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Tecnologia

de Gestão
Educacional
Princípios e Conceitos
Planejamento e Operacionalização
Olá Educador

Neste Caderno você conhecerá as bases do Modelo de Gestão


da Escola da Escolha, seus princípios e conceitos, e orientações
sobre planejamento e operacionalização.

O Caderno da Tecnologia de Gestão Educacional (TGE) está


organizado da seguinte forma:

Princípios e Conceitos

• Ciclo Virtuoso
• Educação pelo Trabalho
• Descentralização
• Delegação Planejada
• Ciclo de Melhoria Contínua
• Níveis de Resultados
• Parceria

Planejamento e Operacionalização

• Plano de Ação
• Programa de Ação
• Registros e Relatórios

Bom trabalho!
©iStock.com/andresrimaging
Tecnologia de Gestão Educacional
Princípios e Conceitos

Introdução

Retomando o que vimos no Caderno do A Tecnologia de Gestão Educacional


Modelo Pedagógico e acrescentando a (TGE) pode ser definida como a arte
esse debate a discussão da Tecnologia de integrar tecnologias específicas e
de Gestão Educacional, temos os pontos educar pessoas. No contexto da Escola
que estruturam a base de sustentação da Escolha, educar pessoas significa
do Modelo, a Escola da Escolha. Esse criar um ambiente educacional onde
sistema, fundamentado em princípios - todos, gestores e educadores, sintam-se
Quatro Pilares da Educação, Educação estimulados a aprender e pôr em prática
Interdimensional, Pedagogia da Presença seus conhecimentos a serviço do estu-
e Protagonismo - opera um currículo ple- dante e seu Projeto de Vida. O Modelo
namente integrado entre as diretrizes e Pedagógico e a TGE são indissociáveis
parâmetros nacionais e/ou locais e as e constituem o organismo que torna
inovações concebidas pelo Instituto. possível transformar a visão e a missão

COORDENAÇÃO DE PARCEIROS NA ESCOLA DA ESCOLHA


8 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

da escola em efetiva e cotidiana ação. diversidade de participantes na vida


Portanto, a TGE é a base na qual o escolar, e com os quais deverá lidar:
Modelo Pedagógico se alicerça para professores, coordenadores, estudan-
gerar o movimento e respectivo tra- tes, pais, comunidade, sindicato, par-
balho que transformará o que ele ceiros, os diversos setores da Secre-
traz enquanto “intenção”, efetiva e taria de Educação. Além disto, há um
concretamente em “ação”. enorme desafio posto para o Gestor
A missão primordial da escola é ga- na otimização do tempo voltado aos
rantir uma aprendizagem de qualidade, processos administrativos e de ges-
por meio da qual o estudante atribua tão de recursos. É essencial que o seu
sentido e significado ao conhecimento papel na escola esteja claro para toda
de modo que esta (a escola) promova a equipe escolar e para a comunidade.
seu pleno desenvolvimento em todas as O Gestor tem como responsabilidade
dimensões humanas (corpo, intelecto, principal coordenar as diferentes
espírito e emoção). áreas da escola, integrar os resul-
Assegurar que a escola cumpra sua tados gerados por todos e educar
missão é a tarefa mais complexa da sua equipe pelo exemplo e trabalho,
gestão escolar, isso porque encontra- inspirando-a na continuidade do
mos o Gestor diante de uma enorme projeto escolar.
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 9

Princípios e Conceitos

Para que o Gestor e sua equipe possam Faz-se necessário pôr a sua dispo-
atuar verdadeiramente à luz dos princí- sição e de sua equipe um conjunto de
pios e conceitos da Escola da Escolha, ferramentas gerenciais que permitam
é necessário refletir quanto às condições dirigir a escola de forma estruturada
essenciais para um funcionamento pleno para atingir a visão estabelecida pelo
e às atitudes que a equipe deve cultivar município e/ou estado.
e praticar. Essa estrutura deverá garantir que
Quais são estas condições? missão, objetivos, metas, indicadores,
As condições acima colocadas so- estratégias e ações estejam todos
mente serão ativadas na direção dos alinhados e claramente definidos,
pressupostos da Escola da Escolha se em todas as instâncias da escola, de
certas atitudes forem adotadas por modo que todos possam, com clareza,
todos os envolvidos. Atitudes como compreender o seu papel e contribuir
iniciativa, determinação, comprome- objetivamente para a consecução dos
timento, flexibilidade, abertura para o resultados esperados para que sejam
novo, respeito, delegação, autodesen- medidos, avaliados e reconhecidos.
volvimento, mediação, dentre tantas Com base na TGE, a gestão escolar
outras, são essenciais na garantia de utiliza-se de importantes ferramentas
uma engrenagem fluida e cuidadosa. gerenciais, devidamente customizadas
A liderança do Gestor é, sem dúvida, ao ambiente escolar, possibilitando a
uma característica fundamental, porém harmonização de processos adminis-
isoladamente não basta. trativos e pedagógicos.

A minha escola tem as ferramentas e o apoio adequado?


10 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

Histórico

A Tecnologia de Gestão Educacional quem é educado e traduz a capacidade


encontra suas origens no princípio da do educador de se fazer presente na
Educação pelo Trabalho. Trata-se, aci- vida do educando, satisfazendo, assim,
ma de tudo, de uma filosofia de vida uma necessidade vital do processo de
calcada no trabalho, complementada e formação humana.
sustentada pela dimensão educacional. A TGE foi inicialmente desenvolvida
Essa filosofia se inspira na mensagem em 2004, no Centro de Ensino Experi-
educativa de Norberto Odebrecht, em- mental Ginásio Pernambucano. Essa
preendedor e fundador da organização implantação foi tratada como um expe-
Odebrecht. O caráter humanista da rimento para as adequações e modu-
tecnologia de gestão desta organização lações iniciais, com vistas a atender às
foi fator decisivo na ocasião em que se características do projeto escolar, ou
fez necessário eleger qual o modelo de seja, considerando as especificidades
gestão que serviria de referência para a do ensino médio em tempo integral.
concepção do que se tornou a TGE. A partir daí foram agregadas as reco-
As ações de desenvolvimento hu- mendações presentes no Relatório de
mano dos colaboradores da Odebrecht Jacques Delors em virtude da natureza
são pautadas pelo princípio da Educa- do seu conteúdo, isto é, das aprendiza-
ção pelo Trabalho, que compreende gens que ele traz e propõe como sendo
um processo educativo alicerçado na fundamentais para que o ser humano
arte de influenciar e ser influenciado desenvolva conhecimentos, competên-
e apoia-se no princípio da Pedagogia cias e valores, em todas as dimensões
da Presença, concebido pelo educa- e em todas as fases da sua vida, desde
dor Antônio Carlos Gomes da Costa. a infância até a idade adulta, em qual-
Por meio desta, a formação da pessoa quer nível ou espaço de ensino e em
não se realiza apenas no e para o tra- qualquer cultura.
balho, mas fundamentalmente para a Nele há também o reconhecimento
vida, na adoção de uma atitude de não de que a aprendizagem não é apenas
indiferença em relação ao outro, aos um processo intelectual, mas o meio
problemas da vida e do seu entorno. fundamental para o desenvolvimento
Essa filosofia, centrada no trabalho e do indivíduo através de todas as dimen-
na educação, estrutura-se em torno sões da vida humana, considerando o
da atividade produtiva do ser humano, seu desenvolvimento pessoal, social
enquanto produtor de conhecimento e e produtivo e, finalmente, o indicativo
gerador de riqueza material e moral. de um ideal antropológico em termos
No âmbito escolar, a Pedagogia da de formação humana que, se perse-
Presença se materializa por meio do guido com competência e persistência,
estabelecimento de vínculos de consi- poderá contribuir sobremaneira com
deração, afeto e reciprocidade entre os as futuras gerações. (“Educação:
estudantes e os educadores. É o funda- um tesouro a descobrir”, Comissão
mento da relação entre quem educa e Internacional sobre educação para
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 11

Princípios e Conceitos

o século XXI, 8ª ed. São Paulo: Cortez 2003), usualmente conhecidas como os
Quatro Pilares da Educação.

É dispor de um conjunto de competências pessoais que


possibilitem à pessoa relacionar-se melhor consigo mesma
enquanto condição para relacionar-se com os outros e com as
APRENDER suas circunstâncias naturais, sociais, econômicas, políticas e
A SER
culturais, bem como para relacionar-se com a dimensão trans-
cendental – de natureza religiosa ou não - que alimenta de
sentido e significado a sua existência.

O fazer deixou de ser puramente instrumental. Nesse senti-


do, valoriza-se a competência pessoal que torna a pessoa apta
APRENDER a enfrentar novas situações e não apenas a restrita qualificação
A FAZER
profissional. Ou seja, qualidades humanas que se manifestam
nas relações interpessoais e que são mantidas no trabalho
passam a ser mais apreciadas.

Desenvolver a compreensão e aceitação progressiva de si


próprio e do outro e a percepção da interdependência entre os
seres humanos no sentido do convívio, do trato, da realização
APRENDER
A CONVIVER
de projetos comuns e da preparação para aprender a gerir con-
flitos no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão
mútua e da convivência pacífica é a aprendizagem de que trata
este pilar.

Esta aprendizagem vai além do domínio do conhecimento,


ou seja, não se limita à aquisição de um acervo de saberes pro-
APRENDER priamente ditos. Ela se estende ao domínio da própria forma
A CONHECER como se adquire o conhecimento e das diversas maneiras de
cada um lidar com ele, por meio do acesso ou da sua produção.
Para Jacques Delors (1998, p. 92) “aprender a conhecer supõe,
antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a
memória e o pensamento.” A literatura trata simultaneamente
como um meio e como uma finalidade.

Em 2006, com a expansão das Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral


(assim batizadas pela Secretaria Estadual de Educação), iniciada em Pernambuco,
a TGE foi incluída como parte do processo de formação dos Gestores das escolas
de Ensino Médio e a partir de 2010 foram incorporados os Gestores das escolas
dos anos finais do Ensino Fundamental.
12 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

TGE – Uma quebra de paradigmas

Vivemos uma época de profundas e tornava-se cada vez mais clara a


constantes transformações. A socie- relação direta e imprescindível entre o
dade do século XXI, calcada no conheci- Modelo Pedagógico e o Modelo de Gestão
mento, na fluidez de relacionamentos e posto que a Tecnologia de Gestão
na adaptabilidade às mudanças, deman- Educacional se coloca como a base que
dará cada vez mais dos seus partícipes oferece os mecanismos para trans-
uma formação integral, ou seja, que formar as intenções pedagógicas em
considere várias dimensões humanas efetiva ação.
(corpo, intelecto, espírito e emoção). Em vista disso, a TGE apoia-se em
Reunir as condições para atuar diante princípios, conceitos e instrumentos,
desses cenários, exigiria cada vez mais para integrar tecnologias educacio-
a oferta de uma escola totalmente nais e contribuir decisivamente na
comprometida com sua atividade-fim, formação plena do educando. A TGE
isto é, trabalhar incansavelmente pela exige uma verdadeira desconstrução
busca e manutenção de uma educação de conceitos e paradigmas para en-
de qualidade. tender, aceitar e praticar seus postu-
Vale relembrar a lógica que orienta lados. Portanto, ela é mais consciência
este modelo. Após recuperação da infra- do que um método de gestão, porque
estrutura do Ginásio Pernambucano, requer de todos os profissionais que
iniciou-se um profundo projeto de compõem a equipe escolar a adoção de
recuperação da estrutura pedagógica posturas e atitudes que, via de regra,
e da qualidade do ensino por meio não fazem parte das práticas cotidia-
da criação de um novo paradigma na nas das escolas. Ainda que todas traba-
educação pública brasileira. Esse lhem para cumprir sua tarefa educativa
paradigma referia-se à criação de conforme preceitua a legislação brasi-
uma nova escola pública de Ensino leira, não necessariamente os resulta
Médio que equacionasse a “univer- dos são assegurados. Aqui, a adoção
salização” e a “qualidade”, fundamenta- da TGE é movida pela determinação
da num modelo pedagógico eficaz e em construir um novo paradigma para a
num modelo de gestão absolutamen- gestão escolar, criando a condição para
te comprometido com resultados. que o modelo de gestão “sirva” ao mode-
A questão paradigmática que se lo pedagógico, implicando em processos
pôs foi como introduzir inovações em que necessariamente levarão a escola a
conteúdo, método e gestão de maneira gerar os resultados comprometidos com
a assegurar que as concepções peda- a sua visão. Aqui, portanto, fala-se não
gógicas pudessem ser efetivamente apenas de cumprimento de preceitos
transformadas em ações e, por con-
sequência, nos resultados esperados
e pactuados, decorrentes do desejo A minha comunidade tem trabalhado mais pela
e dos esforços conjugados por toda
a comunidade escolar. A partir disto, universalização ou mais pela qualidade da educação?
Qual tem sido a atitude da minha comunidade?
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 13
Quais adaptações teríamos que fazer? Princípios e Conceitos
Temos educado pelo trabalho?

e pedagógicos. Todos vivenciam uma


relação “ganha-ganha” com a prática
deste modus operandi: pais, gestores
e vice-gestores, coordenadores peda-
gógicos, docentes, equipe de apoio,
parceiros, diversos setores da Secreta-
legais, mas de envolvimento numa ria de Educação, além do seu principal
perspectiva que eleva os profissionais participante, o estudante.
da escola a uma condição de corres- Teoricamente, a TGE trata do “óbvio”.
ponsabilidade, não apenas pelo proje- A prática, porém, envolve conscienti-
to escolar, mas pela própria realização zação e disposição para rever paradig-
do Projeto de Vida dos estudantes, no mas, assumir uma nova postura, trans-
qual todos se reconhecem fundamen- formar obstáculos em oportunidades
tais para a sua constituição. Portanto, de aprendizado e sucesso para todos,
ao mesmo tempo em que se reconhe- à medida em que o projeto escolar se
cem valorizados pela estatura da sua realiza e se cumpre. Essa característica
tarefa educativa, sentem-se igualmente é de fundamental importância, pois
comprometidos a realizá-la. propicia aos que dela se beneficiam uma
A TGE também se ajusta à realida- oportunidade única de desenvolvimento
de de cada escola, respeitando suas humano, entendido aqui como uma
peculiaridades, ao mesmo tempo em junção harmônica das habilidades
que direciona ações para sanar as cognitivas e socioemocionais.
demandas administrativas e pedagógi- A expressão máxima dessa abor-
cas identificadas. dagem metodológica configura-se no
Em síntese, a TGE: Projeto de Vida dos estudantes, pois
• Quanto à sua Postura, rege-se mais esse se assemelha à elaboração do
pela consciência do que pelo método. Plano de Ação da própria escola, no
• Adapta-se a cada realidade. qual estudantes, educadores e gestores
• Educa pelo trabalho, pelo fazer, portanto se utilizam da mesma linguagem e dos
vale-se mais da prática do que da teoria. mesmos instrumentos para planejar,
A Tecnologia de Gestão Educacional definir metas, gerenciar suas ativida-
constitui-se um instrumento versátil des e avaliar seus resultados.
e eficaz, na medida em que torna um
ciclo de planejamento escolar um exer- No fim, o Plano de Ação da
cício contínuo, de “ação e concepção”
(teoria e prática). Instrumentos estra-
Escola é a materialização
tégicos e operacionais dão vida à TGE de um sonho coletivo,
- os Planos e Programas de Ação - e
do Projeto de Vida de
proporcionam a “matéria-prima” para
a elaboração dos relatórios de acom- uma comunidade.
panhamento. A partir daí, inicia-se
um novo ciclo de planejamento, tendo Vamos agora aos princípios e con-
como pano de fundo a melhoria con- ceitos que norteiam a implantação da
tínua dos processos administrativos TGE no ambiente escolar.

O ICE entende como tecnologias educacionais o conjunto de conhecimentos e de


know how de cada membro da equipe escolar, incluindo a equipe de apoio (agente de
pátio, merendeira, secretária). Todos têm uma tecnologia que deve ser colocada
a serviço da escola, bem utilizada pelo diretor e, necessariamente, gerar resul-
tados porque existe numa perspectiva contributiva.
14 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

Princípios e Conceitos da TGE

Voltando à definição da TGE, como a arte de integrar tecnologias específicas (di-


ferentes saberes, às diversas áreas do conhecimento) e de educar pessoas, lem-
bran-do que ela é mais consciência do que um método de gestão. A TGE demanda
uma abertura para o novo, para uma nova forma de ver, sentir e cuidar da escola.

Princípios

Ciclo virtuoso

O estudante e o provimento de uma Ele evidencia as relações existentes


educação de qualidade devem ser a entre gestão pública, escola/estudante,
centralidade da escola – o que ocupa investidores sociais e comunidade e
a mente de cada um dos membros da como estas se retroalimentam via um
equipe escolar, de acordo com suas sistema de comunicação pautado na
áreas específicas. A escola deve gerar confiança e na parceria.
resultados, satisfação da comunidade Nesta perspectiva, gestão públi-
(entenda-se sociedade) pelo desem- ca, comunidade, escola e investidores
penho dos estudantes, educadores e sociais atuam precipuamente em be-
gestores. Todos devem estar a serviço nefício da formação dos educandos,
da comunidade e devem se sentir realiza- promovendo a manutenção e perpetui-
dos pelo que fazem e pelos resultados dade de um sistema público de ensino
que obtêm. de qualidade, comprometido com os
O Ciclo Virtuoso, representado abai- conceitos e princípios da Escola da
xo, é um importante princípio da TGE. Escolha. Em vista disso, cria-se um ci-

O CICLO VIRTUOSO
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 15

Princípios e Conceitos

clo virtuoso, produtor de riqueza mate- Educação pelo trabalho


rial e moral:
• Os estudantes bem formados im- Educação pelo Trabalho é um princípio
pactam positivamente a comunidade educativo que exerce uma influência
em que vivem, nos espectros político, construtiva e deliberada na formação
econômico, social e cultural; e desenvolvimento das pessoas. Nela,
• Os investidores sociais (parceiros) a transmissão de conhecimentos, valo-
interagem e percebem claramente, ao res, princípios, atitudes, competências
longo do tempo, os benefícios socioe- e habilidades se dão em tempo e condi-
ducacionais originados da replicabili- ções reais, no dia a dia do exercício de
dade do Modelo nas demais escolas de suas atividades.
uma rede pública de ensino; A TGE traz uma visão pedagógica na
• A escola e a comunidade estabelecem qual o processo educativo deve ocorrer
um processo progressivo de aproxima- para, pelo e no trabalho. Na educação
ção, tendo no exercício de uma edu- para o trabalho, o educando aprende
cação de qualidade, o elo entre pais e para trabalhar; na educação pelo tra-
educandos; balho, ele trabalha para aprender; e na
• A gestão pública maximiza seus in- educação no trabalho, ele se auto-edu-
vestimentos sociais, empregando de ca. A Educação pelo Trabalho pode ser
maneira eficaz, eficiente e efetiva, os considerada a veia principal da TGE,
tributos angariados da sociedade. para a qual confluem as estratégias.
Por esta razão, este princípio tem a
Comunicação condição de mobilizar a escola para o
futuro, assegurando ao mesmo
Grande parte das dificuldades e confli- tempo a sua sobrevivência,
tos vivenciados na escola (e em tantas a sua expansão e a sua
outras organizações) é motivada pela sustentabilidade.
falta de comunicação com uma inten-
ção clara. É a própria fala em movimen-
to entre os interlocutores que, ao ser
recebida, gera um outro movimento,
de preferência aquilo que é necessário
e que se espera. Se não gerar isso, é
somente “falação”. O Gestor deve ter
a comunicação como foco de seu tra-
balho. Perdendo o foco, põe em risco a
sinergia da equipe.

© Centro de Ensino Experimental de Arcoverde


16 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

Conceitos

Descentralização

Descentralizar significa distribuir as vimento de todos na consecução dos


responsabilidades e decisões de um objetivos comuns. A segunda caracte-
trabalho entre os protagonistas da rística da descentralização refere-se ao
ação (os seus autores). Paralelamente, respeito mútuo, balizando o relaciona-
os objetivos das ações pactuadas mento entre os diversos participantes
devem estar claros para gestores, do processo educativo.
coordenadores pedagógicos, profes- Significa, antes de tudo, um clima
sores e alunos. Com isso, criam-se de abertura que favoreça iniciativas e
condições favoráveis ao delineamento eclosão de novas ideias, independen-
do processo de delegação planejada. temente de ter partido do gestor ou do
A descentralização está assentada educando. A terceira e última caracte-
sobre a pedra angular formada pela rística da descentralização pressupõe
disciplina, respeito e confiança. a existência da confiança, que não
Disciplina não significa militarismo, deve ser imposta, mas sim, conquis-
inflexibilidade, nem intransigência. tada. Depende, por sua vez, de valores
Constitui-se, sobretudo, do envol- morais, tais como probidade e retidão.

EQUIPE ESCOLAR DESCENTRALIZADA


TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 17

Princípios e Conceitos

Adicionalmente, a competência profis- • Entendimento das expectativas refe-


sional insere-se como condição sine rentes ao desempenho.
qua non à realização de um processo • Surgimento do espírito de equipe.
de descentralização coerente com
seus propósitos.

O ciclo de melhoria contínua


Delegação planejada O Ciclo PDCA

Significa praticar a liderança acredi- O Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act)
tando no potencial do outro, em sua é um conceito e um instrumento des­
competência e vontade de se desen- tinado a apoiar o processo de melhoria
volver, tendo em vista à delegação gra- contínua que considera as fases: plane­
dual de responsabilidades com base na jar, executar, avaliar e ajustar.
confiança e no alinhamento com as Constitui-se uma poderosa ferra­
concepções filosóficas da escola. O menta para acompanhamento e detec­
conceito de descentralização, confor- ção dos ajustes necessários ao final de
me visto anteriormente, exige do ges- uma aula, uma eletiva, um processo ou
tor autoconhecimento e envolvimento até mesmo de um período letivo.
com os receptores da sua ação. Os resultados proporcionados pela
utilização do Ciclo PDCA em uma
Complementarmente, a delegação organização também contribuem para
o desenvolvimento do pensamento
planejada, gradualmente dirigida crítico dos seus colaboradores. O estí-
e exercitada, pode propiciar aos mulo constante em planejar, executar,

educandos e à equipe escolar, avaliar e ajustar pode desencadear em


cada pessoa uma melhor compreensão
a execução de tarefas com graus do(s) processo(s) de que participa, pro-
crescentes de complexidade, pautadas piciando condições para o surgimento de
um ambiente criativo em toda a escola.
nas capacidades e maturidades Destacamos ainda que o Ciclo PDCA
cognitiva e emocional de cada um. pode ser aplicado tanto em processos
administrativos quanto pedagógicos.
Reflexos concretos de um processo Não importa a área, o conceito da
de delegação exitoso: melhoria contínua pode e deve permear
• Aprofundamento do senso de eficácia. toda a escola.
• Intensificação dos sentimentos de A figura a seguir ilustra o ciclo do plano
pertencimento e lealdade à escola. de gestão estratégico da Escola.
• Construção conjunta dos indicadores
de desempenho.
• Geração de sentimentos de autoestima
e orgulho coletivos.
18 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

CICLO DE MELHORIA CONTÍNUA


CICLO PDCA

1 2
PLANEJAR EXECUTAR
“Plan” “Do”

P D
A C
4 3
AJUSTAR AVALIAR
“Act” “Check”

Vamos agora à definição de cada uma onde aplicar as mudanças que incluem
das fases do Ciclo PDCA citadas acima: a melhoria do processo. Ao final de um
Planejar: estabelecer objetivos, es- período, geralmente anual, é impres-
tratégias e metas propostas. cindível proceder à correção do Plano
Executar: implantar o plano, executar de Ação da escola, ajustando estra-
o processo e coletar dados para mape- tégias, metas, indicadores e outras
amento e análise dos dados gerados. variáveis, em função da vivência de
Avaliar: (medição e análise): estudar cada um e dos resultados alcançados.
os resultados reais e comparar com Após essa fase, recomeça-se um novo
as metas, no intuito de se averiguar as Ciclo PDCA.
diferenças. O foco deve ser no desvio O exercício dos conceitos acima
da execução do plano, na análise das abordados proporcionam ao Gestor
diferenças para determinar as cau- preciosas informações acerca da esco-
sas, checando a adequação e a inte- la que administra.
gridade das ações. Dados gráficos A cultura da melhoria contínua
podem facilitar a visualização de pode contribuir, decisivamente, para
eventuais tendências. Com base nas o alcance de patamares crescentes
informações analisadas, podemos de eficiência escolar, pavimentando
passar à próxima fase. o caminho dos estudantes na cons-
Ajustar: (ações corretivas): determinar trução dos seus Projetos de Vida.

É o ciclo de melhoria contí


TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 19

Princípios e Conceitos

Níveis de resultados

As escolas existem e se consolidam em que esta escola navegue pelos dois pri-
suas respectivas comunidades como meiros níveis (Sobrevivência e Cresci-
instituição que assegura os processos mento) e então se estabeleça no nível
formais de educação das crianças e da Sustentabilidade.
dos jovens. Existem por tempo indefi- É natural e esperado que o primeiro
nido, para serem perenes, mediante a ano de implantação ainda seja de
integração sinérgica e produtiva das muitas incertezas, de erros e acertos
pessoas que lhes dão vida, ou seja, que e também de muitas descobertas com
asseguram a sua operação. É impor- as quais todos deverão aprender.
tante analisar a relação entre os resul- Já na transição para o segundo
tados alcançados e o ciclo de vida da ano, espera-se que a escola tenha
escola. Os resultados são diretamente entendido plenamente os princípios do
proporcionais ao ciclo de vida. Modelo, adquirido domínio das meto-
Podemos dizer que há distintos dologias, consolidado suas rotinas, sua
níveis do ciclo de vida da escola: forma de se organizar, de se comunicar
• Sobrevivência etc. É também no segundo ano, que a
• Crescimento equipe escolar deve estar em busca,
• Sustentabilidade cada vez mais, do autodesenvolvimento
Cada um desses níveis é suporte e do aperfeiçoamento pessoal e pro-
para o seguinte. Não são estáticos, fissional. Ao fim do terceiro ano, a ex-
eles se sobrepõem e se interligam. pectativa é que a escola se estabeleça
Vejamos, como exemplo, uma nova como centro difusor de boas práticas
escola de Ensino Médio que adere ao como reflexo dos resultados alcançados
Modelo da Escola da Escolha: e tenha condições de se tornar uma
Em condições ideais, serão necessá- Escola Tutora, apoiando a formação de
rios aproximadamente três anos para novos Gestores em novas comunidades.

CICLO DE VIDA DA ESCOLA


20 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Princípios e Conceitos

Ela se torna sustentável porque criou as sistema público que a financia, mas ela
condições, pelos resultados que exibe, também alimenta esse mesmo sistema
de se manter operando no sistema e público porque oferece à sociedade que
demonstra para a sociedade, para o gestor a financia (pelo pagamento dos seus
público e investidores sociais a quem ela tributos) os resultados que lhes são
responde, o que se espera dela enquanto devidos. A escola é sustentável porque
instituição pública de educação, ou seja, retribui sob a forma de resultados
ela gera valor ao sistema, provando que àquele que a mantém por meio de re-
não é apenas alimentada/mantida pelo cursos advindos dos tributos.

PARCEIROS
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 21

Princípios e Conceitos

Parceria

A parceria é a manifestação do com- Por outro lado, existem parcerias


promisso e da responsabilidade com estabelecidas na dimensão da Secretaria
um objetivo comum. de Educação. Esses são os Parceiros
Na relação com a comunidade, a Institucionais. São organizações e/ou
escola pode e deve firmar alianças com pessoas que, associadas à Secretaria
Parceiros Locais (organizações e/ou de Educação, apoiam no conjunto
pessoas) que apoiam o projeto escolar de todas as Escolas da Escolha ou no
por meio de ações que atendem uma maior número possível, por meio de
determinada demanda específica. ações que beneficiam a escola no de-
senvolvimento de projetos acadêmi-
cos, científicos, culturais, artísticos
ou esportivos.
As Escolas da Escolha cumprem
com a sua responsabilidade como par-
ceiras da comunidade quanto produtor
de riqueza moral quando:
• alcançam a sobrevivência, o cresci-
mento e a sustentabilidade;
• oferecem à comunidade um ensino
público de qualidade;
• formam um patrimônio moral re-
presentado por uma geração de jovens
com valores éticos;
• criam oportunidades para o estu-
dante desenvolver outras habilida-
des além das cognitivas, as socio-
emocionais;
• contribuem para o desenvolvimento
social e econômico da comunidade
por intermédio do jovem autônomo,
solidário e competente.
©iStock.com/kali9
Tecnologia de Gestão Educacional
Planejamento e Operacionalização

Qual a relação entre gestão e escola?


Por que precisamos de um Modelo de Gestão?

Alguns autores consideram a admi- e definidas. Além disso, é uma área


nistração uma área interdisciplinar do conhecimento fundamentada em
do conhecimento, uma vez que utiliza um conjunto de princípios, normas e
métodos e saberes de diversas ciências, conceitos elaborados para disciplinar
como contabilidade, direito, economia, os fatores de produção, tendo em vista
filosofia, psicologia, sociologia etc. o alcance de determinados fins, como a
Historicamente, a necessidade de adequada prestação de serviços públi-
organizar os estabelecimentos nasci- cos (por exemplo, a oferta de um ensi-
dos com a Revolução Industrial, levou no de qualidade).
profissionais de outras áreas mais an- Portanto, como elo entre os recursos
tigas, como a engenharia, a buscar so- e os objetivos de uma escola, cabe ao
luções específicas para problemas que gestor combinar os meios na proporção
não existiam antes. Assim, a aplicação adequada e constantemente tomar
de métodos de ciências diversas para decisões num contexto de restrições,
administrar esses empreendimentos pois nenhuma organização dispõe de
deu origem aos rudimentos da “ciência recursos ilimitados e a capacidade de
da administração”. processamento de informações do ser
O termo “administração” vem do humano é, também, limitada. Adminis-
latim “administratione”, que significa trar (ou gerir) envolve a elaboração de
direção, gerência. Portanto, consis- planos, programas, relatórios e proje-
te no ato de administrar ou gerenciar tos em que é exigida a aplicação de co-
pessoas ou recursos com o objetivo de nhecimentos inerentes às técnicas de
alcançar metas previamente pactuadas administração (gestão).
24 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

Como funciona a Fase de Planejamento?

Uma escola, como toda organização vol- Programa de Ação: é um instrumento


tada à consecução de um determinado operacional individual que trata dos
objetivo, necessita dispor de maneira meios e processos e que desdobram as
coordenada seus recursos (materiais estratégias traçadas no Plano de Ação
e humanos) em prol da realização da em ações no chão da escola.
sua atividade-fim. Por exemplo, formar Agenda: é o instrumento que traduz “o
cidadãos, habilitando-os para atuarem quando” do Plano de Ação para a equi-
competentemente na “sociedade do con- pe escolar.
hecimento” (empregamos esse termo PDCA: é um instrumento destinado a
ao nos referirmos à sociedade atual, apoiar o processo de melhoria contínua.
demandante de indivíduos cada vez mais
qualificados, cidadãos críticos e proposi- Como estes instrumentos operam entre
tivos e que tenham a capacidade de atuar si e a favor dos resultados esperados?
e influir consistentemente nos contextos
político, econômico, social e cultural). O Planejamento se inicia a partir
Pensar o agir constitui etapa relevan- da observância do Plano de Ação da
te de qualquer ação do Gestor ou educa- escola – sua “bússola” estratégica – e
dor. Planejar é o momento de reflexão, se desdobra nos Programas de Ação
de discutir com a equipe a visão de futu- dos profissionais que compõem a equi-
ro estabelecida pela Secretaria de Edu- pe escolar – o modus operandi – o
cação para a Escola da Escolha e de de- “fazer” de cada um. Nos Programas de
cidir como desdobrá-la em estratégias e Ação, encontramos os objetivos, metas
ações a serem operacionalizadas no dia a e indicadores que nortearão o curso
dia da Escola. Esse também é o momen- de uma ação individual para a realiza-
to de refletir sobre as expectativas da es- ção dos resultados pactuados no Plano
cola, os prazos e os responsáveis pelo le- de Ação.
vantamento de informações e dados, que Não apenas o Planejamento, mas
servirão de subsídio à elaboração dos outras ações do cotidiano da orga-
instrumentos de gestão. nização escolar devem ter como re-
ferência o que preceitua o PDCA, ou
A TGE utiliza alguns importantes seja, que a passagem atenta e plena
por todas as suas fases deve levar a
instrumentos de gestão, traduzindo organização a uma trajetória contínua
estratégia em operação, ou melhor de melhoria dos processos e, por con-
sequência, dos resultados obtidos.
dizendo, sonho em ação.
Deve-se ter em mente a carac-
Os instrumentos são: terística estratégica do Plano de
Plano de Ação: é um instrumento Ação ao subsidiar a elaboração dos
estratégico da escola que norteia a Programas de Ação. A ideia consis-
equipe escolar na busca de resultados te em desdobrar o Plano de Ação
comuns sob a liderança do Gestor. em Programas de Ação para cada

©iStock.com/track5
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 25

Planejamento e Operacionalização

membro da equipe escolar, espelhando os objetivos, metas e indicadores


que nortearão o seu curso de ação individual.

Elaboração do Plano de Ação da Escola

1 Estudo e Mobilização da Equipe Escolar


O primeiro passo do Gestor na elabora- O GESTOR E TODA A EQUIPE
ção do Plano de Ação da Escola é ter em • Com os fundamentos conhecidos,
mãos o Plano de Ação da Secretaria de podem iniciar a discussão do Plano de
Educação. Esse documento irá nortear Ação da Secretaria de Educação.
a definição das estratégias específicas • Serão necessários vários encontros
da escola e de seus desdobramentos. com a equipe para entender, discutir e
É importante ressaltar que a Visão de preparar o Plano de Ação da Escola.
futuro e as Premissas no Plano de Ação O Plano de Ação dispõe ao Gestor
da Secretaria de Educação não devem uma ferramenta gerencial específica
ser alteradas, pois se trata de uma para melhor planejar, executar, ava-
expressão da Secretaria. liar e replanejar objetivos, metas e
A preparação para a elaboração do estratégias da escola. Integra tanto
Plano de Ação da Escola é um momen- processos administrativos quanto
to importante para que o Gestor se pedagógicos, fazendo com que esses
posicione como líder de sua equipe e processos coexistam complemen-
dê o tom do trabalho que está por vir. tarmente. É aí que reside um dos
Diante da importância desta etapa diferenciais mais importantes desse
inicial, recomendamos que: Modelo, ou seja, a plena integração
entre processos de gestão a serviço
O GESTOR DA ESCOLA dos processos pedagógicos que, jun-
• Estude com a equipe escolar os funda- tos, operam para assegurar os resul-
mentos do Modelo da Escola da Escolha. tados da escola que interessam a to-
O roteiro da representação da Escola de- dos e são responsabilidade de todos.
ve apoiar o entendimento necessário para Adicionalmente, o Plano de Ação
o início da elaboração do Plano de Ação. visa a reforçar a conexão entre visões
• Reproduza a sequência que motivou a de curto, médio e longo prazo, ou seja,
criação do Modelo no contexto daquela proporciona meios de se agir no
Secretaria, daquele município ou estado. presente, mas também enxergan-
• Utilize o material de referência apresen- do os possíveis impactos. Em outras
tado nas formações já realizadas e nos palavras, o Plano de Ação alme-
materiais recomendados para estudos. ja harmonizar um dos principais
• Assegure o tempo necessário na se- desafios administrativos: com-
mana de planejamento para sessões de patibilizar as estratégias de longo
discussão e debate para o pleno enten- prazo com as ações de curto prazo de
dimento do Modelo a ser implantado. uma escola.
26 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

2 Entendendo a mecânica do Plano de Ação da Escola

O Plano de Ação é a bússola que orien- de Ação. Essa reunião de esforços


ta o caminho da escola ao promover a desperta uma atitude de corresponsa-
redução do hiato entre “ser” e o “dever bilidade pelas metas a serem traçadas
ser”. Analogamente, trata-se da cons- e pactuadas.
trução da situação futura, partindo da Para tanto, o entendimento dos
situação presente. princípios e conceitos sustentará a
Toda a equipe escolar, sem exce- elaboração do Plano de Ação, composto
ção, participa da elaboração do Plano da seguinte forma:

PLANO DE AÇÃO

Como minha escola poderá colaborar com a visão do meu governante?


DISPONÍVEL PARA CÓPIA
AO FINAL DESTE CADERNO. TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 27

Planejamento e Operacionalização

2.1 Introdução

Descreve de forma sucinta um diag- de Educação. Expressa uma condição


nóstico da realidade da Escola. Deve futura ideal, sem as limitações do pre-
apresentar dados e evidências sobre a sente. A visão de futuro estabelecida
comunidade que atende e as expectati- pela Secretaria de Educação não deve
vas e anseios dos pais e famílias com a ser mudada, mas pode ser reescrita
implantação da Escola. como reafirmação da Escola no apoio
• Observa se houve uma boa adesão ao desafio de longo prazo do esforço
nas novas matrículas. da Secretaria.
• Comenta sobre o desempenho e Por exemplo, a visão do Centro de
resultados obtidos historicamente pela Ensino Experimental Ginásio Pernam-
Escola. bucano em 2007: “Ser uma instituição
• Descreve o perfil da equipe escolar, reconhecida pela qualidade, responsa-
se já está consolidada ou há novos in- bilidade e compromisso com a forma-
tegrantes. ção humana e acadêmica do jovem,
• Enumera os tipos de parcerias exis- com uma forte e duradoura relação
tentes etc. de confiança com toda a comunidade
escolar, parceiros e entidades oficiais,
VALORES resultante de elevados níveis de
satisfação e de corresponsabilidade
São convicções e crenças dominantes demonstrada.”
definidas pela Secretaria. Esses valores
devem estar naquilo em que todas as MISSÃO
pessoas envolvidas com a Escola acre-
ditam e a partir dos quais nortearão É uma reflexão sobre a razão de ser da
as suas decisões e a realização dos escola, sua essência de existir. Deve
seus trabalhos. São elementos motiva- ser clara, objetiva e desafiadora, abran-
dores que direcionam as ações, contri- gendo atividades que ela desempenha
buindo para a unidade e a coerência do e que a diferenciam. A Missão pode ser
trabalho e que devem estar presentes escrita sem perder a essência do texto
na atitude de todos. original estabelecido pela Secretaria de
Por exemplo, os valores de algumas Educação.
instituições podem ser definidos como Por exemplo, a missão da Universi-
sendo: dade Federal de Santa Maria (RS): “Ser
• Espirito público pelo bem servir. reconhecida como referência de exce-
• O respeito pelas pessoas, acima lência no ensino, pesquisa e extensão
de tudo. pela comunidade científica e pela so-
ciedade em geral”.
VISÃO A definição da missão serve de base
para orientar a tomada de decisões.
Representa um estado futuro deseja- Auxilia na definição dos objetivos, no
do para a Escola, o enunciado de uma estabelecimento das prioridades e na
intenção estabelecida pela Secretaria escolha das decisões estratégicas.
28 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

2.2 Premissas

As premissas são o ponto de partida comprometidos com os processos de


para a definição de objetivos, priorida- autodesenvolvimento permanente.
des e metas. Não devem ser alteradas. 3) Excelência em gestão: Premissa
Se as premissas são falsas, mesmo que ligada aos Gestores; escola com foco
o raciocínio seja correto, a conclusão nos objetivos e resultados pactuados,
ou resultado tende a ser falso, incorre- que utiliza as ferramentas de gestão e
to ou inesperado. No Plano de Ação, as fortemente orientada pela Pedagogia da
premissas são marcos que represen- Presença e pela Formação em Serviço.
tam os princípios básicos, aos quais 4) Corresponsabilidade: Premissa
se conectam objetivos, prioridades e ligada à comunidade; todas as entida-
resultados esperados. des, organizações ou pessoas compro-
As cinco Premissas do Modelo da metidas com a melhoria da qualidade do
Escola da Escolha são: Ensino.
1) Protagonismo: Premissa ligada 5) Replicabilidade: Premissa ligada
ao educando; posiciona o educando à continuidade (poder público); todas
como partícipe em todas as ações (pro- as ações planejadas e desenvolvidas na
blemas e soluções) da escola e cons- Escola devem se mostrar viáveis sob
trutor do seu Projeto de Vida. o ponto de vista pedagógico, temporal
2) Formação continuada: Premis- e econômico. É condição fundamental
sa ligada aos educadores; educadores para um experimento ganhar escala.

2.3 Objetivos

Os objetivos estabelecem e expressam o É importante incluir no Plano de Ação


cenário ideal e é a descrição daquilo que objetivos alinhados com as Premissas
se pretende alcançar. Devem ser tangí- estabelecias. Cada Premissa é voltada a
veis, claros, precisos e observáveis ao um público-chave, com exceção da última,
final de um período determinado. que atende à expansão do Programa.

2.4 Prioridades

Estabelecer prioridades significa de- elegendo como prioritários os pontos


finir o que é mais importante, o que que provocarão maior impacto nos
vem primeiro, o que fará a diferença resultados ao longo do tempo. Uma
na obtenção das metas. É importante das razões do fracasso na obtenção dos
refletir sobre cada um dos objetivos, resultados previstos se deve à perda de
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 29

Planejamento e Operacionalização

foco nas prioridades. Portanto, deve-se prioritário. As coisas se tornam urgentes


instituir e praticar uma constante ava- em função de um planejamento ineficaz
liação entre os resultados parciais vis- e insuficiente. Prioritário é aquilo que, ao
-à-vis e as metas planejadas. Tudo na ser levado a cabo, nos leva a alcançar os
escola é importante, mas nem tudo é resultados esperados.

2.5 Metas
É importante refletir sobre cada uma um poderoso indutor da eficácia esco-
das metas, elegendo aquelas que pro- lar. Exemplos de metas estabelecidas
vocarão maior impacto nos resultados. por escolas que aderiram ao Modelo da
Aqui, gestão pública (esferas estadual Escola da Escolha:
ou municipal), educadores, comunida-
de e investidores sociais necessitam Meta 1: Todos os alunos com as
estar alinhados em relação às metas competências e habilidades das
pactuadas. Por sua vez, o estabeleci- diversas disciplinas desenvolvidas,
mento de metas e prioridades conjun- com ênfase em Língua Portuguesa,
tas (contemplando curto, médio e longo Matemática e Ciências. Premissa asso-
prazo) deve refletir a missão da escola. ciada: Protagonismo.
Recursos escolares (tanto humanos
quanto materiais) quando corretamente Meta 2: Melhoria nos resultados de
alocados, tendo como pano de fundo Avaliações Externas. Premissa asso-
as metas traçadas, constituem-se em ciada: Excelência em Gestão.
30 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

2.6 Indicadores

A construção e a aplicação de indicado- quando o ENEM for aplicado? É muito


res é um grande desafio para as escolas. comum as escolas aplicarem avaliações
O primeiro passo é entender o que bimestrais para verificar as habilidades
significam, sua importância no dia dominadas e não dominadas dos estu-
a dia da escola e na conquista dos dantes. Este é um bom indicador de pro-
resultados esperados. cesso que permite à escola avaliar se os
O que são indicadores? São dados estudantes estão no rumo certo a cada
que representam um fenômeno e são bimestre ou se ações corretivas (melho-
usados para mensurar um processo rar a didática de sala de aula, garantir
ou seus resultados. E qual é o principal outros espaços para estudo coletivo,
objetivo do uso de indicadores na escola? realizar simulados etc) são necessárias
É monitorar as atividades da escola para para assegurar o atingimento da meta
indicar quão bem os processos se de melhoria nos resultados de avalia-
encontram, permitindo o atingimento ções externas.
das metas pactuadas. Resumindo, o indicador de processo
Existem diferentes tipos de indica- são as avaliações bimestrais que apon-
dores. Vamos focar nos indicadores de tam se os estudantes estão no rumo
processo e de resultado. O indicador certo (demonstra a tendência) para o
de processo é aquele que monitora a atingimento de melhores resultados no
tendência de uma certa meta para que ENEM. Neste caso, a nota do ENEM é
seja possível fazer mudanças durante o o indicador de resultado.
percurso, em tempo de corrigir o rumo Como podem ver, a definição de indi-
e garantir o resultado final. Por sua vez, cadores requer o conhecimento dos pro-
um indicador de resultado é aquele que cessos e de suas variáveis que influen-
mede o que foi obtido pela escola em ciam e impactam o alcance das metas.
função de ações passadas.
Vamos a um exemplo.
A escola tem como meta no Plano
de Ação, a “Melhoria dos resultados de
avaliações externas”. Um bom exemplo
de avaliação externa no ensino médio é
o ENEM. Como que a escola pode moni-
torar o avanço dos estudantes ao longo
do ano para que não tenha surpresas
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 31

Planejamento e Operacionalização

• X% dos educandos demonstrando pedagógica, especificamente as ações


domínio na resolução de problemas de reforço da aprendizagem. Nesse sen-
envolvendo operações básicas, algé- tido, a aplicação periódica de avaliações
bricas e geométricas. de aprendizagem, também conhecidas
• X% dos educandos demonstrando como “avaliações de processo”, pode
domínio de leitura, interpretação e pro- fornecer ao corpo docente valiosas infor-
dução de texto. mações sobre as habilidades dominadas
• Resultados obtidos no ENEM. e não dominadas pelos alunos.
• Resultados obtidos no IDEB (subdi- Os indicadores de desempenho tra-
vididos em “Prova Brasil” e “taxas de duzem a meta, quantificando-a e valori-
aprovação”). zando-a, ao mesmo tempo em que uni-
São exemplos de indicadores de de- formiza a linguagem por toda a escola,
sempenho que poderiam subsidiar a área facilitando o processo de comunicação.

2.7 Estratégias

É a gestão dos meios (e recursos) dis- visão da organização.


poníveis para a consecução dos objeti- É o desdobramento do conjunto de
vos da escola. A estratégia possibilita ações, detalhando em atividades,
a transformação da intenção em responsáveis e prazos de execução.
ação presente. Viabiliza e operacionaliza a estratégia,
Estratégia sintetiza e qualifica o con- sendo condição necessária para o cum-
junto das ações a serem desenvolvidas primento dos resultados esperados de
nos processos da organização, visando a curto e médio prazo. Estratégia sem
consecução dos objetivos traçados. Re- ação não passa de mera intenção. Moni-
quer, da parte dos gestores, a adminis- torar o desempenho das ações estabe-
tração adequada dos recursos e meios lecidas permite estabelecer ajustes ou
disponíveis, otimizando as interrelações mudanças nas estratégias traçadas.
existentes entre as diversas atividades O sucesso na definição das estraté-
nos setores internos e no ambiente gias está condicionado ao conhecimen-
externo, criando e potencializando ga- to da realidade atual e passada da esco-
nhos no curso das ações desenvolvidas, la e na existência de processo analítico
tornando possível o cumprimento no robusto indicando as expectativas futu-
longo prazo da missão e a realização da ras onde a escola atua ou pretende atuar.
32 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

2.8 Macroestrutura

A Macroestrutura não é um organogra- Ela apresenta as seguintes carac-


ma tradicional. Consiste em uma repre- terísticas:
sentação gráfica da escola e de seu sis- • Foco nas necessidades da comuni-
tema de comunicação, demonstrando dade.
claramente o fluxo dos processos. A ma- • As relações e processos internos
croestrutura abrange também parceiros acontecem de forma horizontal, faci-
internos e externos, comunidade e inves- litando a comunicação e contribuindo
tidores sociais, que devem ser represen- para o fluxo das informações. Desta
tados no Conselho Gestor. forma, subsidia as decisões e confere
A macroestrutura representa tam- maior eficiência aos resultados.
bém um ciclo virtuoso, espelhando a • Descentralização, permitindo a par-
importância daqueles que se beneficiam ticipação de todos na concepção/
da educação de qualidade oferecida, execução e tomada de decisão,
como a comunidade, e dos que acredi- de acordo com o grau de maturida-
tam e suportam a organização, como os de profissional de cada integrante
investidores sociais. da equipe.

MACROESTRUTURA DA ESCOLA
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 33

Planejamento e Operacionalização

2.9 Papéis e responsabilidade

Com a definição de papéis e respon- resultados parciais e educando pelo


sabilidades, pretende-se criar um exemplo e trabalho.
ambiente colaborativo, com menos Coordenador Pedagógico: responsá-
gargalos para a execução de tarefas. vel pela orientação dos professores,
Todas as pessoas integrantes das auxiliando-os e assegurando o devido
áreas e seus respectivos apoios, que cumprimento da grade curricular.
ocupam posição de liderança ou que Coordenador Pedagógico de Área:
sejam responsáveis por determinado responsável pelo apoio ao coordena-
processo, devem ser relacionados. A dor pedagógico. Atua diretamente
ideia consiste em especificar as fun- com os professores nas suas respecti-
ções-chave do processo, evidencian- vas áreas de ensino e tem como foco a
do a relevância de cada membro para prática pedagógica, articulando ações
a consecução do projeto escolar, em dentro da área, entre as áreas e com a
sintonia com metas planejadas. As parte diversificada.
funções indicadas no exemplo a seguir Coordenador Administrativo Financeiro:
são mera ilustração, no intuito de auxi- responsável por todos os apoios ad-
liar a compreensão das denominações ministrativos e financeiros, de modo
utilizadas: a suportar os processos pedagógicos
Gestor: responsável por todo o proje- e garantir condições favoráveis para o
to escolar, coordenando as diversas alcance dos resultados educacionais
áreas, garantindo a integração dos propostos.

3 Acompanhamento do Plano de Ação

Para a gestão efetiva do Plano de Ação indicadores de resultado.


é necessário cumprir a etapa de acom- A periodicidade para o acompanha-
panhamento e monitoramento das mento do Plano de Ação depende da
ações realizadas e verificar o cumpri- natureza das metas e dos seus indi-
mento das metas estabelecidas. Acom- cadores. Cabe ao Gestor estabelecer
panhamento pressupõe a tomada de o processo de acompanhamento por
medidas quando as ações trabalhadas meio do monitoramento do Programa
não são efetivas para o alcance dos de Ação da equipe, cumprindo o que
resultados previstos. Ele permite cor- dita o alinhamento vertical na estrutura
reções a tempo para a recuperação nos funcional da Escola.

VER INFOGRÁFICO
“EQUIPE ESCOLAR DESCENTRALIZADA”
PÁGINA 14
34 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

4 Relatórios Parciais e Anuais

Os Relatórios Parcial e Anual dos


Resultados da Escola terão como PLANO DE AÇÃO (NÍVEL ESTRATÉGICO)
parâmetro os resultados esperados,
seus indicadores e estratégias contidas
no Plano de Ação.
O Relatório Parcial de Resultados da
Escola deve ser apresentado ao final do
primeiro semestre de cada ano com o
objetivo de verificar se as estratégias
estão no rumo certo e se ajustes serão
necessários para o segundo semestre.
Esse relatório é o ponto de partida para a
realização do ciclo PDCA do meio do ano.
O Relatório Anual, por sua vez, deve
ser apresentado no fim do ano e segue
a mesma sistemática do PDCA do meio
do ano.
O Relatório Parcial e Anual de Re-
sultados deve ser sucinto, objetivo e
oferecer subsídios para o ajuste do
Plano de Ação do ano seguinte, além de
possibilitar à Secretaria de Educação e
aos investidores sociais o acompanha-
mento dos resultados pactuados.
Uma recomendação para a elabora-
ção do relatório é ao longo dos semes-
tres ir colecionando um conjunto de da-
dos e informações, bem como imagens
relativas ao cotidiano da escola e que
se referem aos resultados das ativida-
des realizadas. Isso deverá alimentar
o conteúdo a ser sistematizado como
relatório e educa a comunidade na
constituição da memória da instituição.
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 35

Planejamento e Operacionalização

PROGRAMA DE AÇÃO (NÍVEL OPERACIONAL)


36 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

Desdobrando o Plano de Ação da


Escola nos Programas de Ação

O Plano de Ação é um instrumento estratégico ao definir diretrizes e servir de base


para a construção dos Programas de Ação individuais. Nesse sentido, o Programa
de Ação concentra seu foco na operacionalização dos meios e processos, que
deverão estar alinhados com as diretrizes do Plano de Ação.

Como elaborar um Programa de Ação


A construção do Programa de Ação se zaram com os professores. Ao final, o
inicia individualmente, porém há uma Coordenador Pedagógico elabora seu
sequência a ser seguida. Os primeiros a próprio Programa de Ação. O Gestor
elaborarem os Programas de Ação são por sua vez, elabora seu próprio Pro-
os professores. Ao concluírem, o Coor- grama de Ação à luz do Programa de
denador Pedagógico de Área se reúne Ação do Coordenador Pedagógico. O
individualmente com cada professor Programa de Ação do Gestor deve ser
de sua área para dialogarem sobre as um instrumento que demonstre a arti-
questões de postura e formação conti- culação do fazer pedagógico da escola
nuada, assim como para pactuarem as alinhada com suas metas e com as es-
metas individuais estabelecidas pelo tratégias da Secretaria de Educação.
próprio professor.
Ao final dessa rodada com os pro-
fessores, o Coordenador Pedagógico
Nesse contexto, o Programa de Ação é
de Área irá elaborar seu próprio uma ferramenta de diálogo constante,
Programa de Ação. Será um consoli-
entre Gestor e educador, proporcionando
dado dos apontamentos e demandas
da sua equipe, assim como uma refle- as bases para o surgimento de uma
xão sobre como seu próprio trabalho relação amparada no respeito e confiança.
colabora com o atingimento da visão
do futuro estabelecida pela Secretaria
de Educação. As funções de apoio da Escola, como
O Coordenador Pedagógico se reúne secretária, merendeiras, vigia, limpeza,
então com os coordenadores de área, agente de pátio, não precisam elabo-
seguindo o mesmo processo de diálogo rar Programas de Ação. Essas funções
e pactuação de metas que estes reali- precisam da estruturação de rotinas.
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 37

Planejamento e Operacionalização

SEQUÊNCIA DE PLANEJAMENTO PARA


ELABORAÇÃO DOS PROGRAMAS DE AÇÃO
38 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

PROGRAMA DE AÇÃO DE UMA GESTORA


Exemplo real da reflexão da primeira Gestora do Ginásio Pernambucano quando se deparou com a pági
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 39

Planejamento e Operacionalização

ina em branco na elaboração do Programa de Ação.


40 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

Comentários adicionais sobre o Programa de Ação

• Vale ressaltar o caráter formativo do contínuo de todos os colaborado-


Programa de Ação, no qual as reflexões res, formando-os e tornando-os aptos
ajudarão na elaboração de um “plano de a novos desafios profissionais. Esse
formação continuada”, específico para é um poderoso ingrediente para a
cada educador, e que reflita as necessi- manutenção e promoção da mo-
dades de aperfeiçoamento profissional. tivação em um ambiente escolar.
• A adoção de atitudes condizentes Dado o caráter perpétuo da sua
com os princípios do Modelo da Escola atividade, o estabelecimento de en-
da Escolha é imprescindível para o sino pode encontrar na formação de
sucesso da implantação. Ao elabo- líderes sua garantia de oferta longeva
rar o Programa de Ação, é necessário de uma educação de qualidade. Reuniões
realizar uma reflexão no aspecto indi- periódicas entre diretor, gestores, dire-
vidual do seu comportamento. Tenha tores adjuntos e coordenadores e pro-
em mente que sua atitude é um com- fessores, registradas e documentadas
promisso para consigo mesmo e em em súmulas ou textos sucintos, são
relação aos seus pares, superiores, es- uma estratégia para a implantação de
tudantes, pais, comunidade e parceiros. um processo de formação de novos
Uma autoanálise ajudará na descoberta líderes. A formação do substituto é de
de quais pontos exigem um esforço fundamental importância, seja para
pessoal adicional. substituições eventuais ou para substi-
• Fatores críticos de sucesso: uma tuição definitiva, como no caso de apo-
vez identificados antecipadamente como sentadoria, por exemplo.
“gargalos” na consecução das metas • Resultados Pactuados: Todo o
estabelecidas, será possível originar esforço da Escola gera um resultado,
ações preventivas (bem como os re- mensurado e acompanhado por meio
cursos requeridos), que integrarão o das metas planejadas. As metas conti-
Programa de Ação. Os possíveis fatores das no Plano de Ação nortearão o esta-
críticos deverão ser elencados e uma belecimento dos resultados pactuados
estratégia de equacionamento deverá dentro da equipe e de cada educador
ser direcionada para cada um deles. com o seu coordenador ou gestor. São
• Substituto: Uma boa gestão se pactuados porque resultam de uma
caracteriza pelo aperfeiçoamento análise conjunta (gestor/educador)
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 41

Planejamento e Operacionalização

da situação real, do cenário desejado • Contribuição social do salário-educação;


e da viabilidade de execução. Ao final • Artigo 212 da Constituição Federal;
de cada ano letivo, os resultados são • Programas do FNDE (Fundo Nacional
conhecidos, consolidados e divulgados. de Desenvolvimento da Educação) –
• O orçamento: deve compor o Pro- destacamos o PAR (Plano de Ações
grama de Ação do Gestor. Geralmente Articuladas) e PDDE (Programa Dinheiro
custeado por recursos oriundos de Direto na escola);
transferências do Fundo Nacional do • Incentivos fiscais (utilização do ICMS,
Desenvolvimento da Educação (FNDE), conforme artigo 158º / inciso IV, da
que podem ser classificados como ad- Constituição Federal);
ministrativos ou pedagógicos, depen- • “Royalties” do petróleo extraído da
dendo da natureza do investimento. O camada pré-sal do litoral brasileiro
FNDE é uma autarquia federal e atua (75% serão destinados à educação pú-
sob o Ministério da Educação (MEC), blica).
canalizando recursos de acordo com Para confecção do orçamento da
as políticas educacionais ditadas pelo Secretaria de Educação e/ou esco-
MEC. Atualmente, o principal veículo las, é preciso centrar atenção em um
adotado pelo Governo Federal para princípio básico de todo processo
assistência financeira às escolas con- orçamentário: adequar entradas e
siste em um programa intitulado PDDE saídas de caixa ao longo do tempo,
(Programa Dinheiro Direto na Escola). procurando direcionar os recursos fi-
As atuais fontes de recursos da edu- nanceiros, geralmente escassos, para
cação pública brasileira, à luz do Plano as demandas prementes da organiza-
Nacional de Educação (Lei 13005/14) e ção. Consequentemente, a gestão do
da Lei de Diretrizes e Bases da Educação caixa (orçamento) de uma Secretaria
(Lei 9394/96) são: de Educação e/ou escola precisa se
• FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desen- balizar pelo que é essencial na conse-
volvimento da Educação Básica e de va- cução do projeto pedagógico da rede
lorização dos profissionais da educação); de ensino.
42 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

Execução, Acompanhamento e Avaliação do Programa de Ação

Enquanto o Plano de Ação vislumbra o no nível de Sobrevivência, ou seja, no seu


futuro, a execução é o agir no cenário primeiro ano de implantação, é recomen-
atual sem perder de vista o cenário dado que o acompanhamento do Gestor
desejado. São os Programas de Ação em com o educador (seja coordenador pe-
prática que exigem o comprometimento dagógico com professores ou gestor
de todos. com vice-diretor) aconteça em interva-
O acompanhamento é indissociável los curtos, já que se trata de um período
da execução e da avaliação. É rotineiro de intensa transformação cultural, com
e sistemático, com registro dos pontos necessidade de ajuste e maior celeridade.
relevantes que possam afetar positiva A avaliação se inicia pelos indicado-
ou negativamente os resultados combi- res e resultados pactuados contidos em
nados. Durante o acompanhamento, o cada Programa de Ação. Esse processo
Gestor apoia e ajuda o educador a corri- de acompanhamento e avaliação oferece
gir os erros e a ajustar o rumo do que foi importantes subsídios ao Gestor em
traçado em seu Programa de Ação. Con- relação ao nível de maturidade da
siderando uma Escola que se encontra Escola no Modelo.

Algumas
recomendações
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 43

Planejamento e Operacionalização

Liderar é colocar-se a serviço do outro. É disponibilizar seu tempo, seu conheci-


mento e o seu talento para assegurar que aquilo que se objetiva seja alcançado.

Lembrar que o Programa de Ação é um instrumento de diálogo entre Gestor


e educador e que a confiança e respeito são premissas fundamentais para
a realização deste trabalho.

Definir uma agenda antecipada para a realização dos acompanhamentos.

Considerar como acompanhamento não apenas os encontros formais,


mas também aqueles momentos de conversa informais.

Registrar sempre os acompanhamentos.

A pontualidade é exigência geral: gestor, coordenadores, educadores e estudantes.

A postura de educador é elemento fundamental. Abrange do Gestor ao porteiro.


Gestor e coordenador pedagógico devem estar alinhados.

O acompanhamento deve ter como pano de fundo o princípio da Pedagogia da


Presença: tempo, presença, experiência e exemplo.

A proatividade é a forma de se antecipar aos acontecimentos, de fazer o diferencial.

Definição de prazos é a garantia de que as tarefas serão cumpridas em tempo hábil.


44 TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL
Planejamento e Operacionalização

Registros e Relatórios

O Relatório de Acompanhamento dos contemporânea requer dos seus pro-


Programas de Ação deve ser objetivo, tagonistas uma atenção voltada ao
curto e restrito à agenda. Durante o planejamento das atividades, caracteri-
acompanhamento e a avaliação infor- zado pela sistematização de processos,
mal das ações, atividades e ajustes do de forma a garantir ao ciclo educativo
dia a dia, o instrumento mais apropriado técnicas de coordenação e controle,
é o relato, feito imediatamente. Portanto, extensivos às iniciativas pedagógicas
não é necessário fazer o registro por escrito. e administrativas das escolas e/ou
As experiências nos setores pú- Secretarias de Educação. Ao lado disso,
blico e privado têm mostrado a im- é preciso mensurar continuamente
portância em desenvolver dentro os respectivos processos e atividades
das organizações uma cultura de inerentes às relações educacionais,
planejamento, execução e acom- objetivando a criação e formatação de
panhamento de projetos. Tanto o um histórico de dados analítico-peda-
Plano de Ação como o Programa gógico. De posse dos dados, analisa-
de Ação são exemplos de instru- dos e transformados em informações
mentos, estruturados sob a ótica da subsidiárias da tomada de decisão,
Tecnologia em Gestão Educacional gestores podem pilotar/administrar
(TGE) e gestados com o firme propósito com mais clareza e segurança as
de organizar processos e dispô-los organizações. Conforme a frase profe-
tempestivamente. rida pelo autor e professor americano
Como em qualquer atividade Peter Drucker: “se você não pode
empreendedora, a educação pública medir, você não pode gerenciar”.
TECNOLOGIA DE GESTÃO EDUCACIONAL 45

Planejamento e Operacionalização

Anotações:
Referências
Bibliográficas

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Relatório Jacques Delors (“Educação: bert Kaplan and David Norton – Using
um tesouro a descobrir”, Comissão the balance scorecard as a strategic
Internacional sobre educação para o management system.
EXPEDIENTE
REALIZAÇÃO
Instituto de Corresponsabilidade pela Educação

PRESIDENTE
Marcos Antônio Magalhães

EQUIPE DE DIREÇÃO
Alberto Chinen
Juliana Zimmerman
Thereza Barreto

CRÉDITOS DA PUBLICAÇÃO
Organização: Juliana Zimmerman
Coordenação: Liane Muniz Assessoria e Consultoria
Supervisão de Conteúdo: Thereza Barreto
Redação: José Gayoso, Juliana Zimmerman, Maria Betânia
Ferreira, Maria Helena Braga, Regina Lima, Reni Adriano,
Romilda Santana, Thereza Barreto
Leitura crítica: Alberto Chinen, Elizane Mecena,
Reni Adriano, Maria Helena Braga
Edição de texto: Leandro Nomura
Revisão ortográfica: Dulce Maria Fernandes Carvalho,
Álvaro Vinícius Duarte e Danielle Nascimento
Projeto Gráfico: Axis Idea
Diagramação: Axis Idea e Kora Design
Fotógrafa: Kriz Knack
Agradecimento pelas imagens cedidas: Thereza Barreto;
Ginásio Pernambucano; Escola Estadual
Prefeito Nestor de Camargo; Centro de Ensino
Experimental de Arcoverde.

APOIO
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1ª Edição | 2015

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