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10 de novembro de 2023
Indução Matemática
Axioma 1.1 (Princípio da Boa-Ordem). Seja S ⊂ N tal que S ̸= ∅, então S possui um menor
elemento.
Teorema 1.1 (Princípio da Indução Matemática). Seja S ⊂ N que possui as seguintes proprie-
dades
1. 1 ∈ S
Então, temos S = N.
Teorema 1.2. Seja P (n) uma afirmação sobre o número natural n ∈ N. Suponha que:
1. P (1) é verdadeira.
2
Teorema 1.3. Sejam n0 ∈ N e P (n) uma afirmação sobre o número natural n ≥ n0 . Suponha que:
1. P (n0 ) é verdadeira.
23 > 2 · 3 + 1
8>7
Suponha agora que, para algum k > 3 tem-se k ∈ X. Devemos mostrar que k + 1 ∈ X.
Com efeito, temos
2k+1 = 2k · 2
> (2k + 1) · 2
= (2 · 2k + 2)
> 2k + 3 = 2(k + 1) + 1.
b) Se r ∈ R, r ̸= 1, e n ∈ N, então
1 − rn+1
1 + r + r2 + · · · + rn =
1−r
3
Resolução: Seja X ⊂ N tal que X = {n ∈ N; p(n) é verdade}. Verificamos que
1 − r2
n=1: 1+r =
1−r
1 − rk+1
n=k: 1 + r + r2 + · · · + rk =
1−r
1 − rk+2
n=k+1: 1 + r + r2 + · · · + rk + rk+1 =
1−r
1 − rk+1
1 + r + r2 + · · · + rk + rk+1 = + rk+1
1−r
1 − rk+1 + rk+1 (1 − r)
=
1−r
k+1
1 + (r − rk+1 ) − rk+2
=
1−r
k+2
1−r
=
1−r
Portanto, pelo princípio da indução na versão do Teorema 2, verificamos que X = N.
Teorema 1.4 (Princípio Forte de Indução). Seja S ⊆ N tal que:
1. 1 ∈ S.
2. Para todo k ∈ N, se {1, 2, . . . , k} ⊆ S, então k + 1 ∈ S.
Então S = N.
Demonstração. Suponha, por absurdo, que S ̸= N, então N/S ̸= ∅. Logo, pela propriedade
de Boa-Ordenação, N/S possui um elemento mínimo m. Como m > 1, segue que m − 1 ∈
N. Logo, m − 1 ∈ S. Segue disso que {1, 2, . . . , m − 1} ⊆ S. Pela segunda propriedade de
S, com k := m − 1, segue que m ∈ S, o que é uma contradição.
h i2
n(n+1)
Exercício 1.3. a) Prove que 13 + 23 + 33 + . . . + n3 = 2
para todo n ∈ N.
Resolução:
2
1(1 + 1)
3
n=1: 1 =
2
2
3 3 3 k(k + 1)
n=k: 1 + 2 + ... + k =
2
2
3 3 3 3 (k + 1)(k + 2)
n = k + 1 :1 + 2 + . . . + k + (k + 1) =
2
4
2
3 3 3 3 k(k + 1)
1 + 2 + . . . + k + (k + 1) = + (k + 1)3
2
k 2 (k + 1)2
= + (k + 1)2 (k + 1)
4
(k + 1)2 (k 2 + 4(k + 1))
=
4
(k + 1)2 (k + 2)2
=
4
2
(k + 1)(k + 2)
=
2
5
Novamente, utilizaremos a hipótese de indução sobre a conjectura e operamos para verificar
se a afirmação se mantém válida para o sucessor de k:
A primeira parcela é a hipótese de indução, que supomos divisível por 3; verificamos que a
segunda também o é, pois tem um fator 3. Assim, completamos a demonstração.
n=4: 24 = 16 < 24 = 4!
n=k: 2k < k!
n=k+1: 2k+1 < (k + 1)!
2k+1 = 2.2k
< 2.k!
< (k + 1).k!
= (k + 1)!
1 A B A(2n + 1) + B(2n − 1)
= + =
(2n − 1).(2n + 1) (2n − 1) (2n + 1) (2n − 1)(2n + 1)
6
Deduzimos assim os valores assumidos por A e B:
(
A+B =0
A−B =1
1
Assim, A = −B = .
2
1 1 1
= −
(2n − 1).(2n + 1) 4n − 2 4n + 2
Vamor verificar alguns termos da soma. Vejamos s3 :
1 1 1 1 1 1
− + − + −
4.1 − 2 4.1 + 2 4.2 − 2 4.2 + 2 4.3 − 2 4.3 + 2
1 1 1 1 1 1
+ − + + − + −
4.1 − 2 4.1 + 2 4.2 − 2 4.2 + 2 4.3 − 2 4.3 + 2
1 1 1 1 1 1
+ − + + − + −
4.1 − 2 4+2 8−2 8 + 2 12 − 2 4.3 + 2
1 1
−
4.1 − 2 4.3 + 2
Notamos que sobrou apenas o primeiro e o último termo. Conjecturamos:
1 1 1 1 1 1
+ + + ... + = −
1·3 3·5 5·7 (2n − 1)(2n + 1) 2 4n + 2
Seguimos os passos de indução:
1 1 1 1 1 1 1 1 2 1
(i) n = 1 : = − = − = 1− = =
1.3 4−2 4+2 2 6 2 3 2 3 3
1 1 1 1
(ii) n = k : + ··· + = −
1.3 (2k − 1).(2k + 1) 2 4k + 2
1 1 1 1
(iii) n = k + 1 : + ··· + = −
1.3 (2(k + 1) − 1).(2(k + 1) + 1) 2 4(k + 1) + 2
Basta iniciar de um lado da indução, usar a hipótese e operar algébricamente até chegar
ao outro lado.
1 1 1 1 1
+ ··· + = − +
1.3 (2(k + 1) − 1).(2(k + 1) + 1) 2 4k + 2 (2(k + 1) − 1).(2(k + 1) + 1)
Já operamos anteriormente algo semelhante a terceira parcela dessa soma na busca da
conjectura, a fração na forma parcial:
1 1 1 1
− + −
2 4k + 2 4(k + 1) − 2 4(k + 1) + 2
7
O que temos a fazer é mostrar que as duas parcelas centrais dessas se cancelam mutua-
mente, isso caracteriza uma soma telescópica.
1 1 1 1
− + −
2 4k + 2 + (2 − 2) 4(k + 1) − 2 4(k + 1) + 2
Após somar zero, reescrevemos:
1 1 1 1
+ − + −
2 4(k + 1) − 2 4(k + 1) − 2 4(k + 1) + 2
x1 = 1,
x2 = 2,
1
xn+2 = (xn+1 + xn ) ∀n ∈ N.
2
a) Determinação de x10 .
(b): Precisamos dividir a prova em duas partes que serão resolvidas por indução em n.
n=1: 1 ≤ x1
n≤k: 1 ≤ xk
n = k + 1 : 1 ≤ xk+1
1 1 ck + ck+1
((1 + ck ) + (1 + ck−1 )) = (2 + (ck + ck−1 )) = 1 +
2 2 2
O que acabamos de mostra foi que:
ck + ck+1
1≤1+
2
É verdadeiro, pois ck , ck+1 > 0. Assim, 1 ≤ xk+1 é verdade.
n=1: x1 ≤ 2
n≤k: xk ≤ 2
n = k + 1 : xk+1 ≤ 2
1
xk+1 = (xk + xk−1 ) ≤ 2
2
De modo análogo, existem 0 < ck ≤ 1 e 0 < ck−1 ≤ 1 tal que, por hipótese de indução, temos
xk = 2 − ck e xk−1 = 2 − ck−1 . Assim, reescrevemos a relação:
1 1 (ck + ck−1 )
(xk + xk−1 ) = ((2 − ck ) + (2 − ck−1 ) = 2 −
2 2 2
O que acabamos de mostrar foi que:
(ck + ck−1 )
2− ≤2
2
Desse modo, é verdade de que xk+1 ≤ 2. Note que tivemos o cuidado de escolher ck ≤ 1 e c ≤ 1
para não contradizer a primeira hipótese que tinhamos assumido. Portanto, concluimos ser verdade
que 1 ≤ xn ≤ 2, ∀n ∈ N.
9
Capítulo 2
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D) (Distributividade) a · (b + c) = a · b + a · c, para todos a, b, c ∈ R.
Definição 2.1. Os elementos de R que podem ser escritos na forma ab com a ∈ Z e b ∈ Z∗ são
chamados de números racionais. O conjunto dos números racionais de R será denotado
por Q. Um número a ∈ R \ Q é chamado de número irracional.
A existência de números irracionais será estabelecida no exemplo a seguir.
Exemplo 2.1. Não existe um número racional r tal que r2 = 2.
2
Resolução: Suponha, por absurdo, que existam inteiros p, q ∈ Z tais que pq = 2.
Podemos assumir que p e q são inteiros positivos que não possuem nenhum fator em
comum exceto 1 (ou sejam, são primos relativos). Como p2 = 2q 2 , concluímos que p2 é
par. Isso implica que p também é par (pois se p = 2n − 1, então p2 = 2(2n2 − 2n + 1) − 1
seria ímpar). Logo, como 2 não é um fator comum a p e q, segue que q é ímpar. Por outro
lado, como p é par, existe m ∈ N, tal que p = 2m e daí 4m2 = 2q 2 , ou seja, q 2 = 2m2 . Logo,
q 2 é par, o que implica que q é par. Isso é uma contradição, pois q não pode ser ímpar e
par simultaneamente.
Definição 2.2. Existe um subconjunto não vazio P ⊂ R, chamado de conjunto dos números
positivos, que possui as seguintes propriedades:
1) Se a, b ∈ P, então a + b ∈ P e a · b ∈ P.
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b) Se a > b, então a + c > b + c.
(b) 1 > 0
√ √
Proposição 2.4. 1) Sejam a ≥ 0 e b ≥ 0. Então a < b ⇔ a2 < b2 e a < b.
Exercício 2.4. (Desigualdade de Bernoulli) Se x > −1, mostre que (1 + x)n ≥ 1 + nx para todo
n ∈ N.
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(b) Sejam a, b ∈ R tais que a2 + b2 = 0. Mostre que a = b = 0.
Definição 2.4. O valor absoluto de um número real a, denotado por |a|, é definido por
a,
se a > 0,
|a| := −a, se a < 0,
0, se a = 0.
Teorema 2.2. Seja a ∈ R. Se x pertence à vizinhança Vε (a) para todo ε > 0, então x = a.
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Exercício 2.6. (a) Se a, b ∈ R, mostre que a + b = |a| + |b| se, e somente se, ab > 0.
Exercício 2.7. O maior e o menor entre os números reais a e b são denotados, respectivamente, por
max{a, b} e min{a, b}. Prove que:
a + b + |a − b| a + b − |a − b|
max{a, b} = min{a, b} =
2 2
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