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em compreender qual a formação adequada para este fazer, quais saberes são relevantes e, no caso das
competências, podemos analisar sob dois aspectos: que competências deve ter o coordenador para exercer
Importante é entender que a boa qualidade do trabalho desenvolvido na coordenação está diretamente
relacionado ao investimento feito na formação, o qual será determinante dos saberes e competências.
FORMAÇÃO E AUTOFORMAÇÃO
A Resolução nº 2, de 1º de julho de 2015, que define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação
inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de
“os profissionais do magistério da educação básica compreendem aqueles que exercem atividades de
docência e demais atividades pedagógicas, incluindo a gestão educacional dos sistemas de ensino e das
unidades escolares de educação básica, nas diversas etapas e modalidades de educação [...]
Continuando, em seu art. 7º , inciso III, indica que o egresso da formação inicial e continuada deverá ter
uma formação que lhe permita “a atuação profissional no ensino, na gestão de processos educativos e na
Inciso X - participar da gestão das instituições de educação básica, contribuindo para a elaboração,
escolar. Para isso, conhecimentos ligados ao tema precisam compor seu currículo.
Ainda falando da formação, a Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006, que institui as
[...]
Teríamos outros aspectos a destacar, mas considerando que estamos tratando da coordenação do trabalho
educacional, a gestão deve ser o foco.
Desse modo, na formação do profissional da educação, a coordenação é um aspecto da gestão que deve ser
tratado com profundidade, pois o professor, em sala de aula, coordena o trabalho desenvolvido por seus
alunos e o coordenador pedagógico, o trabalho desenvolvido pelos profissionais de sua equipe.
Como deve ser a gestão? Como garantir a dimensão democrática da gestão como determinam os princípios
Já salientamos em outro tópico a relevância do papel do coordenador na formação dos professores, mas
cabe aqui destacar a preocupação que deve também ter com a própria formação.
A autoformação deve ser uma preocupação e compromisso do coordenador. A formação inicial não é capaz
de prepara-lo para enfrentar as dificuldades e novas demandas de um tempo, cujas mudanças acontecem
constantemente. Sem contar, que o trabalho com seres humano, desenvolvido em educação não é passível
de controle de todas as variáveis que podem ocorrer.
Sendo assim, prepara-se para o imprevisto e para as incertezas é uma das demandas da formação desse
profissional. Para melhor entendermos esse aspecto, vamos tratar dos saberes necessários ao trabalho do
coordenador.
Saberes
Falar de saberes nos remete à ideia de conhecimentos. A escola transmite saberes/conhecimentos. E o
coordenador, que saberes precisa ter para fazer o seu trabalho?
Precisamos reconhecer que o saber na escola ocorre em cadeia. O coordenador precisa saber para apoiar o
professor, que precisa saber para ensinar ao aluno, que precisa aprender o que ainda não sabe. Trata-se de
uma cadeia formativa, que só funcionará se todos aprenderem sempre.
Com relação ao fazer do coordenador, podemos destacar alguns tipos de saberes:
- saberes legais - relacionados à legislação no que diz respeito às atribuições, direitos e deveres, seus e de
todos os que coordena;
- saberes teóricos – referem-se aos conhecimentos produzidos nas diferentes áreas como: psicologia,
filosofia, história, sociologia e outras ciências;
- saberes práticos: observar, registrar, planejar, produzir materiais didáticos, coordenar um grupo (gestão),
utilizar estratégias formativas, avaliar etc.;
No cotidiano do coordenador, esses saberes se complementam e são acionados o tempo todo, sendo que os
saberes práticos se fundamentam nos saberes legais e teóricos.
Para uma coordenação competente do trabalho educacional, a formação deve sempre focar esses saberes,
tanto em sua etapa inicial, quanto continuada, pois a competência do coordenador é uma construção que
dimensões do saber.
Terezinha Rios (2001) destaca quatro dimensões da competência: ética, estética, política e técnica. No caso
da coordenação, podemos entender que para contemplar as quatro dimensões cabe a este profissional,
dominar as técnicas de seu fazer (dimensão técnica), de modo criativo (dimensão estética), numa
perspectiva democrática (dimensão política), com vistas ao bem do coletivo na escola (dimensão ética), que
implica na aprendizagem de todos: alunos, professores, gestores e demais profissionais que atuam na
escola.
Competências
“A competência é inseparável da ação. [...] A competência é o conjunto de conhecimentos,
qualidades, capacidades e aptidões que habilitam para a discussão, a consulta, a decisão.
[...]. Ela supõe conhecimentos fundamentados... geralmente, considera-se que não há
Para melhor ilustrar o tema abordado nesse tópico, considerando que uma das principais competências do
coordenador está relacionada à formação, própria e dos professores, no intuito de que estes sejam melhores
sucedidos no trabalho realizado com seus alunos, vamos destacar duas estratégias formativas a serem
utilizadas na ação de coordenação, as quais demandam boa formação inicial e continuada, fundamentada
em saberes como observar, registrar, planejar, acompanhar, orientar, avaliar e criar.
É imprescindível que você as leve para sua prática e quando estiver diante do desafio de coordenar o
trabalho educacional, use com competência esse saber. Tratam-se das estratégias formativas denominadas
“Análise de Modelos” e “Supervisão de Práticas”.
ANÁLISE DE MODELOS
A análise de modelo é uma estratégia formativa fundada numa lógica de funcionamento, cujos
procedimentos a serem adotados devem ter rigor e planejamento. Seu objetivo é promover a ampliação do
conhecimento didático do professor.
A questão é, qual situação didática escolher para analisar? Ao que Lerner (2002) responde:
As situações de classe que são mais produtivas analisar são as que podem ser
caracterizadas como “boas”, porque são estas situações que permitem explicitar o modelo
didático com que se trabalha; porque a reflexão sobre elas torna possível discutir a
respeito das condições didáticas requeridas para o ensino [...]; porque as interrogações
que o capacitador apresenta sobre seu desenvolvimento levam a elaborar conclusões
Lerner acrescenta ainda que situações “boas”, não são situações “perfeitas”, pois estas não existem.
Dessa forma, a análise de bons modelos deve ser um dos motes da formação, cabendo ao coordenador
selecionar as mais indicadas e, a partir delas, disparar uma ação reflexiva, num viés teórico-prático que
Após conhecer, por meio de vídeos ou artigos de revistas, uma boa prática, o coordenador deve propor aos
seus professores uma análise com base em questionamentos que analisem os seguintes aspectos:
professora?
Na verdade, muitas outras questões podem ser feitas ao se analisar uma situação didática, tida
como um bom modelo. Esse exemplo ilustra os caminhos que poderão ser percorridos por meio dessa
estratégia.
SUPERVISÃO DE PRÁTICAS
O nome dessa estratégia formativa já nos fornece muitas pistas acerca de suas características, mas,
efetivamente, o que é uma supervisão de práticas e qual a sua relação com a atuação do coordenador
pedagógico? Como e quando fazê-la?
Há muitos mitos acerca da supervisão de práticas o que a torna uma estratégia polêmica e constrangedora,
pois há equivocadamente um entendimento de que se trata de uma fiscalização. Para desmistificar isso,
vamos conhecê-la de forma cuidadosa.
O objetivo da supervisão de práticas é formativo, ou seja, visa a obter elementos para análise das práticas,
com relação ao professor, pelo contrário deve ser uma ação de parceria e aprendizagem, na qual ambos
ampliem seus conhecimentos e competências, por isso, deve-se respeitar o tempo, a experiência e as
limitações de cada um. O coordenador, ao planejar sua ação, não deve abrir mão dessa estratégia formativa,
mas precisa considerar os cuidados a serem tomados quando a coloca em prática, a começar pela parceria
que deve ser estabelecida com o professor, em outras palavras, a supervisão de práticas deve priorizar os
docentes que estejam mais confortáveis em passar por essa experiência e, paulatinamente, ir alcançando os
demais profissionais, de modo, que todos sejam supervisionados em suas práticas de forma segura,
construtiva e, principalmente, formativa.
No que diz respeito ao aspecto metodológico, a supervisão de práticas possui estratégias que são:
Planejamento: o coordenador deve planejar, juntamente com o professor, a situação didática que será
supervisionada, a qual deverá ser definida por ambos, como parceiros, no intuito de se promover boas
aprendizagens por parte das crianças, ao mesmo tempo em que aperfeiçoam as próprias (aprendizagens);
Observação: em campo, ou seja, na situação planejada para ser supervisionada, o coordenador observará se
o planejado está acontecendo, utilizando para isso, registros que vão desde anotações até fotos e filmagens;
Reconhecimento das hipóteses do professor: o coordenador tem como foco a atuação do professor, com
vistas a orientá-lo em sua prática, por isso, precisa, desde o momento do planejamento, até o
desenvolvimento da atividade, reconhecer as hipóteses que o professor tem acerca de sua concepção de
educação, aprendizagem, dos conteúdos trabalhados (conhecimento) etc., pois essas justificam o modo
como realiza a gestão de sala de aula, suas intervenções na organização do tempo, dos matérias, das
interações etc.
Problematização (análise/tematização): posteriormente à supervisão de práticas, propriamente dita, o
levantando questões, que o ajudem a também analisar a situação, relacionando-a com o planejado e seus
objetivos. Na verdade, é o momento em que o professor, por meio dos registros realizados pelo coordenador
se “olha de fora” da ação. Nesse aspecto, o coordenador se coloca como corresponsável, pois planejou com o
professor, portanto também faz parte do sucesso ou não dessa prática. Isso os aproxima e torna mais
próxima a relação. Nessa etapa da supervisão de práticas, compete ao coordenador ajudar o professor a
comparar o planejado com o efetivamente realizado; a analisar as razões de mudanças que porventura
aconteceram durante o desenvolvimento da atividade; a colocar em evidência a maior ou menor coerência
entre o que se sustenta e o que se faz, estabelecendo, assim, uma ponte entre os conhecimentos que estão
sendo adquiridos nos momentos de formação e o que realiza cotidianamente com as crianças.
Elaborar e dar devolutivas: de modo a formalizar a estratégia utilizada, cabe ao coordenador dar devolutivas
que contribuam para que o professor possa generalizar para outras situações o que foi aprendido, assim
como, superar algumas dificuldades que porventura tenham comprometido o trabalho realizado. Essa ação
tem como característica ser propositiva.
Discussão teórica (textos de apoio, princípios gerais): para apoiar, tanto o coordenador quanto o professor,
a busca de teóricos que fundamentem as práticas realizadas ou as que virão, qualificam a ação docente e
ajudam a justificar escolhas e formas de organização que farão nas próximas atividades.
Novas análises de bons modelos: ao fazer a supervisão de práticas, o coordenador, pode se deparar com
bons modelos, que poderão ser utilizados na formação do próprio grupo, partindo de situações vivenciadas
in loco. Mas também poderá, para afinar as práticas desenvolvidas por sua equipe, trazer novas situações
didáticas, externas ao grupo, que serão analisadas, anteriormente a novas supervisões de práticas, no
intuito de subsidiar estas.
Posteriormente a esta etapa e, com a anuência do professor observado, o registro da situação didática
poderá ser concedido à análise e apreciação pública dos demais colegas da unidade de trabalho, cabendo ao
coordenador criar e preservar no grupo a cooperação conjunta e a crítica construtiva, desestimulando todo
comentário que atrapalhe a aprendizagem compartilhada. Nesse contexto, cabe ao coordenador abrir um
espaço, no qual seja possível discutir e elaborar com todos as soluções possíveis para os problemas
enfrentados, que provavelmente, não são exclusivos do professor que teve sua prática supervisionada.
Por fim, a supervisão de práticas contribui para que, principalmente o coordenador, possa detectar fatos ou
problemas dos quais não tinha consciência.
Esperamos que, tendo adquirido nesta formação esses saberes, você o leve para sua prática profissional e o
faça com competência, a qual iniciou-se nesse curso e será forjada em seu cotidiano, simultaneamente, à
sua formação continuada.
ATIVIDADE FINAL
A. A supervisão de práticas deve ser entendida como uma estratégia de fiscalização de professores,
não abarcando discussão teóricas, como o uso de textos de apoio para auxiliar os professores e
coordenadores.
C. A supervisão de práticas, realizada, primeiramente, de forma individual com um professor, deve ser
compartilhada com o restante da escola, mesmo que sem a anuência do professor supervisionado.
D. Uma das etapas de grande relevância da supervisão de práticas é a problematização, na qual o
coordenador, de forma particular, analisa a prática do docente levantando questões que também o
REFERÊNCIA
LERNER, Délia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. Porto Alegre: Artmed, 2002.
RIOS, Terezinha Azêredo. Compreender e ensinar: por uma docência da melhor qualidade. São Paulo:
Cortez, 2001.
ROPÉ, Françoise e TANGUY, Lucie. Saberes e Competência: o uso de tais noções na escola e na empresa.
2013.