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Giorgio Parisi

o nosso mundo está cheio de sistemas complexos caracterizados pela


aleatoriedade e pela desordem. Por volta de 1980, Giorgio Parisi descobriu padrões
ocultos em materiais complexos desordenados. Suas descobertas estão entre as
contribuições mais importantes para a teoria dos sistemas complexos. Tornam
possível compreender e descrever muitos materiais e fenómenos diferentes e
aparentemente inteiramente aleatórios, não só na física, mas também noutras áreas
muito diferentes, como a matemática, a biologia, a neurociência e a aprendizagem
automática.
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Trabalhou como investigador no Laboratori Nazionali di Frascati de 1971 a 1981.
Durante esse período, esteve na Universidade de Columbia, Nova York
(1973-1974), no Institute des Hautes Etudes Scientifiques (1976 -1977) e na Ecole
Normale Supieure, Paris (1977-1978).
Tornou-se professor na Universidade de Roma em 1981. De 1981 a 1992 foi
professor de Física Teórica na Universidade de Roma II, Tor Vergata e agora leciona
Teorias Quânticas na Universidade de Roma I, La Sapienza.
Recebeu o Prémio Feltrinelli de física da Academia dei Lincei em 1986, a Medalha
Boltzmann em 1992, o Prémio Italgas em 1993, a Medalha e Prémio Dirac em 1999,
o Prémio do Primeiro Ministro italiano em 2002, o Prémio Enrico Fermi em 2003, o
Prémio Dannie Heineman em 2005, o Prémio Nonino em 2005 e o Prémio Galileo
em 2006.
Faz parte da Accademia dei Lincei, da Academia Francesa de Ciências, da
Accademia dei XL e da Academia Nacional de Ciências dos EUA. Foi distinguido
com o Doutoramento Honoris Causa em Filosofia pela Universidade de Urbin.
Atualmente é diretor do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento SMC (Mecânica
Estatística e Complexidade) do CNR-INFM em Roma.
Recebeu o Prémio Nobel de Física de 2021 pelo trabalho em vidros de spin, que se
mostrou amplamente aplicável no estudo de sistemas complexos. Ele dividiu o
prémio com o meteorologista nipo-americano Syukuro Manabe e o oceanógrafo
alemão Klaus Hasselmann.
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No seu trabalho original, em 1979, o professor Parisi estudou vidros de spin, que
são sistemas magnéticos com desordem e frustração, resultando a frustração de
interações competitivas entre os spins. Estes sistemas caracterizam-se por ter uma
grande multiplicidade de estados e exibem um comportamento exótico que emerge
da sua estrutura interna. O professor Parisi desenvolveu um novo método, baseado
no truque das réplicas e na quebra de simetria das réplicas, que permite descrever
este e outros sistemas complexos e revela a sua estrutura interna, permitindo assim
compreender o seu comportamento.

Nos vidros de spin, os spins apontam em direções aleatórias, pelo que é difícil
descrever estes sistemas. O método das réplicas considera diferentes réplicas do
sistema, i.e., estados do sistema com diferentes configurações dos spins e calcula a
sobreposição das configurações. A caracterização do sistema é dada pela
distribuição dos valores das sobreposições e mostra que os vidros de spin são
constituídos por uma multiplicidade de estados com uma estrutura hierárquica que
exibe extrametricidade. Verifica-se assim que sistemas aparentemente aleatórios
têm de facto uma estrutura interna com um determinado tipo de topologia.
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As descobertas do professor Parisi têm tido um enorme impacto na Física, com o
estudo de diferentes materiais, como é o caso de vidros estruturais e sistemas
granulares, e também em outras áreas, muito diversas, como por exemplo em
Neurociência, no estudo de redes neuronais e atividade cerebral, em Biologia, no
estudo da estrutura e dinâmica de proteínas, em Matemática no estudo de
problemas de otimização combinatória e em Ciência da Computação na criação de
algoritmos para aprendizagem de máquinas.
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Syukuro Manabe

Nosso mundo está cheio de sistemas complexos caracterizados pela aleatoriedade


e pela desordem. Um sistema complexo de vital importância para a humanidade é o
clima da Terra. Syukuro Manabe demonstrou como o aumento dos níveis de dióxido
de carbono na atmosfera leva ao aumento das temperaturas na superfície da Terra.
Na década de 1960, liderou o desenvolvimento de modelos físicos do clima da Terra
e foi a primeira pessoa a explorar a interação entre o equilíbrio de radiação e o
transporte vertical de massas de ar. Seu trabalho lançou as bases para o
desenvolvimento dos modelos climáticos atuais.
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Doutorado na Universidade de Tóquio em 1958 é atualmente meteorologista sénior
do Programa de Ciências Atmosféricas e Oceânicas da Universidade de Princeton.
Ao longo do seu trabalho no Laboratório Geofísico de Dinâmica de Fluidos da
Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA), primeiro em Washington,
D.C. e depois em Princeton, Nova Jersey, trabalhou no desenvolvimento de
modelos tridimensionais da atmosferacom com o diretor Joseph Smagorinsky.
Syukuro Manabe veio pela primeira vez aos Estados Unidos para trabalhar na
Seção de Pesquisa de Circulação Geral do US Weather Bureau, agora Laboratório
de Dinâmica de Fluidos Geofísicos da NOAA, continuando até 1997. De 1997 a
2001, ele trabalhou no Frontier Research System for Global Change no Japão,
atuando como Diretor da Divisão de Pesquisa de Aquecimento Global.
É membro da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, membro
estrangeiro da Academia do Japão, da Academia Europeia e da Royal Society of
Canada. Em 1992, Syukuro Manabe foi o primeiro a receber o Prémio Planeta Azul
da Fundação de Vidro Asahi. Em 1997, recebeu o Prémio Ambiental Volvo da
Fundação Volvo Ambiental. Foi ainda homenageado com a Medalha de Pesquisa
Carl-Gustaf Rossby da American Meteorological Society, com a Medalha Revelle da
American Geophysical Union e com a Medalha Milutin Milankovitch da European
Geophysical Society.
Em 2021, Syukuro Manabe recebeu o Prémio Nobel de Física, em conjunto com
Klaus Hasselmann, "por contribuições inovadoras para a nossa compreensão de
sistemas complexos (...) para a modelagem física do clima da Terra, quantificando a
variabilidade e prevendo com segurança o aquecimento global".
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Klaus Hasselmann

Nosso mundo está cheio de sistemas complexos caracterizados pela aleatoriedade


e pela desordem. Um sistema complexo de vital importância para a humanidade é o
clima da Terra. Na década de 1970, Klaus Hasselmann criou um modelo que liga o
tempo e o clima, respondendo assim à questão de saber por que os modelos
climáticos podem ser fiáveis ​apesar do tempo ser mutável e caótico. Ele também
desenvolveu métodos para identificar sinais específicos que tanto os fenômenos
naturais quanto as atividades humanas imprimem no clima. Um resultado importante
é que o aumento da temperatura na atmosfera se deve às emissões humanas de
dióxido de carbono.
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Hasselmann estudou física e matemática na Universidade de Hamburgo e
formou-se em 1955, após concluir uma tese sobre turbulência isotrópica. Continuou
o trabalho em física e dinâmica de fluidos na Universidade de Göttingen e no
Instituto Max Planck de Dinâmica de Fluidos, obtendo o doutoramento na
Universidade de Göttingen em 1957.
Foi assistente de pesquisa no Instituto de Arquitetura Naval da Universidade de
Hamburgo de 1957 a 1961 antes de aceitar uma cátedra no Instituto de Geofísica e
Física Planetária e Instituição Scripps de Oceanografia da Universidade da
Califórnia de 1961 a 1964. Depois de um breve cargo de professor visitante no
Woods Hole Oceanographic Institution em Massachusetts de 1970 a 1972,
Hasselmann ganhou o posto de professor titular de geofísica teórica e atuou como
diretor administrativo no Instituto de Geofísica da Universidade de Hamburgo até
1975, altura em que se tornou o diretor fundador do Instituto Max Planck de
Meteorologia em Hamburgo, cargo que manteve até 1999. Atuou ainda como diretor
científico do German Climate Computing Center de 1988 a 1999.
Recebeu a Medalha de Ouro Sverdrup da American Meteorological Society (1971),
a Medalha Symons Memorial da Royal Meteorological Society (1997) e a Medalha
Vilhelm Bjerknes da European Geophysical Society (2002). Hasselmann é autor ou
co-autor de mais de 175 publicações científicas e contribuiu para seis livros,
incluindo Ocean Wave Modeling (1985) e Reframing the Problem of Climate
Change: From Zero Sum Game to Win-Win Solutions (2012).
A Fundação Nobel anunciou, na tarde desta terça-feira (5), os vencedores do
Prêmio Nobel de Física 2021. O cientista alemão Klaus Hasselmann, do Instituto
Max Planck de Meteorologia, em Hamburgo, foi reconhecido após criar um modelo
que quantifica a variabilidade climática e prevê, assim, o aquecimento global de
maneira confiável.

Através do metódo desenvolvido por Hasselmann e que tem sido testado desde os
anos 70, é possível relacionar a atividade humana à crescente temperatura na
Terra. Ele confirma que o aumento do calor na atmosfera se deve às emissões de
dióxido de carbono pelo homem. O alemão divide o prêmio de 10 milhões de coroas
suecas, o equivalente a quase um milhão de euros, com outros dois cientistas.

O japonês Syukuro Manabe, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos,


recebe o reconhecimento da academia pelas importantes descobertas sobre a crise
climática que atinge o planeta. Como Klaus Hasselmann, ele também responsabiliza
os humanos pelo aquecimento global. Segundo a fundação, as investigações
conduzidas por Manabe serviram como inspiração para o os modelos climáticos
utilizados nos dias de hoje.

O italiano Giorgio Parisi, professor da Universidade Sapienza de Roma, é o terceiro


cientista a ser contemplado pela entidade sueca. De acordo com a comissão, as
revelações de Parisi ”estão entre as contribuições mais importantes para a teoria
dos sistemas complexos”.

Através da pesquisa liderada pelo italiano, onde a interação microscópica entre os


átomos é demonstrada, é possível entender e descrever diferentes materiais e
fenômenos, que, aparentemente, não são relacionados. O efeito descoberto, no
entanto, pode ser aplicado a diversos sistemas. De maneira prática, as
contribuições do professor da Universidade Sapienza podem ser utilizadas em áreas
como a matemática, biologia, neurociência e nos estudos de máquinas.

Para Thors Hans Hansson, presidente do Comitê Nobel de Física, os laureados


deste ano contribuíram com seus trabalhos para o conhecimento profundo da
evolução dos sistemas físicos complexos: ”As descobertas reconhecidas este ano
demonstram que o nosso conhecimento sobre o clima está alicerçado numa base
científica sólida, baseada numa análise rigorosa das observações”, reconheceu.

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