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Novamente na pior data época do ano ano, onde penso sobre como foi meu ano, percebo

que nada mudou, a piada ainda é a mesma, logo após isso vem as fatidicas datas; meu
nascimento e a morte do meu único amigo.
Pensando em retrospecto meu ano não foi ruim, mas não foi nada demais, apenas consegui
ter uma vida medíocre, um emprego que não gosto, um salário que mal paga minha contas
e uma vida social digna de um jovem isolado. Pelo menos tentei coisas novas, coisas que
me recuso a muito tempo por não querer sofrer novamente, mas isso vai me levar ao
mesmo caminho, é minha sina.
Confesso que isso é um problema apenas meu e não devo colocar a culpa em terceiros, ser
demissexual é uma merda, quem quero enganar quando falo que sou de boa com isso,
querer algo sólido em um mundo onde as relações estão cada vez mais curtas e frágeis é
pedir pra sofrer, se manter na minha é a melhor coisa que posso fazer, mas acabo me
privando das coisas boas também mas é o preço a se pagar por sanidade mental e um
coração intacto, focar no meu desenvolvimento é o que posso fazer pra tampar esse buraco
em mim, sei que mais cedo ou mais tarde vou cometer o mesmo erro, não como se não
tivesse sido avisado ou não passado por isso, mas é meu ato falho que sempre vou
cometer.
A vida tem suas bizarrices e seu lado sádico, talvez seja apenas uma triste coincidência,
mas meu melhor amigo, a única pessoa que eu poderia chamar de amigo, morrer no
mesmo lugar que eu quase morri alguns dias antes do meu aniversário é uma grande
sacanagem do universo. Eu lembro tudo que senti naquele dia, como a morte vem
chegando, ela te assusta, faz você pensar em diversas coisas, pensei em tudo que ainda
não tinha feito e gostaria de fazer, pensei em tudo que iria deixar, foi quando eu realmente
achei que iria partir, mas aqui estou, já com ele foi diferente, ele apenas se foi no melhor de
seus dias. Eu me lembro como você estava feliz, estava feliz com seu relacionamento, seu
trabalho, sua família, sua fé; me abala saber que você só fez o que fez por uma conversa
nossa quando ainda éramos criança, te falei pra não levar a vida tão a sério por que uma
hora a gente iria partir, e depois de alguns anos você resolveu seguir meu conselho, me
agradeceu e depois partiu. Eu sinto muito sua falta, das nossas conversas, de como só
você entendia minha mente maluca, conversas que eram únicas e nunca mais vou ter com
ninguém, não sou de acreditar em céu e inferno, mas sei que está em um lugar melhor meu
amigo, você sabia como era a minha vida e sempre me acolheu na sua casa onde eu
esquecia de tudo; eu me pergunto se um dia vou poder ser sábio e atencioso como você foi.
Ainda tem alguns dias até o ano acabar, até completar vinte e cinco, e quatro anos da sua
partida, tento olhar tudo isso de maneira positiva mas ainda não sei como prosseguir, tenho
certeza que não haverá nada nessa retal final, vai ser mais um ano medíocre, eu ainda não
sei ao certo como lidar com tanto peso e demônios que habitam em mim, é muita angústia,
muito ódio de anos acumulado em um corpo podre, talvez algum dia quem sabe eu possa
voltar a sorrir como antigamente, mas isso é desejar demais de uma vida já comprometida.

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