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Nos últimos anos, vem sendo cada vez mais enfatizadas a necessidade de incorporar nos
programas de formação de professores conhecimentos, competências e atitudes que permitam
aos professores em formação compreender as complexas situações do ensino. Enfatiza-se
especialmente a necessidade de se estimular nos professores atitudes de abertura, reflexão,
tolerância, aceitação e protecção das diferenças individuais e grupais de género, raça, classe
social, ideologia, entre outras.
De acordo com perrenoud (2002), a competência exprime acção do sujeito, fazendo apelo a
noções, conhecimentos, informações, procedimentos, métodos, técnicas o que implica
consideração do contexto na medida em que só pode ser identificada durante a confrontação com
outros saber-fazer individuais.
Para desenvolver o exercício da função docente, além de conhecimentos os professores têm de
possuir competências, habilidades, tanto de conduta como cognitivas.
MENDES (2011), reconhece, actualmente como competências de todo o docente as seguintes:
Domínio da matéria que lecciona (competência científico-cultural);
Qualidades pedagógicas (habilidades didácticas, tutoria, técnicas de investigação,
conhecimentos psicológicos e sociais);
Habilidades instrumentais e conhecimentos de novas linguagens e características pessoais
(maturidade, segurança, auto estima, equilíbrio emocional e empatia).
Perrenoud (1999) identifica cerca de 50 competências cruciais na profissão de educador.
Algumas delas são novas ou adquiriram uma crescente importância nos dias de hoje em função
das transformações dos sistemas educativos, bem como da profissão e das condições de trabalho
dos professores. No entanto o mesmo autor agrupa as várias competências em10 grandes famílias
de competências:
Organizar e estimular situações de aprendizagem;
Gerir a progressão das aprendizagens;
Conceber e fazer com que os dispositivos de diferenciação evoluam;
Trabalhar em equipe;
Envolver os alunos em suas aprendizagens;
Participar da gestão da escola;
TEORIA E PRÁTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO INICIAL DOS PROFESSORES
O trabalho das ciências cognitivas permitiu desenvolver uma corrente de pesquisa sobre o
pensamento dos professores. Os modelos de tratamento da informação e, particularmente, a
distinção feita por Anderson entre três formas de saber:
para explicitar os procedimentos de uma acção automatizada pela rotina. Essa abordagem
cognitivista colaborou para uma melhor delimitação dos processos de decisão dos professores,
sendo o ensino interpretado como uma actividade de resolução de problemas complexos, por
raciocínio lógico, indutivo ou dedutivo, (Altet, 1993).
O modelo conceitual, o do profissional reflectivo ou reflexivo, de Schön (1983), caracteriza o
pensamento de um professor especialista como uma “reflexão em acção”, fundamentada em
cognições implícitas enquadradas em uma situação que o profissional é incapaz de descrever. É o
oposto da “reflexão sobre a acção”, que se situa antes ou após a acção e que se baseia em
conhecimentos explícitos.
Outras abordagens conferem mais espaço aos saberes profissionais advindos da experiência
prática.
A corrente fenomenológica que descreve a experiência vivenciada pelo professor nos diz que o
conhecimento prático deste seria indissociável de sua vivência pessoal; os saberes profissionais
também se desenvolvem em campo, na prática profissional, pela construção singular do sentido.
Segundo Tochon (1991), trata-se de saberes estratégicos, situados na intersecção do cognitivo e
do afectivo; ou de saberes pragmáticos, segundo Tardif (1993b): os saberes dos docentes não
correspondem a um conhecimento no sentido usual desse termo; eles se referem muito mais a
representações concretas, específicas; são práticas orientadas para o controle das situações, a
solução de problemas, a realização de objectivos em um contexto. Em resumo, trata-se de
saberes pragmáticos, isto é, no sentido primeiro do termo, de saberes construídos em contacto
com as coisas em si, ou seja, situações concretas do ofício de professor”.
A abordagem de Malglaive (1990) citado por ALTET ajuda-nos a compreender as interacções
entre os diversos tipos de saberes e a acção. Entre os saberes teóricos, os procedimentais, os
práticos e o savoir-faire (inteligências), Malglaive propõe “o saber em uso”, o qual articula os
diferentes saberes na acção. Ele utiliza o conceito de Sistema de Representação e de Tratamento
(SRT) emprestado de Hoc (1987), para representar as operações cognitivas que articulam os
saberes e a acção nas práticas profissionais.
Os SRTs correspondem a uma interiorização dos campos de tarefas enfrentados pelo sujeito e
nos quais ele desenvolve a sua actividade.
TEORIA E PRÁTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO INICIAL DOS PROFESSORES
Segundo Perrenoud, (1993) o professor profissional deve saber jogar com as regras e manter uma
relação com os conhecimentos teóricos que não seja reverente e dependente, mas, ao contrário,
TEORIA E PRÁTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO INICIAL DOS PROFESSORES
crítico, pragmático e até mesmo oportunista, permitindo que este profissional seja autónomo e
responsável.
Segundo GARCIA (1999:104 a 108) avaliar a formação de professores é uma prática pouco
habitual no sistema educativo. Nos últimos anos tem-se vindo assistir a uma crescente
preocupação com a determinação da qualidade dos programas de formação permanente dos
professores, o que não acontece relativamente à formação inicial.
Ortega e Velasco (1991) citados por Garcia, propõem que a avaliação inicial deve ser feita a
partir de um questionário, solicitando se aos professores em exercícios para que avaliem a
formação recebida, onde concluem que as avaliações são negativas em relação à formação
recebida, incidindo na necessidade de alargar o período de formação, equiparando-o ao de uma
licenciatura.
Ainda GARCIA avança que na avaliação da formação inicial de professores deve-se ter em conta
alguns critérios tais como:
Um primeiro propósito pode ter a ver com o controlo de qualidade do processo de formação.
Mas, juntamente com este propósito surge uma segunda finalidade, mais formativa, que é a
avaliação para aperfeiçoar o processo de formação de professores (Galluzo e Craig, 1990).
COOPER (1983) apresenta elementos que constituem variáveis a ter em conta num processo de
avaliação de formação inicial dos professores.
Se os professores em formação são tratados como vaso vazio dos quais o conhecimento é
depositado, ou como individuo que podem e devem construir por eles próprios o
conhecimento;
Se o ensino se desenvolve através da transmissão de conhecimentos ou através da
discussão sobre a matéria.
Segundo VALLI e TOM (1988) Critérios para avaliar a qualidade do conhecimento que
desenvolve uma instituição de formação inicial de professores são:
A qualidade de um programa de formação inicial de professores tem a ver com o modo como os
formadores de professores relacionam os conteúdos das suas matérias e a prática de ensino.
TEORIA E PRÁTICA DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
AVALIAÇÃO DA FORMAÇÃO INICIAL DOS PROFESSORES
As práticas são como um período de pesquisa e para o ensino como prática reflexiva, onde
Zeichner e Liston (1987), defendem que na prática é onde se assume os princípios da
epistemologia da prática e onde se incluem componentes como a supervisão reflexiva, animando
a auto reflexão dos professores através do auto análise, supervisão de colegas, avaliação
horizontal, supervisão clinica. Esta orientação tem também de lidar com aspectos problemáticos
externos ao centro como problemas de raça, género, desigualdade.
Bibliografia
ALTET,M. Formando Professores Profissionais,1994;