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Problema 4- Doenças Ocupacionais

. Esquematizar a classificação das doenças ocupacionais:


Conceitos, principais agentes patogênicos e comunicação de
acidente de Trabalho (CAT).
A Classificação de Schilling é utilizada pelo Ministério da Saúde no
Brasil como referência para dimensionar a relação entre a doença e o
trabalho.
As 10 principais doenças relacionadas ao trabalho:
1.DORTs

No Brasil, os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho


são as doenças que mais afetam os trabalhadores. As DORTs têm
origem em posturas inadequadas, chamadas de posturas
antiergonômicas. Caso não sejam tratadas a tempo, as DORTs
podem se agravar causando até mesmo a invalidez do trabalhador.

2. LER

A Lesão por Esforço Repetitivo (LER) não é uma doença específica.


O termo envolve uma série de patologias ocasionadas por
movimentos que tendem a desgastar, lesionar e causar danos ao
sistema musculoesquelético. As doenças mais frequentes causadas por
LER atingem os membros superiores e são a tendinite, sinovite e
a tenossinovite.

Dica: Assim como no caso das DORTs, é importante garantir móveis


ergonômicos para prevenir a LER, laudos em dia, além de incentivar
as atividades físicas para assegurar mais força e resistência aos
trabalhadores.

3. Síndrome de burnout

A síndrome de burnout é conhecida também como síndrome do


esgotamento profissional, e é causada pelo excesso de trabalho, seja
físico ou mental, e pode ocasionar ao
trabalhador estresse, esgotamento físico e exaustão extrema.
Dica: A criação de um clima organizacional positivo, a valorização
do trabalho profissional e a implantação de políticas de day off, happy
hour, flexibilidade no horário de trabalho e home office auxiliam
na prevenção do burnout.

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4. Surdez definitiva ou temporária

Ocorre por conta da exposição do trabalhador a ruídos de forma


constante. Requer grande atenção uma vez que a perda auditiva ocorre
lentamente e pode começar de forma imperceptível. Dica: Garanta
que os trabalhadores usem EPIs (Equipamento de Proteção
Individual) de isolamento de ruídos, a exemplo de protetores
auriculares.

5. Dorsalgia

O levantamento e carregamento de peso, movimentos repetitivos e


uso da força estão entre as principais causas das hérnias de disco e
dos problemas de coluna em geral. Também estão no rol de doenças
com maior incidência.

6. Varizes

Não são uma doença propriamente dita, mas uma manifestação clínica
de um problema maior, chamado de doença venosa crônica. Ocorre
quando as veias, especialmente dos membros inferiores, dilatam e o
corpo não tem a pressão suficiente para bombear o sangue.

7. Transtornos mentais: (depressão/ansiedade/estresse pós-


traumático)

Cada vez mais presentes no mundo do trabalho, podem ser


provocados pelo assédio moral e sexual, jornadas exaustivas, metas
abusivas, eventos traumáticos, perseguição do chefe, isolamento,
entre outros.

8. Transtornos das articulações

A partir de uma rotina com posturas inadequadas, movimentos


repetitivos, obesidade e sedentarismo, muitos trabalhadores podem

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se lesionar no exercício da profissão, e a isso pode ser dado o nome de
transtorno das articulações.

9. Dermatite alérgica de contato

Ulcerações, dermatite de contato, infecções e cânceres são alguns


males que o termo “dermatite alérgica de contato” engloba.
Normalmente são causadas pela exposição do trabalhador a agentes
nocivos.

Dica: A utilização correta dos equipamentos de proteção individual


(EPIs) colabora para evitar as reações alérgicas na pele dos
trabalhadores.

10. Asma ocupacional

A inalação de partículas e poeiras no ambiente de trabalho capazes é


capaz de provocar uma reação alérgica, com o estreitamento das vias
respiratórias.

Dica: O Uso correto de EPI é fundamental para evitar a doença, os


trabalhadores devem usar máscaras e outros equipamentos adequados
para a atividade realizada.

RESPIRATÓRIAS:

As doenças respiratórias ocupacionais (DRO)


são consequências da exposição às substâncias nocivas no ambiente
de trabalho, que podem agredir o sistema respiratório. Elas
representam cerca de 20% das enfermidades desse sistema e
configuram como importantes causas de absenteísmo, benefícios
previdenciários, indenizações trabalhistas, invalidez e morte precoce.

A inalação de gases e partículas nos ambientes de trabalho pode


acome ter as vias respiratórias superiores (fossas nasais, faringe e
laringe), as inferiores (traqueia, brônquios, bronquíolos e

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alvéolos), o parênquima pulmonar, o interstício pulmonar e a
pleura.

O risco de ocorrência de DRO depende da concentração da substância


inalada no ar ambiente, do tamanho, das suas características físico-quí
micas e da exposição acumulada no tempo, que corresponde a carga
de exposição.

Fatores de risco associados, como: tabagismo, a poluição do ar e as


doenças crônicas, que diminuem as defesas pulmonares, além de
fatores genéticos, também têm papel relevante.

As doenças respiratórias ocupacionais podem ser classificadas


em:

As mais variadas ocupações, como mineração, metalúrgica,


construção civil, entre outros, são expostos a poeiras, gases e fumos
que podem desencadear doenças respiratórias. No Brasil, estima-se
que haja mais de 100.000 mineiros, sendo que cerca de 4 milhões de

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trabalhadores são empregados na construção civil, desses 2
milhões estão potencialmente expostos a sílica, 20 mil na extração e
manufatura de amianto e de 3 a 4 mil na produção de carvão.

PNEUMOCONIOSE

As pneumoconioses são doenças resultantes da inalação e deposição


de poeiras minerais no parênquima pulmonar e da consequente reação
tissular a essas partículas com um período de latência longo.

As pneumoconioses podem ser classificadas em fibrogênicas,


relacionadas com a exposição à sílica, asbesto, carvão e poeira
mista. Não fibrogênicas, em grande parte, causadas pela inalação
de poeiras metálicas a partir de fumos metálicos e poeiras de sais
inorgânicos, sendo menos frequentes e de repercussões estruturais e
funcionais de menor intensidade.

SILICOSE

Silicose é uma pneumoconiose decorrente da inalação de poeira


contendo sílica livre cristalina em sua fração respirável e
consequente reação tissular caracterizada por fibrose pulmonar.

A sílica ou dióxido de silício existe na natureza nas formas amorfa e


cristalina.

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A forma amorfa é encontrada em rochas vulcânicas vitrificadas, nas
terras diatomáceas e em produtos feitos pelo homem, como vidro e lã
de vidro. É muito menos tóxica do que a cristalina. As formas
cristalinas são representadas principalmente pelo quartzo, tridimita e
pela cristobalita, que têm origem no quartzo ou na forma amorfa da
sílica, submetidos à elevada pressão ou aquecidos a altas
temperaturas.

O desenvolvimento da silicose está relacionado ao tamanho da


partícula, tempo e concentração da exposição, tipo de sílica
cristalina e a suscetibilidade individual.

Atividades de jateamento de areia, moagem, perfuração de rocha e


produção de vidro estão associadas a partículas de sílica recém-
fragmentada, tornando-as altamente tóxicas, com intenso potencial
oxidativo em razão da exposição de cargas de superfície dessas
partículas.

A exposição à sílica pode estar relacionada também com doença


pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), câncer de pulmão, doença renal
crônica, tuberculose e micoses.

FISIOPATOLOGIA

As partículas maiores do que 10 μm de diâmetro ficam aderidas na via


aérea superior, já as partículas com 0,5 a 5 μm depositam-se nos
alvéolos e são patogênicas. A sílica cristalina apresenta a capacidade
de interagir com o meio aquoso, gerar radicais livres e ferir as células
pulmonares alvo, como macrófagos alveolares.

A geração resultante de citocinas inflamatórias (IL-1 e TNF) pelas


células-alvo leva à ligação de citocinas entre células inflamatórias e
células pulmonares residentes, resultando em inflamação e fibrose.

FORMAS CLÍNICAS

Condição rara, caracterizada pelo acometimento pulmonar decorrente

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de pouco meses ou até 5 anos de trabalho, mas com intensa
exposição e comprometimento funcional acentua- do. O rápido início
de sintomas inclui dispneia, tosse, perda de peso, fadiga e, às vezes,
dor e febre pleuríticas.

Crepitações podem ser percebidas durante o exame físico. Já os


achados radiológicos são mais tardios. A radiografia de tórax
demonstra opacidades bilaterais características difusas em vidro
fosco. Os achados da tomografia computadorizada de alta resolução
consistem em inúmeras opacidades nodulares centrolobulares
bilaterais, opacidades em vidro fosco focal e áreas irregulares de
consolidação. O aumento do linfonodo hilar pode ser aparente na
tomografia computadorizada.

A infecção por micobactérias, principalmente a tuberculose (TB),

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deve sempre ser suspeitada quando um paciente com silicose
desenvolve sintomas constitucionais, agravando o
comprometimento respiratório, a hemoptise ou alterações na
radiografia do tórax.

É importante avaliar a TB ativa usando técnicas microbiológicas,


como esfregaço e cultura de escarro, lavagens brônquicas, uma vez
que a silicose pode mascarar as alterações radiográficas da TB ativa.

Além disso, o risco de TB ativa em pacientes com silicose e um


derivado de proteína purificada positivo (PPD) aumenta
acentuadamente.

O câncer de pulmão precoce pode ser esquecido devido a uma


presunção de silicose progressiva ou alterações parenquimatosas da
silicose podem ser confundidas com malignidade nos estudos de
imagem do tórax, dificultando a interpretação da triagem do
câncer de pulmão nos casos de silicose mais avançada.

Acerca das doenças reumáticas, as lesões aos macrófagos


alveolares, provenientes da silicose, acabam estimulando a formação
de auto-anticorpos, como anticorpo antinuclear e fator reumatóide.

Além disso, a exposição ocupacional à sílica está associada à


esclerose sistêmica, artrite reumatoide, glomerulonefrite e síndrome
de Caplan, que consiste na combinação de artrite reumatóide e
pneumoconiose que se manifesta como nódulos intrapulmonares, que
aparecem de modo homogêneo e bem definidos na radiografia de
tórax.

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ASBESTOSE

Asbesto ou amianto consiste em um grupo de silicatos fibrosos


hidratados, com estrutura cristalina, de ocorrência natural, utilizado
idealmente para diversas áreas do setor de construção civil devido a
sua resistência ao fogo, à abrasão mecânica e química, além de ser
isolante acústico e térmico.

O asbesto tem sido usado nas indústrias de materiais de construção,


têxtil e produtos de atrito como ligas de freios. As fibras
asbestiformes podem ser classificadas em dois subgrupos: os
serpentinosos, como a crisótila, e os anfibólios, como a crocidolita, a
amosita e a tremolita.

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A ASBESTOSE é definida como FIBROSE INTERSTICIAL
PULMONAR consequente a exposição ao asbesto por meio da
produção/ instalação de telha de amianto, lona de freio, isolante
térmico, roupas anti-chamas e fibrocimento.

FISIOPATOLOGIA

A inalação das fibras de amianto se depositam nas bifurcações do


bronquíolo respiratório e do ducto alveolar, desencadeando um
acúmulo de macrófagos alveolares e o desenvolvimento de uma
reação inflamatória que se estende centrifugamente nos bronquíolos
respiratórios terminais e no interstício alveolar adjacente, levando ao
recrutamento de fibroblastos e produção de colágeno.

A maioria das fibras é removida dos pulmões por mecanismos


mucociliares, mas algumas são absorvidas por macrófagos alveolares
e células alveolares tipo I. As fibras de anfibólio podem ser mais
tóxicas que a crisólita, porque sua estrutura permite que elas se
depositem com mais eficiência no parênquima distal do pulmão e
reduz a taxa de liberação.

Com o tempo, há um envolvimento pulmonar mais difuso,


caracterizado pela perda de células alveolares do tipo I e II e expansão
do número de macrófagos alveolares e intersticiais, neutrófilos,
linfócitos e eosinófilos, além de alteração pleural. A proliferação de
fibroblastos e o acúmulo de colágeno acabam por resultar em
processos fibrosantes semelhante à fibrose pulmonar idiopática.

Manifestações Clínicas:

Por ser uma doença de progressão lenta, suas manifestações clínicas


são tardias e muito parecidas com as da fibrose pulmonar intersticial.
Nas fases iniciais: assintomáticos e podem apresentar estertores
finos inspiratórios bibasais em regiões posteriores.

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A tosse e a produção de secreção são geralmente atribuídas ao
tabagismo ou a inalação de outros aero dispersóides presentes no
ambiente de trabalho, podendo estar associadas a um quadro de
bronquite crônica. A dispneia é o sintoma mais insidioso e mais
frequente. Nas fases finais, observam-se hipoxemia, baqueteamento
digital.

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Doenças infecciosas e parasitárias relacionadas ao trabalho

TUBERCULOSE

Doença de evolução aguda, subaguda ou crônica que compromete


vários órgãos e sistemas, em especial as vias aéreas inferiores. No
Brasil, resulta da infecção pelo Mycobacterium tuberculosis,
transmitida geralmente por inalação, e pelo Mycobacterium bovis,
veiculada por ingestão de material infectante.

TÉTANO

Doença aguda produzida pela potente neurotoxina (tetanospasmina)


do Clostridium tetani. A toxina tetânica impede a inibição do arco
reflexo da medula espinhal, promovendo reflexos excitatórios tônicos
típicos, em múltiplas regiões do organismo.

A exposição ocupacional em trabalhadores é relativamente comum e


dá-se, principalmente, em acidentes de trabalho (agricultura,
construção civil, mineração, saneamento e coleta de lixo) ou em

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acidentes de trajeto. A doença em trabalhadores decorrente de
acidente de trabalho poderá ser considerada como doença relacionada
ao trabalho, do Grupo I da Classificação de Schilling.

DENGUE

O dengue pode ser considerado como doença relacionada ao trabalho,


do Grupo II da Classificação de Schilling, uma vez que as
circunstâncias ocupacionais da exposição aos mosquitos vetores
(Aedes) e/ou aos agentes infecciosos (Flavivírus) podem ser
consideradas como fatores de risco, no conjunto de fatores associados
com a etiologia desta doença infecciosa.

A dengue relacionado ao trabalho tem sido descrito em trabalhadores


que exercem atividades em zonas endêmicas.

VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA (HIV)

A taxa de soroconversão pós-exposição ocupacional por ferimento


percutâneo tem variado entre 0,1 e 0,4%, sendo maior em função do
tamanho do inóculo, da duração do contato e da extensão do
ferimento.

DERMATOFITOSE

Termo geral para infecções micóticas que afetam a superfície


epidérmica, devido a fungos dermatófitos. Atacam tecidos
queratinizados (unhas, pêlos e estrato córneo da epiderme).

Em determinados trabalhadores, a dermatofitose e outras micoses


superficiais podem ser consideradas como doenças relacionadas ao
trabalho, do Grupo II da Classificação de Schilling, posto que as
circunstâncias ocupacionais da exposição aos fungos dermatófitos
podem ser consideradas como fatores de risco, no conjunto de fatores

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de risco associados com a etiologia desta doença infecciosa.

A dermatofitose relacionada ao trabalho tem sido descrita em


trabalhadores que exercem atividades em condições de temperatura
elevada e umidade (cozinhas, ginásios, piscinas, etc.) e em outras
situações específicas.

DERMATITE DE CONTATO

Dermatose Ocupacional:
Toda alteração da pele, de mucosas e anexos causada direta ou
indiretamente por tudo aquilo que seja utilizado na atividade
profissional ou exista no ambiente de trabalho.

A dermatose ocupacional depende, basicamente, de dois tipos de


condicionadores: as causas indiretas (ou fatores predisponentes) e as
causas diretas, que atuam diretamente sobre a pele produzindo ou
agravando dermatose pré-existente.

Causas diretas

Agentes Químicos: responsáveis por cerca de 80% das dermatoses


ocupacionais, destacando-se o cimento, borracha, derivados de
petróleo, óleos de corte, cromo e seus derivados, níquel, cobalto,
madeira e resina epóxi;

Agentes Biológicos: bactérias, fungos, leveduras e insetos,


especialmente nos trabalhos de manipulação de couro ou carne
animal, tratadores de aves ou animais, peixeiros, açougueiros,
jardineiros, balconistas de bar, barbeiros, atendentes de sauna, entre
outros;

Agentes Físicos: calor, frio, vibrações, eletricidade, radiações


ionizantes e não ionizantes, microondas laser e agentes mecânicos.

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Cimento: O cimento é uma matéria prima composta por vários
óxidos, sendo muito irritante para a pele em virtude de ser abrasivo e
altamente alcalino. Além disso, certas impurezas presentes no cimento
têm efeito alergênico. Em contato com a pele do trabalhador, em
determinadas condições, o cimento pode provocar diversas
dermatoses, tais como:

Dermatites de contato por irritação: é a mais freqüente, atingindo


principalmente as mãos e os pés do trabalhador e decorre da ação
alcalina do cimento que exerce efeito abrasivo sobre a camada córnea
da pele. As lesões podem se iniciar com leve vermelhidão (eritema),
descamação, fissuras, eczema, inchaço (edema), vesículas, bolhas e
necrose do tecido.

Borracha: Provoca uma dermatite de contato alérgica, em


decorrência de sensibilização por substâncias utilizadas na fabricação
da borracha, especialmente os agentes de vulcanização (enxofre),
aceleradores, retardadores, ativadores, antioxidantes, plastificantes e,
pigmentos e corantes.

Derivados de petróleo: A ação irritativa sobre a pele é, geralmente,


exercida pelos solventes orgânicos (thinner, gasolina, varsol, aguarrás,
querosene) utilizados na remoção de tintas e graxas.

Óleos de corte: Utilizados nas indústrias mecânicas, em operações de


corte e usinagem de metais, visando obter melhor rendimento e
melhor acabamento do material. Podem produzir eczema na área de
contato por irritação ou por sensibilização alérgica.

Cromatos, dicromatos e ácido crômico: Utilizados na


galvanoplastia (cromação), na produção de ligas, na indústria do
couro, na fiação e tecelagem, na indústria fotográfica, na preservação

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de madeiras e, como pigmento em tintas, borracha e cerâmica. Podem
provocar dermatoses por ação irritativa ou por mecanismos de
sensibilização. É um dos contaminantes do cimento. Nas
galvanoplastias, o contato com líquidos dos banhos de cromação pode
provocar úlceras na pele, enquanto a exposição crônica a névoas de
ácido crômico pode ocasionar ulceração e perfuração do septo nasal,
crises asmáticas e câncer pulmonar.

Níquel: Utilizado na galvanoplastia, na produção de ligas, na


fabricação de fitas magnéticas, na cunhagem de moedas, fabricação
de bijuterias, na produção de plásticos e na fabricação de instrumentos
dentários e cirúrgicos. Sua ação é tanto por irritação como por
sensibilização.

Cobalto: É um metal relativamente raro e aparece como impureza do


cimento. É utilizado na fabricação de ligas metálicas, instrumentos
dentários e de corte/costura, ímãs, catalisadores, vitamina B12 e
pigmentos nas indústrias de tintas, vernizes, vidros e cerâmicas. O
cobalto ocasiona uma dermatite de contato alérgica.

Madeira: O contato com o pó da madeira produz reações alérgicas,


atingindo pele e vias aéreas superiores. Inúmeros casos têm sido
registrados com sensibilização a determinadas espécies de madeira,
especialmente o pau-ferro e a caviúna.

Resinas: Podem atuar por ação irritativa ou via sensibilização


alérgica, atingindo a pele e as vias aéreas superiores. São utilizadas na
indústria eletrônica, em equipamentos elétricos, condensadores,
transformadores, nas indústrias aeronáutica e automobilística e na
fabricação de tintas, colas e adesivos.

Dermatites de contato por irritação

É a mais freqüente, representando cerca de 70% das dermatites de

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contato ocupacionais. Atingem principalmente as mãos, antebraços,
pescoço, face e pernas do trabalhador e decorre da ação de agentes
externos de natureza física e química. As lesões podem se iniciar com
leve vermelhidão na pele (eritema), inchaço (edema), vesículas,
bolhas, acompanhadas muitas vezes de intensa coceira (prurido). Com
o passar do tempo, pode ocorrer o espessamento da pele, com
descamação e fissuras.

Dermatites de contato alérgica

O prurido (coceira) está sempre presente. As dermatites de contato


alérgicas só podem ser curadas quando identificada a substância
alergênica e evitados novos contato com a pele. O método de
investigação alérgica indicado nestes casos é o teste epicutâneo.
Sulfato de níquel é o alérgeno de contato mais comum na maioria
das populações. Ele é um componente frequente das joias.

NEOPLASIAS MALIGNAS DA PELE

Os epiteliomas são neoplasias do epitélio, que podem ser benignos ou


malignos. Porém, o termo epitelioma é geralmente reservado para
designar os processos malignos, correspondendo aos carcinomas de
células basais (basocelulares) e aos carcinomas de células
escamosas (espinocelulares).

Os melanomas normalmente são incluídos em outra categoria.

A etiologia dos cânceres de pele está fortemente associada com a


exposição actínica, em especial os raios ultravioletas. Cerca de 90%
desses cânceres desenvolvem-se em regiões do corpo expostas ao sol.

As pessoas de pele clara, que sofrem queimaduras solares com mais


facilidade, têm um risco aumentado de desenvolver câncer de pele. A
incidência em negros é muito mais baixa que em brancos. Profissões
que expõem os trabalhadores à intensa radiação solar, como
agricultores, trabalhadores da construção civil e mineração a céu

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aberto, pescadores e marinheiros, por exemplo, têm taxas de
incidência de câncer de pele mais elevadas do que a população em
geral ou trabalhadores de outras profissões menos expostos à radiação
actínica.

O carcinoma de células basais, ou basocelular, apresenta-se como


uma lesão rugosa, pigmentada com telangiectasias, de crescimento
lento e localizada em sítios de exposição solar.

O carcinoma de células escamosas ou espinocelular manifesta-se


como um nevus eritematoso, de crescimento lento, que pode evoluir a
nódulos que, freqüentemente, ulceram. As manifestações a distância
desses carcinomas são raras, podendo ocorrer perda de peso, anorexia,
letargia, derrame pleural, ascite, sintomas neurológicos provocados
por metástases e dor óssea.

O diagnóstico é feito pela história clínica e exame físico, com ênfase


na pele, na região das costas, cavidade oral, região perianal e genital,
lesões de intertrigo, pesquisa de adenopatias no pescoço, ausculta
pulmonar, palpação abdominal para pesquisa de massas tumorais e
hepatomegalia. Os exames laboratoriais incluem o quadro
hematológico completo, transaminases hepáticas, fosfatase alcalina e
biópsia da lesão.

O melhor recurso diagnóstico do carcinoma de células basais é a


biópsia da lesão suspeita. Quando há suspeita de carcinoma de células
escamosas, a biópsia deve ser aprofundada.

CONJUNTIVITE

Conjuntivite é a inflamação da conjuntiva, que se manifesta por


hiperemia e granulações na conjuntiva, exsudação e lacrimejamento.

As conjuntivites ocupacionais podem ser causadas por inúmeros


irritantes: ácidos e álcalis, aerossóis, névoas, vapores de solventes e
poeiras em suspensão no ar.

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A ação alcalina do cimento tem um efeito abrasivo sobre a camada
córnea, removendo o manto lipídico, podendo ocasionar ceratólise e
exulceração. A exposição ocupacional às radiações infravermelho
pode provocar conjuntivites, como a descrita em forjadores e outros
trabalhadores siderúrgicos, associada ou não a outros tipos de
acometimento, como a catarata.

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