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Instalações Elétricas

de Baixa Tensão
Prof. Léo Roberto Seidel

Indaial – 2019
1a Edição

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Copyright © UNIASSELVI 2019

Elaboração:
Prof. Léo Roberto Seidel

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

SE458i

Seidel, Léo Roberto

Instalações elétricas de baixa tensão. / Léo Roberto Seidel. –


Indaial: UNIASSELVI, 2019.

219 p.; il.

ISBN 978-85-515-0396-6

1. Instalações elétricas. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da


Vinci.

CDD 621.31924

Impresso por:

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Apresentação
Prezado acadêmico! Bem-vindo à Disciplina Instalações Elétricas de
Baixa Tensão. Esta disciplina visa prover os conhecimentos necessários que
permitirão a elaboração de projetos elétricos em baixa tensão de forma segura,
econômica e energeticamente eficiente.

Você, acadêmico, deve saber que o bom aprendizado é garantido


mediante a adoção de algumas boas práticas: disciplina, organização e um
horário de estudos predefinido. Em sua caminhada acadêmica, é você quem faz
a diferença. Como todo texto técnico, por vezes denso, você necessitará de papel,
lápis, borracha, calculadora e muita concentração. Lembre-se: o estudo é algo
primoroso e deve ser realizado de forma rotineira. Aproveite a motivação para
iniciar a leitura deste livro.

Este livro está dividido em três unidades que contemplam os principais


conceitos a serem aprendidos para a elaboração de projetos elétricos. A divisão
das unidades visa facilitar o aprendizado e organizar melhor os estudos.
Devido à complexidade de alguns fatores a serem considerados na elaboração
de um projeto elétrico, é possível que em determinados momentos sejam feitas
referências a alguns conteúdos ainda não estudados. Contudo, estes serão
devidamente explicados em tópicos posteriores do livro.

Para um bom aproveitamento do conteúdo deste livro, é importante que


você tenha conhecimentos prévios de eletricidade, circuitos elétricos e noções de
máquinas elétricas (transformadores e motores).

Estimamos que, ao término deste estudo, você tenha agregado à sua


experiência acadêmica, conhecimento suficiente para desenvolver projetos
elétricos em edificações residenciais, comerciais e mesmo industriais.

Finalizamos com uma dica importante: na Engenharia, o aprendizado


constante é fundamental para formar um bom profissional. Nunca pare de ler e
de pesquisar temas relacionados à área de interesse.

Bons estudos!

Prof. Léo Roberto Seidel.

III

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NOTA

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há
novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é


o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

IV

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VI

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Sumário
UNIDADE 1 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS.................. 1

TÓPICO 1 – ELEMENTOS DE PROJETO........................................................................................... 3


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 3
2 COMPONENTES DE UM PROJETO ELÉTRICO........................................................................... 3
2.1 COMPONENTES DO PROJETO ELÉTRICO......................................................................... 3
2.2 DEMAIS PROJETOS .................................................................................................................. 5
3 NORMATIZAÇÃO................................................................................................................................ 6
3.1 NORMAS TÉCNICAS DA ABNT.................................................................................................. 6
3.2 DIRETRIZES TÉCNICAS DIVERSAS............................................................................................ 7
4 ETAPAS DE UM PROJETO ELÉTRICO............................................................................................ 7
4.1 COLETA DE INFORMAÇÕES PRELIMINARES........................................................................ 8
4.2 LEVANTAMENTO DE CARGAS................................................................................................... 8
4.3 ESPECIFICAÇÃO DO PADRÃO DE ATENDIMENTO.............................................................. 9
4.4 DESENHO DAS PLANTAS............................................................................................................. 9
4.5 DIMENSIONAMENTOS................................................................................................................. 10
4.6 QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO E DIAGRAMAS....................................................................... 10
4.7 DETALHES CONSTRUTIVOS........................................................................................................ 10
4.8 MEMORIAL DESCRITIVO E DE CÁLCULO.............................................................................. 10
4.9 DEMAIS COMPONENTES DO PROJETO................................................................................... 11
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 13
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 14

TÓPICO 2 – PREVISÃO DE CARGAS................................................................................................. 15


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 15
2 PREVISÃO DE CARGAS CONFORME A NBR 5410/2004 PARA HABITAÇÕES................... 15
2.1 PREVISÃO DE CARGA DE ILUMINAÇÃO PARA HABITAÇÕES......................................... 15
2.1.1 Condições para estabelecer a quantidade mínima de pontos de luz............................... 16
2.1.2 Determinação da potência mínima de iluminação............................................................. 16
2.2 PREVISÃO DE CARGA DE TOMADAS PARA HABITAÇÕES................................................ 17
2.2.1 Quantidade mínima de tomadas por ambiente................................................................... 17
2.2.2 Especificação das potências dos pontos de tomadas.......................................................... 18
2.3 EXEMPLO DE CÁLCULO DE PREVISÃO DE CARGA............................................................. 19
2.3.1 Cargas da sala........................................................................................................................... 20
2.3.2 Cargas de Cozinha................................................................................................................... 21
2.3.3 Demais cômodos...................................................................................................................... 22
2.4 PREVISÃO DE CARGAS ESPECIAIS PARA UNIDADES RESIDENCIAIS............................ 22
3 PREVISÃO DE CARGAS PARA UNIDADES COMERCIAIS..................................................... 23
4 PREVISÃO DE CARGAS PARA UNIDADES INDUSTRIAIS.................................................... 23
5 SIMBOLOGIA ....................................................................................................................................... 24
6 LOCAÇÃO DOS PONTOS EM PLANTA......................................................................................... 25
6.1 EXEMPLO DE APLICAÇÃO.......................................................................................................... 26
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 28
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 29

VII

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TÓPICO 3 – DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS......................................................... 31
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 31
2 DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS TERMINAIS.................................................... 31
2.1 LOCALIZAÇÃO DOS QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO............................................................ 31
2.2 DIVISÃO DA INSTALAÇÃO......................................................................................................... 32
2.2.1 Tensão nos circuitos................................................................................................................. 33
2.2.2 Exemplos de circuitos terminais............................................................................................ 35
2.3 QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS.............................................................................. 39
2.3.1 Dimensionamento do Quadro de Distribuição................................................................... 41
3 LANÇAMENTO DOS CONDUTOS PARA ENERGIA................................................................. 42
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 47
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 48

TÓPICO 4 – CONDUTORES ELÉTRICOS DA INSTALAÇÃO..................................................... 49


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 49
2 CONDUTORES ELÉTRICOS.............................................................................................................. 49
2.1 IDENTIFICAÇÃO DE CONDUTORES......................................................................................... 50
2.2 TIPOS DE ISOLAÇÃO..................................................................................................................... 51
2.2.1 Análise entre isolação de PVC e EPR/XLPE......................................................................... 52
2.2.2 Classificação quanto ao número de camadas isolantes...................................................... 53
3 LANÇAMENTO DA FIAÇÃO............................................................................................................ 54
3.1 LANÇAMENTO DA FIAÇÃO PARA CIRCUITOS DE ILUMINAÇÃO................................. 54
3.1.1 Lâmpada comandada por interruptor simples.................................................................... 55
3.1.2 Lâmpada comandada por dois interruptores...................................................................... 55
3.1.3 Lâmpada comandada por três interruptores....................................................................... 56
3.2 LANÇAMENTO DA FIAÇÃO PARA CIRCUITOS DE FORÇA............................................... 56
4 LANÇAMENTO DA FIAÇÃO DO APARTAMENTO EM ESTUDO......................................... 57
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 59
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 61
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 62

UNIDADE 2 – DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO.............. 63

TÓPICO 1 – DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 1ª PARTE........................................ 65


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 65
2 DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES FASE....................................................................... 65
2.1 CRITÉRIO DA SEÇÃO MÍNIMA................................................................................................... 66
2.2 CRITÉRIO DA CAPACIDADE DE CONDUÇÃO DE CORRENTE......................................... 66
2.2.1 Tipo de Isolação........................................................................................................................ 66
2.2.2 Maneira de Instalar.................................................................................................................. 67
2.2.3 Corrente Nominal ou Corrente de Projeto........................................................................... 70
2.2.4 Número de condutores carregados....................................................................................... 71
2.2.5 Temperatura ambiente............................................................................................................ 72
2.2.6 Fatores de correção.................................................................................................................. 72
2.2.7 Corrente Corrigida (I’p)........................................................................................................... 74
2.3 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO........................................................................................................ 75
2.3.1 Dimensionamento dos condutores para um circuito de um chuveiro............................. 75
2.3.2 Dimensionamento dos condutores alimentadores de um Quadro de Distribuição...... 76
2.3.3 Dimensionamento dos condutores em um eletroduto com vários circuitos................... 77
3 DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES NEUTRO E PROTEÇÃO................................ 78
3.1 DIMENSIONAMENTO DO CONDUTOR NEUTRO................................................................. 78
3.2 DIMENSIONAMENTO DO CONDUTOR PROTEÇÃO OU TERRA (PE).............................. 79

VIII

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RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 81
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 82

TÓPICO 2 – DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 2ª PARTE


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 85
2 CRITÉRIO DO LIMITE DA QUEDA DE TENSÃO....................................................................... 85
2.1 CÁLCULO DA QUEDA DE TENSÃO.......................................................................................... 87
2.1.1 Queda de tensão em sistemas monofásicos (F-N) ou bifásicos (F-F)................................ 87
2.1.2 Queda de tensão em sistemas trifásicos (3F+N ou 3F)........................................................ 89
3 CRITÉRIO DA CAPACIDADE DE CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO................................ 91
3.1 DETERMINAÇÃO DA SEÇÃO DO CONDUTOR PARA UMA
DETERMINADA CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO............................................................. 91
4 CRITÉRIO DA PROTEÇÃO CONTRA CORRENTES DE SOBRECARGA.............................. 94
5 CRITÉRIO DA PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS (SECCIONAMENTO
AUTOMÁTICO)....................................................................................................................................... 95
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 97
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 98

TÓPICO 3 – DIMENSIONAMENTO DE CONDUTOS................................................................... 99


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 99
2 ELETRODUTOS.................................................................................................................................... 100
2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ELETRODUTOS..................................................................................... 100
2.2 ESPECIFICAÇÕES PARA A INSTALAÇÃO DE ELETRODUTOS........................................... 101
2.3 DIMENSIONAMENTO DE ELETRODUTO................................................................................ 102
3 ELETROCALHAS.................................................................................................................................. 107
3.1 DIMENSIONAMENTO DE ELETROCALHAS........................................................................... 108
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 110
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 111

TÓPICO 4 – DIAGRAMAS, QUADROS DE CARGAS


E RAMAL DE ENTRADA DE ENERGIA..................................................................... 113
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 113
2 DIAGRAMAS UNIFILARES............................................................................................................... 113
3 PRUMADA ELÉTRICA........................................................................................................................ 120
4 COMPONENTES DO RAMAL DE ENTRADA DE ENERGIA................................................... 121
4.1 ENTRADA DE ENERGIA PARA UNIDADES CONSUMIDORAS INDIVIDUAIS............... 122
4.2 CÁLCULO DA DEMANDA PARA EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS INDIVIDUAIS........... 124
4.3 ENTRADA DE ENERGIA PARA EDIFÍCIOS DE USO COLETIVO . ...................................... 127
4.3.1 Cálculo da demanda provável da edificação....................................................................... 128
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 136
RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 138
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 139

UNIDADE 3 – ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA


EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS.............................................................................. 141
TÓPICO 1 – ILUMINAÇÃO................................................................................................................... 143
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 143
2 CONCEITOS BÁSICOS....................................................................................................................... 143
2.1 LUZ..................................................................................................................................................... 143
2.2 FLUXO LUMINOSO........................................................................................................................ 144
2.3 ILUMINÂNCIA................................................................................................................................ 144
2.4 EFICIÊNCIA LUMINOSA............................................................................................................... 145

IX

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2.5 TEMPERATURA DE COR............................................................................................................... 145
3 LÂMPADAS ELÉTRICAS.................................................................................................................... 146
3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS LÂMPADAS QUANTO AO PROCESSO DE EMISSÃO DE LUZ .147
3.1.1 Lâmpadas Incandescentes...................................................................................................... 147
3.1.2 Lâmpadas Halógenas de Tungstênio.................................................................................... 148
3.1.3 Lâmpadas de Descarga........................................................................................................... 149
3.1.4 Lâmpadas LED......................................................................................................................... 152
4 LUMINÁRIAS........................................................................................................................................ 154
5 CÁLCULO LUMINOTÉCNICO......................................................................................................... 155
5.1 DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES PARA O
CÁLCULO DO FLUXO LUMINOSO............................................................................................ 156
5.1.1 Iluminamento médio do ambiente (E).................................................................................. 156
5.1.2 Fator de utilização do recinto (Fu).......................................................................................... 158
5.1.3 Fator de depreciação do serviço da luminária..................................................................... 159
5.2 DISTRIBUIÇÃO E CÁLCULO DO NÚMERO DE LUMINÁRIAS........................................... 160
5.3 ROTEIRO DE CÁLCULO................................................................................................................ 163
5.4 EXEMPLO DE APLICAÇÃO.......................................................................................................... 163
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 166
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 167

TÓPICO 2 – PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES............................................................. 169


1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 169
2 SOBRECORRENTES............................................................................................................................. 169
3 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES........................................... 170
3.1 DISJUNTORES.................................................................................................................................. 170
3.1.1 Classificação dos disjuntores.................................................................................................. 172
3.2 FUSÍVEIS............................................................................................................................................ 175
3.3 RELÉS TÉRMICOS............................................................................................................................ 176
4 DIMENSIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO............................................... 176
4.1 DIMENSIONAMENTO QUANTO À CAPACIDADE DE INTERRUPÇÃO........................... 176
4.2 PROTEÇÃO CONTRA SOBRECARGAS...................................................................................... 177
4.3 PROTEÇÃO CONTRA CURTOS-CIRCUITOS............................................................................ 178
4.3.1 Critérios para garantia da proteção contra curtos-circuitos.............................................. 178
4.3.2 Determinação da corrente de curto-circuito presumida (ICS)............................................ 179
4.3.3 Exemplo de aplicação – cálculo de curto-circuito............................................................... 183
4.3.4 Exemplo de aplicação – dimensionamento de um dispositivo de proteção................... 187
5 COORDENAÇÃO E SELETIVIDADE.............................................................................................. 188
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 191
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 192

TÓPICO 3 – PROTEÇÕES CONTRA CHOQUES


ELÉTRICOS E SOBRETENSÕES................................................................................... 193
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................... 193
2 PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS........................................................................... 193
2.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS.................................................................................................... 193
2.2 PROTEÇÃO BÁSICA....................................................................................................................... 195
2.2.1 Proteção por isolação das partes vivas.................................................................................. 195
2.2.2 Proteção por barreiras ou invólucros.................................................................................... 196
2.2.3 Proteção por meio de obstáculos........................................................................................... 196
2.2.4 Proteção por colocação fora do alcance................................................................................ 196
2.2.5 Proteção adicional por dispositivo DR................................................................................. 197
2.3 PROTEÇÃO SUPLETIVA................................................................................................................ 197

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2.3.1 Equipotencialização................................................................................................................. 197
2.3.2 Seccionamento Automático..................................................................................................... 199
3 ATERRAMENTO ELÉTRICO.............................................................................................................. 199
3.1 ESQUEMA TT................................................................................................................................... 199
3.2 ESQUEMA TN.................................................................................................................................. 200
3.3 ESQUEMA IT.................................................................................................................................... 201
4 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO ADICIONAIS........................................................................... 202
4.1 DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO DIFERENCIAL RESIDUAL..................................................... 202
4.2 DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO CONTRA SURTOS................................................................... 204
4.2.1 Classes e características gerais de um DPS.............................................................................. 208
LEITURA COMPLEMENTAR................................................................................................................ 211
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 215
AUTOATIVIDADE.................................................................................................................................. 216
REFERÊNCIAS.......................................................................................................................................... 217

XI

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XII

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UNIDADE 1

CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE


PROJETOS ELÉTRICOS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• identificar e compreender a importância dos elementos que com-


põem um projeto elétrico;

• determinar a previsão de cargas de uma edificação;

• realizar a divisão da instalação em circuitos e de acordo com crité-


rios técnicos;

• lançar tomadas, interruptores, luminárias, eletrodutos e condutores na


planta baixa de uma edificação.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresen-
tado.

TÓPICO 1 – ELEMENTOS DE PROJETO

TÓPICO 2 – PREVISÃO DE CARGAS

TÓPICO 3 – DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS

TÓPICO 4 – CONDUTORES ELÉTRICOS DA INSTALAÇÃO

CHAMADA

Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em


frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás
melhor as informações.

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2

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UNIDADE 1
TÓPICO 1

ELEMENTOS DE PROJETO

1 INTRODUÇÃO
A elaboração de um projeto elétrico é uma tarefa que, muitas vezes, pode
parecer simples ou trivial. No entanto, são requeridos conhecimentos de áreas di-
versas da engenharia para sua execução de forma satisfatória. O projetista precisa
ter conhecimentos sólidos sobre eletricidade básica, circuitos elétricos, princípios de
eletromagnetismo, máquinas elétricas e até automação e telecomunicações. Embora
nem todos os projetos elétricos requeiram todo esse arcabouço de conhecimento, é
certo que quanto maior o entendimento do projetista sobre os diversos elementos
envolvidos no projeto, melhor será o resultado alcançado.

Assim, iniciamos este livro analisando as partes que constituem um projeto


elétrico.

2 COMPONENTES DE UM PROJETO ELÉTRICO


Os elementos que compõem um projeto elétrico dependem de algumas
características inerentes ao tipo da edificação e à forma de utilização. De modo
geral, quanto mais complexa for a edificação, e seus elementos constituintes, mais
informações serão necessárias ao projeto elétrico. A seguir, analisaremos os com-
ponentes mais comuns de um projeto elétrico.

2.1 COMPONENTES DO PROJETO ELÉTRICO


Conforme Lima Filho (1997), um projeto elétrico consiste, basicamente,
na representação escrita de uma instalação através de desenhos e documentos.
Assim, um projeto costuma ser composto das seguintes partes:

• ART - Anotação de Responsabilidade Técnica: documento de emissão obrigatória


junto ao CREA, um dos responsáveis técnicos pelo projeto.
• Carta de Solicitação junto à Concessionária (denominada também de Consulta Prévia):
documento em que o projetista informa à concessionária de energia as características
da obra. Com ele se verifica se o sistema de distribuição está apto a suprir a carga a ser
instalada. Cada concessionária possui um padrão específico de solicitação.
• Memorial Descritivo e de Cálculo: documentos que descrevem as características

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

básicas da edificação e da instalação elétrica (características arquitetônicas bási-


cas, informações da carga instalada, tensão de fornecimento de energia), além de
alguns cálculos necessários ao projeto, tais como: demanda da edificação, dimen-
sionamento de condutores e dutos.
• Plantas: são as representações gráficas dos elementos. A Planta de Situação visa locali-
zar a edificação e o ramal de entrada de energia em relação ao terreno, ruas e postes da
rede pública. A Planta Baixa dos pavimentos é utilizada para representar os elementos
da instalação elétrica (pontos de iluminação, interruptores e tomadas, dutos elétricos
etc.). A figura a seguir apresenta uma planta de situação de um projeto elétrico.

FIGURA 1 – PLANTA DE SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO (PROJETO ELÉTRICO)

FONTE: O autor

• Esquema Vertical ou Prumada: representação gráfica da distribuição elétrica


entre diferentes pavimentos e/ou diferentes quadros de distribuição.
• Quadros de Cargas e Diagramas Unifilares (ou Multifilares): representam o
total de carga instalada em determinado setor e a forma como foi feita sua di-
visão em diferentes circuitos.
• Detalhes: desenhos que visam ilustrar o funcionamento ou instalação de deter-
minados elementos, tais como: os componentes da entrada de energia, para-
-raios, aterramentos e outros.

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TÓPICO 1 | ELEMENTOS DE PROJETO

• Especificações: descrição das características elétricas dos componentes utiliza-


dos no projeto.
• Lista de Materiais: lista do quantitativo dos componentes elétricos a serem uti-
lizados na obra.

2.2 DEMAIS PROJETOS


Além do projeto das instalações elétricas em si, há uma variedade de
outros sistemas ligados à utilização de energia que requerem projetos específicos.
Destacam-se os seguintes:

• Projeto Telefônico: detalhes da entrada e distribuição interna dos condutores


para telefonia fixa da edificação.
• Projeto de Telecomunicações: definição das instalações para elementos de tec-
nologia da informação e comunicação (pontos de utilização, componentes de
rede, servidores etc.). Geralmente, é integrado ao projeto telefônico.
• Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA): popularmente co-
nhecido como “para-raios”, o sistema tem por finalidade a proteção da edifi-
cação contra descargas atmosféricas. Na figura seguinte, é possível observar a
instalação externa de um para-raios em um edifício.

FIGURA 2 – COMPONENTES EXTERNOS DE UM PARA-RAIOS

FONTE: <http://bit.ly/2pIwzJk>. Acesso em: 31 jan. 2019.

• Sistema de distribuição de televisão: o projeto deste sistema visa especificar os


pontos de entrada de sinal de TV na edificação (antena e por cabo), além de definir
a forma de distribuição do sinal internamente pelas áreas comuns da edificação.
Ainda, sua distribuição interna nas unidades residenciais.
• Sistemas de segurança: uma edificação pode necessitar de cuidados especiais no
que se refere à segurança patrimonial e de pessoas. Pode haver a necessidade de
sistemas de intercomunicação e abertura de portões, câmeras de vigilância, alar-
mes etc. Os sistemas de segurança devem ser projetados de acordo com as especi-
ficações das soluções adotadas e das orientações dos proprietários.
5

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

• Sistema de alarme de incêndios: compõe o Projeto Preventivo de Incêndio e tem


por finalidade detectar e informar a ocorrência de incêndios na edificação. Os
sistemas de alarme de incêndio costumam ser muito sensíveis à interferência
eletromagnética, de forma que precisam ser planejados em consonância com os
demais sistemas elétricos da edificação.

A necessidade de elaboração de cada um dos projetos complementares de-


pende de uma série de fatores, tais como: características arquitetônicas e utilização da
edificação, características ambientais, solicitação do cliente, disponibilidade de recur-
sos financeiros e até mesmo escolha pessoal do projetista.

3 NORMATIZAÇÃO
Todo projeto elétrico necessita seguir as especificações das leis, normas e
diretrizes técnicas vigentes a fim de garantir a padronização, segurança e eficiência
da instalação projetada. Mais do que uma obrigação, a observância das normas
provê ao projetista respaldos técnico e jurídico na eventualidade de ocorrerem pro-
blemas nas instalações elétricas projetadas, além da garantia de que a instalação
funcionará de forma satisfatória e com economia de energia.

3.1 NORMAS TÉCNICAS DA ABNT


A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT – é a entidade res-
ponsável por elaborar e distribuir normas em diversas áreas técnicas.

Em termos de projetos elétricos, destaca-se a norma NBR 5410: Instalações


elétricas de baixa tensão, cuja última publicação foi em 2004. Pode ser conside-
rado o “documento mãe” para a elaboração de projetos elétricos em geral e suas
orientações serão consideradas frequentemente no decorrer deste livro.

A NBR 5410 (2004) é aplicável às instalações elétricas de edificações de


qualquer uso, cujas tensões sejam de:

• Até 1000 volts em tensão alternada;


• Até 1500 volts em tensão contínua.

A norma também é aplicada às áreas externas das edificações e propriedades,


locais de acampamento, canteiros de obras, feiras, exposições e outras instalações
temporárias.

A NBR 5419:2015 - Proteção de estruturas contra descargas atmosféricas.


Específica para as diretrizes técnicas para elaboração de projetos de para-raios em
edificações. Por se tratar de um sistema complementar não necessário na maioria
das edificações, será muito pouco referenciada. É importante, no entanto, conhecer
algumas de suas especificações, uma vez que a norma também trata da utilização de
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TÓPICO 1 | ELEMENTOS DE PROJETO

malha de aterramento e é preciso haver compatibilização entre as instalações elétri-


cas e descargas atmosféricas de uma edificação.

Há, ainda, normas diversas ligadas à fabricação de componentes elétricos (to-


madas, condutores, dutos e outros) e situações específicas, como a NBR 13570 (1996):
Instalações elétricas em locais de afluência de público. Antes de iniciar qualquer pro-
jeto, o projetista deve pesquisar quais normas deverão ser observadas de forma a
atender a todos os requisitos existentes para o serviço a ser realizado.

3.2 DIRETRIZES TÉCNICAS DIVERSAS


Como já mencionado, a elaboração de Normas Técnicas é exclusividade da
ABNT. Assim, documentos técnicos elaborados por outros setores não podem receber a
denominação “Norma Técnica”. Concessionárias de energia, Corpos de Bombeiros, Pre-
feituras e outras instituições podem emitir, de acordo com a necessidade, diretrizes téc-
nicas, tais como “Instruções Técnicas”, “Instrução Normativa” ou outras denominações.

De modo geral, essas instruções estão sujeitas às especificações das Normas


Técnicas da ABNT e, em geral, abordam algumas questões mais específicas, podendo
ser mais restritivas que a respectiva norma da ABNT. Assim, um exemplo prático se
refere ao dimensionamento do condutor neutro. A NBR 5410 (2004) permite que, em
determinadas condições, o condutor neutro de um circuito trifásico pode ter seção
menor que os condutores fase. No entanto, muitas instruções técnicas das conces-
sionárias de energia exigem que o condutor neutro tenha as mesmas dimensões dos
condutores fase para os ramais de entrada de energia.

Então, fica a cargo de você, acadêmico, acessar o sítio eletrônico da con-


cessionária de energia da sua região, a fim de conhecer as publicações técnicas
disponíveis.

4 ETAPAS DE UM PROJETO ELÉTRICO


Um projeto elétrico é uma atividade que demanda análise e ponderação an-
tes de ser iniciado, considerando os diversos fatores envolvidos. Lima Filho (1997)
elenca três importantes critérios a serem considerados na elaboração de um projeto
elétrico:

• Acessibilidade: todos os pontos de utilização e dispositivos de manobra e pro-


teção devem estar em locais perfeitamente acessíveis e que permitam mano-
bras adequadas e eventuais manutenções.
• Flexibilidade e Reserva de Carga: a instalação deve ser projetada de forma a permi-
tir certo acréscimo de carga futura e flexibilidade para pequenas alterações.
• Confiabilidade: as instalações devem ser projetadas em conformidade com as nor-
mas técnicas, garantindo o perfeito funcionamento e a segurança do patrimônio e
das pessoas.
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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 7 26/11/2019 11:23:54


UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

As etapas para elaboração de um Projeto Elétrico variam de acordo com o ta-


manho e tipo da edificação, especificação do cliente, características de fornecimento de
energia, especificações da concessionária de energia etc. De forma geral, os passos a
seguir, sugeridos por Lima Filho (1997), podem ser seguidos em todo ou em parte, e em
ordem adversa da apresentada. Alguns termos técnicos apresentados poderão ser es-
tranhos a você neste momento, mas serão explicados mais tarde em tópicos específicos.

4.1 COLETA DE INFORMAÇÕES PRELIMINARES

Esta etapa consiste na aquisição de informações diversas que influenciarão


na elaboração do projeto, sendo de fundamental importância.

Destacam-se as seguintes fontes de informação:

• Planta de Situação: identifica a posição da edificação no terreno, sua relação


com as ruas próximas e rede elétrica. Essas informações são necessárias para
elaboração do ramal de entrada de energia para a edificação.
• Projeto Arquitetônico: é constituído pelas plantas baixas, cortes e fachadas. Com
essas informações têm-se conhecimento das dimensões e tipo de utilização das
dependências da edificação. As plantas baixas servem, também, para disposição
dos elementos de projeto (iluminação, tomadas, caixas etc.).
• Projetos Complementares: são os demais projetos da edificação: Projeto Estrutu-
ral, Sanitário, de Combate a Incêndio e outros. De posse desses projetos, podemos
evitar eventuais restrições e interferências com vigas, lajes, tubulações e demais
elementos de outros sistemas. Todos os projetos de uma edificação devem ser ela-
borados em harmonia. Após a elaboração do projeto, é recomendável realizar uma
análise minuciosa, a fim de verificar se ele não irá interferir em outros sistemas. O
procedimento é denominado Compatibilização de Projetos.
• Informações com o Responsável Técnico e/ou o Proprietário: levantam-se informa-
ções extras a respeito da existência de cargas especiais, tipo de instalação elétrica a
ser feita (embutida ou aparente e respectivos detalhes), características e localização
do ramal de entrada de energia e outros detalhes.

4.2 LEVANTAMENTO DE CARGAS

Com as informações preliminares obtidas e de posse das normas técnicas


necessárias, o projetista poderá elaborar o levantamento (ou previsão) das cargas
elétricas da edificação.

O levantamento de cargas visa estabelecer a localização e potência dos pon-


tos de iluminação, tomadas e cargas especiais (ar condicionado, elevadores, bom-
bas de água etc.).

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 8 26/11/2019 11:23:54


TÓPICO 1 | ELEMENTOS DE PROJETO

4.3 ESPECIFICAÇÃO DO PADRÃO DE ATENDIMENTO


Entendemos por Padrão de Atendimento as características de fornecimento
de energia elétrica pela concessionária.

Nesta etapa, cabe ao projetista consultar a documentação técnica disponibi-


lizada pela concessionária de energia. A documentação específica e as características
necessárias do projeto do ramal de entrada de energia indicam se é necessária a apro-
vação do projeto pela concessionária.

FIGURA 3 – RAMAL DE ENTRADA DE ENERGIA DE UMA RESIDÊNCIA

FONTE: Prysmian (2006, p. 30)

Dados importantes à especificação do padrão de atendimento são: demanda


e categoria de atendimento de cada consumidor da edificação; determinação da de-
manda provável do edifício e componentes da conexão do ramal de alimentação com
a rede da concessionária.

4.4 DESENHO DAS PLANTAS


Esta etapa consiste na localização, na planta baixa, dos seguintes compo-
nentes do projeto elétrico:

• a indicação dos pontos de iluminação e tomadas (pontos de utilização);


• a localização dos quadros de distribuição de energia;
• a divisão das cargas em circuitos terminais;
• o desenho das tubulações dos circuitos terminais;

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

• a localização das caixas de passagem e da prumada;


• o traçado da alimentação dos circuitos alimentadores.

Ainda, consideramos também a elaboração dos seguintes desenhos: pru-


mada (esquema vertical), localização dos quadros de medição de energia, caixas
de passagem e demais componentes não listados.

4.5 DIMENSIONAMENTOS
Nesta etapa, são realizados os dimensionamentos de todos os componen-
tes dos projetos elétricos, de acordo com as informações obtidas anteriormente e
em conformidade com as normas técnicas. Destacam-se o dimensionamento dos
condutores, eletrodutos, dispositivos de proteção e dos quadros de energia.

4.6 QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO E DIAGRAMAS


Esta etapa visa representar, através de quadros e tabelas, a distribuição e o
dimensionamento dos circuitos elétricos da edificação. Destacam-se os seguintes
quadros:

• Quadro das Cargas Instaladas.


• Diagramas Unifilares (ou Multifilares) dos circuitos terminais.
• Diagramas de Comando e Força dos Motores.
• Diagrama Unifilar Geral da Edificação.

4.7 DETALHES CONSTRUTIVOS


Os detalhes construtivos têm por objetivo facilitar a interpretação do projeto,
garantindo que este seja executado da maneira mais fiel possível. A escolha de quais
detalhes são necessários ao projeto depende, em grande parte, da complexidade do
projeto e das especificações da concessionária de energia (para os elementos do ramal
de entrada).

Como regra geral, quanto mais detalhes forem fornecidos pelo projetista,
mais fiel será o projeto.

4.8 MEMORIAL DESCRITIVO E DE CÁLCULO


O Memorial Descritivo faz uma descrição sucinta do projeto justificado
e, se necessário, das soluções adotadas. É composto por planilhas de edificação e
documentos.

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TÓPICO 1 | ELEMENTOS DE PROJETO

O Memorial de Cálculo, que pode fazer parte do Memorial Descritivo


ou ser apresentado separadamente, contém os cálculos e dimensionamentos
realizados na elaboração do projeto, tais como:

• Previsão de cargas.
• Determinação de Demanda Provável.
• Dimensionamento físico de condutores e eletrodutos.
• Dimensionamentos dos dispositivos de proteção.

4.9 DEMAIS COMPONENTES DO PROJETO


Listam-se, a seguir, outros elementos que fazem parte de um projeto elétrico.

• ART ou RRT: Anotação de Responsabilidade Técnica (para profissionais filiados


ao CREA) ou RRT (Registro de Responsabilidade Técnica, para os profissionais
registrados junto ao CAU). É um documento de emissão obrigatória na elaboração
de um projeto elétrico.

FIGURA 4 – MODELO DE ART DO CREA/SE

FONTE: <http://bit.ly/2BBNz6W>. Acesso em: 19 out. 2019.

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 11 26/11/2019 11:23:55


UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

• Lista de Material: listagem de todos os materiais com a definição das quantidades


e especificações técnicas a serem utilizados na execução do projeto.
• Análise da Concessionária: dependendo das características do projeto e dos
critérios requeridos pela concessionária de energia local, pode ser necessária a ação
de solicitar a aprovação do projeto elétrico. Fica a cargo do projetista consultar a
documentação da respectiva concessionária local de energia.

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 12 26/11/2019 11:23:55


TÓPICO 1 | ELEMENTOS DE PROJETO

RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• São vários os documentos que compõem um projeto elétrico, dentre eles: ART, Me-
morial de Cálculo, Plantas, Detalhes e outros.

• A legislação técnica deve, obrigatoriamente, ser seguida na elaboração de um Projeto


Elétrico. Nessa legislação, as normas técnicas publicadas pela ABNT representam o
mais alto grau hierárquico, sendo que as especificações técnicas emitidas por outras
instituições devem estar em acordo com todas as NBRs.

• Existem algumas normas e especificações técnicas que precisam ser observadas na


elaboração de um projeto elétrico, com destaque para a ABNT NBR 5410 - Insta-
lações Elétricas de Baixa Tensão (2004). A norma apresenta especificações para as
etapas de projeto, manutenção e verificação das instalações elétricas.

• Existem várias etapas na realização de um projeto elétrico, iniciando com a coleta


de informações preliminares, passando pelo levantamento das cargas, desenhos
das plantas, até a conclusão. Fica claro que um projeto inicia muito antes do início
dos desenhos em planta e muitos passos são seguidos até sua conclusão.

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 13 26/11/2019 11:23:55


AUTOATIVIDADE

1 Um projeto elétrico pode ser composto por vários documentos, dependendo da


sua complexidade. Descreva cinco documentos que podem compor um projeto
elétrico.

2 Uma especificação técnica de uma concessionária de energia pode diferir de


uma norma técnica da ABNT? Explique.

3 Qual é o nome completo da norma técnica que precisa ser seguida para a
elaboração de projetos elétricos? Quais tipos de projetos elétricos não são
atendidos por esta norma?

4 Na elaboração de um projeto, três critérios precisam ser observados: acessibi-


lidade, flexibilidade e confiabilidade das instalações. Explique cada um desses
critérios.

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 14 26/11/2019 11:23:55


UNIDADE 1
TÓPICO 2

PREVISÃO DE CARGAS

1 INTRODUÇÃO
As cargas instaladas de uma edificação são, em última análise, os elementos que
determinam as características básicas de um projeto elétrico. Em várias instalações indus-
triais e algumas comerciais, as características das cargas (quantidade de pontos, potência
demandada e localização na planta) costumam ser conhecidas antecipadamente, o que
facilita a elaboração do projeto no que diz respeito ao consumo de energia e dimensiona-
mento dos componentes elétricos.

Contudo, na maioria das edificações, residenciais ou comerciais, não se tem a


certeza de quais cargas serão instaladas, sendo um fator que dependerá muito das com-
plexas características de utilização do imóvel. Para esses casos, costuma-se realizar a Pre-
visão de Cargas, a fim de se conhecer a demanda da edificação antecipadamente. Esta
etapa também norteia a distribuição dos pontos de iluminação e de tomadas nos diferen-
tes ambientes.

2 PREVISÃO DE CARGAS CONFORME A NBR 5410/2004


PARA HABITAÇÕES
A norma NBR 5410 (2004) estabelece, em seu item 9.5, os critérios mínimos
de previsão de carga para habitações (casas, hotéis, condomínios, alojamentos e simi-
lares) no que diz respeito a tomadas e pontos de iluminação. Analisaremos as pres-
crições a seguir.

2.1 PREVISÃO DE CARGA DE ILUMINAÇÃO PARA HABITAÇÕES


Para os pontos de iluminação, são feitas as seguintes considerações, conforme
a NBR 5410 (2004): condições para estabelecer a quantidade mínima de pontos de luz
e determinações da potência mínima de iluminação

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 15 26/11/2019 11:23:55


UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

2.1.1 Condições para estabelecer a quantidade mínima


de pontos de luz
• Em cada cômodo ou dependência deve ser previsto pelo menos um ponto de
luz fixo no teto comandado por interruptor.
• Arandelas instaladas no banheiro devem distar, no mínimo, 60cm do boxe.

2.1.2 Determinação da potência mínima de iluminação


• Em cômodos ou dependências com área igual ou inferior a 6m², deve ser prevista
uma carga mínima de 100 VA.
• Em cômodos ou dependências com área superior a 6m², deve ser prevista uma
carga mínima de 100 VA para os primeiros 6 m², acrescida de 60 VA para cada
aumento de 4 m² inteiros.

NOTA

Na época da publicação da norma NBR 5410 (2004), ainda eram amplamente


utilizadas no mercado nacional as lâmpadas incandescentes, conhecidas pelo seu baixo
rendimento luminoso. As indicações de potência para iluminação, indicadas na norma, têm como
base as lâmpadas incandescentes, que atualmente estão em desuso, sendo utilizadas em sua
substituição as lâmpadas fluorescentes compactas ou led. Assim, fica a critério do projetista utilizar
as lâmpadas mais modernas e eficientes ao invés das incandescentes. Recomenda-se, no caso,
verificar a equivalência luminosa entre os diferentes tipos de lâmpadas. Você poderá comparar
algumas potências no quadro seguinte.

QUADRO 1 – COMPARATIVO DE FLUXO LUMINOSO DE LÂMPADAS

TIPO DE LÂMPADA E POTÊNCIA


Fluxo Luminoso
Incandescente Fluorescente LED
(lumens)
600 60 W 10 W 6W
800 80 W 13 W 8W
1000 100 W 17 W 10 W
1200 120 W 20 W 12 W
1500 150 W 25 W 15 W
FONTE: <http://bit.ly/2MXowAc>. Acesso em: 11 jan. 2019.

Exemplo de cálculo: considerar uma dependência de uma unidade residencial


de dimensões físicas 3,5 × 4,5 metros. A especificação da iluminação para o ambiente,
considerando-se lâmpadas incandescentes, pode ser assim determinada:

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 16 26/11/2019 11:23:55


TÓPICO 2 | PREVISÃO DE CARGAS

Área do Cômodo: 3,5 × 4,5 = 15,75 m²


Total
Fração de Área (m²): 6,0 + 4,0 + 4,0 + 1,75 = 15,75
Potência Atribuída (VA): 100 + 60 + 60 + 0 = 220

Logo, a potência atribuída à dependência, para efeito de cálculo da potência


de alimentação, é de 220 VA.

Deve-se observar que a NBR 5410 (2004) não estabelece critérios para a ilu-
minação de áreas externas. Nos casos, a definição deverá ser feita considerando-se as
necessidades do cliente.

Como alternativa ao cálculo, a NBR 5410 (2004) oferece a possibilidade de


utilizarmos as prescrições da NBR 5413: Iluminância de Interiores. No entanto, é ne-
cessário esclarecer que a NBR 5413 foi cancelada e substituída pela publicação da
ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 “Iluminação de ambientes de trabalho” em abril de 2013,
sendo, então, recomendável utilizar as prescrições da nova publicação.

2.2 PREVISÃO DE CARGA DE TOMADAS PARA HABITAÇÕES


Além da iluminação, o projeto elétrico deve prever a utilização de cargas elé-
tricas diversas na edificação. Essas cargas são representadas por pontos de tomadas,
às vezes denominados “pontos de força”.

Conforme estabelece a NBR 5410 (2004), o número de pontos de tomada deve


ser determinado em função da destinação do local e dos equipamentos elétricos que
podem ser ali utilizados, observando, no mínimo, os critérios listados a seguir.

2.2.1 Quantidade mínima de tomadas por ambiente

a) em banheiros: deve ser prevista a existência de, no mínimo, um ponto de toma-


da junto ao lavatório a 60cm, no mínimo, do boxe;
b) em cozinhas, lavanderias e assemelhados: deve ser previsto, no mínimo, um
ponto de tomada para cada 3,5m de perímetro (ou fração de perímetro), sendo
que, na bancada da cozinha, devem ser previstas ao menos duas tomadas;
c) em varandas: deve ser previsto ao menos um ponto de tomada. Admite-se que
o ponto de tomada não seja instalado na própria varanda, mas próximo ao seu
acesso, quando, por razões construtivas, a opção for mais conveniente;
d) em salas e dormitórios: deve ser previsto, pelo menos, um ponto de tomada
para cada 5m (ou fração) de perímetro, devendo este ser espaçado tão unifor-
memente quanto possível;
e) nos demais cômodos da habitação: devem ser previstos, ao menos:

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 17 26/11/2019 11:23:55


UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

• um ponto de tomada para cômodos com até 6,0m²;


• um ponto de tomada para cada 5,0m de perímetro do cômodo se este tiver área
maior que 6m².

2.2.2 Especificação das potências dos pontos de tomadas


Conforme especifica a NBR 5410 (2004), a potência atribuída a um ponto de to-
mada depende dos equipamentos que ele poderá vir a alimentar. Costuma-se denominar
de Tomadas de Uso Geral (TUGs) aquelas que são destinadas a alimentar equipamentos
diversos. Os valores mínimos de potência a serem considerados são:

a) em banheiros, cozinhas, copas, áreas de serviços e locais análogos, considerar, no mí-


nimo, 600 VA por ponto de tomada em até três pontos, e 100 VA por ponto para os
demais (considerando cada ambiente separadamente). Quando algum dos ambientes
conter mais de seis pontos, admite-se considerar a potência de 600 VA para os dois
primeiros pontos e 100 VA para os demais, sempre considerando cada ambiente sepa-
radamente.
b) nos demais cômodos e dependências, considerar 100 VA para cada ponto de tomada.

As Tomadas de Uso Específico (TUEs) são aquelas destinadas a alimentar algum


equipamento específico, tal como ar condicionado ou chuveiro. A quantidade dessas
tomadas é definida de acordo com o número de aparelhos de utilização, e a potência
atribuída é a potência nominal do equipamento a ser alimentado por cada uma dessas
tomadas.

E
IMPORTANT

A determinação das TUEs não se dá pelo método descrito no item 2.2.1.

Para a verificação da potência nominal dos equipamentos, recomenda-se


a leitura de seus respectivos manuais de uso, amplamente difundidos na internet.
No entanto, na ausência da informação, podem ser consideradas as potências
indicadas a seguir:

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TÓPICO 2 | PREVISÃO DE CARGAS

QUADRO 2 – POTÊNCIAS MÉDIAS DE ELETRODOMÉSTICOS E CONDICIONADORES DE AR -


ND-5.1 – CEMIG

Equipamento Potência (VA)


Aquecedor de água de passagem 6000
Aquecedor de ambiente 1000
Ar Condicionado 12000 BTU 1900
Ar Condicionado 18000 BTU 2800
Ar Condicionado 30000 BTU 4000
Ar Condicionado 8500 BTU 1500
Chuveiro 127 V 4400
Chuveiro 220 V 6500
Computador77 300
Equipamento de som 100
Exaustor 150
Ferro de passar 500 a 1000
Fogão elétrico 1500 por boca
Forno elétrico 4500
Forno micro-ondas 750
Freezer Horizontal 500
Geladeira 300
Máquina de lavar louças 1500
Máquina de lavar roupas 1000
Máquina de secar roupas 3500
Televisor 300
FONTE: <http://bit.ly/31ES8I7>. Acesso em: 3 jan. 2019.

2.3 EXEMPLO DE CÁLCULO DE PREVISÃO DE CARGA


A figura a seguir representa a planta baixa de um apartamento. Os valores
mostrados representam as medidas internas dos recintos e estão em metros. Apli-
caremos os conceitos de previsão de carga, vistos anteriormente, para determinar os
pontos de tomada e iluminação da edificação.

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

FIGURA 5 – PLANTA BAIXA DE UM APARTAMENTO

FONTE: O autor

2.3.1 Cargas da sala


Iniciaremos com a análise das dimensões físicas do cômodo para proceder
com a determinação dos pontos de iluminação e tomadas.

a) Dimensões:

• Comprimento: 4,00m
• Largura: 3,20m
• Área: 4,00 × 3,20 = 12,80 m²
• Perímetro: (4,00 + 3,20) × 2 = 14,40 m

b) Determinação dos pontos de iluminação:

Será feita de acordo com as orientações apresentadas no item 2.1.

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TÓPICO 2 | PREVISÃO DE CARGAS

Área (m²): 6,00 4,00 2,80


Potência atribuída (VA): 100 60 0

Logo, para este cômodo a potência mínima de iluminção a ser atribuída é de


160 VA.

Com o objetivo de garantir uma melhor uniformidade de fluxo luminoso no


ambiente, vamos dividir a iluminação em dois pontos de 100 VA cada.

c) Determinação das tomadas:

Será feita de acordo com o item 2.2.

Como a área do cômodo é maior que 6m², a determinação do número de


tomadas de uso será feita pelo perímetro (uma tomada para cada 5 metros de
perímetro ou fração):

• número de tomadas = perímetro/5 = 14,40/5 = 2,88 ≈ 3 tomadas;


• para salas e quartos, a potência atribuída a cada tomada é de 100 VA;
• não serão previstas TUEs para este ambiente.

2.3.2 Cargas de Cozinha


Seguiremos os mesmos passos desenvolvidos para a análise da sala.

b) Dimensões:

• Comprimento: 2,50 m
• Largura: 3,00 m
• Área: 7,5 m²
• Perímetro: 11,00 m

b) Pontos de iluminação:

Área (m²): 6,00 1,50


Potência atribuída (VA): 100 0

A potência mínima de iluminação para o cômodo é de 100 VA.

c) Pontos de tomada:

Para cozinhas, fica estabelecida a necessidade de uma tomada para 3,5m


de perímetro (ou fração de perímetro). Logo:
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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

• número de tomadas = perímetro/3,5 = 11,00/3,5 = 3,14 = 4 tomadas


• as potências dessas tomadas ficam assim determinadas:
0 03 tomadas de 600 VA
0 01 tomada de 100 VA

Vamos considerar que as tomadas serão utilizadas por equipamentos


diversos, além da geladeira. Ainda, consideraremos a necessidade de uma tomada
(TUE) para um forno elétrico de 1500 VA.

2.3.3 Demais cômodos


Seguindo os mesmos critérios para os demais cômodos do apartamento,
chegaremos ao resultado apresentado a seguir.

QUADRO 3 – PREVISÃO DE CARGAS PARA O APARTAMENTO

ILUMINAÇÃO TUGs TUEs


Dependência Nº de Pot. Pot. Nº de Pot. Pot. Potência
Unit Total Pontos Unit Total Aparelho
Pontos (VA)
(VA) (VA) (VA) (VA)
Sala 2 100 200 3 100 100 - -
3 600
Cozinha 1 100 100 1900 Forno 1500
1 100
Banheiro 1 100 100 1 600 600 Chuveiro 6500
Serviço 1 100 100 2 600 1200 - -
Sacada 1 100 100 1 100 100 - -
Quarto 1 160 160 3 100 300 Ar Cond. 1500
Totais 7 - 720 14 - 2200 - 9500
FONTE: O autor

Devemos ter em mente que os critérios apresentados para a determinação


de pontos de iluminação e tomadas servem para estipular os valores mínimos em
cada cômodo. Dessa forma, cada projetista poderá definir um conjundo de cargas
diferentes, considerando sua experiência e visão particular da edificação.

2.4 PREVISÃO DE CARGAS ESPECIAIS PARA UNIDADES


RESIDENCIAIS
Em edifícios multifamiliares (edifícios de apartamentos, hotéis e asse-
melhados), é comum a existência de cargas especiais destinadas a atender aos
sistemas do condomínio, tais como: bombas de recalque, bombas de drenagem
de águas pluviais, elevadores etc. Essas cargas, por serem de uso comum, são
alimentadas pelo quadro de distribuição do condomínio.
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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 22 26/11/2019 11:23:56


TÓPICO 2 | PREVISÃO DE CARGAS

A localização dessas cargas e a potência de cada uma devem ser levantadas


pelo projetista antecipadamente. Normalmente, é indicada a localização de cada uma
e faz-se necessário realizar uma pesquisa junto aos fabricantes de cada equipamento,
conhecendo as potências envolvidas e os requisitos para alimentação.

3 PREVISÃO DE CARGAS PARA UNIDADES COMERCIAIS


A NBR 5410 (2004) não apresenta critérios para especificação de cargas de
tomadas para lojas, escritórios ou outras unidades comerciais. Assim, para a ilumi-
nação, em cômodos com até 40 metros quadrados de área, utilizam-se os critérios já
vistos anteriormente para unidades residenciais. Para ambientes acima de 40 metros
quadrados, utiliza-se o Cálculo Luminotécnico que será estudado adiante.

Em relação aos pontos de tomada, um critério amplamente utilizado é mos-


trado a seguir, conforme apresentado em Mamede Filho (2006) e em outras publica-
ções técnicas da área.

• Para escritórios comerciais e análogos:


0 com área menor ou igual a 40m²: uma tomada para cada 4 m² de área
(ou fração) com potência de 200 VA;
0 com área superior a 40m²: considerar 10 tomadas para os primeiros
40m² e uma tomada para cada 10m² extra (ou fração), com 200 VA
cada tomada.

• Para lojas comerciais ou locais análogos:


0 uma tomada para cada 30m² de área (ou fração) com potência mínima
de 200 VA por tomada.
0 para as vitrines e demonstração de aparelhos, devem ser previstas
tomadas específicas (TUEs) em número e com potência especificada
de acordo com as informações preliminares recebidas do proprietário
da edificação ou responsável pelo projeto arquitetônico.

4 PREVISÃO DE CARGAS PARA UNIDADES INDUSTRIAIS


Em ambientes industriais, a especificação das potências, tanto de pontos de
iluminação quanto de tomadas, costuma ser feita a partir da especificação em planta
de cada ponto.

Para orientação, os pontos de iluminação seguem as mesmas diretrizes já


analisadas para ambientes residenciais e comerciais, ou ainda de acordo com a ABNT
NBR ISO/CIE 8995-1 (2013). Já para os pontos de tomada, é necessário conhecer o tipo
de equipamento em cada setor da indústria, assim como sua disposição física.

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

Assim, fica claro que não é possível estabelecer critérios gerais para disposição
dos pontos de tomada para ambientes industriais, sendo necessária a análise de cada
caso específico.

5 SIMBOLOGIA
Um importante fator ao se desenvolver um projeto elétrico é a escolha adequa-
da dos símbolos a serem utilizados para representação dos componentes da instalação,
tais como tomadas, fiação etc.

É importante que esses símbolos sejam de fácil compreensão e visualização.


Além disso, a representação gráfica através dos símbolos deve ser feita de tal forma que
permita a execução mais fiel possível do projeto.

A norma brasileira utilizada para a padronização dos símbolos utilizados em


projetos elétricos era a ABNT NBR 5444/89: Símbolos Gráficos para Instalações Elétricas
Prediais. No entanto, a norma foi cancelada sem substituição em 2014 e, em sua respecti-
va página, a ABNT recomenda a utilização de duas normas internacionais, a saber:

• IEC 60417-1: Graphical symbols for use on equipment – Part 1: Overview and Application
(2002) - Símbolos gráficos para uso em equipamentos – Parte 1: Visão Geral e
Aplicação, em tradução livre.
• IEC 60617: Graphical symbols for diagrams (2012) - Símbolos gráficos para esquemas,
em tradução livre.

Como ambas as normas recomendadas pela ABNT não possuem, até o mo-
mento, tradução para a língua portuguesa, suas utilizações têm sido restritas no ce-
nário atual da Engenharia Elétrica. Além desse fato, essas duas normas apresentam
algumas alterações radicais em vários símbolos utilizados com frequência em proje-
tos elétricos, de forma que muitos projetistas não se sentem à vontade na utilização.

Mesmo na época de vigência da norma ABNT NBR 5444/89, os símbolos grá-


ficos utilizados nos projetos diferenciavam-se em função de escolhas particulares dos
projetistas. Assim, era razoável aplicar um conjunto de símbolos utilizados com fre-
quência em projetos elétricos. Muitos dos símbolos eram indicados em programas de
computador específicos de projetos elétricos. Na figura seguinte é possível conferir a
simbologia adotada para este livro. Demais símbolos específicos poderão ser indica-
dos ao longo dos capítulos, de acordo com a necessidade.

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TÓPICO 2 | PREVISÃO DE CARGAS

FIGURA 6 – SIMBOLOGIA ADOTADA

FONTE: O autor

6 LOCAÇÃO DOS PONTOS EM PLANTA


A locação dos pontos em planta deve ser realizada com ponderação, a fim de
se obter um projeto elétrico que seja adequado à instalação. Recomendamos iniciar pela
distribuição dos pontos de energia e, em seguida, os respectivos pontos de coman-
do (interruptores). Na sequência, devem ser lançados os pontos de tomada, tomando
como base a quantidade de pontos calculada anteriormente na previsão de cargas.

Algumas observações gerais para o lançamento dos pontos elétricos em planta:

• Conhecer os demais projetos da edificação (arquitetônico, estrutural, hidráulico e


outros) como forma de evitar lançar pontos que conflitem com os outros elementos
da estrutura.
• Os pontos do projeto elétrico devem ser lançados de tal forma que estejam em
harmonia com a utilização pretendida. Assim, é importante conhecer a planta de
ambientação da edificação, que apresenta a distribuição do mobiliário interno. Na
ausência da planta, recomenda-se conversar com o proprietário ou responsável
pelo projeto arquitetônico.
• Os pontos de tomada de uso geral devem ser distribuídos de forma uniforme nos
cômodos, e as tomadas de uso específico devem ser posicionadas próximas aos
equipamentos a serem alimentados.

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

6.1 EXEMPLO DE APLICAÇÃO


Com o objetivo de ilustrar o processo de lançamento dos pontos de energia,
vamos realizar o processo sobre a mesma planta de um apartamento apresentada
anteriormente. O resultado do lançamento dos pontos de energia pode ser verificado
na figura a seguir.

FIGURA 7 – LOCAÇÃO DOS PONTOS ELÉTRICOS

FONTE: O autor

O primeiro aspecto a ser destacado é que cada projeto elétrico depende de uma
série de escolhas pessoais realizadas pelo projetista. Dessa forma, mesmo considerando
os critérios de previsão de carga, cada indivíduo vai desenvolver um projeto elétrico
específico.

As tomadas de energia tiveram suas potências indicadas, exceto as de 100 VA,


que dispensam a indicação por serem o tipo mais comum. Para o lançamento dos pon-

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TÓPICO 2 | PREVISÃO DE CARGAS

tos de tomada e interruptores foi feita uma análise da distribuição dos móveis. Não
foram lançadas tomadas na sacada, considera-se, portanto, que a tomada da sala, pró-
xima à porta, contemplará a sacada. Ainda, as letras minúsculas junto aos interruptores
e pontos de iluminação indicam os respectivos comandos.

Ao final desta etapa, é recomendável refazer o quadro de cargas da insta-


lação, pois poderão haver diferenças nas quantidades e potências entre os pontos
previstos e os lançados. Assim, a seguir, há as cargas lançadas para o apartamento.

QUADRO 4 – LANÇAMENTO DAS CARGAS PARA O APARTAMENTO

ILUMINAÇÃO TUGs TUEs


Dependência Nº de Pot. Pot. Nº de Pot. Pot.
Potência
Unit Total Pontos Unit Total Aparelho
Pontos (VA)
(VA) (VA) (VA) (VA)
Sala 2 100 200 5 100 500 - -
3 600
Cozinha 1 100 100 2000 Forno 1500
2 100
Banheiro 1 100 100 1 600 600 Chuveiro 6500
Serviço 1 100 100 2 600 1200 - -
Sacada 2 100 200 0 0 - -
Quarto 1 160 160 4 100 400 Ar Cond. 1500
Totais 7 - 720 14 - 2200 - 9500
FONTE: O autor

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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A Previsão de Cargas é uma importante etapa na elaboração de um projeto elétri-


co, pois permite criar um perfil da instalação elétrica a fim de, futuramente, espe-
cificar outros elementos da instalação.

• A NBR 5410 (2004) especifica vários critérios para a previsão de cargas de unida-
des residenciais. Para unidades comerciais ou industriais, a previsão de cargas é
realizada com base nas características de utilização do ambiente e dos equipamen-
tos ali instalados.

• A previsão de cargas em residências leva em consideração a área e o perímetro dos


ambientes e seus tipos de ocupação, havendo critérios diferenciados para áreas
com maior carga, tais como cozinha e banheiros.

• Para cada tomada de uso geral (TUG) é estabelecida uma potência nominal que
pode ser de 100 ou 600 VA. Para tomadas de uso específico (TUE), a potência atri-
buída é definida pelo equipamento que esta alimentará.

• O lançamento de pontos de iluminação, em residências, pode ser feito conforme os


preceitos da NBR 5410 (2004) ou então de acordo com os critérios de luminotécnica
propostos pela ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 (2013).

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AUTOATIVIDADE

1 Considere a planta baixa de um “Apartamento de Dois Quartos”, mostrada


na figura seguinte. Utilizaremos a planta para a realização desta e de auto-
atividades dos próximos tópicos. Desenvolva as etapas de projeto para o
imóvel considerando que os valores indicados correspondem às dimensões
dos ambientes em metros.

a) Calcule a previsão de cargas de iluminação e tomadas e, ao final, apresente


o quadro das cargas previstas.
b) Lance os pontos elétricos na planta de acordo com a previsão de cargas.
FIGURA 8 – PLANTA BAIXA DO APARTAMENTO DE DOIS QUARTOS

FONTE: O autor

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UNIDADE 1
TÓPICO 3

DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, abordaremos a análise dos critérios a serem considerados na di-
visão da instalação elétrica em diferentes circuitos, os diversos componentes elétricos
e suas representações gráficas em planta.

Os condutores elétricos serão apresentados de maneira mais superficial neste


momento, porém, posteriormente, avançaremos em uma análise mais aprofundada
desse importante elemento das instalações elétricas.

2 DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS TERMINAIS


Consideram-se circuitos terminais aqueles que se destinam à alimentação
direta das cargas da edificação, tais como lâmpadas, equipamentos elétricos, mo-
tores etc. Os circuitos terminais podem ser monofásicos, bifásicos ou trifásicos,
dependendo das características das cargas que alimentam.

Todo circuito terminal parte de um quadro de distribuição de energia


(muitas vezes denominado apenas de Quadro de Distribuição ou Quadro Termi-
nal) e segue até o ponto de conexão com a carga que vai alimentar.

2.1 LOCALIZAÇÃO DOS QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO

Ao se iniciar o processo de análise para a divisão dos circuitos, o primeiro


passo é definir a localização do quadro de distribuição. O critério que baliza a de-
cisão está no fato de que o quadro de distribuição deve estar o mais perto possível
do Centro de Carga da instalação, que é a região onde se encontram as maiores
potências elétricas.

Há um cálculo específico para se determinar o Centro de Cargas de uma ins-


talação, porém, em termos práticos, este não é utilizado. Como regra geral, para re-

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

sidências, as maiores cargas se concentram nos banheiros, cozinha e área de serviço.


Logo, é recomendável que o quadro de distribuição seja instalado nas proximidades.

Além das cargas, outros aspectos devem ser levados em conta no momento
de se indicar a localização de um quadro de distribuição: facilidade de acesso, fun-
cionalidade e segurança. Logo, é recomendável que o quadro de distribuição esteja
em local visível e sem impedimentos para seu acesso. Ainda, é recomendável que
ele esteja em locais com tráfego ou permanência de pessoas. O local de instalação do
quadro deve ser livre de intempéries e não deve ser úmido, logo, não deve ser insta-
lado em áreas externas sem cobertura ou em banheiros.

Os Quadros de Distribuição destinados a contemplar áreas de uso geral de con-


domínios, unidades comerciais ou industriais, devem ter sua localização definida pelos
mesmos critérios básicos vistos anteriormente e, além disso, devem ser consideradas as
especificidades de cada local. Ambientes muito grandes podem requerer a instalação
de vários quadros de distribuição, facilitando a instalação elétrica.

2.2 DIVISÃO DA INSTALAÇÃO


Toda instalação elétrica deve ser dividida em circuitos terminais. A divisão
facilita a operação e manutenção da instalação, garante a distribuição de cargas entre
diversos circuitos e permite a utilização de condutores e dispositivos de proteção de
menor capacidade.

Cada circuito terminal deverá estar protegido por um dispositivo de seccio-


namento automático, sobre corrente e sobrecarga. O dispositivo é, normalmente, um
disjuntor termomagnético. Analisaremos os dispositivos de proteção com mais deta-
lhes nas unidades seguintes.

Lima Filho (1997) cita algumas recomendações a serem seguidas no momento


da divisão da instalação em circuitos terminais:

• toda instalação deve ser dividida em circuitos, de tal forma que cada um possa ser
seccionado sem haver risco de realimentação inadvertida por outro circuito;
• os circuitos terminais devem ser divididos de acordo com o tipo de carga que ali-
mentam, conforme especifica a NBR 5410 (2004), no item 4.2.5.5. Isso significa que
tomadas e iluminação devem estar em circuitos distintos;
• equipamentos que consumam mais de 10 A devem possuir circuitos específicos
individualizados;
• em circuitos com mais de uma fase, as cargas devem ser distribuídas da forma
mais uniforme possível entre as fases.

A identificação dos diferentes circuitos terminais é feita através de números.


Em planta, esses números são escritos próximos às tomadas e pontos de iluminação,
além de, também, serem indicados nos condutores de alimentação.

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TÓPICO 3 | DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS

Na figura a seguir apresentamos a divisão dos pontos da instalação em di-


versos circuitos e de acordo com os preceitos vistos. Consideraremos que a tensão de
fornecimento é de 127/220 volts. Observe que não é necessário indicar o circuito junto
aos interruptores. Além da indicação dos circuitos, foi feito o lançamento do quadro
de distribuição, cuja especificação e símbolo adotados podem ser conferidos na parte
inferior da figura.

FIGURA 8 – DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS TERMINAIS

FONTE: O autor

2.2.1 Tensão nos circuitos


No Brasil, o fornecimento de energia elétrica para utilização final (também
denominada de tensão secundária ou tensão de fornecimento) é realizado em dois
níveis de tensão padronizados: 127/220 e 220/380 volts (fase-neutro/fase-fase). Antes
de iniciar a elaboração de um projeto elétrico, o projetista deve se informar, junto à
concessionária de energia local, a respeito do valor da tensão nominal fornecido na
região. Esta informação deve ser expressa de forma bem clara na documentação do
projeto elétrico.

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

De acordo com o número de fases da instalação e da tensão secundária de


fornecimento, algumas observações precisam ser feitas em relação à tensão dos cir-
cuitos terminais:

• para instalações monofásicas, todos os circuitos terminais terão a tensão fase-


-neutro padronizada (127 ou 220 volts);
• em instalações com mais de uma fase, os circuitos de iluminação e tomadas de
uso geral serão monofásicos;
• em instalações alimentadas em 127/220 volts, os circuitos terminais que ali-
mentam as maiores cargas podem ser bifásicos (fase-fase) na tensão de 220
volts. Equipamentos como chuveiro, aquecedor elétrico e ar condicionado de
grande porte podem requerer alimentação em 220 volts.

A figura seguinte apresenta, de forma esquemática e simplificada, a divi-


são da instalação elétrica de uma residência em vários circuitos terminais.

FIGURA 9 – CIRCUITOS TERMINAIS DE UMA INSTALAÇÃO RESIDENCIAL

FONTE: Prysmian (2006, p. 46)

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TÓPICO 3 | DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS

2.2.2 Exemplos de circuitos terminais


Apresentaremos, a seguir, alguns tipos de circuitos terminais de uma resi-
dência. É importante notar as diferenças entre os tipos de alimentação emprega-
dos, dependendo da utilização de cada circuito.

• Circuitos terminais de força

São os circuitos destinados à alimentação de equipamentos e eletrodomés-


ticos.

FIGURA 10 – CIRCUITO DE TOMADA FASE-NEUTRO

Circuito de Pontos de Tomadas de


Uso Geral (FN)

FONTE: Prysmian (2006, p. 43)

A figura anterior apresenta a instalação de tomadas na configuração fase-


-neutro para utilização de equipamentos elétricos diversos. No tipo de circuito em
questão, a tensão de alimentação será 127 ou 220 volts (dependendo da tensão forne-
cida pela concessionária de energia).

Na sequência, veremos um circuito terminal bifásico (fase-fase), utilizado


para alimentação de equipamentos de maior potência, como chuveiros ou aquece-
dores. Basicamente, em instalações cuja tensão fase-neutro seja 127 volts, utilizam-se
esses circuitos bifásicos a fim de se conseguir uma tensão de 220 volts, resultando em
uma corrente consumida menor.

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

FIGURA 11 – CIRCUITO BIFÁSICO (FASE-FASE)

FONTE: Prysmian (2006, p. 44)

• Circuitos de iluminação

Os circuitos de iluminação são sempre monofásicos (fase-neutro). Sua tensão


será 127 ou 220 volts, dependendo das características da rede de energia da concessio-
nária. Embora os circuitos de alimentação tenham sempre a configuração fase-neutro,
o modo de comandar (ou acionar) os pontos de luz determinará diferentes meios de
instalação.

Na figura seguinte, vemos a utilização de um interruptor simples para o acio-


namento de uma lâmpada. Na ilustração da esquerda, verifica-se o modo de ligação da
lâmpada e do interruptor. Na ilustração da direita, podemos ver, com detalhes, os dois
contatos de um interruptor simples: ele nada mais é do que uma chave liga/desliga.

FIGURA 12 – EXEMPLO DE UM CIRCUITO DE ILUMINAÇÃO SIMPLES

FONTE: <http://bit.ly/2N3lRFi>. Acesso em: 19 out. 2019.

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TÓPICO 3 | DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS

Algumas informações importantes a respeito do circuito de iluminação:


• sempre se conecta ao interruptor o condutor Fase da instalação. O condutor Neu-
tro nunca pode ser conectado em qualquer tipo de interruptor, seja chave, disjun-
tor ou outro elemento de intersecção;

• o condutor que sai do interruptor e segue até a lâmpada (ou até outro interruptor,
como veremos adiante) é denominado Retorno.

Quando se deseja acionar uma mesma lâmpada de dois locais distintos, de-
vem-se utilizar interruptores do tipo Paralelo (também denominados 3-way/three-
-way). A figura a seguir apresenta um interruptor paralelo em detalhes. A forma de
realizar a ligação de um sistema de iluminação paralelo é mostrado a seguir.

FIGURA 13 – INTERRUPTOR PARALELO (3-WAY)

FONTE: <http://bit.ly/2N4CqRo>. Acesso em: 19 out. 2019.

FIGURA 14 – ESQUEMA DE LIGAÇÃO DE UMA LÂMPADA COMANDADA POR DOIS


INTERRUPTORES

FONTE: O autor

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

Quando se deseja acionar uma mesma lâmpada através de três (ou mais)
pontos distintos de um cômodo ou edificação, então são utilizados os interruptores
denominados Intermediários ou Four-Way (4-way). Neste tipo de ligação, utilizam-
se dois interruptores paralelos (conforme visto) e os demais são intermediários.
O número total de comandos será a soma do número de interruptores paralelos e
intermediários.

Veja o interruptor intermediário a seguir.

FIGURA 15 – DETALHES DE UM INTERRUPTOR INTERMEDIÁRIO (4 WAY)

FONTE: <http://bit.ly/33W7mdo>. Acesso em: 19 out. 2019.

Veja como ocorre a ligação de dois interruptores paralelos e um intermediário


para acionamento de uma lâmpada de três locais distintos.

FIGURA 16 – LIGAÇÃO DE DOIS INTERRUPTORES PARALELOS E UM INTERMEDIÁRIO

FONTE: O autor

Observe, a seguir, um esquema de ligação de uma lâmpada acionada por


quatro interruptores.
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TÓPICO 3 | DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS

FIGURA 17 – LIGAÇÃO DE DOIS INTERRUPTORES PARALELOS E DOIS INTERMEDIÁRIOS

FONTE: O autor

2.3 QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO DE CARGAS


Conforme já mencionado, os circuitos terminais têm sua origem em um qua-
dro de distribuição de energia (ou de cargas). O quadro também tem a função de
alojar os dispositivos de proteção e comando desses circuitos terminais.

Os seguintes elementos elétricos podem ser encontrados no interior de um


quadro de distribuição:

• disjuntores (geral e dos circuitos terminais);


• barramentos dos condutores Fase;
• barramento Neutro;
• barramento de Proteção (Terra);
• dispositivo de Proteção Diferencial Residual (DR);
• dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS);
• tampa interna, os elementos de fixação e os demais componentes estruturais.

É interessante notar que nem todos os quadros de distribuição terão todos os


elementos citados. Quadros com uma só fase geralmente dispensam a utilização de
barramentos para as fases, enquanto que quadros pequenos são desprovidos até dos
demais barramentos. O emprego de DRs e DPSs também variam de acordo com a
necessidade de cada circuito.

Observe a parte interna de dois quadros de distribuição com diferentes pa-


drões de instalação.

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

FIGURA 18 – EXEMPLOS DE QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO

FONTE: <http://bit.ly/2Jfjtdn>. Acesso em: 19 out. 2019.

Já a figura seguinte demonstra esquematicamente a forma de se instalarem


os componentes elétricos dentro de um quadro de distribuição bifásico. Observa-se
que o disjuntor geral também possui a função DR (diferencial residual). Falaremos
mais a respeito desses componentes adiante.

FIGURA 19 – QUADRO DE DISTRIBUIÇÃO BIFÁSICO

FONTE: Prysmian (2006, p. 31)


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TÓPICO 3 | DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS

2.3.1 Dimensionamento do Quadro de Distribuição


Uma questão importante a ser definida a respeito da escolha de um quadro
de distribuição é quanto ao seu tamanho, ou seja, espaço disponível para alojar os
disjuntores e demais equipamentos de proteção.

Uma vez definida a quantidade de circuitos a serem alimentados pelo qua-


dro de distribuição, deve-se iniciar o seu dimensionamento considerando-se, além
da quantidade de disjuntores, o tamanho de cada um. Um disjuntor bifásico (ou bi-
polar) ocupa dois lugares, enquanto que um trifásico (ou tripolar) ocupa três lugares,
conforme mostrado a seguir. Além dos disjuntores, é necessário saber quais os de-
mais equipamentos a serem instalados, tais como DRs e DPS.

FIGURA 20 – TIPOS DE DISJUNTORES TERMOMAGNÉTICOS: DA ESQUERDA PARA DIREITA:


MONOFÁSICO, BIFÁSICO E TRIFÁSICO

FONTE: <http://bit.ly/2W5stHk>. Acesso em: 18 jan. 2019.

Definindo a quantidade de circuitos terminais e o número de espaços ou lu-


gares ocupados pelos respectivos disjuntores, deve-se prever um número de espaços
reservas, pois é preciso considerar que existe a possibilidade de expansão da insta-
lação elétrica. O dimensionamento dos espaços reservas no quadro de distribuição é
indicado pelo item 6.5.4.7 da NBR 5410 (2004) e leva em consideração o número de
circuitos atendidos pelo quadro.

QUADRO 5 – ESPAÇOS RESERVAS PARA OS QUADROS DE DISTRIBUIÇÃO

Quantidade de circuitos efetivamente Espaço mínimo destinado à reserva


disponíveis, “N” (em número de circuitos)
Até 6 2
7 a 12 3
13 a 30 4
N > 30 0,15 N
FONTE: NBR 5410 (2004)

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

3 LANÇAMENTO DOS CONDUTOS PARA ENERGIA


Dentre as variadas maneiras de se distribuir as linhas elétricas em uma
instalação, conforme estudaremos mais adiante, a maneira mais comum é inserir
os condutores em dutos de energia, também denominados eletrodutos.

A maioria das instalações elétricas residenciais, e muitas comerciais e in-


dustriais, utiliza eletrodutos embutidos em alvenaria. É necessário representar
em planta esses eletrodutos e, para tanto, algumas considerações precisam ser
feitas, conforme aponta Lima Filho (1997):

a) primeiramente, deve-se posicionar o Quadro de Distribuição na planta, seguindo


as recomendações já estudadas;
b) a partir do Quadro de Distribuição, deve-se iniciar o traçado dos eletrodutos pro-
curando, sempre que possível, o caminho mais curto e evitando o cruzamento de
tubulações;
c) recomenda-se iniciar o lançamento dos dutos pela interligação de todos os pontos
de iluminação, de forma a percorrer e interligar todos os recintos;
d) os pontos de iluminação no teto são acomodados em caixas octogonais de 4”×4” ou
3”×3” (polegadas). Cada uma das caixas permite a conexão de até seis eletrodutos.
Se forem utilizados outros tipos de caixas será necessário observar sua capacidade
de conexão. Veja, a seguir, alguns tipos de caixas octogonais:

FIGURA 21 – TIPOS DE CAIXA OCTOGONAIS

Em PVC com seis saídas laterais Em aço galvanizado com quatro saídas
laterais
FONTE: <http://bit.ly/33VGCtg>. Acesso em: 18 jan. 2019.

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TÓPICO 3 | DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS

e) deve-se evitar, em cada trecho, uma quantidade elevada de circuitos elétricos.


Em termos práticos, não mais que cinco circuitos por eletroduto, do contrário,
alguns problemas começarão a surgir, tais como: a necessidade de eletrodutos
de seção transversal muito elevada e aumento da bitola dos condutores (o fe-
nômeno é denominado de Fator de Correção e será estudado mais adiante);
f) em determinadas situações pode ser indicada a utilização de eletrodutos em-
butidos no piso para o atendimento de tomadas baixas;
g) os diâmetros nominais dos eletrodutos devem ser indicados em planta.

As tomadas e interruptores são instalados em caixas padronizadas (denomina-


das muitas vezes de caixas de luz) em dois tamanhos: 4”×2” (tamanho simples, o mais
comum) e 4”×4” (tamanho duplo). Essas caixas são mostradas a seguir.

FIGURA 22 – CAIXAS DE LUZ DE EMBUTIR

Tamanho 4”×4”
Tamanho 4”×2”
FONTE: <http://bit.ly/33TYip7>. Acesso em: 18 jan. 2019.

Uma vista geral dos eletrodutos e as caixas de luz lançadas em uma edifica-
ção podem ser conferidas na figura a seguir. É muito importante compreender como
é feita a interligação entre os diversos elementos, tais como pontos de luz, de tomadas
e o quadro de distribuição.

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

FIGURA 23 – ELEMENTOS EMBUTIDOS NA ALVENARIA

FONTE: Prysmian (2006, p.120)

A representação dos eletrodutos em planta é feita através de uma linha


“cheia”, quando estes se encontram embutidos no teto ou paredes. Para eletrodutos
localizados no piso, a representação é feita com uma linha tracejada. A figura seguin-
te apresenta a simbologia para condutos no piso e no teto.

FIGURA 24 – REPRESENTAÇÃO DE ELETRODUTOS EM PLANTA

FONTE: O autor

O resultado do lançamento dos eletrodutos na planta, seguindo as orientações


vistas há pouco, pode ser conferido a seguir.

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TÓPICO 3 | DIVISÃO DA INSTALAÇÃO EM CIRCUITOS

FIGURA 25 – LANÇAMENTO DOS ELETRODUTOS NA PLANTA

FONTE: O autor

FIGURA 26 – SIMBOLOGIA UTILIZADA NO PROJETO ELÉTRICO - LEGENDA

FONTE: O autor

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

Todos os pontos elétricos (tomadas, iluminação e interruptores) estão inter-


ligados através de eletrodutos. É importante que nenhum ponto seja deixado sem
conexão. Deve-se ter em mente, também, que a fonte de todos os circuitos é o Quadro
de Distribuição e, assim, é necessário que exista um “caminho” entre o componente
e os demais pontos da instalação.

E
IMPORTANT

Durante a concretagem das lajes é possível que ocorram danos aos eletrodutos,
ou mesmo o seu entupimento por concreto. Isso pode inviabilizar o lançamento da fiação para
alguma parte da edificação. Para contornar o problema, uma sugestão é criar caminhos extras
com eletrodutos entre os pontos de iluminação, assim, se um caminho for obstruído, existirão
outros disponíveis.

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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O quadro de distribuição de energia é ponto de onde derivam os circuitos termi-


nais de uma instalação. A localização do quadro deve ser próxima ao centro de
cargas da instalação.

• O quadro de distribuição contém em seu interior os dispositivos de proteção e


seccionamento da instalação e, por esse motivo, deve ser instalado em local de fácil
acesso.

• A divisão da instalação em circuitos distintos tem por objetivos facilitar a manu-


tenção, isolar possíveis falhas e aumentar a segurança.

• Os circuitos terminais podem ser monofásicos (F+N), bifásicos (2F) ou mesmo tri-
fásicos (3F ou 3F+N), dependendo do tipo de carga atendida.

• Os eletrodutos são o meio mais comum de acomodar os condutores de uma ins-


talação elétrica. Eles podem ser embutidos na alvenaria, sobrepostos ou mesmo
enterrados.

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AUTOATIVIDADE

1 Faça o dimensionamento dos Quadros de Distribuição a seguir, em termos do


número de circuitos, com base na quantidade de circuitos atendida em cada
quadro:

a) 05 circuitos:
b) 12 circuitos:
c) 26 circuitos:
d) 60 circuitos:

2 Considere a planta apresentada na figura a seguir. Trata-se do apartamento


de dois quartos já analisado. Desta vez, a planta é apresentada sem os mó-
veis internos e medidas, facilitando o desenho do projeto elétrico. Daremos
continuidade à elaboração do projeto com base no que foi iniciado na auto-
atividade anterior. Uma dica: tire uma cópia da planta e faça os desenhos
nela caso não deseje marcar o livro ou se quiser repetir a atividade poste-
riormente.

a) lance os pontos elétricos da planta de acordo com a previsão de cargas já reali-


zada na autoatividade anterior;
b) faça a divisão dos circuitos de acordo com os critérios estudados;
c) indique a localização do Quadro de Distribuição de Cargas na planta. Faça o
dimensionamento dos espaços necessários para os disjuntores e considerando
circuitos que são reserva;
d) lance os eletrodutos na instalação, conforme as orientações vistas neste tópico.
FIGURA – PLANTA DO APARTAMENTO DE DOIS QUARTOS

FONTE: O autor
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UNIDADE 1
TÓPICO 4

CONDUTORES ELÉTRICOS DA INSTALAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
Os condutores elétricos são parte importante de uma instalação de tal modo
que a NBR 5410 (2004) destina boa parte de seu conteúdo à análise desses elementos.
Assim, neste tópico, serão analisadas as principais características dos condutores elé-
tricos de baixa tensão, como tipo de condutor, tipo e cor de isolamento etc.

Também serão estudados os critérios para o dimensionamento de conduto-


res, de acordo com a NBR 5410 (2004), e o dimensionamento dos condutos onde esses
condutores serão instalados.

Por fim, será analisado como representar a fiação elétrica na planta do projeto
elétrico.

2 CONDUTORES ELÉTRICOS
Conforme explicado por Prysmian (2006), o termo condutor elétrico é usado
para designar um produto destinado a transportar corrente (energia) elétrica, sendo
que os fios e os cabos elétricos são os tipos mais comuns de condutores. O cobre é o
metal mais utilizado na fabricação de condutores elétricos para instalações residen-
ciais, comerciais e industriais e, assim, consideraremos apenas este tipo de condutor
neste livro.

Um condutor elétrico é denominado fio quando for sólido, maciço e provi-


do de isolação, conforme Prysmian (2006). Os fios são, em geral, rígidos e podem
quebrar se dobrados muitas vezes. Um fio é denominado de Condutor Classe 1 (fio
sólido composto por um único condutor).

Por sua vez, utiliza-se o termo cabo quando um conjunto de fios é utilizado
para formar um único condutor. Os cabos podem ser classificados conforme a flexi-
bilidade mecânica de seu condutor de acordo com o que é denominado de Classe de
Encordoamento pela NBR NM 280: Condutores de Cabos Isolados (2011).

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

A escolha da classe de encordoamento dos condutores para uma mesma


instalação é feita de acordo com o tipo de aplicação. Normalmente, em instalações
aéreas, são utilizados cabos rígidos (classe 2) e em eletrodutos são utilizados cabos
flexíveis (classe 4 ou 5).

Observe as diferenças entre um fio e um cabo elétrico.

FIGURA 27 – COMPARATIVO ENTRE FIO E CABO

Fio rígido Cabo flexível


FONTE: <http://bit.ly/2W6Mu0d>. Acesso em: 22 jan. 2019.

Os cabos podem pertencer a uma de várias classes, sendo as mais utilizadas:

• Classe 3: condutor composto por sete fios. É denominado, em termos práticos, de


cabo rígido.
• Classe 4: é composto por 45 condutores, sendo denominado de cabo flexível.
• Classe 5: quando constituído de 75 condutores. Sua denominação comum é extra
flexível.

A figura seguinte compara os seguintes condutores (da esquerda para a


direita): fio rígido, cabo classe 3, cabo classe 4 e cabo classe 5.

FIGURA 28 – COMPARATIVO ENTRE CONDUTORES DE DIFERENTES CLASSES DE


ENCORDOAMENTO

FONTE: O autor

2.1 IDENTIFICAÇÃO DE CONDUTORES


Os condutores elétricos precisam ser identificados de acordo com sua fun-
ção desempenhada na instalação. A forma mais comum de identificação é pela cor
do isolamento dos condutores, mas também pode-se fazer uso de anilhas, embora o
método seja muito raro.
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TÓPICO 4 | CONDUTORES ELÉTRICOS DA INSTALAÇÃO

O item 6.1.5.3 da NBR 5410 (2004) apresenta as seguintes orientações que


são fundamentais para a identificação dos condutores:

• Os condutores neutros devem ter a isolação na cor azul clara;


• Condutores de Proteção (PE): devem ter a cor do seu isolamento em verde e ama-
relo ou apenas verde;
• Condutor PEN (conjuga as funções Neutro e Proteção, e só pode ser utilizado em
casos bem específicos): isolamento na cor azul claro com anilhas verde amarelas
nos pontos acessíveis;
• Condutores Fase: podem ter o isolamento de qualquer cor, desde que não aquelas
citadas nos casos anteriores.

Assim, é importante que o projetista defina quais devem ser as cores de


todos os tipos de condutores utilizados em seu projeto, a fim de padronizar a
instalação e permitir a rápida identificação de cada cabo.

2.2 TIPOS DE ISOLAÇÃO


O tipo de isolamento utilizado na fabricação de condutores é responsável
por várias de suas características de interesse em um projeto elétrico, como máxima
temperatura admissível e flexibilidade.

A isolação dos cabos elétricos deve ser constituída por material plástico, po-
dendo ser do tipo termoplástico ou termofixo. Os termoplásticos são compostos que
não curam ou amolecem com a alta temperatura. Os termofixos possuem uma estru-
tura rígida mesmo a altas temperaturas e, após processados, não voltam mais ao seu
estado original.

A isolação em PVC de condutores deve ser do tipo não propagante de cha-


mas, conforme prevê o item 6.2.3.4 da NBR 5410 (2004).

Os limites térmicos dos diferentes tipos de isolação são apresentados a seguir.

QUADRO 6 – LIMITES TÉRMICOS DOS CONDUTORES EM FUNÇÃO DOS MATERIAIS DA


ISOLAÇÃO
Material Temp. Máxima Temp. Máxima Temp. máxima em
de em regime em regime de regime de curto
Isolação permanente sobrecarga circuito.
PVC 70° C 100° C 160° C
LSHF/A 70° C 100° C 160° C
HEPR 90° C 130° C 250° C
XLPE 90° C 130° C 250° C
FONTE: <https://www.corfio.com.br/pt/informativo/6>. Acesso em: 22 jan. 2019.

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

O significado das siglas que definem o nome dos materiais de isolação é este:

• PVC - Composto termoplástico à base de policloreto de vinila.


• LSHF/A - Composto poliolefínico termoplástico não halogenado.
• HEPR - Composto termofixo à base de etilenopropileno de alto módulo.
• XLPE - Composto termofixo à base de polietileno reticulado.

Essas informações serão importantes, posteriormente, no cálculo da capaci-


dade de condução de corrente dos condutores.

2.2.1 Análise entre isolação de PVC e EPR/XLPE


Os condutores isolados em PVC ou em EPR/XLPE constituem os tipos mais
comuns no mercado. Enquanto que o PVC costuma resultar em condutores mais ba-
ratos, a isolação em EPR ou XLPE apresenta melhores características térmicas. Assim,
é importante fazer a análise comparativa dessas duas categorias de isolantes.

Inicialmente, é necessário saber que, para o dimensionamento de condutores


elétricos, existem seis diferentes critérios a serem seguidos, conforme determina a
NBR 5410 (2004):

• seção mínima;
• capacidade de condução de corrente;
• queda de tensão;
• sobrecarga;
• curto circuito;
• proteção contra contatos indiretos.

Conforme explicado pelo Guia EM da NBR 5410 (2004):

Nas instalações em que o critério de dimensionamento por queda de ten-


são não é o mais crítico, dentre os seis mencionados, a classe térmica ad-
quire maior relevância na seleção do condutor.
A classe térmica está relacionada com as máximas temperaturas supor-
tadas pelo material isolante de um cabo nas condições de funcionamento
normal (em regime), em sobrecarga e em curto-circuito [...]. A classe tér-
mica superior dos cabos de EPR/XLPE se traduz, em maiores correntes
admissíveis, em relação aos cabos de PVC — para uma mesma seção no-
minal. Ou, inversamente, em menores seções, para uma mesma corrente.
E isso é que pode tornar a opção dos cabos de EPR/XLPE mais atraente
que a dos cabos unipolares ou multipolares de PVC.

Ainda, conforme o Guia EM da NBR 5410 (2004), por exemplo, em uma ban-
deja perfurada na qual devem ser instalados três circuitos trifásicos compostos por
cabos unipolares contíguos (justapostos), cujas características estão indicadas a se-
guir, a queda de tensão máxima admitida para os circuitos é de 4%, o fator de potên-
cia de cada um é 0,8 e a temperatura ambiente considerada é de 30°C. Em todos os
circuitos prevaleceu, como critério de dimensionamento, o da capacidade de condu-
ção de corrente.

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TÓPICO 4 | CONDUTORES ELÉTRICOS DA INSTALAÇÃO

QUADRO 7 – CARACTERÍSTICAS DOS CIRCUITOS DO EXEMPLO

Circuito Corrente (A) Tensão (V) Comprimento (m)


A 60 220 50
B 84 220 50
C 104 220 50
FONTE: NBR 5410 (2004)

Para esses dados, utilizando os quadros da capacidade de condução de


corrente dos condutores, chegou-se ao resultado exposto a seguir:

QUADRO 8 – DIMENSIONAMENTO DOS CIRCUITOS DO EXEMPLO

Seção do cabo (mm²)


Circuito
Isolado com EPR/XLPE Isolado com PVC
A 10 16
B 16 25
C 25 35
FONTE: NBR 5410 (2004)

Os cabos em EPR/XLPE apresentam uma alternativa mais interessante quan-


do comparados aos condutores de PVC, por permitirem a utilização de condutores
com seções inferiores. Em termos de instalação, esses cabos (em EPR/XLPE) ocupa-
rão menos espaço e menor peso, facilitando a instalação e, ainda, são mais baratos.

A utilização de cabos em EPR/XLPE costuma ser mais interessante para cir-


cuitos com correntes elétricas acima de 50 ampères. É importante, nesses casos, fazer
uma análise comparativa.

2.2.2 Classificação quanto ao número de camadas isolantes


Os condutores elétricos também podem ser classificados de acordo com a
quantidade de camadas isolantes. De forma geral, os condutores podem ter uma ca-
mada única de isolação, tal qual o cabo na parte superior da figura a seguir, ou então
dupla isolação, como os dois outros cabos apresentados na mesma figura.

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

FIGURA 29 – CAMADAS DE ISOLANTES EM CONDUTORES

FONTE: NBR 5410 (2004)

3 LANÇAMENTO DA FIAÇÃO
Depois de realizado o traçado dos eletrodutos em planta, o passo seguinte
é representar a fiação contida nesses eletrodutos. Segundo Lima Filho (1997), o
lançamento da fiação em planta tem os seguintes objetivos:

• representar os condutores que passam em cada trecho de eletroduto, utilizan-


do a simbologia gráfica normatizada;
• identificar a que circuitos pertencem os condutores representados;
• identificar as suas seções nominais, em mm².

Os símbolos utilizados para representar os condutores elétricos são apre-


sentados na figura a seguir.

FIGURA 30 – SIMBOLOGIA UTILIZADA PARA REPRESENTAR CONDUTORES

FONTE: O autor

3.1 LANÇAMENTO DA FIAÇÃO PARA CIRCUITOS DE


ILUMINAÇÃO
Os circuitos de iluminação são compostos pelos condutores fase e neutro (e,
às vezes, proteção) que vêm do Quadro de Distribuição e o condutor Retorno, que
parte do interruptor. De acordo com as formas de comandar a iluminação, já vistas
anteriormente, a representação dos condutores em planta é demonstrada a seguir.

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TÓPICO 4 | CONDUTORES ELÉTRICOS DA INSTALAÇÃO

3.1.1Lâmpada comandada por interruptor simples


Na figura a seguir, temos, à esquerda, o esquema de ligação simplificado
de uma lâmpada comandada por interruptor simples. À direita, a reapresentação
dos condutores na planta baixa do projeto elétrico.

FIGURA 31 – REPRESENTAÇÃO DOS CONDUTORES PARA UMA LÂMPADA COMANDADA POR UM

FONTE: O autor

Deve ser observado que, na representação em planta, é indicado sobre os


símbolos dos condutores qual circuito a que eles pertencem (pelo número) e qual
o comando (pela letra minúscula). Abaixo dos símbolos é representada a seção dos
condutores em milímetros quadrados.

3.1.2 Lâmpada comandada por dois interruptores


A representação dos condutores para um esquema de comando por inter-
ruptores paralelos é mostrada na figura seguinte. Observa-se que cada interruptor
paralelo possui um conjunto diferente de condutores ligados.

FIGURA 32 – REPRESENTAÇÃO DOS CONDUTORES PARA INTERRUPTORES PARALELOS

FONTE: O autor
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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

3.1.3 Lâmpada comandada por três interruptores


A seguir, temos a utilização de dois interruptores paralelos e um intermediário.
Acompanhe o esquema de ligação e a representação dos respectivos condutores em
planta.

FIGURA 33 – COMANDO DE UMA LÂMPADA POR QUATRO INTERRUPTORES

FONTE: O autor

3.2 LANÇAMENTO DA FIAÇÃO PARA CIRCUITOS DE FORÇA


O lançamento dos condutores para tomadas de uso geral ou específico é trivial,
uma vez que se tratam de condutores partindo do Quadro de Iluminação até o ponto
de utilização. No entanto, uma questão importante precisa ser estabelecida com clareza
neste momento, que é uma questão sobre a utilização de um condutor de proteção (PE
ou terra) para tomadas. Talvez a pergunta que paire em sua mente neste momento,
caro acadêmico, seja: “Quando é necessário utilizar o condutor de proteção em toma-
das?” A resposta para essa pergunta é bem simples, como bem esclarece o Guia EM da
NBR 5410 (2004): o uso da tomada com contato de aterramento e o condutor de prote-
ção são regras, e não exceções. Exceção é o uso da tomada apenas 2P.

Dessa forma, as instalações elétricas sempre devem prever a instalação de to-


madas com aterramento (2P + T, ou seja, dois polos mais terra). A orientação da NBR
5410 (2004) está em consonância com o padrão de tomadas brasileiro instituído em
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TÓPICO 4 | CONDUTORES ELÉTRICOS DA INSTALAÇÃO

2001 pela NBR 14136: Plugues e tomadas para usos doméstico e análogo até 20 A, 250
VCA – Padronização (2012). A norma estabelece que todas as tomadas de instalações
fixas devem possuir o contato Proteção. Assim, a dispensa de utilização para o condu-
tor Proteção é apenas para circuitos que alimentam tomadas de uso específico, cujo
equipamento dispensa o condutor, por exemplo, uma luminária de emergência.

4 LANÇAMENTO DA FIAÇÃO DO APARTAMENTO EM ESTUDO


Considerando as orientações vistas anteriormente, procedeu-se com o lança-
mento da fiação no apartamento utilizado como exemplo. O resultado é mostrado em:

FIGURA 34 – LANÇAMENTO DA FIAÇÃO EM PLANTA

FONTE: O autor

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

FIGURA 35 – SIMBOLOGIA UTILIZADA NA PLANTA DA FIGURA ANTERIOR

FONTE: O autor

Algumas observações merecem ser feitas quanto ao lançamento da fiação no


apartamento em estudo. Inicialmente, é preciso compreender que, neste momento
do estudo, ainda não foram definidos os critérios para o dimensionamento dos con-
dutores elétricos utilizados. Por esse motivo, o projeto ainda carece da informação da
seção dos condutores.

Recomenda-se desenhar a fiação iniciando do ponto de utilização e seguindo


até o quadro de distribuição. Os eletrodutos mais perto do quadro de distribuição
costumam ser os mais carregados, em termos de quantidade de circuitos. O dimen-
sionamento de condutos elétricos também não foi estudado até o momento e, por
esse motivo, nenhum eletroduto tem seu diâmetro informado.

Como regra geral, deve-se evitar passar mais de cinco circuitos por um mesmo
eletroduto. Além de dificultar a instalação da fiação, o excesso de circuitos interfere na
corrente que circula pelos condutores (este efeito é tratado pelo Fator de Agrupamento
de Circuitos e será estudado posteriormente). Talvez, nesta etapa do projeto, seja neces-
sário lançar eletrodutos extras para acomodar todos os circuitos adequadamente.

Como já informado anteriormente, um projeto elétrico depende de muitas es-


colhas particulares do projetista e, assim, é possível que você, leitor, ao projetar uma
instalação, desenvolva um projeto diferente do apresentado.

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TÓPICO 4 | CONDUTORES ELÉTRICOS DA INSTALAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

A QUEM INTERESSA QUE UM PAÍS SE DESENVOLVA COM


ABUNDANTE ENERGIA LIMPA E SOBERANA?

Roberto Asano Junior


Shevine Silva Oliveira Risso

A energia hidrelétrica é a obtenção de energia elétrica pelo aproveitamento


do potencial hidráulico de um rio, porém, para que esse processo seja realizado, é
necessária a construção de usinas em rios que possuam elevado volume de água,
que apresentem desníveis em seu curso ou que possam ter esses desníveis criados
artificialmente.

Com a água armazenada no reservatório, ocorre o processo de transformação


de energia potencial (energia da água) em energia mecânica (movimento das turbi-
nas). As turbinas em movimento estão conectadas a um gerador, que é responsável
pela conversão da energia mecânica em energia elétrica.

Atualmente, as usinas hidrelétricas são responsáveis por, aproximadamente,


18% da produção de energia elétrica no mundo. Esses dados só não são maiores pelo
fato de poucos países apresentarem as condições naturais para a instalação de usi-
nas hidrelétricas. As nações que possuem grande potencial hidráulico são os Estados
Unidos, Canadá, Brasil, Rússia e China. No Brasil, mais de 70% da energia elétrica
produzida é proveniente de usinas hidrelétricas.

Existem dois tipos de reservatórios: acumulação e fio d’água. Usinas com re-
servatório de acumulação, além de “estocarem” a água, esses reservatórios têm ou-
tras funções: permitem a formação do desnível necessário para a configuração da
energia hidráulica, a captação da água em volume adequado e a regularização da
vazão dos rios em períodos de chuva ou estiagem. Existem também algumas usinas
hidroelétricas chamadas “a fio d’água”, ou seja, próximas à superfície e utilizam tur-
binas que aproveitam a velocidade do rio para geração de energia. Essas usinas a fio
d’água reduzem as áreas de alagamento e não formam reservatórios para estocagem
da água, ou seja, a ausência de reservatório diminui a capacidade de armazenamento
de água, sendo a única maneira de poupar energia elétrica para os períodos de seca,
tornando a operação do sistema menos segura e mais cara.

O Brasil é um dos países com maior disponibilidade de recursos hídricos


renováveis do mundo e utiliza hoje apenas 40% desse potencial, enquanto países
desenvolvidos já ultrapassam os 60% de exploração. As novas fronteiras desse de-
senvolvimento estão na região Norte, todavia, por pressão pública estimulada por
ONGs estrangeiras, os novos empreendimentos estão sendo construídos subutilizan-
do esses recursos, diminuindo seu aproveitamento e aumentando o risco de déficit
energético e a dependência ao regime de chuvas.

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UNIDADE 1 | CONCEITOS FUNDAMENTAIS SOBRE PROJETOS ELÉTRICOS

Outras fontes renováveis, além da incerteza quanto à energia gerada devi-


do ao fator de capacidade, não oferecem capacidade de rápida resposta à demanda
nem recursos próprios de armazenagem, sem os quais se torna impossível assegurar
o abastecimento. Essas características são amplamente complementadas pela hidro-
eletricidade de grande porte, a qual poderia inclusive (caso disponha de suficiente
reservatório de armazenagem) acumular eventuais excessos de energia provenientes
da energia eólica ou solar.

É inviável a produção de energia sem impacto. Os esforços efetivos em sus-


tentabilidade dos recursos naturais devem ser direcionados para a melhor utilização
da energia e seu uso eficiente. Uma vez que uma maior oferta de energia é necessária,
o uso dos recursos disponíveis e o investimento para utilizá-los também devem ser
usados eficientemente e outras questões, além do impacto ambiental, também de-
vem ser consideradas e melhor esclarecidas com a sociedade.

Figura 1 – Vazão natural em Belo Monte. Sem o reservatório de regulação e


armazenamento, a usina operará com a plena capacidade de sua potência instalada
por apenas um trimestre e, ainda, passará o resto do ano subutilizada.

Da mesma forma que a sociedade foi levada a comover-se com as espécies


em extinção (algumas delas que nunca foram conhecidas) e com as comunidades
afetadas pelas represas, a sociedade também deveria ser convidada a discutir a sobe-
rania e a segurança energética do Brasil, a importância da independência tecnológica
e os benefícios que a disponibilidade de energia traz para o desenvolvimento social
e crescimento econômico.

FONTE: JUNIOR, Roberto Asano; RISSO, Shevine Silva Oliveira. A quem interessa que
um país se desenvolva com abundante energia limpa e soberana? 2015. Disponível em:
https://www.osetoreletrico.com.br/a-quem-interessa-que-um-pais-se-desenvolva-com-
abundante-energia-limpa-e-soberana/. Acesso em: 9 jul. 2019.

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RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• Os condutores são classificados de acordo com a classe de encordoamento. Em


geral, quanto maior o número indicado na classe de encordoamento, mais flexível
é o condutor. Condutores mais flexíveis facilitam a instalação e a manutenção.

• Existem diferentes tipos de isolação de condutores: PVC, LSHF/A, HEPR e


XLPE. O tipo de isolação de um condutor está diretamente ligado à capacidade
térmica e, por conseguinte, à máxima corrente suportada. Os tipos de isolação
mais comuns são os seguintes: PVC e EPR/XLPE.

• Há uma forma padronizada de representar graficamente os condutores em um


projeto elétrico, conforme mostra a figura a seguir. A representação é a mais
usual e é a mais utilizada tanto no desenho dos circuitos em planta baixa quan-
to em diagramas uni e multifilares, que serão estudados na próxima unidade.

FIGURA – SIMBOLOGIA DOS CONDUTORES ELÉTRICOS

FONTE: O autor

• Foram explicados como devem ser lançados os condutores de tipos diferentes


de circuitos (de tomadas, de iluminação). Além disso, foi realizado o lançamen-
to de todos os condutores da instalação elétrica interna de um apartamento.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar tua compreensão. Acesse o QR Code, que te levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.

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AUTOATIVIDADE

1 Explique a diferença entre um fio e um cabo elétrico.

2 O que é a classe de encordoamento?

3 Explique como é feita, geralmente, a identificação dos condutores elétricos


de uma instalação.

4 Quais as principais diferenças entre a isolação em PVC e a isolação em EPR/


XLPE?

5 Observe a planta baixa parcialmente mostrada na figura seguinte. Faça o


lançamento dos condutores referentes aos pontos de iluminação mostrados.
Considere que todos os pontos pertencem ao circuito nº 1.
FIGURA – INSTALAÇÃO ELÉTRICA PARCIAL

FONTE: O autor
6 Considere a planta do Apartamento de Dois Quartos apresentada na figura
que ilustra a autoatividade do Tópico 3, cujo projeto elétrico você já deve ter
iniciado. Agora, lance os condutores da instalação elétrica de acordo com o
que foi aprendido neste tópico.

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UNIDADE 2

DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES


DE UMA INSTALAÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• realizar o dimensionamento de condutores de energia de acordo com os seis


critérios apresentados na NBR 5410 (2004);

• especificar os condutos de uma instalação elétrica, indicando o tipo e dimen-


sões mais adequadas;

• elaborar o diagrama unifilar, o quadro de cargas e também a prumada de


energia de uma edificação;

• calcular a demanda total de uma edificação individual ou de uso coletivo


para especificar o ramal de entrada de energia;

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.

TÓPICO 1 – DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 1ª PARTE

TÓPICO 2 – DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 2ª PARTE

TÓPICO 3 – DIMENSIONAMENTO DE CONDUTOS

TÓPICO 4 – DIAGRAMAS, QUADROS DE CARGAS E RAMAL DE


ENTRADA DE ENERGIA

CHAMADA

Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em


frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás
melhor as informações.

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 64 26/11/2019 11:24:04


UNIDADE 2
TÓPICO 1

DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 1ª PARTE

1 INTRODUÇÃO
O dimensionamento técnico de condutores elétricos é feito seguindo os seis
critérios distintos apresentados na NBR 5410:2004, que orientam quanto à determi-
nação da seção (bitola) de um condutor e seu respectivo dispositivo de proteção. Os
seis critérios que devem ser seguidos são:

• seção mínima, conforme item 6.2.6 da NBR 5410 (2004);


• capacidade de condução de corrente, conforme 6.2.5;
• queda de tensão, conforme 6.2.7;
• sobrecarga, conforme 5.3.3;
• curto-circuito, conforme 5.3.5;
• proteção contra choques elétricos, conforme 5.1.2.2.4 (quando aplicável).

Assim, conforme descrito por Prysmian (2006, p.1), “para considerarmos um


circuito completo e corretamente dimensionado, é necessário realizar os seis cálculos
citados, cada um resultando em uma seção, e considerar como seção final aquela que
é a maior dentre todas as obtidas”.

Neste tópico, estudaremos os dois primeiros critérios listados, ficando a análise


da sobrecarga, curto-circuito, proteção contra choques elétricos e limite da queda de
tensão para o tópico seguinte. Contudo, antes de analisarmos os critérios detalhada-
mente, é importante salientar que estes se referem ao dimensionamento dos condutores
Fase da instalação. Os condutores Neutro e Proteção serão analisados posteriormente.

2 DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES FASE


Costuma-se iniciar o dimensionamento dos condutores de energia de uma
edificação pelos dois critérios apresentados a seguir: seção mínima do condutor e
capacidade de condução de corrente. Inicialmente, aplicam-se os seis critérios para

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

dimensionar os condutores fase da instalação e, ao final, realiza-se o dimensionamento


dos condutores Neutro e Proteção. O processo é apresentado no final deste tópico.

2.1 CRITÉRIO DA SEÇÃO MÍNIMA


As seções mínimas admissíveis para qualquer instalação elétrica em baixa
tensão estão definidas na tabela 47 da NBR 5410:2004. Dentre os valores indicados,
destacam-se dois (considerando-se o condutor em cobre):

• circuitos de iluminação: 1,5 mm²;


• circuitos de força (TUGs e TUEs): 2,5 mm².

Isso significa que, em uma instalação elétrica de uma edificação, não


poderão existir condutores elétricos de seção inferior a 1,5 mm² para os circuitos
de iluminação e 2,5 mm² para os demais tipos de circuitos, independentemente das
cargas conectadas.

2.2 CRITÉRIO DA CAPACIDADE DE CONDUÇÃO DE CORRENTE


Um condutor elétrico real, isto é, com determinado valor de resistência elétrica,
vai dissipar energia na forma de calor se percorrido por uma corrente. Na realidade,
a resistência em si não seria um fator limitante para um condutor, mas sim, seu efeito
colateral: o aumento da sua temperatura. Assim, quando é preciso definir a capacidade
de condução de corrente, é necessário conhecer os fatores que influenciam na tempera-
tura do condutor, tais como: a temperatura ambiente e a ventilação, além do material
que compõe o condutor, devido à máxima temperatura admissível.

Conforme explica Mamede (2007, p. 110), “o critério da capacidade de condu-


ção de corrente consiste em determinar o valor da corrente máxima que percorrerá o
condutor e, de acordo com o método de instalação, procurar o valor da seção nominal
nas tabelas 1 e 2”.

2.2.1 Tipo de Isolação


Inicialmente, deve-se proceder com a escolha da isolação do condutor
elétrico. Já foi visto que os diversos materiais utilizados possuem limites térmicos de
operação. Os materiais isolantes mais utilizados em condutores são o PVC, o EPR e o
XLPE. O mais utilizado, por ser mais barato, é o PVC.

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TÓPICO 1 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 1ª PARTE

2.2.2 Maneira de Instalar


Conforme explica Lima Filho (1997), a maneira segundo a qual os condutores
estarão instalados (em eletrodutos embutidos ou aparentes, em canaletas ou ban-
dejas, subterrâneos, diretamente enterrados ou ao ar livre, em cabos unipolares ou
multipolares etc.) influenciará na capacidade de condução de corrente elétrica.

O quadro a seguir apresenta os métodos de referência para instalação de ca-


bos, conforme especificado a NBR 5410 (2004). Para um entendimento mais apro-
fundado, recomenda-se a leitura da tabela 33 da NBR 5410 (2004), que lista mais de
70 tipos diferentes de instalação de condutores, classificados nos nove métodos de
referência padrão.

QUADRO 1 – MÉTODOS DE REFERÊNCIA PARA INSTALAÇÃO DE CABOS

Condutor Cabo Cabo


Tipo de linha elétrica
isolado unipolar multipolar
Afastado da parede ou suspenso por cabo de
— F E
suporte (2)
Bandejas não perfuradas ou prateleiras — C C
Bandejas perfuradas (horizontal ou vertical) — F E
Canaleta fechada no piso, solo ou parede B1 B1 B2
Canaleta ventilada no piso ou solo — B1 B1
Diretamente em espaço de construção - 1,5De ≤ V
— B2 B2
< 5De (4)
Diretamente em espaço de construção - 5De ≤ V ≤
— B1 B1
50De (4)
Diretamente enterrado — D D
Eletrocalha B1 B1 B2
Eletroduto aparente B1 B1 B2
Eletroduto de seção não circular embutido em
— B2 B2
alvenaria
Eletroduto de seção não circular embutido em
B2 — —
alvenaria - 1,5De ≤ V < 5De (4
Eletroduto de seção não circular embutido em
B1 — —
alvenaria - 5De ≤ V < 50De (4)
Eletroduto em canaleta fechada - 1,5De ≤ V <
B2 B2 —
20De (4)
Eletroduto em canaleta fechada - V ≥ 20De (4) B1 B1 —
Eletroduto em canaleta ventilada no piso ou solo B1 — —
Eletroduto em espaço de construção — B2 B2
Eletroduto em espaço de construção - 1,5De ≤ V
B2 — —
< 20De (4)
Eletroduto em espaço de construção - V ≥ 20De (4) B1 — —
Eletroduto embutido em alvenaria B1 B1 B2

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

Eletroduto embutido em caixilho de porta ou


A1 — —
janela
Eletroduto embutido em parede isolante A1 A1 A1
Eletroduto enterrado no solo ou canaleta não
— D D
ventilada no solo
Embutimento direto em alvenaria — C C
Embutimento direto em caixilho de porta ou janela — A1 A1
Embutimento direto em parede isolante — — A1
Fixação direta à parede ou teto (3) — C C
Forro falso ou piso elevado - 1,5De ≤ V < 5De (4) — B2 B2
Forro falso ou piso elevado - 5De ≤ V ≤ 50De (4) — B1 B1
Leitos, suportes horizontais ou telas — F E
Moldura A1 A1 —
Sobre isoladores G — —
Notas da tabela:
(1) esta nota foi removida;
(2) distância entre o cabo e a parede ≥ 0,3 diâmetro externo do cabo;
(3) distância entre o cabo e a parede < 0,3 diâmetro externo do cabo;
(4) V = altura do espaço de construção ou da canaleta; De = diâmetro externo do cabo;
(*) Os locais da tabela assinalados por (—) significam que os cabos correspondentes
não podem, de acordo com a NBR 5410/2004, ser instalados na maneira especificada
ou então trata-se de uma maneira de instalar não usual para o tipo de cabo escolhido.
FONTE: Prysmian (2006, p.3)

Em instalações residenciais e comerciais, os métodos de referência mais co-


mumente utilizados são: B1, B2 e D.

Conhecendo a maneira de instalar e a corrente de projeto (cujo cálculo será


apresentado), pode-se escolher a seção nominal do condutor pelo Quadro 2 (para
isolação em PVC) ou Quadro 3 (isolação em EPR ou XLPE) a seguir.

O Quadro 2 considera as seguintes características:

• condutores: em cobre;
• isolação do condutor: em PVC;
• temperatura no condutor: 70 ºC;
• temperaturas de referência do ambiente: 30° C (ar) e 20° C (solo).

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TÓPICO 1 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 1ª PARTE

QUADRO 2 – CAPACIDADE DE CONDUÇÃO DE CORRENTE, EM AMPÈRES, PARA OS


MÉTODOS DE INSTALAÇÃO A1, A2, B1, B2, C E D – ISOLAÇÃO PVC

Métodos de Referência indicados no Quadro 1


Seções
A1 A2 B1 B2 C D
nominais
Número de condutores carregados
em mm²
2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (13)
0,5 7 7 7 7 9 8 9 8 10 9 12 10
0,75 9 9 9 9 11 10 11 10 13 11 15 12
1 11 10 11 10 14 12 13 12 15 14 18 15
1,5 14,5 13,5 14 13 17,5 15,5 16,5 15 19,5 17,5 22 18
2,5 19,5 18 18,5 17,5 24 21 23 20 27 24 29 24
4 26 24 25 23 32 28 30 27 36 32 38 31
6 34 31 32 29 41 36 38 34 46 41 47 39
10 46 42 43 39 57 50 52 46 63 57 63 52
16 61 56 57 52 76 68 69 62 85 76 81 67
25 80 73 75 68 101 89 90 80 112 96 104 86
35 99 89 92 83 125 110 111 99 138 119 125 103
50 119 108 110 99 151 134 133 118 168 144 148 122
70 151 136 139 125 192 171 168 149 213 184 183 151
95 182 164 167 150 232 207 201 179 258 223 216 179
120 210 188 192 172 269 239 232 206 299 259 246 203
150 240 216 219 196 309 275 265 236 344 299 278 230
185 273 245 248 223 353 314 300 268 392 341 312 258
240 321 286 291 261 415 370 351 313 461 403 361 297
300 367 328 334 298 477 426 401 358 530 464 408 336
400 438 390 398 355 571 510 477 425 634 557 478 394
500 502 447 456 406 656 587 545 486 729 642 540 445
630 578 514 526 467 758 678 626 559 843 743 614 506
800 669 593 609 540 881 788 723 645 978 865 700 577
1 000 767 679 698 618 1 012 906 827 738 1 125 996 792 652
FONTE: NBR 5410 (2004)

Já o Quadro 3 considera as seguintes características:

• condutores: em cobre;
• isolação do condutor: EPR ou XLPE;
• temperatura no condutor: 90 ºC;
• temperaturas de referência do ambiente: 30 °C (ar) e 20 °C (solo).

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

QUADRO 3 – CAPACIDADE DE CONDUÇÃO DE CORRENTE, EM AMPÈRES, PARA OS


MÉTODOS DE INSTALAÇÃO A1, A2, B1, B2, C E D – ISOLAÇÃO EPR/XLPE

Métodos de Referência indicados no Quadro 1


Seções
A1 A2 B1 B2 C D
nominais
Número de condutores carregados
em mm²
2 3 2 3 2 3 2 3 2 3 2 3
(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12) (13)
0,5 10 9 10 9 12 10 11 10 12 11 14 12
0,75 12 11 12 11 15 13 15 13 16 14 18 15
1 15 13 14 13 18 16 17 15 19 17 21 17
1,5 19 17 18,5 16,5 23 20 22 19,5 24 22 26 22
2,5 26 23 25 22 31 28 30 26 33 30 34 29
4 35 31 33 30 42 37 40 35 45 40 44 37
6 45 40 42 38 54 48 51 44 58 52 56 46
10 61 54 57 51 75 66 69 60 80 71 73 61
16 81 73 76 68 100 88 91 80 107 96 95 79
25 106 95 99 89 133 117 119 105 138 119 121 101
35 131 117 121 109 164 144 146 128 171 147 146 122
50 158 141 145 130 198 175 175 154 209 179 173 144
70 200 179 183 164 253 222 221 194 269 229 213 178
95 241 216 220 197 306 269 265 233 328 278 252 211
120 278 249 253 227 354 312 305 268 382 322 287 240
150 318 285 290 259 407 358 349 307 441 371 324 271
185 362 324 329 295 464 408 395 348 506 424 363 304
240 424 380 386 346 546 481 462 407 599 500 419 351
300 486 435 442 396 628 553 529 465 693 576 474 396
400 579 519 527 472 751 661 628 552 835 692 555 464
500 664 595 604 541 864 760 718 631 966 797 627 525
630 765 685 696 623 998 879 825 725 1 122 923 711 596
800 885 792 805 721 1 158 1020 952 837 1 311 1 074 811 679
1 000 1014 908 923 826 1332 1 173 1 088 957 1 515 1 237 916 767
FONTE: NBR 5410 (2004)

Para os casos em que os condutores forem de alumínio e/ou os métodos de


instalação de referência forem E, F ou G, deverão ser consultadas as tabelas 36 a 39
da NBR 5410 (2004).

Para os Quadros 1 e 2 vistos anteriormente, a linha que contém números en-


tre parênteses tem a finalidade única de servir como auxílio na identificação das co-
lunas e sua respectiva citação nos textos.

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TÓPICO 1 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 1ª PARTE

2.2.3 Corrente Nominal ou Corrente de Projeto


Define-se por corrente nominal de um circuito aquela que circulará por ele
em condições nominais de funcionamento. A forma de se calcular a corrente depen-
derá do tipo de circuito e seu número de fases.

a) Para circuitos monofásicos de iluminação e tomadas (Fase-Neutro): conhecendo


o valor da potência nominal do circuito (a carga instalada do circuito), pode-se
calcular a corrente nominal pela Equação 1:

Pn Equação 1
IP =
V fn × cosϕ

Em que:

• IP = corrente nominal, em ampères;


• Pn = potência nominal do circuito, em watts;
• Vfn = tensão fase-neutro do circuito, em volts; e
• cosφ = fator de potência. Se não for conhecido, usar o valor de 0,90.

Caso a potência do circuito seja expressa em VA, ou seja, pela Potência Apa-
rente, então o cálculo da corrente nominal pode ser realizado conforme a Equação 2:

Sn Equação 2
IP =
V fn

Sendo que:

• Sn = potência aparente do circuito em VA, sendo Sn = Pn/cosφ.

b) Para circuitos bifásicos de tomadas (Fase-Fase): para este tipo de circuito, a


corrente nominal pode ser calculada pela Equação 3:

Pn
IP = Equação 3
V ff × cosϕ

Em que:

• Vff = é a tensão entre fases, em volts. Lembrando que a relação entre a tensão
fase-neutro (Vfn) e a tensão fase-fase (Vff) entre circuitos trifásicos ou bifásicos é
demonstrada na Equação 4 a seguir.

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 71 26/11/2019 11:24:06


UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

Em que:

• Vff = é a tensão entre fases, em volts. Lembrando que a relação entre a tensão
fase-neutro (Vfn) e a tensão fase-fase (Vff) entre circuitos trifásicos ou bifásicos é
demonstrada na Equação 4 a seguir.

V=
ff 3 × V fn Equação 4

c) Para circuitos trifásicos: os circuitos trifásicos podem ser formados por três
condutores (3F) ou por quatro condutores (3F+N). Em qualquer caso, consi-
deram-se esses circuitos equilibrados, sendo que, dessa forma, a corrente de
projeto pode ser calculada conforme a Equação 5.

P3 F Equação 5
IP =
3 × V ff × cosϕ

Em que:

• P3F = potência trifásica do circuito, em watts;


• Vff = tensão fase-fase, em volts.

Para o cálculo da corrente nominal de Circuitos Alimentadores, isto é, cir-


cuitos destinados a alimentar quadros de distribuição, procede-se de maneira se-
melhante ao cálculo da corrente para os circuitos terminais vistos anteriormente,
com a única diferença de que, ao invés de se considerar a potência nominal do
circuito, utiliza-se a demanda do quadro de distribuição. O cálculo da demanda
será visto adiante neste livro.

ATENCAO

Ao ser calculada a corrente consumida por motores, deve-se multiplicar o


valor da corrente obtida (resultante da Equação 1 ou 5) pelo Fator de Serviço (Fs) do motor.
Se o Fator de Serviço não for conhecido, considerar igual a 1,0.

2.2.4 Número de condutores carregados


De acordo com Lima Filho (1997), considera-se condutor carregado aquele
que efetivamente é percorrido pela corrente elétrica no funcionamento normal do
circuito. No caso, consideram-se os condutores Fase e Neutro.
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TÓPICO 1 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 1ª PARTE

O quadro a seguir indica o número de condutores carregados a ser


considerado em função do tipo de circuito.

QUADRO 4 – NÚMERO DE CONDUTORES CARREGADOS POR CIRCUITO

Esquema de Condutores Vivos Número de Condutores Carregados a ser


do Circuito considerado
Monofásico a dois condutores 2
Monofásico a três condutores 2
Duas fases sem neutro 2
Duas fases com neutro 3
Trifásico sem neutro 3
Trifásico com neutro 3 ou 4
FONTE: Mamede Filho (2007, p.125)

2.2.5 Temperatura ambiente


A seção do condutor é escolhida nos Quadros 2 e 3, após definidos os itens
vistos anteriormente. Considera-se, por padrão, que a temperatura ambiente é de:

• 30 °C: para condutores não enterrados;


• 20 °C: para condutores enterrados no solo.

2.2.6 Fatores de correção


Ao se efetuar o dimensionamento de condutores, poderá ser necessário aplicar
fatores de correção se as condições da instalação forem diferentes daquelas estabelecidas
na norma. São basicamente dois fatores de correção a serem aplicados, conforme visto
a seguir.

a) Fator de correção de temperatura (FCT): este fator deve ser aplicado quando a
temperatura ambiente for diferente de 30 °C para condutores não enterrados ou 20
°C para condutores enterrados.

O quadro a seguir apresenta os fatores de correção de temperatura para


condutores de PVC e EPR/XLPE.

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

QUADRO 5 – FATORES DE CORREÇÃO DE TEMPERATURA (FCT)

Isolação
Temperatura
PVC EPR/XLPE PVC EPR/XLPE
°C
Ambiente Do Solo
10 1,22 1,15 1,10 1,07
15 1,17 1,12 1,05 1,04
20 1,12 1,08 1,00 1,00
25 1,06 1,04 0,95 0,96
30 1,00 1,00 0,89 0,93
35 0,94 0,96 0,84 0,89
40 0,87 0,91 0,77 0,85
45 0,79 0,87 0,71 0,80
50 0,71 0,82 0,63 0,76
55 0,61 0,76 0,55 0,71
60 0,50 0,71 0,45 0,65
65 - 0,65 - 0,60
70 - 0,58 - 0,53
75 - 0,50 - 0,46
80 - 0,41 - 0,38
FONTE: Lima Filho (1997, p.120)

• Fator de correção de agrupamento (FCA): é aplicado nos casos em que vários


circuitos são instalados muito perto entre si, seja num mesmo conduto ou em
condutos diferentes. Devido ao efeito da indução elétrica, considera-se que a
presença dos vários circuitos provoca um aumento mútuo na corrente que cir-
cula nos condutores. O fator de correção de agrupamento depende do tipo e da
forma como os condutores estão instalados.

O quadro seguinte apresenta os fatores de correção de temperatura para as


situações mais comuns em projetos elétricos. Destaca-se, nesse sentido, a linha refe-
rente aos vários condutores alocados num único eletroduto. Havendo a necessidade
de verificar o FCA de outras formas de instalação, a NBR 5410 (2004) deverá ser con-
sultada (nas Tabelas 42 a 45).

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TÓPICO 1 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 1ª PARTE

QUADRO 6 – FATORES DE CORREÇÃO DE AGRUPAMENTO PARA VÁRIOS CIRCUITOS OU


CABOS MULTIPOLARES INSTALADOS EM ELETRODUTO, CALHA OU BLOCO ALVEOLADO OU
INSTALADOS EM SUPERFÍCIE

Fatores de correção
Disposição dos cabos Número de circuitos ou cabos multipolares
1 2 3 4 5 6
Agrupados sobre uma
superfície ou contidos em
1 0,8 0,7 0,65 0,6 0,55
eletroduto, calha ou bloco
alveolado
Camada única em Contíguos 1 0,85 0,8 0,75 0,75 0,7
parede ou piso Espaçados 1 0,95 0,9 0,9 0,9 0,9
Camada única ou Contíguos 0,95 0,8 0,7 0,7 0,65 0,65
teto Espaçados 0,95 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85
FONTE: Lima Filho (1997, p. 124)

QUADRO 7 – CONTINUAÇÃO DO QUADRO 6

Fatores de correção
Disposição dos cabos Número de circuitos ou cabos multipolares
7 8 9 10 12 14 ≥ 16
Agrupados sobre uma
superfície ou contidos em
0,55 0,5 0,5 0,5 0,45 0,45 0,4
eletroduto, calha ou bloco
alveolado
Camada única Contíguos 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,7 0,65
em parede ou
piso Espaçados 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9 0,9

Camada única Contíguos 0,65 0,6 0,6 0,6 0,6 0,6 0,55
ou teto Espaçados 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85
FONTE: Lima Filho (1997, p. 124)

2.2.7 Corrente Corrigida (I’p)


Denomina-se por Corrente Corrigida o valor fictício da corrente de projeto
ajustada pela aplicação dos fatores de correção.

A corrente corrigida é calculada pela Equação 6, apresentada a seguir.

IP
I P' = Equação 6
FCA × FCT

75

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 75 26/11/2019 11:24:06


UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

Em que:

• I’p = corrente nominal corrigida;


• IP = corrente nominal (calculada conforme descrito em 3.2.2.3);
• FCA = Fator de Correção de Agrupamento;
• FCT = Fator de Correção de Temperatura.

Assim, com o valor calculado da Corrente Corrigida, faz-se a escolha da seção


dos condutores através dos Quadros 1 e 2. Esta é a última etapa da determinação da
seção de um condutor pelo critério Capacidade de Condução de Corrente.

2.3 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO


Com o objetivo de ilustrar o dimensionamento de condutores pelo
método da capacidade de corrente, serão analisados alguns casos reais a seguir.

2.3.1 Dimensionamento dos condutores para um circuito


de um chuveiro
Vamos proceder com o dimensionamento de um circuito terminal destinado
a alimentar um chuveiro elétrico de 6.000 W com as seguintes características: alimen-
tação bifásica (F-F), tensão entre fases de 220 volts, condutores com isolação em PVC,
eletroduto embutido em alvenaria e temperatura ambiente de 30 °C.

Considerando a temperatura ambiente informada e a ausência de outros cir-


cuitos no eletroduto, não será necessário considerar fatores de correção de tempera-
tura e de agrupamento. Em resumo, temos os seguintes dados para o dimensiona-
mento:

• tipo de isolação: PVC;


• maneira de instalar: B1 (Eletroduto embutido em alvenaria, de acordo com o Quadro 1);
• corrente de projeto: calculada de acordo com a Equação 3:

Pn 6000
=IP = = 27,3 A
V ff × cosϕ 220 ×1, 0

• número de condutores carregados: 2 (duas fases sem neutro, de acordo com o


Quadro 4).

O passo seguinte é procurar, no Quadro 2, o condutor que atenda aos da-


dos considerados. O objetivo é encontrar um condutor cuja capacidade máxima
de condução de corrente seja superior à corrente de projeto. Então, considerando
os dados do problema, devemos analisar a coluna (6) do Quadro 2. Na coluna, o
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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 76 26/11/2019 11:24:06


TÓPICO 1 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 1ª PARTE

menor condutor admissível tem seção de 4,0 mm² e capacidade máxima de con-
duzir até 32 amperes. É o menor condutor admissível para o problema. Embora
seja possível a escolha de um condutor de maior seção, normalmente a decisão
apenas levaria a um aumento de custos sem benefícios para a obra.

É preciso frisar que o cálculo anterior não representa, necessariamente, o resul-


tado final do dimensionamento do circuito. Nesta etapa dos estudos, ainda não foram
analisados os outros critérios de dimensionamento e estes também precisam ser consi-
derados numa situação real. A observação também é válida para os exemplos seguintes.

2.3.2 Dimensionamento dos condutores alimentadores de


um Quadro de Distribuição
Neste exemplo de aplicação, é preciso determinar a seção dos condutores
utilizados para alimentar um quadro de distribuição de uma residência, com carga
instalada total de 35.000 W, fator de potência de 0,92 na tensão de 380/220 V. O ramal
de alimentação é trifásico (3F + N) composto por condutores unipolares instalados
em eletroduto subterrâneo, com temperatura do solo de 25 °C e isolação em EPR.

Assim, os dados de projeto são:

• tipo de Isolação: EPR;


• maneira de Instalar: D (Eletroduto enterrado no solo ou canaleta não ventilada no
solo, conforme Quadro 1);
• corrente de projeto (Ip): calculada de acordo com a Equação 5:

P3 F 35000
=IP = = 57,8 A
3 × V ff × cosϕ 3 × 380 × 0,92

Como a temperatura do solo possui valor diferente do padrão, é necessário


considerar o fator de correção de temperatura e, assim, calcular a corrente de projeto
corrigida. Pelo Quadro 5, considerando a temperatura do solo de 25 °C e isolação tipo EPR,
o fator considerado é 0,96. Logo, pela Equação 6 (desconsiderando o FCA), tem-se que:

1p 57,8
I'
1' p
= = = 60, 2 A
FCT 0,96

• Número de condutores carregados: 3 ou 4.

Finalmente, a escolha do condutor é feita pela pesquisa no Quadro 3 do


condutor que atenda às características de projeto levantadas. Assim, pela análise da
coluna (13), verifica-se que o condutor de 10 mm² atende às condições de projeto,
77

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 77 26/11/2019 11:24:06


UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

admitindo uma corrente de até 61 amperes. No entanto, como a corrente máxima


admitida pelo condutor está muito próxima da corrente de projeto calculada, vamos
optar pela escolha de uma seção maior, ou seja, 16 mm².

2.3.3 Dimensionamento dos condutores em um eletroduto


com vários circuitos
Vamos considerar, novamente, o circuito do chuveiro já visto no item 2.3.1,
mas desta vez com a presença de outros circuitos no eletroduto.

FIGURA 1 – DISTRIBUIÇÃO ELÉTRICA DOS CIRCUITOS

FONTE: O autor

Na figura, o circuito do chuveiro é o de número cinco. Vemos que ele parte


do Quadro de Distribuição (QD) e segue até o ponto B com vários outros circuitos no
eletroduto. A partir do ponto B, o circuito 5 segue sozinho até o ponto de consumo.
Do QD até o ponto A, o eletroduto contém 5 circuitos e entre os pontos A e B o eletro-
duto contém 3 circuitos.

Assim, para o dimensionamento da seção do condutor do circuito 5, vamos


considerar o trecho de eletroduto mais crítico, com 5 circuitos (trecho QD até o ponto
A).

Os dados de projeto são (a maioria é do exemplo do item 2.3.1):

• tipo de isolação: PVC;


• maneira de instalar: B1 (Eletroduto embutido em alvenaria, de acordo com o
Quadro 1);
• corrente de projeto: calculada de acordo com a Equação 3:

Pn 6000
=IP = = 27,3 A
V ff × cosϕ 220 ×1, 0

Precisamos, agora, calcular a corrente de projeto corrigida, considerando o


fator de agrupamento. Para cinco circuitos, o FCA é igual a 0,6. A corrente corrigida
é, então, calculada pela Equação 6 (desconsiderando o FCT pois a temperatura
ambiente é padrão):

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 78 26/11/2019 11:24:07


TÓPICO 1 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 1ª PARTE

IP 27,3
I P'
= = = 45,5 A
FCA 0, 60

• número de condutores carregados: 2 (Duas fases sem neutro).

Logo, analisando a coluna (6) do Quadro 2, verifica-se que o condutor neces-


sário para atender a essa nova situação tem seção de 10 mm². Pode-se verificar, dessa
forma, o efeito da indução elétrica exercida entre os diferentes circuitos num mesmo
eletroduto. Neste caso específico, a seção do condutor teve de ser aumentada de 4
para 10 mm², apenas porque foram considerados mais circuitos no eletroduto. Fica
evidente o cuidado que é preciso ter com a quantidade de circuitos a serem lançados
num mesmo duto. Muitas vezes, é recomendável dividir os circuitos em mais dutos
para diminuir o efeito do fator de correção de agrupamento.

3 DIMENSIONAMENTO DOS CONDUTORES NEUTRO E


PROTEÇÃO
Vimos, até agora, alguns critérios para o dimensionamento dos condutores fase
de uma instalação elétrica. Há ainda outros critérios para analisarmos, mas antes ve-
remos como é feito o dimensionamento dos condutores Neutro e Proteção, de acordo
com a NBR 5410 (2004). Esses condutores são dimensionados após se conhecer a seção
dos condutores Fase.

3.1 DIMENSIONAMENTO DO CONDUTOR NEUTRO


As características gerais do condutor Neutro são tratadas no item 6.2.6.2 da
NBR 5410 (2004). A determinação da seção do condutor Neutro (e também do condu-
tor Proteção) deve ser feita após se conhecer a seção dos condutores Fase.

Inicialmente, é importante deixar bem claro que um condutor Neutro não


pode ser comum a mais de um circuito.

Primeiramente, veremos os casos em que o condutor Neutro deve ter a mes-


ma seção do condutor Fase, a saber:

• em circuitos monofásicos e bifásicos;


• em circuitos trifásicos, quando a seção do condutor fase for igual ou inferior a 25
mm²;
• em circuitos trifásicos, quando for prevista a presença de harmônicas.

Por outro lado, é permitida uma redução na seção do condutor Neutro em


circuitos trifásicos quando as três condições a seguir forem simultaneamente atendi-
das:

79

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 79 26/11/2019 11:24:07


UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

• a seção do neutro for, no mínimo, igual a 25 mm²;


• a máxima corrente que percorre o condutor Neutro deve ser inferior à
capacidade de condução de corrente em sua seção reduzida;
• quando o condutor neutro for protegido contra sobrecorrentes.

Atendidas as condições citadas, a NBR 5410 (2004) permite reduzir a seção


do condutor Neutro de acordo com o Quadro 8.

QUADRO 8 – SEÇÃO REDUZIDA DO CONDUTOR NEUTRO

Seção dos condutores de Seção reduzida do


fase (mm²) condutor neutro (mm²)
S ≤ 25 S
35 25
50 25
70 35
95 50
120 70
150 70
185 95
240 120
300 150
400 185
FONTE: NBR 5410 (2004)

3.2 DIMENSIONAMENTO DO CONDUTOR PROTEÇÃO OU


TERRA (PE)
A NBR 5410 (2004) especifica que os condutores de proteção devem ser, pre-
ferencialmente, do tipo isolado, cabos unipolares ou veias de cabos unipolares.

É permitido utilizar um mesmo condutor de proteção para atender a vários


circuitos.

A determinação da seção do condutor Proteção pode ser feita através do qua-


dro a seguir:

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TÓPICO 1 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 1ª PARTE

QUADRO 9 – SEÇÃO MÍNIMA DO CONDUTOR DE PROTEÇÃO


Seção mínima do condutor de proteção
Seção dos condutores de fase (mm²)
correspondente (mm²)
S ≤ 16 S
16 < S ≤ 35 16
S > 35 S/2
FONTE: NBR 5410 (2004)

Nos raros casos em que se permite utilizar um mesmo condutor para as funções
Neutro e Proteção conjugadas, denominado condutor PEN, seu dimensionamento
deve ser feito aplicando-se ambos os critérios para determinação da seção para o
condutor Neutro e o critério para o condutor PE. Então, escolhe-se o maior valor
proposto. Em todos os casos, o condutor PEN não pode ter seção inferior a 10 mm².

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RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• De acordo com o critério da seção mínima, os circuitos de iluminação precisam


ter condutores com seção mínima de 1,5 mm² e para os circuitos de força a se-
ção mínima é 2,5 mm².

• O critério da máxima condução de corrente leva em consideração a maneira de


instalar dos condutores. Essas maneiras de instalar são padronizadas e classifi-
cadas de acordo com o Quadro 1.

• O tipo de isolante de um condutor elétrico também influencia na sua máxima capa-


cidade de condução de corrente. Condutores isolados em EPR ou XLPE têm capaci-
dade superior aos isolados em PVC (considerando-se condutores de mesma seção).

• O cálculo da corrente de projeto para um circuito deve levar em conta a tempe-


ratura do meio (solo ou ambiente) bem como a quantidade de circuitos insta-
lados num mesmo duto. A influência desses dois fatores é representada pelos
Fatores de Correção de Temperatura e de Agrupamento, respectivamente.

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 82 26/11/2019 11:24:07


AUTOATIVIDADE

1 De acordo com a NBR 5410 (2004), indique quais são as seções mínimas
admitidas para os condutores de circuitos:

a) de iluminação;
b) tomadas (ou força).

2 Determinar, pelo critério da Capacidade de Condução de Corrente, a seção


dos condutores fase, neutro e proteção de um circuito alimentador de um
Quadro de Distribuição cuja carga instalada total seja de 45.000 W, fator de
potência 0,90 (indutivo) e tensão de alimentação de 220/127 volts. Os con-
dutores são cabos unipolares com isolação em EPR instalados em eletrodu-
to enterrado. Considerar que o solo tem temperatura de 20º C.

3 Repetir o dimensionamento dos condutores para a situação descrita no


exercício 2 com a diferença de que, desta vez, a carga elétrica do quadro de
distribuição não está equilibrada entre as fases, contrariando a recomenda-
ção:

• Fase R: 20.000 W
• Fase S: 12.000 W
• Fase T: 13.000 W

Todas as fases têm fator de potência 0,90 indutivo e as demais características


permanecem inalteradas.

4 Determinar a seção dos condutores fase e neutro, pelo critério da Capaci-


dade de Condução de Corrente, de um circuito bifásico que alimenta um
quadro de distribuição (QD), conforme ilustra a figura a seguir. Os cabos
são unipolares, isolação EPR, instalados em eletroduto embutido em alve-
naria. O quadro, por sua vez, alimenta quatro circuitos com as seguintes
características:

• Circuito 1: monofásico, ligado à fase R, potência nominal de 3.000 W com


fator de potência 0,90 indutivo.
• Circuito 2: monofásico, ligado à fase S, potência nominal de 800 W com fa-
tor de potência 0,70 indutivo.
• Circuito 3: monofásico, ligado à fase S, potência nominal de 600 W com fa-
tor de potência 0,60 indutivo.
• Circuito 4: bifásico sem neutro, ligado às fases R e S, potência nominal de
2.500 W como fator de potência de 0,80 indutivo.

A tensão de alimentação é 380/220V.

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FIGURA – REPRESENTAÇÃO DOS CIRCUITOS DO EXERCÍCIO 4

FONTE: O autor

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UNIDADE 2 TÓPICO 2

DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 2ª PARTE

1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iremos estudar os outros quatro critérios de dimensionamento
da seção de condutores elétricos. De forma alguma esses critérios devem ser conside-
rados menos importantes que aqueles já estudados, sendo essa divisão feita apenas
por questões didáticas.

A necessidade de aplicação de cada critério vai depender da complexidade


do sistema elétrico em questão, bem como das particularidades de cada circuito que
compõe o sistema. Todos os critérios precisam ser observados, no entanto, alguns
acabam sendo automaticamente obedecidos pelas características dos circuitos. Por
exemplo, para circuitos de pequenas cargas e/ou comprimentos é dispensável a veri-
ficação do critério da queda de tensão, pois este sempre será atendido nessas condi-
ções. A prática e a experiência do projetista servirão como norteadores sobre a neces-
sidade de verificar ou não o atendimento de um circuito a determinado critério. Na
dúvida, vale a pena fazer a verificação!

2 CRITÉRIO DO LIMITE DA QUEDA DE TENSÃO


Conforme Lima Filho (1997), a queda de tensão deve estar dentro de determi-
nados limites máximos, a fim de não prejudicar o funcionamento dos equipamentos
de utilização.

De acordo com Mamede Filho (2007), os limites de queda de tensão máxima


propostos pela NBR 5410 (2004) podem ser divididos conforme o quadro a seguir.

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

QUADRO 10 – LIMITES MÁXIMOS ADMITIDOS DE QUEDA DE TENSÃO, CONFORME NBR 5410


(2004)

Queda de
Item Tipo de Instalação Início da Instalação Tensão (%) da
Tensão Nominal
Instalações alimentadas Terminais secundários do
A 7%
através de subestação própria transformador (MT/BT)
Instalações alimentadas Terminais secundários do
através de transformador da transformador (MT/BT),
B 7%
companhia distribuidora de quando o ponto de entrega
energia elétrica for aí localizado.
Instalações alimentadas
através da rede secundária de
C Ponto de entrega 5%
distribuição da companhia
distribuidora de energia elétrica
Instalações alimentadas
Terminais do grupo
D através de geração própria 7%
gerador
(grupo gerador)
FONTE: Mamede Filho (2007, p.127)

A respeito do quadro anterior, é importante definir os seguintes termos:

• rede secundária: é a rede de energia pública em Baixa Tensão que contempla a


maioria das unidades consumidoras. Normalmente, o valor de tensão da rede é
referido como “Tensão Secundária” e corresponde a 220 ou 380 volts, entre fases;
• ponto de entrega: é o ponto de conexão do sistema elétrico da distribuidora com a
unidade consumidora, conforme especifica a Resolução Normativa 418 da ANE-
EL.

A critério do projetista podem ser definidos valores de queda de tensão me-


nores do que os expostos no Quadro 10. É importante notar, no entanto, que, em
nenhum caso, a queda de tensão nos circuitos terminais poderá ser superior a 4%,
conforme especifica a NBR 5410 (2004). As Figuras 2 e 3 ilustram as condições de
queda de tensão permitidas, conforme discutido até aqui.

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TÓPICO 2 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 2ª PARTE

FIGURA 2 – QUEDAS DE TENSÃO ADMITIDAS PARA A SITUAÇÃO DESCRITA NO ITEM “C” DO


QUADRO 10

FONTE: Prysmian (2009, p.15)

FIGURA 3 – QUEDAS DE TENSÃO ADMITIDAS PARA AS SITUAÇÕES DESCRITAS NOS ITENS “A” E
“B” DO QUADRO 10

FONTE: Prysmian (2009, p.15)

2.1 CÁLCULO DA QUEDA DE TENSÃO


O cálculo da queda de tensão de um circuito é feito conhecendo-se a seção
do condutor e da corrente que circula (corrente de projeto ou nominal), dentre outros
fatores. Assim, a equação para o cálculo depende de o circuito ser monofásico (ou
bifásico) ou trifásico.

2.1.1 Queda de tensão em sistemas monofásicos (F-N) ou


bifásicos (F-F)
Para circuitos monofásicos ou bifásicos, a queda de tensão pode ser calcu-
lada pela Equação 1, apresentada a seguir:

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

200 × ρ × ∑ ( LC × I C )
SC =
∆V % × V fn
( mm )
2 Equação 1

Em que:

Sc: : seção do condutor, em mm²;


ρ: resistividade do material condutor. Para cobre é 1/56 Ω.mm²/m;
LC: comprimento do circuito, em metros;
IC: corrente do circuito, em ampères;
∆V%: queda de tensão máxima admitida em projeto, em %;
Vfn: tensão entre fase e neutro, em volts.

Exemplo de aplicação 1

Vamos, agora, considerar o circuito do chuveiro elétrico. Considerando a si-


tuação em que o chuveiro compartilhava o eletroduto com outros circuitos, foi cal-
culada a corrente de projeto corrigida, cujo valor é de 45,5 ampères. Pelo método da
capacidade de condução de corrente, foi feita a escolha de condutores com seção de
10 mm². Vamos verificar, então, qual é a queda de tensão máxima no circuito. Primei-
ramente, devemos ter em mente que a queda de tensão máxima permitida é de 5%.
O percentual é do ponto de entrega até o ponto de consumo, o que compreende dois
trechos (circuitos distintos): o ramal de entrada de energia e o circuito terminal.

Solução: No nosso caso, estamos calculando apenas a queda de tensão no


circuito terminal, de forma que precisamos estabelecer um valor menor para o tre-
cho. Escolheremos 3% de queda de tensão admitida para o trecho que representa
o circuito terminal. Dessa forma, quando formos determinar os componentes do
ramal de entrada, aquele trecho poderá ter queda de tensão máxima de 2%.

FIGURA 4 – TRECHOS DO CIRCUITO CONSIDERADO

FONTE: O autor

Consideraremos que o circuito do chuveiro tem um comprimento de 18


metros, logo, para o cálculo da queda de tensão, temos as seguintes informações:
88

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 88 26/11/2019 11:24:08


TÓPICO 2 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 2ª PARTE

• ρ = 1/56 Ω.mm²/m;
• LC = 18 m;
• IC = 45,5 A;
• ∆V% = 3%;
• Vfn: 220 V (como o circuito não possui neutro, utilizamos o valor fase-fase).

200 × 1 ×18 × 45,5


SC = 56
3 × 220

= 4, 43 ≈ 6 mm² ( valor comercial superior mais próximo )

Logo, pelo método da queda de tensão, verificou-se que condutores de 6 mm²


de seção atenderiam ao circuito em estudo. No entanto, o cálculo da capacidade de
condução indicou a necessidade de um condutor de 10 mm² de forma que sempre se
escolhe o maior valor dentre os dois métodos considerados. Assim, podemos afirmar
que o condutor de seção 10 mm² atende aos critérios da capacidade de condução de
corrente e da máxima queda de tensão admitida.

2.1.2 Queda de tensão em sistemas trifásicos (3F+N ou 3F)


Em sistemas trifásicos, a queda de tensão ∆V é tomada em relação à tensão
nominal fase-fase da instalação. A expressão simplificada para a determinação da
seção mínima de um condutor, segundo o critério da queda de tensão, para uma
instalação trifásica, é apresentada pela equação a seguir.

173, 2 × ρ × ∑ ( LC × I C )
SC =
∆V % × V ff
( mm )
2 Equação 2

Em que:

• Vff: tensão fase-fase do sistema, em volts;


• demais elementos da equação são os mesmos da Equação 1.

Exemplo de Aplicação 2

Calcular, pelo critério da queda de tensão, a seção dos condutores que


formam o ramal de alimentação de um quadro de distribuição cuja tensão fase-fase é
380 V. O ramal possui 160 m de comprimento e a corrente demandada é de 155 A. A
máxima queda de tensão admitida é de 3%.

Solução: empregando a Equação 2 para efetuar o cálculo, temos que:

89

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 89 26/11/2019 11:24:08


UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

173, 2 × ρ × ∑ ( LC × I C ) 173, 2 × 156 ×160 ×155


=SC = = 67,3 mm²
∆V % × V ff 3 × 380

O valor comercial mais próximo de 67,3 é 70 mm².

Exemplo de Aplicação 3

Determinar, pelos critérios da Capacidade de Condução de Corrente e da


Queda de Tensão Admitida, a seção dos condutores fase do circuito, este que alimenta
cinco cargas trifásicas. Considerar que os condutores são unipolares e isolados em
XLPE, instalados em canaleta aberta no piso. A queda de tensão admitida é de 4%.

FIGURA 5 – CIRCUITO DE DISTRIBUIÇÃO COM VÁRIAS CARGAS

FONTE: O autor

Solução: no exemplo, um mesmo ramal alimenta diversas cargas pelo seu


percurso, de forma que sua corrente é diferente em cada ponto. Assim, é necessário
aplicar os elementos de somatório da Equação 2.

Pelo Critério da Capacidade de Corrente:

• tipo de Isolação: XLPE;


• maneira de Instalar: B1 (Canaleta fechada no piso, solo ou parede - Tabela 1);
• número de condutores carregados: 3;
• corrente de projeto: é a soma das correntes de todas as cargas que alimentam o
circuito:
• Ip = 8,5 + 28 + 23,5 + 12,7 + 23,5 = 96,2 A
• Pela tabela 3: 25 mm².

Pelo critério da Queda de Tensão (aplicando a Equação 2):

173, 2 ×1/ 56 × [( 8,5 × 6 ) + ( 28 ×17 ) + ( 23,5 × 32 ) + (12, 7 × 39 ) + ( 23,5 × 53)


SC =
4 × 380

90

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TÓPICO 2 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 2ª PARTE

SC = 6,14 ≈ 10 mm² (valor comercial superior mais próximo).

Finalmente, escolhe-se o maior valor obtido dentre os métodos utilizados,


que é 25 mm².

E
IMPORTANT

No cálculo da Queda de Tensão, as distâncias consideradas na expressão são


tomadas do quadro de distribuição até a respectiva carga.

3 CRITÉRIO DA CAPACIDADE DE CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO


O quarto critério a ser estudado para o dimensionamento de condutores elé-
tricos considera a possibilidade de ocorrer algum curto-circuito nas instalações. Há
dois fatores para levar em consideração: a seção do condutor e o comprimento má-
ximo do circuito.

3.1 DETERMINAÇÃO DA SEÇÃO DO CONDUTOR PARA


UMA DETERMINADA CORRENTE DE CURTO-CIRCUITO
Conforme explica Mamede Filho (2007), no dimensionamento dos conduto-
res é de grande importância o conhecimento do nível das correntes de curto-circuito
nos diferentes pontos da instalação, isto porque os efeitos térmicos podem afetar o
seu isolamento.

As correntes de curto-circuito podem facilmente ser até 100 vezes superiores


à corrente nominal do sistema e é compreensível que um condutor consiga trans-
portar tal montante de corrente por um período de tempo muito curto. Logo, para
a aplicação deste critério de dimensionamento, faz-se necessário conhecer o nível de
curto-circuito em determinado ponto da instalação, além do tempo de atuação da
proteção. A determinação desses dois elementos será estudada adiante neste livro.

Os gráficos das Figuras 6 e 7, adiante, respectivamente para condutores com iso-


lação PVC(70° C) e EPR/XLPE, trazem os valores da máxima corrente de curto-circuito
admissível num cabo, a seção do condutor capaz de suportar a corrente de curto-circuito
e o tempo máximo que o condutor pode suportar a corrente de curto-circuito.

91

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

FIGURA 6 – GRÁFICO DE SUPORTABILIDADE DE CURTO-CIRCUITO PARA CONDUTORES COM


ISOLAÇÃO EM PVC

FONTE: Mamede Filho (2007, p.131)

FIGURA 7 – GRÁFICO DE SUPORTABILIDADE DE CURTO-CIRCUITO PARA CONDUTORES COM


ISOLAÇÃO EM EPR OU XLPE

FONTE: Mamede Filho (2007, p.132)

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TÓPICO 2 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 2ª PARTE

A seção mínima do condutor capaz de suportar uma determinada corrente de


curto-circuito também pode ser calculada através da Equação 3, apresentada a seguir.

tC × I CS
SC = Equação 3
 234 + T f 
0,34 × log  
 234 + Ti 

Em que:

• ICS: corrente simétrica de curto-circuito, em kA;


• tC: tempo de eliminação do defeito, em s;
• Tf: temperatura máxima de curto-circuito suportada pela isolação do condutor, em °C;
• Ti: temperatura máxima admissível pelo condutor em regime normal de operação,
em °C.

Os valores de temperatura Tf e Ti são informados no Quadro 11:

QUADRO 11 – TEMPERATURAS ADMISSÍVEIS PARA ISOLAÇÃO EM PVC E EPR/XLPE

Tf Ti
PVC 70 °C 160° C 70° C
EPR/XLPE 250° C 90° C
FONTE: Mamede Filho (2007, p.132)

Exemplo de aplicação 4

Vamos considerar o circuito de aplicação 3, em que foram utilizados conduto-


res de 25 mm² isolados com XLPE. Ocorre um curto-circuito de 4,0 kA junto à carga 5
do sistema elétrico. A proteção, localizada no Quadro de Distribuição, tem um tempo
de atuação de 0,5 segundos. Verificar se o condutor utilizado suporta essa corrente
de curto-circuito.

Solução: a determinação da seção mínima do condutor pode ser feita pelo


gráfico da figura 8 ou através de cálculo pela Equação 3.

Ao analisar o gráfico, inicialmente, é necessário converter o tempo de atuação


da proteção de segundos para ciclos. Um ciclo da rede de energia equivale a 16,67 mi-
lissegundos ou 1/60 segundos (pois a frequência da rede de energia é de 60 Hz). Então,
verifica-se que o valor de 0,5 segundos equivale a 30 ciclos. Então, localiza-se no eixo
vertical do gráfico o valor da corrente de curto-circuito que é 4,0 quiloampères e faz-se o
deslocamento para a direita até a curva referente aos 30 ciclos. No ponto de intersecção,
faz-se o rebatimento para o eixo horizontal. Ali, verifica-se que a seção do condutor fica
num meio termo, entre 20 e 30 mm² (lembrar que o gráfico é logarítmico). Então, por
aproximação, determina-se o valor de 25 mm², que é o valor real da seção do condutor.
93

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

Pela Equação 3 se chega a um valor mais preciso. O valor mínimo da seção


do condutor é:

0,5 × 4
=SC = 19,9 mm²
 234 + 250 
0,34 × log  
 234 + 90 

Por fim, verifica-se que o condutor escolhido suportará a corrente de curto-


-circuito prevista para o sistema.

O critério da capacidade de corrente de curto-circuito não precisa ser utili-


zado para todos os circuitos de uma instalação, uma vez que seria inviável o cálculo
dessa corrente de falta para todos os sistemas. De forma prática, utiliza-se tal critério
como um fator adicional de proteção para sistemas considerados mais importantes e/
ou críticos numa instalação: ramais de alimentação de energia, circuitos com condu-
tores de seção superior a 10 mm², instalações industriais e sistemas vitais. Por fim, po-
de-se afirmar que a experiência do projetista e as necessidades específicas do projeto
são parâmetros importantes na verificação da necessidade de utilização do critério.

4 CRITÉRIO DA PROTEÇÃO CONTRA CORRENTES DE


SOBRECARGA
Uma corrente de sobrecarga, também denominada de sobrecorrente, é aquela
cujo valor é superior ao valor nominal do circuito, porém é menor do que uma corrente
de curto-circuito. Além disso, as sobrecorrentes costumam ter duração maior.

O item 5.3.4 da NBR 5410 (2004) estabelece os requisitos para a proteção de con-
dutores contra sobrecargas. De acordo com a referida norma, um condutor estará pro-
tegido adequadamente contra sobrecargas se as seguintes condições forem atendidas:

a) IB ≤ In ≤ IZ;
b) I2 ≤ 1,45.IZ.

Em que:
• IB é a corrente de projeto do circuito;
• In é a corrente nominal do dispositivo de proteção;
• IZ é a capacidade de condução de corrente dos condutores nas condições
previstas para sua instalação;
• I2 é a corrente de atuação do dispositivo de proteção.

Analisando o item “a”, conclui-se que a corrente prevista para circular pelo
circuito (IB) deve ser menor que a corrente nominal do dispositivo de proteção (In) e
ambas, por sua vez, devem ser menores que a capacidade de condução da corrente
do condutor (IZ).
94

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 94 26/11/2019 11:24:09


TÓPICO 2 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES – 2ª PARTE

Pela análise do item “b”, verifica-se que o valor de corrente que faz o
dispositivo de proteção atuar (I2) deve ser menor que 145% da capacidade de
condução da corrente do condutor. Ou seja, é permitido que o condutor transporte
uma sobrecorrente de até 145% da sua capacidade nominal por um certo intervalo
de tempo. De acordo com a NBR NR 60898, o tempo é de 1 hora para dispositivos de
proteção com In ≤ 63 A e 2 horas para os casos em que In > 63 A.

Os dispositivos de proteção (tipos, características, utilização) serão discuti-


dos mais adiante neste livro, de maneira que esse critério de seleção será retomado
naquela ocasião.

5 CRITÉRIO DA PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS


(SECCIONAMENTO AUTOMÁTICO)

O item 5.1.2.2.4 da NBR 5410 (2004) estabelece o princípio do seccionamento


automático da alimentação, sua relação com os diferentes esquemas de aterramento
e aspectos gerais referentes à aplicação.

De modo geral, o item descreve as medidas de proteção que precisam ser im-
plantadas, evitando que uma eventual tensão de contato se mantenha por um tempo
suficientemente longo, capaz de colocar em risco a integridade física das pessoas.
Para atender a essa prescrição, é necessário que o dispositivo de proteção atue antes
de a tensão de contato ser considerada perigosa.

NOTA

A norma NBR IEC (50) 826 define a tensão de contato como aquela que aparece
entre partes simultaneamente acessíveis (de uma instalação ou equipamento), quando na
ocorrência de uma falha de isolamento. As partes simultaneamente acessíveis podem ser
uma massa e um condutor estranho ou duas massas. Massa é qualquer parte condutora que
pode ser tocada e que normalmente não é viva (mas pode tornar-se viva havendo uma falta) e
condutor estranho é um elemento que não faz parte da instalação elétrica, mas pode ter algum
potencial elétrico, tal como canalizações metálicas, solo, vergalhões utilizados no concreto
armado etc. Finalmente, a parte viva de um componente ou de uma instalação é a parte
condutora que apresenta diferença de potencial em relação à terra.

O recurso do seccionamento automático é necessário sempre que o emprego


de medidas de equipotencialização não é suficiente para impedir o aparecimento de
tensões de contato perigosas. Tais situações ocorrem quando os sistemas de aterra-
mento são do tipo TN ou TT. Os esquemas de aterramento e o conceito de equipoten-
cialização serão estudados posteriormente neste livro.

95

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 95 26/11/2019 11:24:10


UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

E
IMPORTANT

O tempo que o seccionamento do circuito leva para ocorrer depende da tensão


de contato presumida e da presença ou não de umidade no solo ou na pele. Para fins de
elucidação, no caso de locais secos ou úmidos, com a resistência elétrica do solo considerada
elevada, os tempos de acionamento da proteção são:

• 0,33 segundos, para tensão de contato presumida de 125 volts; e


• 0,18 segundos para uma tensão de contato presumida de 220 volts.

E
IMPORTANT

O dimensionamento do condutor deve ser feito de forma a este suportar a


condição de falta até que a proteção atue interrompendo a energia. De maneira geral, esse
critério de dimensionamento costuma ser pouco utilizado pelas suas implicações no que
se refere ao tipo de aterramento bem como demais características da instalação elétrica.
FONTE: Cunha (2005, p.271).

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RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A determinação da seção adequada de um condutor elétrico vai além dos critérios


da seção mínima e da capacidade de corrente. Todos os seis critérios de dimensio-
namento são importantes, porém alguns são automaticamente atendidos, depen-
dendo das condições dos circuitos e das cargas.

• O critério do limite da queda de tensão estabelece um percentual máximo que a


tensão pode diminuir no ponto da carga em relação à entrada da alimentação.
Esse valor nunca poderá ser superior a 7% (considerando a totalidade da insta-
lação) ou 4% para os circuitos terminais.

• Os fatores que influenciam na queda de tensão num circuito são: as dimensões


do condutor, a corrente elétrica e o material que compõe o condutor. Há equações
distintas para o cálculo da queda de tensão em sistemas monofásicos e trifásicos.

• O critério da capacidade de corrente de curto-circuito visa proteger o sistema


elétrico na ocorrência desse tipo de falta. Ele leva em consideração a máxima
elevação de temperatura que o condutor pode suportar num determinado in-
tervalo de tempo devido à elevada corrente de curto-circuito.

• Uma corrente de sobrecarga é aquela cujo valor é, relativamente, pouco superior à


corrente nominal do circuito. Assim, a proteção contra sobrecarga envolve consi-
derar a elevação de temperatura no condutor por longos períodos, que podem ser
de 1 ou 2 horas.

• A proteção contra choques elétricos considera os efeitos nocivos da corrente elé-


trica no corpo humano em relação ao tempo de exposição e à intensidade, quando
da ocorrência do toque com alguma parte viva do sistema elétrico. O dimensiona-
mento do condutor deve ser feito de forma a suportar o aumento de temperatura.

97

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AUTOATIVIDADE

1 Considere o circuito terminal de tomadas de um apartamento representado pelo


diagrama da figura seguinte. Calcule a seção dos condutores da instalação, consi-
derando que os condutores são instalados em eletroduto embutido em alvenaria, a
temperatura ambiente é de 30° C, a isolação é PVC e a tensão de alimentação é 127
volts. Utilize os critérios (a) Capacidade de Condução de Corrente, (b) Seção míni-
ma e (c) Queda de Tensão, considerando uma queda máxima de 4%.

FIGURA – DIAGRAMA DO CIRCUITO TERMINAL DE TOMADAS

FONTE: Lima Filho (2007, p.140)

2 Considere um circuito trifásico composto por condutores unipolares em cobre


de seção 25 mm² e isolação em EPR acomodados num eletroduto enterrado
no solo. Verifique se esses condutores estão aptos a suportar uma corrente de
curto-circuito de 8 kA, considerando que o tempo de atuação do dispositivo de
proteção é 0,4 segundos.

3 Explique, com suas próprias palavras, as duas condições que precisam ser aten-
didas para o dimensionamento da seção de um condutor, conforme o Critério
da Sobrecarga.

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 98 26/11/2019 11:24:10


UNIDADE 2 TÓPICO 3

DIMENSIONAMENTO DE CONDUTOS

1 INTRODUÇÃO
Conduto é o elemento utilizado para a instalação de condutores elétricos. Há
vários tipos de condutos, dentre os quais podemos destacar o eletroduto (o mais uti-
lizado), as canaletas, as bandejas e as calhas.

Independentemente do tipo de conduto utilizado, é necessário que o projetis-


ta observe alguns princípios básicos, a saber:

• em condutos fechados, todos os condutores vivos (fase e neutro) de um mesmo cir-


cuito devem ser agrupados num mesmo conduto. Esse procedimento visa diminuir
o efeito da indução elétrica e o desbalanceamento de carga entre os condutores;
• quando utilizados condutos de ferro galvanizado, todos os condutores fase de um
mesmo circuito devem ser agrupados no mesmo duto. Essa medida visa evitar a
magnetização do duto, que leva ao aquecimento elevado dos condutores em seu
interior;
• se um conduto fechado for utilizado para acomodar vários circuitos distintos, é ne-
cessário que as seguintes condições sejam observadas:
0 todos os circuitos devem se originar de um mesmo quadro de distribui-
ção, ou seja, devem possuir um mesmo disjuntor geral de proteção;
0 as seções dos condutores devem estar dentro de um intervalo de até
três valores normatizados sucessíveis. Por exemplo: um mesmo ele-
troduto poderá conter condutores com seção de 2,5, 4,0 e 6,0 mm²,
mas não poderá conter condutores com as seções 1,5, 4,0 e 6,0.
0 o isolamento de todos os condutores deve ter a mesma temperatura
máxima de serviço contínuo. Além disso, a tensão de isolação de
todos os condutores deve estar compatível com a mais alta tensão
dos circuitos envolvidos.

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

2 ELETRODUTOS
Os eletrodutos, também denominados conduítes, compõem o tipo de con-
duto mais utilizado nas instalações elétricas, devido a suas excelentes características
físicas e relação custo-benefício.

As principais funções de um eletroduto são:

• prover, aos condutores, proteção mecânica e contra riscos do meio ambiente,


tais como corrosão ou ataques químicos de agentes presentes na atmosfera ou
dispersos no meio ambiente (sais, ácidos, gases e outros);
• proteger os eletrodutos em caso de incêndio;
• no caso de eletrodutos metálicos, proteger os condutores de interferências ele-
tromagnéticas.

2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ELETRODUTOS


Os eletrodutos podem ser classificados de acordo com vários critérios que
são apresentados a seguir.

Quanto ao material:
• não metálicos: PVC, fibra, polipropileno, polietileno de alta densidade;
• metálicos: aço carbono ou alumínio.

Quanto à flexibilidade:
• rígidos (lisos);
• flexíveis (corrugados).

FIGURA 8 – ELETRODUTO FLEXÍVEL E RÍGIDO

Flexível Rígido

FONTE: <http://bit.ly/2Jj618l> e <http://bit.ly/2BReJa5>. Acesso em: 27 mar. 2019.

Quando à forma de interconexão:

• roscáveis;
• soldáveis.

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TÓPICO 3 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTOS

FIGURA 9 – ELETRODUTOS ROSCÁVEL E SOLDÁVEL

FONTE: <http://bit.ly/2Jj618l>. Acesso em: 27 mar. 2019.

Quanto à resistência mecânica (conforme a NBR 15465 de 2007):

• leves (cor amarela);


• semipesados (cor cinza);
• pesados (cor preta).

2.2 ESPECIFICAÇÕES PARA A INSTALAÇÃO DE ELETRODUTOS


Os eletrodutos de PVC são utilizados em instalações embutidas em alvenaria
(quando flexíveis) ou aparentes (quando rígidos) em locais internos. Os eletrodutos de
aço galvanizado são instalados em locais que demandam de proteção reforçada contra
esforços mecânicos, como junto a postes e locais com trânsito de veículos pesados.

Os eletrodutos de aço não podem possuir costura longitudinal e suas paredes


internas devem ser perfeitamente lisas, livres de imperfeições para evitar que compro-
metam o isolamento dos condutores ali instalados. Por esse motivo, é obrigatório que
esses eletrodutos atendam às normas ABNT NBR 5597 (Eletroduto de aço-carbono e
acessórios, com revestimento protetor e rosca NPT — Requisitos) e ABNT NBR 5598
(Eletroduto de aço-carbono e acessórios, com revestimento protetor e rosca BSP — Re-
quisitos).

Algumas especificações gerais para a instalação de eletrodutos subterrâneos:

a) Quando instalados enterrados, os eletrodutos de PVC devem estar a, no mínimo, 25


cm de profundidade em locais sem trânsito de veículos. Já para locais com trânsito
de veículos, a profundidade mínima é de 45 cm envelopados em concreto. A figura a
seguir demonstra o processo de envelopamento em concreto de vários eletrodutos.

101

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

FIGURA 10 – INSTALAÇÃO DE ELETRODUTOS SUBTERRÂNEOS ENVELOPADOS EM CONCRETO

FONTE: <http://bit.ly/2pUwBOf>. Acesso em: 30 mar. 2019.

b) Não devem existir trechos contínuos (sem a existência de caixas de passagem)


de mais de 15 metros para eletrodutos subterrâneos.
c) Nos trechos com curvas, o espaçamento máximo deverá ser diminuído em três
metros para cada curva de 90°.
d) Os eletrodutos subterrâneos devem ser instalados com inclinação para um úni-
co sentido.
e) Não é permitida a emenda de condutores em eletrodutos subterrâneos.

2.3 DIMENSIONAMENTO DE ELETRODUTO


Dimensionar um eletroduto significa determinar a seção interna capaz de
acomodar os condutores de forma satisfatória. As dimensões do eletroduto devem
ser tais que sejam possíveis a instalação e a retirada dos condutores com facilidade.
Com base nisso, a NBR 5410 (2004) especifica as seguintes taxas máximas de ocupa-
ção de eletrodutos:

• 53%: se houver um único condutor;


• 31%: no caso de dois condutores;
• 40%: no caso de três ou mais condutores.

A figura seguinte demonstra a ocupação interna de um eletroduto com cinco


condutores instalados.

102

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TÓPICO 3 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTOS

FIGURA 11 – VISUALIZAÇÃO DA OCUPAÇÃO DE UM ELETRODUTO

FONTE: <http://bit.ly/2BHTHdC>. Acesso em: 30 mar. 2019.

Deve-se observar que a área ocupada pelos condutores é calculada pela soma
das áreas da seção transversal de cada condutor, considerando seu diâmetro externo.
A área da seção transversal de um condutor pode ser calculada, então, da seguinte
maneira:

π Equação 4
AC = De2
4

Em que:

• AC: é a área ocupada pelo condutor, em mm²;


• De: é o diâmetro externo do condutor, em mm.

E
IMPORTANT

Não se pode calcular a área de ocupação dos cabos e fios elétricos com base
na sua seção nominal, pois o valor representa apenas a área ocupada pelo condutor, e é
necessário considerar também a área ocupada pelo material isolante.

É importante consultar, junto ao fabricante, as dimensões dos condutores uti-


lizados. Na impossibilidade de consultar, realizar a medição do diâmetro externo do
condutor com um paquímetro.

Para fins didáticos, utilizaremos, neste livro, as dimensões de condutores apre-


sentadas no quadro seguinte. No entanto, quando forem casos reais, convém consultar
as dimensões exatas dos condutores na página eletrônica de seu fabricante.

103

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

QUADRO 12 – DIMENSÕES DOS CABOS ELÉTRICOS

Seção Nominal do Diâmetro Externo (mm)


Condutor (mm²) Cabos Isolados Cabos Unipolares
1,5 3,00 5,50
2,5 3,70 6,00
4,0 4,30 6,80
6,0 4,90 7,30
10 5,90 8,00
16 6,90 9,00
25 8,50 10,80
35 9,60 12,00
50 11,30 13,90
70 12,90 15,50
95 15,10 17,70
120 16,50 19,20
150 18,50 21,40
185 20,70 23,80
240 23,40 26,70
300 26,00 29,50
FONTE: Mamede Filho (2007, p.148)

Para o dimensionamento dos eletrodutos, deve-se ter mente que estes


costumam ser identificados em termos de seu diâmetro externo (em polegadas ou em
milímetros). No entanto, para a determinação da área útil de ocupação, é necessário
considerar o diâmetro interno dos eletrodutos. Assim, a área útil, conhecendo o valor
de seu diâmetro interno, pode ser calculada pela equação a seguir.

π Equação 5
AE = Di2
4

Em que:

• AE: área útil do eletroduto para acomodação dos condutores, em mm²;


• Di: diâmetro interno do eletroduto, em mm.

As dimensões dos eletrodutos são padronizadas pela ABNT NBR 15465 (2007)
– “Sistemas de eletrodutos plásticos para instalações elétricas de baixa tensão” e pela
NBR 5597 “Eletroduto de aço-carbono e acessórios, com revestimento protetor e rosca
NPT — Requisitos”. Normalmente, são conhecidos o diâmetro externo do eletroduto
e a espessura da sua parede, conforme apresentado nos Quadros 13 e 14. Assim, o
cálculo da área útil interna de um eletroduto circular pode ser efetuado pela equação:
104

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 104 26/11/2019 11:24:12


TÓPICO 3 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTOS

π Equação 6
AE
= ( De − 2e) 2
4

Em que:

• AE: área útil do eletroduto para acomodação dos condutores, em mm²;


• De: diâmetro externo do eletroduto, em mm;
• e: espessura da parede do eletroduto, em mm.

QUADRO 13 – DIMENSÕES DE ELETRODUTOS RÍGIDOS EM PVC

Diâmetro Espessura da
Rosca Área Útil (mm²)
Tamanho Externo Parede (mm)
(pol)
(mm) Classe A Classe B Classe A Classe B
16 1/2 21,1 ± 0,3 2,50 1,80 196 232
20 3/4 26,2 ± 0,3 2,60 2,30 336 356
25 1 33,2 ± 0,3 3,20 2,70 551 593
32 1.1/4 42,2 ± 0,3 3,60 2,90 945 1023
40 1.1/2 47,8 ± 0,4 4,00 3,00 1219 1346
50 2 59,4 ± 0,4 4,60 3,10 1947 2189
65 2.1/2 75,1 ± 0,4 5,50 3,80 3186 3536
80 3 88,0 ± 0,4 6,20 4,00 4441 4976
100 4 114,3 ± 0,4 - 5,00 - 8478
FONTE: Mamede Filho (2007, p.157)

QUADRO 14 – DIMENSÕES DE ELETRODUTOS RÍGIDOS DE AÇO

Diâmetro Espessura da
Rosca Área Útil (mm²)
Tamanho Externo Parede (mm)
(pol)
(mm) Extra Pesada Extra Pesada
10 3/8 17,1 ± 0,38 2,25 2,00 118 127
15 1/2 21,3 ± 0,38 2,65 2,25 192 212
20 3/4 26,7 ± 0,38 2,65 2,25 347 374
25 1 33,4 ± 0,38 3,00 2,65 573 604
32 1.1/4 42,2 ± 0,38 3,35 3,00 969 1008
40 1.1/2 48,3 ± 0,38 3,35 3,00 1334 1380
50 2 60,3 ± 0,38 3,75 3,35 2158 2225
65 2.1/2 73,0 ± 0,64 4,50 3,75 3153 3304
80 3 88,9 ± 0,64 4,75 3,75 4871 5122
90 3.1/2 101,6 ±0,64 5,00 4,25 6498 6714
100 4 114,3 ±0,64 5,30 4,25 8341 8685
FONTE: Mamede Filho (2007, p.2007)

105

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

Para determinar o tamanho do eletroduto capaz de acomodar um dado


conjunto de condutores, é utilizada equação a seguir:

AC _ total Equação 7
AE _ mín =
TO

Em que:

• AE_mín: área útil mínima capaz de acomodar os condutores adequadamente, em


mm²;
• AC_total: soma das áreas de todos os condutores instalados no eletroduto, em
mm²;
• TO: taxa de ocupação máxima permitida, expressa na forma decimal.

Em resumo, o roteiro para o dimensionamento de eletrodutos, sendo


conhecidos os condutores, é:

a) determinar a taxa máxima de ocupação permitida, em valor decimal, de acordo


com o número de condutores envolvidos;
b) calcular a área ocupada por todos os condutores através da Equação 4 e dos dados
do Quadro 12. Opcionalmente, podem ser consultados os catálogos dos fabrican-
tes para obtenção da área ocupada pelos condutores;
c) aplicar a Equação 6 para obter o valor mínimo de área que o eletroduto deve ter
para acomodar os condutores, em conformidade com a taxa máxima de ocupação
considerada;
d) verificar, no Quadro 14, qual o tamanho do eletroduto atende ao valor calculado
no passo anterior.

Exemplo de aplicação 1

Calcular o tamanho mínimo do eletroduto rígido em PVC capaz de conter


três circuitos de uma mesma instalação (condutores em cobre e isolação em PVC)
com essas características: um circuito com dois condutores de 2,5mm²; um circuito
com dois condutores de 4,0 mm²; um circuito com dois condutores de 6,0 mm²; e um
condutor de proteção de 6,0 mm².

Solução:
a) taxa máxima de ocupação: 0,40 (7 condutores);
b) cálculo da área ocupada pelos condutores:

Cálculo da área ocupada por cada condutor:


π 
.(3, 70) 2  10,8 mm²
mm²: ; AC1 =
• condutor 2,5=
4 
• condutor 4,0 mm²: Ac2 = 13,9 mm²;
• condutor 6,0 mm²: Ac3 = 18,1 mm².

106

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TÓPICO 3 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTOS

A área total ocupada pelos condutores será:

Ac_total = (2 × 10,8) + (2 × 13,9) + (3 × 18,1) = 103,7 mm²

c) cálculo da área útil mínima do eletroduto (AE_mín):

AC _ total 103, 7
A=
E _ mín = = 259,3 mm²
TO 0, 40

d) determinação do tamanho do eletroduto de PVC (pelo Quadro 13):

Tamanho = 20 (classe A ou B)

3 ELETROCALHAS
Eletrocalhas, leitos, bandejas e assemelhados compõem um rol de dife-
rentes soluções para a instalação de condutores ao ar livre, conforme descrito na
NBR 5410 (2004). Os diferentes tipos de elementos possuem aplicações variadas,
sendo utilizados, principalmente, na indústria e em edificações comerciais. As
figuras seguintes apresentam alguns desses condutos elétricos.

FIGURA 12 – CONDUTOS ELÉTRICOS AO AR LIVRE: A – CANALETA; B – PERFILADO; C –


ELETROCALHA PERFURADA; D – LEITO PARA CABOS

FONTE: <http://bit.ly/31FgmlD>; <http://bit.ly/2pOVA5E>; <http://bit.ly/2BC61MJ>; <http://bit.


ly/2Ph8hRi>. Acesso em: 1º abr. 2019.

107

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 107 26/11/2019 11:24:13


UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

A utilização de condutores isolados fica restrita aos condutos que têm tampa e
que não têm furações ou espaços que permitem acessar seu interior. Por esse motivo,
normalmente se utilizam cabos uni ou multipolares.

Os perfilados são elementos que se destinam a acomodar os condutores e a


sustentar fisicamente as luminárias dos sistemas de iluminação. Estes possuem dimen-
sões padronizadas de 38 × 38 mm (altura × largura) em barras de três metros de com-
primento.

As eletrocalhas representam a forma mais comum de acomodação de cabos,


depois dos eletrodutos. São constituídas geralmente de aço galvanizado com espessura
de chapa variável. As eletrocalhas podem ser lisas ou perfuradas, com ou sem tampa.

3.1 DIMENSIONAMENTO DE ELETROCALHAS


Por se constituírem do conduto mais comum utilizado em indústrias, fare-
mos a análise para o dimensionamento de eletrocalhas apenas. Demais tipos de con-
dutos poderão ser dimensionados de forma similar à demonstrada a seguir.

A NBR 5410 (2004) não apresenta prescrições para o dimensionamento de


eletrocalhas, ou outros elementos similares, limitando-se a recomendar que os cabos
sejam dispostos em uma única camada e que não seja excedido o volume de material
combustível por metro linear de linha elétrica. No entanto, é bastante comum a insta-
lação de várias camadas de cabos em eletrocalhas.

Considera-se como boa prática ocupar uma eletrocalha em 35% de sua área
útil. As dimensões típicas de eletrocalhas são mostradas no quadro a seguir:

QUADRO 15 – DIMENSÕES DE ELETROCALHAS (MM)

Largura Altura

50 40

100 40

150 60

200 60

300 75

400 75

500 100

600 100
FONTE: Mamede Filho (2007, p. 166)
108

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TÓPICO 3 | DIMENSIONAMENTO DE CONDUTOS

A área da seção transversal de uma eletrocalha pode, então, ser calculada


pela equação 6 já apresentada anteriormente, considerando uma taxa de ocupação
de 0,35.

Exemplo de aplicação 2

Dimensionar uma eletrocalha que precisa acomodar nove cabos unipolares


de cobre, isolação PVC, de 95 mm².

Solução: ao se consultar o Quadro 12, verifica-se que o diâmetro externo


desses cabos é de 17,7 mm. Aplicando a Equação 7, temos:

AC _ total π 1
AE _ mín = =9 × × (17, 7) 2 × =6.327 mm²
TO 4 0,35

Pelo Quadro 15 se verifica que a menor eletrocalha capaz de atender a esta


situação é a de dimensões 150 × 60 mm (9.000 mm²).

109

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RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O conduto é o elemento utilizado para a instalação de condutores elétricos. Existem


vários tipos de condutos: canaletas, eletrocalhas, eletrodutos, perfilados, calhas etc.

• Os eletrodutos são classificados de acordo com seu material construtivo, sua flexi-
bilidade, o tipo de conexão e sua resistência mecânica.

• Ao se dimensionar um eletroduto, deve-se deixar um espaço reserva para que seja


possível inserir e retirar os condutores futuramente.

• O espaço livre no interior do eletroduto, reservado para manutenções e alterações


na instalação, é especificado pela taxa de ocupação máxima. A taxa especifica que,
na maioria dos casos, a ocupação máxima deve ser de 40% da área do eletroduto.

• Para se calcular a área ocupada pelos cabos e fios, deve-se considerar seu diâmetro
externo e não a área nominal do condutor (cobre).

110

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AUTOATIVIDADE

1 Qual é a taxa máxima de ocupação de um eletroduto de acordo com a


NBR5410 (2004)?

2 Para cada situação a seguir, dimensionar os eletrodutos de forma a acomo-


dar os condutores adequadamente.

a) 9 condutores de 2,5 mm² e 3 condutores de 4,0 mm². Todos cabos isolados;


b) 20 cabos isolados de 10 mm²;
c) 8 condutores de 1,5 mm²; 12 de 2,5 mm² e 3 de 6,00 mm². Todos são cabos
isolados.

3 Dimensionar a eletrocalha que acomode adequadamente a instalação de 12


cabos unipolares de 35 mm² e 10 cabos de 50 mm².

111

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112

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UNIDADE 2
TÓPICO 4

DIAGRAMAS, QUADROS DE
CARGAS E RAMAL DE ENTRADA DE ENERGIA

1 INTRODUÇÃO
Tão importante quanto o desenho em planta de uma instalação elétrica é,
também, sua representação esquemática através dos diferentes tipos de diagramas,
esquemas e quadros de cargas. Pode-se citar Lima Filho (1997, p. 76) que concorda
com esse raciocínio:

Os desenhos dos diagramas unifilares ou multifilares dos quadros de dis-


tribuição (quadros gerais e quadros terminais), os detalhes dos centros de
medidores, o desenho esquemático da distribuição vertical da instalação
(prumada elétrica) e outros detalhes da interligação da instalação do consu-
midor com a rede pública da concessionária (entrada de serviço) são funda-
mentais para a perfeita compreensão do projeto de uma instalação elétrica...

Assim, este tópico se prestará a apresentar e detalhar os diferentes esquemas


de representação de uma instalação elétrica, de modo que seu projeto possa ser com-
preendido de forma rápida e eficientemente.

2 DIAGRAMAS UNIFILARES
Os diagramas unifilares, também denominados esquemas unifilares, são
uma representação esquemática da interligação dos componentes de um quadro de
distribuição. Pelo diagrama unifilar, é possível saber de onde vem e para onde vai
cada circuito da instalação, bem como compreender seu funcionamento.

Para uma edificação residencial ou comercial, os seguintes componentes cos-


tumam ser representados no diagrama unifilar:

• a seção dos condutores do ramal de entrada e dos circuitos de saída;


• a corrente nominal e o número de fases dos dispositivos de proteção;
• indicação da seção dos condutores dos circuitos terminais e do ramal de ali-
mentação e dos respectivos tipos (mono, bi ou trifásico);
• a seção e tipo dos dutos dos condutores elétricos;
113

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

• dimensões dos barramentos;


• a indicação dos circuitos.

Em instalações industriais, normalmente mais complexas, também é co-


mum a representação dos seguintes componentes:

• representação das chaves fusíveis e seccionadoras, relés e fusíveis;


• indicação da corrente nominal, faixa de ajuste dos relés e do seu ponto de atuação;
• transformadores da subestação e suas características operacionais;
• transformadores de corrente e de potencial e suas respectivas relações de transfor-
mação;
• outros.

É importante ressaltar que uma das informações necessárias para elaboração


de um diagrama unifilar é a corrente nominal dos dispositivos de proteção, normal-
mente composta por disjuntores. Ainda não foi abordado o método de dimensio-
namento dos componentes de proteção de um circuito elétrico, o que será feito na
Unidade 3. Por esse motivo, neste momento, serão adotadas algumas medidas sim-
ples para o dimensionamento dos disjuntores. Assim, ao se determinar a corrente
nominal dos disjuntores, deve-se ter em mente que:

• a corrente nominal do disjuntor não pode ser maior que a máxima corrente
suportada pelo condutor;
• a determinação da escolha da corrente nominal do disjuntor também deve le-
var em conta a potência atendida pelo circuito.

Os valores de corrente mais comuns para disjuntores da linha DIN, também


denominados de minidisjuntores, são apresentados a seguir:

114

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TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

QUADRO 16 – CORRENTES NOMINAIS DE DISJUNTORES DIN

Capacidade de Corrente Nominal


Interrupção (kA) (A)
3 6
3 10
3 16
3 20
3 25
3 32
3 40
3 50
3 63
3 / 10 70
10 80
10 90
10 100
10 125
FONTE: Soprano Materiais Elétricos (2012, p.18)

A capacidade de interrupção representa a máxima corrente de curto-circuito


suportada pelo componente.

A figura seguinte apresenta um exemplo de um diagrama unifilar de um


apartamento, atendido por um ramal bifásico e com oito circuitos terminais mono-
fásicos.

115

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 115 26/11/2019 11:24:15


UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

FIGURA 13 – EXEMPLO DE UM DIAGRAMA UNIFILAR

FONTE: O autor

Considerando a quantidade de informações a serem inseridas num diagrama


unifilar, convém, inicialmente, elaborar um quadro de cargas da respectiva instala-
ção com as seguintes informações: numeração e nomenclatura dos circuitos termi-
nais atendidos, número de fases de cada circuito, potência instalada por circuito e
total, corrente nominal do disjuntor, seção do condutor elétrico.

Para compreender melhor o processo de elaboração de um diagrama unifilar,


propõe-se o exemplo de aplicação 5, a seguir.

Exemplo de aplicação 5
116

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TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

Neste exemplo, nosso objetivo é elaborar o Diagrama Unifilar e o respec-


tivo Quadro de Cargas do apartamento do exemplo, cuja instalação elétrica é
apresentada na Figura 34 da Unidade 1 (Lançamento da fiação em planta).

Inicia-se com a elaboração do quadro de cargas:

QUADRO 17 – QUADRO DE CARGAS DO APARTAMENTO DE EXEMPLO

Carga Instalada Corrente


Seção do
(W) do
Circuito Utilização Esquema Condutor
Fase Fase Disjuntor
Total (mm²)
R S (A)
1 Iluminação F+N+T 700 700 1,5 10
Tomadas - 700
2 F+N+T 700 2,5 16
quarto, banheiro
3 Tomadas – Sala F+N+T 500 500 2,5 16
Tomadas – 700
4 F+N+T 700 2,5 16
cozinha
Tomadas – 1200
5 F+N+T 1200 2,5 16
serviço
6 Torneira elétrica F+N+T 2000 2000 2,5 16
7 Chuveiro 2F+T 6500 3250 3250 6,0 32
Ar 1500
8 F+N+T 1500 2,5 16
Condicionado
TOTAL 2F+N+T 13800 7150 6650 10 40
FONTE: O autor

Na elaboração do quadro de cargas faz-se necessário indicar a potência de


todos os circuitos atendidos. Essa potência é aquela efetivamente instalada na edifica-
ção e não a potência prevista inicialmente no projeto. Embora ambas tenham valores
parecidos, a elaboração do projeto pode levar à existência de potências instaladas
maiores do que as inicialmente previstas.

Ainda sobre as potências, vale ressaltar que é costume indicar no quadro de


cargas as potências ativas (em watts). No caso, foi feita uma conversão direta da po-
tência aparente para a ativa, considerando um fator de potência igual a um, o que re-
sulta num cenário mais seguro por considerar a potência instalada um pouco maior.

É no momento da elaboração do quadro de cargas que deve ser realizada a


distribuição dos circuitos entre as diferentes fases (quando houver mais de uma fase).
O que se busca é o equilíbrio de fases, ou seja, a distribuição mais igualitária possível
de cargas instaladas entre as fases do quadro. Agindo desse modo, o circuito funcio-
nará de forma mais eficiente e a possibilidade de sobrecarga é diminuída.

117

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

Em seguida, é definida a seção dos condutores através dos critérios já estuda-


dos e, então, a corrente nominal dos disjuntores. Vale ressaltar que os disjuntores serão
discutidos com mais detalhes na Unidade 3, então, no caso de dúvidas (tais como tipos,
dimensionamento, funcionamento etc.), é provável que sejam respondidas adiante.

Após a elaboração do quadro de cargas, procede-se com a elaboração do dia-


grama unifilar, cujo resultado é mostrado na Figura 15.

O dimensionamento dos condutores e a proteção do ramal de alimentação do


quadro devem ser feitos considerando-se as cargas instaladas do quadro e as especifi-
cações da concessionária de energia. O dimensionamento leva em consideração a cor-
rente de projeto prevista, cujo procedimento já foi visto, e também duas regras básicas
no dimensionamento:

• os dispositivos de proteção à montante devem ter valores nominais de corrente


maiores que os dispositivos à jusante;
• os condutores à montante devem ter seção nominal maior ou igual aos condutores
à jusante.

ATENCAO

Em eletricidade, os termos à montante e à jusante significam, respectivamente,


antes e depois de um determinado referencial, considerando o sentido da corrente envolvida.
Para auxiliar na compreensão desses conceitos, verifique o diagrama unifilar parcialmente
mostrado na Figura 14. Considerando o sentido da corrente indicada, os condutores à esquerda
estão à montante do disjuntor (mais próximos da fonte de energia, comparativamente) e os
condutores à direita do disjuntor estão à jusante (mais próximos da carga).

FIGURA 14 – DEMONSTRAÇÃO DE DISPOSITIVO A JUSANTE E A MONTANTE

FONTE: O autor

Por fim, pode-se elaborar o diagrama unifilar, mostrado a seguir:

118

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TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

FIGURA 15 – QUADRO UNIFILAR DO APARTAMENTO

FONTE: O autor

Foram tomadas algumas decisões com parte em suposições: considerou-se


que o ramal de alimentação do quadro provém de um quadro denominado por
QGM, uma sigla para Quadro Geral de Medição, que é o elemento que abriga todos
os medidores de energia da edificação.

Logo após a proteção geral, foi instalado um dispositivo de proteção Diferen-


cial Residual (DR). Estudaremos sobre a obrigatoriedade de instalação desse disposi-
tivo na próxima unidade do livro didático.

Optou-se por indicar a potência e fase de cada circuito terminal do quadro.


Esse procedimento auxilia na execução da instalação e permite a conferência dos da-
dos mais facilmente.

Uma outra forma de indicar a ligação dos elementos de um quadro de dis-


tribuição é através do diagrama (ou esquema) multifilar. São representados todos
os condutores envolvidos no sistema. Um exemplo de um diagrama multifilar é de-
monstrado na Figura 16, que representa a interconexão dos diversos componentes do
quadro de distribuição do apartamento utilizado nos exemplos.
119

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

FIGURA 16 – DIAGRAMA MULTIFILAR DO APARTAMENTO DE EXEMPLO

FONTE: O autor

Os diagramas multifilares costumam ser utilizados para representar sistemas


multifásicos, principalmente em indústrias, por serem mais complexos e possuírem
mais elementos a serem representados.

3 PRUMADA ELÉTRICA
A Prumada Elétrica, também denominada de Esquema Vertical, é um dese-
nho esquemático que visa representar a instalação elétrica entre os diferentes pavi-
mentos de uma edificação. O desenho é muito importante para auxiliar no entendi-
mento da distribuição da instalação entre os diversos pavimentos e entre os vários
quadros e caixas de passagens.

A prumada elétrica costuma ser composta dos seguintes elementos:

• um desenho lateral simplificado da edificação, normalmente sem escala;


• os quadros de distribuição;
• os eletrodutos de interligação entre os quadros e os condutores em seu interior;
• as caixas de passagem e suas dimensões;
• quadro de medição da edificação.

Um exemplo de prumada elétrica é apresentado na figura a seguir. É possível


verificar a distribuição dos ramais de alimentação dos quadros de distribuição dos
apartamentos de um prédio de três pavimentos. O elemento denominado de QGM
representa o Quadro Geral de Medição da edificação. Optou-se por representar ape-
nas os elementos à jusante do QGM.
120

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TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

FIGURA 17 – PRUMADA ELÉTRICA DE UM EDIFÍCIO DE APARTAMENTOS

FONTE: O autor

4 COMPONENTES DO RAMAL DE ENTRADA DE ENERGIA


O ramal de entrada de energia de uma instalação é composto por todos os
elementos necessários capazes de ligar a rede interna de energia da edificação à
rede de distribuição da concessionária. Os seguintes elementos costumam compor
o ramal: condutores, eletrodutos, caixas de passagem, postes, quadro de medição de
energia, proteções e aterramento.

O ramal de entrada deve ser especificado de acordo com as instruções da


concessionária de energia e, embora todos sigam padrões similares, podem existir al-
guns detalhes importantes que diferenciam as regras das diferentes concessionárias.
Assim, é importante que o projetista conheça com detalhes as instruções técnicas da
concessionária de energia.

De forma geral, as seguintes características precisam ser levadas em conta


no momento de elaborar e detalhar os componentes da entrada de energia de uma
edificação:

• padronização estabelecida pela concessionária de energia local;


• número de unidades consumidoras atendidas;
121

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

• tensão de fornecimento (alta ou baixa tensão);


• demanda da edificação;
• localização da edificação em relação à rede da concessionária;
• localização do quadro de medição de energia da edificação.

A figura seguinte apresenta modelos de poste utilizados para entrada de


energia em baixa tensão conforme as recomendações da CPFL Energia de São Paulo.

FIGURA 18 – POSTES DE ENTRADA DE ENERGIA COM CAIXAS DE MEDIÇÃO INCORPORADAS

FONTE: <http://bit.ly/366efdN>. Acesso em: 16 mai. 2019.

A especificação dos componentes do ramal de entrada é feita pela concessio-


nária de energia local e leva em conta a carga instalada (ou a demanda calculada) e
o número de unidades consumidoras atendidas. Devido às diferenças inerentes aos
tipos de edificação, as concessionárias de energia costumam considerar três padrões
de entrada distintos, cada um com um conjunto específico de regras a serem seguidas
pelo projetista:

• edificação com uma unidade consumidora atendida em baixa tensão;


• edificação com várias unidades consumidoras atendidas em baixa tensão;
• edificações atendidas em alta tensão.

Pela proposta deste livro, vamos abordar os dois primeiros tipos, que se
referem a edificações atendidas em baixa tensão.

4.1 ENTRADA DE ENERGIA PARA UNIDADES CONSUMIDORAS


INDIVIDUAIS
Conforme já mencionado, cada concessionária de energia possui um conjun-
to próprio de instruções técnicas a serem seguidas para a especificação dos ramais de
entrada de energia. Assim, abordaremos o assunto de forma genérica utilizando, por
vezes, as normas de uma ou outra concessionária.
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TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

O dimensionamento do ramal de entrada de unidades consumidoras é feito


levando em conta sua carga instalada ou demanda calculada. Na tabela a seguir,
extraída da especificação técnica “Fornecimento em Tensão Secundária de Distribui-
ção” da Copel, é possível conferir as especificações dos componentes da entrada de
energia de acordo com a demanda máxima da edificação.

TABELA 1 – DIMENSIONAMENTO DO RAMAL DE ENTRADA (TENSÃO 127/220V)

FONTE: Copel Distribuição SA. (2016, p. 34)

123

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

Para a perfeita compreensão da tabela, é necessário que se especifiquem


alguns elementos e, para tanto, utilizaremos a figura seguinte como referência.

FIGURA 19 – COMPONENTES DE UM RAMAL DE ENTRADA AÉREO

FONTE: O autor

São definidos os seguintes elementos:

• Ramal de ligação: condutores que derivam da rede da concessionária e seguem até


o ponto de entrega.
• Ponto de entrega: ponto de conexão do sistema elétrico da concessionária com as
instalações elétricas da unidade consumidora, caracterizando-se como o limite da
responsabilidade de fornecimento da concessionária.
• Ramal de entrada: condutores, conexões e acessórios instalados desde a conexão
com o ramal de ligação até o disjuntor no quadro de medição.
• Poste particular ou de entrada: poste situado na propriedade do consumidor com
a finalidade de fixar o ramal de ligação aéreo.

O ramal de entrada de energia também poderá ser subterrâneo, derivan-


do diretamente do poste da concessionária e seguindo até o quadro de medição
localizado no terreno do proprietário. Nestes casos, não existe o ramal de ligação
e o ponto de entrega é considerado o poste da concessionária.

4.2 CÁLCULO DA DEMANDA PARA EDIFICAÇÕES RESIDENCIAIS


INDIVIDUAIS
Numa edificação, é pouco provável que todos os equipamentos e
componentes elétricos estejam ligados ao mesmo tempo. Denomina-se por Fator de

124

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TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

Demanda (FD, sem unidade) a razão entre a carga efetivamente demandada (D, em
VA) pelo consumidor pela carga total instalada na edificação (P, em W ou VA), tal
como mostrado na Equação 7:

D Equação 7
FD =
P

O fator de demanda não tem unidade pois representa um percentual da car-


ga utilizada. Numa instalação, o fator de demanda varia de acordo com o tipo de
edificação (residencial, comercial, industrial ou misto), tamanho da edificação, tipo
de atividade exercida na edificação, condições ambientais (inverno ou verão) etc.

Uma possível maneira de calcular a Demanda (DEM) solicitada por uma edi-
ficação residencial individual é através da Equação 8:

DEM = ( FD × P1) + P 2 Equação 8

Em que:

• DEM: demanda provável da edificação, em VA ou kVA;


• FD: fator de demanda da edificação, conforme quadro seguinte;
• P1: soma das potências nominais de iluminação e das tomadas de uso geral da
edificação, em W ou kW;
• P2: soma das potências nominais das tomadas de uso específico da edificação, em
VA ou kVA.

QUADRO 18 – FATOR DE DEMANDA DE ILUMINAÇÃO E TOMADAS EM RESIDÊNCIAS

Potência de Iluminação e
Fator de Demanda (FD)
Tomadas de Uso Geral (kW)
0a1 0,88
1a2 0,75
2a3 0,66
3a4 0,59
4a5 0,52
5a6 0,45
6a7 0,40
7a8 0,35
8a9 0,31
9 a 10 0,27
Acima de 10 0,24
FONTE: Adaptado de Lima Filho (2004)

125

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 125 26/11/2019 11:24:20


UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

Exemplo de aplicação:

Calcular a demanda provável de uma residência que possui as seguintes


cargas instaladas:

• potência de iluminação: 1600 W;


• tomadas de uso comum: 4300 W;
• chuveiro elétrico: 5400 W;
• forno micro-ondas: 900 W;
• ar-condicionado: 2700 W.

A soma das potências de iluminação e das tomadas de uso geral é:

P1 = 1600 + 4300 = 5900 W

Pelo Quadro 18, verifica-se que o fator de demanda correspondente é 0,45.

Os equipamentos de uso específico devem ter suas potências convertidas


para VA dividindo sua potência nominal pelo respectivo fator de potência:

Potência
Equipamento Potência Nominal (W) Fator de Potência*
Aparente (VA)
Chuveiro elétrico 5400 1,0 5400
Forno micro-ondas 900 0,85 1060
Ar-condicionado 2700 0,80 3375
* Consultado em diversos sites.

Então, a potência aparente total das tomadas é:

P2 = 5400 + 1060 + 3375 = 9835 VA

Por fim, a demanda provável pode ser calculada conforme a Equação 2:

DEM = (0,45×5900) + 9835 = 12.480 VA = 12,48 kVA


A forma anterior demonstrada é uma das maneiras de determinar a de-
manda prevista de uma residência individual. Existem várias outras que podem
trazer resultados diferentes por partirem de princípios estatísticos distintos.

Para edificações comerciais ou residenciais, o cálculo da demanda vai va-


riar muito conforme o tipo de utilização da unidade consumidora. Muitos méto-
dos utilizam fatores de demanda predeterminados para cada tipo de instalação
fazendo uso da Equação 7. Métodos mais precisos consistem em analisar a curva
de demanda da edificação ou realizar pesquisas em instalações similares.

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 126 26/11/2019 11:24:21


TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

ATENCAO

Curva de demanda é a variação da demanda solicitada por uma edificação ao longo do tempo.

4.3 ENTRADA DE ENERGIA PARA EDIFÍCIOS DE USO


COLETIVO
Edificações que possuem várias unidades consumidoras independentes, tais
como prédios comerciais ou apartamentos, casas geminadas, shopping centers e ou-
tros, necessitam de uma entrada de energia que preveja a necessidade de medição e
proteção individualizada.

É importante ressaltar que, embora possam existir vários consumidores


numa mesma edificação (com medições independentes) por questões de segurança,
só é permitida a instalação de uma única entrada de energia no prédio. Isso significa
que um único ramal de energia poderá derivar da rede da concessionária e seguirá
até um Quadro de Medição (QM), este que fará a distribuição adequada para as de-
mais unidades consumidoras, conforme ilustra a figura a seguir.

FIGURA 20 – ESQUEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA PARA UM EDIFÍCIO DE USO COLETIVO

FONTE: O autor

Em relação às especificações gerais para a localização do QM, este deve estar


localizado numa área comum da edificação, com fácil acesso para os funcionários da
concessionária de energia, e deve ser dimensionado e especificado de acordo com as
características das unidades consumidoras atendidas e das especificações técnicas da
concessionária. A figura a seguir apresenta um quadro de medição de energia para
34 medidores, conforme padrão da concessionária Elektro de Campinas/SP.

127

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

FIGURA 21 – QUADRO DE MEDIÇÃO DE ENERGIA PARA EDIFÍCIO DE USO COLETIVO PARA 34


MEDIDORES

FONTE: <http://bit.ly/2paiBQA>. Acesso em: 12 maio 2019.

4.3.1 Cálculo da demanda provável da edificação

O cálculo da demanda de uma edificação pode variar conforme as especifica-


ções da concessionária, tipo de edificação etc. O método de cálculo de demanda para
edificações de uso coletivo aqui apresentado é utilizado por diversas concessionárias
de energia no Brasil, sendo desenvolvido pelo CODI – Comitê de Distribuição de
Energia Elétrica –, e abrange uma ampla gama de situações. No entanto, por se base-
ar num método estatístico e de probabilidades locais e regionais, garante um resulta-
do aproximado do valor real de demanda. Assim, denomina-se Provável Demanda
Máxima o valor da demanda calculada pelo método.

A demanda máxima provável da edificação, doravante denominada apenas


de Demanda Total (DT), pode ser calculada por:

DT = 1,2×(D1 + D2) + E + G Equação 9

Em que:

• D1: demanda das unidades residenciais, em kVA;


• D2: demanda do condomínio, em kVA;
• E: demanda das cargas especiais da edificação (saunas, centrais de refrigeração ou
aquecimento, iluminação de quadras esportivas etc.) em kVA. Utiliza-se um fator
de demanda de 100% (FD = 1,0);
• G: Demanda referente a lojas ou escritórios, em kVA.

O termo 1,2 é um fator de segurança e pode ser aumentado caso a edificação


apresente características de utilização de muitas cargas simultâneas.

• Cálculo da demanda das unidades residenciais (D1)

128

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TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

A demanda das unidades residenciais pode ser calculada pela Equação 10:

D1 = F × A Equação 10

Em que:

F: fator de diversidade, de acordo com o número de apartamentos, conforme


a tabela a seguir; e
A: demanda do apartamento em função da sua área útil, conforme a Tabela 3.

TABELA 2 – FATORES DE DIVERSIDADE EM FUNÇÃO DO NÚMERO DE APARTAMENTOS

Nº F. Nº F. Nº F. Nº F. Nº F. Nº F.
Aptos Div. Aptos Div. Aptos Div. Aptos Div. Aptos Div. Aptos Div.
1 1,00 51 35,90 101 63,59 151 74,74 201 80,80 251 82,73
2 1,96 52 36,46 102 63,84 152 74,89 202 80,90 252 82,74
3 2,92 53 37,02 103 64,09 153 75,04 203 80,80 253 82,75
4 3,88 54 37,58 104 64,34 154 75,19 204 81,00 254 82,76
5 4,84 55 38,14 105 64,59 155 75,34 205 81,09 255 82,77
6 5,80 56 38,70 106 64,84 156 75,49 206 81,10 256 82,78
7 6,76 57 39,26 107 65,09 157 75,64 207 81,19 257 82,79
8 7,72 58 39,82 108 65,34 158 75,79 208 81,20 258 82,80
9 8,68 59 40,38 109 65,59 159 75,94 209 81,20 259 82,81
10 9,64 60 40,94 110 65,84 160 76,09 210 81,30 260 82,82
11 10,42 61 41,50 111 66,09 161 76,24 211 81,39 261 82,83
12 11,20 62 42,05 112 66,34 162 76,39 212 81,40 262 82,84
13 11,98 63 42,62 113 66,59 163 76,54 213 81,49 263 82,85
14 12,76 64 43,18 114 66,84 164 76,69 214 81,50 264 82,86
15 13,54 65 43,74 115 67,09 165 76,84 215 81,50 265 82,87
16 14,32 66 44,30 116 67,34 166 76,99 216 81,60 266 82,88
17 15,10 67 44,86 117 67,59 167 77,14 217 81,69 267 82,89
18 15,88 68 45,42 118 67,84 168 77,29 218 81,70 268 82,90
19 16,66 69 45,98 119 68,09 169 77,44 219 81,79 269 82,91
20 17,44 70 46,54 120 68,34 170 77,59 220 81,80 270 82,92
21 18,04 71 47,10 121 68,59 171 77,74 221 81,80 271 82,93
22 18,65 72 47,66 122 68,84 172 77,89 222 81,90 272 82,94
23 19,25 73 48,22 123 69,09 173 78,04 223 81,99 273 82,95
24 19,86 74 48,78 124 69,34 174 78,19 224 82,00 274 82,96
25 20,46 75 49,34 125 69,59 175 78,34 225 82,09 275 82,97
26 21,06 76 49,90 126 69,79 176 78,44 226 82,12 276 83,00
27 21,67 77 50,46 127 69,99 177 78,54 227 82,14
28 22,27 78 51,02 128 70,19 178 78,64 228 82,17
29 22,88 79 51,58 129 70,39 179 78,74 229 82,19
129

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

30 23,48 80 52,14 130 70,59 180 78,84 230 82,22


31 24,08 81 52,70 131 70,79 181 78,94 231 82,24
32 24,69 82 53,26 132 70,99 182 79,04 232 82,27
33 25,29 83 53,82 133 71,19 183 79,14 233 82,29
34 25,90 84 54,38 134 71,39 184 79,24 234 82,32
35 26,50 85 54,90 135 71,59 185 79,34 235 82,34
36 27,10 86 55,50 136 71,79 186 79,44 236 82,37
37 27,71 87 56,06 137 71,99 187 79,54 237 82,39
38 28,31 88 56,62 138 72,19 188 79,64 238 82,42
39 28,92 89 57,18 139 72,39 189 79,74 239 82,44
40 29,52 90 57,74 140 72,59 190 79,84 240 82,47
41 30,12 91 58,30 141 72,79 191 79,94 241 82,49
42 30,73 92 58,86 142 72,99 192 80,04 242 82,52
43 31,33 93 59,42 143 73,19 193 80,14 243 82,54
44 31,94 94 59,98 144 73,39 194 80,24 244 82,57
45 32,54 95 60,54 145 73,59 195 80,34 245 82,59
46 33,10 96 61,10 146 73,79 196 80,44 246 82,62
47 33,66 97 61,66 147 73,99 197 80,54 247 82,64
48 34,22 98 62,22 148 74,19 198 80,64 248 82,67
49 34,78 99 62,78 149 74,39 199 80,74 249 82,69
50 35,34 100 63,34 150 74,59 200 80,84 250 82,72
FONTE: NT-03 Celesc (1997, p.45)

TABELA 3 - DEMANDAS DOS APARTAMENTOS EM FUNÇÃO DAS ÁREAS

m² kVA m² kVA m² kVA m² kVA m² kVA m² kVA


51 1,18 101 2,17 151 3,12 201 4,03 251 4,91
52 1,20 102 2,19 152 3,13 202 4,04 252 4,93
53 1,22 103 2,21 153 3,15 203 4,06 253 4,95
54 1,24 104 2,23 154 3,17 204 4,08 254 4,96
55 1,26 105 2,25 155 3,19 205 4,10 255 4,98
56 1,28 106 2,27 156 3,21 206 4,12 256 5,00
57 1,30 107 2,29 157 3,23 207 4,13 257 5,02
58 1,32 108 2,31 158 3,25 208 4,15 258 5,03
59 1,34 109 2,33 159 3,26 209 4,17 259 5,05
60 1,36 110 2,35 160 3,26 210 4,19 260 5,07
61 1,38 111 2,37 161 3,30 211 4,20 261 5,09
62 1,40 112 2,39 162 3,32 212 4,22 262 5,10
63 1,43 113 2,40 163 3,34 213 4,24 263 5,12
64 1,45 114 2,42 164 3,36 214 4,26 264 5,14
65 1,47 115 2,44 165 3,37 215 4,28 265 5,16
66 1,49 116 2,46 166 3,39 216 4,29 266 5,17

130

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TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

67 1,51 117 2,48 167 3,41 217 4,31 267 5,19


68 1,53 118 2,50 168 3,43 218 4,33 268 5,21
69 1,55 119 2,52 169 3,45 219 4,35 269 5,23
20 1,00 70 1,57 120 2,54 170 3,47 220 4,36 270 5,24
21 1,00 71 1,59 121 2,56 171 3,48 221 4,38 271 5,26
22 1,00 72 1,61 122 2,57 172 3,50 222 4,40 272 5,28
23 1,00 73 1,63 123 2,59 173 3,52 223 4,42 273 5,29
24 1,00 74 1,65 124 2,61 174 3,54 224 4,44 274 5,31
25 1,00 75 1,67 125 2,63 175 3,56 225 4,45 275 5,33
26 1,00 76 1,69 126 2,65 176 3,57 226 4,47 276 5,35
27 1,00 77 1,71 127 2,67 177 3,59 227 4,49 277 5,36
28 1,00 78 1,73 128 2,69 178 3,61 228 4,51 278 5,38
29 1,00 79 1,75 129 2,71 179 3,63 229 4,52 279 5,40
30 1,00 80 1,76 130 2,73 180 3,65 230 4,54 280 5,42
31 1,00 81 1,78 131 2,74 181 3,67 231 4,56 281 5,43
32 1,00 82 1,80 132 2,76 182 3,68 232 4,58 282 5,45
33 1,00 83 1,82 133 2,78 183 3,70 233 4,59 283 5,47
34 1,00 84 1,84 134 2,80 184 3,72 234 4,61 284 5,49
35 1,00 85 1,86 135 2,82 185 3,74 235 4,63 285 5,50
36 1,00 86 1,88 136 2,84 186 3,76 236 4,65 286 5,52
37 1,00 87 1,90 137 2,86 187 3,77 237 4,67 287 5,54
38 1,00 88 1,92 138 2,88 188 3,79 238 4,68 288 5,55
39 1,00 89 1,94 139 2,89 189 3,81 239 4,70 289 5,57
40 1,00 90 1,96 140 2,91 190 3,83 240 4,72 290 5,59
41 1,00 91 1,98 141 2,93 191 3,85 241 4,74 291 5,61
42 1,00 92 2,02 142 2,95 192 3,86 242 4,75 292 5,62
43 1,01 93 2,04 143 2,97 193 3,88 243 4,77 293 5,64
44 1,03 94 2,06 144 2,99 194 3,90 244 4,79 294 5,66
45 1,05 95 2,08 145 3,01 195 3,92 245 4,81 295 5,68
46 1,08 96 2,10 146 3,02 196 3,94 246 4,82 296 5,69
47 1,10 97 2,12 147 3,04 197 3,95 247 4,84 297 5,71
48 1,12 98 2,14 148 3,06 198 3,97 248 4,86 298 5,73
49 1,14 99 2,16 149 3,08 199 3,99 249 4,88 299 5,74
50 1,16 100 2,16 150 3,10 200 4,01 250 4,89 300 5,76
FONTE: NT-03 Celesc (1997, p.44)

Caso a edificação possua apartamentos com áreas distintas, deve-se pro-


ceder com a média ponderada das áreas de toda edificação e utilizar esse valor
no Quadro 14.

• Cálculo da demanda referente ao condomínio (D2)

131

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 131 26/11/2019 11:24:25


UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

A demanda referente às cargas do condomínio pode ser calculada pela


Equação 11:

D2 = B + C + D Equação 11

Em que:

• B: demanda referente à iluminação, em kVA. Considera-se um fator de


demanda de 100% para os primeiros 10 kW de carga de iluminação e 25% para
o que estiver além desses 10 kW.
• C: demanda referente às tomadas de uso geral do condomínio, em kVA.
Considera-se um fator de demanda de 25% da carga instalada.
• D: demanda referente aos motores, tais como elevadores e bombas.

A potência aparente consumida por motores pode ser obtida de catálogos


técnicos amplamente disponíveis na internet. Opcionalmente, o cálculo da
potência aparente requerida por um motor pode ser feito através da Equação 12:

cv.736 Equação 12
S motor =
η × FP

Em que:

• cv: potência do motor expressa em cv. Se a potência do motor for indicada em


HP, deve-se multiplicá-la por 746;
• η: rendimento do motor, expresso na forma decimal;
• FP: fator de potência do motor.

Quando a edificação possuir vários equipamentos a motor iguais, pode-se


utilizar o fator de diversidade de motores, conforme indicado na tabela a seguir.

TABELA 4 – FATOR DE DIVERSIDADE PARA MOTORES

Quantidade de motores de Fator de diversidade


uma mesma potência aplicável
1 1
2 1,5
3 1,9
4 2,3
5 2,7
6 3
7 3,3
8 3,6
9 3,9
10 4,2
FONTE: NT-03 da Celesc (1997, p. 43)

132

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 132 26/11/2019 11:24:26


TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

• Demanda referente a lojas ou escritórios (G)

O cálculo da demanda para as unidades comerciais deve levar em considera-


ção o tamanho, tipo e especificidades de uso da unidade consumidora considerada. O
perfil de consumo de eletricidade pode variar muito em unidades comerciais: uma loja
de roupas possui um fator de demanda de praticamente 100%, já um escritório pode
apresentar um perfil bem mais conservador. O cálculo apresentado a seguir costuma
representar uma boa aproximação das condições reais de uma unidade consumidora
comercial.

Para a iluminação e tomadas de uso geral (consideradas simultaneamente), uti-


liza-se um fator de demanda que varia de acordo com a atividade desenvolvida pela
unidade consumidora, conforme pode ser visto na tabela a seguir.

TABELA 5 – FATOR DE DEMANDA POR ATIVIDADE COMERCIAL

Descrição Fator de Demanda (%)


Auditórios, salões para exposições e
100
semelhantes
Bancos, lojas e semelhantes 100
Barbearias, salões de beleza e
100
semelhantes
Clubes e semelhantes 100
100 para os primeiros 12 kVA
Escolas e semelhantes
50 para o que exceder 12 kVA
100 para os primeiros 20 kVA
Escritórios (edifícios de)
70 para o que exceder 20 kVA
Garagens comerciais e semelhantes 100
40 para os primeiros 50 kVA
Hospitais e semelhantes
20 para o que exceder 50 kVA
Hotéis e semelhantes 100
Igrejas e semelhantes 100
Restaurantes e semelhantes 100
FONTE: Celesc (1997, p.40)

Para as cargas especiais das unidades consumidoras comerciais, utilizam-se


as prescrições já analisadas anteriormente.

Exemplo de aplicação:

Calcular a demanda total de uma edificação de uso coletivo com as seguintes


características:

• 20 apartamentos com 82 m²;


• 30 apartamentos com 93 m²;
• Cargas do condomínio:
133

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 133 26/11/2019 11:24:26


UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

0 carga de iluminação: 12 kW;


0 tomadas de uso geral: 6 kW
0 dois elevadores com um motor de 12 cv cada;
0 uma bomba para cisterna de 5 cv.

Iniciamos o cálculo pelas demandas residenciais. Deve-se realizar a média


ponderada das áreas dos apartamentos:

=Área
(=
20 × 82 ) + ( 30 × 93)
88, 6 m²
( 20 + 30 )

Na Tabela 3, ao procurarmos pela demanda correspondente a 88,6, chegamos


a: A = 1,94 kVA.

Pela Tabela 2, verificamos que o fator de diversidade correspondente a 50


apartamentos é 35,34, então, através da Equação 10, temos que a demanda de todas as
unidades residenciais é:

D1 = 1,94 × 35,34 = 68,56 kVA

A demanda da iluminação do condomínio é assim calculada:

B = 1,0 × (12kW)/0,90 = 13,33 kVA

Para as tomadas de uso geral:

C = 0,25 × (6kW)/0,90 = 1,67 kVA

A demanda dos motores do condomínio pode ser assim determinada:

D = (Demanda Elevadores) + (Demanda Bomba)

Para a demanda dos elevadores, vamos, inicialmente, calcular a respectiva po-


tência aparente, conforme a Equação 12, e depois aplicar o fator de diversidade indicado
na Tabela 4. Os valores de rendimento e fator de potência foram pesquisados na internet.

736 ×12
Selevador
= = 11, 41 kVA
0,86 × 0,90

Para dois motores, a Tabela 4 informa um fator de diversificação de 1,5, logo:

Demanda Elevadores = 11,41 × 1,5 = 17,12 kVA

134

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TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

A demanda da bomba é calculada pela sua potência aparente com fator


diversificação de 1,0:

736 × 5
Sbomba
= = 4,98 kVA
0,88 × 0,84

Então, a potência dos motores será:

D = 11,41 + 4,98 = 16,39 kVA

Assim, a demanda do condomínio (D2) será:

D2 = 13,33 + 1,67 + 16,39 = 31,39 kVA

Por fim, a demanda total da edificação será:

DT = 1,2 × (D1 + D2) = 1,2 × (68,56 + 31,39) = 119,94 kVA

Assim, concluímos o cálculo da demanda total da edificação. O passo se-


guinte é verificar, junto às normativas técnicas da concessionária local, quais serão
as especificações dos componentes necessários. O dimensionamento dos conduto-
res e proteções também deverá atender aos critérios de dimensionamento estuda-
dos anteriormente.

Uma nota final a respeito das demandas é que a maioria das concessionárias
especifica o limite máximo de carga instalada para que determinada unidade consu-
midora seja atendida em baixa tensão de 75 kW. Se a unidade consumidora possuir
carga instalada superior, então esta deverá ser atendida por transformador, que sai
do escopo de estudo deste livro. Nota-se que esse limite de carga se refere a uma uni-
dade consumidora e não à edificação como um todo.

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

LEITURA COMPLEMENTAR

TARIFA BRANCA É NOVA OPÇÃO PARA QUEM TEM CONSUMO ACIMA


DE 250 kWh
A modalidade está disponível para novas ligações e consumidores com média
mensal superior a 250 kWh – cerca de 15,9 milhões de unidades consumidoras.

Desde 1º de janeiro de 2019, a opção pela tarifa branca está disponível


para quem consome mais de 250 KWh/mês (cerca de 15,9 milhões de unidades
consumidoras). A tarifa branca sinaliza aos consumidores a variação do valor da
energia conforme o dia e o horário do consumo. Ela é oferecida para as unidades
consumidoras que são atendidas em baixa tensão (residências e pequenos comér-
cios, por exemplo) e não se aplica a consumidores residenciais classificados como
baixa renda e beneficiários de descontos previstos em Lei.

Aprovada em 2016, a aplicação da tarifa segue um cronograma de prefe-


rência, de modo a priorizar as solicitações com as seguintes características:

• 1º de janeiro de 2018 para novas ligações e para unidades consumidoras com


média anual de consumo mensal superior a 500 kW/h;
• 1º de janeiro de 2019 para unidades consumidoras com média anual de consu-
mo mensal superior a 250 kW/h; e,
• 1º de janeiro de 2020 para todas as unidades consumidoras.

Controle do consumo

Com a tarifa branca, o consumidor passa a ter a possibilidade de pagar


valores diferentes em função da hora e do dia da semana em que consome a ener-
gia elétrica. Se o consumidor adotar hábitos que priorizem o uso da energia nos
períodos de menor demanda (manhã, início da tarde e madrugada, por exemplo),
a opção pela tarifa branca oferece a oportunidade de reduzir o valor pago pela
energia consumida.

Nos dias úteis, a tarifa branca tem três valores: ponta, intermediário e fora
de ponta. Esses períodos são estabelecidos pela ANEEL e são diferentes para cada
distribuidora. Sábados, domingos e feriados contam com a tarifa branca nas 24 horas
do dia.

É muito importante que o consumidor, antes de optar pela tarifa branca,


conheça seu perfil de consumo. Quanto mais o consumidor deslocar seu consumo
para o período fora de ponta, maiores são os benefícios da modalidade. Todavia,
a tarifa branca não é recomendada se o consumo for maior nos períodos de ponta
e intermediário e não houver possibilidade de transferência do uso dessa energia
elétrica para o período fora de ponta. Nessas situações, o valor da fatura pode
subir. Por isso, é bom ter atenção ao solicitar a mudança.

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TÓPICO 4 | DIAGRAMAS, QUADROS DE

Da mesma forma que é possível aderir, se o consumidor não perceber a


vantagem, ele pode solicitar sua volta ao sistema anterior (tarifa convencional). A
distribuidora terá 30 dias após o pedido para retornar o consumidor ao sistema
convencional. Caso queira participar de novo da modalidade tarifária branca, há
um período de carência de 180 dias.

Para ter certeza do seu perfil, o consumidor deve comparar suas contas
com a aplicação das duas tarifas. Isso é possível por meio de simulação com base
nos hábitos de consumo e equipamentos. Para aderir à tarifa branca, os consumi-
dores precisam formalizar sua opção junto à distribuidora. Quem não optar por
essa modalidade, continuará sendo faturado pelo sistema atual.

Antes da criação da tarifa branca, havia apenas a tarifa convencional, com


um valor único (em R$/kWh) cobrado pela energia consumida em todos os dias
e horas. A nova modalidade cria condições que incentivam alguns consumidores
a deslocarem o consumo dos períodos de ponta para aqueles em que a rede de
distribuição de energia elétrica tem capacidade ociosa.

FONTE: <http://www.aneel.gov.br/sala-de-imprensa-exibicao-2/-/asset_publisher/
zXQREz8EVlZ6/content/tarifa-branca-e-nova-opcao-para-quem-tem-consumo-acima-
de-250-kwh/656877?inheritRedirect=false>. Acesso em: 14 maio 2019.

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UNIDADE 2 | DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES DE UMA INSTALAÇÃO

RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você aprendeu que:

• O diagrama unifilar ou multifilar de uma instalação elétrica apresenta a forma


como os circuitos são constituídos, informando: as características dos condutores,
tamanho dos condutos, número de fases dos circuitos, detalhes das proteções e
interligação entre os circuitos.

• O quadro de cargas apresenta a carga instalada de um determinado quadro de dis-


tribuição da instalação. Além disso, ele apresenta informações sobre os condutores e
respectivas proteções. É um elemento complementar ao diagrama unifilar.

• A prumada elétrica representa a distribuição do sistema elétrico verticalmente


numa edificação e apresenta os diversos quadros de distribuição, caixas de passa-
gem, dutos e seus respectivos condutores.

• O ramal de entrada de uma edificação deve obedecer aos critérios técnicos deter-
minados pela concessionária de energia local. Para o dimensionamento do ramal
de entrada, é preciso realizar o cálculo da demanda provável da edificação, que
segue especificações distintas para residências individuais ou edificações multifa-
miliares.

CHAMADA

Ficou alguma dúvida? Construímos uma trilha de aprendizagem


pensando em facilitar tua compreensão. Acesse o QR Code, que te levará ao
AVA, e veja as novidades que preparamos para teu estudo.

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AUTOATIVIDADE

1 Explique, com suas próprias palavras, o que é a prumada elétrica.

2 Calcule a demanda prevista e especifique o número de fases, ramal de ligação,


ramal de entrada, resistência do poste e proteção geral de uma edificação resi-
dencial com a seguinte carga instalada:

• Iluminação: 2300 W;
• Tomadas de uso geral: 6200 W;
• Chuveiro: 4500 W;
• Ar-condicionado: 1100 W (duas unidades);
• Forno elétrico: 2500 W.

3 Calcular a demanda total de um edifício residencial composto por três lojas e 10


salas comerciais (escritórios) iguais, cujas cargas são apresentadas a seguir.

Tipo de Unidade Descrição das Cargas


• iluminação: 2,30 kW;
Cargas do condomínio:
• tomadas de uso geral: 1,90 kW;
• iluminação: 6,0 kW;
Cargas de uma loja: • tomadas de uso geral: 3,0 kW;
• ar-condicionado: 12,00 kW;
• iluminação: 0,60 kW;
Cargas de um escritório: • tomadas de uso geral: 2,00 kW;
• ar-condicionado: 1,10 kW;

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UNIDADE 3

ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• indicar os tipos de lâmpada e de luminária adequados aos variados tipos


de ambientes;

• realizar um cálculo luminotécnico para o desenvolvimento de um projeto


elétrico eficiente (do ponto de vista de consumo energético e de ilumina-
ção) e de custo reduzido;

• selecionar corretamente os dispositivos de proteção contra sobrecorrente


de uma edificação, considerando a proteção da instalação e dos usuários;

• projetar os dispositivos de proteção contra choques elétricos e contra so-


bretensões de uma instalação elétrica.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – ILUMINAÇÃO

TÓPICO 2 – PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

TÓPICO 3 – PROTEÇÕES CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS E


SOBRETENSÕES

CHAMADA

Preparado para ampliar teus conhecimentos? Respire e vamos em


frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverás
melhor as informações.

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UNIDADE 3
TÓPICO 1

ILUMINAÇÃO

1 INTRODUÇÃO
A iluminação corresponde a um dos aspectos mais importantes na maio-
ria das instalações elétricas em baixa tensão. Dificilmente, uma edificação ou obra
é desprovida de um sistema de luz artificial. Conforme já visto, alguns aspectos
sobre iluminação são tratados nas normas ABNT NBR 5410 (2004) e NBR ISO/CIE
8995-1, principalmente quanto à previsão da potência instalada e a necessidade
luminosa de cada tipo de ambiente.

Neste tópico, vamos nos aprofundar mais nos conceitos que envolvem o
projeto de um sistema de iluminação elétrica para ambientes diversos. Inicialmente,
serão apresentados conceitos básicos fundamentais sobre iluminação. Em seguida,
os tipos de iluminação e, por fim, será estudado o cálculo luminotécnico.

2 CONCEITOS BÁSICOS
Iniciaremos o estudo sobre iluminação pela apresentação de alguns con-
ceitos e definições necessários para a compreensão deste conteúdo.

2.1 LUZ
A luz é uma fonte de radiação de ondas eletromagnéticas de diferentes
comprimentos, sendo que apenas alguns destes são visíveis ao olho humano, con-
forme explica Mamede Filho (2017).

As radiações de menor comprimento de onda têm cores azul e violeta, já


as de maior comprimento de onda são laranja e vermelho.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

2.2 FLUXO LUMINOSO


É a potência de radiação emitida por uma fonte luminosa em todas as direções
do espaço, conforme explica Mamede Filho (2017). Sua unidade de medida é o lúmen
(lm).

FIGURA 1 – REPRESENTAÇÃO DO FLUXO LUMINOSO DE UMA LÂMPADA

FONTE: <http://www.empalux.com.br/?a1=l> Acesso em: 21 jun. 2019.

A definição técnica de fluxo luminoso especifica que este é a quantidade de luz


irradiada através de uma abertura de 1 m² na superfície de uma esfera de 1 m de raio
por uma fonte luminosa de intensidade igual a 1 candela (cd) em todas as direções,
colocada em seu interior e posicionada no centro. Dessa definição, obtém-se que uma
fonte luminosa de intensidade de 1 candela emite uniformemente 12,56 lumens.

Como comparação, uma lâmpada incandescente de 60 W emite cerca de


860 lumens, ao passo que uma lâmpada fluorescente compacta de 15 W emite,
aproximadamente, 1.000 lumens.

2.3 ILUMINÂNCIA
A iluminância também é conhecida por Nível de Iluminamento. Representa a
quantidade de luz (Fluxo Luminoso) emitida sobre uma determinada área. A unidade
de medida da iluminância é o lux, e pode ser expressa pela Equação 1 a seguir:

F
E= ( lux ) Equação 1
S

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TÓPICO 1 | ILUMINAÇÃO

Em que:

E = iluminância, em lux;
F = fluxo luminoso, em lumens (lm);
S = superfície da área iluminada, em m².

A iluminância é utilizada para representar a quantidade de luz necessária


em cada ambiente de uma edificação. Em casos reais, a iluminância não se distribui
uniformemente num ambiente, sendo mais elevada próxima às fontes de luz. No
entanto, por questões práticas, considera-se que os ambientes sejam iluminados
uniformemente por um valor médio de iluminância.

De acordo com Mamede Filho (2017), alguns exemplos clássicos de


iluminância são apresentados a seguir:

• dia de sol de verão, com céu aberto: 100.000 lux;


• dia de sol de verão, com céu encoberto em nuvens: 20.000 lux;
• noite de lua cheia, sem nuvens: 0,25 lux.

Para efeitos de comparação, para ambientes de trabalho, um valor médio


de iluminância recomendado é 300 lux.

2.4 EFICIÊNCIA LUMINOSA


A grandeza, também chamada de rendimento luminoso, representa a
razão entre o fluxo luminoso emitido por uma fonte luminosa e a potência, em
watts, consumida. A relação é mostrada na equação a seguir:

F
η= ( lm / W ) Equação 2
PC

Em que:

F: fluxo luminoso, em lumens; e


PC: potência consumida, em watts.

A eficiência luminosa é utilizada para comparar diferentes tipos de lâm-


padas, escolhendo as mais eficientes, o que representará economia de energia.

2.5 TEMPERATURA DE COR


Temperatura de cor é a variação da tonalidade da cor emitida por uma
fonte de luz. São citadas como cores mais frias aquelas de aparência branca
azulada e como quentes aquelas com tom mais avermelhado.
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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

A temperatura de cor é medida em Kelvins (K) e sua escolha determina


como reagimos a um ambiente. Na figura a seguir, são mostradas as variações da
temperatura de cor e seus significados.

FIGURA 2 – TEMPERATURAS DE COR

FONTE: Adaptado de: <http://bit.ly/2We041L>. Acesso em: 21 jun. 2019.

De acordo com Newline Iluminação (2016), a luz do “meio dia”, aproxima-


damente 5500 K, é a luz do pico de nosso dia: uma temperatura de cor que remete
ao dinamismo, rapidez e produtividade, por isso as luzes brancas (acima de 4000 K)
são recomendadas para uso em ambientes de trabalho como escritórios e fábricas,
além de ambientes residenciais, como cozinhas, garagens etc. Por outro lado, as luzes
quentes (entre 2700 e 4000 K) remetem aconchego ao ambiente, sendo recomendadas
para dormitórios, mesas de jantar etc.

3 LÂMPADAS ELÉTRICAS
As lâmpadas elétricas constituem um fator na elaboração de um projeto lu-
minotécnico. Conhecer os tipos de lâmpadas e suas características é um passo fun-
damental para a elaboração de um projeto que atenda às especificações exigidas pelo
cliente, representando, também, economia na instalação e funcionamento.

Para o estudo das lâmpadas, é importante classificá-las de acordo com alguns


critérios:

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TÓPICO 1 | ILUMINAÇÃO

3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS LÂMPADAS QUANTO AO PROCESSO


DE EMISSÃO DE LUZ
Atualmente, as lâmpadas podem ser divididas em três grandes categorias
que se distinguem pela forma como a luz é gerada:
• lâmpadas incandescentes;
• lâmpadas de descarga;
• lâmpadas LED.

3.1.1 Lâmpadas Incandescentes


Conforme explica Mamede Filho (2017), estas lâmpadas são constituídas de
um filamento de tungstênio, enrolado geralmente em forma espiralada, atingindo
a incandescência com a passagem de uma corrente elétrica e de um bulbo de vidro
transparente, translúcido ou opaco, cheio de gás quimicamente inerte como o nitro-
gênio, evitando a oxidação do filamento.

A lâmpada incandescente pode ser considerada o equipamento elétrico mais


antigo criado e ainda em uso atualmente. O famoso inventor americano Thomas
Edison apresentou a primeira lâmpada incandescente comercialmente viável em
1879, embora existem relatos diversos de criações similares a partir de 1802.

Devido ao alto consumo e grande quantidade de calor gerado, as lâmpa-


das incandescentes possuem utilização bastante restrita atualmente, sendo sua
comercialização controlada pelo INMETRO e restrita a unidades de baixa potên-
cia e com aplicações específicas, como geladeiras e fornos.

Algumas das principais características das lâmpadas incandescentes são:

• vida útil: 600 a 1000 horas;


• eficiência luminosa média de 15 lumens/watt; e
• índice de reprodução de cor: 100%.

As lâmpadas dicroicas, um tipo de incandescente, ainda possuem alguma


utilização em vitrines, mostruários e ambientes de exibição, dado seu excelente
índice de reprodução de cor.

Na Figura 3, vemos uma lâmpada incandescente comum, à esquerda, e


uma lâmpada dicroica, à direita.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

FIGURA 3 – LÂMPADA INCANDESCENTE DE BULBO E TTPca

Lâmpada incandescente Lâmpada dicroica


FONTE: < http://bit.ly/2p1mBmx >; <http://bit.ly/2JiULJe>. Acesso em: 21 jun. 2019.

3.1.2 Lâmpadas Halógenas de Tungstênio


O princípio de funcionamento deste tipo de lâmpada é explicado por
Mamede Filho (2017, p. 45):

A lâmpada halógena de tungstênio é um tipo especial de lâmpada incan-


descente, em que um filamento é contido em um tubo de quartzo no qual
é colocada uma certa quantidade de iodo. Durante o seu funcionamento,
o tungstênio evapora do filamento, combinando-se com o gás presente no
interior do tubo, formando o iodeto de tungstênio. Devido às altas tempe-
raturas, parte do tungstênio se deposita no filamento, regenerando­o, crian-
do, assim, um processo contínuo e repetitivo denominado de ciclo do iodo.

A característica mais marcante das lâmpadas halógenas é o seu índice de


refração de cor, que é de 100%. São ideais para ambientes onde é importante obter os
tons reais das cores, tais como vitrines, expositores de obras de arte, teatros etc.

As lâmpadas halógenas possuem algumas características que as tornam


menos atraentes atualmente, como consumo de energia elevado, baixa durabilidade
e necessidade de um transformador, perdendo terreno para outras tecnologias como
o LED. Uma lâmpada halógena de tungstênio é apresentada na Figura 4.

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TÓPICO 1 | ILUMINAÇÃO

FIGURA 4 – LÂMPADA HALÓGENA DE TUNGSTÊNIO

FONTE: Mamede Filho (2017, p.45)

3.1.3 Lâmpadas de Descarga


As lâmpadas de descarga constituem uma ampla família com vida útil va-
riando de 7.500 horas (para lâmpadas fluorescentes) até 24.000 horas (para lâmpadas
de vapor de sódio). As lâmpadas de descarga possuem um custo inicial de implanta-
ção geralmente alto, mas que é compensado pela baixa manutenção desses tipos de
aparelhos.

• Lâmpadas fluorescentes

São constituídas por um tudo de vidro cujo interior é revestido por uma cama-
da de fósforo. O fósforo, quando submetido à luz ultravioleta, emite luz no espectro
visível ao olho humano. A luz ultravioleta, por sua vez, é o resultado do choque de
elétrons dos eletrodos com o gás argônio e mercúrio, no interior da lâmpada.

As lâmpadas fluorescentes apresentam uma eficiência luminosa da ordem de


40 a 80 lumens/watt e vida útil de 7.500 a 12.000 horas de operação, características que
as tornam vantajosas para uma série de aplicações.

Atualmente, existem dois tipos básicos de lâmpadas fluorescentes no mercado:


as tubulares e as compactas.

FIGURA 5 – LÂMPADA FLUORESCENTE COMPACTA (À ESQUERDA) E TUBULAR (À DIREITA)

FONTE: <TTP://www.lighting.philips.com.br/home>. Acesso em: 21 jun. 2019.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Independentemente do modelo, as lâmpadas fluorescentes requerem uma


fonte de alimentação especial chamada reator, necessária para regular a corrente de
operação da lâmpada e fornecer uma tensão inicial compatível. Os reatores eletrôni-
cos executam a mesma função de um reator magnético, mas superam o desempenho
dos produtos magnéticos desatualizados, pois operam em uma frequência elevada,
eliminando a tremulação e o ruído ao mesmo tempo em que aumentam a eficiência.
Os reatores eletrônicos também são mais facilmente projetados para permitir funcio-
namento da lâmpada, dimerização da lâmpada e rede de produtos de iluminação de
forma mais consistente e eficiente para controle de iluminação (PHILIPS, 2019).

NOTA

Dimerização significa controlar o brilho de uma lâmpada. A palavra deriva do


termo dimmer, que é um aparelho capaz de regular o brilho de lâmpadas incandescentes
mediante a alteração da tensão.

As lâmpadas tubulares são mais antigas, utilizadas desde a década de 1960


e ainda constituem uma opção viável para a iluminação de ambientes grandes. Os
modelos compactos começaram a ser comercializados em massa a partir da década
de 1990 e são responsáveis pelo declínio do uso de lâmpadas incandescentes em am-
bientes comerciais e residenciais.

Algumas das desvantagens das lâmpadas fluorescentes:

• causam ruído eletromagnético devido aos componentes auxiliares (reator e starter);


• necessitam de descarte adequado, devido ao mercúrio na sua composição;
• o baixo índice de cor (entre 80 e 85%) pode tornar sua utilização desaconselhada
em aplicações que necessitam de fidelidade de cores;
• são projetadas para até quatro ciclos diários de ligar/desligar. Acima disso, sua
vida útil cai drasticamente. Logo, não são indicadas para sistemas de iluminação
acionados por sensor de presença, tais como corredores e escadas.

• Lâmpadas de vapor de mercúrio

Determinado tipo de lâmpada produz luz pela aplicação de um campo elé-


trico sobre o vapor de mercúrio que se ioniza. Os átomos de mercúrio liberam luz ao
retornar ao seu estado original.

Trata-se de uma lâmpada que necessita de um reator para funcionar. O dis-


positivo pode vir anexado à lâmpada ou instalado separadamente, dependendo do
modelo. A Figura 6 ilustra uma lâmpada de vapor mercúrio para soquete E27.

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TÓPICO 1 | ILUMINAÇÃO

FIGURA 6 – COMPONENTES DE UMA LÂMPADA A VAPOR DE MERCÚRIO

FONTE: Mamede Filho (2017, p.46)

Uma das vantagens das lâmpadas de vapor de mercúrio é sua grande vida
útil (até 18.000 horas) e alta eficiência luminosa (em média 55 lumens/watt). Como
grande desvantagem, podemos citar seu baixo IRC, apenas 40%, o que limita bas-
tante sua utilização. Essas lâmpadas são utilizadas, geralmente, para a iluminação
de galpões, garagens e similares, ou seja, locais com baixa permanência de pessoas.

• Lâmpadas a vapor de sódio

De forma geral, seu funcionamento se baseia em submeter uma mistura de ga-


ses de relativa alta pressão no interior de um tubo a descargas elétricas que provocam o
aparecimento de luz. Há dois modelos distintos de lâmpadas a vapor de sódio: de alta
e de baixa pressão. Suas características são apresentadas na tabela a seguir:

TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DAS LÂMPADAS A VAPOR DE SÓDIO

Baixa Pressão Alta Pressão


Vida útil (horas): 18.000 a 24.000 18.000 a 24.000
Eficiência luminosa média (lm/w): 200 130
Índice de reprodução de cor (%): 20 30
FONTE: Mamede Filho (2017, p.49)

A aparência da luz emitida por essas lâmpadas é de um amarelo quase mo-


nocromático. Por essa característica, a lâmpada costuma ser empregada para ilumi-
nar pátios de descarga ou rodovias, sendo desaconselhada para ambientes internos
ou que necessitem de boa distinção e fidelidade de cores.

• Lâmpadas a vapor metálico


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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Essas lâmpadas são compostas por um tubo de descarga de quartzo preen-


chido por vapor de mercúrio em alta pressão com uma mistura de gases metálicos
diversos que permitem a produção de luz em tons variados. De forma geral, podem
ser entendidas como lâmpadas de vapor de mercúrio que receberam a adição de
outros metais específicos.

São indicadas para áreas esportivas, iluminação pública, exterior de edifícios,


parques, estacionamentos e outras áreas similares. Apresentam grande vida útil (24.000
horas), alto rendimento luminoso (até 98 lm/w) e bom índice de refração de cores (entre
80 e 90). A figura seguinte apresenta alguns modelos de lâmpadas de vapor metálico.

FIGURA 7 – TIPOS DE LÂMPADAS DE VAPOR METÁLICO

FONTE: Mamede Filho (2017, p.49)

3.1.4 Lâmpadas LED


O termo LED é a abreviação em inglês de Ligth Emitting Diode (diodo emis-
sor de luz) e denota um componente semicondutor capaz de emitir luz em espec-
tros de cores variadas. O primeiro LED com espectro de luz visível foi criado em
1962, conforme informa Inmesol (2014). Inicialmente, por apresentar fluxo lumino-
so baixo, o componente foi utilizado, e ainda é, em equipamentos eletrônicos para
sinalização. Posteriormente, a partir dos anos 2000, pesquisas diversas permitiram
a fabricação de LEDs com fluxos luminosos maiores e cores diversas, o que levou à
adoção desses componentes para a iluminação de ambientes.

Atualmente, a iluminação por LED está em ampla evolução e estima-se que


ela substituirá muitos tipos de lâmpadas. Destacam-se suas excelentes características
técnicas, tais como: alto rendimento luminoso, tamanho diminuto, baixa emissão de
calor e ampla variedade de cores. O custo do LED ainda pode ser um fator de impe-
dimento para algumas aplicações, mas é uma questão de pouco tempo até que seu
valor diminua ainda mais.

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TÓPICO 1 | ILUMINAÇÃO

Todo LED necessita de uma fonte de alimentação, normalmente denomina-


da driver, que tem a função de converter a tensão elétrica alternada de 127 ou 220 V
para uma tensão contínua de valores inferiores. Esses drivers podem ser ligados em
separado ou virem integrados aos LEDs. A figura a seguir apresenta alguns tipos
de drivers para LEDs.

FIGURA 8 – TIPOS DE FONTES (DRIVERS) PARA LEDS

FONTE: Abilux (2018, s.p.)

As lâmpadas LEDs são disponibilizadas em diversos formatos e com diferen-


tes conectores, de modo que possam substituir outros tipos de lâmpada sem a neces-
sidade de troca das luminárias. A figura seguinte apresenta alguns tipos de lâmpadas
LEDs com diferentes conectores.

FIGURAS 9 – VÁRIOS MODELOS DE LÂMPADAS LED

FONTE: Abilux (2018, s.p.)

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

4 LUMINÁRIAS
Luminárias são equipamentos destinados à acomodação e sustentação das
lâmpadas devendo ser visualmente agradáveis e responsáveis pela modificação do
fluxo luminoso de forma adequada.

A escolha da luminária correta depende de vários fatores. Para ambientes


residenciais, a prioridade é a estética do aparelho e efeito sobre o fluxo luminoso.
Ambientes comerciais requerem mais atenção quanto ao tipo de luz: vitrines reque-
rem um tipo de iluminação bem distinto de escritórios, por exemplo. Alguns locais
podem exigir luz direcionada enquanto outros vão requerer luzes mais difusas. Já
para ambientes industriais é importante conhecer o ambiente em que cada luminá-
ria será instalada. Alguns locais possuem poeiras, fumaça e detritos que requerem
a utilização de luminárias de formatos e materiais específicos. Ao se deparar com
um projeto luminotécnico de uma indústria, é importante conhecer seus ambientes e
então consultar as soluções apresentadas pelos fabricantes através de catálogos que
podem ser obtidos em seus respectivos sítios eletrônicos.

DICAS

A Philips é uma empresa que possui vasta atuação no mercado de iluminação.


Em seu sítio eletrônico www.lighting.philips.com.br, é possível encontrar informações
técnicas sobre seus produtos, cursos, artigos e suporte técnico sobre a área da iluminação.
É uma visita super recomendada!

Para ambientes com pé direito de 5 metros ou mais, as luminárias do tipo


parabólica são soluções interessantes. Veja alguns exemplos.

FIGURA 10 – LUMINÁRIA PARABÓLICA INDUSTRIAL DE ACRÍLICO (ESQUERDA) E DE ALUMÍNIO


(DIREITA)

FONTE: <http://bit.ly/3413mYT>. Acesso em: 22 jun. 2019.


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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 154 26/11/2019 11:24:32


TÓPICO 1 | ILUMINAÇÃO

As luminárias para lâmpadas fluorescentes tubulares são ofertadas em gran-


de diversidade de modelos, atendendo a várias aplicações. Veja dois modelos dessas
luminárias:

FIGURA 11 – LUMINÁRIAS PARA LÂMPADAS FLUORESCENTES TUBULARES

Luminária de sobrepor para 4 Luminária de sobrepor para 1


lâmpadas flouorescentes T8 de 10 lâmpada fluorescente T8 ou T10 de
W. 20 W
FONTE: <http://bit.ly/2JkToKf>. Acesso em: 22 jun. 2019.

Devido à grande quantidade de modelos e tipos de lâmpadas, é inviável


uma abordagem completa neste livro. Sendo assim, recomenda-se a pesquisa em
sítios eletrônicos dos fabricantes de luminárias a fim de conhecer as opções dispo-
níveis que possam ser adequadas ao seu projeto.

DICAS

Seguem os endereços de algumas fabricantes de luminária para pesquisa.


Contudo, existem muito mais, não deixe de procurar!

• http://www.taschibra.com.br
• http://www.glight.com.br/
• http://www.lighting.philips.com.br/prof
• http://www.empalux.com.br
• www.osram.com.br

5 CÁLCULO LUMINOTÉCNICO
Também denominado de Cálculo de Iluminação, é um procedimento reali-
zado para a determinação da quantidade de lâmpadas e luminárias necessárias para
que determinado ambiente possua um nível de iluminamento adequado.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Existem atualmente três métodos de cálculo luminotécnico: o método dos


lumens, o método das cavidades zonais e o método dos pontos. Neste livro, abor-
daremos o método dos lumens, que pode ser aplicado de maneira satisfatória em
ambientes fechados que necessitem de um nível de iluminação homogêneo.

O método dos lumens é baseado na determinação do fluxo luminoso necessário


para obter um iluminamento médio desejado no plano de trabalho, conforme explica
Mamede Filho (2017).

A ideia deste método consiste, basicamente, na determinação do fluxo lumino-


so total, emitido por todas as lâmpadas do ambiente, necessário para obter o nível de
iluminamento desejado, conforme demonstra a Equação 3:

E×S Equação 3
FT =
Fu × Fdl

Em que:

• FT: fluxo luminoso total emitido pelas lâmpadas, em lumens;


• E: iluminamento médio requerido pelo ambiente, em lux;
• S: área do recinto, em m²;
• Fu: fator de utilização do recinto;
• Fdl: fator de depreciação (do serviço) da luminária.

5.1 DETERMINAÇÃO DOS COMPONENTES PARA O CÁLCULO


DO FLUXO LUMINOSO
Cada elemento descrito na Equação 3 será explicado a seguir.

5.1.1 Iluminamento médio do ambiente (E)


O iluminamento médio dos ambientes depende, principalmente, da ativida-
de ali exercida. Por muito tempo, a norma ABNT NBR 5413: Iluminância de Interiores
era a responsável por instruir quanto à iluminação adequada dos vários ambientes
de uma edificação. A norma foi cancelada e substituída em 2013 pela nova ABNT
NBR ISO/CIE 8995-1 (2013): Iluminação de ambientes de trabalho – Parte 1, Interiores.

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TÓPICO 1 | ILUMINAÇÃO

TABELA 2 – ILUMINÂNCIA REQUERIDA POR TIPO DE ATIVIDADE


Tipo de ambiente Lux Tipo de ambiente Lux
Auditório e anfiteatros Indústria de calçados
Tribuna 500 Lavagem 150
Plateia 150 Acabamentos 500
Sala de espera 150 Indústria de cimento
Bancos Ensacamento 150
Atendimento ao público 500 Moagem, fornos 150
Salas de recepção 150 Indústria de confeitos
Bibliotecas Seleção 200
Sala de leitura 500 Mistura 200
Recinto das estantes 300 Fabricação de balas 500
Escolas Indústrias cerâmicas
Salas de aula 300 Trituração 150
Sala de trabalho manual 300 Acabamento e moldagem 150
Laboratórios (geral) 200 Indústrias de papéis
Refeitórios 100 Trituração 200
Garagens Máquinas de papel 200
Oficinas 200 Indústrias químicas
Estacionamento interno 150 Fornos, secadores 200
Hospitais Filtragem 200
Sala de médicos 150 Indústrias têxteis
Corredores e escadas 100 Batedores 200
Cozinhas 200 Cardação 300
Sala de operação (geral) 500 Inspeção 500
Quartos para pacientes 150 Tecelagem 300
Hotéis e restaurantes Tingimento 200
Banheiros 200 Fiação 300
Cozinha 200 Urdimento 500
Quartos 150 Locais de armazenamento
Exposições 300 Geral 100
Sala de reuniões 150 Pequenos volumes 200
Restaurantes 150 Grandes volumes 200
Portaria-recepção 200 Indústrias metalúrgicas
Lojas Usinagem grosseira 500
Vitrines e balcões 1.000 Tornos e polimento 1.000
Hall (escadas) 100 Usinagem - alta precisão 2.000
Centros comerciais 500 Escritórios
Banheiros (geral) 150 Sala de trabalho 250
Soldas Arquivo 200
Iluminação geral 200 Sala de desenho 500
Solda de arco 2.000 Recepção 250
Esporte
Futebol de salão 200
Voleibol 200
Indústria alimentícia
Enlatamento 200
Acabamento 150
Classificação 1.000
FONTE: Mamede Filho (2017, p. 65)

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

5.1.2 Fator de utilização do recinto (Fu)


O fator de utilização é a relação entre o fluxo luminoso que chega ao plano
de trabalho e o fluxo luminoso total emitido pelas lâmpadas. O fator depende das
dimensões do ambiente, do tipo de luminária e da cor das paredes.

Para a obtenção do fator de utilização é necessário conhecer os índices de


refletância do ambiente, conforme a Tabela 3, e também calcular o índice do recinto,
conforme a Equação 4. De posse desses dados, é possível encontrar o fator de utiliza-
ção na Tabela 5.

A refletância de um recinto é formada por três dígitos que correspondem, res-


pectivamente, às refletâncias do teto, da parede e do piso. Os valores mostrados na Ta-
bela 2 também podem ser representados nas formas percentual e decimal. Assim, uma
parede clara, com índice 5, também pode ser representada por 50% ou 0,5 em algumas
literaturas.

TABELA 3 – REFLETÂNCIA MÉDIA DAS SUPERFÍCIES


Branco Claro Escuro
Teto 7 5 3
Parede - 5 3
Piso - - 1
FONTE: Mamede Filho (2017, p. 68)

Pela Tabela 2, um recinto de teto, paredes claras e piso escuro teriam um


índice de refletância 551.

O cálculo do índice do recinto (K) é mostrado pela Equação 4:

A× B
K= Equação 4
H lp × ( A + B )

Em que:

• K: índice do recinto, a determinar;


• A e B: comprimento e largura do recinto, em metros;
• Hlp: altura entre a fonte de luz e o plano de trabalho, em metros. A medida
também é denominada medida útil de instalação da luminária.

A Tabela 4 permite que seja obtido o fator de utilização do ambiente para uma
série, de acordo com o índice K e índice de refletância do ambiente. A tabela possui um
valor médio para o Fator de Utilização e sua utilização é normalmente recomendada
para fins didáticos. É importante compreender que cada tipo de luminária possui uma
respectiva tabela de fatores de utilização. Esses dados podem ser conseguidos nos catá-
logos das luminárias, disponibilizados pelos fabricantes.
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TÓPICO 1 | ILUMINAÇÃO

TABELA 4 – FATOR DE UTILIZAÇÃO DO AMBIENTE (Fu)

Índice de refletância do recinto


K 751 731 711 551 531 511 331 311
0,6 0,32 0,28 0,26 0,31 0,28 0,26 0,28 0,25
0,8 0,39 0,36 0,33 0,39 0,35 0,33 0,35 0,35
1 0,44 0,41 0,39 0,43 0,4 0,38 0,4 0,38
1,3 0,48 0,45 0,43 0,47 0,45 0,42 0,44 0,42
1,5 0,51 0,48 0,45 0,49 0,47 0,45 0,46 0,45
2 0,54 0,52 0,5 0,53 0,51 0,49 0,5 0,49
2,5 0,55 0,54 0,52 0,55 0,53 0,52 0,52 0,51
3 0,57 0,55 0,54 0,56 0,54 0,53 0,54 0,52
4 0,58 0,57 0,56 0,57 0,56 0,55 0,53 0,54
5 0,6 0,58 0,57 0,58 0,57 0,56 0,56 0,55
FONTE: UNICAMP (2005, s.p.)

5.1.3 Fator de depreciação do serviço da luminária


Também denominado apenas por “Fator de depreciação da luminária”, o
índice representa a perda de fluxo luminoso devido ao acúmulo de poeira sobre a
luminária e sobre a lâmpada.

O fator de depreciação do serviço da luminária mede a relação entre o fluxo


luminoso emitido por uma luminária no fim do período considerado para o início
do processo de manutenção e o fluxo emitido no início de sua operação (MAMEDE
FILHO, 2017).

O índice depende do tipo da luminária utilizada e pode ser obtido da Tabela 5.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

TABELA 5 – FATOR DE DEPRECIAÇÃO DO SERVIÇO DA LUMINÁRIA (Fdl)

Tipo de Aparelho Fdl


Aparelhos para embutir lâmpadas incandescentes
0,85
Aparelhos para embutir lâmpadas refletoras
Calha aberta e chanfrada
0,80
Refletor industrial para lâmpadas incandescentes
Luminária comercial
0,75
Luminária ampla utilizada em linhas contínuas
Refletor parabólico para duas lâmpadas incandescentes
Refletor industrial para lâmpada vapor metálico
Aparelho para lâmpada incandescente para iluminação indireta
0,70
Luminária industrial tipo Miller
Luminária com difusor de acrílico
Globo de vidro fechado
Refletor com difusor de plástico
Luminária comercial para lâmpada fluorescente HO com colmeia 0,60
Luminária para lâmpada fluorescente para iluminação indireta
FONTE: Mamede Filho (2017, p. 68)

5.2 DISTRIBUIÇÃO E CÁLCULO DO NÚMERO DE LUMINÁRIAS

O número de luminárias (Nlu) a serem instaladas no ambiente é obtido de


forma prática através do fluxo luminoso total de acordo com a Equação 5:

FT Equação 5
N lu =
N la × Fla

Em que:

• Nlu: número de luminárias a serem instaladas no recinto;


• Nla: número de lâmpadas em cada luminária;
• Fla: fluxo luminoso emitido por cada lâmpada, em lumens. O valor pode ser
obtido nas Tabelas 6 e 7 ou pesquisado no catálogo do fabricante;
• FT: fluxo luminoso total do ambiente, em lumens, calculado pela Equação 3.

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TÓPICO 1 | ILUMINAÇÃO

TABELA 6 – FLUXO LUMINOSO E IRC DE LÂMPADAS DIVERSAS

Fluxo
Potência
Tipo Luminoso IRC
(W)
(lm)
Incandescente 60 864 100
Incandescente 100 1620 100
Fluorescente TLT 20 1100 70
Fluorescente TLD 32 2350 66
Fluorescente TLD/840 36 3350 85
Fluorescente TLT 40 2600 70
Fluorescente TLD/840 58 5200 85
Fluorescente TLT 65 4400 70
Fluorescente TLT 110 7600 70
Vapor de mercúrio 80 3700 48
Vapor de mercúrio 125 6200 46
Vapor de mercúrio 250 12700 40
Vapor de mercúrio 400 22000 40
Vapor metálico 256 19000 69
Vapor metálico 390 35000 69
Vapor metálico 400 35000 69
Vapor metálico 985 85000 65
Mista 165 3150 61
Mista 260 5500 63
Vapor de sódio 70 6600 25
Vapor de sódio 150 17500 25
Vapor de sódio 250 33200 25
Vapor de sódio 400 56500 25
Vapor de sódio 600 90000 25
FONTE: UNICAMP (2005, s.p.)

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

TABELA 7 – FLUXO LUMINOSO DE LÂMPADAS LED

Tipo da Potência Fluxo


Foto
Lâmpada (W) Luminoso (lm)
4,9 490

Bulbo 9 855

15 1500

7 600
Par LED
12 1020

10 950
Tubular
20 1900

40 3800
Tubular HO
65 6500

6 480

Painel 12 960

24 1920
FONTE: Adaptado de Empalux (2017)

A distribuição espacial das luminárias no ambiente deve ser realizada de for-


ma a garantir uma distribuição homogênea do fluxo luminoso. Como regra geral,
recomenda-se que a distância máxima entre as luminárias, medida centro a centro,
esteja entre 1,0 e 1,5 a sua altura útil de instalação (Hlp). Em determinados casos, pode
ser necessário aumentar o número de luminárias calculado para obedecer a esta re-
gra. Já a distância da luminária até a parede deve ser a metade da distância entre cada
luminária.

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TÓPICO 1 | ILUMINAÇÃO

FIGURA 12 – DISTÂNCIAS DA DISTRIBUIÇÃO DAS LUMINÁRIAS

FONTE: O autor

5.3 ROTEIRO DE CÁLCULO


Após a apresentação de todos os passos do cálculo luminotécnico, é conve-
niente descrever um roteiro de cálculo para guiar o leitor. Recomenda-se seguir os
passos descritos em seguida.

1. conhecer a iluminância requerida pelo ambiente, de acordo com a Tabela 1;


2. calcular o índice do recinto, K pela Equação 4;
3. escolher o tipo de lâmpada, pelas Tabelas 6 e 7, e o tipo de luminária (se possuir
sua folha de dados, encontrar o fator de utilização específico da luminária);
4. determinar o Fator de Utilização (Fu) do ambiente, pela Tabela 4;
5. obter o Fator de Depreciação da Luminária (Fdl), na Tabela 5;
6. calcular o fluxo luminoso total (FT), pela Equação 3;
7. calcular o número de luminárias, pela Equação 5;
8. calcular o espaçamento entre as luminárias, conforme orientações da Figura 12.

Após essas etapas, pode-se proceder com a locação das luminárias na


planta baixa.

5.4 EXEMPLO DE APLICAÇÃO


Neste exemplo prático, vamos determinar a quantidade de luminárias, e a
sua disposição, para um galpão industrial de dimensões 20 × 50 m. As paredes do

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

galpão são de tijolo, o teto é constituído por chapas metálicas e o piso é de cimento.
As luminárias serão fixadas junto à estrutura de sustentação do telhado, a uma altu-
ra de 4,80 m do piso. O galpão será destinado para aluguel, então não é sabido, no
momento, o tipo de ocupação. O cliente decidiu pela adoção de lâmpadas de vapor
metálico de 400 W.

Solução: será seguido o roteiro de cálculo proposto anteriormente.

1. como o tipo de atividade a ser exercida no galpão não está determinado, deve-
-se adotar um valor médio de iluminamento que atenda à maioria das tarefas
comuns possíveis de serem realizadas. Um valor considerado satisfatório é E
= 300 lux;

2. determinação do índice K do ambiente;

As dimensões A e B do ambiente são 20 e 50 metros. Para a determinação da


medida útil da luminária, precisamos fazer algumas análises. Considerando a lumi-
nária (tipo parabólica de acrílico) e seus acessórios de fixação (em sítios eletrônicos di-
versos), verifica-se que a luminária ficará pendente 60 cm abaixo do ponto de fixação.

Em outra análise, a altura média de um plano de trabalho é de 85 cm. Assim,


a altura útil da luminária (Hlp) será:

Hlp = 4,80 – 0,60 – 0,85 = 3,35 m

Então, pela Equação 4, tem-se que:

A× B 20 × 50
K
= = = 4, 26 ≅ 4, 0
H lp × ( A + B ) 3,35 × ( 20 + 50 )

3. a lâmpada já foi determinada no enunciado. Será uma lâmpada de vapor me-


tálico de 400 W com fluxo luminoso de Fla = 35.000 lumens, de acordo com a
Tabela 6. Em cada luminária será utilizada uma lâmpada (Nla = 1);

4. podemos considerar o teto e as paredes do galpão como sendo claros, e o piso,


escuro. Com essas informações, pela Tabela 3, verifica-se que o índice de refle-
tância do recinto é 551. Com índice de refletância e o índice do recinto, obtém-
-se, na Tabela 4, que o fator de utilização é Fu = 0,57;

5. o fator de depreciação da luminária é obtido pela Tabela 5. Considerando o tipo


de luminária “Refletor industrial para lâmpada vapor metálico”, obtém-se o va-
lor de Fdl = 0,70;

6. o fluxo luminoso total é calculado pela Equação 3:

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TÓPICO 1 | ILUMINAÇÃO

E×S 300 × ( 20 × 50 )
=FT = = 751.880 lm
Fu × Fdl 0,57 × 0, 70

7. o número de luminárias necessárias é calculado pela Equação 5:

FT 757.880
N lu
= = = 21,5 ≅ 21ou 22 luminárias
N la × Fla 1× 35.000

8. conforme as orientações da Figura 12, e parágrafos correlatos, a distância entre


as luminárias deverá ser um valor compreendido entre 1 e 1,5×Hlp. Isso corres-
ponde a um afastamento que varia entre 3,35 e 5,00 metros.

Propõe-se, inicialmente, uma distribuição em fileiras de 3 × 7 luminárias.


Assim, o espaçamento é:

X = 50,0/7 = 7,14 m
Y = 20,0/3 = 6,67 m

Essas distâncias são bem superiores aos valores recomendados (entre 3,35 e
5,00 m). Então, embora o nível de iluminamento médio no ambiente seja alcançado,
haverá muita variação no fluxo luminoso entre as lâmpadas.

A Figura 13 foi obtida simulando-se o recinto do exemplo no programa


Softlux da empresa de luminárias Itaim. Na figura, pode-se perceber que existem
zonas com valores bem diferentes de iluminação: as mais claras apresentam um nível
de iluminamento da ordem de 400 lux, enquanto as mais escuras são da ordem de
250 lux. Na prática, isso significa que pode haver ofuscamento. Uma solução para
evitar o problema seria a instalação de mais luminárias com lâmpadas de menor
potência, obtendo-se, assim, um fluxo luminoso mais uniforme.

FIGURA 13– SIMULAÇÃO LUMINOTÉCNICA DO AMBIENTE

FONTE: O autor

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RESUMO DO TÓPICO 1

Neste tópico, você aprendeu que:

• Para projetar um sistema de iluminação adequado, isto é, realizar o cálculo lumi-


notécnico, é necessário compreender uma série de conceitos, tais como: fluxo lumi-
noso, iluminância, eficiência luminosa, temperatura de cor, refletância etc.

• Existem diversos tipos de lâmpadas elétricas com características que as tornam


mais ou menos adequadas para cada tipo de edificação. Essas lâmpadas podem
ser divididas em quatro grandes grupos: incandescentes, fluorescentes, de descar-
ga e LEDs. As lâmpadas incandescentes estão em desuso, enquanto as LED estão
em ampla ascensão no mercado.

• Existem três métodos de cálculo luminotécnico: o método dos lumens, o método


das cavidades zonais e o método dos pontos. Neste livro, foi analisado a fundo o
método dos lumens.

• Cada tipo de ambiente requer um nível de iluminância específico, que pode ser
visto pela Tabela 2 ou na ABNT NBR ISO/CIE 8995-1 (2013): Iluminação de am-
bientes de trabalho – Parte 1, Interiores.

• O método dos lumens é indicado para a utilização em ambientes fechados e com


fluxo luminoso homogêneo.

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 166 26/11/2019 11:24:34


AUTOATIVIDADE

1 O sistema de iluminação de um laboratório de uma instituição de ensino é com-


posto por 22 lâmpadas fluorescentes de 32 W. O ambiente possui comprimento
e largura de 20 e 10 metros, respectivamente. Verifique se o nível de ilumina-
mento disponível é compatível com a atividade realizada no local.

2 Um escritório de área 55 m² é iluminado por seis luminárias contendo, cada


uma, duas lâmpadas fluorescentes de 40 W. Deseja-se realizar a troca por lâm-
padas tubulares LED de 20 W. Quantas dessas lâmpadas LED serão necessárias
para que o nível de iluminamento do local permaneça, aproximadamente, o
mesmo? Qual será a economia de energia esperada, percentualmente, após a
troca das lâmpadas?

3 Elabore, através do cálculo luminotécnico, o sistema de iluminação dos seguin-


tes ambientes de uma indústria:

a) Setor produtivo
Galpão nas dimensões 40 × 25 × 5,0 m (largura × comprimento × pé direito).
Teto claro, paredes claras e piso escuro. Nível de iluminamento requerido:
300 lux. Luminária: 2× lâmpada LED tubular tipo HO de 65 W.

b) Escritório
Dimensões: 15 × 6,0 × 3,5 m. Teto branco, paredes claras e piso escuro. Ilumina-
mento: 250 lux. Luminária: 2× lâmpada LED tubular de 20 W.

c) Depósito:
Dimensões: 40×35×4,5 m. Teto e paredes claros, piso escuro. Iluminamento:
100 lux. Luminária: 2× lâmpada LED tubular tipo HO de 65 W.

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UNIDADE 3
TÓPICO 2

PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

1 INTRODUÇÃO
A norma ABNT NBR 5410 (2004), no item 4.1.3, estabelece o seguinte texto
quanto à proteção contra sobrecorrentes em instalações elétricas: “As pessoas, os ani-
mais e os bens devem ser protegidos contra os efeitos negativos de temperaturas ou
solicitações eletromecânicas excessivas resultantes de sobrecorrentes”.

Ainda, pode-se citar, na mesma norma, o item 4.1.2, que trata da proteção
contra efeitos térmicos:

A instalação elétrica deve ser concebida e construída de maneira a ex-


cluir qualquer risco de incêndio de materiais inflamáveis, devido a tem-
peraturas elevadas ou arcos elétricos. Além disso, em serviço normal, não
devem existir riscos de queimaduras para as pessoas e os animais (NBR
5410, 2004, p. 10).

Assim, fica claro que existe preocupação, na referida norma, quanto à pro-
teção da instalação elétrica. Ainda, dos aparelhos, usuários e edificações e quanto à
possibilidade de dados causados por correntes e temperaturas anormais.

Além da proteção contra sobrecorrentes e altas temperaturas, a NBR 5410


(2004) propõe medidas de proteção contra sobretensões e contra choques elétricos.
Essas proteções serão analisadas posteriormente.

2 SOBRECORRENTES
Conforme já mencionado no item 4 do Tópico 2 da Unidade 2, as sobrecor-
rentes podem ter origem na solicitação do circuito acima de suas características de
projeto (sobrecargas) ou por falta elétrica (curto-circuito), conforme explica Lima Fi-
lho (2004).

As sobrecorrentes são ocasionadas por cargas que solicitam ao circuito valo-


res de corrente superiores. As sobrecargas constituem-se por correntes que excedem
em até dez vezes o valor da corrente nominal de projeto do circuito e, como consequ-
ência, produzem efeitos térmicos prejudiciais ao sistema.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Conforme Lima Filho (2004), a sobrecarga é limitada por dispositivos que


atuam segundo uma curva tempo × corrente com característica inversa.

Os curtos-circuitos decorrem de falhas graves no isolamento do sistema elé-


trico, ocasionando o contato de uma ou mais fases com o neutro ou a terra. É comum
as correntes de curto-circuito atingirem valores entre 1000 e 10.000 vezes o valor da
corrente nominal, o que provoca elevadas solicitações térmicas e mecânicas dos con-
dutores e demais dispositivos do circuito, conforme explica Lima Filho (2004). Pelo
fato de terem um valor muito elevado, as correntes de curto-circuito precisam ser
interrompidas muito mais rápido que as sobrecargas, motivo pelo qual os dispositi-
vos de proteção atuam, nesses casos, de acordo com a curva de atuação extremamente
inversa.

3 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES


São aqueles que, de forma automática, interrompem a circulação de corrente
num circuito quando detectada uma corrente acima de seu valor nominal.

Os principais tipos são: disjuntores, fusível e o relé térmico, que serão anali-
sados adiante.

3.1 DISJUNTORES
Os disjuntores constituem o tipo mais comum de dispositivo de proteção uti-
lizado em instalações elétricas de baixa tensão. Suas excelentes características técni-
cas, a facilidade de operação e o relativo baixo custo o tornam o dispositivo ideal para
ser adotado na maioria das instalações.

No Brasil, os disjuntores de baixa tensão são produzidos e especificados de


acordo com a NBR IEC 60947-2. Já para os disjuntores de até 440 V e corrente máxima
de 125 A (denominados também de minidisjuntores), existe a norma ABNT NBR IEC
60898. A norma 60898 não se aplica a disjuntores para motores ou com corrente de
atuação ajustável.

Conforme Moreno e Souza (2002), os disjuntores mais tradicionais, para uso


geral, são equipados com disparadores térmicos, atuando na ocorrência de sobrecor-
rentes moderadas (tipicamente correntes de sobrecarga), e disparadores magnéticos,
para sobrecorrentes elevadas (tipicamente correntes de curto-circuito). Daí o nome
disjuntores termomagnéticos.

Os disjuntores e demais dispositivos de proteção contra sobrecorrentes têm


suas características de operação definidas através de uma curva tempo × corrente,
conforme a Figura 14.

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TÓPICO 2 | PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

FIGURA 14 – CURVA TEMPO × CORRENTE DE UM MINIDISJUNTOR

FONTE: Steck (2018, s.p.)

O eixo horizontal indica a corrente que atravessa o disjuntor, representada em


função da corrente nominal (de 0,5 vezes a corrente nominal até 200 vezes a corrente
nominal). O eixo vertical é o tempo de atuação, em segundos. O trecho indicado pela
letra “A” representa a faixa de atuação do disparador térmico do disjuntor, ou seja,
representa o comportamento do dispositivo em relação a uma sobrecorrente. O trecho
é denominado de curva inversa. Já o trecho “B” representa a característica de atuação
do dispositivo eletromagnético, que atua na ocorrência de curtos-circuitos. De maneira
ideal, a curva seria apenas uma linha, mas como existe certa tolerância na atuação do
disjuntor, tem-se uma faixa cinza mais larga que representa o seu funcionamento.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Através da curva, podemos determinar o tempo que um determinado disjun-


tor vai levar para atuar. Como exemplo, vamos tomar um disjuntor de 50 ampères de
corrente nominal, cuja curva de atuação é aquela mostrada na Figura 14.

Na ocorrência de uma sobrecarga de 100 ampères, o tempo de atuação do


disjuntor seria:

• I2/In = 100/50 = 2, ou seja, a sobrecorrente é de duas vezes o valor da corrente


nominal.

Fixa-se o valor “2” no eixo horizontal e, seguindo a linha pontilhada, sobe-


-se até a faixa de atuação do disjuntor, rebatendo-se os respectivos limites no eixo
vertical à esquerda. Assim, chegamos a uma faixa de valores compreendida entre 20
e 200 segundos, que delimita o tempo que o disjuntor atuará para a sobrecorrente
considerada.

Ainda considerando a curva da Figura 14, verifica-se que, para uma sobrecor-
rente de 3 a 5 vezes o valor nominal, a atuação do dispositivo é feita pelo mecanismo
eletromagnético. A atuação é instantânea na faixa. A curva mostrada se refere a um
disjuntor “Curva B”, indicado para cargas tipo resistivas, como chuveiros, aquecedo-
res e tomadas de uso geral.

Uma outra categoria é composta pelos disjuntores “Curva C”, recomendados


para cargas indutivas, tais como motores, micro-ondas etc. A norma NBR IEC 60947-2
define que os disjuntores “Curva C” tenham a faixa instantânea de atuação compreendi-
da entre 5 a 10 vezes o valor da corrente nominal (ao invés de 3 a 5 da curva B).

3.1.1 Classificação dos disjuntores


Os disjuntores de baixa tensão podem ser classificados de acordo com
uma série de fatores, estes que serão analisados a seguir.

• Padrão de fabricação

Atualmente, no mercado nacional, ainda persistem dois padrões de disjun-


tores, com características construtivas e de atuação. O padrão de disjuntor visto até
o momento, que já fora denominado de “minidisjuntor”, também é conhecido como
linha DIN, ou linha branca (devido à cor de sua carcaça). São disjuntores que seguem
as normas europeias de fabricação. Trata-se do modelo de disjuntor recomendado
para ser utilizado nas instalações de baixa tensão. É menor e possui características
gerais melhores que os disjuntores Padrão Nema.

A linha DIN de disjuntores possui valores nominais de corrente de: 2, 4, 6, 10,


16, 20, 25, 32, 40, 50, 63, 80, 100 e 125 ampères.

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TÓPICO 2 | PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

Outro padrão que está em desuso, mas ainda é encontrado comercialmente


no mercado nacional, é o padrão Nema. São disjuntores que seguem as normas nor-
te-americanas e no Brasil são certificados de acordo com o Regulamento Técnico da
Qualidade (RTQ) para disjuntores de Baixa Tensão do INMETRO.

Os disjuntores Nema possuem correntes nominais de 5, 10, 15, 20, 25, 30, 35, 40,
50 e 60 ampères. Também são denominados “linha preta” devido à cor de seu invólucro.

A figura a seguir apresenta um disjuntor padrão Nema e outro padrão DIN


lado a lado para comparação.

FIGURA 15 – COMPARATIVO VISUAL DOS DISJUNTORES PADRÃO NEMA (ESQUERDA) E DIN


(DIREITA)

FONTES: <http://bit.ly/2Nct8mb> e <http://bit.ly/31P876m>. Acesso em: 4 jul. 2019.

• Tamanho

Conforme já mencionado no item anterior, os disjuntores do tipo residencial


apresentam dois padrões de tamanho: um para a linha Nema e outro para a linha
Din. No entanto, muitos fabricantes também oferecem dispositivos denominados de
“Disjuntores de Caixa Moldada”, cujo tamanho construtivo costuma ser maior. Deter-
minado tipo de dispositivo costuma apresentar maior capacidade de interrupção de
corrente (este assunto será explicado mais adiante), faixa de correntes nominais maio-
res (praticamente todo disjuntor acima de 125 ampères é tipo caixa moldada), contatos
elétricos para fixação em barramentos e bornes, além de capacidade para instalação
de dispositivos auxiliares. A figura a seguir apresenta um disjuntor tripolar em caixa
moldada da fabricante Steck, linha Asgarda.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

FIGURA 16 – DISJUNTOR TRIPOLAR TIPO CAIXA MOLDADA

FONTE: <http://bit.ly/2ojMrSn>. Acesso em: 5 jul. 2019.

É muito importante conhecer o tipo e tamanho de disjuntor a ser utilizado


nas instalações elétricas para que sejam dimensionados corretamente os quadros de
distribuição. Alguns disjuntores necessitam de quadros de tamanhos especiais para
seu tamanho avantajado.

• Número de polos

Os disjuntores podem ser apresentados em modelos de um, dois ou três po-


los, sendo denominados de monopolares (ou monofásicos), bipolares (bifásicos) ou
tripolares (ou trifásicos) e devem ser utilizados de acordo com o número de fases do
circuito. Não se admite a instalação de dois disjuntores monopolares para a proteção
de um circuito bifásico, por exemplo. No caso, é necessária a utilização de um dispo-
sitivo bipolar.

Na Figura 17 são apresentados disjuntores mono, bi e tripolares de uma mes-


ma linha e fabricantes para comparação dos tamanhos.

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TÓPICO 2 | PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

FIGURA 17 – DIMENSÕES DE MINIDISJUNTORES DIN (mm)

FONTE: Steck (2018, s.p.)

3.2 FUSÍVEIS
São dispositivos de proteção que atuam através do rompimento de um con-
dutor (pelo efeito Joule) quando a ocorrência de uma sobrecorrente durar um deter-
minado tempo. Os fusíveis constituem o tipo de proteção elétrica mais antiga, pela
simplicidade construtiva. Por serem essencialmente monofásicos, ao serem utiliza-
dos na proteção de circuitos trifásicos, normalmente são instalados em conjunto com
detectores de falta de fase.

E
IMPORTANT

Havendo uma falha numa das fases de um circuito polifásico, é importante que
todas as fases sejam interrompidas pelo dispositivo de proteção, garantindo segurança. Alguns
equipamentos, como motores trifásicos, podem até mesmo queimar, caso uma das fases seja
desligada enquanto as demais permanecerem energizadas. Por esse motivo, utiliza-se o relé
de detecção de falta de fase, que desliga todo o circuito quando detectar a falta de, ao menos,
uma das fases.

Conforme Lima Filho (2004, p.166):


Os fusíveis geralmente constituem uma excelente proteção contra curtos-
-circuitos devido a sua alta capacidade de interrupção e a sua capacida-
de limitadora (interrompem as correntes de curto-circuito antes que elas
atinjam seu valor de crista). Sua utilização, porém, não é recomendável
para proteção contra sobrecargas leves e moderadas, pois possuem carac-
terística de atuação tempo × corrente não ajustável.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

A Figura 18 ilustra dois tipos de fusíveis utilizados em ambientes industriais.

FIGURA 18 – FUSÍVEL TIPO NH (ESQUERDA) E DIAZED (DIREITA)

FONTE: <http://bit.ly/341pL8v> e <http://bit.ly/2pRUV3o>. Acesso em: 5 jul. 2019.

3.3 RELÉS TÉRMICOS


O relé térmico é um dispositivo que protege um equipamento (ou circuito) con-
tra danos térmicos de origem elétrica pela medição da corrente que percorre o equipa-
mento protegido, atuando através de uma curva característica tempo × corrente inver-
sa, simulando o comportamento térmico do circuito (LIMA FILHO, 2004).

Esses relés costumam ser adotados na identificação de sobrecargas para a pro-


teção de motores. Sua utilização é feita em conjunto com chaves contactoras, que fun-
cionam como elementos de atuação nos circuitos.

4 DIMENSIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO


Existem diferentes aspectos a serem considerados na escolha e
dimensionamento de um dispositivo de proteção. Estes serão analisados a seguir.

4.1 DIMENSIONAMENTO QUANTO À CAPACIDADE DE


INTERRUPÇÃO
Capacidade de ruptura, capacidade de interrupção ou corrente de interrup-
ção de um dispositivo de proteção é o valor da corrente de falta que um dispositivo
é capaz de suportar sob determinada tensão estabelecida em norma. Na prática, o
valor de corrente de curto-circuito que o dispositivo suporta (até atuar) sem se dani-
ficar. O valor é dado em quilo-ampères (kA) e informado em placa pelo fabricante.

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TÓPICO 2 | PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

A norma NBR 5410 (2004) estabelece, no item 5.3.5.5.1, que “a capacidade


de interrupção do dispositivo deve ser no mínimo igual à corrente de curto-circuito
presumida no ponto onde houver instalação [...]”. Assim, é necessário conhecer a
corrente de curto-circuito presumida para saber determinar corretamente o disposi-
tivo de proteção em termos de sua capacidade de interrupção. A corrente pode ser
informada pela concessionária de energia ou pode ser calculada. Em termos práticos,
é necessário se preocupar com o valor em circuitos alimentadores, ramais de entrada
e outros que correspondam a condutores de seção elevada.

4.2 PROTEÇÃO CONTRA SOBRECARGAS


Deve haver coordenação entre os dispositivos encarregados da função e os
condutores do circuito a ser protegido (MORENO; SOUZA, 2002).

A coordenação significa que as duas condições a seguir devem ser cumpridas:

a) IB ≤ IN ≤ IZ; e
b) I2 ≤ 1,45IZ.

Em que:

• IB: corrente de projeto do circuito;


• IZ: capacidade de condução de corrente dos condutores;
• IN: corrente nominal do dispositivo de proteção;
• I2: valor de corrente que provoca a atuação do dispositivo de proteção (corrente
convencional de atuação).

A corrente é calculada em função da carga alimentada, conforme já visto nas


unidades anteriores deste livro. Já a determinação da capacidade de condução de
corrente dos condutores (IZ), também já analisada nas unidades anteriores, considera
vários fatores de correção e é feita pelas tabelas padronizadas já vistas.

A corrente nominal do dispositivo de proteção, IN, é calculada considerando


as condições reais da instalação, ou seja, também é necessária a verificação de corre-
ção de temperatura ambiente e de agrupamento.

Por fim, a corrente convencional de atuação do disjuntor (I2) vai depender de qual
norma foi seguida para sua fabricação. O valor pode ser calculado conforme a Tabela 8.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

TABELA 8 – DETERMINAÇÃO DA CORRENTE CONVENCIONAL DE ATUAÇÃO (I2) PARA DISJUNTORES

Norma I2
NBR NM 60898 1,45 In
NBR IEC 60947-2 1,30 In
NBR 5361 1,35 In
FONTE: NBR 5410 - comentada (2004, s.p.)

4.3 PROTEÇÃO CONTRA CURTOS-CIRCUITOS


Analisaremos a seguir as condições necessárias para a garantia da proteção
contra curtos-circuitos e o método para o cálculo da corrente de curto-circuito presumida.

4.3.1 Critérios para garantia da proteção contra curtos-


circuitos
Para que a proteção contra curtos-circuitos seja garantida, é necessário
que as seguintes observações sejam atendidas:

a) IR ≥ ICS; e
b) Tdd ≤ t.

Sendo t definido pela Equação 6:

K ².S ² Equação 6
t= 2
I CS

Em que:

• IR: corrente de ruptura do dispositivo de proteção;


• ICS: correte de curto-circuito presumida no ponto da instalação do dispositivo;
• Tdd: tempo de disparo do dispositivo de proteção para o valor de ICS;
• t: tempo limite de atuação do dispositivo de proteção, em segundos;
• S: seção do condutor, em mm²;
• K: constante do condutor que depende do material do condutor e do material de
sua isolação elétrica.

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TÓPICO 2 | PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

TABELA 9 – VALORES DE K PARA CONDUTORES DIVERSOS

Material do condutor Material de isolação Valor de K


PVC 115
Cobre
EPR ou XLPE 143
PVC 76
Alumínio
EPR ou XLPE 94
FONTE: Adaptado de NBR 5410 (2004).

Pela condição “a”, entende-se que o dispositivo de proteção deve ter uma
capacidade de ruptura compatível com a corrente de curto-circuito presumida no
ponto de sua instalação. Assim, havendo um curto-circuito, o dispositivo de proteção
não terá sua estrutura danificada (o que poderia levar à destruição ou mesmo à inca-
pacidade de atuar).

Já a condição “b” especifica que o dispositivo de proteção deve ser rápido


o suficiente para interromper a corrente de curto-circuito antes que os condutores
ultrapassem sua temperatura limite.

4.3.2 Determinação da corrente de curto-circuito


presumida (ICS)

O item 5.3.5.1 da NBR 5410 (2004) especifica que “as correntes de curto-cir-
cuito presumidas devem ser determinadas em todos os pontos da instalação julgados
necessários. Essa determinação pode ser efetuada por cálculo ou por medição”.

Em circuitos trifásicos, a corrente de curto-circuito presumida é a própria cor-


rente de curto-circuito trifásica. No caso de instalações alimentadas pela rede pública,
seja em alta ou baixa tensão, recomenda-se a obtenção dos dados de curto-circuito da
concessionária.

De forma geral, podemos afirmar que o valor da corrente de curto-circuito


depende basicamente da impedância existente entre a fonte de energia e o ponto da
falta. Assim, é apresentado o seguinte roteiro para a determinação da corrente de
curto-circuito presumida. O método propõe algumas simplificações, porém os resul-
tados são condizentes com as situações reais.

O procedimento consiste nas seguintes hipóteses, conforme descrito por


Lima Filho (2004):

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

a) é desprezado o valor da impedância do sistema de energia da concessionária,


isto é, considera-se infinita a capacidade do sistema. Necessitando-se de maior
precisão (normalmente para instalações industriais), pode-se solicitar à conces-
sionária a potência de curto-circuito no ponto de entrega;
b) é desprezada a impedância do circuito de média tensão para alimentação do
transformador (quando houver);
c) são desprezadas as impedâncias internas dos dispositivos de proteção e de co-
mando;
d) é considerado o curto-circuito direto, ou seja, despreza-se a resistência de con-
tato;
e) é considerada a ocorrência do curto-circuito trifásico simétrico, que é a condi-
ção mais desfavorável;
f) é desprezada a contribuição de motores e geradores elétricos que, no caso de
curtos-circuitos, contribuem para o aumento da corrente de falta. Em instala-
ções industriais, na presença de motores acima de 100 cv e/ou tensões acima de
600 volts, é necessário considerar a presença desses equipamentos.

O roteiro de cálculo para a corrente de curto-circuito presumida é apresen-


tado a seguir. O diagrama mostrado na figura auxilia no entendimento dos vários
elementos considerados para o cálculo.

FIGURA 19 – CURTO-CIRCUITO NUMA LINHA TRIFÁSICA

FONTE: O autor

a) Cálculo da impedância da fonte até o ponto da falta

A resistência elétrica total (RL) e a reatância total (XL) da linha são calcula-
das, respectivamente, pelas equações 7 e 8.

r.L Equação 7
RL =
N

x.L
XL = Equação 8
N

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TÓPICO 2 | PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

Em que:

• RL: resistência da linha à montante do ponto de falta, em mΩ;


• XL: reatância da linha à montante do ponto de falta, em mΩ;
• r: resistência específica do condutor, de acordo com a Tabela 10 ou do fabricante,
em mΩ;
• x: reatância específica do condutor, de acordo com a Tabela 10 ou do fabricante,
em mΩ;
• N: número de condutores em paralelo em uma mesma fase;
• L: comprimento da linha à montante (entre a fonte e o ponto do curto-circuito),
em metros.

A impedância (ZE), resistência (RE) e reatância (XE) do transformador são


calculadas pelas Equações 9, 10 e 11.

1000 × PCu Equação 9


RE =
3 × I N2

Z % × U N2 Equação 10
ZE =
100 × PE

Equação 11
XE
= Z E2 − RE2
Em que:

• RE: resistência equivalente do secundário do transformador, em mΩ;


• XE: reatância equivalente do secundário do transformador, em mΩ;
• ZE: impedância equivalente do secundário do transformador, em mΩ;
• PCu: perdas do cobre do transformador, em watts, conforme Tabela 10;
• IN: corrente nominal do transformador, em ampères;
• Z%: impedância percentual do transformador, conforme Tabela 10 ou dados do
fabricante;
• UN: tensão de linha (fase-fase) nominal do secundário;
• PE: potência nominal do transformador, em kVA.

Com essas informações, pode-se proceder com o cálculo da impedância


total de curto-circuito (Zcc) e, finalmente, com a corrente de curto-circuito simétrica
presumida (Icc), conforme demonstram as Equações 12 e 13.

Z cc = ( RL + RE ) ² + ( X L + X E ) ² Equação 12

UN
I cc = Equação 13
3.Z cc
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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Sendo:

• Zcc: impedância total de curto-circuito (da fonte até o ponto de falta), em mΩ;
• Icc: corrente de curto-circuito simétrica presumida, em kA.

A Tabela 10 apresenta os valores de impedância para condutores de cobre de


diferentes seções. Ao trabalhar em projetos de instalações reais, recomenda-se checar
os valores dos condutores utilizados nas tabelas fornecidas pelos fabricantes, pois
podem existir diferenças de valores, principalmente nas reatâncias, que são influen-
ciadas pela forma de instalação e quantidade de condutores. Para efeitos didáticos,
no entanto, a tabela é perfeitamente aceitável.

TABELA 10 – IMPEDÂNCIA DOS CONDUTORES

Seção Seção
Resistência Reatância Resistência Reatância
Nominal Nominal
(mΩ/m) (mΩ/m) (mΩ/m) (mΩ/m)
(mm²) (mm²)
1,0 22,1 0,176 70 0,328 0,0965
1,5 14,8 0,168 95 0,236 0,0975
2,5 8,91 0,155 120 0,188 0,0939
4,0 5,57 0,143 150 0,153 0,0928
6,0 3,71 0,135 185 0,123 0,0908
10 2,24 0,119 240 0,0943 0,0902
16 1,41 0,112 300 0,0761 0,0895
25 0,880 0,106 400 0,0607 0,0876
35 0,841 0,101 500 0,0496 0,0867
50 0,473 0,101 630 0,0402 0,0865
FONTE: Lima Filho (2004, p. 173)

A Tabela 11 apresenta as características elétricas de transformadores de di-


versas potências com tensão primária de 15 kV. Recomenda-se a busca em sítios
eletrônicos de fabricantes para transformadores de outras tensões e/ou potências.

NOTA

Algumas empresas que são referências na fabricação de transformadores e


que fornecem dados são: Weg, Siemens, Schneider e ABB. Mas existem outras!

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TÓPICO 2 | PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

TABELA 11 – DADOS DE TRANSFORMADORES TRIFÁSICOS DE 15,0(13,8) KV

Perdas
Tensão Impedância
Potência (kVA) A Vazio/No No Cobre -
Secundária (V) Z% (%)
Ferro – PFe (W) PCu (W)
15 220 a 440 120 300 3,5
30 220 a 440 200 570 3,5
45 220 a 440 260 750 3,5
75 220 a 440 390 1200 3,5
112,5 220 a 440 520 1650 3,5
380 a 440 640 2050 3,5
150
220 640 2950 4,5
380 a 440 900 2800 4,5
225
220 900 3900 4,5
380 a 440 1120 3700 4,5
300
220 1700 6400 4,5
380 a 440 1700 6000 4,5
500
220 1700 10000 5,5
380 a 440 2000 8500 5,5
750
220 2000 12500 5,5
380 a 440 3000 11000 5,5
1000
220 3000 18000 5,5
FONTE: Lima Filho (2004, p.174)

4.3.3 Exemplo de aplicação – cálculo de curto-circuito

Para ilustrar o cálculo da corrente de curto-circuito presumida, vamos anali-


sar uma situação hipotética, mas muito realista, apresentada a seguir.

Determinar a corrente de curto-circuito presumida nos três quadros de ener-


gia (pontos 1, 2 e 3), dispostos em cascata, mostrados no diagrama unifilar da figura
seguinte.

FIGURA 20 – DIAGRAMA PARA O CÁLCULO DAS CORRENTES PRESUMIDAS

FONTE: Adaptado de Lima Filho (2004)

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Considerar as seguintes informações dos componentes elétricos:

a) Transformador

• Potência nominal: 500 kVA


• Tensões: 13,8 kV / 380 V

b) Circuitos

• Circuito 1
0 Condutores: S1 = 3# 2×240(2×240) T240 mm² (dois condutores para cada
fase e o neutro e um condutor para o terra).
0 Comprimento: L1 = 16,0 m

• Circuito 2
0 Condutores: S2 = 3#70(70)T35 mm²
0 Comprimento: L2 = 60,0 m

• Circuito 3
0 Condutores: S3 = #10(10)T10 mm²
0 Comprimento: L3 = 20,0 m

Iniciaremos pelo cálculo das impedâncias dos elementos:

i) Impedância do transformador

Da Tabela 11, temos que:

PFe = 1700 W, PCu = 6000 W e Z% = 4,5%

A corrente nominal do transformador é:

1000 × PE 1000 × 500


=IN = ≅ 760 A
3 ×U N 3 × 380

Cálculo da resistência, reatância e impedância:

1000 × PCu 1000 × 6000


RE
= = = 3, 46 mΩ
3 × I N2 3 × 7602

Z % × U N2 4,5 × 3802
ZE
= = = 13, 0 mΩ
100 × PE 100 × 500

XE = Z E2 − RE2 = 132 − 3, 462 = 12,53 mΩ

184

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 184 26/11/2019 11:24:37


TÓPICO 2 | PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

ii) Cálculo das resistências e reatâncias dos condutores

Da Tabela 10, temos que:

Seção
Número do
Nominal r (mΩ/m) x (mΩ/m)
Circuito
(mm²)
1 120 0,188 0,0939
2 70 0,328 0,0965
3 10 2,24 0,119

Para o circuito 1, a partir das Equações 7 e 8, tem-se que:

r1.L1 0,188 ×16


RL1
= = = 1,504 mΩ
N1 2

x1.L1 0, 0939 ×16


X L1
= = = 0, 7512 mΩ
N1 2

Da mesma forma, para os circuitos 2 e 3:

0,328 × 60
=RL 2 = 19, 68 mΩ
1

0, 0956 × 60
=X L2 = 5, 736 mΩ
1

2, 24 × 20
=RL 3 = 44,8 mΩ
1

0,119 × 60
=X L3 = 0, 714 mΩ
1

iii) Cálculo da corrente de curto-circuito presumida no ponto 1

Primeiramente, é necessário calcular a impedância, através da Equação 12:

( RL1 + RE ) + ( X L1 + X E ) (1,504 + 3, 46 ) + ( 0, 7512 + 12,53)


2 2 2 2
Z cc1 = =

185

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Z cc1 = 14,18 mΩ

Em seguida, pode-se proceder com o cálculo da corrente de curto-circuito,


conforme determinado pela Equação 13:

UN 380
I cc1
= = = 15, 47 kA
3.Z cc1 3 ×14,18

iv) Para o cálculo da corrente de curto-circuito presumida no ponto 2, procedemos


de forma similar ao cálculo no ponto 1:

(1,504 + 3, 46 + 19, 68) + ( 0, 7512 + 12,53 + 5, 736 )=


2 2
Z cc=
2 31,13 mΩ

380
=I cc 2 = 7, 05 kA
3 × 31,13

v) O circuito, no ponto 3, é monofásico, de forma que o cálculo da corrente de


curto-circuito é diferente, pois deve levar em consideração outras impedâncias
(de sequência zero e positiva).

Adotaremos o cálculo da corrente de curto-circuito considerando-a trifásica,


o que levará a um valor maior que o real. A implicação nos levará a um resultado com
maior nível de proteção, o que apenas aumenta a segurança da instalação.

(1,504 + 3, 46 + 19, 68 + 44,8) + ( 0, 7512 + 12,53 + 5, 736 + 0, 714 )


2 2
Z cc=
3

Z cc 3 = 72,19 mΩ

380
=I cc 3 = 5, 26 kA
3 × 72,19

186

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 186 26/11/2019 11:24:38


TÓPICO 2 | PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

Concluído o cálculo da corrente presumida nos três pontos solicitados,


verifica-se que o seu valor diminui à medida que nos afastamos da entrada de energia.

4.3.4 Exemplo de aplicação – dimensionamento de um


dispositivo de proteção
Verificar se o disjuntor proposto a seguir possui as características elétricas
de proteção necessárias para atender a um circuito monofásico composto por três
condutores unipolares (Fase, Neutro e Proteção) de seção 6,0 mm², isolação em PVC,
acomodados em eletroduto de PVC embutido em alvenaria. O circuito alimenta uma
carga de corrente nominal 30 ampères. O nível de curto-circuito presumido junto à
carga é de 3,5 kA.

O disjuntor proposto, do tipo monopolar, tem as características listadas a


seguir:

• Fabricante: Steck
• Linha: Minidisjuntores Termomagnéticos DIN
• Norma: ABNT NBR IEC 60947-2
• Curva de disparo termomagnético: Tipo B (3 a 5 × In) – gráfico da Figura 14.
• Corrente nominal: 2 a 70 A
• Tensão nominal de operação: 240 Vac
• Capacidade de interrupção de corrente: 6 kA

Solução:

O disjuntor precisa atender aos requisitos de proteção contra sobrecarga,


curto-circuito e capacidade de interrupção.

i) Proteção contra sobrecargas

O dispositivo de proteção deve atender às duas condições expostas no item


3.2:

a) IB ≤ IN ≤ IZ

IB = 30 A
IZ = 41 A (conforme consulta às Tabelas 1 e 2 da Unidade 2)
IN = 32 A (valor escolhido)
Logo, a condição “a” é atendida.

b) I2 ≤ 1,45IZ
187

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Pela Tabela 8, tem-se que:


I2 = 1,30 × 32 = 41,6 A
Como 41,6 é menor que 1,45IZ, a condição “b” também é atendida.
Assim, há garantia de proteção contra sobrecargas.

ii) Proteção contra curto-circuito

A proteção contra curtos-circuitos é alcançada se as condições informadas


no item 4.3.1 forem atendidas.

a) IR ≥ ICS:

Tem-se que:
IR = 6 kA e ICS = 3,5 kA, logo, a condição “a” está atendida.

b) Tdd ≤ t:

Primeiramente, calcula-se o valor da relação ICS/IN:


ICS/IN = 3500/32 = 109,4 ≈ 110

Na Figura 14 se localiza o valor de 110 no eixo horizontal e se faz a projeção


vertical até o limite superior da curva de atuação (por ser a situação mais crítica,
ou seja, aquela que representa o maior tempo para o dispositivo atuar). A projeção
está indicada pela linha traço-ponto na figura. Faz-se, então, o rebatimento para o
eixo vertical à esquerda, o que revela um valor um pouco superior a 0,01.

Assim, chega-se a:

Tdd = 0,012 segundos (valor adotado por aproximação visual).

O próximo passo é calcular o valor de t pela Equação 6:

K ².S ² 115².6²
=t = 2
= 0, 0388 s
I CS 3500²

Por fim, verifica-se que a condição “b” também é atendida.

Assim, conclui-se que o disjuntor apresentado atende satisfatoriamente


aos requisitos de proteção contra sobrecorrentes para o circuito indicado.

5 COORDENAÇÃO E SELETIVIDADE
Uma das preocupações em relação ao projeto de uma instalação elétrica é
com sua continuidade de serviço, mesmo que uma falha ocorra em algum de seus
circuitos.
188

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 188 26/11/2019 11:24:38


TÓPICO 2 | PROTEÇÃO CONTRA SOBRECORRENTES

Para que o objetivo seja alcançado, é necessário conhecer dois conceitos im-
portantes: a coordenação e a seletividade elétrica.

A seletividade significa que, na ocorrência de alguma falha num circuito elé-


trico, a proteção à montante da falha atue isolando o defeito e mantendo o restante
da instalação em funcionamento.

Havendo dois ou mais dispositivos de proteção disponíveis no caso de uma


falha, a coordenação é que define qual vai atuar.

A análise da Figura 21 auxilia no entendimento desses conceitos. É apresenta-


do um diagrama unifilar em duas situações distintas. Na Situação 1, uma falha num
dos circuitos levou ao desligamento de vários disjuntores em cascata, de forma que
mesmo os circuitos não afetados diretamente pela falha ficaram sem energia. Dize-
mos que, no caso, não houve coordenação seletiva entre os dispositivos de proteção.

Já no caso da Situação 2, uma falha no mesmo local provocou o desligamento


apenas do dispositivo de proteção imediatamente anterior, ou seja, à montante. No
caso, a falha foi isolada do restante do sistema elétrico, que permaneceu ligado (con-
tinuidade de serviço). Diz-se que, nesta situação, houve coordenação seletiva entre os
dispositivos de proteção.

FIGURA 21 – EXEMPLO DE COORDENAÇÃO SELETIVA

FONTE: O autor

Para um sistema elétrico com vários disjuntores instalados em cascata, a co-


ordenação seletiva implica que os dispositivos à jusante devem ter valor de corrente
nominal menor que aqueles à montante, ou seja, a corrente nominal dos dispositivos
é menor à medida que estes se aproximam das cargas. De forma mais específica, a
coordenação seletiva deve ser realizada considerando as curvas Tempo × Corrente
dos dispositivos de proteção.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Além da coordenação e seletividade, é necessário que a proteção de um


sistema elétrico possua as seguintes características:

• rapidez: que é a capacidade do dispositivo atuar o mais rápido possível, de


forma a diminuir os possíveis danos ao sistema;
• confiabilidade: os dispositivos de proteção devem atuar apenas na ocorrência
de uma falha (sobrecorrente) e, no caso, a atuação deve ocorrer de fato, sem a
possibilidade do circuito estar à mercê da falha;
• sensibilidade: capacidade do dispositivo de proteção conseguir identificar com
precisão alguma falha (sobrecarga ou curto-circuito) que ocorrer no circuito
que está protegendo, independentemente da sua intensidade.

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RESUMO DO TÓPICO 2

Neste tópico, você aprendeu que:

• Existem dois tipos de sobrecorrente: a sobrecarga e o curto-circuito. Para cada


um, a NBR 5410 (2004) propõe medidas de proteção específicas.

• Os dispositivos de proteção contra sobrecorrentes possuem um gráfico especí-


fico denominado Curva Tempo x Corrente, que relaciona o tempo de atuação
com o valor da corrente circulante.

• Atualmente, existem dois padrões de disjuntores para baixa tensão no merca-


do nacional: o padrão Nema e o padrão DIN. Recomenda-se a utilização deste
último devido às características elétricas superiores.

• A corrente de curto-circuito presumida é um importante fator na determinação


dos condutores e dispositivos de proteção dos sistemas elétricos. Seu cálculo
leva em consideração as impedâncias entre o ponto de curto-circuito conside-
rado e a fonte de energia.

• A coordenação e a seletividade são dois conceitos fundamentais para a garan-


tia do correto funcionamento das proteções de um sistema elétrico.

191

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 191 26/11/2019 11:24:38


AUTOATIVIDADE

1 Determinar o tempo máximo que a proteção deve atuar quando determina-


do circuito em condutor isolado de cobre de seção de 95 mm², tipo de isola-
ção PVC, é atravessado por uma corrente de curto-circuito de valor igual a
6,5 kA.

2 A Figura 22 apresenta a curva tempo × corrente da linha de minidisjuntores


tipo C da Siemens. Considerando a curva, determine o tempo máximo de
atuação para os seguintes disjuntores e condições:

a) disjuntor de 20 A percorrido por uma sobrecorrente de 60 A;


b) disjuntor de 50 A percorrido por uma sobrecorrente de 225 A.

3 Para o diagrama unifilar mostrado na Figura 23, determine a capacidade


de interrupção adequada para o disjuntor geral (D2) do Quadro de Distri-
buição (QD), considerando a ocorrência de um curto-circuito trifásico nos
barramentos do quadro (ponto 2). A corrente de curto-circuito presumida
no Quadro Geral de Baixa Tensão (QGBT) é de 11,5 kA (junto ao ponto 1). A
tensão no secundário do transformador T é de 220/127 volts. O circuito que
alimenta o QD (S2) é constituído por cabos de cobre unipolares de 50 mm²,
isolação EPR/XLPE, em eletrocalha perfurada sem tampa, comprimento de
66 metros. O disjuntor D2 é tripolar, curva C, NBR IEC 60947-2, corrente
nominal de atuação de 100 A.

FONTE: O autor

192

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 192 26/11/2019 11:24:38


UNIDADE 3
TÓPICO 3

PROTEÇÕES CONTRA
CHOQUES ELÉTRICOS E SOBRETENSÕES

1 INTRODUÇÃO
Toda instalação elétrica precisa ser planejada e executada tendo como preo-
cupação básica a segurança de usuários e de bens materiais contra os perigos que a
energia elétrica apresenta.

Neste tópico vamos abordar alguns conceitos importantes a respeito da pro-


teção contra choques elétricos e sobretensões apresentados pela NBR 5410 (2004). Seu
conhecimento é imprescindível para garantir uma instalação elétrica segura.

2 PROTEÇÃO CONTRA CHOQUES ELÉTRICOS


Iniciaremos o estudo da segurança em eletricidade analisando os preceitos
relativos às proteções contra choques elétricos.

2.1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS


A proteção contra choques elétricos é uma preocupação constante em to-
das as etapas de realização de um sistema elétrico. A norma NBR 5410 (2004)
reserva grande parte de seu conteúdo ao assunto e suas implicações permeiam
praticamente todos os aspectos de um projeto elétrico.

A NBR 5410 (2004) estabelece o Princípio Fundamental de Proteção Con-


tra Choques Elétricos, constituído por duas condições que devem ser atendidas:

• partes vivas perigosas não devem ser acessíveis; e


• massas ou partes condutivas acessíveis não devem oferecer perigo, seja em
condições normais, seja, em particular, em caso de alguma falha que as torne
acidentalmente vivas.

193

Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 193 26/11/2019 11:24:38


UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

ATENCAO

Parte viva: parte condutora, pertencente à instalação elétrica que em condições


normais apresenta ou pode apresentar diferença de potencial elétrico em relação à terra.
Considera-se que o potencial elétrico da terra é zero. São exemplos de partes vivas: os
barramentos e a parte condutiva dos cabos elétricos.
Massa: partes metálicas não destinadas a conduzir corrente, eletricamente interligadas e
isoladas das partes vivas. É a parte de uma instalação que pode ser tocada facilmente e
que, em condições normais, não apresenta diferença de potencial em relação à terra. São
exemplos de massa as carcaças e invólucros metálicos (LIMA FILHO, 2004).

Assim, a proteção contra choques elétricos compreende duas medidas de


proteção, de acordo com a NBR 5410 (2004):

• proteção básica, que se refere à proteção contra contatos diretos; e


• proteção supletiva, que corresponde à proteção contra contatos indiretos.

O contato direto é aquele em que pessoas (ou animais) têm em relação a par-
tes vivas da instalação. Já os contatos indiretos são aqueles realizados em relação
às massas que ficaram acidentalmente energizadas. A Figura 24 exemplifica os dois
tipos de contatos citados.

FIGURA 24 – TIPOS CONTATOS ELÉTRICOS

Choque elétrico por contato direto Choque elétrico por contato indireto
FONTE: Adaptado de Lima Filho (2004)

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Instalações Elétricas em Baixa Tensão.indd 194 26/11/2019 11:24:39


TÓPICO 3 | PROTEÇÕES CONTRA

As medidas de proteção contra choques elétricos podem ser divididas em


duas categorias:

• Medidas de Proteção Ativa: ocorrem pelo seccionamento automático da alimentação


a fim de limitar o risco do choque elétrico no corpo humano (ou de animais).
• Medidas de Proteção Passiva: limitação da corrente pelo corpo humano através
do aterramento das massas e pela isolação das partes vivas, bem como da
colocação de barreiras e obstáculos que impeçam o acesso às partes energizadas.

2.2 PROTEÇÃO BÁSICA


As medidas de proteção contra contatos diretos podem ser especificadas de
acordo com a NBR 5410 (2004) e Lima Filho (2004), conforme demonstrado na Tabela 12.

É interessante notar que a NBR 5410 (2004) considera que a proteção básica
deve ser uma característica construtiva dos componentes utilizados, estabelecida pelos
fabricantes desses elementos. Assim, cabe ao projetista especificar e garantir a utiliza-
ção de componentes que utilizam essas proteções. A proteção básica de instalações é
apresentada no anexo B da NBR 5410 (2004).

TABELA 12 – PROTEÇÕES BÁSICAS, CONFORME A NBR 5410 (2004)

Natureza da Tipo de Medida


Proteção Passiva Ativa
• Isolação das partes vivas.
Completa ou Total • Utilização de barreiras.
• Utilização de invólucros.
• Colocação de obstáculos.
Parcial
• Colocação fora de alcance.
• Utilização de dispositivos
Suplementar para a corrente diferencial
residual (DR).
FONTE: Adaptado de Lima Filho (2004)

2.2.1 Proteção por isolação das partes vivas


É o conjunto de materiais isolantes aplicados às partes vivas, evitando os
choques elétricos. A isolação só pode ser removida mediante sua destruição e,
consequentemente, sua inutilização.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

2.2.2 Proteção por barreiras ou invólucros


Invólucro pode ser compreendido como um elemento que impede o acesso
às partes vivas de qualquer direção. Já barreiras são elementos que impedem o
acesso às partes vivas das direções habituais de acesso.

2.2.3 Proteção por meio de obstáculos


Os obstáculos são objetos que visam impedir o acesso às partes energi-
zadas.

2.2.4 Proteção por colocação fora do alcance


Conforme o item 5.1.5.4 da NBR 5410 (2004), partes simultaneamente aces-
síveis que apresentem potenciais diferentes devem se situar fora da Zona de Alcan-
ce Normal. Duas partes são simultaneamente acessíveis quando o afastamento não
ultrapassa 2,50 m. Define-se como Zona de Alcance Normal o volume indicado na
figura seguinte.

FIGURA 25 – DELIMITAÇÃO DA ZONA DE ALCANCE NORMAL

FONTE: NBR 5410 (2004, p.53)

196

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TÓPICO 3 | PROTEÇÕES CONTRA

2.2.5 Proteção adicional por dispositivo DR


Dispositivos Diferenciais Residuais (DR) de alta sensibilidade podem ser
utilizados como proteção suplementar, interrompendo a alimentação do circuito
em caso de falta. É importante salientar que esta forma de proteção não dispensa
aquelas citadas anteriormente.

2.3 PROTEÇÃO SUPLETIVA


A proteção supletiva é constituída por duas partes: a equipotencialização
e o seccionamento automático da alimentação.

A Nota 1 do item 5.1.2.2 da NBR 5410 (2004, p. 36) esclarece que:

A equipotencialização e o seccionamento automático da alimentação se


completam, de forma indissociável, porque quando a equipotencialidade
não é o suficiente para impedir o aparecimento de tensões de contato
perigosas, entra em ação o recurso do seccionamento automático,
promovendo o desligamento do circuito em que se manifesta a tensão
de contato perigosa.

Dessa forma, as duas partes são igualmente importantes para a garantia


da proteção supletiva.

2.3.1 Equipotencialização
A equipotencialização consiste no processo de colocar todos as massas de
uma edificação ou instalação num mesmo potencial elétrico, de forma que não
ofereçam risco de choque elétrico ao contato.

Quanto à equipotencialização, a NBR 5410 (2004) estabelece que:

• todas as massas de uma instalação devem estar ligadas a condutores de proteção;


• em cada edificação, deve ser realizada uma equipotencialização principal e tan-
tas equipotencializações suplementares quantas forem necessárias;
• todo circuito deve dispor de condutor de proteção em toda sua extensão. Um
condutor de proteção pode ser comum a mais de um circuito (observadas as
regras para o dimensionamento).

A figura seguinte indica os componentes básicos do aterramento de uma


edificação, considerando as finalidades de proteção e funcionais.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

FIGURA 26 – COMPONENTES BÁSICOS DO ATERRAMENTO DE UMA EDIFICAÇÃO

FONTE: NBR5410 versão comentada (2004, s.p.)

Legenda dos componentes indicados na Figura 26:

• T: eletrodo de aterramento;
• 1: condutor de aterramento;
• 2: condutor da ligação equipotencial principal;
• 3: condutor de proteção principal;
• 4: condutor de proteção (de circuito terminal);
• 5: condutor de ligação equipotencial suplementar;
• 6: barramento de equipotencialidade funcional (item 6.4.5.2 da NBR5410/2004);
• 7: condutor de proteção e aterramento funcional (item 6.4.7.1 da NBR5410/2004);
• 8: condutor de aterramento funcional (item 6.4.6.2 da NBR5410/2004);
• B: barramento de equipotencialização principal (BEP)/terminal de aterramento
principal (TAP);
• C: elemento condutivo (elemento condutor estranho à instalação elétrica);
• QD: quadro de distribuição;
• b: terminal de aterramento de QD;
• E: equipamento de utilização (massa);
• ETI: equipamento de tecnologia da informação;
• M: malha de piso;
• s: cabo de sinal.

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TÓPICO 3 | PROTEÇÕES CONTRA

2.3.2 Seccionamento Automático


É a interrupção da alimentação de um circuito por um dispositivo de pro-
teção sempre que uma falta, que der origem a uma tensão de contato perigosa,
for identificada.

O seccionamento automático deve ser realizado de forma compatível com


os sistemas de aterramento adotados. O tema pode se tornar bastante complexo e
longo se abordado em sua totalidade. Não nos cabe abordar esse assunto de for-
ma completa nesta obra, mas fica a seu critério, acadêmico, ler a respeito do tema
em livros de Instalações Elétricas indicados na bibliografia da disciplina.

3 ATERRAMENTO ELÉTRICO
A norma NBR 5410 (2004) especifica três tipos de aterramento: TN, TT e
IT, explicados em seguida. Nas figuras utilizadas para representar os sistemas de
aterramento são utilizados, como exemplo, sistemas trifásicos. As massas indica-
das não simbolizam um único, mas sim qualquer número de equipamento elétri-
co. Além disso, as figuras não devem ser vistas com conotação espacial restrita,
podendo se referir a grandes distâncias ou mesmo a edificações distintas.

3.1 ESQUEMA TT
No esquema de aterramento TT (“terra-terra”), representado na Figura
27, o neutro da fonte é ligado à terra, estando as massas da instalação ligadas a
um eletrodo de aterramento independente.

Neste tipo de aterramento, uma eventual corrente de falta (denotada por


IF na Figura 27) tem seu valor bastante limitado pelo elevado valor de resistência
da terra. A corrente é insuficiente para provocar o acionamento de disjuntores
ou fusíveis, mas ainda é perigosa para uma pessoa. Dessa forma, ela deve ser
detectada e eliminada pela ação de dispositivos DR.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

FIGURA 27 – ESQUEMA DE ATERRAMENTO TT

FONTE: Moreno e Costa (2001, p.18)

3.2 ESQUEMA TN
No esquema TN (“terra-neutro”), o Neutro da fonte é ligado diretamente
à terra. As massas da instalação também são ligadas à terra no mesmo ponto que o
Neutro através do condutor de Proteção (PE), conforme ilustra a figura seguinte.

FIGURA 28 – ESQUEMA DE ATERRAMENTO TN-S

FONTE: Moreno e Costa (2001, p. 20)


200

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TÓPICO 3 | PROTEÇÕES CONTRA

Nos casos, a corrente de falta pode assumir valores elevados, pois existe
um caminho de baixa impedância a ser percorrido, de forma que ela pode ser
detectada por disjuntores ou fusíveis.

O esquema TN pode ser um dos seguintes:

• TN-S (“terra neutro separado”): as funções dos condutores Neutro e Proteção


são desempenhadas por condutores separados.
• TN-C (“terra neutro conjugado”): as funções Terra e Neutro são desempenha-
das pelo mesmo condutor, denominado PEN.
• TN-C-S: sistema de aterramento em que parte é TN-S e parte é TN-C.

Conforme explica Moreno e Costa (2001, p.19):

No Brasil, o esquema TN é o mais comum quando se tratam de instala-


ções alimentadas diretamente pela rede pública de baixa tensão da con-
cessionária de energia elétrica. No caso, quase sempre a instalação é do
tipo TN-C até a entrada. Aí, o neutro é aterrado por razões funcionais
e segue para o interior da instalação separado do condutor de proteção
(TN-S). É fácil observar que, caso haja a perda do neutro antes da entrada
consumidora (por exemplo, com o rompimento do neutro devido a um
acidente com caminhão ou ônibus), o sistema irá se transformar em TT.

Assim, concluímos que mesmo no sistema TN é recomendável a utilização


de dispositivos DR para garantir a proteção contra choques elétricos.

3.3 ESQUEMA IT
O esquema de aterramento IT (“Impedância de Terra”) é bastante similar
ao TT, com a diferença básica de que uma impedância de valor elevado (resistência
ou indutância) é interconectada entre o neutro da fonte e a malha de aterramento.

O objetivo de tal arranjo é conseguir limitar a corrente de falta a um valor


desejado de forma que o sistema não seja imediatamente desligado na ocorrên-
cia de uma primeira falta. No caso, dispositivos adicionais devem ser empregados
para evitar que a corrente de falta, inofensiva para o corpo humano, não degrade o
sistema com o passar do tempo.

O uso do esquema IT é restrito a casos em que o desligamento do sistema


elétrico pode representar risco à vida ou considerável perda de patrimônio, como
em centros de saúde e alguns tipos de processos produtivos.

201

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

FIGURA 29 – ESQUEMA DE ATERRAMENTO IT

FONTE: Moreno e Costa (2001, p.20)

4 DISPOSITIVOS DE PROTEÇÃO ADICIONAIS


Além da proteção contra sobrecorrentes, existem dispositivos que garantem
a proteção mediante outros tipos de falhas. Destacam-se o DR (já mencionado ante-
riormente) e o DPS, que serão estudados em seguida.

4.1 DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO DIFERENCIAL RESIDUAL


Os dispositivos de proteção diferencial residual, ou apenas dispositivos DR,
são utilizados para garantir a proteção de pessoas contra choques elétricos devido a
contatos diretos ou indiretos de instalações. São também empregados como proteção
contra riscos de incêndio provocados pela circulação de correntes de falta não detectá-
veis por dispositivos de sobrecorrente.

A corrente diferencial residual representa a soma fatorial das correntes que


percorrem os condutores fase e neutro de um circuito num determinado ponto. De
modo ideal, a corrente deve ser zero, a menos que exista um caminho alternativo para
sua circulação, o que caracterizaria uma falha no sistema elétrico (corrente de fuga ou
de falta), conforme pode ser verificado na figura a seguir. Na prática, todo circuito pos-
sui uma corrente certa de fuga, de baixo valor, devido à inexistência de uma isolação
perfeita.

202

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TÓPICO 3 | PROTEÇÕES CONTRA

FIGURA 30 – FUNCIONAMENTO INTERNO DO DR

Legenda da figura: A: fuga à terra por falha na isolação


F1: dispositivo DR φF: fluxo magnético da corrente residual
T: transformador diferencial toroidal IF: corrente secundária residual induzida
L: disparador eletromagnético
FONTE: Siemens (2017, s.p.)

A função do dispositivo DR é supervisionar a corrente diferencial-residual e


interromper a alimentação do circuito caso seu valor seja superior a um valor prees-
tabelecido (IΔN).

Os dispositivos DR direcionados à proteção contra choques elétricos são de-


nominados de alta sensibilidade e possuem corrente IΔN de 30 miliampères. Já os dis-
positivos DR, utilizados para proteção contra incêndio, possuem sensibilidade de
300 miliampères. Uma corrente de 30 mA representa o máximo valor suportado pelo
organismo humano sem representar riscos sérios para a saúde.

Comercialmente, os dispositivos DR podem ser encontrados como módulos


autônomos ou integrados a disjuntores, incorporando também a função de prote-
ção contra sobrecorrentes. Esses dispositivos existem nas versões bi ou tetrapolares e
atendem circuitos mono, bi ou trifásicos, com ou sem neutro.

A NBR 5410 (2004) cita, no item 5.1.3.2.2, os casos de obrigatoriedade do


uso de dispositivos DR com sensibilidade de 30 mA ou menos:

203

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

a) circuitos que sirvam para pontos de utilização situados em locais contendo banhei-
ra ou chuveiro;
b) circuitos que alimentem tomadas de corrente situadas em áreas externas à edifica-
ção;
c) circuitos de tomadas de corrente situadas em áreas internas que possam vir a ali-
mentar equipamentos no exterior;
d) circuitos que, em locais de habitação, sirvam para pontos de utilização situados em
cozinhas, copas/cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e demais depen-
dências internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens;
e) os circuitos que, em edificações não residenciais, sirvam a pontos de tomada situ-
ados em cozinhas, copas/cozinhas, lavanderias, áreas de serviço, garagens e, no
geral, em áreas internas molhadas em uso normal ou sujeitas a lavagens.

Há de se salientar, ainda, que o uso de um dispositivo DR não dispensa a


adoção de outras medidas de proteção contra choques.

4.2 DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO CONTRA SURTOS


Os dispositivos de Proteção contra Surtos, ou abreviadamente DPS, são com-
ponentes destinados à proteção das instalações contra sobretensões e são indicados
pela norma NBR 5410 (2004) tanto para instalações elétricas (conforme enunciado no
item 5.4.2.1.2) quanto para instalações de telefonia ou sinal (item 5.4.2.2). Essas sobre-
tensões podem ter duas origens principais: descargas atmosféricas ou manobras no
sistema elétrico.

O DPS deve ser ligado entre o circuito a proteger (Fase ou Neutro) e o aterra-
mento, sendo seu funcionamento bastante simples: ao detectar uma elevação de tensão
acima de um determinado valor preestabelecido, o DPS atua curto-circuitando o sistema
e direcionando toda a corrente para a terra, evitando que esta atinja os elementos a serem
protegidos.

Por causa de seu modo de funcionamento, o DPS precisa ser trocado após
sua atuação. Há uma indicação na parte frontal do dispositivo que indica seu estado
através de cores: verde se o DPS ainda protege o sistema e vermelho se já houve uma
atuação do DPS. A Figura 31 apresenta um DPS classe II bipolar (para proteção de
uma Fase e o Neutro) da fabricante Siemens. No dispositivo apresentado, pode-se
observar dois mostradores frontais que indicam, através da sua cor, o estado de fun-
cionamento do DPS.

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TÓPICO 3 | PROTEÇÕES CONTRA

FIGURA 31 – APARÊNCIA DE UM DPS BIPOLAR

FONTE: Siemens (2017, s.p.)

Para instalações elétricas, a NBR 5410 (2004) especifica que a proteção por
DPS (ou outro dispositivo que garanta proteção semelhante) deve ocorrer nos
seguintes casos:

• quando a instalação for alimentada por linha total ou parcialmente aérea, estan-
do a edificação numa região que apresenta mais de 25 dias de trovoada por ano;
• quando existirem riscos provenientes da exposição dos componentes da
instalação a descargas atmosféricas.

NOTA

O número de dias de trovoada (ou tempestade) por ano, em determinada


área, que não deve ser confundido com a densidade de descargas, é informado no Mapa
Isoceráunico, constante no anexo B da NBR 5419-2 (2015).

Alguns tipos de DPS são mostrados na figura seguinte. O modelo indi-


cado em “a” é de categoria II, destinado à proteção da rede elétrica e pode ser
instalado em quadros ou painéis. O modelo “b” é um DPS de sinal, Classe III,
projetado para ser utilizado em linhas de RF (sinal de TV). Já o modelo “c” é um
DPS Classe III de energia para ligar junto a um equipamento e, assim, fornecer
proteção extra.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

FIGURA 32 – TIPOS DE DPS

FONTE: <https://www.clamper.com.br/produtos-clamper-dps-dispositivos-de-protecao-contra-
surtos/linha-profissional/>. Acesso em: 17 jul. 2019.

Há de se considerar, no entanto, que apenas a instalação de um DPS não


garante proteção efetiva das instalações contra surtos de tensão. É necessário que,
adicionalmente, sejam instalados um sistema de aterramento e um barramento
de equipotencialização.

Conforme o item 6.3.5.2.1 da NBR 5410 (2004), os DPS devem ser instala-
dos, pelo menos, num dos seguintes pontos:

• para a proteção contra sobretensões vindas da rede elétrica de distribuição,


o DPS deve ser instalado junto ao ponto de entrada da linha na edificação ou
junto ao quadro de distribuição principal;
• para proteção contra sobretensões oriundas de descargas atmosféricas sobre a
edificação, o DPS deve ser instalado junto à entrada da edificação.

NOTA

A NBR 5410 (2004) define ponto de entrada (numa edificação) como o ponto
em que a linha externa penetra na edificação.

Se os DPS forem instalados no ponto de entrada da edificação, estes


deverão ser dispostos conforme mostra a figura seguinte (considerando que o
Neutro vem da rede elétrica da concessionária).

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TÓPICO 3 | PROTEÇÕES CONTRA

FIGURA 33 – INSTALAÇÃO DO DPS NA ENTRADA DA LINHA DE ENERGIA


Esquema 1 Esquema 2 Esquema 3

(b) (c)

(a)
FONTE: Adaptado de NBR 5410 (2004)

Na figura anterior, as possibilidades descritas em “a” são para os casos em


que o Neutro é aterrado ao Barramento de Equipotencialização Principal (BEP) da
edificação. As possibilidades indicadas em “b” e “c” são para os casos em que o
Neutro não é aterrado junto ao BEP. É interessante frisar que muitas concessioná-
rias de energia já tornaram obrigatória a instalação do DPS junto ao medidor de
energia, em conformidade com a NBR 5410 (2004).

É necessário saber que o DPS precisa ser protegido contra sobrecorrente


(caso falhar), conforme especifica o item 6.3.5.2.5 da NBR 5410 (2004). De forma ge-
ral, para proteção contra sobretensões oriundas de descargas atmosféricas, a NBR
5410 (2004), no item 6.3.5.2.9, especifica um condutor de cobre de seção mínima de
16 mm² para a ligação do DPS.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

FIGURA 34 – PROTEÇÃO DO DPS CONTRA SOBRECORRENTE

DP: dispositivo de proteção contra sobrecorrente; DPS: dispositivo de proteção contra


surtos: E/I: equipamento ou instalação a ser protegida da sobretensão.
FONTE: NBR 5410 (2004, p. 135)

4.2.1 Classes e características gerais de um DPS


Os DPS podem ser classificados como:

• Classe I: são os dispositivos utilizados na proteção contra os efeitos das descargas


diretas e sua instalação é feita no ponto de entrada. Esses modelos são os mais
robustos em relação à capacidade de descarga, sendo utilizados em indústrias,
imóveis comerciais ou serviços. Os principais parâmetros para seleção de um DPS
Classe I são Iimp, Uc e Un (SIEMENS, 2017).
• Classe II: são os dispositivos adequados à proteção contra os efeitos das descargas
indiretas, sendo que sua instalação normalmente é feita no quadro de distribuição.
Esses modelos são os mais utilizados em residências e pequenos imóveis comer-
ciais ou de serviços na proteção de descargas indiretas, como complemento ao
trabalho dos modelos Classe I ou na prevenção contra sobretensões de manobra.
Para definição desse DPS, deve-se avaliar a relação In/ Imáx, Uc e Un.
• Classe I+II: são os chamados dispositivos combinados. São dispositivos que asso-
ciam a capacidade de escoamento de um DPS Classe I e o nível de proteção de um
DPS Classe II. Os principais parâmetros para seleção de um DPS Classe I+II são a
relação In/ Imáx, Iimp, Uc e Un.
• Classe III: conforme Siemens (2017), são os dispositivos instalados para uma prote-
ção complementar. São utilizados em níveis internos de proteção, sendo instalados
próximo aos equipamentos, garantindo uma maior proteção. Para o modelo de
DPS, deve-se observar a sua seleção Up, Uoc e Un.

Já as principais características nominais na especificação de um DPS são:

a) Tensão Nominal (Un): é a tensão fase-neutro da rede em que o DPS será instalado.
b) Tensão Máxima de Operação Contínua ou Tensão Máxima de Regime Permanente
(Uc): é a tensão máxima eficaz (fase-neutro) que pode ser aplicada aos terminais
do DPS sem comprometimento do seu funcionamento. Os valores mínimos de
Uc exigíveis são indicados na tabela seguinte e variam de acordo com o esquema
de aterramento e modo de ligação do DPS.
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TÓPICO 3 | PROTEÇÕES CONTRA

TABELA 13 – VALOR MÍNIMO DE Uc EXIGÍVEL DO DPS EM FUNÇÃO DO ESQUEMA DE


ATERRAMENTO

DPS conectado entre Esquema de aterramento


Fase Neutro PE PEN TT TN-C TN-S
X X 1,1Uo 1,1Uo
X X 1,1Uo 1,1Uo
X X 1,1Uo
X X Uo Uo
Uo: tensão fase-neutro
FONTE: NBR (2004, s.p.)

Os valores comercialmente disponíveis de Uc são: 175 V, 275 V, 340 V, 385 V


e 485 V.

c) Nível de Tensão de Proteção ou Tensão Residual (Up): especifica a máxima


tensão que o DPS deixa chegar às instalações no caso de um impulso de corrente.
Quanto mais baixo o valor de Up, melhor. A NBR 5410 (2004) especifica que os
DPS devem ter níveis de proteção a impulsos em Categoria de Suportabilidade
II, representando os valores demonstrados na Tabela 14.

TABELA 14 – TENSÃO DE IMPULSO SUPORTÁVEL (UP) PARA O DPS

Tensão Nominal da Instalação (V) Tensão de Impulso Suportável


Requerida (kV)
Sistemas 3F Sistemas 1F + N
Categoria de Suportabilidade Nível II
115/230
127/220 120/240 1,5
127/254
220/380
230/400 - 2,5
277/480
-
400/690 4,0

FONTE: NBR 5410 (2004, s.p.)

d) Corrente nominal de descarga (In): especifica a corrente média que o DPS pode
suportar para uma determinada forma de onda 8/20μs. Um DPS deve suportar,
ao menos, 15 ocorrências de surtos no valor indicado por In. Quanto maior o
valor de In, maior será a vida útil do DPS. Os valores mínimos exigidos de In,
conforme a NBR 5410 (2004), são:

• 5 kA (8/20 μs) para ligação entre a Fase e o PE;


• 10 kA (8/20 μs) para ligação entre Neutro e PE, num sistema monofásico com
esquema de ligação 3 da Figura 31; e
• 20 kA (8/20 μs) para ligação entre Neutro e PE, num sistema trifásico com
esquema de ligação 3 da Figura 31.
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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

e) Corrente de Impulso Iimp: Corresponde ao impulso de corrente utilizada para


o ensaio de uma classificação do DPS Classe I e sua forma de onda, na prática,
é a 10/350 μs. Logo, o objetivo é a proteção contra os efeitos das descargas
diretas. Conforme orienta a NBR 5410 (2004), o valor da corrente de impulso
deverá ser determinado de acordo com a IEC 61312-1 ou, então, deve seguir os
seguintes parâmetros:

• 12,5 kA para cada ligação do DPS entre a Fase e o PE;


• 25 kA para ligação entre Neutro e PE, num sistema monofásico com esquema
de ligação 3 da Figura 31; e
• 50 kA para ligação entre Neutro e PE, num sistema trifásico com esquema de
ligação 3 da Figura 31.

f) Capacidade de descarga de corrente subsequente (Ifi): é a máxima corrente de


curto-circuito que o dispositivo é capaz de interromper por si só. A verificação
se refere ao DPS Classe I e I+II (combinado), pois são modelos baseados em
centelhadores. Ifi deve ser, no mínimo, igual à corrente presumida de curto-
circuito no ponto de instalação do DPS. No caso de DPS conectado entre o
Neutro e Proteção, a NBR 5410 (2004) especifica que Ifi ≥ 100 ampères (valor
eficaz), conforme Siemens (2017).

A proteção efetiva de um sistema elétrico contra sobretensões depende da


correta especificação do DPS, o que implica em determinar de modo efetivo suas
principais características elétricas vistas.

Para um aprofundamento do tema de proteção, recomenda-se que o proje-


tista tenha em mãos os catálogos dos fabricantes de DPS e conheça em detalhes a
edificação a proteger.

Por fim, devido à natureza de proteção oferecida, os DPS possuem uma


relação importante com os sistemas de Proteção contra Descargas Atmosféricas,
tendo, inclusive, várias prescrições feitas na norma NBR 5419-2: 2015 “Proteção
contra descargas atmosféricas Parte 2: Gerenciamento de risco”.

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TÓPICO 3 | PROTEÇÕES CONTRA

LEITURA COMPLEMENTAR

ESPECIFICAÇÃO DE UM DISPOSITIVO DE PROTEÇÃO CONTRA


SURTOS (DPS)

Para especificarmos um Dispositivo de Proteção contra Surtos (DPS), precisamos deter-


minar o seu tipo, a sua tensão nominal e a sua corrente de impulso para um DPS tipo I ou
corrente nominal de descarga para os DPS tipo II

Sergio Roberto Santos

Precisamos determinar o seu tipo, a sua tensão nominal e a sua corrente de


impulso para um DPS tipo I ou corrente nominal de descarga para os DPS tipo II.

Os DPS são classificados em tipos I, II ou III, dependendo de qual a sua


localização entre as zonas de proteção contra raios (ZPR), conforme foi mostrado
em outro boletim.

A tensão nominal de um DPS existirá entre os terminais do dispositivo


quando não existir uma sobretensão transitória na rede. A tensão é a nominal do
sistema, mais uma tolerância para evitar a atuação do DPS frente a aumentos de
tensão considerados admissíveis e suportáveis pelos equipamentos protegidos.

Existem basicamente três grandes famílias de DPS, independentemente


do seu tipo. DPS tipo I, II e III podem ser fabricados a partir de centelhadores,
varistores, diodos ou uma combinação de dois ou três desses elementos.

O primeiro passo para especificação de um DPS é determinar se a edi-


ficação possui um Sistema de Proteção contra Descargas Atmosféricas (SPDA)
externo ou se a rede da concessionária é aérea. Se uma das duas condições é pre-
enchida, deveremos instalar em seu quadro de entrada um DPS tipo I.

Caso não exista um SPDA externo ou a rede da concessionária seja subter-


rânea, o primeiro DPS, também instalado no quadro de entrada, deverá ser um
DPS tipo II, que protegerá as instalações elétricas contra sobretensões induzidas
ou surtos de manobra criados por variações bruscas de tensão da própria rede da
concessionária.

A corrente de impulso depende das características das descargas atmos-


féricas esperadas na edificação, e o seu valor será função das características da lo-
calização, exposição às descargas atmosféricas e dimensões da edificação. Valores
que podem ser obtidos através da norma ABNT – NBR5419-2005.

211

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

Deve-se estimar, também, a expectativa de vida esperada do DPS, a qual


dependerá de qual tecnologia utilizada pelo fabricante, o que é informado aos
profissionais através do seu número de atuações. Para os DPS tipo I, os valores
mais utilizados são 50KA (10/350μS)*, 33 KA (10/350μS) e 25KA (10/350μS).

A corrente nominal de descarga também deve ser estimada, já que os fa-


tores que determinariam o seu valor são variáveis e de difícil previsão. Como
orientação, podemos sugerir que em quadros de distribuição de casas, fábricas
ou edificações maiores poderemos utilizar um DPS com corrente nominal de des-
carga de 20 KA (8/20μS) e corrente máxima de 40KA (/20μS) e em apartamentos
ou salas comerciais, correntes nominais de descarga de 10KA (8/20μS) e corrente
máxima de 20KA (8/20μS). Os valores de corrente nominal e máxima não são in-
dependentes entre si, e o projetista deve ter o cuidado de não especificar DPS com
características incoerentes ou que não sejam encontrados no mercado.

Um DPS à base de varistores pode conduzir entre 10 e 20 vezes a corrente


nominal e uma ou duas vezes a corrente máxima.

Os DPS tipo III, pela sua localização, só conduzirão correntes de baixa am-
plitude e poderão ser especificados com correntes de 5 a 10 KA (8/20μS). Como
os DPS tipo III são geralmente fabricados a partir de diodos semicondutores, só é
necessário especificar a corrente nominal de descarga, já que DPS fabricados com
diodos não se degradam com o uso e no caso as correntes nominais e máximas
são iguais.

Os DPS são instalados entre o condutor de fase e o terminal de aterramen-


to da instalação. Por isso, a tensão nominal do DPS deverá ser a tensão fase-terra
do sistema. Para redes 220/127V, DPS 175V, redes 380/220V, DPS 280V e redes
440/254V, DPS 320V.

Os DPS disponíveis têm uma tensão máxima de operação acima da tensão


nominal da rede, compensando sobretensões temporárias existentes em qualquer
sistema elétrico. A medida impede que um DPS comece a atuar logo que a tensão
apresente pequenas variações, como elevações de tensão de 127V para 132V em
uma rede de 220/127V.

Devemos utilizar tantos polos de um DPS quanto o número de fases, de-


pendendo da situação do neutro. Um sistema com o neutro aterrado no quadro
em que o DPS será instalado terá o número de polos do DPS igual ao número de
fases do Sistema.

Se o neutro e o terra estão isolados no ponto de instalação do DPS, será ne-


cessário um DPS adicional para proteger o condutor de neutro durante a ocorrência
do surto de tensão. Dessa forma, em quadros em que o neutro não estiver aterrado,
teremos o número de polos do DPS igual ao número de fases do sistema mais um.

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TÓPICO 3 | PROTEÇÕES CONTRA

Todo DPS deve ser instalado após um dispositivo de proteção contra sobre-
correntes, disjuntor ou fusível, cujo valor da sua corrente é determinado pelo fabri-
cante do DPS, variando de modelo para modelo. A função do fusível ou disjuntor é
retirar o DPS do circuito caso ele apresente algum defeito e comprometa a segurança
da instalação.

Após o DPS instalado no quadro de entrada, devemos instalar DPS adicio-


nais nos quadros de distribuição e na alimentação dos equipamentos eletrônicos,
como TV, computadores, DVD etc.

Os DPS em uma mesma instalação devem estar afastados por um compri-


mento de cabo, permitindo uma coordenação de tal forma que cada tipo de DPS
atue após a atuação do DPS anterior, evitando-se, assim, um desgaste prematuro do
DPS de menor tempo de resposta. A distância é o comprimento do cabo entre os dois
DPS e não a distância entre os próprios DPS. Um DPS pode estar ao lado de outro no
mesmo painel, desde que o comprimento dos condutores atenda à distância de coor-
denação necessária. Caso não seja possível atender, um indutor com características
determinadas pelo fabricante dos DPS deve ser instalado.

Erros mais comuns na especificação ou instalação de um DPS:

1) Não especificar o tipo do DPS.


Errado: DPS 175V - 40 KA.
Certo: DPS tipo I 175V - 40KA ou DPS 175V - 40KA (10/350μS).

2) Confundir a tensão nominal da rede com a tensão nominal do DPS.


Exemplos para uma rede 220/127V.
Errado: DPS tipo II 220V - 20KA.
Certo: DPS tipo II 175V - 20KA ou DPS tipo II para uma rede trifásica 220/127V
- 20KA.

3) Deixar de informar se a corrente do DPS é máxima ou nominal. Para alguns


DPS, centelhadores e diodos, essas correntes são iguais. Exemplo para um pro-
jeto que exige um DPS de 20KA nominal e 40 KA máxima.
Errado: DPS tipo II 175V; 40KA. Esses 40KA corresponderiam à corrente nominal
do DPS.
Certo: DPS tipo II 175V; In = 20KA, Imáx = 40KA.

4) Considerar o neutro aterrado em todos os quadros porque o neutro está aterra-


do no quadro de entrada. Exemplo para um sistema TN-C-S.
Errado: Q1; DPS tripolar tipo I 280V, In= 25KA, Q2; DPS tripolar tipo II 280V, In
= 20KA.
Correto: Q1; DPS tripolar tipo I 280V, In= 25KA, Q2; DPS tetrapolar tipo II 280V,
In = 20KA.

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UNIDADE 3 | ILUMINAÇÃO E SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES ELÉTRICAS

5) Interligar o DPS na barra de aterramento através de um cabo não retilíneo ou


com comprimento excessivo. Correto utilizar um percurso o mais curto possí-
vel, no máximo 0,5 metros, e retilíneo.

* É redundante informar que um DPS é do Tipo I e a forma de onda da


corrente é 10/350μS. Da mesma forma, um DPS tipo II ou III tem, necessariamen-
te, a forma de onda 8/20μS.

FONTE: <https://www.voltimum.com.br/artigos/noticias-do-setor/especificacao-de-um>. Aces-


so em: 15 jul. 2019.

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RESUMO DO TÓPICO 3

Neste tópico, você aprendeu que:

• A NBR 5410 (2004) especifica duas medidas de proteção contra choques elétricos:
a Proteção Básica e a Proteção Suplementar.

• A proteção básica consiste em evitar os choques por contato direto e sua imple-
mentação fica, sobretudo, a cargo dos fabricantes de componentes e materiais elé-
tricos. Ao projetista cabe indicar corretamente o tipo de material a ser utilizado.

• A proteção suplementar (ou supletiva) consiste em evitar os choques elétricos


por contato indireto. Dentro da perspectiva constam a equipotencialização e o
seccionamento automático da instalação.

• O aterramento elétrico constitui um item fundamental à proteção no sistema elé-


trico. Existem basicamente três esquemas de aterramento: TT, TN (TN-S, TN-C,
TN-C-S) e o IT. Cada um é indicado para um tipo específico de instalação elétrica.

• A forma de especificar os dispositivos de proteção contra choques elétricos de-


pende, também, do tipo de aterramento da instalação.

• Os dispositivos de proteção Diferenciais-Residuais (DR) detectam fuga de cor-


rente no sistema elétrico e possuem sensibilidade da ordem de miliampères.

• Os dispositivos de proteção contra surtos (DPS) protegem a instalação contra


sobretensões oriundas de descargas atmosféricas (na linha ou na edificação) ou
do chaveamento do sistema elétrico.

CHAMADA

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AUTOATIVIDADE

1 Explique, com suas próprias palavras, o que é contato direto e contato indi-
reto.

2 Cite e explique dois exemplos de proteção básica em sistemas elétricos.

3 Explique como a equipotencialização evita os choques elétricos.

4 O que é o BEP?

5 Que tipo de aterramento para a proteção contra choques elétricos pelo sec-
cionamento automático apenas por disjuntores não é recomendado? Por
quê?

6 Considere uma edificação com entrada de energia aérea, ramal de entrada


3F + N com neutro aterrado junto ao quadro pelo BEP, tensão de forneci-
mento de 380/220 V. Qual dos modelos de DPS disponíveis a seguir, a ser
instalado no quadro de medição de energia, é indicado para a proteção do
sistema contra sobretensões? Considere que um mesmo modelo de DPS
servirá para proteger tanto as fases quanto o neutro.

Importante: 1) Ligação F-N ou F-PEN; 2) Ligação N-PE.

Modelo Classe Un Uc Up Iimp In


25 kA 1) 25 kA 1)
A I 240 V 350 V ≤ 1,7 kV
100 kA 2) 100 kA 2)
B I / II 240 V 335 V ≤ 1,2 kV 12,5 kA 50 kA
C II 690 V 800 V ≤ 5 kV 12,5 kA 20 kA

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REFERÊNCIAS
ABILUX - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE ILUMINAÇÃO.
Guia LED. São Paulo, 2018. Disponível em: http://bit.ly/2Cnt6TO. Acesso em: 18
jun. 2019.

ANEEL - AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Resolução Normativa


nº 418, de 23 de novembro de 2010. 2010. Disponível em: http://www2.aneel.gov.br/
cedoc/ren2010418.pdf. Acesso em: 4 mar. 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR ISO/CIE


8995-1: iluminação de ambientes de trabalho. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14136:2012:


versão Corrigida 4:2013: Plugues e tomadas para uso doméstico e análogo até 20
A/250 V em corrente alternada – Padronização. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.

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