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C A B O E S P I C H E L

Remarque :

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4ème de couverture 1ère de couverture
Etosoto
ETO: este acrónimo, que significa simplesmente Terra em Órbita, pro-
põe a ideia de um lugar onde seja possível passar o tempo como se
estivéssemos em órbita, longe de todas as restrições imagináveis,
focado na descoberta, em linha com os ciclos naturais. Tal como a
Terra gira em torno do sol, a sensação de bem-estar e liberdade é
possibilitada pela simplicidade natural dos movimentos que aconte-
cem ao nosso redor: da terra, do sol e da água, tal como num ciclo
virtuoso.

SOTO: esta é uma corrente da escola de pensamento japonesa Zen


Budista onde "a prática e o despertar são apenas uma", mas também
é uma palavra japonesa que significa "fora". Neste contexto, a palavra
"fora" é significativa, uma vez que vamos para fora, saímos para fora
quando vamos de férias, ficando abertos a pessoas de fora. Mas a
palavra "fora" também sugere a ideia muito terrestre da natureza que
nos rodeia, trazendo-nos de volta à fonte. "Não é possível compreen-
der o homem fora da natureza e a natureza não pode ser compreen-
dida sem o homem", escreveu Hamilton Wright Mabie.

Vista terrestre do
hotel do farol do Cabo
Espichel
Introdução

A ETOSOTO Cabo Espichel está a construir um eco-hotel e uma quinta agroe- A quinta agroecológica será um local de produção e transmissão. O
cológica em resposta às novas expectativas ambientais, sociais e financei- objetivo é produzir uma grande diversidade de frutas e legumes, de for-
ras, oferecendo viagens e produção responsável em ambientes naturais, nos ma absolutamente ecológica, utilizando métodos de permacultura e
quais os recursos e o bem-estar das populações são preservados. agrofloresta. Levamos a permacultura muito a sério, em parte porque
encoraja a dinâmica social e ambiental, mas também pelos valores
Além do nosso compromisso no desenvolvimento do lugar, temos a visão globais que estimula, pois baseia-se em três princípios éticos muito
de criar um espaço que nos permita tirar proveito das trocas e da energia importantes para nós: cuidar da Terra, cuidar do Homem e a partilha
das pessoas, para promover uma forte cultura em torno do ecoturismo. A equitativa dos recursos.
abordagem turística padrão para o turismo em massa deve ser substituída
por uma nova visão, focada na sustentabilidade. Desfrutar de uma experiência, em perfeita harmonia com a diversi-
dade e abundância da natureza, explorar uma propriedade excecional
O eco-hotel constituirá uma oferta de alojamento alternativa e única, inserin- com enorme influência oceânica, onde a agricultura desempenha um
do-se discretamente na paisagem, num terreno vasto e rodeado pelo ocea- papel essencial, mergulhando num estilo de vida que inspira respeito
no. Uma oferta repleta de natureza, conforto, sustentabilidade ambiental e e gentileza para com o meio ambiente e que nos faz desejar que os
luxo, tudo num só. Esta abordagem está alinhada com as expectativas das dias pudessem durar mais tempo; esta é a ambição da Etosoto. Convi-
novas gerações de viajantes, voltadas cada vez mais para novos tipos de damos todos a redescobrir o desenvolvimento sustentável, livre de
alojamento, mais diversificados e desregulamentados. regulamentações e restrições, com uma abordagem decididamente
otimista. O Etosoto pretende ser um destino sustentável, onde tudo foi
Será implementado um programa de formação informal, de modo a dar uma concebido para minimizar a pegada de carbono e, assim, desempen-
nova ideia de viagem e de desenvolvimento pessoal, pois é nossa ambição a har o seu papel no surgimento de novas práticas de turismo, incorpo-
partilha de conhecimento e de pontos de vista. Como tal, o espaço facilitará rando novos métodos de produção agrícola.
aplicações e ciclos em torno dos alimentos e da agricultura biológica, dos
artesãos e das artes, assim como do bem-estar.

Vista terrestre do hotel


em direção à Baía do
Meco
Resumo

A – Contexto / Abordagem Sistemática / Turismo 10 E - Construção sustentável 52

1. O potencial para a transição ecológica 10 1. Introdução 52


2. Importância económica da indústria do turismo 10 2. Ratificação Bioclimática 53
3. O papel do setor privado nesta transição 10 a. Design com vegetação 53
4. Quadro dos ODS das Nações Unidas e política CSR 11 b. Isolamento 54
5. Turismo e CO2 11 c. Inércia 54
d. Solarização 54
e. Técnica de redução energética 55
B – Visão geral do projeto 12 3. Energia renovável 55
4. Gestão de água 56
1. O projeto e a sua abordagem 12 5. Zona verde 56
2. Localização do projeto 16 6. Comissionamento e Etiquetagem 57
3. O Hotel 20
4. Arquitetura 26 F - Fluxo 58

C - Transferência de conhecimento e formação informal 34 1. Gestão de água / saídas 58


2. Produção no hotel 58
1. Culturas e ferramentas emocionais para mudar valores;
construir o imaginário 34 G - Social 59
2. A criar valores partilhados/aula criativa 34
3. Execução 35 1. Desenvolvimento local 59
2. Fornecedor local 59
a. Atividades 35
b. Sensibilização de valores 35 H-Financiamento 60
c. Simplicidade 35
d. Restaurante 36
Fotos da elevação superior e áreas adjacentes 62w
4. Públicos 36

D –Agricultura 38

1. Problemas 38
2. CO2 e ODS 40
3. O projeto 42
4. Execução 46
5. Compreender as contribuições e Energia renovável 48
6. Controlo e Investigação 49
7. Comercialização e Transformação 51

6 7
Visão
Este projeto nasce em 2016, durante a procura de um terreno que permitisse
executar uma ideia ambiciosa, unir turismo e agricultura. Este projeto é, antes
de mais, lógico e cultural, motivado pelo desejo de partilhar uma visão trans-
gressiva e única da ecologia, proporcionando viagens transformadoras centra-
das no bem-estar, nas artes e na nova agricultura, através do qual acreditamos
poder transmitir vários outros valores indiretos. A soberba localização do Cabo
Espichel, poucos quilómetros a sul de Lisboa, é perfeita para a construção de
um lugar sustentável, fazendo parte de um projeto piloto que envolve a explo-
ração de novos paradigmas no turismo e na agricultura.
Neste documento descreve-se, de forma exaustiva, a nossa abordagem e o
significado do projeto.

8 9
A – Contexto / abordagem sistemática / Turismo

1. O potencial para a transição ecológica 2. Importância económica da indústria do apenas a essa mudança de paradigma, sustentáveis para o homem, o planeta, a
turismo mas também de a impulsionar e gerir. prosperidade e a paz. O setor do turismo,
"O mundo pode e deve aproveitar o poder Annette Pritchard, presidente do Welsh que é importante realçar representa 10%
do turismo agora que estamos a tentar Com mais de 1,2 biliões de viajantes Centre for Tourism Research, explica que do PIB global, está ligado literalmente a
implementar a Visão 2030 para o desen- a atravessar as fronteiras nacionais a os futuros líderes do turismo precisam todos os outros setores da economia e
volvimento sustentável". cada ano, o turismo tem um impacto e de criatividade e conhecimen- pode ter um impacto profundo
António Guterres, Secretário Geral das influência significativos nas sociedades, to para se libertarem da forma GLOBALMENTE, na implementação dos ODS.
Nações Unidas no meio ambiente e na economia. Re- clássica de pensamento. De- CONSIDERA-SE Os gerentes hoteleiros de-
presentando 10% do PIB global, 10% vem criar novos tipos de turis- Q U E O T U R I S M O vem ter um papel proativo na
O turismo oferece um enorme potencial dos empregos e 7% das exportações mo e adaptar-se às mudanças É U M M O T O R D O conceção e elaboração de
para acelerar o progresso na realiza- em todo o mundo, o turismo é de im- necessárias na organização da D E S E N V O LV I M E N - planos de ação e processos
ção dos objetivos de desenvolvimento portância crucial para a realização dos sociedade. T O E C O N Ó M I C O. que orientem a implementa-
sustentável (ODS). Se for ODS das Nações Unidas para ção dos ODS. Infelizmente, de
bem gerido, o setor pode criar O S G E R E N T E S H O T E - 2030. O ecoturismo é o sub- O papel do setor privado e o acesso ao acordo com um estudo da PwC, apenas
empregos de qualidade para L E I R O S D E V E M T E R U M setor em maior crescimento financiamento são elementos cruciais 13% das empresas identificaram as fer-
o crescimento sustentável, PA P E L P R O AT I V O N A na indústria do turismo, com para o desenvolvimento de um setor de ramentas que utilizariam para medir o
reduzir a pobreza e permitir C O N C E Ç Ã O E E L A B O - uma faturação anual de 100 turismo sustentável. A competitividade seu impacto relativamente aos ODS e
a conservação ambiental. R A Ç Ã O D E P L A N O S D E biliões de dólares, particu- a longo prazo depende da vontade em às suas metas, o que sugere que seriam
Um conjunto completo de A Ç Ã O E P R O C E S S O S larmente o ecoturismo em gerir os riscos do setor e em investir em necessários indicadores personalizados
vantagens para permitir que QUE ORIENTEM A IMPLE- relação ao bem-estar. É cada novos mercados e serviços, como o eco- para as empresas no setor do turismo.
os países façam a transição M E NTA Ç Ã O D O S O D S. vez mais reconhecido pelas turismo, a agricultura sustentável e a efi-
para economias mais inclusi- organizações internacionais, ciência energética. 5. Turismo & CO2
vas e resistentes. organizações não-governa-
mentais, instituições públicas e inúme- 4. Quadro dos ODS das Nações Unidas e O turismo é responsável por 5% das
Globalmente, considera-se que o turismo ras empresas do setor privado a relação política CSR emissões mundiais de CO2. Conside-
é um motor do desenvolvimento econó- mutuamente benéfica entre a preserva- rando as várias ramificações dessa es-
mico, podendo contribuir para melhorar ção do ecossistema natural e o turismo. É bastante claro que o compromisso em tatística – as emissões de Âmbito 2, as
o sustento e a preservação do meio am- fazer uma transição de uma abordagem emissões indiretas relacionadas com o
biente. O setor é, a propósito, sistemati- 3. O papel do setor privado nesta transi- de ação para uma abordagem de resul- consumo de energia, bem como de Âm-
camente mencionado em todos os docu- ção tado não pode ser alcançado até que o bito 3 (emissões indiretas resultantes ou
mentos-chave das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável seja incluí- decorrentes de atividades comerciais),
desenvolvimento sustentável. As empresas do setor do turismo têm a do no centro do processo de tomada de este valor é significativamente maior.
responsabilidade de dar resposta, não decisão nos setores público e privado. O turismo deve, portanto, desenvolver
Em consonância com os 17 objetivos de modelos que estejam alinhados com
desenvolvimento sustentável (ODS) do uma maior integração de emissões nos
histórico acordo das Nações Unidas de três âmbitos e contribuir para a sensibili-
2015, que oferece uma nova direção para zação dos turistas.
o mundo, o turismo tem um papel signi-
ficativo na implementação de soluções

10 11
B – Visão geral do projeto
V iajantes transformadores: A
jornada de transformação é
definida por uma mudança na pers-
1. O projeto e a sua abordagem
petiva de autorreflexão e desenvol-
vimento, bem como uma troca mais
ETOSOTO Cabo Espichel é um eco-ho- ideia de viagem e de desenvolvimento profunda com a natureza e com a
tel, desenvolvido em conjunto com uma pessoal, pois é nossa ambição a partilha cultura, permitindo que os turistas
quinta agroecológica, para responder às de conhecimento e de pontos de vista. façam mudanças sustentáveis
novas expectativas ambientais, sociais e Como tal, o espaço facilitará aplicações e significativas nas suas vidas.
de negócios. A sua oferta centra-se prin- e ciclos em torno dos alimentos e da

O
cipalmente em férias e produções res- agricultura biológica, dos artesãos e das
Etosoto Cabo Espichel é
ponsáveis, num ambiente natural, onde artes, assim como do bem-estar.
um eco-hotel desenvolvido
os recursos e o bem-estar da população
em conjunto com uma quinta
são preservados. Criar música, além de realizar diferentes
agroecológica para responder
atividades culturais, artes plásticas e op-
às novas expectativas ambien-
Além do nosso compromisso no desen- ções "faça você mesmo", de forma livre
tais, sociais e de negócios.
volvimento do lugar, temos a visão de ou orientada, bem como explorar a as-
criar um espaço que nos permita tirar tronomia, ornitologia, escalada e conser-
proveito das trocas e da energia das pes- vação de plantas, são exemplos das
soas, para promover uma forte cultura atividades que os viajantes terão ao seu
em torno do ecoturismo. A abordagem dispor.
turística padrão para o turismo em mas-
sa deve ser substituída por uma nova A ideia é, por um lado, iniciar as crianças
visão, focada na sustentabilidade. em determinadas disciplinas, particular-
mente em oficinas de cinema, música e
O eco-hotel constituirá uma oferta de alo- bricolage, utilizando diferentes temas, que
jamento alternativa e única, inserindo-se lhes proporcionam atividades construti-
discretamente na paisagem, num terreno vas, originais e divertidas; por outro lado,
vasto e rodeado pelo oceano. Uma oferta oferecer oficinas gratuitas, quer seja para
repleta de natureza, conforto, sustentabi- adultos ou para toda a família para, por
lidade ambiental e luxo, tudo num só. Esta exemplo, aprender sobre permacultura,
abordagem está alinhada com as expec- cerâmica, fotografia, etc.
tativas das novas gerações de viajantes,
voltadas cada vez mais para novos tipos Atividades clássicas, como andar de bi-
de alojamento, mais diversificados e des- cicleta, surfar, participar nas atividades
regulamentados. diárias da quinta, escalar, andar a cavalo
ou nadar, estarão igualmente disponíveis.
Esta tendência é descrita no relatório
anual da KPMG 2017 sobre a indústria Existe um segmento importante em torno
hoteleira: "Os novos conceitos de hotéis do bem-estar, existindo um espaço inteiro
que se esforçam para ser autênticos e dedicado, com salas de ginástica, saunas
locais, os chamados 'estilos de vida', têm hammam, banhos frios e salas de trata-
vindo a ser desenvolvidos há alguns anos mento. Também será possível, seja como
e estão rapidamente a ultrapassar os pa- parte de um regime ou de uma escapa-
radigmas de alojamento comercial”. dela, participar em atividades como ioga,
pilates, naturopatia, Qi Gong e Ayurveda.
Será implementado um programa de for- Os hóspedes também poderão disfrutar
mação informal, de modo a dar uma nova de diferentes tratamentos, massagens

12 13
ou sessões de reflexologia e consultas de O ETOSOTO será um destino sustentável,
medicina integrativa e naturopatia. onde tudo foi concebido para minimizar
a pegada de carbono e, assim, participar
Dada a vastidão do terreno, a bicicleta no desenvolvimento de novas práticas
será o melhor meio de transporte pela de turismo, incorporando novos méto-
propriedade e pelas áreas adjacentes. dos de produção agrícola. Uma grande
Será também possível, naturalmente, percentagem dos alimentos é produzida
caminhar. Para tal, existirão caminhos no local, bem como produtos de manu-
especialmente construídos para este pro- tenção e cosméticos. O mesmo acontece
pósito, através dos quais decorrerá todo com a energia, que é gerada inteiramente
o movimento. O acesso a veículos mo- pelo parque solar. Os resíduos vegetais e
torizados será proibido. Uma vez que o gestão sustentável da floresta permitirão
hotel se situa mesmo no coração de uma a produção de biogás e pellets de madei-
reserva natural, está diretamente ligado a ra, para aquecimento durante o inverno.
toda uma rede de caminhos que possibili- Uma arquitetura bioclimática permitirá
tam numerosas excursões. também uma poupança significativa de
recursos, uma abordagem que melho-
O ETOSOTO compreende um importante ra com a conformidade diária. Por outro
projeto agrícola, abrangendo mais de 50 lado, existem diferentes sistemas imple-
hectares. A agroecologia representa um mentados, com o objetivo de permitir a
dos novos paradigmas que defendemos. sensibilização por incitação, um concei-
Deve tornar-se uma verdadeira força de to que elaboraremos mais adiante neste
mudança, contribuindo para a unificação texto. Passa particularmente por apre-
da investigação e da prática, contribuindo sentar na fatura o resumo da pegada do
para o desenvolvimento necessário dos hóspede, o seu consumo direto e indireto
nossos sistemas alimentares. de água e eletricidade, resumindo o im-
pacto da sua viagem no geral e no que se
Estes dois setores – turismo e agricultu- refere à alimentação.
ra – estão inevitavelmente ligados num
todo, permitindo um relacionamento dire- Todos estes aspetos contribuem para
to com os responsáveis pela produção de a criação de uma estrutura e estratégia
produtos alimentares e os consumidores. cultural geral, integrada e de respeito. Não
O restaurante, totalmente biológico, há qualquer forma de ostracismo: acima
irá ter uma oferta centrada em comida de tudo, é um lugar simples e pacífico, no
saudável e equilibrada, numa abordagem qual os hóspedes que desejem possam
descontraída. Os hóspedes podem enco- mergulhar na cultura local.
mendar os seus piqueniques para levar, **Viajantes transformadores: A jornada
alargando assim o sistema de restaura- de transformação é definida por uma mu-
ção. dança na perspetiva de autorreflexão e
desenvolvimento, bem como uma troca
O objetivo é claro: viver uma experiência mais profunda com a natureza e com a
em completa harmonia com a natureza, cultura, permitindo que os turistas façam
descobrir a sua biodiversidade, explorar mudanças sustentáveis e significativas
um local único com forte influência oceâ- nas suas vidas.
nica, onde a agricultura desempenha um
papel essencial; mergulhar num novo
modo de vida que inspire respeito e gen-
tileza.

14 15
LISBOA

2. Localização

O ETOSOTO está localizado numa proprie-


dade de 150 hectares no Cabo Espichel,
do Meco, a Praia das Bicas, a Praia da
Cova da Mijona, e claro, a Lagoa de Al- A paisagem ondulante
estende-se ao longo de
2,5 km de comprimento e
PRAIA
DO MECO
um dos locais mais impressionantes e bufeira.
magníficos da Costa Azul. A 35 minutos 800 m de largura. A Estrada
de carro a sul de Lisboa, este destino lo- A paisagem ondulante estende-se ao lon- Nacional 379 atravessa o
caliza-se fora dos itinerários tradicionais go de 2,5 km de comprimento e 800 m de local, proporcionando acesso
de turismo e é praticamente desconheci- largura. A Estrada Nacional 379 atravessa ao farol do Cabo Espichel. As TERRENO

do dos visitantes estrangeiros. a propriedade, proporcionando acesso ao duas extremidades do local


Farol do Cabo Espichel. As duas extre- encontram-se rodeadas pelo SESIMBRA
CABO
oceano, com as falésias que
Situado no limite do Parque Natural da midades da propriedade encontram-se ESPICHEL 5KM
Arrábida, esta localização possui uma rodeadas pelo oceano, com as falésias terminam com a chegada
fauna muito rica e é um exemplo raro de que terminam com a chegada ao Cabo e ao cabo e as paisagens
mato mediterrânico em Portugal. A pre- as paisagens mais mediterrâneas a sul. mais mediterrâneas a sul.
P R A I A DA
servação deste local é uma das razões Existem praias de ambos os lados, com a
FOS
pelas quais a Arrábida foi declarada uma deslumbrante pequena praia da Baleeira
relíquia ecológica internacional. As suas de um lado e a Praia da Foz, com 500 me-
paisagens selvagens repletas de imensas tros de comprimento, do outro.
falésias proporcionam uma vista deslum- PISCINA
brante e um lugar perfeito para viajantes A quinta agroecológica está dividida em N AT U R A L
que apreciam paisagens protegidas. A 50 hectares (principalmente no centro da
sua costa espetacular é, sem dúvida, propriedade) e em várias parcelas (cultu-
a principal atração desta região, assim ras, conservatórios, edifícios), que serão E C O-H OT E L
como as longas praias com percursos ao acessíveis através do caminho principal
longo de caminhos pitorescos. interior da propriedade.
R E S E RVA
N AT U R A L
As áreas circundantes da propriedade O eco-hotel situa-se a 400 m do oceano,
possuem várias características únicas, no limite entre a reserva agrícola e a re-
especialmente históricas, incluindo o Fa- serva natural. Esta localização possibi-
rol do Cabo Espichel, o Santuário de Nos- lita uma bela vista panorâmica da terra, AG R I C U LT U R A
sa Senhora do Cabo Espichel e a Ermida do mar e do farol do Cabo Espichel, com
da Memória, o Monumento Natural da o pôr do sol mesmo em frente, sobre o
Pedra da Mua, e outros trilhos de dinos- oceano. Esta área é servida por uma es- PRAIA DOS
sauros da cidade de Sesimbra, também trada muito bonita, junto ao mar, partindo L AG O S T E I R O S
conhecida pelo seu castelo. Possui ainda da aldeia do Meco, e através da qual se
várias outras atrações naturais, como os pode aceder de bicicleta à praia do Pene-
inúmeros percursos pedestres e muitas do em poucos minutos.
praias, como a Praia da Baleeira, a Praia CABO
R E S E RVA
ESPICHEL
N AT U R A L

PRAIA
DA B A L E E R I A

5 00M

16
O local, que se encontra
parcialmente inserido no
parque natural da Arrábida,
oferece uma enorme diversidade
na fauna e é um exemplo raro de
mato mediterrânico em Portu-
gal. A preservação deste local
é uma das razões pelas quais
a Arrábida foi declarada uma
relíquia ecológica internacional.

1 2

3 4

5 6

1 – Vista Terrestre das franjas dos pinheiros, 2 – Vista Terrestre do


Percurso para a Praia, 3 – Riacho da Praia da Baleeira, 4 – Praia das
Bicas, 5 – Pedra da Mua, 6 – Monumento Natural dos Lagosteiros

Vista aérea do lugar

18 19
V árias atividades, supervisionadas
ou em forma de oficina, centradas
em atividades interpessoais e cultu-
3. O Hotel rais que criam um espaço para uma
variedade de experiências envolventes
O eco hotel será composto por edifícios de para atividades de lazer supervisionadas, e enriquecedoras. Atividades não
apoio e 95 apartamentos, pequenas casas de como música, artes plásticas, marcenaria e convencionais e divertidas como uma
madeira, semeadas pelo terreno, por forma a oficinas de artesanato, leitura, jogos, ginástica introdução à permacultura, aprender
respeitar a privacidade dos hóspedes. Estas suave e meditação. Tais atividades decorrerão um instrumento musical, trabalhos
casas serão luxuosas, mas simples, sem arti- através de uma abordagem de uso aberta, em madeira e cerâmica. Além disso,
ficialidade, transmitindo beleza e simplicidade contrastando com a natureza formal de um atividades mais tradicionais, como
ecológicas, e inteiramente equipadas recorren- hotel. Ao ar livre, espalhadas por toda a proprie- andar de bicicleta, surf, cortar len-
do a materiais naturais. Estas casas, construí- dade, existirão cabanas e jogos para crianças e ha, escalada, equitação e natação.
das de acordo com a arquitetura contempo- adultos, um percurso panorâmico para obser-
rânea, misturar-se-ão com a vegetação local. vação de aves, um observatório astronómico
Cada apartamento terá uma pequena sala e espaços de contemplação. Estes elementos
para as crianças, a fim de facilitar as férias em serão delicadamente montados com subtileza
família. O design foi pensado para responder e simplicidade, num design de madeira trata-
à crescente procura de férias com várias gera- da de forma natural. O exterior, além do seu
ções. Cada apartamento terá 40 m2 por quar- papel utilitário, pode ser pensado como lugar
to standard. de instalação de esculturas participativas e en-
volventes que os hóspedes podem descobrir
A ligação entre os diferentes edifícios será fei- ao realizar um passeio, sem necessidade de
ta exclusivamente através de passadiços de seguir um roteiro pré estabelecido. Esta insta-
madeira. As estradas principais serão camin- lação pode ser encontrada intermitentemente
hos simples no solo. A natureza única do local em espaços externos, inseridos de acordo
não será afetada, sendo todas as construções com as funções listadas abaixo.
introduzidas discretamente, sem qualquer al-
teração ou reestruturação da paisagem. Os espaços comuns estão espalhados por
vários edifícios. Além dos espaços descritos
A nossa abordagem de design está adaptada abaixo, os edifícios possuem a seguinte orga-
à geração de convidados que passa pouco nização:
tempo nos seus quartos. Damos ênfase aos
espaços coletivos, e gostaríamos particular- Receção, lounge e escritório
mente que estes tivessem uma participação
inteligente na abordagem experimental do pro- Este é um espaço de entrada e saída, e, de
jeto. Estes espaços desempenharão um papel uma forma mais ampla, um espaço onde é
central, sendo verdadeiros espaços de vivên- possível obter mais detalhes ou organizar-se.
cia, destinos em si mesmos, para os hóspedes Aqui, o hóspede encontrará sempre equipas
interessados. que o podem ajudar. A sala é praticamente
um grande salão dividido em pequenas zonas,
Haverá também lugar a um restaurante aberto com áreas de salão, mesas de escritório, cole-
e um bar-cozinha, com frutas e legumes va- ções, livros, jogos, plantas altas de interior, um
riados, mercearias e bebidas. Imagine-se num bar, piano, telescópio e parafernália diversa. É
cenário com coleções de sementes, caixas de um lugar quer para atividades matinais como
leguminosas, potes de cereais e plantas secas noturnas, mas onde também é possível comer
– isto dará uma ideia das atividades e da filo- se não quiser companhia. É também um lugar
sofia do projeto. tranquilo para ler ou trabalhar durante o dia,
Serão instalados diversos espaços interiores especialmente durante a época baixa, assim

20 21
como durante a época alta. As suas amplas mente equipada e outra sala dedicada ao uso Zona balnear
aberturas permitem que possa ser utilizado Este edifício está dividido em vários espaços versátil e para sessões de yoga, meditação e
parcialmente como espaço aberto durante o abertos no exterior. O salão da música permite Pilates. Aqui será possível encontrar quatro sa- A piscina situa-se no centro da vegetação e
verão.. uma entrega à descoberta das artes musicais las de massagem e tratamento, um hammam dificilmente exigirá qualquer trabalho de pai-
de uma forma informal. Esta sala, cuidadosa- e uma sauna, além de uma pequena piscina sagismo, assim como o resto do projeto. Está
Restaurante e take away mente planeada, inclui quer os instrumentos coberta. Este lugar é muito refinado e calmo. dividida em três seções: uma seção principal
atuais (pianos, guitarras, bateria, percussão...) As partes de acesso livre são mais ou menos com uma zona pouco profunda, ideal para en-
O ambiente do restaurante será o de um res- como instrumentos decorativos, que servem destinadas para serem utilizadas durante a trar com as crianças, uma seção mais ampla
taurante aberto e um bar-cozinha, com frutas e tanto o duplo propósito de decoração e com- época baixa. É possível durante todo o ano, com um corredor que se afunila na vegeta-
legumes variados, conforme a época, mercea- partimentalização da sala. Há também insta- mediante hora marcada, aproveitar as mas- ção, com diferentes pontos isolados onde é
ria variadas e bebidas naturais, num cenário lações de som participativas (por exemplo, um sagens e os tratamentos disponíveis neste possível mergulhar. As piscinas serão filtradas
com coleções de sementes, caixas de legumi- xilofone de parede grande ou uma harpa gi- local. Os praticantes teriam aqui possibilidade através de uma lagoa, com uma construção
nosas, potes de cereais e plantas secas, onde gante...). Este espaço aberto será perfeito para de optar por cuidados naturais e ayurvédicos, suave com recurso a materiais minerais. Tal
o ato de cozinhar está intimamente ligado ao uma oficina de música para crianças. Estarão especialmente usando plantas, óleos e argila como os edifícios, a piscina misturar-se-á na-
respeito pela comida e pela proveniência dos também disponíveis dois estúdios de música, do Cabo Espichel. turalmente com o ambiente.
alimentos, numa ligação muito estreita com a os quais podem ser utilizados por músicos
componente agrícola. para gravação sempre que pretenderem. Esta instalação também disponibilizará tra- Marcos/instalações ao ar livre
Durante todo o dia, é possível conseguir algu- tamentos para clientes externos (não hóspe-
ma comida para levar para fora ou comer no Na outra sala, encontrará uma oficina multi- des). O edifício tem igualmente muitas outras Diversas disposições ao ar livre permitiriam
local. O serviço é simples e nada complica- funcional adequada às artes plásticas, artesa- áreas, como receção, vestiários, chuveiros e aos hóspedes explorar a astronomia, ornito-
do. É possível ficar e passear, ou ler, tal como nato e bricolage. Todo o equipamento para a salas técnicas. logia, escalada, conservação de plantas ou
acontece num café ou pastelaria. pintura, escultura e cerâmica estará disponível. simplesmente apreciar a paisagem ou pas-
Um forno em cerâmica permite finalizar obras Equipamentos e salas técnicas sear. Intercalada em torno do ambiente do ho-
Conferências e espaços mistos esmaltadas. Existirá igualmente uma seção tel, pontua viagens e cria pontos de referência,
de parede, que contém todo o material ne- Estes edifícios são principalmente destinados convidando os convidados a uma perspetiva
Este edifício é muito minimalista. Tal como cessário para trabalhos em madeira e peque- a logística. Uma ala gere todos os equipamen- diferente sobre a natureza.
acontece com a grande maioria das infraes- nos trabalhos diversos. Os consumíveis bási- tos partilhados, que os hóspedes podem requi-
truturas, é muito aberto para o exterior, dando cos são todos renováveis e permitem que os sitar ou alugar: bicicletas, bicicletas elétricas, Considerações gerais
a impressão de flutuar na densa natureza da hóspedes participem em diferentes atividades carrinhos de bebé, equipamento de surf, ma-
reserva, com sistemas de cortinas que podem supervisionadas ou não supervisionadas. terial de escalada, equipamentos de mergulho, É importante não esquecer as parcelas agríco-
ser utilizados para o tornar completamente bolas de petanca, jogos de praia, chapéus de las, que serão discutidas em pormenor num
opaco à luz do exterior. Com uma capacidade Oficina 2: Centro de jogos e cinema para crianças praia, etc. Será possível escolher entre coisas capítulo seguinte. Estas casas estarão parcial-
para 400 pessoas, este grande espaço é versá- importantes e outras menos significativas mente abertas ao público. O projeto também
til, podendo ser utilizado para inúmeras ativi- Este edifício inclui um salão dedicado às crian- que quem está de férias compra e, inevitavel- inclui um parque solar num local periférico, que
dades, desde oficinas de ioga a conferências. ças pequenas. Aqui encontrará designs diver- mente, acabam no lixo. A outra ala destina-se a produzirá a maior proporção da energia que
Também pode ser usado para a montagem tidos, uma gama completa de jogos, livros, etc. instalações de limpeza e lavandaria, pequenos será consumida. Existem também duas zo-
de cenários específicos para eventos espe- Em condições climáticas adversas, como é equipamentos de manutenção e vestiário dos nas de estacionamento visualmente isoladas,
ciais. Durante a época baixa, oferece grandes comum durante o inverno ou durante a época funcionários. construídas de forma bastante minimalista.
possibilidades para eventos como seminários, baixa, serve como ponto de encontro para as
universidades, ou jantares para grandes oca- crianças, que podem ser supervisionadas, per- Alojamento dos funcionários As casas individuais serão espaçadas umas
siões. Existe um espaço para manter mesas mitindo aos pais algum tempo para si próprios. das outras e, graças aos seus telhados com
e cadeiras dobradas e arrumadas de acordo Noutra parte do edifício, encontrará uma pe- Há uma casa que pode alojar até cerca de vegetação, serão integradas na paisagem para
com a estética do lugar. Além disso, o salão quena sala de projeção, com diferentes temas vinte pessoas no local. Preferimos contratar dar ao hóspede a sensação de estar num hotel
está equipado com equipamentos de última e transmissões de acordo com a procura. pessoas que residam perto da área, mas se de pequena capacidade, preservando assim a
geração para a realização de eventos, como precisarmos de alojamento adicional, será abordagem familiar. Essa lógica pode ser en-
grandes ecrãs, projetores de vídeo, púlpito e Bem-estar mais simples alugar casas na aldeia vizinha. contrada no design de interiores, em que cada
equipamentos de captura de som e imagem.
seção é tratada de maneira a preservar esse
Este edifício é composto por duas salas dedi- aspeto humano e de compaixão.
Oficina 1: música e artes plásticas cadas à ginástica suave, com uma sala total-

22 23
PRAIA DA FOZ

O
T R
M AS
DO
PRAIA DA AREIA

Campus
PEGADAS DA PEDRA MUA

Piscina

Sala de estar

S
RO
T EI Observatório
P R AIA OS Restaurante
DO S L A G Bem-estar

Crianças
& Cinema
Quartos
Música
SANTUÁRIO DE e arte
NOSSA SENHORA
FAROL Observatório
pássaros Crianças
cabina

Quartos

Fazenda

Estufa

LEEIRA
A BA
AIA D
PR MOINHO
DA AZOIA
RIBEIRO DO
DO CA
AIA VA
PR L O
IA DE CRAMES
PRA IN
ES

24 25
4. Arquitetura

Em prol do nosso compromisso com a O projeto justapõe a construção em


sustentabilidade ambiental, o projeto de madeira com tradição e modernidade. A
arquitetura do ETOSOTO planeia instalar técnica é clara, mas geralmente feita de
cabanas e outras estruturas de luxo em maneira sutil.
total harmonia com a vegetação circun-
dante. Os edifícios serão implantados na Esse estilo recorre à arquitetura como
vegetação e os telhados terão vegetação forma de suportar os valores do projeto.
parcial. Alain de Botton, um escritor e filósofo
De acordo com uma citação japonesa suíço, lembra-nos que o ambiente arqui-
inspirada na arquitetura contemporânea tetónico ajuda a destacar os aspectos
japonesa em madeira, escreve Kengo das nossas personalidades. Cada objeto,
Kuma, "a arquitetura não é um objeto quer seja uma xícara de chá, um edifício
em si, mas deve perder-se no meio am- ou uma cadeira, destina-se a comunicar
biente." Envolve o desenvolvimento de valores, quer sejam psicológicos ou mo-
um relacionamento com o seu contexto rais.
protetor, porém sutil, com respeito pelos
elementos fundamentais.

26 27
O respeito pelo meio am-
biente está no centro do
nosso projeto e é a razão para
a criação de várias atividades
de conservação, descobrindo
a biodiversidade da reserva e a
eliminação de plantas invasoras.

Vistas dos apartamentos


erguidos no local

28 29
A fim de proteger a susten-
tabilidade do local, os
edifícios são erguidos sobre
estacas de madeira, para
evitar qualquer trabalho de
escavação e facilitar o des-
mantelamento das estruturas
e a reciclagem dos materiais.

Vistas do
restaurante

30 31
32 33
C - Transferência de conhecimento e formação informal A "classe criativa" descreve essa demografia aspeto educativo das férias é importante
emergente na qual nós, os fundadores deste para muitos – adquirir novas habilidades
projeto, nos incluímos e que acreditamos (62%), conhecer diferentes aspetos
defender valores que tornem do desenvolvimento
1. Cultura / Ferramentas emocionais para a da Organização Mundial do Turismo possíveis as mudanças C A DA A PA RTA M E NTO S E R Á sustentável (60%),
mudança de valores (UNWTO). c o m p o r t a m e n t a i s EQUIPADO COM UM CONTADOR aumentar o conhecimento
O turismo parece ser um meio necessárias para enfrentar DE CONSUMO DE ÁGUA E ELE- sobre o próprio corpo
O turismo tem um enorme potencial para poderoso através do qual os "Viajantes os problemas da mudança TRICIDADE, QUE PERMITIRÁ AOS (57 %), envolver-se num
definir novos paradigmas de pensamento. Transformadores" se reinventam, assim climática. HÓSPEDES OLHAR PARA TRÁS passatempo ou numa
Pelo nosso pequeno caminho e através de como o mundo em que vivem. Para que E ANALISAR O MODO COMO O determinada área de
uma série de pequenos passos e ações, isso aconteça, deve existir uma relação Para que o nosso projeto SEU CONSUMO É REFLETIDO NA interesse (50%).
desejamos facilitar a mudança social e emocional com o local e a sua cultura. seja mais significativo, é SUA CONTA, COM O OBJETIVO
cultural e inspirar um comportamento mais É neste aspeto que atribuímos grande muito mais fácil direcioná- DE INCENTIVAR COMPORTA- As atividades no eco-hotel,
responsável. importância à criação de uma identidade lo para um público com MENTOS SUSTENTÁVEIS E SEM conforme descritas no
"Existem biliões de oportunidades para forte do lugar e da marca. Todos os conhecimento acerca dos DESPERDÍCIO parágrafo B, são elaboradas
acelerar a mudança em direção a um futuro aspectos do projeto, a sua arquitetura de nossos valores e do que de maneira a desviar-se das
mais responsável. Embora os pequenos filosofia, identidade visual, mentalidade da podemos oferecer. Tal não é estritamente normas impostas, com a possibilidade de
passos possam parecer insignificantes, só equipa, as atividades, as regras e todos necessário, embora seja pertinente para realizar atividades que possibilitem a troca
é possível imaginar o impacto em grande os outros aspetos formarão um conjunto reforçar que se trata de um importante de experiências, a formação informal, a
escala da ação responsável multiplicada harmonioso que contará a história dos segmento da população. sensibilização artística, o uso das mãos
por um bilião." Taleb Rifai, Secretário Geral valores por trás do nosso projeto e dará e a relação com a natureza. Em todos os
corpo e alma às ideias que defendemos. 3. Execução casos, envolve a sempre a expansão do
horizonte pessoal.
a. Atividades Contextualizamos igualmente atividades
que não são diretamente estimuladas pela
Os mundos criados através das atividades produção, como caminhar, contemplar,
e do consumo que ocorrem no local sonhar, observar as estrelas, ler, passear,
possibilitam um sucesso mais holístico. O brincar, etc. Consideramos a cultura como
design das experiências tirará proveito da um corpo de conhecimento, valores e
energia e da visão de viajantes conscientes, representações que encorajam a partilha e
por forma a resultar em benefícios a adoção de certos comportamentos.
sociais. De acordo com um estudo da
UNWTO intitulado "Visão geral dos novos b. Sensibilização de Valores
consumidores conscientes emergentes",
que avaliou os comportamentos da Gostaríamos de desenvolver a noção
classe criativa durante as viagens, o abstrata de transição ecológica e dar-lhe

2. Criar valores partilhados/«Classe foram orientados para formas de vida


Criativa» "transmodernas". O Gabinete de Estatística
da Comissão Europeia (Eurostat) realizou
A ideia da Classe Criativa foi apresentada um estudo semelhante que confirmou esta
em 2000 pelo sociólogo Paul H. Ray e tendência, com cerca de 20% da população
pela psicóloga Sherry Ruth Anderson, europeia a apresentar, no seu todo, valores
com base em pesquisas realizadas na semelhantes.
América do Norte em mais de 100 000
pessoas interrogadas ao longo de 22 anos. O Budapest Club e Ervin László decidiram
Este estudo demonstrou que 24% dos realizar um grande estudo, do qual resultou
americanos fizeram a transição de culturas um relatório condenatório do consumismo.
tradicionais para culturas modernas e

34 35
uma expressão concreta. A esse respeito, aos hóspedes viver por alguns dias num Como mencionado anteriormente, de 120 a 200€ por apartamento familiar,
a nossa intenção passa por encorajar os tipo de construção simples, eficiente e será levada a cabo uma sensibilização significam a adaptação ao turismo local e
hóspedes a medir, de maneira descontraída, sustentável, e assim tomar consciência das relativamente ao problema das emissões inclusivo.
a sua pegada ambiental, ao, por exemplo, diferenças relativamente a um alojamento de gases de efeito estufa relacionados Os destinos de férias com capacidade para
receber uma redução na sua fatura por convencional. Em cada apartamento com a produção alimentar, bem como acolher toda a família são uma resposta
consumir menos água e eletricidade. O existirá um livro, que, de forma descontraída a adoção de uma produção alimentar ao crescente apoio intergeracional, à
objetivo é disponibilizar uma fatura diferente e informal, descreve o edifício e como responsável e o desenvolvimento de redução de orçamentos e ao fenómeno de
do convencional, que ilustre o preço este funciona, como regular os elementos reflexos responsáveis, particularmente o "tribo" (relatório anual da indústria hoteleira
das suas férias utilizando comparações sombreadores de acordo com a época do consumo moderado de processamento da KPMG 2017). O tipo de apartamento
relativamente ao habitat clássico; consumo ano, o arrefecimento adiabático e a função médio ou mínimo de alimentos. e, em geral, a abordagem do nosso
de energia, emissões de CO2, da inércia térmica, e incita projeto está em total concordância com
etc. O mesmo se aplica a
O MENU SERÁ PREPARA- o hóspede a tomar parte Na seção de alimentos crus e esta tendência, embora seja igualmente
quem optar pela utilização de na melhoria das condições. vegetarianos, os alimentos serão não- adequado para viajantes sozinhos ou
DO DE FORMA A OFERECER
veículos elétricos, que é uma Equipados com dispositivos industriais, biológicos e terão sofrido casais. Igualmente, serão proporcionadas
U M A D I E TA G O U R M E T
das maneiras de incentivar de poupança de água (redução uma transformação mínima. Uma experiências enriquecedoras em períodos
DIVERTIDA E EQUILIBRA-
ao transporte leve durante de 70% - detalhes no capítulo cozinha sustentável, com características fora da época alta, mais centradas no bem-
DA. A CARTA DO RESTAU-
as férias. Isso permite-lhes de construção) e energia, terapêuticas e preventivas. Será um estar e desenvolvimento pessoal.
RANTE MOSTRARÁ A
apreciar estes valores de uma estes edifícios permitem aos restaurante gourmet e informal, adaptado
PEGADA DE CARBONO DOS
forma descontraída, o que hóspedes tomar consciência a um público jovem, cujo objetivo é Uma das pretensões é a de ser igualmente
PRATOS PROPOSTOS E A
raramente acontece. de que é possível manter um incentivar o desenvolvimento de novos um espaço de sensibilização adequado às
COMPOSIÇÃO NUTRICIO-
elevado nível de conforto, com reflexos alimentares nas suas vidas diárias empresas, aproveitando a sazonalidade,
NAL DE CADA REFEIÇÃO.
A fatura terá também em conta consumos mais sustentáveis e apoiar o trabalho árduo dos agricultores. para acolher e realizar eventos e seminários
o valor nutricional. O menu e reduzidos. Outras soluções ou encontros do tipo universitário, à imagem
incidirá sobre este aspeto de uma forma técnicas postas em prática à escala global 4. Públicos da "Singularity University". Num contexto
divertida. A relação direta entre a produção do projeto, dão continuidade a esta noção de business-to-business, pretendemos ser
e o consumo, a sensibilização quanto à sobriedade, concretamente pela produção O projeto foi concebido para um público uma plataforma transversal, propondo
qualidade dos alimentos, as trocas e as de energia solar, biogás utilizando resíduos, multifacetado. Do ponto de vista da origem novas formas de aprendizagem, onde se
vantagens das discussões sobre os seus pellets a partir da biomassa, produção geográfica, destina-se, naturalmente, programam regularmente conferências
benefícios para a saúde e a vitalidade, tudo local de produtos cosméticos e de limpeza aos residentes da região de Lisboa e, e ações de formação mais lúdicas,
funcionará harmoniosamente em direção doméstica. Todos estes aspetos serão mais genericamente, de Portugal. Além desenvolvidas através de utilizações e
ao objetivo da sensibilização. evidenciados no dia a dia do eco-hotel. disso, para todos os turistas europeus, aprendizagens modernas, lidando com
a proximidade e a facilidade de acesso a assuntos alternativos. É um formato
A nossa estratégia é comunicada de d. Restaurante Lisboa permite aceder a uma grande franja propício para configurar soluções,
forma a mostrar que a participação diz populacional. Preferimos, evidentemente, recorrendo à inteligência coletiva, guiado
respeito a essa mudança de paradigma, O nosso projeto contará com um criar uma base nacional de clientes, que por uma visão humanista.
sendo simples e informal. Muitos jovens restaurante que privilegia uma relação esteja alinhada com os princípios do nosso
consideram os tópicos ambientais muito direta entre produtores e consumidores. projeto. Os preços razoáveis praticados,
técnicos e não se sentem qualificados para Esta forma de relacionamento responde a
os discutir. Estas abordagens têm como uma questão importante da agroecologia,
objetivo consciencializá-los do poder que ao estimular uma interação máxima e
possuem. Trabalhamos arduamente para o relacionamento entre os hóspedes, o
renovar e desenvolver outros métodos para restaurante e a produção agroecológica.
alcançar este objetivo. Ofereceremos várias oficinas para que
possam descobrir e participar na produção
c. Sobriedade agrícola. A equipa da quinta apresentará,
diariamente, os legumes produzidos e os
Os edifícios que compõem este projeto, convidados terão acesso a grande parte da
sóbrios e bioclimáticos, possibilitam área dedicada à agroecologia.

36 37
D-Agricultura
O nosso projeto pode ser facilmente científica agrícola regular ao longo do século Nas últimas 5 a 6 décadas, o principal motor da sob monopólios e desencadeia, numa escala
classificado na indústria agroecológica, passado. Estes modelos e soluções são inovação agrícola tem sido uma obsessão por global, uma homogeneização dos regimes
que tem sido definida como "a ecologia do elaborados a partir de um híbrido entre o elevados rendimentos e uma visão estreita e alimentares, que basicamente envolve
sistema alimentar" (Francis et al., 2003). Esta conhecimento científico e tradicional, e têm de curto prazo da rentabilidade económica das manipulação restrita à base global de produtos
abordagem baseia-se na estreita relação entre uma base sólida em processos locais de explorações. Este sistema forneceu resultados (incluindo arroz, trigo, milho, soja, óleo de palma,
cultura e meio ambiente, na qual se centra a aprendizagem e inovação. notáveis para alguns produtores, mas, muito açúcar cana, etc.) (Khouri et al., 2014). Este
agricultura (Stephen R. Gliessman). Graças à frequentemente, com o custo de toda uma aumento dos regimes alimentares resulta na
crescente consciencialização do que constitui A biodiversidade melhora o funcionamento série de efeitos secundários ambientais e perda da diversidade dos agroecossistemas,
uma abordagem holística e ecológica do do ecossistema, uma vez que cada espécie sociais. tanto em termos de diversidade genética
sistema alimentar, é possível estabelecer desempenha funções ligeiramente diferentes como de diversidade da paisagem, o que afeta
a base certa para a reconstrução da sua e, como resultado, ocupa um nicho ecológico A globalização dos negócios ameaça as negativamente os serviços exossistémicos, a
sustentabilidade. específico (Vandermeer et al., 1998). Assim, produções locais, coloca a biodiversidade produção de alimentos e o meio ambiente.
A nossa metodologia, que se baseia oferece maior estabilidade nos resultados e
basicamente no uso da biodiversidade em maior adaptação ao stress, às perturbações
serviços exossistémicos para a produção e agressões, uma vez que a agroecologia
agrícola, é um afastamento radical da não depende de mecanismos síncronos e
compreensão e prática da metodologia homogéneos.

38 39
A agricultura é responsável por cerca um impacto direto no controlo climático, atmosféricos e nas águas subterrâneas incluindo as comunidades vizinhas,
de um terço das emissões de gases de atuando igualmente em muitos outros e, de modo geral, reduzir o impacto substituindo dependências externas
efeito estufa, considerando o consu- campos (controlo da erosão, proteção económico negativo que ocorre quando por reciclagem de nutrientes, melhores
mo de energia direta, as emissões de da biodiversidade, etc), elevando as fun- as entradas prejudicam o bem-estar dos práticas de conservação e uma extensa
gado, produção de gordura, pesticidas, ções importantes da matéria orgânica do seres humanos e meio Ambiente; base de conhecimento sobre ecologia;
máquinas e equipamentos, bem como solo: reserva de nutrientes disponíveis
a degradação do solo e as mudanças para as plantas, aumento da capacidade • Preservar e melhorar a fertilidade dos • Contribuir para preservar e privilegiar
decorrentes da movimentação do solo. de troca catiónica do solo, melhoria da solos, prevenir a erosão e a lixiviação, a diversidade biológica e as espécies
A primeira fonte de emissões na agri- estrutura do solo e fonte de energia para garantindo a conservação do solo; tra- autóctones, tanto na Natureza como na
cultura é a fermentação entérica, que a biodiversidade. Uma gestão otimizada balhar no ecossistema de maneira a paisagem em que intervimos;
em 2011, representou 39% do total de da matéria orgânica do solo surge, as- melhorar a sua resistência a secas e
emissões de gases de efeito estufa. As sim, como uma medida central da dura- chuvas fortes. • Partilhar e defender a igualdade de
emissões decorrentes de aplicações de bilidade dos agrossistemas. acesso a práticas agrícolas, conheci-
gordura sintética representaram 13% • Utilizar a água sem afetar negativa- mento e tecnologia relevante, e promo-
das emissões agrícolas (equivalente a Um estudo empírico sobre armazena- mente os recursos hídricos, e de modo ver a capacitação local na área de recur-
725 milhões de toneladas de CO2) em mento de carbono, realizado pelo FiBL a permitir que o aquífero se reabasteça; sos agrícolas;
2011. É a fonte de emissões agrícolas com dados recolhidos ao longo de 16 melhorar igualmente a capacidade de
que mais cresce, com um anos e 280 quintas, revelou retenção de água no solo; • Gerir eficazmente o balanço energético
crescimento anual de cer- A S E M I S S Õ E S D E A P L I C A- que o stocks de SOC (sulfe- das culturas, e dar prioridade à utiliza-
ca de 37% desde 2001. Ç Õ E S D E G O R D U R A S I NT É- to de carbonila) tiveram • Depender principalmente dos recur- ção de recursos locais gratuitos
T I C A R E P R E S E NTA R A M 3% uma média de 37,4 tonela- sos pertencentes ao agroecossistema,
A necessidade no aumen- DAS EMISSÕES AGRÍCOLAS das C.ha-1 em solos biolo-
to das receitas é, muitas ( 7 2 5 M I L H Õ E S D E T O N E - gicamente manipulados,
vezes, estimada e enfa- L A DA S E Q U I VA L E NT E S D E quando comparados com
tizada por excesso. Em C O2) E M 2011. É A F O NT E 26,7 toneladas C.ha-1 sob
primeiro lugar, o sistema D E E M I S S Õ E S AG R Í C O L A S manipulação não biológi-
alimentar produz atual- QUE MAIS CRESCE, COM UM ca. Estes números foram
mente calorias alimen- C R E S C I M E N T O A N U A L D E publicados no relatório da
tares suficientes para nu- CERCA DE 37% DESDE 2001. FAO – Mesa Redonda sobre
trir adequadamente cada Agricultura Orgânica e Mu-
humano no planeta, e dança Climática.
mais (Cassidy et al., 2013; Fao, 2013b).
O primeiro problema é que 9% dessas Gostaríamos que o nosso projeto ex-
calorias são usadas para a produção plorasse e aproveitasse as indústrias
de combustível ou outros produtos in- nas quais os sistemas agroecológicos
dustriais, sendo que 36% é destinado à mostraram melhorias significativas.
alimentação de animais (dos quais 10% Esta abordagem à agricultura tem um
regressa para alimentar seres humanos enorme potencial para acelerar o pro-
na forma de calorias de origem animal), gresso, no sentido de alcançar os obje-
deixando 55% diretamente disponível tivos de desenvolvimento sustentável
para consumo humano. e a redução das emissões de gases de
efeito estufa.
O sequestro do carbono nos solos é pos-
sível através de uma restauração das Abaixo estão algumas ações incluídas
boas práticas de uso do solo: conserva- no nosso projeto, em prol desse objetivo:
ção agrícola, agrossilvicultura, utilização
de plantas de cobertura ou mulching, • Eliminar o uso de produtos fitossa-
utilização de composto e estrume, etc. nitários para não causar um impacto
O sequestro de carbono, tem, portanto, negativo no meio ambiente, nos gases

40 41
3- O projeto

A execução do projeto no terreno começou também possibilitam abrigo para a fauna lo- Entre as linhas existirá um sistema de rota- Parcela 04
em novembro de 2017. A componente agríco- cal, favorecendo a reprodução de numerosos ção entre vários tipos de legumes, cereais,
la situa-se na área central da propriedade e insetos benéficos, aves e pequenos animais, cucurbitáceas e leguminosas. Delimitando Nesta parcela, existe um objetivo duplo: pre-
ocupa 50% da área classificada como Reser- que atuam como polinizadores e combatem cada parcela, existirá uma sebe de arbustos servação do habitat local, pela proteção e au-
va Agrícola Nacional (RAN). Foi realizado um pragas e parasitas. e árvores autóctones, como Quercus suber mento de plantas existentes, como Pistacia
estudo ambiental que nos permitiu mapear os (sobreiro), Quercus rotundifolia (azinheira), lentiscus, Juniperus turbinata, Erica arborea,
habitats, com o objetivo de definir o papel da A densificação da plantação desempenha Quercus coccifera (carrasco), Ceratonia síli- Erica umbellata, Rosmarinum officinalis, e,
conservação na implementação do projeto, e um papel igualmente importante na proteção qua (alfarrobeira), Olea europaea sylvestris por outro lado, sendo uma zona mais som-
identificar corretamente qual é o ecossistema do solo. Esta estratégia permite ter um solo (zambujeiro), que servirão como quebra-ven- bria, será cultivada Lavandula viridis, para ex-
no contexto deste projeto. Toda a propriedade sempre coberto, minimizando perdas de água tos, criando um habitat benéfico para aves e tração de óleo essencial, no seguimento das
está certificada pela SATIVA como em Modo por evaporação, aumenta a quantidade de ma- insetos. parcelas 02 e 03.
de Produção Biológico. téria orgânica no solo, bem como a disponibi-
lidade de nutrientes à superfície. Uma vez que Parcela 02 et 03 Parcela 05
O solo agrícola sofreu inúmeros danos, ao lon- as raízes de árvores e arbustos de maior porte
go dos últimos anos, devido ao sobrepastoreio se desenvolvem em profundidade no solo, Estas parcelas são destinadas ao cultivo de Esta parcela é uma zona para o cultivo de
e abandono, fatores que propiciam a sua capturam aí nutrientes, que são libertados, por plantas nativas para a produção de óleos es- legumes ao ar livre, protegidos do vento por
erosão. Este projeto pretende recuperar o solo, exemplo, através de folhas secas, ficando as- senciais. Aqui será possível encontrar Rosma- sebes, espaçadas de 15 metros, formadas
melhorando-o em todas as suas vertentes, sim disponíveis para outras plantas, de raízes rinus officinalis, Lavandula stoechas, Cistus por arbustos autóctones, incluindo Rosmari-
e para tal abrange 11 parcelas de produção, mais superficiais. Com recurso às técnicas ladanifer, Lavandula angustifolia e Cymbopo- nus officinalis, Lavandula stoechas, Ulex den-
desenvolvidas em torno de edifícios que forne- descritas, imitamos o fenómeno natural de gon flexuosus.
cem apoio agrícola, e que constituem o núcleo maneira mais controlada, sem aumentar o
central. O programa de produção é flexível e consumo de água ou adição de fertilizantes
está aberto ao crescimento e a novas ideias. artificiais, reduzindo também as perdas de
produção. Contribuem, ainda, para melhorar
As parcelas foram delimitadas, respeitando o ecossistema reduzindo a dependência de
a vegetação e os caminhos existentes, bem combustíveis fósseis, substituindo máquinas
como os habitats que devem ser preservados. por mão-de-obra manual, sendo um avanço 11
Diversas técnicas ancestrais, previamente real e concreto em direção ao aumento da 12
comprovadas e testadas cientificamente, fo- sustentabilidade em todas as suas vertentes. 14
ram aplicadas nesta delimitação.
Parcela 01
Uma dessas técnicas é o uso de diferentes
variedades de árvores, arbustos ou hortícolas, Este é um pomar misto, desenvolvido utilizan- 3
dentro do mesmo espaço. Em contraste com do técnicas agroflorestais. É composto de 5
6 1
os sistemas em monocultura, a diversificação linhas de árvores frutíferas de diferentes varie- 13
tem um efeito benéfico, pois atrai menos pra- dades: citrinos, macieiras, ameixeiras, pereiras,
gas. A combinação de plantas com diferentes figueiras, amendoeiras, damasqueiros, mar- 2
épocas de floração, morfologias, odores e meleiros, romãzeiras, nectarinas, parreiras, 4
cores contribui para confundir e dissuadir pra- etc. Aqui será possível encontrar intercalados
gas. Este é um exemplo de controlo passivo 7
com as árvores, e num estrato mais baixo, 17
de pragas, que requer mão-de-obra especiali- 2
arbustos de pequenos frutos, como framboe-
zada e muita manutenção, mas que se traduz sa e medronho. Num estrato mais elevado, 8 16
em produtos mais saudáveis e de melhor qua- encontram-se árvores autóctones fixadoras
lidade. 9
de azoto, como por exemplo Alnus glutinosa
(amieiro) e Betula alba (bétula). Junto a cada 10
Outra técnica utilizada envolve a plantação e árvore fruteira estarão arbustos nativos, como
manutenção de sebes naturais, que exercem Rosmarinus officinalis (alecrim), Lavandula
um efeito de proteção contra o vento, mas stoechas (rosmaninho) e Ulex densus (tojo).

42 43
sus, Arbutus unedo, Cistus ladanifer e Myrtus Parcela 10
communis. Estas sebes estão orientadas de
Norte para Sul, de modo a maximizar a expo- Nesta parcela, será instalada a estufa princi-
sição solar. pal, com uma capacidade de 11.700 m2, com
2 reservatórios de água destinados à recol-
Parcela 06 ha e armazenamento de águas pluviais. No
perímetro interior da estufa, serão plantadas
Esta zona goza de excelente exposição solar árvores de fruto tropicais, bem como linhas de
e bons níveis de humidade do solo, sendo arbustos nativos. Nesta estufa, será cultivada
por isso ideal para cultivar Lonicera implexa uma grande variedade de legumes, para sa-
e Rosa sempervirens, plantas trepadeiras au- tisfazer a procura ao longo de todo o ano por
tóctones de elevada importância na produção legumes de elevada qualidade.
de cosméticos.
Parcela 11
Parcela 07 et 09
Trata-se de uma área de 20 hectares, destina-
Semelhantes à parcela 01. Pela sua topogra- da à exploração florestal que, com emissões
fia, estas parcelas incluem zonas de escoa- zero de carbono, produzirá a biomassa ne-
mento de águas pluviais, que serão aprovei- cessária ao aquecimento do hotel e da estufa,
tadas para criar espaços húmidos e verdes, e à melhoria do solo na zona agrícola. Apenas
através de ligeiras correções da superfície do espécies florestais autóctones, que na sua
terreno e plantação de árvores e arbustos na- maioria são resistentes a incêndios e secas,
tivos, específicos de zonas ribeirinhas. Estas serão aqui plantadas, de modo a produzir as
zonas serão também espaços de lazer para necessárias quantidades de biomassa e criar
os hóspedes, propiciando abrigo para animais uma defesa contra ventos fortes e erosão do
como sapos e libélulas, que se alimentam de solo causado pelas chuvas torrenciais.
várias pragas, desempenhando um impor-
tante papel na agricultura biológica. Paralela- Os edifícios
mente, servirão como áreas para manter os
requisitos de habitat para a sobrevivência do Quatro edifícios de apoio agrícola serão
cágado do Mediterrâneo (Mauremys leprosa). construídos, de modo a garantir o necessário
A criação destas zonas verdes também ofe- suporte à atividade agrícola, concretamente
rece controlo do escoamento de água, redu- para atividades de lavagem, embalamen-
zindo assim a erosão do solo e aumentando to e armazenamento de produtos, oficina
os níveis de retenção e infiltração de água no e garagem para equipamentos, escritório e
solo. balneários para o staff, laboratório de inves-
tigação e produção. Permitirão igualmente
Parcela 08 assegurar a transformação de vários produ-
tos, que será realizada no local, bem como
Nesta parcela, será instalada uma pequena servir de apoio para ações de formação e acol-
estufa, para servir principalmente como área himento de visitantes.
de testes de processos relativos à nossa au-
tonomia técnica e experimentação. Também Os edifícios da quinta são executados segun-
será utilizada para educação, durante os dias do a mesma filosofia do eco-hotel, numa esté-
abertos, e para visitantes externos. Será igual- tica e assinatura arquitetónica que participa e
mente montada uma zona de cultivo ao ar prolonga a abordagem agrícola. Esta atenção
livre, tal como na parcela 05, com uma seção pretende transmitir uma imagem valorizadora
inteira dedicada a diversas experiências e co- do trabalho agrícola, e evoca a contempora-
laborações. neidade do projeto. É também uma forma de
demonstrar a identidade e qualidade dos pro-
dutos provenientes da quinta.

Vista aérea da par te


oeste da fazenda

44 45
4- Execução correndo à última, é possível aproveitar e Elevada densidade e intensificação saudáveis. Na área de irrigação, a utiliza-
aumentar a atividade dos organismos do ção de sensores de humidade em profun-
Os nossos principais objetivos são: au- solo, a fim de aumentar os ciclos de nu- Ao manter um projeto de plantação de didade altamente sensíveis permitirá a
mento da proteção contra a erosão, mel- trientes. É necessário recorrer a soluções alta densidade, no qual árvores florestais, poupança de água, enquanto são garanti-
horar a fertilidade do solo e da microbiolo- amigas do ambiente em todas as fases árvores frutíferas, arbustos e legumes das as melhores condições para o cresci-
gia, melhorar e facilitar a retenção de água para apoiar sistemas de produção agríco- crescem em conjunto, o rendimento será mento saudável das plantas.
no solo; produção de frutas e legumes la sustentáveis. maior, permitindo alcançar a sustentabi-
frescos de alta qualidade e apoiar a co- lidade financeira. Simultaneamente, au- Controlo de pragas
munidade local, criando oportunidades de Espécies nativas mentando a cobertura do solo, a evapora-
emprego. ção de água é minimizada e a produção O controlo natural de pragas e a polini-
Em seguida, estão descritos mais detal- Privilegiamos o recurso a plantas nati- de biomassa maximizada, o que perpetua zação possibilitam uma "intensificação
hes sobre os aspetos importantes da exe- vas , como alavanca para a criação de o processo de enriquecimento do solo. ecológica", em contradição com a intensi-
cução: um ecossistema forte. Por definição, a ficação tradicional. O controlo de pragas
Totalmente cientes da necessidade de e insetos nas parcelas requer a consi-
intensificação e sustentabilidade, a nos- deração de diferentes níveis tróficos, in-
sa abordagem baseia-se no conceito de cluindo o da população de predadores
intensificação sustentável, que o autor naturais presentes à escala da paisagem.
Jules Pretty define como "um sistema ou
processo pelo qual a produção agrícola é Recorremos a plantas repulsivas (Des-
aumentada sem impacto negativo para o modium uncinatum, tomilho, arruda,
meio ambiente". etc.), que atraem ou repelem insetos pa-
rasitóides que tentam desovar; a ideia é
Supervisão Técnica otimizar os seus efeitos parciais combi-
nando-os. A este método chama-se de
Serão realizadas inspeções e controlos "desvio estímulo-impedimento" (stimulo
técnicos, o que resultando em deterrent-diversion), ou
ajustes agroeconómicos significa- P A R A R E D U Z I R A S mais simplesmente, o
tivos para a produção. Nesta ótica, P E R D A S E D E S P E R D Í- "sistema puxar-empurrar"
serão tidos em conta os níveis de (push-pull).
CIOS, ALGUNS PRO-
reprodução e as previsões me- DUTOS ALIMENTARES
teorológicas no início do ciclo de S E R Ã O P A R C I A L - A biodiversidade funcional
plantação. A produção agroecoló- MENTE TRANSFORMA- é utilizada para limitar a po-
gica requer uma compreensão to- DOS ATRAVÉS DA FER- pulação de bio agressores,
talmente diferente da agronomia MENTAÇÃO L ÁCTICA. como ervas daninhas, pra-
básica. As técnicas utilizadas, que gas e doenças transmitidas
são evidentemente técnicas testa- no solo, que são prejudi-
das e comprovadas pelo tempo, suporta- ciais à biomassa recolhida. O uso de plan-
das por várias investigações científicas re- tas nativas também permite o aumento e
sua presença nesta região é o resultado centes, serão implementadas recorrendo a diversificação de populações de insetos
de processos naturais, sem qualquer in- principalmente a métodos tecnológicos. e pequenos animais que atuam como pre-
Biodiversidade Funcional tervenção humana. Por essa razão estão dadores das pragas. A criação de áreas
perfeitamente adaptadas ao clima. Uma área onde existe uma relação signi- húmidas no solo, com vegetações per-
A agroecologia gere a biodiversidade sob ficativa entre o projeto e o trabalho de manentes, serve de habitat a libélulas,
a superfície do solo ampliando os ciclos A agroecologia tem um interesse particu- investigação é o conhecimento das rela- sapos e pequenos répteis anfíbios, além
biogeoquímicos no solo, reciclando nu- lar nos meios: é fundada principalmente ções simbióticas estabelecidas ao nível de ouriços, que também atuam como pre-
trientes de perfis de solo mais profundos com forte ênfase em recursos locais e na- da raiz, entre fungos micorriza e as plan- dadores de várias pragas.
e intensificando a atividade microbiana. turais, bem como em funções de biodiver- tas cultivadas, sendo que desse aumen-
Isto é, evidentemente, onde a agricultura sidade e serviços exossistémicos na base to de conhecimento resultam melhores Matéria orgânica / rotação de culturas
convencional e biológica divergem; re- da produção agrícola. resultados de produção e plantas mais

46 47
A aplicação regular de quantidades signi- 5-Importância dos fatores de produção e de irrigação é composto exclusivamente Desenvolvimento de autonomia técnica
ficativas de matéria orgânica, como es- energia renovável por irrigadores gota-a-gota, para um uso
trume, composto ou folhas de árvores, a racional de água. Sensores monitorizarão A vantagem do contexto local e da tran-
utilização de plantas de cobertura e rota- O design deste projeto requer uma de- os níveis de humidade no solo, para que sição de uma abordagem “pronto-a-usar”
ção de culturas, é uma estratégia central pendência mínima de fatores de produção seja irrigado apenas quando necessário. para uma abordagem “personalizada”
chave para melhorar a qualidade do solo. externos e que o nível de substituição seja para os sistemas agrícolas, é que coloca
A matéria orgânica no solo e a sua gestão muito importante, pois os fatores exter- Energia os produtores, juntamente com as suas
estão no centro da criação de solos nos de produção e as práticas convencio- redes, no centro dos sistemas locais de
saudáveis com forte atividade biológica e nais consomem recursos não renováveis O aspeto responsável pelo maior consu- inovação. Não existem mais prescrições
boas características físico-químicas. Isto e/ou levam à degradação ambiental e, mo de energia do segmento agrícola do técnicas uniformes: os produtores devem
é muito importante para a sua resiliência, como tal, devem ser substituídos por fa- nosso projeto é o aquecimento da estufa. tornar-se autossuficientes nos domínios
pois esta técnica permite uma melhoria na tores renováveis de produção e práticas Estão a ser desenvolvidos esforços para técnico, social, organizacional e político.
retenção de água, que reforça a tolerância alternativas, como por exemplo através reduzir ao mínimo as necessidades de A diversidade de pontos de vista entre os
das plantas à seca, melhora a infiltração da colaboração com criadores locais de energia externa, recorrendo, por exemplo, diferentes movimentos agroecológicos é
e reduz o escoamento de água, evitando animais, para recolher os excrementos a reservatórios de água que, quando co- enriquecedora. Apesar dessa diversidade,
que as partículas do solo sejam removi- destes animais, e produzir o nosso com- locados no interior da estufa, serão res- existem igualmente tempo, conceitos co-
das pelas chuvas torrenciais. Além disso, posto. Claramente, não haverá adição de ponsáveis pelo aquecimento bioclimático. muns, instrumentos e métricas que ligam
contribui ainda para melhorar a agregação fertilizante artificial. Em circunstâncias Se necessário, será complementado atra- as diferentes perspetivas e que facilitam
na camada superior do solo, permitindo muito específicas, em particular durante vés do aquecimento com pellets, material comparações e invenções construti-
uma maior retenção de partículas do solo a fase de instalação, poderemos ter de de origem vegetal, produzidos com o que vas. Todos os dias trabalhamos para a
durante períodos de chuva e vento forte. recorrer a fatores de produção externos. resultar da poda das árvores. As bom- construção e inovação do nosso modelo,
bas de água funcionam através do uso recorrendo a uma abordagem personali-
Geralmente, um solo rico em matéria or- de energia disponibilizada pelos painéis zada.
Gestão da água
gânica contém fungos micorrizas simbió- solares. Além disso, a maior parte o nos-
ticos, como os fungos micorriza arbus- so equipamento funciona com baterias
A preservação e o restabelecimento da Partilha com instituições de investigação
culares (Amf), que são um componente e pilhas em vez de combustíveis fósseis.
qualidade da água são questões críticas
importante das populações microbianas Seguindo o mesmo princípio de partilha
na agricultura. Envolve, particularmente, A ciência deve ser capaz de alimentar os
que influenciam o crescimento e a produ- de energia, os trabalhos nos quais seja in-
a redução do uso de fatores de produ- sistemas locais de inovação. Deve contri-
tividade das plantas. dispensável o uso de um trator (200 horas
ção químicos, especialmente pesticidas buir com o conhecimento científico re-
e fertilizantes, assim como a redução da por ano) serão realizados utilizando equi- levante, bem como um novo sistema de
A sementeira de culturas de cobertura é pamento vizinho, de forma a partilhar os
transferência de poluentes para as águas conhecimento, tendo como base o conhe-
uma forma económica de proteger o solo custos de manutenção e depreciação de
superficiais e subterrâneas. A questão cimento dos agricultores. A agroecologia
e adicionar matéria orgânica. Com uma equipamentos, e o impacto ambiental re-
da qualidade da água constitui a própria precisa de uma ciência aprimorada, para
seleção rigorosa de variedades para se- sultante da energia cinzenta.
base deste projeto. ser capaz de associar não apenas dife-
mear e, dependendo do período do ano, da
Quando necessário, a água utilizada é ex- rentes disciplinas e níveis, mas também
fertilidade do solo e do objetivo desejado, 6-Controlos e Investigação
traída de lençóis freáticos subterrâneos. combinar a partir de diferentes fontes e
podemos, com base no tempo, intercalar
No entanto, por razões de conservação, com vários níveis de confiança, de uma
essas culturas com as principais culturas, A fim de alcançar a mudança de para-
será utilizada, em primeira instância, água maneira que seja benéfica para os proces-
sendo possível recolher alguns dos seus digma desejada, a agroecologia deve tor-
da chuva recolhida e retida em várias sos de inovação e aprendizagem.
produtos. Um exemplo é a sementeira de nar-se uma força em prol dessa revolução,
bacias de retenção. Essa configuração
leguminosas, como o feijão e a ervilha no incorporando investigação, prática e mu-
permite a criação de habitats para pás- Gostaríamos de partilhar as experiências
outono/inverno, após a plantação de to- dança social em todos os componentes
saros, répteis e insetos, em lugares que do nosso projeto, com o objetivo de criar
mates ou beringela na primavera/verão; do nosso sistema alimentar. O aspeto
eram anteriormente áreas secas. Assim, sinergia com o Instituto Superior de Agro-
todas os frutos são colhidos e enviados prático da agroecologia deve ser intensi-
é possível garantir que uma percentagem nomia de Lisboa, a Agro-Sanus, membro
para o mercado, enquanto os restos das ficado, com abordagens que favoreçam o
significativa da água da chuva passa efe- da IFoam; AgroBio – Associação Portu-
plantas são adicionados ao solo, que ha- conhecimento local e empírico dos agri-
tivamente para as reservas subterrâneas, guesa da Agricultura Biológica, SATIVA e
via sido protegido da influência erosiva da cultores, bem como a partilha de conhe-
em vez de fluir em direção ao oceano, outros parceiros científicos com os quais
chuva e do vento. cimentos, questionando a distinção entre
como acontece atualmente. O sistema será possível realizar um trabalho científi-
teoria e prática. co relevante.

48 49
Instituições nacionais de investigação em mar-se em redes alimentares, através • A venda direta na quinta será realizada uso, distribuição e consumo. Como tal,
Agronomia. das quais podem ser restabelecidas as principalmente nos finais de semana, pa- um sistema alimentar sustentável incluirá
relações entre todos os atores do sistema ralelamente a outras atividades abertas também uma distribuição mais equitativa
Países como Argentina (Inta) e França alimentar (desde a quinta ao prato), dando ao público para famílias, abrindo, desta destes produtos, reduzindo o consumo
(Inra) estão gradualmente a abrir caminho a cada um a oportunidade de, ao longo de forma, as portas para dar vida à quinta. excessivo e, principalmente, o desperdí-
à agroecologia, através da criação de no- todo o processo, dar a sua opinião sobre o Serão também distribuídos outros produ- cio. Pretendemos, assim, desenvolver um
vos programas de investigação e desen- que plantar, como plantar e como comer- tos de produtores próximos. conjunto de transformados simples, que
volvimento, com o objetivo de traduzir o cializar e distribuir. evitarão o desperdício dos produtos não
conhecimento que advém da investiga- • Tal como alguns produtores, estabelece- vendidos ou de produtos abandonados
ção em práticas, tecnologia e estratégias Distribuição direta / Curto Circuito remos sistemas semanais de distribuição por não serem atrativos. Além disso, em
de gestão. Gostaríamos de tirar partido de cabazes, com pontos de distribuição alguns casos, isso poderia levar, inclusiva-
destes programas para testar, mas tam- A maioria dos produtos agrícolas desti- em Lisboa e arredores. Trabalharemos mente, a uma maior valorização económi-
bém partilhar, as nossas experiências. na-se a mercados locais localizados a cur- com plataformas locais existentes que ca do produto.
tas distâncias, a fim de forne- fazem esse tipo de distribuição.
cer frutas e legumes frescos, Estão a ser implementadas as seguintes
Novas partilhas P RETENDEMOS DESEN- minimizando assim os cus- • Conforme mencionado no parágrafo 6, transformações: conservas lacto-fermen-
V O LV E R U M A S É R I E
tos de energia no transporte participamos de uma abertura perma- tadas, geleias, sumos, mel, azeite, óleos
Gostaríamos de criar plata- D E T R A N S F O R M A D O S
e refrigeração. Será criada nente que procura criar parcerias assimé- essenciais, especiarias, frutas secas e
formas para aprendizagem S I M P L E S, D E M O D O A
uma rede de distribuidores na tricas, com o objetivo de permitir o rápido preparações desidratadas ou liofilizadas,
e inovação conjunta, asso- R E D U Z I R O D E S P E R D Í-
zona de Lisboa. Os produtos desenvolvimento de outros padrões de cosméticos e produtos de manutenção
ciando-nos a várias partes CIO E, IGUALMENTE IM-
orgânicos são cada vez mais distribuição. (para o hotel, mas que também podem ser
interessadas, nas quais se in- PORTANTE, MELHORAR
procurados devido às suas distribuídos para fora).
cluem partes fora do campo O VA LO R E C O N Ó M I C O
características organoléticas, Transformation
da agricultura. No nosso pro- DA NOSSA PRODUÇÃO.
qualidade dos alimentos e
jeto, estão a ser trabalhados
respeito pelo meio ambiente, A agricultura sustentável não se limita ape-
5 hectares utilizando métodos
aumentando assim o número de consu- nas ao cultivo de produtos alimentares,
de distribuição alternativos ou de acor-
midores, tal como pode ser comprovado mas também se preocupa com o seu
do com novos princípios, permitindo-nos
pelo aparecimento de novas instituições
analisar quais os catalisadores para a
comerciais adaptadas. A seção biológica
mudança e inovação e, dessa forma, po-
do mercado continua subdesenvolvida. A
dermos trabalhar diversos tipos de partes
procura ainda supera a oferta.
interessadas, por vezes, em parcerias as-
simétricas.
A partir desta distribuição clássica, esta-
mos a desenvolver esforços no sentido de
Medidas, auditorias e controlos
atribuir a maior parte da nossa produção a
redes mais ligadas com os distribuidores,
Todas as variáveis relacionadas com a fer-
que serão construídas em torno de vários
tilidade do solo são monitorizadas desde
eixos:
o início. Este será um processo constante,
dando-nos a oportunidade de verificar,
• O restaurante do hotel estará obviamente
a partir de estatísticas concretas, o efei-
ligado com as equipas no terreno todos os
to das nossas atividades no solo. Todas
dias.
as frutas e legumes serão submetidos a
análises regulares, a fim de determinar os
• Outros restaurantes, escolas e fornece-
seus valores nutricionais e a presença de
dores, para os quais podem ser organi-
qualquer tipo de resíduo químico.
zados lotes destinados a produção per-
sonalizada, que nos permita desenvolver
7- Comercialização e transformação outro canal de distribuição e uma aborda-
gem de gestão/design de produção co-
As cadeias alimentares devem transfor- munitária.

50 51
E - Construção sustentável

nados devido aos seus reduzido níveis de 2. Assinatura bioclimática


1. Introdução nuição de recursos e que contribuam para
energia cinzenta e adquiridos a fornece-
a preservação ambiental.
dores locais, a fim de reduzir também o A nossa arquitetura responde a 3 proble-
A fim de cumprir com os novos requisi- impacto ambiental relacionado com o seu
São tidos em conta vários fatores para mas principais: garantir uma temperatura
tos ambientais e económicos, é impor- transporte.
alcançar a sustentabilidade na nossa confortável, iluminação natural e ventila-
tante que a indústria da construção civil
construção: ção natural. A eficiência do edifício permite
reinvente os seus métodos de projeto e O contexto climático dar resposta a essas questões através da
construção. Pretendemos que a constru-
Minimalismo Energético morfologia, disposição dos móveis, cap-
ção tenha um lugar inclusivo, incorporada Para limitar o seu impacto ambiental, um tura de ganhos solares, proteção contra o
no projeto desde a sua fase de conceção. edifício deve ser estrategicamente coloca-
Ao executar uma construção sustentável, sol durante o verão, porosidade para per-
Contrariamente aos livros técnicos, que do no seu território. O seu posicionamen-
colocamos o minimalismo e a frugalidade mitir a ventilação natural, entre outros.
sistematicamente tratam este como um
assunto técnico secundário, no centro das nossas escol-
no nosso projeto é encarado U M A C O N S T R U Ç Ã O has operacionais e de projeto.
como a base do processo de 100% E M M A D E I R A, U M O projeto arquitetónico segue
pensamento. ELEMENTO ESSENCI AL princípios bioclimáticos
PA R A A C O N S T R U Ç Ã O adaptados ao clima do Cabo
Decidimos favorecer a arquite- D E B A I X O I M P A C T O ; Espichel. Desta forma, foram
tura ecocêntrica, consideran- T O D O S O S E D I F Í C I O S escolhidos métodos para li-
do a área da construção como S ÃO C O N S T R U Í D O S D E mitar o consumo de recursos,
um todo, colocando o am- F O R M A A C O N S U M I R O através do uso adequado e
biente no centro dessas preo- M Í N I M O P O S S Í V E L D E sem desperdício, preservan-
cupações. O objetivo é apro- R E C U R S O S. do o conforto do edifício. Em
veitar tudo no território através muitos casos, são utilizados
da construção discreta e do equipamentos simples em
uso de materiais orgânicos e locais. vez de equipamentos técnicos mais com-
plexos.
Essa arquitetura inspira-se e assemel-
ha-se aos métodos existentes, como a Energia cinzenta
construção passiva ou bioclimática, su-
portada por um projeto de construção de Energia cinzenta refere-se ao consumo
baixo consumo e mantendo um determi- total de energia de um material ao longo
nado clima, tanto no inverno quanto no do seu ciclo de vida (extração, transfor-
verão, sem recorrer a sistemas tradicio- mação, transporte, reciclagem, etc.). Re- to deve levar em consideração o contexto a. O Design com Vegetação e Vento
nais de aquecimento, arrefecimento ou presenta uma parte muito importante do natural e garantir alguma harmonia com
ar condicionado. Esta estratégia é a que consumo energético e das emissões de o ambiente circundante, considerando os A relação entre as construções e o am-
melhor se adequa às necessidades ener- gases com efeito estufa relativamente a seus pontos fortes e fracos. Isso passa biente é um aspeto importante na conce-
géticas. Foram integrados elementos que este edifício. por aumentar o conforto dos habitantes, ção do nosso projeto. Os edifícios foram
consideramos importantes neste sistema, Para uma construção convencional, a preservando simultaneamente o meio projetados por forma a se integrarem e
tais como: minimalismo arquitetónico e emissão de gases com efeito estufa são ambiente. Cada território é diferente adaptarem ao ambiente e, sobretudo, a
energético, arbitragem entre o inverno e de até 512 kg.CO2eq/m2, enquanto o e, consequentemente, cada projeto de tirar proveito do ambiente em que serão
o verão, a fase de construção, e o aspeto exterior dos nossos edifícios com estru- construção deve ser capaz de ter acesso implementados. As características dos
social de um projeto como este. Em cada turas de madeira gera 216 kgCO2eq/m2 aos recursos necessários para que fun- revestimentos exteriores, como o albe-
etapa, o contexto climático, geográfico e (consultar resumo de CO2 do projeto de cione no ambiente climático em que será do, a emissividade dos materiais, a mor-
ambiental é levado em conta, de modo a construção). Tal é possível através da es- implementado. fologia das construções, a exposição a
projetar edifícios que possam realmente colha de materiais orgânicos e de origem ventos e iluminação natural, são alguns
dar resposta a mudanças no clima, dimi- local. Os nossos materiais são selecio- dos parâmetros influenciados por tudo o

52 53
que está presente no ambiente. A fim de Para suportar o enchimento de celulose, aquecimento ativo, colocando em prática reduzido para evitar iluminação desne-
preservar a integridade do solo, todos os isolaremos o piso do edifício com uma sistemas com baixo consumo de energia, cessária.
edifícios foram construídos sobre esta- nova camada de solo, cujas propriedades conforme descrito abaixo:
cas, evitando assim qualquer terraplena- termofísicas o tornam um regulador de 3. Energia renovável
gem. temperatura e material higrométrico, per- • A ventilação mecânica não pode normal-
mitindo aproveitar a inércia do solo nas mente baixar a temperatura do ar. No en- Tanto quanto possível, as necessidades
O ciclo anual da vegetação suporta os re- estacas. tanto, quando usada como suporte para energéticas dos nossos edifícios serão
quisitos dos edifícios durante as estações a ventilação natural inteligente, permite passivamente minimizadas: a necessi-
do ano. Um solo coberto por vegetação Qualquer que seja a estação, uma boa e misturar e refrescar o ar a uma velocidade dade de aquecimento será limitada, em
cria sombra e facilita a evapotranspira- deliberada inércia controlada é uma fonte variável, para seja possível criar uma tem- parte pelos materiais utilizados para a
ção, criando assim essa frescura durante de conforto, porque nos permite evitar peratura 4°C abaixo da temperatura am- cobertura e pelo ganho bioclimático; o
o verão. No inverno, a ausência de folhas não apenas o calor excessivo, mas tam- biente. arrefecimento é garantido graças à arqui-
ajuda os raios do sol a alcançar a frente bém quedas acentuadas de temperatura. tetura que incentiva a ventilação natural;
e também contribui para a Durante o verão, ajuda a man- • Será instalado um sistema "eco-cooler", a iluminação é facilitada pela arquitetura
proteção contra o vento. U SANDO UM PROJETO ter a temperatura relativamente que oferece ar condicionado adiabático utilizada para capturar o ganho de luz na-
B I O C L I M ÁT I C O D E L I - fresca em ambientes fechados, sem eletricidade, através do qual a tem- tural.
b. Isolamento BERADO INSPIRADO absorvendo o calor durante o peratura pode ser reduzida entre 3 a 5° C.
EM ESTUDOS SOBRE dia e espalhando a frescura No entanto, existem ainda quantidades
Durante o inverno, o mate- MECÂNICA E FLUIDOS, retida durante a noite. Durante
rial isolante selecionado tem A V E NT I L AÇ ÃO N AT U- o inverno, os benefícios da
baixa condutividade térmica, R A L É G A R A N T I D A E inércia serão revertidos e per-
espessura suficiente e ins- ISSO DESEMPENHA UM mitirão que se beneficiem dos
talação adequada. Durante PA P E L N O A R R E F E C I- ganhos acumulados (internos, U M MANUAL DI-
o verão, deve permitir uma MENTO BIOCLIMÁTICO. solares e de aquecimento). VERTIDO DISPO-
forte redução na amplitude NIBILIZADO AOS
térmica, e um desfasamento entre 8 a 12 d. Solarização NOSSOS CLIENTES
horas para que o calor que atinge a estru- PERMITE-NOS CO-
tura chegue ao interior, onde é mais fácil A solarização é parte integrante do design M U N I C A R - L H E S A L-
dispersá-lo. do edifício e proporciona um enorme valor GUNS DOS ASPECTOS
agregado. A luz natural não só melhora o BIOCLIMÁTICOS DOS
O material isolante também foi escolhido conforto visual, como também melhora a Q UA RTO S.
devido à sua energia cinzenta, permitindo eficiência energética do edifício. A luz que
energia de construção e de funcionamen- entra no edifício através de uma abertura
to coerente. O enchimento de celulose cu- é diferente consoante a estação: durante
mpre com as nossas expectativas. É um o inverno, o sol está muito mais baixo
isolante de origem orgânica produzido a quando comparado com o verão. Como
partir da reciclagem de papéis antigos. Foi tal, as dimensões dos toldos do telhado adicionais de
identificado um fabricante na região. e das persianas foram estabelecidas de • A temperatura da água de banho quente energia necessárias. As necessidades
modo a permitir que o edifício tire partido será ajustada para 55°C, contribuindo de aquecimento serão garantidas graças
c. Inércia dos ganhos solares, quer quando a luz do também para reduzir o consumo energé- aos sistemas de aquecimento que utili-
sol está baixa durante o inverno e alta no tico. zam madeira proveniente de resíduos da
A capacidade térmica de um edifício está verão. • A energia usada para as AQS será redu- floresta local, a partir da qual serão produ-
relacionada com a sua difusividade e efu- zida recorrendo a vários sistemas de pou- zidos os pellets. O consumo de madeira
sividade, dois fenómenos no centro da e. Técnica de redução de energia pança de água, incluindo chuveiros Nebia, para aquecimento será compensado gra-
inércia e na deposição de materiais. O ob- reduzindo o consumo de água em 70%, ças a uma gestão sustentável da floresta.
jetivo é acumular mais calorias durante o Foram definidos vários sistemas que vi- bem como redutores para outras tornei- As necessidades de eletricidade serão ga-
dia para que sejam progressivamente di- sam reduzir ao mínimo possível o nosso ras, o que permite uma redução adicional rantidas através de painéis fotovoltaicos.
fundidas durante a noite. recurso a equipamentos de suporte de em 50%. No entanto, para ser benéfica, a produção
de energia renovável, na nossa escala, só
• O número de pontos de iluminação será

54 55
funcionará sob certas condições: a pro- • O funcionamento natural e ecológico venções na paisagem. Serão utilizados LEED para os nossos projetos. A certifica-
dução de eletricidade fotovoltaica é sufi- das piscinas, baseado no princípio da fito- veículos leves, que terão impacto reduzido ção LEED é um padrão internacional para
ciente para as necessidades de energia purificação, permite, utilizando bactérias no terreno, bem como caminhos pré-defi- construções sustentáveis de alto desem-
durante o dia e, sempre que as condições naturais no sistema radicular das plantas, nidos para o transporte de materiais. Além penho e construção. É utilizada para ava-
meteorológicas assim o permitam, a pro- purificar a água de toda a matéria nociva, disso, a construção da maio- liar o desempenho ambiental
dução excedente será vendida para a rede. criando um ecossistema. ria dos edifícios ocorrerá de edifícios e tem como obje-
Um sistema de armazenamento adequa- numa oficina no local, a fim T O D A A E L E T R I C I D A D E tivo promover edifícios ecolo-
do também permitirá que o sistema solar 5. Estaleiro Verde de minimizar os danos à ve- C O N S U M I D A N O LO C A L gicamente corretos, de modo
suporte a maior parte das necessidades getação e oferecer condições S E R Á P R O D U Z I DA P E LO a reduzir o impacto ambien-
energéticas durante a noite, embora a Uma definição passiva de construção ne- de trabalho mais seguras e PARQUE FOTOVOLTAICO NO tal durante a construção e o
rede elétrica possa fornecer suporte se a gligencia as etapas que ocorrem após ou confortáveis. LOCAL, SENDO O AQUECI- funcionamento.
necessidade ultrapassar a capacidade do durante a construção propriamente dita. MENTO FEITO COM RECUR-
sistema fotovoltaico. Assim, hoje, o desperdício e a poluição da 6. Comissionamento SO A RESÍDUOS VEGETAIS Cada etapa do projeto é ava-
construção são bastante significativos. E MATERIAIS PRODUZIDOS liada em 6 categorias, com
4. Gestão da água Por cada metro quadrado construído, O conceito de comissiona- COM RECURSOS DO LOCAL. créditos atribuídos a cada
existem cerca de 29 kg de resíduos pro- mento tem as suas origens um:
A distribuição e gestão da água devem ser duzidos. Cada local apresenta riscos de na construção naval, em que
feitas de forma sustentável. Para este fim, poluição do solo, da água e do ar decor- cada embarcação passava por um pro- • o arranjo ecológico do local: minimizar os
todos os equipamentos que rentes do uso de solventes cesso de comissionamento baseado no impactos na fauna e flora, preparar espa-
consomem água serão escol- OS EDIFÍCIOS ESTÃO EQUI- e da produção de sujidade e respeito pelos padrões. Os problemas de- ços adaptados às condições climáticas,
hidos de modo a garantir o uso PADOS COM TELHADOS poeira. Perante este desafio, tetados seriam resolvidos e seria consti- reduzir as ilhas de calor, eficiente gestão
ideal dos recursos hídricos: VERDES QUE GARANTEM decidimos tomar algumas me- tuída uma tripulação: o navio está pronto da água da chuva, facilitar o uso de meios
O MELHOR ISOLAMENTO E didas para reduzir o impacto a ser utilizado. de transporte alternativos;
• Banheiras equipadas com UMA ÓTIMA INTEGRAÇÃO ambiental da nossa constru-
chuveiros, evitando assim o ARQUITETÓNICA COM A ção. Na indústria de construção • gestão eficiente da água: incentivar o
desperdício. Além disso, os PAISAGEM; civil, existe um conjunto de melhor uso da água, garan-
A S ÁGUAS BALNEARES SÃO tir a gestão adequada da
tubos de chuveiro e os botões Um estaleiro verde é possível processos semelhantes para
AQUECIDAS UTILIZANDO
Nebia controlam a velocidade através de: garantir a confiança, atra- água utilizada;
ENERGI A SOL AR E A RECU-
de fluxo para 2,6 l/min, o que permite uma vés dos quais a qualidade e
PERAÇÃO DE CALORIAS EM
poupança de água de 72%. Isto é muito • Melhor gestão de resíduos, limitando os a eficiência do edifício são • energia e atmosfera: otimi-
ÁG UA R E S I D UA L.
mais eficiente do que o chuveiro conven- volumes e quantidade de resíduos. Cerca garantidas. Esses processos zar o desempenho energé-
cional com velocidades de fluxo entre 15 de 95% dos materiais utilizados são de respondem às expectativas tico do edifício, estabelecer
e 20 l/min, permitindo também uma pou- madeira e serão recolhidas e transforma- na área de funcionamento e no ambiente procedimentos para o comissionamento,
pança de energia de 60% necessária para das todas as aparas de madeira. Relativa- interno. incentivar o uso de energia renovável;
o aquecimento da água. mente aos outros materiais, optaremos
por materiais que estão disponíveis em O comissionamento que planeamos terá • materiais e recursos: garantir a recol-
• As águas cinzentas, que serão levemente embalagens reduzidas ou que possam ser o objetivo de fornecer um edifício eficiente ha de resíduos, reduzir o desperdício da
poluídas (os produtos domésticos e cos- devolvidas. do ponto de vista energético, garantindo construção, incentivar a seleção de mate-
méticos utilizados, de origem biológica, que todas as metas energéticas e am- riais e produtos locais e sustentáveis;
são produzidos no local), será filtrada e • Redução das fontes de poluição: o nosso bientais sejam atingidas, que os sistemas
qualquer elemento poluente será removi- projeto permite-nos evitar o uso de pro- técnicos sejam concebidos, instalados e • características do ambiente interno: de-
do usando Biorock, um sistema de limpe- dutos perigosos e limitar o uso excessivo testados do ponto de vista funcional e que sign e construção de maneira a garantir
za com suporte mineral bacteriológico e de água. Tomaremos particular atenção possam funcionar e ser mantidos em óti- conforto aos ocupantes, garantir uma boa
que não usa fonte de energia ou produtos à possível poluição espalhada através da mas condições. Aborda ainda a documen- ventilação, temperatura adequada e aces-
químicos. Estas águas filtradas podem água. tação de formação de pessoal e de manu- so à luz natural;
então ser usadas para alimentar a água de tenção para que possam gerir e manter os
lavagem para limpeza e rega de plantas. • Respeito pela biodiversidade e pelo meio sistemas eficientemente. • inovação e processo de design: usar
ambiente, utilizando métodos constru- novas tecnologias e métodos além das
• A água da chuva é recuperada, filtrada e tivos que respeitem o meio ambiente, Estão a ser desenvolvidos esforços para recomendações para a obtenção da acre-
usada para irrigação. com mínima terraplenagem e sem inter- a obtenção da certificação ambiental ditação LEED; explorar novos domínios da
construção ecológica.

56 57
F- Fluxos G – Social

1. Gestão de resíduos e outros materiais resíduos plásticos domésticos. de aprendizagem que envolve mais de
1. Desenvolvimento local
uma prática, com supervisão mínima. Os
Para ter uma economia mais cíclica, a Os resíduos de plástico orgânico serão estudos sobre estes métodos de apren-
Através do nosso projeto, pretendemos
ETOSOTO optou por recuperar, reutilizar transformados em adubo para melhorar dizagem mostram que são eficazes no
chamar a atenção especial para a comu-
ou reciclar os seus resíduos. O princípio a fertilidade do solo e o crescimento har- desenvolvimento pessoal, assim como
nidade local. O turismo pode ser usado
básico a adotar é, em primeiro lugar, o da monioso de cultivos, simultaneamente nos processos de formação.
como um catalisador para o desenvol-
prevenção, a fim de reduzir o desperdício; à reciclagem de resíduos de jardim e de
vimento regional. Queremos melhorar a
e, em seguida, garantir que os resíduos cozinha, evitando o seu transporte para 3. Política de contratação responsável
compreensão das culturas, dos costumes
produzidos são o menos prejudicial pos- incineração.
e dos valores da região, particularmente
sível ao meio ambiente. Assim que sejam através de várias atividades. A nossa política de contratação visa a
produzidos resíduos, deve considerar-se A comida do restaurante será preparada responsabilidade e a sustentabilidade e
cuidadosamente a sua reutilização ou re- usando principalmente aquecimento pro- fornece uma estrutura para a integração
Temos preferência por contratar local-
ciclagem. veniente do biogás a partir da fermenta- de critérios ambientais e sociais no pro-
mente. As competências e a empregabi-
ção de resíduos. cesso de decisão durante o pedido de
lidade dos funcionários locais serão pos-
A prevenção de resíduos será assegura- síveis através de um sistema de formação propostas e a venda de bens e serviços.
da através de um conjunto de medidas Todos os nossos funcionários e clientes O meio ambiente visa produtos e serviços
contínua. Vamos de formar equipas que
simples: serão sensibilizados relativamente ao que minimizem os impactos negativos
acreditam no valor do projeto; acredita-
nosso plano de ação usando comunica- das operações e do consumo de energia
mos nos valores dos nossos funcionários.
Serão utilizadas alternativas aos méto- ção clara, positiva, dinâmica e motivadora. e de recursos.
dos tradicionais de embalagem, a água O objetivo do projeto é também desenvol-
mineral será produzida no local e as salas 2. Produção no Hotel • os produtos e serviços têm origem numa
ver um destino turístico próximo, que visa
serão equipadas com cantil. O uso regular incorporar serviços de turismo, a fim de gestão responsável;
de garrafas de origem orgânica também O nosso objetivo é produzir no local 45%
criar uma participação indireta nos proje-
será introduzido. O objetivo é proibir o uso dos alimentos que o restaurante do ho- • são tidas em consideração variáveis re-
tos das comunidades e também oferecer
de garrafas plásticas. Com base na taxa tel precisa. Será dado ênfase às frutas, lacionadas com o meio ambiente durante
à comunidade local um lugar para a apren-
de 1,5 garrafas por habitação, essa medi- legumes e alimentos processados, como o projeto e o desenvolvimento do produ-
dizagem informal. Também faz parte do
da reduzirá o nosso consumo de garrafas frutas secas, molho, farinha, geleia, mel, to, bem como durante o fornecimento
nosso objetivo que as comunidades bene-
de água em plástico em 54.000 por ano. óleo, entre outros. 30% serão obtidos junto pelos fornecedores. Os critérios sociais
ficiem dos produtos cultivados na nossa
dos produtores locais: peixe, carne bran- também são tidos em conta e enfatizam
quinta biológica.
A fim de obter um fornecimento ca, queijo, etc. E o resto vem do fora. Tudo a gestão responsável dos fornecedores
sustentável e em cooperação com nos- o resto será obtido junto dos produtores locais. Os fornecedores devem compro-
2. Formação informal
sos fornecedores, decidimos reduzir as com as melhores práticas no que se refere meter-se com uma estratégia responsável
nossas embalagens de maneira eficiente. à conservação do meio ambiente. pelo desenvolvimento social sustentável;
Em prol do nosso objetivo de promoção
Produzimos a maior parte dos recursos do desenvolvimento local, empregaremos,
que usamos e isso permite evitar o des- Todos os produtos cosméticos e a maio- • condições de trabalho e respeito pelos
durante a fase de construção, trabalha-
perdício de embalagens. Quanto ao resto, ria dos produtos de manutenção que ofe- direitos dos trabalhadores;
dores da população local, aos quais será
temos preferência por embalagens que recermos aos clientes serão produzidos
dada formação em carreiras de constru-
possam ser devolvidas e de embalagens no local. O resto será de origem biológica. • gestão financeira responsável de acordo
ção sustentável. Esperamos que isso
agrupadas. Essa estratégia permite conhecer e verifi- com as melhores práticas de entrada no
transforme os indivíduos em questão em
car a composição dos nossos produtos, mercado;
verdadeiros profissionais e que lhes pos-
Usando algumas ferramentas técnicas reduzir os nossos resíduos e oferecer pro-
sa abrir novas oportunidades de emprego.
(triturador, compressor, molde, extruso- dutos totalmente orgânicos, bem como Consequentemente, a maior parte dos
Também esperamos que se tornem em-
ra), todos os resíduos plásticos serão re- evitar todas as fontes de poluição nos materiais, produtos e serviços será forne-
baixadores da construção sustentável.
ciclados em pequena escala, para criar edifícios e nas águas residuais. cida por fornecedores locais, a fim de li-
objetos nas nossas oficinas a partir de Há também um programa de formação mitar o impacto ambiental do transporte
informal para os hóspedes durante as e facilitar o desenvolvimento da economia
atividades no local. Este é um processo local.

58 59
H – Financiamento

Em 2015, o acordo de Paris estabeleceu O turismo inovador e sustentável repre-


uma nova infraestrutura e novos meca- senta apenas uma pequena parte da in-
nismos de financiamento para enfrentar a dústria global do turismo. No entanto, o
questão da mudança climática, particular- fluxo previso de 5 biliões de dólares de
mente os Fundos Climáticos Verdes para investimento no setor ao longo da próxi-
o clima e o Fundo Mundial para o Meio ma década poderia desencadear a trans-
Ambiente, graças aos quais vários proje- formação de toda a indústria do turismo
tos de adaptação climática e de turismo numa indústria mais sustentável e a sua
conseguiram progredir. contribuição para a Visão 2030 seria
notável. Da mesma forma, se esses inves-
A venda do terreno e o desenvolvimento timentos visarem as empresas do setor
do projeto foram financiados usando os de turismo e as incentivarem a adotar a
fundos do nosso negócio, incluindo to- sustentabilidade como uma política fun-
das as etapas de risco até à obtenção de damental, o setor rapidamente se trans-
uma licença. A construção será financiada formará numa indústria de baixo carbono.
através de títulos verdes, um método mui- O financiamento do turismo em tal escala
to relevante, dados os compromissos do poderia ser obtido recorrendo a técnicas
projeto. de financiamento inovadoras que ofere-
cem oportunidades promissoras para o
As inovações no sistema financeiro po- desenvolvimento sustentável. O mercado
dem reforçar e acelerar as contribuições de títulos verdes, por exemplo, ultrapas-
do setor de turismo para os ODS, assim sou a marca dos 200 milhões de dólares.
como providenciar um incentivo para as É importante referir que o investimento de
empresas de turismo e melhores condi- impacto, que diz respeito ao investimento
ções de acesso ao financiamento. Para no qual os investidores procuram obter
que o turismo se torne um dos principais retorno financeiro bem como resultados
impulsionadores para alcançar os ODS, o ambientais palpáveis, atravessa neste
impacto deve ser produzido em larga es- momento um crescimento significativo.
cala.

60 61
Fotos do local e
do seu ambiente

62 63
Vista terrestre do
local do Cabo Es-
pichel

65
Riacho da Praia da
Baleeira, na parte
oriental do local

67
Vista do cabo da
área do hotel

69
Praia da Foz, praia a
poucos minutos de
carro do hotel

71
Projeto agrícola em
desenvolvimento

73
O hotel fica a cerca
de 800 metros do
mar

75
Praia dos Lagosteiros Nossa
Senhora Santuário Memorial
na Pedra da Mua

77
Santuário de Nossa Sen-
hora na Pedra da Mua,
Cabo Espichel

79
Vista da estrada junto ao
mar que leva à entrada
do hotel

81
Praia do Meco
a 10 minutos
do hotel

83
Praia do Ribeira do Cavalo,
outra bela praia a 10 minutos
do hotel

85
Parte inferior do
projeto agrícola em
desenvolvimento

87
Estrada central que
leva ao Cabo Espichel

89
Praia da Bica, início
da Praia Grande, a 5
minutos do hotel

91
Lagoa de Albufei-
ra, uma lagoa a 15
minutos

93
Fim da Lagoa de Albufeira,
arredores da estrada que leva
ao Cabo Espichel

95
Luz de inverno
Cabo Espichel

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