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Fazia o Snr. Francisco Ferreira de Abreu uma grande confusão dos fins da
Sociedade Funchalense dos Amigos das Ciências e das Artes, como se pode
deduzir do seu discurso, publicado no número 125 do «Patriota Funchalense», do
dia 27 de Setembro de 1822 e metia a sua «erudição» filosófica de mistura com
os «princípios dos direitos do homem», com as glórias históricas, com a
civilização da Grécia e de Roma, com os «génios privilegiados», com as Musas e
só, talvez por acanhamento, não terá ido buscar o «Supremo Arquitecto do Uni-
verso...».
de 1821 - que foi quando a revolta do Porto foi secundada na Madeira - e o dia 24
de Agosto de 1820, data do movimento revoltoso do Porto.
Assim ele condena o período que vai de 1820 a 1834 e na página 798 das
«Anotações» às «Saudades da Terra» diz, em referência a essa época, que «as
letras fugiram espavoridas»!
Mas logo a seguir é forçado a confessar que «neste período foi instituída a Escola
Lancastriana na cidade do Funchal e pelo Governador D. Manuel de Portugal e
Castro suprimida uma das antigas Escolas de Primeiras Letras, aplicando o res-
pectivo ordenado para a aula de francês e inglês que, em substituição dessa,
criou».
E ainda, num desabafo que contradiz a primeira afirmação feita sob a influência
do seu facciosismo, acrescenta que «nisto se cifram as providências de ensino
público tomadas para este Arquipélago naqueles atribulados catorze anos - de
1820 a 1834».
As atribulações certamente não eram para todos, pois que o Reino de Portugal
escolhera livremente a orientação que mais lhe convinha e só a agitação
provocada pelo Imperador Dom Pedro I.° do Brasil, impelido é certo pela política
da Inglaterra e da França e de um modo geral pelo poder então omnipotente da
Maçonaria, dominante em quase todo o inundo, trazia à vida portuguesa a crise
que foi agravando até se desencadear a guerra civil.
Vê-se também que na «Sociedade Funchalense dos Amigos das Ciências e das
Artes» havia os números simbólicos dos seus sócios, em homenagem às datas da
revolta do Porto e à adesão da Madeira. Muitos desses sócios eram, certamente,
figuras notáveis do intelectualismo da sua época, mas muitos não teriam, sem
dúvida, sequer uma leve ideia do que fosse a vida intelectual...
«A flor do Oceano» sai em 1828, sob a égide do Juiz de Fora. Dr. Mota e Silva,
Sérvulo Drumond de Menezes e Dr. João de Bettencourt. A tipografia deste
novo periódico era no próprio Palácio do Governo.
O Poeta, que escolheu o Verso em oitava rima, dividiu o trabalho em dez contos.
O tema é a descoberta da Madeira pelo Capitão João Gonçalves Zarco. Relata
com fantasia poética os episódios do descobrimento e explora a lenda de
Machim. Dedica a obra ao insigne Poeta Bocage, num belo soneto. Bocage, por
sua vez, agradece-lhe em Verso a amabilidade.
Soneto
Dr. Manuel Caetano Pimenta de Aguiar - pode bem ser considerado como o
percursor do grande Almeida Garrett na criação do Teatro Nacional. No seu
estilo regista-se uma elegância característica de frase.
Escreveu diversas tragédias, que lhe deram merecido renome e que puseram em
destaque as suas privilegiadas qualidades de Dramaturgo. Levado pela sedução
da Escola francesa foi dentro dela que Pimenta de Aguiar compôs as suas peças
teatrais. Fez os estudos preparatórios em Lisboa, no Colégio dos Nobres, e de aí
foi para Paris onde cursou Ciências e Artes.
Ainda não tinha vinte e cinco anos e já andava envolvido nas lutas políticas e nos
riscos das revoltas que, saindo da França, iam abalar o Velho mundo.
Incorporou-se nas forças francesas onde deu tais provas de heroísmo que
História Literária Da Madeira
Inocêncio da Silva refere-se com justo elogio a este insigne Escritor, que foi um
dos mais notáveis do País nesse período em que aparece uma magnífica plêiade
de intelectuais.
Foi oficial da marinha de guerra portuguesa, dando como tal, grandes provas de
valor e aptidão.
Toda a sua Vida se dedicou aos estudos literários e históricos e muito em especial
às investigações genealógicas. Deixou um maravilhoso «Nobiliário Madeirense»
que ainda é considerado como o melhor e mais bem organizado trabalho deste
género de quantos existem no Arquipélago.
Diz o «Dicionário Popular» que João Agostinho Pereira de Agrela e Câmara «era
homem muito lido e grande investigador de antiguidades; escreveu uma colecção
de memórias genealógicas que existem, inéditas, em cinco grossos volumes, em
poder dos seus herdeiros, que trata de todas as famílias nobres que passaram à
Ilha da Madeira e suas gerações com bastantes curiosidades relativas a algumas
delas. Esta obra revela aturado estudo e um espírito curioso e uma crítica es-
clarecida, sendo certamente a mais expurgada de erros e a mais desenvolvida que
se encontra neste ramo de História daquela Ilha».
Em 1826 foi eleito Deputado às Cortes pela Madeira e fixou então residência em
Lisboa, abandonando a advocacia e a Cadeira de Latinidade no Funchal. Com a
queda dos primeiros governos «liberais», em 1828, o P. Caetano Alberto Soares,
que se tinha evidenciado como revolucionário esturrado, foi para o Brasil onde
renegou a sua naturalidade portuguesa, passando a ser brasileiro.
Este Cónego Silva Pinheiro deve ter pertencido às Sociedades Secretas, que
prepararam a revolta «liberal». Basta seguir os artigos que ele escrevia no
«Patriota Funchalense», com o pseudónimo de «Estrela do Norte», para se
concluir isso. No entanto notabilizou-se com as altas qualidades de Jornalista há-
bil e vigoroso.
Era natural da Calheta, Ilha da Madeira, onde nasceu em 1770, tendo falecido no
Funchal, com 91 anos, no dia 4 de Julho de 1861.
Pelo seu talento e pelos seus profundos conhecimentos, sendo ainda estudante já
privava com os Lentes que ouviam e consideravam as suas opiniões.
Ordenou-se sendo ainda estudante da Universidade mas não seguiu a vida
eclesiástica.
Em 1846 publicou uma obra, que tem hoje grande Valor histórico, e que se
denomina «História do Proselitismo anti-Católico exercido na Ilha da Madeira
pelo Dr. Robert Reid Kalley, médico escocês, desde 1838 até hoje».
Como éramos o país mais fraco e ainda combalidos pela guerra civil recente
tivemos de nos curvar ao direito da força e pagar aquele ouro!
Em 1811 o Juiz de Santa Cruz apresentou queixas contra o Padre Dr. João
Crisóstomo Spínola de Macedo, o que levou o Cabido da Sé do Funchal a
mandar passar ordem de prisão contra ele.
Do que não restam dúvidas é que o Padre Dr. Spínola de Macedo andava ligado
intimamente com a política mais extremista desse tempo e tanto assim que em
Maio de 1823, por não lhe ter servido de emenda a agressão dos Artilheiros e
voltar a desenvolver novas campanhas políticas teve de fugir para Gibraltar para
não ser preso e certamente condenado.
O Padre Dr. Spínola de Macedo morreu bastante velho, no ano de 1828, mas
sempre violento, sempre mordente, sempre carregado de ódio.
Por ter pequena estatura tinha a alcunha de «Doutor Piolho», por que era
popularmente conhecido. Morreu em 1825.
Por volta de 1425 apareceu na Ilha da Madeira um João Escorcio Drumond filho
de John Drumond, senhor de Stobhall, irmão de Anabela mulher de Roberto III.°,
Rei da Escócia. Fixou-se na freguesia de Santa Cruz onde casou com D. Branca
Afonso, irmã do Vigário daquela freguesia, na Capitania de Machico.
Publicou em 1823 dois dos seus mais célebres discursos, sendo um a «Oração de
acção de graças, pregada na Igreja da Sé do Funchal em 8 de Julho de 1823, por
ocasião da solene festividade pela feliz restauração de El-Rei Nosso Senhor ao
Trono de Seus Augustos Maiores».
Diz o P. Fernando da Silva que este eminente Escritor e Orador Sagrado «gozou
História Literária Da Madeira
entre nós de muita nomeada no seu tempo, como pregador e homem de larga
ilustração».
No entanto, foi urna figura marcante na sua época, distinguindo-se como Artista
e espírito muito ilustrado. Já vem a propósito o rifão popular que diz que
«ninguém é Profeta na sua terra».
Diz Carlos de Menezes que «uma memória sobre arsénico sulfurado vermelho,
publicada pelo mineralogista francês Hány nos «Annales du Musé d'Histoire
Naturel», é toda fundada em comunicações do sábio madeirense Doutor João An-
tónio Monteiro».
Foi sócio da Academia Real de Ciências da Baviera, onde publicou uma Valiosa
memória: «Muitas Variedades novas de Topásio».
José António Monteiro Teixeira - foi uma das figuras mais interessantes de
Poeta e intelectual da sua época. Diz o P.° Fernando da Silva que José António
Monteiro Teixeira «descendia de uma antiga e distinta família madeirense, tendo
nascido em 27 de Dezembro de 1795».
Desde criança ouvi sempre referências sobre o talento deste próximo parente de
minha Avó, Sant`Ana e Vasconcelos, mãe de meu pai.
Nos seus dois volumes das «Obras Poéticas» encontram-se produções que
revelam bem o génio admirável do Escrito. e o poder de observação e de
comentário de que era dotador.
José António Monteiro Teixeira, visto através da sua obra pode ser considerado
como uma figura de destaque no grupo dos mais distintos Poetas Dessidentes.
Manteve relações de grande amizade com o célebre Poeta António Feliciano de
Castilho, que na sua obra se refere ao Poeta madeirense. Se conseguiu
notabilizar-se como um dos intelectuais mais eminentes, pela perfeição das suas
produções, no entanto era muitas vezes mais perfeito e superior, quer na
expressão quer na elevação, quando escrevia em francês.
Aqueles Pais que em 1808 puseram acima da ternura pelos Filhos a inteligente
coragem de lhes facultarem uma educação esmerada, tiveram a glória de
compensar o duríssimo sacrifício de uma longa separação com os triunfos de José
António Monteiro Teixeira.
Conta o próprio Escritor a cena entre seu Pai e sua Mãe quando discutiram a ida
dos filhos para França. O Pai argumentava que mandar as crianças naquela altura
para França era dar a Napoleão umas presas inocentes. Respondia a Senhora que:
«Napoleão não é uma fera e a inocência da infância impõe respeito até às bestas
mais ferozes. Por este lado fico sossegada. E embora eu pressinta também que
não os Verei mais - e dizendo isto o pranto de novo lhe orvalhava as faces - eu
antes quero nunca mais abraçá-los do que Vê-los lá de cima, mal educados, sem
instrução, viciosos e vadios, como a maior parte dos filhos dos teus amigos, que
os desonram pela sua ignorância e má conduta. O coração de uma Mãe sabe sa-
crificar-se ao bem-estar dos filhos. Eu quero para José e para António uma
educação liberal e as lições na escola do mundo num País ilustrado como é a
França».
Parece inacreditável que o Funchal, cidade onde nasceu Monteiro Teixeira, ainda
não tivesse prestado a sua homenagem à memória deste homem ilustre. No
entanto os estranhos patentearam-lhe o seu alto apreço. Bastará relatar que o Rei
Luís Filipe I.° de França mandou cunhar uma moeda em ouro com a efígie de
Monteiro Teixeira, agradecendo assim os serviços de que o Monarca e o governo
francês consideraram a França devedora para com este homem superior,
manifestando o apreço em que o tinham.
História Literária Da Madeira
Soneto
É com este soneto que José António Monteiro Teixeira abre o seu livro de
Versos, consagrado em homenagem ao Grande Poeta Nicolau Tolentino.
Agora, noutro género, mais ligado à vida íntima da sua Ilha da Madeira, ao
comemorar a festa tradicional de Nossa Senhora do Monte, em 15 de Agosto, não
podia escapar ao espírito satírico do Poeta o comentário preciso do que a festa,
com origem mística e fundamente religiosa, se tornou com tendências pagãs e um
sentido absolutamente materialista e sensual...
Monteiro Teixeira fixou no seu soneto com exactidão precisa o espírito da festa...
Soneto
À festividade N.ª S.ª do monte.
De sinos, peças, violas, doido arruido;
Ramos, círios, nas unhas dos romeiros
Mestres tafues que tombam dos sendeiros;
No Templo, a manducar, povo estendido...
História Literária Da Madeira
Foram 225 dias a 2$880 Reis (seis «pintos») cada dia. Sendo a Câmara composta
de 142 Deputados veiu a custar aquela legislatura 92.016$000 Reis! Já naquele
tempo a Verba era elevadíssima. Hoje também os Senhores Deputados
representam um luxo caro para a riqueza nacional, porque, tal como outr'ora, a
produtividade não é compensadora.
Soneto
João Cirilo Moniz foi um Escritor musical de muito mérito. Nasceu no Funchal
em 1818 e publicou um trabalho intitulado «Breve compêndio de Música» que o
seu Autor dedicou à então Princesa do Brasil, Dona Leopoldina, que foi primeira
mulher de D. Pedro, depois 1.° Imperador do Brasil.
Além deste trabalho João Cirilo Moniz deixou outras obras. Diz o «Dicionário
Bibliográfico» que em 1829 a família deste Escritor se fixou no Brasil residindo
em Nictheroy, onde faleceu João Cirilo Moniz no ano de 1871.
Dr. Nicolau de Bettencourt Pita - foi um dos homens que mais se distinguiu
História Literária Da Madeira
Em 1814 El-Rei D. João VI, sendo ainda Príncipe Regente, concedeu ao Dr.
Nicolau de Bettencourt Pita todos os direitos de que usufruíam os médicos
formados pela Universidade de Coimbra.
Este texto mostra o estilo do Dr. Bettencourt Pita e o seu modo de sentir, que
aliás está em absoluto dentro do pensamento da sua época...
O Dr. Bettencourt Pita, ao referir-se no seu periódico a este Escritor, dizia que
era mm dos maiores talentos da Província da Madeira».
Recordo-me de ouvir a meu Avô paterno, que era sobrinho deste sacerdote, que
esse magnífico discurso tinha sido impresso e que em Virtude da desassombrada
atitude do Padre João Manuel de Freitas-Branco ele tivera de ir nesse mesmo ano
de 1828 para o Rio de Janeiro, evitando desta forma uma prisão. Já neste tempo a
Família dos Freitas-Branco firmava com a coragem e o desassombro as suas
atitudes, em regra geral tão mal apreciadas e tão erradamente compreendidas...
Uma grande mala com sermões e escritos diversos do Padre João Manuel de
Freitas-Branco que existia em poder de meu Avô paterno desapareceu
misteriosamente, o que representa um prejuízo enorme para a crítica do
sentimento e do valor literário deste Escritor.
Pregiuditio, Qualsivoglia cosa in coutrario non ostante, Et preche detto Sig e D,re
António de Freittas-Branco possa tanto maggiormente essere certo della Nrõ
Elettorale Propensione et Valersene di essai Ordeniamo per tanto, et seriamente
Comandiamo a tuti gli Nostri Tribunali, Ministri, Òffiziali, Vassali, sudditti et ad
ogni altro, a qui spetta, che in assecutione di questa Nrã Volunta reconoschino,
ricevino, stimino, et reputino, il detto Segre D,re António de Freittaz-Branco, et
gli suoi Descendenti sudetti per Conte Veri Legitimi, sotto Pena della Nostra
indignatione, in fede et testimonio di cui habbiamo fatto speedir per la Nrã
Cancellaria Secreta II Presente Diploma scritte di Nostra própria mano.....
scritto Nrõ Secretario Dato nella Nostra Citta, et Presidenza Elettorale di
Heidelberg. li 9 luglio 1687.
a) Philippo Guglelmo Eettore
a) Emondo federici Isenbrock
Fez parte das forças do Imperador Napoleão I..º e conquistou a confiança de José
Bonaparte a ponto de se ter tornado o confidente predilecto deste irmão do
imperador. Em Paris dirigiu um importante «Gabinete de Leitura».
Mais tarde tornou-se o grande fornecedor de géneros para abastecimento dos
exércitos franceses.
Ferreira de Freitas refutou o seu contraditor com tal eloquência que mereceu do
próprio adversário os maiores elogios.
Diz o Dr. Rodrigues de Azevedo que este «liberal» foi frade capucho mas que
renegou a crença e alistou-se nos exércitos napoleónicos quando o General
Massena invadiu Portugal, representando ainda esta atitude um gesto bem pouco
patriótico. O Dr. Rodrigues de Azevedo não disfarça a sua antipatia por este
defensor do estrangeiro que agride a Pátria e acrescenta que «a troco dos seus
mercenários escritos adquiriu do Marechal Beresford, do Duque da Terceira e até
de D. Pedro 1.° do Brasil grossas quantias, mas de vida folgasã e desregrada mor-
reu pobre em Londres ».
É fácil de presumir o que seria a Vida deste homem que se unia ao invasor da sua
Pátria depois de ter renegado a fé religiosa e os votos feitos solenemente no seu
mosteiro.
O antigo frade Capucho teria sido contaminado pelo espírito demolidor da sua
época e por isso descera todos os degraus da escada da última abjecção até
chegar ao máximo aviltamento.
Nasceu no Funchal em 1805. Por sua Mãe era Telles de Meneses e por seu pai
Vasconcelos. Casou com Jacinto de Sant`Ana e de Vasconcelos Moniz de
Bettencourt - 1.° Visconde das Nogueiras.
Desde muito nova manifestou grande propensão para a literatura. Teve uma
educação primorosa. Escreveu versos interessantes, originais, dentro do
sentimentalismo romântico que pontificava nesse tempo. Mas se era Poetisa
talentosa, como prosadora era inconfundível. Colaborou na imprensa portuguesa
e em revistas literárias do estrangeiro. O seu romance «O Soldado de
Aljubarrota» obteve um grande sucesso. A sua obra-prima, que constitui ainda
hoje uma glória literária, foi o «Diálogo entre uma neta e sua Avó».
A famosa «Nota ao mês de Maio», que vem com os «Fastos» de Ovídio, pelo
Visconde de Castilho, é tradução igualmente da Viscondessa das Nogueiras.
Conhecia bem várias línguas estrangeiras, em especial a francesa e a inglesa, e
foi assim que se abalançou às traduções de «Genoveva», de Lamartine, das
«Castelãs de Roussilon» e «Vida de Santa Mónica», onde o estilo é primoroso.
O Poeta Bulhão Pato, que também era dos que frequentavam o Solar dos
Viscondes das Nogueiras, refere-se nas suas «Memórias» à Escritora com elogio
ao seu talento e aos seus méritos. - «Conheci a Mãe de Sant`Ana e de
Vasconcelos, a Senhora Viscondessa das Nogueiras, D. Matilde, quando eu tinha
Vinte anos, durante meses que passei na Madeira com um amigo de infância, o
Conde de Carvalhal. Estava ela então na força da Vida. Educação, carácter,
beleza de rosto e graça de figura, distinção em tudo e um talento superior, faziam
desta Senhora um dos entes mais encantadores que tenho conhecido! Compunha
versos, admiráveis de mimo e sentimento. Escrevia prosa adorável. Num meio
História Literária Da Madeira
mais largo teria sido uma escritora de primeira ordem». Já nesse tempo, há mais
de um século, Bulhão Pato verificou «a mesquinhez do meio» do Funchal. Nos
tempos que Vão correndo agravou-se essa mesquinhez! Não resiste à inveja, à
maledicência, à calúnia e ao desprestígio, quem sai da banalidade que serve e
agrada àquela «sociedade» de nulos! Odeiam e perseguem quem se distingue e
odeiam e apoucam, não por causa dos defeitos que as Vítimas possam ter, mas
somente pelas qualidades que constituem somara para os que rastejam...
Enquanto em toda a parte se engrandece a figura ou a memória de quem se
distingue pelos seus méritos, no Funchal só pensam em derrubar, em
amesquinhar e fazer desaparecer quem sai para além dos horizontes apertados
daquele meio horrível! Num meio que não fosse o do Funchal ainda hoje a Figura
da Viscondessa das Nogueiras teria uma auréola de esplendor. Em 1888 faleceu
no seu solar, com as suas recordações e os seus livros a Viscondessa das
Nogueiras que na literatura da sua época marcou um lugar de destaque.
Em 1852 foi nomeado Professor da Universidade e foi por essa época que
publicou o seu grande trabalho - «Instituições de Direito Administrativo
Português». A sua vasta colaboração na imprensa tem um cunho vincadamente
político. Como membro do Conselho Superior de Instrução prestou àquele orga-
nismo assinalados serviços. Faleceu em Lisboa em 1865.
«das partes que representou no teatro tomou os ostentosos apelidos que usava».
Era um apaixonado do teatro. Em 1820 estava ligado aos compromissos da
revolta do Porto, tendo tomado parte nos acontecimentos da Madeira em 1821,
pelo que, com a queda do «liberalismo», foi condenado ao degredo, indo cumprir
a pena de cinco anos em Angola. Durante o degredo fez-se comerciante e
enriqueceu. Depois da vitória de D. Pedro I.° do Brasil, foi Arsénio Pompilio
Pompeo de Carpo condecorado com a Comenda de Cristo e não se compreende
porque este aparece com o posto de Coronel do Exército liberal! Em 1846 caem
graves acusações sobre a sua acção e vai cumprir pena no Castelo de S. Jorge, em
Lisboa. Júlio Cézar Machado, nas suas «Notas para um Dicionário dos
Portugueses Notáveis» põe em relevo esta curiosa figura de madeirense, que
também é mencionado no Dicionário Bibliográfico de Inocêncio.
O Elucidário Madeirense diz que publicou vários panfletos, onde lidava as suas
questões pessoais. Há neste escritor madeirense uma estranha psicologia, de
aventureiro audacioso e irrequieto.
Diz um seu biógrafo que foi muito precipitado no que escreveu. Morreu no Rio
de Janeiro em 4 de Fevereiro de 1854.
Em 1850 fez segunda edição das poesias de seu malogrado tio, o «Camões
Pequeno». Tenho aqui, sobre a minha mesa de trabalho, um exemplar desse
pequeno volume e em cujo frontispício se lê: - «Rimos» que em sinal de
reconhecimento ofereceu ao Senhor Manuel José Moreira Pinto Baptista, na
cidade de Lisboa, o seu Autor Francisco Álvares de labrega, por antonomásia
«Camões Pequeno». Mandadas reimprimir por seu sobrinho Januário Justiniano
de Nóbrega. - Funchal - na Tipografia Nacional, 1850 -».
Na primeira página deste volume há um autógrafo, que dá a sua posse a meu Avô
paterno, com data de 27 de Julho de 1850. O prólogo é da autoria de Januário de
Nóbrega: «-Reimprimindo as Rimai de meu tio, Francisco Álvares de Nóbrega,
julguei acertado dar uma sucinta ideia da sua vida. Oriundo da Vila de Machico
desta Ilha da Madeira, nasceu em 1773 no berço onde o pequeno nasce. Veio
para esta cidade e acolhido pelo Sr. Marcos João de Orneias, recebeu em casa
deste a primeira educação. Descobriu-se-lhe talento, votaram-no à carreira
eclesiástica e entrou – seminarista - no Colégio de S. João Evangelista. Já o
arrebatava então o amor pelas Musas para o que a Natureza o havia criado; mas a
desgraçada tendência para a sátira granjeou-lhe o ódio do Bispo desse tempo, D.
José da Costa Torres, que não era das melhores compleições e que se constituiu
em seu implacável inimigo. Para um mancebo obscuro que segue a vida
eclesiástica, o ódio do seu Bispo não é pouco. Sobrevieram-lhe, em
consequência, não pequenos desgostos, que mais tarde, pela transferência desse
Bispo para a Diocese de Eivas, desafogou, para maior desdita sua, em algumas
composições poéticas (1).
__________________
(1) - Delas chegou às minhas mãos o soneto que transcrevo. Achá-lo-á demasiado virumento quem não souber que o
solícito Pastor desterrou muitas das suas ovelhas, entregando-as à loba da Inquisição: - «São pedreiros-livres, dizia o
santo homem, inimigos do Trono e do Altar.»
História Literária Da Madeira
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Alviçaras, Funchal, da opressa frente
Arranca em fim o ramo acipreste;
As alvas roupas da alegria veste;
As faces banha de prazer veemente!
Depois da sua morte foi publicada a sua obra póstuma «Visita de S. Majestade a
Imperatriz do Brasil, Viúva, Duquesa de Bragança, à Ilha da Madeira e fundação
do Hospício da Sereníssima Princesa D. Maria Amélia ».
Este trabalho foi impresso no Funchal em 1867, um ano após a morte do autor.
Foi dos espíritos mais cultos e eloquentes que a Igreja teve nesta época.
serviços. Faleceu nessa cidade em Outubro de 1882, tendo sido sacerdote honesto
e homem de inteligência e saber muito vastos.
De 1858 a 1884 foi eleito sete vezes Deputado da Nação, pela Madeira, tendo-se
notabilizado como orador parlamentar e sendo várias vezes Relator de Propostas
de Leis. Gozou de grande prestígio e influência política e recusou sobraçar a
pasta da Justiça para que Fontes Pereira de Melo o convidara. No ano de 1862 foi
nomeado Director Geral dos Negócios Eclesiásticos do Ministério da Justiça. Era
Par-do-Reino. Alguns dos seus discursos e artigos políticos foram considerados
como primorosas peças literárias. Faleceu em Lisboa em Novembro de 1884.
Depois de cumprida a pena foi para a América e depois para o Brasil tendo
permanecido lá até 1835. Foi Professor de línguas no Liceu do Funchal, onde
faleceu em 1838.
Possuía vasta cultura artística e gozava de prestígio nos meios intelectuais da sua
época, tanto no Funchal como em Lisboa.
Foi escritor muito erudito. O Elucidário Madeirense, sempre lacónico, diz «que
escreveu para a tradução dos Fastos, de Ovídio, feita por Castilho e nas anotações
que adicionam a edição da História Insulana de António Cordeiro, publicada em
1862».
médico distinto que, além de tudo, lidava o francês como se fosse a própria
língua. Não consta que tivesse deixado outro trabalho. Faleceu com 72 anos em
22 de Maio de 1905, no prédio da Rua da Carreira, que faz esquina com a
Travessa do Freitas, onde está instalada uma Escola, em frente à Associação dos
Estudantes Pobres.
Era profundo em latim e português. A sua cultura literária era perfeita. Como
orador era eloquente, lidando a frase com elegância.
O talento de que era dotado o Dr. João Augusto Teixeira era já dom daquela
Família que tantos valores deu para enriquecer a literatura e a ciência do País.
Faleceu em 1907, no Funchal, tendo sido sepultado na sua terra natal, na Ponta
do Sol.
Foi em virtude do conflito com a Santa Casa da Misericórdia que o Dr. Francisco
Clementino de Sousa publicou a sua violentíssima «Resposta».
Funchal é apertado e ingrato. Hoje pior sempre do que ontem em injustiça, inveja
e ingratidão, para aqueles que conseguem sair da vulgaridade. Hoje, então,
parece que tudo se tem agravado e amesquinhado e os ódios, as invejas, a
maledicência, amontoam-se para aniquilar quaisquer valores. Na mesquinhez da
vida social do Funchal quem consegue evidenciar-se pode contar com a agressão
traiçoeira e com toda a espécie de torpezas para derrubar e aniquinhar. Não são
os defeitos mas as qualidades que concitam essas atitudes agressivas contra
quaisquer valores...
E se não fora esta «pecha» atávica do meio, a obra literária do Dr. Francisco
Clementino de Sousa, não só como homenagem póstuma ao Escritor mas como
colectânea de produções valiosas para o enriquecimento da literatura nacional,
devia ter sido reunida e publicada. Há muita produção valiosa que na Madeira se
perdeu irremediavelmente por causa deste desgraçadíssimo espírito de
mesquinhez, característico já deste meio...
A Madeira fascinou-o sempre e por isso fazia por ir «à Ilha da Madeira» passar
as horas dos dias felizes das férias. Com o rolar do tempo Luciano Cordeiro de
Sousa notabilizou--se como erudito polígrafo e extremo patriota e o seu nome
honrou o País.
História Literária Da Madeira
Na política presente da Madeira parece que tudo quanto não parta da iniciativa
dos que foram alcandorados às regiões da governação pública não tem condição
de seguir caminho. Assim, tendo partido da «Revista Portuguesa», a ideia dessa
comemoração, foi posta à margem e esquecida uma oportunidade que em outra
parte teria sido aproveitada com o maior brilho pois seria um padrão de orgulho e
honra.
Diz-me José Cordeiro, em carta que acompanha esses elementos, que seu Pai «já
em vésperas de regresso a este bulício de Lisboa de muitas e variadas gentes»
publicou no periódico dos Alunos do Liceu do Funchal, «O Recreio», a poesia
que revela a saudade que lhe deixa a Madeira e põe em destaque os seus méritos
literários.
Adeus!
novas dos entes que deixaste além,
Sentes acaso da saudade o espinho,
chamaste o amigo, procuraste o Pai
fatal ausência torturou-te já,
gemendo o eco respondeu:
a sós curtiste amargores do exílio,
«ninguém»?
sabes tristezas que nos pungem lá?
Meu canto triste que não ornam
Provaste horas de amargura infinda,
galas,
lembrando tempos que passados vão,
recorda apenas da saudade o fel,
pediste à brisa que te levasse à
adeus sentido que me brota d'alma
Pátria,
mal pode a lira traduzir fiel.
e a brisa, ai triste!, respondeu-te:
não?
Corre meu pranto... Este céu tão
puro,
Às ondas doidas perguntaste um dia,
frescos Verdores e flores mil, gravada levo tua imagem linda.
serras gigantes a rasgar as nuvens
rojando os mantos neste mar de anil; Levo lembrança da infância minha,
prazeres e dores que eu em ti gozei,
linfas de prata refervendo além Criança ainda nos teus vales folgava
por entre as fragas embalando flores Depois, já homem,... em teus vales
e os mil gorgeios no pinhal umbroso amei!
e as auras tíbias a falar de amores;
ai tudo.. .linfas e flores e montes, No teu regaço da ciência o livro
família e amigos dos folgares com mão tremente de infantil receio
d'outr'ora abri... e deste-me as primeiras luzes
com mágua infinda vou deixar-vos do que no livro da natura leio.
breve,
pranto de ausência já minh' alma Eu parto! A' lida vou volver das
chora. aulas
e vou nos livros esconder meu
Adeus Madeira, tão formosa terra, pranto;
gentil Rainha de flores vestida, Adeus! Madeira, desta pobre lira
eu parto cedo mas bem funda n'alma aceita o menos o tão pobre pranto...
São evidentemente os versos de um rapaz que mal começa a olhar a vida sentindo
os primeiros rebates do coração. Mas é uma Romagem espontânea de bem
sentida saudade à sua Madeira de onde se vai embora, inconsolável, ansioso já
por outras férias...
Já nestes versos de rapaz a descrição das belezas da Ilha dá uma ideia do que
tanto o impressionou, especialmente a Vida e a cor...
O Mestre mostra já aqui a força descritiva de que era dotado. Esses Versos são
um quadro, uma pintura...
Não quiseram. Tanto pior. A minha consciência ficou sossegada e nem pela
indiferença insulana diminuiu o nome glorioso de Luciano Cordeiro.
Dr. Lourenço José Moniz - na sua época distinguiu-se como sendo um dos
homens mais eminentes da Madeira. Nasceu em 1789 e formou-se em Medicina
na Inglaterra, onde conquistou grandes prémios, apesar de ser estrangeiro. Em
1815 publicou um trabalho Verdadeiramente notável: «De Ictero», escrito em
latim. Foi Professor do Liceu e da Escola Médica do Funchal, onde teve o cargo
de Director. Foi também Deputado da Nação pela Madeira. Teve larga
permanência nos Estados Unidos da América do Norte. Foi orador parlamentar
muito distinto e pertenceu às mais importantes agremiações científicas,
estrangeiras e nacionais do seu tempo. Teve muita e Valiosa colaboração na
imprensa e morreu em Lisboa em 1857 ficando sepultado no cemitério do Alto
de S. João.
Fez parte da Comissão que elaborou o Código Civil Brasileiro colaborando com
o célebre Dr. Felício Santos.
ele Lente ser amigo do Imperador sofria a mais injusta perseguição, também os
ingratos que se tinham instalado no Governo do Brasil não iriam beneficiar os
frutos do seu trabalho, do seu saber, do seu talento brilhante.
Retirou-se então para uma residência isolada que tinha em S. Paulo e aí morreu
com 81 anos, em 25 de Julho de 1902, com as suas recordações e as suas
saudades.
Era mais dedicado à política que seu irmão. Nunca se afastou da Vida
eclesiástica. Quando seu irmão queimou a sua magnífica obra jurídica, parece
que este escritor lhe seguiu o exemplo lançando fogo também aos seus
valiosíssimos trabalhos literários.
Não tem nos seus escritos aquele enfatuado pretensiosismo nem a leviandade que
outros investigadores apresentam. Na valiosa colaboração deste escritor
aparecem constantemente motivos madeirenses que ele lida com especial
carinho.
Dr. Luís da Costa Pereira - foi mais uma vítima daquele meio terrível da
Madeira, que não perdoa àqueles que se evidenciam e pelos seus méritos saem da
vulgaridade. No entanto, o Dr. Costa Pereira, foi dos Escritores e Poetas mais
distintos, companheiro muito considerado de intelectuais eminentes, como João
de Lemos, Barbosa du Bocage, Xavier Monteiro, Teixeira de Vasconcelos, Casal
Ribeiro e tantos outros dessa época tão rica de valores. O Dr. Costa Pereira
nasceu no Funchal em 1818. Cursou o Liceu, indo depois para a Universidade de
Coimbra formar-se em Matemática, alcançando vários prémios e altas
classificações. Embora fosse muito modesto era bem conhecido como um dos
espíritos mais fulgurantes do seu tempo, quer como Professor, ou como Crítico,
Escritor Teatral e Poeta, quer como Cientista. O Elucidário Madeirense diz que
na mocidade cultivou a poesia com extraordinário sucesso e foi um dos
colaboradores da brilhante e conhecida revista O Trovador, onde teve por colegas
João de Lemos e outros Poetas de igual vulto. A ele se refere o grande Castilho
com os mais a levantados elogios. Nas tradições literárias de Coimbra ficou céle-
bre a festa conhecida pelo nome de 5. João Poético, que depois se imortalizou
pela inimitável descrição que dela fez João de Lemos e em que seis Poetas se
reuniram num convívio íntimo e aí recitaram as composições poéticas que para a
mesma festa haviam previamente escrito. Foi ali que, improvisada mente e em
homenagem a Castilho, compuseram uma sextilha que depois se tornou muito
conhecida, e em que cada Poeta escreveu um verso.
Entre esses Poetas consagrados estava o Dr. Luís da Costa Pereira, que
imediatamente recitou a João de Lemos a poesia «Branca Alvarinho».
Como filósofo teve também uma especial distinção. Mas na Madeira era um
estranho, um lunático, um indesejável. Viveu por isso quase sempre em Lisboa,
modesto, afastado de tudo o que pudesse evidenciá-lo. Este madeirense ilustre,
foi logicamente um incompreendido que reuniu grande riqueza de talento.
Morreu pobre, no dia 18 de Janeiro de 1893!
O Padre Fernando da Silva, ao comentar este estudo, afirma que «contém muitos
erros e inexactidões». Não será o Padre Fernando da Silva, por certo, quem tem
maior autoridade para tal parecer, porque no Elucidário Madeirense o Padre
Fernando Augusto da Silva tem erros de palmatória e muita leviandade nos seus
pareceres. José Cupertino de Faria saiu da Madeira ainda rapaz e nunca mais
voltou à terra natal.
Mais tarde, meu Tio João de Freitas-Branco, apurou o meu gosto e a minha
inclinação para as letras, assim como o meu velho Professor Dr. João Augusto de
Freitas, que tanto me auxiliou no caminho difícil e ingrato das boas letras.
Dr. José Carlos de Faria e Castro - Nasceu no Funchal em 1835 e tinha ido
para o Seminário, disposto a seguir a vida eclesiástica, quando conheceu uma
senhora da aristocracia russa, que tinha vindo à Madeira em procura de saúde.
Casaram e foram viver no Castelo de Raudamy, que pertencia à nobre Dama e
após o seu consórcio somente duas vezes mais Voltou a visitar a terra natal.
As invejas do meio funchalense não lhe perdoaram quê tivesse sido tão bafejado
História Literária Da Madeira
pela fortuna e por isso não faltavam os dixotes para o apoucar. Em 1898 e 1903
esteve pois Faria e Castro na Madeira. De forma precisa conhecia ele o meio,
onde a má-fé e as invejas vesgas a tudo se sobrepunham.
Conta-se que de uma das Vezes que ele visitou a terra onde nascera,
encontrando-se numa reunião «elegante» da sociedade funchalense, que, segundo
parece, já nesse tempo era. da pioria, houve quem lhe perguntou, com o fim
único de o apoucar e de magoar, se «de facto seria o Conde de Merdikoff». Faria
e Castro não se desconcertou e com um sorriso delicado enfrentou o grosseiro
destempero com esta verdadeira «bofetada de luva branca»: - «V. Ex.ª é filho, do
F..? Conheci muito bem seu Pai... Era um homem muito correcto muito fino e
incapaz de uma falta de delicadeza ou de uma atitude que pudesse parecer
incorrecta. V. Ex.ª não se lembra já de seu Pai! Era um homem bem educado...»
Viajou muito, percorrendo toda a Europa. Em 1898 publicou em Bruxelas: «L'
Epopée Maritime des Portugais - Vasco da Gama et Camoens».
Viveu muitos anos em Paris onde criou valiosas relações e conseguiu uma Vasta
cultura literária. Poucos anos antes de morrer tinha planeado publicar um estudo
de História.
Nasceu no Funchal em 1828 e morreu no Caniço no ano de 1904. Tinha uma vida
especial, aproveitando as noites para a sua vida e para os seus trabalhos.
Doutor Luís da Câmara Pestana - foi dos cientistas mais notáveis do fim do
século passado.
Nasceu no Funchal, no prédio da Rua das Pretas, que tem hoje o n.°..., onde em
1915, afixaram uma lápide comemorativa, indicando que nascera em 28 de
Outubro de 1863 e ali viveu -enquanto se demorara na Madeira, vindo a morrer
em Lisboa, em 15 de Novembro de 1899, vítima do seu amor à ciência e do dever
da sua profissão.
Esta carta de Sua Majestade El-Rei o Senhor Dom Carlos I.° ao seu Primeiro
Ministro mostra o alto apreço e o sentimento de justiça e de gratidão que o
Monarca tinha pelo Doutor Luís da Câmara Pestana e revela também com quanto
interesse El-Rei seguia a vida do País e dos que bem serviam o interesse
nacional. A homenagem de El-Rei Dom Carlos I.° a um grande Português, que
no seu posto de honra morria, vítima da sua devoção pela ciência e pelo Dever, é
bem a prova de como os Reis sentiam com o País. O Doutor Luís da Câmara
Pestana, de origem ilustre, sendo uma glória mundialmente consagrada, devia de
encher de orgulho a Madeira, sua terra natal, que se limitou à lápide afixada no
frontispício do prédio em que o sábio nasceu...
A série dos seus escritos dava para publicar numerosos volumes, que tinham
sempre interesse.
Como médico foi notável. Como político desenvolveu também a sua magnífica
actividade. No jornalismo distinguiu-se notavelmente, demonstrando os recursos
intelectuais que possuía, quando Redactor de «A Liberdade», «O Distrito do Fun-
chal» e a «Luz».
Noutro meio, onde a hostilidade contra os que se notabilizam não fosse a norma
de Vida que destrói quanto pode resultar para o bem e o engrandecimento da
colectividade, o Conde de Canavial teria tomado ainda maiores e mais
portentosas proporções. O seu alto valor, que o fazia sobressair como sábio e
como patriota, no meio tradicionalmente destrutivo dos valores positivos,
conseguiu sobrepor-se à mesquinhez das invejas vesgas e dos ódios, das
injustiças e das malquerenças, e quando, em 13 de Fevereiro de 1902, morria, em
idade avançada, o Conde de Canavial, é que se verificou como ele marcava na
vida regional e nos meios intelectuais do País...
Escreveu várias peças para o teatro, com muito espírito e finura no dizer, tendo
esses trabalhos obtido consagração do público, especialmente no Teatro Ginásio,
em Lisboa. Das traduções que fez dos trabalhos de Ibsen têm especial importân-
cia: «Casa da Boneca», «Os Esteios da Sociedade»; de Blumental traduziu «Os
Penedos do Inferno»; de Sudermann transpôs para português «O fim de Sodona»
e de Bijorson «Uma Falência».
Epigrama
a «Janota... sem dentes »...
Em vasto salão polcava
velha janota garrida
e para campar de moça
pulava mui delambida...
Padre Manuel Nunes - Cultivou com brilho as letras, sendo a poesia satírica o
género literário que mais cuidou, seguindo a escola do célebre Nicolau Tolentino.
Nasceu no Paul do Mar em 1848 e faleceu em 1892. Não só como poeta mas
também como orador sagrado, merece ser considerado. Somente depois da sua
morte é que nos meios intelectuais foram reconhecidos os seus méritos.
Paroquiou a Freguesia de S. Gonçalo, onde escreveu a maior parte das suas
composições.
ANDORINHA
Andorinha, que a Pátria deixaste, Como eu, não sentiste a saudade
do inverno fugindo ao rigor, que a existência me traz maguada,
em demanda dum clima fagueiro quando vi pela Vez derradeira
lá no Sul entre ameno verdor, essa terra por mim suspirada?
oh! talvez sobre o morro alteroso
sobranceiro dos meus à morada, Mas flores a quadra risonha
tu à noite um retiro buscavas estes campos de novo adornou;
nessa terra por mim suspirada? e do sul o teu vôo levantaste,
que o inverno medonho passou.
Ao largares as ribas da Pátria, E, Andorinha, já folgas contente,
ao alçares teu Voo atrevido, — tão alegre na Pátria adorada,
não voltaste, Andorinha, em tão ditoso volverei ainda
lembrança, à Madeira, gentil, suspirada?!
do teu ninho um saudoso gemido? Paris, 1855.
História Literária Da Madeira
Como «amostra» esta «veia poética» do Vate insular é mais que suficiente para
justificar as reticências mordentes do Padre Fernando da Silva e para se ajuizar
das faculdades literárias de Miguel Manuel de Orneias e Vasconcelos que legou à
posteridade, antes de se formar, em 1889, aquilo que viu «na Serra do Faial» e o
mais que na obra se encontra...
Dr. Pedro Júlio Vieira - nasceu no Funchal, onde fez os estudos liceais, indo
depois doutorar-se em medicina na Universidade de Montpelier.
Nasceu no Funchal em 1859 e faleceu no prédio da Rua da Carreira n.º 170, que
é hoje propriedade do Escritor e Jornalista Dr. Fernando de Aguiar, em 1905.
Poesia
Dedicada ao grande Artista Fonseca por ocasião do seu espectáculo em benefício
de duas escolas de caridade.
A prece dos pobrezinhos
P' ra em tudo seres rival dos passos lhe segue a pista;
do cel`bre artista alemão, — E os corações tu nos levas,
nem deixas que ele te exceda presos à c'roa de Artista!
nos dotes do coração!
Em nome das criancinhas,
— Ele, em sorrisos, as lágrimas de quem hoje és protector,
que de Vezes transformara! consente-me esta expressão!:
— Tu de abrolhos fazes rosas — E' a esmola do Trovador...
a um toque da tua vara!... Barão d`Uzel
Antes morrer...
De que serve, anjo, eu amar-te Vive acaso a pobre flor
se minha não podes ser? sem orvalho que a sustente?
Se prejuízos do mundo, Soltará trino cadente
aos quais voto ódio profundo ave que não tenha amor?
mandam morte ou... esquecer?!
Esquecer-te! Acaso a estrela
Esquecer-te, Virgem, como? brilharia lá nos céus,
rugiria o Vento solto, eu possa dizer: — vivi!?
andaria o mar revolto,
sem o mando de Deus?! Impossível! Nunca, virgem!
Meu amor há-de aqui ser
Esquecer-te! O filho esquece sempre o mesmo, santo e puro.
o amor da boa Mãe? Esquecer-te!? Nunca — juro —
Porventura o navegante antes, Lucinda, morrer!
esquece a Pátria distante
nos tormentos que no mar tem? Além da vida na terra
outra Deus nos prometeu...
Esquecer-te! Acaso o peito Já que o mundo com fereza
pulsará sem vida aqui? impõe leis à Natureza
Pode haver um só momento tu serás minha no Céu!...
que sem dar-te o pensamento
O Dr. Luís António Gonçalves de Freitas herdou de seu Pai o gosto peio estudo e
marcou pelas suas produções literárias. Estava a preparar o final de um trabalho -
«Obras Completas» - quando a morte o surpreendeu, em 1904, em pleno Vigor
da Vida. Era tio materno do cientista Dr. Dom António de Forjaz, da escritora D.
Maria Augusta de Forjaz Trigueiros e dos escritores Luís e Miguel Forjaz
Trigueiros; Uma das últimas produções poéticas de Gonçalves de Freitas dá uma
ideia da sua sensibilidade:
Ao partir
Eu venho dar-te, flor, o adeus de despedida,
na angústia de um suspiro em que me foge a vida.
Parto, mas fica-me a alma
na terra que vou deixar...
Agora a amplidão do afecto,
em breve, a amplidão do mar...
Recorda-te de mim! Se por acaso um dia
souberes que morri,
crê que senti chegar as vascas da agonia
pensando sempre em ti.
Eu soube um dia, ao fitar-te,
como floresce a ventura,
para saber, ao deixar-te,
como despertou a amargurai
Ah! mil vezes nos mata o instante da partida
quando, num triste adeus, se nos exala a vida ..
Dr. Sebastião Rodrigues Leal - era natural da Madeira e foi Deputado pela
Ilha em 1857. Publicaram na Graciosa, em 1866, um opúsculo acusando-o de
abuso de autoridade. Foi magistrado e jornalista distinto. Teve colaboração na
imprensa, tendo sido Redactor do «Funchalense».
Foi Capelão Militar. Era bom orador e possuía uma magnífica cultura literária.
Durante um largo período em que residiu no Algarve colaborou na imprensa
daquela Província. Foi tio de um escritor que marcou notavelmente nos meios
intelectuais e diplomáticos do estrangeiro, o Dr. Jordão Maurício Henriques.
História Literária Da Madeira
João Maria Moniz - foi dos mais notáveis e autorizados botânicos, grande
conhecedor de assuntos de ciências naturais e que, apesar da sua modéstia,
tornou-se altamente conhecido nos principais centros cientistas na sua época.
Relendo o que escrevera considerou que o sujeito não era do número daqueles a
quem se dá o nome de amigo nem tampouco era querido. Riscou estas palavras.
Depois achou que era demasiado ilógico pedir e de mais por favor, assim como
lembrar que emprestara o livro, visto que o outro bem o sabia. Riscou tudo isso e
acabou por mandar no papel apenas este laconismo: «O livro. João Maria
Moniz». Por aqui se pode? ajuizar da originalidade do sábio madeirense.
Foi amigo e companheiro íntimo do célebre cientista britânico Dr. Lowe, que em
1856, fixou um género botânico dedicando-lhe o nome Monizia, do que fez a
respectiva descrição no jornal botânico de Hooker, segundo relata Carlos de Me-
nezes.
Foi, por isso, nomeado médico assistente da Casa Real e tornou-se amigo íntimo
e confidente do Príncipe D. João, que era ainda Regente do Reino.
Deu-se então um escândalo amoroso na Corte, e para que o Príncipe Real não
fosse atingido, o Doutor João Francisco de Oliveira consentiu em figurar como
tendo sido o raptor de uma linda e nobre Dama do Paço. Estava inocente mas
História Literária Da Madeira
deixou-se condenar por esse delito, tendo sido condenado à morte. Então
facultaram-lhe a fuga para os Estados Unidos da América do Norte. Da América
foi ele encontrar-se, muito mais tarde, com D. João VI.º que estava no Rio de
Janeiro, e então El-Rei ilibou-o oficialmente dos crimes que lhe tinham sido atri-
buídos.
Padre Alfredo de Paula Sardinha - revelou-se ainda muito novo como Poeta
e Prosador valioso.
Dr. Cezar Augusto Mourão Pita - teve grande destaque na vida madeirense. A
sua história tem um fundo dramático. Um continental, de apelido Mourão,
condenado a cumprir pena maior em África, seguiu de Lisboa com a mulher na
última fase da gravidez e ela tendo dado à luz durante a viagem. O certo é que
essa senhora, chegando ao Funchal, em escala para África, estava gravemente
atacada com a febre puerperal, pelo que teve de recolher ao Hospital de Santa
Isabel, onde morreu, deixando sem qualquer amparo um filhinho. O Dr. António
da Luz Pita, médico e Director do Hospital, compadecido da sorte da pobre
criancinha, levou-a para casa e adoptou-a como filho, dando-lhe educação e mais
tarde mandando estudar medicina na Universidade de Montpelier.
Essa criança, foi o que tão grande projecção teve, mais tarde, na vida madeirense,
o Dr. Cézar Augusto Mourão Pita. Na minha colecção de livros autografados
pelos autores possuo um volume «Climat de Madère» do Dr. Mourão Pita e
oferecido ao meu Pai. Durante uma das suas demoradas Visitas a Paris publicou
o Dr. Mourão Pita novo estudo da especialidade a que se dedicou, desenvolvendo
o motivo do primeiro livro e que denominou: Madère, station medicale fixe».
Essa tradução foi feita em verso - que nem sempre é feliz. Em 1884 publicou um
volume: Obras de Dom Aires d' Ornelas e Vasconcelos» que são trabalhos do
Arcebispo, que era seu irmão. O prefácio é uma interessante biografia do
Prelado, onde o Conselheiro Agostinho d' Ornelas aparece com a sua admirável
elegância e riqueza de linguagem. Em 1892 publicou «Memória sobre a
residência de Cristóvão Colombo na /lha da Madeira». O Conselheiro Agostinho
d' Ornelas, de nobre ascendência, era «Senhor do Caniço». Nasceu no Funchal
em 1836 e faleceu na Alemanha, em 1901, sendo Ministro Plenipotenciário de
Portugal junto do Imperador da Rússia.
A sua grande obra foi um «Nobiliário Madeirense», onde pôs toda a vastidão do
seu saber, revelando notáveis qualidades de investigador e um grande poder de
comentário. Faleceu no Funchal em 1859.
João da Nóbrega Soares - foi dos escritores madeirenses que mais géneros
literários cultivou, mostrando em todos muita aptidão. Lidou o drama, o
romance, contos, narrativas de viagem e até compôs versos!
Esta poesia, por certo, não foi das que deram ao Poeta mais celebridade. Está
bem recheada daquele sentimentalismo romântico e daquela pieguice que
caracterizaram a época, mas falta-lhe elevação; a rima é pobre e mesmo assim
sente-se que foi procurada; tem falta de espontaneidade, além de muitas outras
cousas que se podem considerar...
Por uns versos que esta senhora dirigiu, em 1865, a uma sua amiga, a dar os
parabéns pelo aniversário natalício, pode formar-se um juízo da sua veia
poética...
História Literária Da Madeira
Grinalda
Poesia
d'esperança!
Se eu fora Poetisa, no teu álbum em branco Mas... crescemos ambas... toldou-se o nosso
versos aos teus anos saudosa escreveria, céu!
recordando, leda, brinquedos dessa infância
que foram nosso enlevo, sol que nos sorria! Se Poetisa eu fora, sim, da minha lira
soltaria um cântico, a ti ó Leolinda!
Lembras-te? era eu jovem e tu gentil criança. Afectos desse tempo em verso escreveria
Brincávamos adornando o eixo, o escarcéu... deixando-te no álbum uma saudade infinda!...
Tudo era nesse tempo, o quê? - um mar
História Literária Da Madeira
A RESOLUÇÃO
Nem devera, anjo formoso,
Não posso, não devo vê-la. para amar,
porque sinto, escutar
eu não minto, meu amor tão criminoso!
que poderia perdê-la,
Deixá-la o mundo gozar,
Meu amor bem descuidado, sem perder,
que tem sido sem saber
perseguido o que tem no mundo a 'sperar.
neste mundo condenado.
Deixá-la livre correr,
Ela, pobre inocente, meu amor,
sem parar, linda flor
a matar, que não me atrevo a colher.
quem por ela tanto sente!
Deixá-la, não quero vê-la
Saberá? Nào sabe, não.., porque sinto,
Inocente, eu não minto,
snada sente que poderia perdê-la...
por mim em seu coração.
Não tem nada de extraordinário, mas demonstra a facilidade da rima e uma certa
graça original dentro da pieguice romântica.
Joaquim Pestana - é outro Poeta de valor mas que, embora tivesse morrido, há
relativamente poucos anos, já anda esquecido. O «Álbum Madeirense de
Poesias» traz composições deste homem, que bem merecia que os vindouros o
lembrassem porque o seu talento, o seu amor à Literatura e quanto produziu, a
isso lhe dão direito.
Na Lira
Eu sinto no roçar da folha que se agita
um terno e doce canto!
Ai! Dize, viração, que tens nesse mistério
que apagas o meu pranto:
Deixou Joaquim Pestana uma vasta e notável obra poética mas dispersa em
Almanaques, ou revistas literárias e em diários de Portugal e do Brasil e
nomeadamente no «Almanaque de Lembranças Luso-Brasileiro ».
Era de justiça reunir todas essas composições literárias num volume e editá-lo a
expensas das Comissões Administrativas, ou pelo Município de Câmara de
Lobos.
Deus!
Quem poz nesses mares a força
Oh! Mãe! que pronúncios de maga gigante
tristeza que aterra e seduz?
nos prantos e ais! Ao astro da norte, de brilho
Não digas, perdoa! na voz da pureza: constante
que sonhos fatais!... quem disse: - dá luz?
Joaquim Pestana compôs esta poesia no ano de 1889. Finou-se com o seu genial
talento, modesto, como viveu, e a sua lembrança morrerá pela ingratidão dos seus
conterrâneos...
Lembrança
Que prazer e que Ventura
tu vens, oh! dia, lembrar!
Quando d' amor meiga jura
duns lábios ouvi soltar!
Quando uma face mimosa,
purpurina, como a rosa,
eu senti, mas receosa,
meus tristes lábios tocar!..
Nesta ordem de ideias o poeta canta e canta o seu amor desde esse dia 23 de
Novembro que ele menciona da base da sua felicidade, um tanto repassada de
erotismos mas também sentimental e romântica...
Foi Vasta a sua obra jornalística, mas os seus escritos são geralmente moldados
na «Tripa Virada» e na «Besta Esfolada» de José Agostinho de Macedo.
Creio que o Elucidário desta vez foi bem claro nas suas informações, não
carecendo o escritor de mais detalhes à sua obra literária.
E' das composições madeirenses, deste ciclo, mais felizes, pela sua natural
simplicidade.
A MEU PAI
Como se ama a cristalina fonte como te amei - ó onda - suspirando
em áridos palmares ao pálido luar,
e de Cristo a piedosa fronte longe da minha Mãe, meu casto
na solidão dos mares; amor
ó Anjo do meu Lar!
Como a ave ama o ninho onde
nascera, Assim, meu Pai, adoro-te os sorrisos,
onde viu a luz teu imer'cido amor,
e o Poeta a esperança que o afaga como d'aurora o fresco orvalho ama
no sonho que o seduz; a sequiosa flor.
Oxalá que teu dia natalício Este canto singelo, humilde e rude
sempre eu cante também é o meu tesouro só;
co'a ventura que tenho nas carícias aceita-o, porque o cântico é virtude
de minha boa Mãe. não se reduz a pó...
Era muito viajado, possuindo uma formidável erudição. À -sua inteligência era
invulgar. O seu nome era citado com o prestígio de que usufruem as grandes
autoridades em assuntos científicos.
Índice
Jornalistas
Dr. Nicolau Caetano de Bettencourt Pita 1820-1832
Padre João Crisóstomo Spínola de Macedo » »
Morgado Diogo de Orneias e Vasconcelos » »
Inácio dos Santos Abreu » »
Dr. Juiz Mota e Silva » »
Dr. Sérvulo Drumond de Meneses » »
Dr. João de Bettencourt » »
Alexandre Luís da Cunha » »
Dr. Luís António Jardim 1870-1825
Francisco de Paula de Medina e Vasconcelos 1768-1824
Cónego Dr. Naziazeno de Medina e Vasconcelos 1787-18..
Dr. Manuel Caetano Pimenta de Aguiar 1765-1832
José Anselmo Correia Henriques 1777-1828
Joaquim de Oliveira Álvares 1776-1635
Luís José Baiardo 1775-1828
João Agostinho Pereira d`Agrela e Câmara 1777-1835
Padre Caetano Alberto de Abreu Soares 1790-1867
Cónego Jerónimo Álvares dá Silva Pinheiro 1770-1861
Doutor José Manuel da Veiga 1794-1859
Manuel de Sant`Ana e de Vasconcelos 1798-1851
Padre João Crisóstomo Spínola de Macedo 17. .-1828
Dr. João Pedro de Freitas Pereira Drumond 1760-1825
Inácio Correia Drumond 1768-1830
Dr. Servulo Drumond de Meneses 1802-1867
Frei José Cupertino 179..–182..
Rafael Coelho Machado 1814-183.
Dr. João António Monteiro 1769-1834
Dr. João da Silva Caldeira 17.. -1828
História Literária Da Madeira