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Formação e perspectivas de atuação do

secretário executivo no Brasil


Fernanda Geremias Leal*, Marcos Baptista Lopez Dalmau**

Resumo
Para adequar-se às demandas contem- Introdução
porâneas, permeadas pela complexida-
de, o secretário executivo tem trabalhado A intensificação da complexidade
na reconstrução de suas competências. dos processos, a dinamicidade e a di-
Considerando-se a importância de investi- versidade que caracterizam o cenário
gar a forma como suas atribuições foram organizacional contemporâneo levaram
adequadas às atuais circunstâncias, esta
pesquisa refere-se a uma análise crítica da o secretário-executivo a rever suas
formação do secretário executivo no Brasil. competências e a desenvolver um novo
O objetivo é identificar se as estruturas cur- perfil profissional, distanciando-se das
riculares apresentam condições de formar atribuições meramente operacionais
profissionais com perfil e competências
que atendam às necessidades organiza-
e amparando-se em uma perspectiva
cionais. Trata-se de um estudo de caso estratégica, mais condizente com as
quanti-qualitativo, de natureza aplicada e demandas desse contexto. Assim, ati-
descritivo-interpretativa. Os dados foram vidades como datilografia, taquigrafia
sistematizados e analisados a partir dos
de ditados e registro e distribuição de
campos do conhecimento responsáveis
pela formação. Verificou-se que os cursos expedientes foram gradativamente subs-
abrangidos pelo recorte da pesquisa ofere- tituídas por quatro pilares que atual-
cem ao egresso um perfil profissiográfico mente permeiam a profissão: assessoria;
genérico e multidisciplinar, em parte con- consultoria; gestão e empreendedorismo.
dizente com as expectativas das organi-
zações. Contudo, é nítida a fragmentação A profissão foi reconhecida no Brasil
na área, que parece ser reflexo de sua em 1985, por meio da lei n. 7.377, de 30
dependência em relação a campos que a de setembro de 1985 (complementada
complementam. Ainda assim, considera- pela lei n. 9.261, de 10 de janeiro de
-se perspectiva de atuação do secretário
executivo altamente promissora, devido à 1996), que passou a exigir a formação de
flexibilidade do seu perfil e suas competên- técnico ou bacharel em Secretariado Exe-
cias técnicas e comportamentais. cutivo (ou em curso superior de quaisquer
áreas do conhecimento, desde que tenha
Palavras-chave: Secretário Executivo.
Formação. Competências.

*
Mestre em Administração (UFSC), especialista em Secretariado Executivo - Gestão de Pessoas e Processos
(CESUSC), bacharel em Secretariado Executivo Inglês (UFSC) e tecnóloga em Comércio Exterior (UNISUL).
E-mail: fernanda.leal@ufsc.br.
**
Doutor e Mestre em Engenharia de Produção (UFSC) e bacharel em Administração pela mesma instituição.
E-mail: marcos.dalmau@ufsc.br.

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sido comprovado o exercício efetivo da Roraima (UFRR), Universidade Federal
profissão por pelo menos 36 meses até o da Paraíba (UFPB), Universidade Fede-
início de vigência da lei) para o exercício ral de Santa Catarina (UFSC); Instituto
das atividades típicas de secretaria. Federal de Educação, Ciência e Tecnolo-
Apesar do reconhecimento legal, as gia de Mato Grosso (IFMT); Universidade
entidades representativas continuam do Estado do Pará (UEPA), Universidade
em busca de formas de legitimar a atu- Estadual do Centro-Oeste (UNICEN-
ação desses profissionais no mercado de TRO), Universidade Estadual do Paraná
trabalho. Ainda em 2014, sua principal (UNESPAR); Universidade Estadual do
pauta é a luta pela criação de um órgão Oeste do Paraná (UNIOESTE), Universi-
fiscalizador na condição de conselho, dade Estadual de Maringá (UEM), e Uni-
que garanta a esses indivíduos o reco- versidade Estadual de Londrina (UEL).
nhecimento profissional pela forma- O objetivo é compreender se a educa-
ção que possuem e competências que ção em nível superior na área apresenta
apresentam. Passados 45 anos desde a condições para formar profissionais com
criação do primeiro curso superior em competências que atendam às neces-
Secretariado no país, pela Universidade sidades organizacionais. Para tanto, o
Federal da Bahia (UFBA), e consideran- perfil instituído para o profissional de
do as múltiplas contribuições que esses Secretariado Executivo será pesquisado e
profissionais podem oferecer a organiza- comparado à formação da área no Brasil.
ções de diferentes naturezas pela flexi- Os resultados poderão auxiliar na defini-
bilidade do seu perfil (BORTOLOTTO; ção de diretrizes para os cursos, de modo
WILLERS, 2005; LEAL; FIATES, 2013; que as competências apresentadas pelos
LEAL; DALMAU, 2014), é pertinente profissionais e as requeridas pelas organi-
investigar como suas atribuições foram zações possam estar mais bem alinhadas.
adequadas às atuais circunstâncias.
Nesse sentido, esta pesquisa refere-
-se a uma análise crítica da formação do
Competência: um
secretário executivo no Brasil, realizada conceito em construção
a partir das diretrizes estabelecidas pelo Estratégias focadas no potencial de
Ministério da Educação (MEC) e das contribuição das pessoas como o princi-
estruturas curriculares dos dezesseis pal meio para concretizar os objetivos
cursos de instituições de ensino federais organizacionais passaram a ajustar-se
e estaduais atualmente ativos no país: melhor às circunstâncias contemporâ-
Universidade Federal do Ceará (UFC), neas e ampliaram o interesse nas com-
Universidade Federal de Pernambuco petências apresentadas pelos indivíduos,
(UFPE), Universidade Federal do Ama- intensificando o debate teórico a respeito
pá (UNIFAP), Universidade Federal da do tema. Pelo menos duas grandes
Bahia (UFBA), Universidade Federal de correntes teóricas têm se dedicado à
Viçosa (UFV), Universidade Federal de compreensão dos significados atribuídos
Sergipe (UFS), Universidade Federal de a competência. Apesar das diferenças

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entre ambas, não há definição absoluta abordagem mais integradora, emergente
para o termo (LE BOTERF, 1995). da associação entre as duas vertentes
A primeira vertente, de origem anglo- e fortemente sustentada pelos pilares
-americana, representada por autores fundamentais identificados por Durand
como Boyatzis (1982), Sparrow e Bog- (2000): saber (conhecimentos); saber fazer
nanno (1994) e Parry (1996), está voltada (habilidades) e saber ser (atitudes), com
a uma perspectiva tecnicista, focada em foco na questão contextual e no desempe-
resultados, e concebe competência como nho apresentado. Fleury (2002) associa
um conjunto de características intrínse- o termo às ações descritas no Quadro 1.
cas ao sujeito, que o permite realizar um
trabalho ou lidar com uma situação de Quadro 1 – Ações que revelam competências
forma eficaz. Parry (1996) compreende o Ações Significados
termo como a integração de conhecimen- Saber agir Saber o que e por que fazer
tos, habilidades e atitudes que afetam o algo; saber julgar, escolher,
desempenho em uma tarefa ou responsa- decidir.

bilidade no trabalho, podendo ser medido Saber mobilizar re- Criar sinergia e buscar solu-
em padrões bem aceitos e aperfeiçoado por cursos ções.
meio de treinamento e desenvolvimento. Saber comunicar Conseguir compreender e
A segunda, de origem francesa, transmitir informações e co-
defendida por autores como Le Boterf nhecimentos.

(1995, 1999, 2003) e Zarifian (1999, Usar conhecimentos e expe-


2003), está mais associada ao compor- Saber aprender riências; rever modelos men-
tais e se desenvolver.
tamento do indivíduo. Assim, relaciona
competência às realizações alcançadas Saber se engajar e Saber empreender e assu-
se comprometer mir riscos; comprometer-se
em um determinado contexto, resul-
com os processos.
tantes de processos sistemáticos de
aprendizagem. Le Boterf (1995, 2003) Saber assumir res- Responsabilizar-se pelos
ponsabilidades riscos e consequências de
define competência como a integração de suas ações.
três eixos: a pessoa, sua formação edu-
Entender o negócio e o am-
cacional e experiência profissional, que
Ter visão estraté- biente da organização; iden-
resultam em um saber agir responsável, gica tificar alternativas e oportuni-
que requer mobilização, integração e dades.
transferência de conhecimentos, recur- Fonte: elaborado pelos autores. Adaptado de Fleury (2002).
sos e habilidades, em um determinado
contexto profissional. O Quadro 1 demonstra que a ma-
No Brasil, a definição que parece nifestação de competências engloba um
ter aceitação mais ampla, tanto no meio conjunto de critérios, o que revela sua
acadêmico quanto empresarial, provém complexidade. Os estudos demonstram
dos estudos de autores como Dutra que competência não se limita a um esto-
(2002, 2004); Fleury (2001, 2002, 2004) que de conhecimentos teóricos e empíricos
e Brandão (2005, 2007). Adotou-se uma detidos pelo indivíduo e encapsulados na

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tarefa e, portanto, não pode ser reduzida A Figura 1 demonstra que valores,
a uma lista de atributos relacionados ao traços e motivações são fatores intrínse-
trabalho ou a um conhecimento ou capa- cos à personalidade, sendo mais difíceis
cidade específica (FLEURY, A.; FLEURY de mudar. Isso não significa que o de-
M. T. L., 2001; FLEURY, 2002). Trata-se senvolvimento de atitudes não seja pos-
de um fenômeno complexo e multiface- sível (DALMAU, 2013). Para modificar
tado (BRANDÃO; BORGES-ANDRADE, traços, deve-se trazer para o consciente
2007), que pode ser interpretado sob os modelos comportamentais existen-
diferentes perspectivas. Diz respeito a tes, refletidos em virtudes e fraquezas.
um conjunto de aprendizagens sociais, Dotado dessa consciência, o indivíduo
inteligência prática e transformação dos poderá buscar deliberadamente seu au-
conhecimentos, que permite o aumento toconhecimento e optar por mudar essa
do nível de complexidade das situações. realidade.
Assim, está estritamente relacionada ao Segundo Zarifian (1999), as compe-
desenvolvimento. tências profissionais são reveladas na
Cabe destacar que todos carregam ação das pessoas diante das situações
consigo competências próprias, resul- com as quais se deparam no trabalho. É
tantes do seu desenvolvimento pessoal, fato que as organizações estão buscando
acadêmico e profissional. Igualmente, formas de oportunizar a manifestação
quaisquer cargos profissionais exigirão dessas competências por meio de pro-
competências específicas, que variarão cessos de aprendizagem que elevem
conforme o nível de conhecimento exigido conhecimentos, habilidades e atitudes
e o grau de prioridade para a realização individuais às equipes de trabalho e a
das atividades e serão passíveis de se- elas próprias, como forma de desenvolver
rem desenvolvidas ou aperfeiçoadas por perfis profissionais que contribuam para
meio de treinamento, desenvolvimento e a consecução dos seus objetivos nesse
educação. Conhecimentos e habilidades, contexto permeado pela complexidade.
por apresentarem caráter antes técnico
do que comportamental, são mais facil-
mente acessíveis e desenvolvíveis do que
Competências do
atitudes. O fato é ilustrado na Figura 1: secretário executivo:
o surgimento de um
Figura 1 – Competências centrais e superficiais
novo perfil
Muito se tem discutido sobre a ex-
pectativa das organizações em relação ao
profissional de Secretariado. A categoria
profissional tem tratado da postura e da
identidade dessa profissão, com o obje-
Fonte: elaborada pelos autores. Adaptada de Spencer e
tivo de adquirir espaço significativo no
Spencer (1993). mercado e conquistar o reconhecimento

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da sociedade, enquanto a academia tem muito tempo, o Secretariado foi consi-
buscado, por meio de estudos científicos, derado função administrativa comple-
estabelecer uma estrutura teórica para mentar, apesar de regulamentado como
essa área do conhecimento, de modo que profissão (NONATO JUNIOR, 2009). O
os profissionais possam atuar de maneira advento dos processadores de texto e da
mais bem fundamentada. Os profissionais tecnologia da informação, que reduziram
da área, por sua vez, estão trabalhando significativamente o tempo exigido para
na reconstrução de suas competências, a execução das tarefas, associado ao
como forma de manterem-se necessários à elevado nível de complexidade a que as
eficiência das organizações (BORTOLOT- organizações foram submetidas, permi-
TO; WILLERS, 2005; LEAL; FIATES, tiu que uma série de novas responsabi-
2013; LEAL; DALMAU, 2014). lidades emergissem.
No Brasil, a estruturação legal da Algumas das atribuições descritas
profissão é relativamente recente. A ofer- nas leis de regulamentação, como pla-
ta de cursos em nível superior iniciou-se nejamento, organização e direção de
na região nordeste, na década de 1960, serviços, ganharam amplitude, transcen-
por universidades públicas federais. O dendo os limites, inicialmente impostos,
primeiro curso de graduação em Secreta- e influenciando as diversas áreas da
riado Executivo foi criado em 1969, pela organização. Outras, mais mecânicas,
Universidade Federal da Bahia (UFBA). como datilografia, taquigrafia de ditados
Em 1985, a profissão adquiriu for- e registro e distribuição de expedientes,
malidade, por meio da lei n. 7.377, de 30 foram inteiramente reformuladas por
de setembro de 1985 e, em 1987, o Se- conta do surgimento de recursos tec-
cretariado foi enquadrado sindicalmente nológicos, dando espaço a atribuições
como categoria diferenciada, por meio da mais significativas no contexto atual,
Portaria n. 3.103, de 29 de abril de 1987. como gestão da informação e liderança
No ano seguinte, foi criada a Federação de equipes. Dessa forma, os secretários
Nacional das Secretárias e Secretários executivos desenvolveram um novo per-
(FENASSEC) e, em 1989, o código de fil, amparado principalmente na flexibi-
ética foi aprovado. Em 1996, a regula- lidade e na resiliência (BORTOLOTTO;
mentação da profissão foi atualizada, WILLERS, 2005; MARTINS et al., 2011).
estabelecendo como pré-requisito para As diversas competências agregadas
exercício a diplomação em curso superior à profissão do secretário executivo fize-
de Secretariado ou em curso superior de ram com que o seu aparato técnico, tático
quaisquer áreas do conhecimento, desde e estratégico fosse quase inteiramente
que esteja comprovado o exercício efetivo reformulado (NONATO JUNIOR, 2009).
das funções por pelo menos 36 meses Nesse sentido, quatro pilares passaram
antes do início de vigência da lei (1985). a permear a profissão: assessoria; con-
Similarmente a outros campos do sultoria; gestão e empreendedorismo.
conhecimento multidisciplinares, como Em 2002, a profissão foi incluída na
a Computação e a Biblioteconomia, por Classificação Brasileira das Ocupações

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(CBO) e, em 2004, o Ministério da Edu- Observa-se que esse amplo rol
cação (MEC) estabeleceu, por meio da de competências, amparado em uma
Resolução n. 3, de 23 de junho de 2005, perspectiva estratégica, evoluiu sob
as novas diretrizes curriculares para os muitos aspectos em relação às compe-
cursos de graduação em Secretariado tências inicialmente definidas pelas
Executivo, que definiram as compe- leis de regulamentação. As circuns-
tências que a formação na área deve tâncias contemporâneas favoreceram
possibilitar: o desenvolvimento de um novo perfil
profissional, o qual tornou o secretário
I – Capacidade de articulação de acordo
executivo apto a participar na melhoria
com os níveis de competências fixados pe-
las organizações; II – Visão generalista da dos processos de gestão e desenvol-
organização e das peculiares relações hie- vimento das organizações. Bortolotto
rárquicas e inter-setoriais; III – Exercício e Willers reconhecem que, “devido à
de funções gerenciais, com sólido domínio flexibilidade do seu perfil, suas atribui-
sobre planejamento, organização, controle e ções e competências, esse profissional
direção; IV – Utilização do raciocínio lógico, tornou-se ‘peça-chave’ nas estruturas
crítico e analítico, operando com valores e
organizacionais” (2005, p. 45).
estabelecendo relações formais e causais
entre fenômenos e situações organizacionais; Um cenário organizacional caracte-
V – Habilidade de lidar com modelos inova- rizado pela dinamicidade e pela diversi-
dores de gestão; VI – Domínio dos recursos dade demonstra que uma carreira linear
de expressão e de comunicação compatíveis não mais se ajusta aos perfis profissio-
com o exercício profissional, inclusive nos nais, ao mesmo tempo em que valoriza a
processos de negociação e nas comunicações proatividade e a autonomia, permitindo
interpessoais ou intergrupais; VII – Re-
que o secretário executivo dotado desse
ceptividade e liderança para o trabalho em
equipe, na busca de sinergia; VIII – Adoção novo perfil encontre amplo espaço para
de meios alternativos relacionados com a atuação nos mais diversos nichos. É in-
melhoria da qualidade e da produtividade dispensável que esse profissional esteja
dos serviços, identificando necessidades e ciente do papel que assume. Reconheça
equacionando soluções; IX – Gerenciamento suas competências técnicas, adicionadas
de informações, assegurando uniformidade à resiliência, ao comprometimento, ao
e referencial para diferentes usuários; X –
bom senso nas tomadas de decisão e ao
Gestão e assessoria administrativa com base
em objetivos e metas departamentais e em- empenho no desenvolvimento constante
presariais; XI – Capacidade de maximização de novas competências, configurações
e otimização dos recursos tecnológicos; XII imprescindíveis nessa profissão.
– Eficaz utilização de técnicas secretariais,
com renovadas tecnologias, imprimindo se-
gurança, credibilidade e fidelidade no fluxo Metodologia
de informações; e XIII – Iniciativa, criativi-
A abordagem adotada para a pesqui-
dade, determinação, vontade de aprender,
abertura às mudanças, consciência das sa é quali-quantitativa, pois, enquanto
implicações e responsabilidades éticas do a pesquisa qualitativa visa encontrar
seu exercício profissional (BRASIL, 2005). padrões que permitam desenvolver

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categorias conceituais que ilustrem, nacionais para os cursos de graduação
confirmem ou descartem suposições em Secretariado; e grades curriculares
teóricas (GODOI, 2006), a quantitativa dos cursos de Secretariado Executivo das
proporciona uma visão estatística da Instituições de Ensino Superior (IES)
realidade social (SAUNDERS; LEWIS; públicas federais e estaduais.
THORNHILL, 2009). A investigação Os dados foram sistematizados em
também pode ser classificada como: des- tabelas, permitindo a categorização das
critiva, por se preocupar com o processo disciplinas contempladas pelos cursos
e não simplesmente com os resultados e dentro dos campos do conhecimento res-
o produto; interpretativa, pois “busca en- ponsáveis pela formação do profissional
contrar padrões nos dados e desenvolver no Brasil, viabilizando a análise a partir
categorias conceituais que possibilitem do referencial teórico.
ilustrar, confirmar ou opor-se a suposi-
ções teóricas” (GODOI, 2006, p. 124); e
estudo de caso, uma vez que “tem como
Apresentação e análise
característica principal a busca por dos dados
significados atribuídos pelos sujeitos às Uma análise dos currículos dos
suas vivências e experiências pessoais” dezesseis cursos de bacharelado em Se-
(GODOI, 2006, p. 117). cretariado Executivo das IES públicas
Os dados foram coletados por meio federais e estaduais permitiu identificar
das seguintes fontes: obras e artigos os campos do conhecimento e as áreas
científicos da área de Secretariado descritas no Quadro 2 como responsá-
Executivo; leis de regulamentação da veis pela formação do profissional nesse
profissão; Classificação Brasileira de contexto.
Ocupações (CBO); diretrizes curriculares

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Quadro 2 – Campos do conhecimento e áreas abrangidas pelos cursos de Secretariado Executivo
das IES públicas federais e estaduais
Campos Áreas abrangidas

Teorias administrativas. Administração estratégica. Planejamento e


Princípios administrativos e desenvolvimento organizacional. Organização, sistemas e métodos.
organizacionais Administração pública. Gestão de pessoas. Empreendedorismo. Inteligência
competitiva nas organizações. Micro e macroanálise organizacional.
Marketing empresarial. Chefia e liderança. Processo decisório. Conflito e
negociação. Elaboração de projetos. Economia brasileira. Economia do
setor público.

Gestão secretarial Gestão secretarial. Técnicas secretariais. Assessoria executiva. Consultoria


organizacional. Planejamento estratégico para secretariado. Administração
e assessoria em relações públicas. Planejamento. Organização de eventos,
cerimonial e etiqueta. Gestão documental e arquivística.

Psicologia organizacional Psicologia organizacional. Relações interpessoais. Dinâmica de grupo.


comportamento organizacional. Comunicação empresarial.

Língua vernácula e redação Norma padrão escrita. Prática de leitura. Produção textual e acadêmica.
de documentos Redação oficial e empresarial. Português instrumental. Textos
administrativos. Linguagem e argumentatividade.

Línguas estrangeiras Escrita da língua inglesa. Expressão oral da língua inglesa. Inglês para
negócios. Escrita comercial em inglês. Tradução e versão do inglês.
Redação acadêmica em língua inglesa. Língua espanhola. Espanhol
empresarial. Redação comercial em espanhol. Técnicas de tradução em
espanhol. Língua francesa. Língua brasileira de sinais.

Gestão contábil e Gestão contábil para secretariado. Análise contábil e orçamentária.


matemática Matemática elementar. Administração financeira. Matemática comercial e
financeira. Mercado financeiro e de capitais. Estatística. Lógica.

Tecnologia da informação e Competência informacional. Informática para secretariado. Tecnologia da


comunicação informação. Novas tecnologias. Técnicas e tecnologia da comunicação oral.
Administração de sistemas de informação e bancos de dados.

Relações internacionais Comércio exterior. Relações internacionais. Introdução a atividades


turísticas e hoteleiras.

Direito Instituições de direito público e privado. Direito empresarial. Legislação


social e direito do trabalho.

Sociologia, filosofia, história Realidade brasileira e cidadania. Panorama sociopolítico no Brasil


e ética e no mundo. Sociologia das organizações. Ciência política. História
socioeconômica, política e cultural da américa latina. Fundamentos da ética.

Áreas/Atividades práticas Formação independente. Teoria geral do secretariado. Pesquisa


complementares aplicada ao Secretariado. Metodologia e técnicas de pesquisa. Estágio
profissionalizante. Trabalho de conclusão de curso.
Fonte: elaborado pelos autores com base nas matrizes curriculares dos cursos de Secretariado das IES públicas federais
e estaduais.

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Os campos do conhecimento emer- (UFC, UFPE, UFBA, UFPB, UNIOES-
gentes da análise demonstram que o TE, UEL, UNESPAR, UNICENTRO),
perfil instituído para o secretário execu- quatro (25%) a departamentos de Letras/
tivo nesse contexto é genérico e multidis- Línguas Estrangeiras ou Ciências Hu-
ciplinar. Assim, contempla um conjunto manas (UNIFAP, UFV, UFSC e UEM)
de saberes e conhecimentos de ordem e quatro (25%) a um departamento pró-
científica, técnica, ética e social, que o prio de Secretariado Executivo (UFS,
permite contribuir para o aperfeiçoa- UFRR, IFMT, UEPA). Entretanto, com
mento da qualidade e da produtividade raras exceções, todos apresentaram um
das organizações. padrão de comportamento relativamente
Esses campos também parecem homogêneo, estando a maioria voltada
condizentes em termos de estrutura aos campos de princípios administrativos
com os demais cursos de bacharelado em e organizacionais, a línguas estrangeiras
Secretariado Executivo não abrangidos e a áreas e atividades práticas comple-
pelo recorte da pesquisa (de instituições mentares.
públicas municipais ou de instituições Todos os cursos analisados, exceto
privadas). Segundo Maçaneiro e Kuhl o da UFPE, contemplam disciplinas
(2013), as grades curriculares dos cursos obrigatórias de línguas estrangeiras, em
de Secretariado Executivo do Brasil são especial Inglês e Espanhol. Duas (UFV e
compostas, basicamente, por conteúdos UEM) também contemplam disciplinas
específicos da prática profissional (téc- obrigatórias de língua francesa. Como
nicas secretariais), somados a conteúdos optativas, foram encontradas disciplinas
de diferentes áreas do conhecimento de Inglês, Espanhol, Francês, Libras,
(Administração, Letras, Contabilidade, Alemão, Italiano e Grego. No entanto,
Direito, Ciência da Computação etc.) segundo dados do E-MEC (2014), apenas
e a conteúdos de caráter humanístico uma (6,25%) concede o título de secre-
(Filosofia, Sociologia, Psicologia, etc.). tário executivo bilíngue, e duas (12,5%)
O Quadro 3 (Apêndice 1) demons- concedem o título de secretário executivo
tra as cargas horárias acumuladas de trilíngue (UEPA e UEM).
disciplinas obrigatórias atribuídas para Também se observou que os cam-
cada campo do conhecimento descrito no pos Psicologia organizacional, Língua
Quadro 2. Com base nos dados expostos vernácula e Redação de documentos e
nesses dois quadros são realizadas as Tecnologia da informação e Comunicação
seguintes ponderações: apresentam percentuais de carga horá-
Inicialmente, observou-se que os ria obrigatória baixos, se comparados
cursos analisados apresentam diferen- aos campos Princípios administrativos e
tes enfoques, o que pode implicar na organizacionais, Línguas estrangeiras e
formação profissional de seus egressos. outras áreas e atividades práticas com-
Dos dezesseis cursos, oito (50%) estão plementares.
vinculados a departamentos de Admi- Além disso, apesar de grande parte
nistração ou Ciências Sociais Aplicadas das organizações estarem atualmente

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inseridas em processos de internacio- identidade acadêmica fortalecida para
nalização, apenas oito dos dezesseis a profissão.
cursos (50%) apresentam pelo menos Para atender às atuais deman-
uma disciplina do campo de relações das, os secretários devem apresentar
internacionais, ocupando carga horária uma série de competências técnicas e
de disciplinas obrigatórias quase insig- comportamentais. É fato que eles têm
nificante (1,08% na média de todas os buscado aperfeiçoamento profissional
cursos e máximo de 3,07%, na UFC). constante, que proporciona um melhor
Bonzanini (2011) faz uma reflexão acerca nível de qualificação e os condicionam a
da relação do secretário executivo com conquistar espaços mais significativos e
a internacionalização e a globalização. estratégicos. Todavia, considerando-se
Segundo a autora, esse profissional tem que atitudes são mais dificilmente aces-
um papel fundamental nesse contexto, síveis e desenvolvíveis (SPENCER, M.
pois, com a otimização de seus serviços, L.; SPENCER, M. S., 1993), e diante do
ele passa a ser o mediador de relações alto nível de exigência das organizações
internacionais. Nesse sentido, a baixa em relação a competências comportamen-
carga horária identificada na pesquisa tais, é relevante que os cursos encontrem
contradiz uma demanda emergente no estratégias para focarem em campos do
contexto organizacional contemporâneo. conhecimento como psicologia organiza-
Evidenciou-se que o campo de gestão cional e sociologia, filosofia, história e
secretarial, que contempla disciplinas di- ética, desenvolvendo competências como:
retamente relacionadas às atribuições do
[...] iniciativa, criatividade, determinação,
profissional (como técnicas secretariais,
vontade de aprender, abertura às mudan-
assessoria executiva e consultoria orga- ças, consciência das implicações e responsa-
nizacional e planejamento e organização bilidades éticas do seu exercício profissional
de eventos), parece não ser prioritário (BRASIL, 2005).
nas grades curriculares, sendo a média
de carga horária de todos os cursos O Secretariado apresenta limitações
analisados considerada baixa (12,90%). típicas de uma ciência em construção,
O principal motivo parece ser reflexo da que, assim como outras ciências caracte-
dependência do Secretariado em relação rizadas pela interdisciplinaridade, como
a áreas que o complementam, como as Ciências da Computação e as Ciências
Administração e Letras, o que o torna da Informação, tendem a ser superadas
um subdomínio fragmentado. Segundo a partir da inquietação dos profissionais
Nonato Junior (2009), a Administração e da realização de estudos científicos que
é uma ciência social aplicada que tem favoreçam sua emancipação (NONATO
inspirado o avanço do conhecimento em JUNIOR, 2009).
Secretariado. Entretanto, as assessorias Por meio da pesquisa científica, o
executivas devem buscar estabelecer profissional adquire potencial para de-
um objeto de estudo próprio e integra- senvolver novas percepções de realidade,
do, assim como o surgimento de uma que o condicionam a participar ativa-
mente de processos complexos, como

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mudanças estruturais. Percebe-se uma fletidas em suas estruturas curriculares,
ampla perspectiva de atuação para esses apesar das recomendações das diretrizes
profissionais, que cada vez mais vêm ad- curriculares estabelecidas pelo MEC:
quirindo a capacidade de ler, interpretar,
Os projetos pedagógicos dos cursos de gra-
analisar e criticar o ambiente organiza-
duação em Secretariado Executivo poderão
cional em que estão inseridos, formando admitir linhas de formação específicas, nas
um perfil profissional condizente com as diversas áreas relacionadas com atividades
complexas demandas contemporâneas. gerenciais, de assessoramento, de empre-
endedorismo e de consultoria, contidas no
exercício das funções de secretário-execu-
Considerações finais tivo, para melhor atender às necessidades
do perfil profissiográfico que o mercado ou a
Este estudo referiu-se a uma análise região exigirem (BRASIL, 2005, grifo nosso).
crítica da formação do secretário execu-
tivo no Brasil. O objetivo foi identificar É fato que considerar o contexto tem
se as estruturas curriculares dos cursos potencial para contribuir tanto para a
de bacharelado das IES públicas federais inserção do profissional no mercado de tra-
e estaduais apresentam condições para balho quanto para o desenvolvimento local.
formar profissionais com perfil e compe- Apesar de grande parte das organi-
tências que possam atender às necessi- zações estar inserida em processos de
dades organizacionais. Como principais globalização, apenas uma parcela mí-
resultados, evidenciou-se que: nima dos cursos contempla disciplinas
Emergiram como campos do conhe- do campo de relações internacionais,
cimento responsáveis pela formação que ocupam no máximo 3,07% da carga
nas áreas: Princípios administrativos horária acumulada de disciplinas obri-
e organizacionais. Gestão secretarial. gatórias. Esses dados demonstram uma
Psicologia organizacional. Língua verná- discrepância entre as competências de-
cula e redação de documentos. Línguas senvolvidas pelos cursos e as requeridas
estrangeiras. Gestão contábil e matemá- pelas organizações globalizadas.
tica. Tecnologia da informação e comuni- Pelo fato de que as circunstâncias
cação. Relações internacionais. Direito. contemporâneas exigem desses pro-
Sociologia. Filosofia. História. Ética. fissionais uma série de competências
Áreas e atividades práticas complemen- comportamentais além das técnicas, é
tares. Com raras exceções, os cursos pertinente que os cursos direcionem es-
analisados apresentaram um padrão de forços para as áreas contempladas pelos
comportamento relativamente homogê- campos do conhecimento psicologia orga-
neo, sendo seus eixos fundamentais os nizacional e sociologia, filosofia, história
campos: Princípios administrativos e e ética, principalmente pela dificuldade
organizacionais, Línguas estrangeiras inerente ao desenvolvimento de atitude
e Atividades práticas complementares. (SPENCER, M. L.; SPENCER, M. S.,
As diferentes realidades, economias 1993; DALMAU, 2013).
e demandas locais não parecem estar re-

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O sucesso e o reconhecimento do pro- demonstrou que a perspectiva de atua-
fissional de Secretariado Executivo de- ção do secretário executivo no contexto
pende igualmente de sua formação cien- contemporâneo é altamente promissora.
tífica. Maçaneiro (2011), nesse sentido, Todavia, para que as competências apre-
destaca a necessidade de que os docentes sentadas por esse profissional estejam
de Secretariado vinculem suas atividades devidamente alinhadas às expectativas
de sala de aula ao desenvolvimento da das organizações, recomenda-se que
pesquisa científica, como forma de pôr sejam realizados estudos periódicos com
a teoria em prática, contribuindo para vistas à possibilidade de reestruturação
a solução de problemas organizacionais. dos currículos das IES públicas federais
Por meio da pesquisa, esse profissional e estaduais, assim como a contratação de
adquire potencial para desenvolver novas professores com formação e experiência
percepções de realidade, que o condicio- na área para integrar seus quadros do-
ne a participar de processos complexos, centes, contribuindo para o estabeleci-
como mudanças estruturais. mento de uma demarcação científica na
O campo de Gestão Secretarial, que área, o que resultará no aperfeiçoamento
contempla disciplinas diretamente as- das competências do secretário executivo
sociadas às atribuições do profissional e, consequentemente, na melhoria dos
(como técnicas secretariais; assessoria processos de gestão das organizações.
executiva e consultoria organizacional; Para que o escopo da pesquisa pos-
planejamento e organização de eventos; sa ser expandido, recomenda-se que os
gestão documental e arquivística), não cursos de bacharelado em Secretariado
é prioritário nas grades curriculares. Executivo ofertados por instituições não
Uma das razões parece estar expressa contempladas pelo recorte da pesquisa
na dificuldade em se articular as diver- sejam igualmente analisados. Assim,
sas subáreas do Secretariado Executivo poderão emergir parâmetros que con-
como um objeto de estudo integrado. tribuam para o aumento dos níveis de
Pressupõe-se que essa dificuldade qualidade dos cursos e reconhecimento
é fortalecida em parte pelo vínculo e do profissional da área. Igualmente,
dependência da maioria dos cursos recomenda-se que sejam realizadas
(64,28%) a departamentos de ensino pesquisas em organizações de diversos
de outras áreas (como Administração e nichos, para que se verifique as prin-
Letras-Línguas Estrangeiras), o que ini- cipais competências requeridas desses
be a emancipação e a expansão do curso, profissionais.
bem como compromete sua produção in- Esta investigação permitiu ampliar
telectual, dificultando a atuação do pro- a compreensão acerca das competências
fissional de maneira bem fundamentada. secretariais atualmente requeridas pelas
Positivamente, devido ao aumento organizações e a formação de secretário
gradual do nível de complexidade eviden- executivo no Brasil, e poderá fomentar
ciado tanto nos processos organizacionais discussões no âmbito dos cursos de ba-
quanto no perfil da profissão, o estudo charelado em Secretariado Executivo

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que favoreçam o estabelecimento de Referências
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research offer to the professional a gene- BRANDÃO, H.; BORGES-ANDRADE, J.
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