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Iustitia contra arbitrium

(SD-PMERJ 2023)

É mister iniciarmos pelos fatos primeiros. Assim, chegaremos à


devida compreensão do problema que já afeta gravemente a
segurança pública do estado do Rio de Janeiro.

Iniciemos!

Tão logo a primeira etapa do concurso foi concluída, no dia 27


de agosto de 2023, começaram os compartilhamentos de
printscreen e vídeos, como se fossem provas de fraude
generalizada. Horas depois, já havia uma horda de pessoas
replicando esses conteúdos, dando corpo a um caso de efeito
manada, fenômeno conhecido na psicologia, em que
indivíduos saem replicando falas e comportamentos sem
análise crítica mínima. Neste fluxo de acontecimentos,
denúncias descabidas foram feitas ao MPRJ (Ministério
Público do Rio de Janeiro), cujo conteúdo desconexo,
flagrantemente forjado, parece ter sido ignorado - lê-se, por
exemplo, supostos endereços de provas que são chamados de
“xxx”, resultado evidente da aplicação de comandos Ctrl C +
Ctrl V. Em meio a todas as denúncias, figura, ainda, a que foi
feita por certa candidata, cujo histórico de lutas políticas tem
como uma das principais pautas o pedido de desmilitarização
das polícias e, em específico, da PMERJ. A referida candidata
endereçou ao alto comando da Polícia Militar do Estado do Rio
de Janeiro e-mails solicitando o cancelamento do concurso.
Em paralelo, pressões de certos parlamentares, somadas ao
interesse e apelo de instituições de ensino preparatório para
concursos públicos, levou o Exmo. Gov. Cláudio Castro (31) à
precipitada anulação da primeira etapa do concurso
supracitado.

Por fim, tal movimento contou com o apoio de uma massa de


candidatos que, em sua maioria esmagadora, não obteve
média de aprovação.

Podemos, assim, dizer que o quadro geral está distribuído em:

Interesses de parlamentares, interesses de instituições de


ensino preparatório e interesses pessoais.

Restou, contudo, uma parcela pequena de aprovados


insatisfeitos com o curso do certame. Estes se movimentaram
em favor da continuidade das etapas, defendendo a lisura do
concurso. Já no dia 11 de setembro de 2023, ocorreu uma
Audiência Pública que deu novos rumos a toda a celeuma em
que estamos.

Cabe dizer, ainda, que 160 pessoas foram devidamente


identificadas e responsabilizadas por irregularidades. Tal
número, em percentual relativo ao total de candidatos, é
inferior a 1%, não sendo suficiente para anulação de um
concurso.

Os dias se seguiram e a PMERJ instaurou um PAS


(Processo Administrativo Sancionador) que foi respondido
em tempo, à despeito do que certos canais de comunicação
veiculam - em função dos já mencionados interesses
financeiros, haja visto que pertencem a certo grupo de ensino
preparatório.

Respondendo ao PAS instaurado pela PMERJ, foi apresentado


ampla defesa e contraditório, devidamente fundamentados, em
proporção simetricamente inversa à resposta da PMERJ, que
assinada pela Exma. Ten. Cel. Iris Milena da Cunha Ramos,
parece ignorar tudo o que fora apresentado formalmente. Por
fim, não contendo-se em repetir acusações que já haviam sido
respondidas, concluiu com a alegação de “presunção de
ilegalidade”, em flagrante desvio de um dos princípios do
Direito Administrativo Brasileiro: a presunção de legalidade.

Há de se dizer, ainda, que são amplamente citados como


referência “supostos candidatos” - como são referidos pela
Exma. Ten. Cel - que pedem a anulação de todo o concurso,
sem ouvir os que pedem a continuidade do certame. Parece,
assim, que o fundamento não é outro que não ressentimento
contra a banca e tentativa de assassinato de reputações.

Agora, falam de contratação da banca Fundação Getúlio


Vargas, contra a qual existem centenas de denúncias e
investigações, assim como histórico de irregularidades em
diversos concursos, do Tribunal de Contas a exames de
admissão na OAB, ultrapassando a marca de 14 anos.
Para concluir…

Não foram encontradas, até opresente momento, provas de


que fato sustentem as alegadas fraudes. A PMERJ, por sua
vez, pediu o cancelamento da perícia dos materiais
apresentados como indícios. O MPRJ indeferiu o pedido de
indenização pela anulação, alegando que “é ato inexistente”.
Por qual razão, então, insistem em manter a primeira etapa
anulada e, pior, em extremos como rescisão contratual? A
alegação de falta de comprometimento e organização, que
culminaram no descrédito da população para com a
corporação, não se fundamenta.

A quem interessa toda essa celeuma?

Não sabemos, mas certamente não ao cidadão que clama por


segurança pública mais forte. Não aos candidatos aprovados.

Pedimos que tão-logo se resolvam as questões relativas à


igualdade de concorrência entre homens e mulheres, retomem
o concurso SD-PMERJ sem interrupções.

Procuramos e esperamos a resolução e continuidade do


concurso em questão.

Att…

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