das águas

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Fatores naturais
Solo – Influência da textura na erosão

Processos de erosão, transporte e deposição, em função do tamanho das partículas e


velocidade do agente.

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Cálculo da Perda de Solo por Erosão
Método para determinação da erosão laminar
Para o estudo da erosão por escoamento difuso (erosão laminar) foi
desenvolvido nos Estados Unidos (EUA) a Equação Universal de Perdas de
Solo, amplamente utilizada e expressa pela relação:
A = R.K.L.S.C.P
Onde:
A = índice que representa a perda de solo por unidade de área;
R = índice de erosividade da chuva;
K = índice de erodibilidade do solo;
L = índice relativo ao comprimento da encosta;
S = índice relativo a declividade da encosta
C = índice relativo ao fator de uso e manejo do solo;
P = índice relativo a prática conservacionista adotada
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Erosão Eólica

Este processo consiste na desagregação e remoção


de fragmentos e partículas de solo e rocha pela ação
combinada do vento e da gravidade.

 Partículas carregadas pelo vento produzem impacto que


provoca o desgaste do material rochoso.
 Em solos provoca deslocamento, suspensão e transporte do
material
 Formação de dunas e deslocamento das dunas
 A erosão eólica não age nas partículas agregadas pela água
sendo o calor solar importante pois interfere no grau de
umidade, nos ventos e nas oscilações no nível freático.

22
Erosão Eólica

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Erosão: Problemas causados
 No local da erosão – comprometendo a fertilidade natural
do solo;
 Em locais afastados ocasiona:
 assoreamento e poluição de rios, baias e reservatórios;
 Inundação de áreas urbanas e rurais devido ao
desmatamento (queimadas) e ao uso da terra (uso
excessivo de defensivos agrícolas) e ainda riscos e
limitações que os ambientes impõem;
 Danos em meios urbanos, obras civis (taludes de rodovia)

24
Erosão: Problemas causados
Quais os fatores que podem ser responsáveis pelo desencadeamento dos
processos erosivos apresentados nas imagens a seguir?

Feições erosivas na cidade de Bauru-SP


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Erosão: Problemas causados
Erosão em taludes de rodovia

26
Erosão: Problemas causados

Erosão diferenciada

27
Erosão: Problemas causados

Erosão associada a
obras de drenagem

28
Erosão: Problemas causados

Erosão em
plataforma

29
Erosão: Problemas causados
Boçoroca na cidade de Agudos (SP)

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Erosão: Problemas causados
Efeitos da ação erosiva em loteamento. Foto: IPT.

31
Erosão: Problemas causados
Conjunto Habitacional da Região Metropolitana de São Paulo
degradado pela erosão. Foto: IPT.

32
Erosão: Problemas causados
Erosão Urbana
Detalhe da intensidade dos processos erosivos nas frentes de expansão urbana da
região metropolitana de São Paulo. Rua de conjunto habitacional totalmente
destruída e unidades habitacionais comprometidas.

33
Erosão: Problemas causados

Disposição irregular de
lixo em boçoroca

34
Erosão: Problemas causados
Assoreamento de drenagens

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Estudo de caso – Bauru

Uma das mais rápidas erosões


urbanas do Brasil em Bauru-SP,
representou a movimentação de
320.000 m3 de solo em apenas 5
meses. A erosão foi provocada pela
descarga de telhados, sem
compensação da perda de
infiltração, de um conjunto de
habitações populares que se vê ao
alto da foto.
O substrato formado pelo arenito
Bauru é extremamente erodível e
muitas vezes está associado
também a ocorrências de
assoreamento.

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Estudo de caso – Bauru
Boçoroca na cidade de Bauru (SP)- vista aérea

37
Estudo de caso – Bauru
Boçoroca na cidade de Bauru (SP)_vista interior

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Formas de controle e prevenção
 Cartografia geológica e geotécnica
 Caracterização das condições de uso e ocupação do solo definindo
as atividades antrópicas deflagradoras dos processos erosivos para
seu controle e disciplinamento
 Aplicação de técnicas adequadas de conservação e manejo do
solo, como: plantio direto, plantio em curva de nivel com apropriado
sistema de captação e escoamento das águas pluviais;
 Manter a fertilidade natural do solo por meio da colocação de matéria
orgânica no solo → melhora a coesão, aumenta a capacidade de
retenção de água e promove a formação de estruturas com
agregados estáveis;
 Revegetação para proteção do solo contra impacto das gotas de
chuva e o escoamento superficial concentrado;
 Plantio de gramíneas e árvores nas áreas que circundam as
boçorocas;
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Formas de controle e prevenção
 Levam em conta técnicas que reduzam o escoamento superficial e
do vento, aumento da capacidade de armazenamento da água ou
liberação do excesso de água;
 Implantação de obras de estabilização e drenagem, adequadas e
adaptadas para cada caso específico de erosão, dentro dos
parâmetros estabelecidos pela engenharia e geotecnia
(estabilizadores de talvegue (muros, barramentos), estruturas em
gabião, revestimentos, retaludamentos, escadas hidráulicas,
dissipadores de energia, drenagens e outros);
 Disciplinamento de águas superficiais: estruturas de captação e
condução de águas superficiais (rede de galerias e emissários,
dimensionados a partir do cálculo de vazão de águas pluviais),
controle e dissipação das águas nos pontos de lançamento;
 Reaterro de erosões
 Disciplinamento de águas subterrâneas (drenos profundos)
 Estabilização de taludes resultantes do movimento de massa
(aterro, retaludamento);
 Conservação de obras implantadas

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Uso de geotéxteis
Técnicas de Manejo do Solo
técnicas adequadas de conservação e manejo do solo

Plantio Direto

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Técnicas de Manejo do Solo
Plantio em curva de nível

Aspecto de terraços em forma de


patamares, construídos para plantio
pelos incas no Perú pré-colombiano
(ruínas na trilha inca para Machu
Picchu)

Programa de microbacias hidrográficas


ANA x Secretaria de Agricultura/SP

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Revegetação
Após projeto de recuperação das áreas degradadas, efetuado pela Light, entre 1992
e 1995. Foram plantadas cerca de 300.000 espécimes florestais da Mata Atlântica

43
Revegetação
Revegetação como forma de combate a erosão

44
Revegetação
Cordão em contorno vegetado com capim vetiver em área de encosta

45
Obras de Estabilização
Estabilizadores de talvegue

Desenho esquemático de um foco de Desenho esquemático do combate à


erosão em forma de cunha erosão em forma de cunha através de
barragens sucessivas.

46
Obras de Estabilização
Estabilizadores de talvegue
Desenho esquemático de um foco Desenho esquemático do combate a
de erosão em forma de concha. erosão em concha.

47
Obras de Estabilização
Estabilizadores de talvegue

Desenho esquemático de um foco de Desenho esquemático da


erosão em forma de folha. estabilização através de muros na
erosão em folha

48
Obras de Estabilização
Estabilizadores de talvegue

 Barragem em Gabião
 Barragem em Madeira (paliçada)
 Barragem de Terra
 Barragem em Concreto
 Barragem Mista

49
Obras de Estabilização
Estabilizadores de talvegue
Barragem sucessivas em gabião

50
Obras de Estabilização
Estabilizadores de talvegue
Barragem sucessivas em madeira (paliçadas)

51
Obras de Estabilização
Estabilizadores de talvegue
Barragem em concreto com dreno

Paredes construídas transversalmente as boçorocas para reter os


sedimentos, reduzir a profundidade e gradiente das mesmas. 52
Obras de Estabilização
Dissipador em escada
Escada em Gabião

53
Obras de Estabilização
Dissipador em escada
Escada em Concreto

Jardim novo mundo/2002

54
Obras de Estabilização
Revestimento superficial
Proteção superficial do talude com manta geossitética

55
Obras de Estabilização
Revestimento superficial
Talude protegido com manta e revegetação

56
Obras de Estabilização
Dissipadores de energia

Caixas de redução

57
Obras de Estabilização
Dissipadores de energia
Revestimento superficial e obras de drenagems

58
Obras de Drenagem
Modelo de dreno com geotextil e brita

59
Obras de Drenagem
Modelo de dreno com bambu e brita

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Controle e Dissipação do Escoamento
Dissipação do escoamento das águas pluviais ao longo de vias secundárias em Bauru

Detalhe dos
coletores de água
pluviais
61
Recuperação de Boçorocas
Uma via extremamente interessante de promover a neutralização
dos efeitos impermeabilizantes da placa tecnogênica urbana foi
adotado sistematicamente na cidade de Contagem, RMBH, que
tem usado vales secos de cabeceiras e preferencialmente as
grandes boçorocas urbanas para a disposição controlada de
resíduos sólidos inertes (RCC) recolhidos em Contagem e Belo
Horizonte através de caçambas.
O extraordinário benefício desta forma de gestão de resíduos
urbanos, direta ou indiretamente autofinanciada, pode ser
comprovado nas ilustrações das apresentações seguintes.
Recuperação de Boçorocas

Reabilitação de boçorocas urbanas em Contagem usando


entulho inerte.
Exemplos dos bairros Piraquara, na região central da
cidade (cerca de 350.000 m3) e vila São Mateus no bairro
Estrela Dalva (cerca de 280.000 m3).
Área central de
Contagem com o
contorno da
boçoroca em
hachuras
Contorno da boçoroca com
traços do projeto conceitual
implementado com pequenas
alterações.
ETC 1997

Aspecto da feição com o centro de Contagem ao fundo.


ETC 1997
Voçoroca com o centro de Contagem ao fundo. Caminhão inicia
o lançamento de resíduos. Lixo lançado no primeiro plano,
prática que o uso futuro eliminará.
ETC 1999

Esplanadas e taludes resultantes do enchimento da cavidade


com resíduos inertes. As casas ao fundo, antes à beira do
barranco, deixaram de estar em risco, enquanto ...
ETC 1999

A nova condição favoreceu o empoçamento , bom desfecho


ambiental porque recarrega o lençol e pereniza nascentes.
ETC 1999

Por outro lado, a erosão pode vir exatamente da canalização


que promete combatê-la.
1 2 3 4 5 6

1 – Dique frontal; 2 – Corpo de bota-fora terroso, pouco permeável; 3 – Formação


em sigmóide resultante da descarga frontal de entulho inerte de alvenaria,
permeável; 4 – Forração do fundo por entulho inerte de alvenaria, permeável; 5 –
Seções típicas do elipsóide de permeabilidade; 6 – Linha de fluxo vertical após
chuva com empoçamento; 7 – Zonas permeáveis do substrato.

Bota-fora com materiais resultantes de escavações misturados com resíduos


inertes do grupo RCC (detalhes técnicos omitidos).
Caminhões basculando os
resíduos de caçamba: A seleção
granulométrica é de decisiva
importância geotécnica, porque
ela proporciona a formação, na
base, de uma camada drenante
altamente atrítica, e a formação
de sigmóides drenantes, que
orientam o fluxo para baixo e
não para a frente.
Esta circunstância natural
dispensa, em muitos casos, a
execução dispendiosa de
drenagem de fundo.
Destino final da água
infiltrada: nascentes de águas
limpas e perenizadas. Esta
nascente, oriunda do depósito
de inertes, levaria cerca de
800 dias para esgotar o
depósito, e poderia sobreviver
a mais de 2 anos ininterruptos
sem chuva.
ETC1997
Uso atual: As esplanadas
geradas pela reabilitação
foram ocupadas pelo
Departamento de Trânsito
local para estocar veículos
apreendidos.
Aparentemente o parque,
área de lazer ou uso
residencial, inicialmente
ETC 2002
cogitados, estão
descartados.
Assoreamento
 Acumulação de partículas sólidas (sedimentos) em meio
aquoso ou aéreo, ocorrendo quando a força do agente
transportador natural (curso d’água, vento) é sobrepujado
pela força da gravidade ou quando ou quando a
supersaturação das águas ou ar permite a deposição de
partículas sólidas.
 A intensificação das ações antrópicas causam aumento
da erosão pluvial por: praticas agrícolas inadequadas,
infraestrutura precária de urbanização, modificações na
velocidade dos cursos d’água por barramentos, desvios,
etc.
 A intensificação da deposição pode acarretar
assoreamento de corpos d’água;
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Assoreamento
 O processo de assoreamento é bastante intenso em
regiões de solos arenosos finos, derivados de
formações geólogicas sedimentares, tais como o arenito
Caiuá, arenito Bauru e arenito Botucatu.
 Bossorocas e problemas de assoreamentos associadas
ao arenito Caiuá (nordeste do Paraná);
 Problemas de assoreamento associados ao arenito Bauru
no oeste de São Paulo comprometendo reservatórios de
abastecimento de água.
 No oeste do RS (Alegrete) devido a degradação
ambiental sobre a formação Botucatu os solos sofrem
retrabalhamento eólico, criando ambientes desérticos.

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Assoreamento
Assoreamento provocado por erosão na cidade de Bauru (SP)

Assoreamento de rio causado por uso impróprio do


solo, com consequente erosão (perda de solo
agrícola) foto IPT.
77
Assoreamento
Assoreamento de bueiro. Redução em cerca de 50% da capacidade de vazão. Foto: IPT.

78
Assoreamento
Assoreamento de piscinão. Foto: AR Santos.

79
Assoreamento
Assoreamento em um dos principais afluentes do Rio Tietê. Redução de cerca de
80% da capacidade de vazão. Foto: ARSantos.

80
Assoreamento em reservatórios
 Reservatórios alteram o perfil de equilíbrio do rio:
 A montante da barragem o nível de base é levantado com
conseqüente assoreamento nas desembocaduras dos rios
contribuintes progredindo para o interior do reservatório
como um delta reduzindo a sua vida útil;
 Exemplo 1: Reservatório de três Marias Rio São
Francisco) – em 1960 estimava-se a sua vida útil em 500
anos , porém na década de 70 o reservatório já estava com
30% do volume assoreado, em consequência de
desmatamento nas cabeceiras do Rio.
 Exemplo 2: Reservatório de Itaipú – previsão de grande
aporte de sedimentos por situar-se em região com ampla
ocorrência de erosões; reduzindo volume do reservatório e
modificando o comportamento do Rio Paraná até a foz em
Buenos Aires.

81
Assoreamento em reservatórios
 Rompimento do equilíbrio
natural do rio, em virtude da
construção de reservatório. A
montante ocorre a agradação
do vale e, a jusante, o
aprofundamento da calha
fluvial.

82
Assoreamento em reservatórios

83
Assoreamento
Rio Piracicaba, Santa Bárbara D'Oeste, SP (1997)

84
85
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Contenção de Assoreamento
(canalização)

Canal revestido com geomembrana Canal protegido com gabiões

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Contenção de Assoreamento
(canalização)

Canal parcialmente revestido Canal protegido com pedras


com pedras e revegetado

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Inundação
 Extravasamento das águas de um curso d’água para as
áreas marginais, quando a vazão a ser escoada é
superior a capacidade de descarga da calha.
 A inundação está normalmente associada á :
 enchente ou cheia - acréscimo na descarga por certo
período de tempo),
 assoreamento de canal - intensificação do processo de
deposição de sedimentos e partículas),
 barramentos - assoreamento, entulhamento de drenagens
ou estruturas com fundações no fundo do canal ou
 remansos - alargamento da calha do curso d’água devido a
intervenções nas margens.

89
Inundação
 Cobertura existente na área da bacia de captação pode
reduzir ou potencializar as inundações:
 Exemplo 1 – cobertura vegetal, com expressão em área,
facilita a infiltração das águas pluviais e serve de barreira
ao seu escoamento, reduzindo a quantidade de água que
poderia chegar bruscamente às calhas dos rios.
 Exemplo 2 – coberturas com asfalto e aterros,
impermeabilizam e diminuem a permeabilidade de solos,
aumentam o escoamento superficial e a quantidade de
água que chega as calhas de rios promovendo inundações;

90
Inundação
 Enchentes periódicas em São Paulo, Blumenau e
outras cidades brasileiras vinculadas a grandes
rios demonstram que episódios pluviométricos
atuais mesmo sendo similares ao do passado
tem provocado cheias de maior intensidade
explicado pela redução do tempo de
concentração da chuva, devido ao
desmatamento generalizado nas bacias
hidrográficas e impermeabilização das áreas
urbanizadas.

91
Fonte BMB

Cheia do ribeirão da Mata em janeiro de 1997, em Vespasiano - RMBH. 92


Inundação em área industrial. O rio corre para a direita.
Ribeirão das Neves
(Aerofoto CEMIG, 1989,
esc. 1:30.000) mostrando a
quase total ocupação do
terreno.
Nessas condições as
vazões de cheias crescem
aceleradamente nas áreas a
jusante, como em
Vespasiano.

93
Medidas de controle de inundações
Formas alternativas de controle de inundações – conceito de reservação x canalização

Ilustração esquemática
dos conceitos de
reservação x canalização
(Urbonas e Stahre, 1990).
Os dispositivos de
reservação são
classificados em dois
grupos principais:
contenção na fonte e
contenção a jusante.

94
Subsidência e Colapso
 Subsidência – consiste na deformação ou deslocamento de direção
essencialmente vertical descendente, manifestando-se por
afundamento de terrenos;
 Colapso é um tipo de subsidência onde o movimento do terreno é
brusco;
 Causas:
 Naturais – dissolução de rochas (carstificação) como calcário,
dolomitos, gipsita, sal; acomodação de camadas do substrato
pelo seu próprio peso ou por pequena movimentação
segundo planos de falhas.
 Antrópicas – ocorre em decorrência do bombeamento de águas
subterrâneas e recalques por acréscimo de peso devido a
obras e estruturas e escavações subterrâneas. Adquire grande
importância em terrenos cársticos e sedimentares.

95
Subsidência e Colapso
 Carstificação – é a dissolução de rochas pelas águas
subterrâneas e superficiais, com formação de rios subterrâneos
(sumidouros e surgências), cavernas, dolinas, etc.
 A dissolução afeta principalmente rochas mais solúveis:
calcários ou carbonáticas (calcário, dolomito, mármore), os
evaporitos (halita, gipsita, anidrita).
 Atividade humana pode acelerar este processo com alteração
das propriedades fisico-químicas da água (acidificação por
poluentes) ou com infiltração de águas de subsuperfície em
terrenos cársticos e a explotação de água subterrânea com o
bombeamento alterando a sua dinâmica;

96
Feições Cársticas

97
Subsidência e Colapso
Desenvolvimento de subsidencia em áreas urbanas

98
Subsidência e Colapso
Subsidencia em terrenos cársticos provocando recalques em fundações

99
Subsidência e Colapso
No Parque Winter, Flórida, uma cavidade afunilada cresceu rapidamente em 3 dias,
engolindo parte de uma piscina comunitária bem como vários estabelecimentos
comerciais, casas e automóveis.

100
Estudo de caso: Cajamar, SP (1986)
 Em 12/08/1986 na cidade de Cajamar ouve um
afundamento do solo formando uma cavidade de 10 m de
diâmetro e 10 m de profundidade → progrediu
rapidamente atingindo 32 m de diâmetro x 13 m
profundidade destruindo casas e ruas;
 Motivo: carstificação do calcário, seguido de migração do
solo para o interior das cavidades (por gravidade e fluxo
da água subterrânea) parcialmente suportadas pela água
no seu interior;
 Acelerado pelo bombeamento de água subterrânea para
abastecimento da cidade por meio de poços profundos
que provocaram a migração do solo no local da água
retirada;
101
Estudo de caso: Cajamar, SP (1986)
 Colapso: Afundamento Cárstico.

102
Estudo de caso: Cajamar, SP (1986)
 Colapso: Afundamento Cárstico.

103
Estudo de caso: Cajamar, SP (1986)
 Colapso: Afundamento Cárstico.

104
Estudo de caso: Cajamar, SP (1986)
 Colapso: Afundamento Cárstico.

105
Estudo de caso: Cajamar, SP (1986)
 Colapso: Afundamento Cárstico.

106
Estudo de caso: Cajamar, SP (1986)

107
Subsidência e Colapso
 Subsidência induzida pela extração de água subterrânea em terrenos
sedimentares: ocorre mais frequentemente em aquíferos espessos,
compostos por sedimentos pouco consolidados, formados pela
intercalação de camadas aquíferas, mais arenosas com camadas de
baixa permeabilidade, mais argilosas.
 A extração através das camadas arenosas drena a água das
camadas argilosas fazendo com que percam a pressão hidrostática
(representada pela carga hidráulica e a tensão efetiva);
 Isto faz com que seja imposta uma carga maior (tensão efetiva) ao
sedimento, que compacta o meio aqüífero reduzindo os espaços
porosos;
 A compactação é pouco eficiente em materiais grossos (areia e
cascalho), mas é três ordens de magnitude mais efetiva em argilas.
 Exemplo: Subsidência na Cidade do México causada pela extração
de água subterrânea.

108
Subsidência na cidade do México
Subsidência na cidade do México devido a exploração exagerada de água subterrânea. A
primeira foto foi tirada em 1910 e a segunda em 1995. É possível notar que a avenida, por
onde circulavam os antigos carros estava na mesma altura da base da estatua. A avenida
rebaixou em relação a estátua, que tem a sua fundação em rochas mais estáveis e não
passiveis de subsidência.

109
Subsidência e Colapso
O processo de subsidência por adensamento (recalque) do solo pode ser
condicionado pela ocorrência de sedimentos argilosos compressiveis (argilas e
argilas orgânicas moles), em subsuperfície.

Modelo de desenvolvimento de subsidência por adensamento de solo em sedimentos argilosos


110

compressíveis
 Subsidência devido ao acréscimo de peso devido a
obras e estruturas

O caso mais clássico de subsidência


(recalque) é sem dúvida o da Torre de Pisa.
Sua construção foi iniciada em 1173, e
terminada em 1350; desde o início, a torre
apresentou recalques maiores de um lado que
de outro, que levaram-na a inclinar-se.
Em 1990, porém, estando o topo da torre mais
de 4,5 m fora do prumo e continuando a torre,
que possui 58,5 m de altura, a inclinar-se a
uma taxa de 1,2 mm por ano, foi constituída
mais uma comissão de especialistas para
salvá-la. A solução proposta por esta comissão
e executada a partir de 1997 foi a de,
utilizando sondas especiais, retirar solo
debaixo do trecho do bloco que havia
recalcado menos, fazendo com que apenas
esta região viesse a afundar e assim a
inclinação da torre viesse a diminuir.
111
Subsidência e Colapso
Desaprumos em edificações com fundações rasas em áreas litorâneas, causada pela
presença de argilas compressíveis em subsuperficie (Baixada Santista – SP)

112
A Orla Santista
No Brasil há também um grande exemplo do problema de recalques: os prédios da orla
santista. Quem já foi para Santos ou viu alguma foto dos edifícios inclinados tem uma boa
idéia de como o deslocamento dos apoios pode afetar uma estrutura.

113
A Orla Santista

Subsolo da cidade de Santos


O problema dos recalques nos edifícios da
orla da praia em Santos é decorrente das
fundações pouco profundas utilizadas nas
décadas de 40, 50 e 60. Elas eram
apoiadas na areia, a primeira camada do
solo, mais resistente, porém com pouca
profundidade (média de 7 m).
Abaixo vêm as grandes camadas de argila
marinha adensáveis (30/40 m) que, com o
peso da carga da edificação, provocaram os
recalques. Quando um prédio afunda mais
de um lado do que do outro ocorre o que
chamamos de recalque diferencial. O
resultado é uma paisagem curiosa, com
edifícios se inclinando nas mais diversas
posições
114
A Orla Santista
ESTUDO DE CASO
Subsolo do prédio Núncio Malzoal Mecanismo de instabilização do prédio
A Orla Santista
Procedimentos adotado para reapromar e estabilizar o edificio Núncio Malzoal

116
Em Caxias do Sul existe a possibilidade de ocorrer
processos de subsidência? Justifique a sua resposta e se
positivo considere uma situação.

117
Ler capítulo 9 – Livro: Geologia de Engenharia,
Oliveira & Brito, 1998.
Capitulos I e II – Ocupação de Encostas, Marcio
Angelieri, São Paulo, IPT, 1991.

PRÓXIMA AULA
MOVIMENTOS DE MASSA
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