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Exclusão de suspeitos. Identificação positiva. Teste de paternidade com trio completo. Teste de
paternidade com duo – mãe ausente – somente suposto pai e filho. Teste de parentesco
reverso – na identificação paterna e materna. Discussão de casos extraordinários e históricos.
PROPÓSITO
Imergir no campo da genética forense através das análises de casos de repercussão ocorridos.
MÓDULO 1
MÓDULO 2
INTRODUÇÃO
O estudo de caso é uma metodologia aplicada que proporciona interatividade no processo de
ensino e aprendizagem. A Genética Forense é uma disciplina que se apropria desta
metodologia, pois o seu ferramental teórico é completamente voltado às técnicas e aplicações
na solução de casos judiciais. Logo, nada melhor do que a análise dos diferentes casos que
requerem a Genética Forense para a sua solução, como instrumento da aprendizagem por
meio do reconhecimento das técnicas e dos caminhos percorridos por geneticistas forenses até
chegarem à solução dos casos.
Fonte: luchschenF / Shutterstock
Neste tema, serão apresentados alguns casos reais e hipotéticos, retratando algo da prática do
geneticista forense, exemplos de situações, incluindo casos históricos e extraordinários que
ganharam notoriedade dentro da área jurídica e criminal.
Desde o seu primeiro uso na Inglaterra e o seu debut nos Estados Unidos, as análises forenses
de DNA seguem capturando a atenção de promotores, advogados de defesa, juízes e jurados,
sendo consideradas como o método mais confiável já criado para a identificação humana e o
estabelecimento de vínculo genético.
MÓDULO 1
ALEC JEFFREYS
POLIMORFISMO DE COMPRIMENTO DE
FRAGMENTOS DE DNA (RFLP)
É obtido através do tratamento do DNA com enzima de restrição; pode ser observado
através de uma sequência de passos que tornam a técnica robusta, mas, ao mesmo,
tempo trabalhosa.
Um exame post mortem revelou que ela havia sido estuprada e estrangulada. Além disso, uma
amostra de sêmen foi recuperada de seu corpo. Infelizmente, qualquer linha de investigação
resultante de evidências recuperadas chegou a um beco sem saída e, embora o caso tenha
sido deixado em aberto, não havia mais pistas para os investigadores seguirem.
O caso se transformou no que se chama de cold case, isto é, ficou parado, sem solução.
Alguns anos depois, em 31 de julho de 1986, outra garota de 15 anos desapareceu, Dawn
Ashworth, desta vez enquanto caminhava para casa. Seu exame corporal revelou que a vítima
foi estuprada, espancada e estrangulada. O cadáver foi descoberto em uma área arborizada
dois dias depois.
O caso anterior de Lynda Mann foi trazido de volta para o centro das atenções quando uma
amostra de sêmen foi descoberta no corpo de Dawn. Com novas linhas de investigação e uma
midiática onda de interesse, a investigação poderia agora continuar. Inicialmente, a polícia
acreditava que o estuprador e assassino fosse Richard Burkland, um rapaz de 17 anos, que
parecia ter conhecimento do corpo de Dawn e até admitiu o crime sob interrogatório.
No ano anterior, na Universidade de Leicester, uma nova técnica promissora havia sido
desenvolvida por Alec Jeffreys e sua equipe, permitindo que uma única “impressão digital” de
DNA fosse produzida a partir de uma amostra de DNA. Ansioso para colocar o novo método em
uso, a técnica de impressão digital do DNA foi utilizada, mas apenas para provar que o perfil de
DNA de Burkland não correspondia ao das duas amostras de sêmen.
Repare que, naquele tipo de investigação usando o DNA das vítimas e do suspeito do crime,
houve uma comparação, e o suspeito foi inocentado. Richard Burckland se tornou a primeira
pessoa no mundo a ser exonerada de assassinato por meio do uso de perfis de DNA.
No entanto, uma reviravolta aconteceria, quando Ian Kelly foi ouvido em um bar se gabando de
receber um valor em dinheiro para dar uma amostra para o perfil de DNA no lugar de um de
seus amigos. Esse amigo era Colin Pitchfork, que foi preso em 19 de setembro de 1987.
Uma amostra de DNA foi colhida e comparada às amostras da cena do crime. A verdade logo
veio à tona. Ele admitiu o estupro e o assassinato das duas garotas e continuou explicando
seus fetiches, um impulso que logo levou à agressão sexual e, finalmente, a assassinato.
NO CASO APRESENTADO, PUDEMOS
OBSERVAR:
Correlação entre crimes (estupro e assassinato das duas jovens, com intrevalo de anos).
O laboratório responsável fez a análise e concluiu que a frequência dos alelos identificados de
Castro seria de um em 100 milhões. O proeminente Dr. Richard Roberts, colega do famoso
James Watson, codescobridor da estrutura dupla-hélice da molécula de DNA, testemunhou na
qualidade de expert do Estado. A defesa convidou outro ilustre cientista, Eric Lander, que,
posteriormente, passou a liderar o Projeto Genoma Humano para desafiar os critérios de
correspondência usados no exame.
Após longa e acalorada batalha judicial, o tribunal excluiu as evidências de DNA. Em momento
posterior, Castro se declarou culpado, mas recebeu pena menor do que a que teria recebido se
a evidência do DNA fosse originalmente aceita. Naquele período, o uso do DNA em casos
judiciais, considerado grande avanço da ciência, passou a ser visto com certo ceticismo por
alguns.
Biologista molecular que, em 1953, foi coautor, com Francis Crick, de uma publicação
histórica propondo a estrutura de dupla-hélice para a molécula de DNA.
Em 1989, no curso deste caso, o tribunal determinou que “a teoria e a prática de identificação
de DNA são geralmente aceitas pela comunidade científica”. O tribunal determinou que os
testes de DNA poderiam ser conduzidos e permitidos como evidência, desde que mostrassem
que o sangue no relógio não era dele, mas os testes não podiam ser conduzidos para mostrar
que o sangue pertencia a uma das vítimas.
A introdução das técnicas para identificação humana por análise de DNA nos tribunais de
países como os Estados Unidos da América foi cercada de desconfiança por significativa
parcela da comunidade científica e dos operadores do Direito. Esta objeção se deveu, em
parte, à inexistência de regras definidas e padronizadas para os laboratórios envolvidos nestes
exames. Este período de crítica contribuiu para o estabelecimento de rígidos critérios para os
serviços prestados.
Após este caso, o uso forense dos testes de DNA sofreu um revés final. Em 1992, o Conselho
Nacional de Pesquisa da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos emitiu um
relatório que endossava fortemente a tecnologia do DNA, mas que também criou uma confusão
considerável na área de probabilidade de correspondência. A solução proposta criou uma
tempestade na comunidade de DNA forense.
O FBI (liderado pelo cientista forense Bruce Budowle) e a maioria dos geneticistas da
população atacaram o conceito como pura política e má ciência. O resultado foi um segundo
relatório (NRC 2, de 1996). As bases para um relatório tão favorável foram estabelecidas em
um artigo da edição de 27 de outubro de 1994 da revista Nature, em coautoria de Bruce
Budowle e Eric Lander
PROBABILIDADE DE CORRESPONDÊNCIA
Análise estatística que visa esclarecer a correspondência entre uma pessoa e uma
amostra.
Neste caso, uma mulher acordou, durante o mês de fevereiro de 1987, com um homem
saltando sobre ela portando um objeto cortante. A vítima recebeu vários cortes em seu rosto,
pescoço, suas pernas e seus pés. O criminoso a violentou e fugiu, não podendo a vítima
reconhecer o seu agressor. Ao ser condenado, a defesa de Andrews apelou, tentando invalidar
a análise de DNA, o que foi negado. Andrews foi, então, o primeiro condenado com base na
análise de DNA nos Estados Unidos da América.
Fonte: anônimo / forensicfiles.fandom
Tommy Lee Andrews.
SAIBA MAIS
O Projeto Inocência (Innocence Project) é uma organização sem fins lucrativos, comprometida
em exonerar indivíduos que alegam terem sido condenados injustamente por meio do uso de
testes de DNA e em reformar o sistema de justiça criminal para evitar futuras injustiças. O
Innocence Project Brasil, organização sem fins lucrativos, trabalha para reverter condenações
de pessoas inocentes no Brasil.
A polícia encontrou um aparelho pager a alguns metros do corpo. Foi registrado por Earl
Bogan, mas usado principalmente por seu filho, Mark, que dirigia uma caminhonete branca e
morava a aproximadamente 20 minutos da cena do crime. Na carroceria do caminhão, a polícia
encontrou duas vagens de uma árvore da região onde o corpo foi localizado. Ainda outras
evidências sugeriram que Mark Bogan era o culpado. O suspeito sustentou que uma carona
feminina “roubou” o pager do caminhão e fugiu. Ele negou ter estado na área onde o corpo foi
encontrado.
Fonte: Atomazul / Shutterstock
Um detetive observou que uma das árvores da área ̶ mais tarde designada como [PV-30] ̶ havia
sofrido uma lesão recente em um de seus galhos inferiores. Ele entrou em contato com
Timothy Helentjaris, professor de genética molecular da Universidade do Arizona, que
comparou o DNA das vagens encontradas no caminhão com o DNA das vagens das árvores de
Palo Verde, na cena do crime. Ele também analisou o DNA de outras vagens de Palo Verde
coletadas em vários locais do condado e concluiu que as vagens encontradas no caminhão
eram originárias de [PV-30].
VOCÊ SABIA
Além de plantas, insetos também são importantes nas análises forenses envolvendo DNA. Na
determinação da idade de decomposição de um corpo, identificar a espécie de inseto é um
passo importante para estimar a idade das larvas. A análise de DNA também pode ser usada
para este fim em uma perícia criminal (CHEN et al., 2004).
Na pesquisa, foram identificados alguns parentes distantes e, com apoio de uma especialista, a
árvore genealógica do criminoso foi reconstituída, permitindo a identificação do suspeito, um
ex-policial chamado Joseph James DeAngelo (JOUVENAL, 2018).
Fonte: anônimo / forensicfiles.fandom
Joseph James DeAngelo.
Outro caso de repercussão solucionado de forma semelhante, ainda em 2018, foi o “NorCal
Rapist”, notabilizado por diversos casos de abuso sexual entre 1991 e 2006 em diferentes
condados. Isto se deu após uma amostra de DNA das cenas de crime apresentarem
compatibilidade com um parente no GEDmatch (banco de dados genômicos e de genealogia,
de fonte aberta via website, que possui base na Flórida) (COLLMAN, 2019).
SAIBA MAIS
Trata-se de sequências que apresentam repetições com unidade básica de 2-7 pares de
base e o polimorfismo fundamentado no número de repetições. Devido ao pequeno
tamanho, geralmente menor que 350 pares de base, alelos STR podem ser analisados
após amplificação pela técnica PCR.
EVIDÊNCIA EVIDÊNCIA
Y-STR S1 S2 S3 S4 S5
1 2
DYS576 16 16 20 16 16 16 20
DYS389I 13 13 13 13 13 13 13
DYS448 21 21 20 21 21 21 20
DYS389II 29 29 31 29 29 29 29
DYSI9 15 15 16 15 15 15 15
DYS391 10 10 10 10 10 10 12
DYS481 22 22 22 22 22 22 23
DYS549 12 12 12 12 13 13 11
DYS533 12 12 12 12 12 12 12
DYS438 9 9 11 9 9 9 11
DYS437 15 15 14 15 15 15 15
DYS570 19 19 19 19 18 16 21
DYS635 21 21 23 21 22 22 23
Com base nos achados acima, o suspeito S2 foi incluído, e os demais, excluídos.
RESUMINDO
A natureza haploide e a diversidade genética de parte do cromossomo Y são muito úteis na
determinação de parentesco e identificações de misturas com componentes masculino e
feminino.
RESUMO TEMPORAL
De forma resumida, veja os eventos que marcaram a genética forense:
Década de 80
Alec Jeffreys desenvolveu o primeiro teste para identificação humana por DNA através da
técnica de Restriction Fragment Length Polymorphism (RFLP).
1983
1985
Alec Jeffreys e sua equipe desenvolvem uma nova técnica que permitia que uma única
“impressão digital” de DNA fosse produzida a partir de uma amostra de DNA.
1986
1987
Prisão de Colin Pitchfork, assassino de Lynda Mann e Dawn Ashworth, com base no resultado
dos testes realizados com as amostras encontradas nas duas vítimas.
Condenação de Tommy Lee Andrews por estupro em outro caso após testes genéticos
corresponderem ao seu DNA.
1989
O tribunal determinou que os testes de DNA poderiam ser conduzidos e permitidos como
evidência no caso "o povo contra Castro", desde que mostrassem que o sangue encontrado no
relógio do réu não era dele.
1992
2018
O uso de banco de dados de DNA para genealogia permite a identificação de Joseph James
DeAngelo como suspeito de uma série de estupros ocorridos entre 1974 e 1986.
CASO HIPOTÉTICO
Violência sexual contra mulher com vestígios de sêmen detectados no raspado vaginal
coletado da vítima.
RESUMO DO CASO
Amostras biológicas (sangue) cedidas pela vítima (V) e pelo principal suspeito (S1).
Os extratos de DNA das amostras foram submetidos à amplificação por PCR com primers para
marcadores STR. De acordo com o laudo, os alelos encontrados foram visualizados com
auxílio de fluorescência, e a razão de verossimilhança foi determinada, não excluindo (S1)
como doador das células espermáticas encontradas na evidência biológica. Os resultados são
parcialmente apresentados na Tabela 2
A PCR é um método in vitro que sintetiza sequências específicas de DNA. Esta reação
utiliza um DNA que é usado como "molde" (template em inglês) e primers, que são
oligonucleotídeos (pequenas sequências que complementam o DNA), que hibridam com
o molde de DNA para que a molécula seja copiada. A cópia do molde é catalisada pela
enzima Taq polimerase. Uma série de ciclos repetitivos faz com que o molde seja
separado em suas hemi-hélices, os primers hibridem com o molde, a polimerase catalise
a ligação de nucleotídeos para formar uma nova cópia da região de interesse do DNA.
Como cada cópia produzida em um ciclo pode servir de molde no próximo ciclo, a cópia
do DNA ocorre de forma exponencial. Em aproximadamente 20 ciclos, a concentração de
DNA aumenta aproximadamente um milhão de vezes.
Locus
Vítima Evidência Suspeito
(região Observações
(V) (E) (S1)
analisada)
O alelo 13 presente na
amostra de V não é
verificado no preparado
advindo do esfregaço
vaginal. Isto pode decorrer
do fenômeno conhecido
como amplificação
diferencial.
NOTA: a amplificação
diferencial é um artefato
que se caracteriza pela
diferença na eficácia de
F13A01 6, 13 6, 6 6, 6
amplificação entre dois
alelos (GILL et al, 1997).
Problemas no curso dos
processos de amplificação
e detecção de alelos
invalidam o uso
deste locus, pois não se
pode determinar com
absoluta precisão se o
material das células
espermáticas foi
amplificado.
A determinação dos picos
de intensidade das bandas
se faz necessária para
definir os componentes
principal e secundário na
mistura e eliminar a
D13S317 8, 13 8, 12, 13 12, 12
hipótese de o alelo 12
encontrado no esfregaço
vaginal ser um stutter
band (banda fantasma)
relativo ao alelo 13
proveniente do DNA de V.
STUTTER BAND
São bandas extras geradas pelo deslizamento da enzima TAQ POLIMERASE, que
apresentam uma unidade de repetição a menos que a verdadeira (GILL et al, 1997). Vale
ressaltar que tal artefato de técnica é comum nas reações do tipo MULTIPLEX utilizadas.
Amostras parcialmente degradadas podem proporcionar, por exemplo, a amplificação
preferencial de alelos e o surgimento das bandas fantasmas (stutter bands). Estas últimas
ocorrem em virtude de falhas no processo que geram bandas com uma unidade de
repetição a menos que a do alelo original. Deste modo, pode-se equivocadamente
interpretar o resultado como um falso heterozigoto ou identificar um alelo erroneamente.
ATENÇÃO
Para a aplicação das análises de DNA na área criminal, geralmente o propósito é testar a
hipótese de que uma pessoa é a fonte doadora de uma evidência (amostra biológica). Entre os
resultados possíveis desta pesquisa, temos a exclusão, quando se comprova que as amostras
possuem origens diferentes; inclusão, quando se observa similaridades e não se pôde concluir
exclusão, e, ainda, achados inconclusivos, em que não se concluiu se a hipótese é ou não
verdadeira.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
A) Francis Crick.
B) James Watson.
C) Alec Jeffreys.
D) Francis Collins.
GABARITO
Na primeira metade da década de 1980, Alec Jeffreys desenvolveu o primeiro teste para
identificação humana por DNA, através da técnica de RFLP.
A amplificação diferencial pode ser definida como a diferença no grau de amplificação de alelos
dentro de um sistema coamplificado, ou seja, neste caso, observa-se a variação no padrão ou
na intensidade dos alelos, o que deve ser criteriosamente observado polo analisador
responsável. Embora este artefato seja importante, ele não provoca a duplicação de alelos.
MÓDULO 2
TESTES DE DNA
Ao longo do tempo, diferentes técnicas têm sido criadas e aplicadas para a identificação de
cada indivíduo.
No século XIX, foi criada uma fórmula matemática que agrupava medidas de partes do corpo
da pessoa, resultando em um número único e exclusivo. Lógico que isso caiu logo em desuso.
IMPRESSÃO DIGITAL
Ainda no século XIX, em 1880, a impressão digital foi apresentada como método único de
identificação individual. Ela é empregada até hoje como forma de identificação, inclusive de
gêmeos univitelinos.
Fonte: Billion Photos / shutterstock
ESTRUTURA DO DNA
Porém, foi a descoberta da estrutura do DNA e a sua aplicação para identificação de pessoas
que trouxe contribuição efetiva na esfera criminal e de paternidade, no âmbito familiar. Com os
exames de DNA, é possível confirmar ou refutar a paternidade de qualquer indivíduo,
bastando, para isso, que amostras sejam fornecidas dos supostos: pai, filho e mãe.
Neste módulo, vamos observar como os testes de DNA começaram a contribuir em casos de
investigação de paternidade e de outros vínculos genéticos.
Os funcionários se recusaram a acreditar que Andrew realmente era filho dela e pensaram que
ele era um sobrinho tentando entrar ilegalmente no Reino Unido. Na época, havia alguns testes
genéticos básicos que podiam dizer se as pessoas eram amplamente relacionadas à mesma
família, mas não conseguiam descobrir as relações entre pais e filhos. E, para tornar as coisas
ainda mais complicadas, não estava claro quem realmente era o pai do garoto.
Como último esforço, Jeffreys produziu o perfil de DNA de Andrew, de sua mãe e dos três
outros filhos que eram definitivamente dela: David, Joyce e Diana. Os resultados foram
completamente convincentes: o menino era inegavelmente filho de sua mãe. Os dados foram
apresentados ao tribunal de imigração do Ministério do Interior, que recuou imediatamente.
CASO Nº 2: INVESTIGAÇÃO DE
PATERNIDADE COM SUPOSTO PAI
FALECIDO
No ano de 2008, um caso de investigação de paternidade, com suposto pai falecido – análise
de restos mortais do de cujus (suposto pai – SP) e possível filha (F). O extrato de DNA foi
preparado a partir de amostra de sangue venoso de F e ossada de SP.
ENZIMAS DE RESTRIÇÃO
Locus:
FREQUÊNCIA ÍNDICE DE
do DNA / F SP
% PATERNIDADE
SONDA
PROBABILIDADE DE PATERNIDADE:
99,99%
Nesse exemplo, foram usados marcadores altamente polimórficos, tendo atingido índice de
paternidade de 99,99% a favor da inclusão do SP. Os casos envolvendo análise de DNA obtido
a partir de ossos geralmente envolvem desafios técnicos, incluindo material degradado. A
escolha dos marcadores adequados também é fundamental para que se obtenha um resultado
robusto e consistente.
LOCUS SP F M
Amelogenina XY XY
Tabela 5 – Resultados para análise de paternidade envolvendo filho (aqui chamado pela
inicial P) e o suposto pai (SP).
No caso em tela, P e SP possuem o perfil XY, logo o seu sexo biológico é masculino.
A) Pelo menos um dos marcadores analisados não apresentar o APO – Alelo Paterno
Obrigatório.
B) Até três marcadores analisados não apresentarem o APO – Alelo Paterno Obrigatório.
C) Pelo menos três marcadores analisados não apresentarem o APO – Alelo Paterno
Obrigatório.
GABARITO
A regra de exclusão diz que são necessárias, no mínimo, três exclusões para certificar que o
suposto pai não possui o vínculo biológico com o suposto filho.
2. Considere um caso de análise de paternidade em que uma mulher tenta provar que
determinado homem é seu pai, através de exame de DNA, em ausência de mãe. Após as
coletas de amostras e dos testes realizados com 11 marcadores, o resultado
apresentado foi de exclusão, não se confirmando a paternidade. Observe a tabela de
resultados e identifique quais os loci que caracterizaram a exclusão de paternidade:
Os loci que caracterizam a exclusão são aqueles em que o alelo paterno obrigatório (APO) não
ocorre na filha.
CONCLUSÃO
A criação de perfil de DNA agrega forte valor científico à evidência e fortalece, principalmente, a
credibilidade do sistema jurídico. Os bancos de dados de DNA e outras ferramentas úteis
também agregam valor e aumentam a eficácia. À medida que a técnica se tornava mais
sensível, o manuseio, simples e automatizado, e o tratamento estatístico, direto, a identificação
de perfis de DNA, ou DNA fingerprints, como o método foi logo chamado, entraram nos
laboratórios de rotina forense em todo o mundo.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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York: Elsevier Academic Press, 2005.
BUTLER, J. M., SHEN, Y., McCORD, B.R. The development of reduced size STR amplicons
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GILL, P., SPARKES, R., KIMPTON, C. Development of guidelines to designate alleles using
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JOUVENAL, J. To find alleged Golden State Killer, investigators first found his great-
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LI, H., TANG, H., ZHANG, Q., JIAO, Z., BAI, J., CHANG, S. A multiplex PCR for 4 X
chromosome STR markers and population data from Beijing Han ethnic group. In: Leg.
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ROY, R., REYNOLDS, R. AmpliType® PM and HLA DQα Typing from Pap Smear, Semen
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Consultado em meio eletrônico em: 23 jul. 2020.
EXPLORE+
Consulte a página do banco de dados sobre SRT DNA do National Institute of Standards
and Technology.
STJ vai negar pedido de paternidade a mãe que “fugir” de exame de DNA.
CONTEUDISTA
Eduardo Riberio Paradela
CURRÍCULO LATTES