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Introdução à Segurança e à

Saúde no Trabalho

Prof. Eduardo Costa da Motta Aula 01


A evolução do prevencionismo

“A história humana é essencialmente a história do


trabalho. Por meio dele, o homem construiu e constrói não
apenas os bens que sustentam as bases da vida material,
[…] mas ainda toda a sua estrutura econômica, política,
social, religiosa e cultural.”

João Cândido de Oliveira


(Do Tripalium ao Trabalho)
A evolução do prevencionismo

• Tripalium - do latim tardio "tri" (três) e "palus" (pau) –


"três paus”.

• É um instrumento romano de tortura, uma espécie de


tripé formado por três estacas cravadas no chão na
forma de uma pirâmide, no qual eram supliciados os
escravos.
A evolução do prevencionismo

• É aceito que esse termo veio a dar origem, no português,


às palavras trabalho e trabalhar.

• No sentido original o trabalhador seria o carrasco e não


a vítima.
A evolução do prevencionismo

• "Historicamente, el hombre ha tenido que convivir con el


riesgo... En el desarrollo humano, su propria evolución y
el entorno natural y tecnológico plantean un universo de
riesgos, que desde un nivel elemental cuando el hombre
aparece sobre la Tierra, llega a alcanzar una extrema
complejidad en el momento presente, caracterizado por
la concurrencia de múltiples y sofisticados sistemas,
interrelacionados a nivel local y global.”

Francisco Martínez Garcia (1994), Gerencia Riesgos


A evolução do prevencionismo

• Confome afirmam Ansell e Wharton (1992), o risco é uma


característica inevitável da existência humana.

• Nem o homem, nem as organizações e sociedade as


quais pertence, podem sobreviver por um longo período
sem a existência de tarefas perigosas.
A evolução do prevencionismo

• Pré-história

- Desde as épocas mais remotas, grande parte das


atividades às quais o homem tem se dedicado,
apresentam uma série de riscos em potencial,
frequentemente concretizados em lesões que afetam
sua integridade física ou sua saúde.
A evolução do prevencionismo

- O homem pré-histórico procurava proteção contra


animais ferozes adestrando-se na caça e vivendo em
cavernas.

- Inicialmente, a maneira com a qual subsistia e


enfrentava os perigos era devida à sua astúcia,
inteligência superior e uso de suas mãos.
A evolução do prevencionismo
A evolução do prevencionismo
A evolução do prevencionismo

- Com a descoberta do fogo e das armas e a própria


organização tribal, com maior planejamento e ação
grupal, o homem evoluiu cientificamente e obteve
maior proteção, porém, novos riscos foram
introduzidos.
A evolução do prevencionismo

- A invenção do machado de pedra, um avanço para


assegurar alimentação para si e sua família, incorria em
graves acidentes devido à práticas inseguras em seu
manejo.
A evolução do prevencionismo
A evolução do prevencionismo

- Portanto, tanto o homem pré-histórico quanto o da


Idade da Pedra já estavam constantemente expostos a
perigos na vida diária, em sua luta pela existência.
A evolução do prevencionismo

- Quando o homem das cavernas se transformou em


artesão, descobrindo o minério e os metais, pôde
facilitar seu trabalho pela fabricação das primeiras
ferramentas, conhecendo, também, as primeiras
doenças do trabalho, provocadas pelos próprios
materiais que utilizava.
A evolução do prevencionismo

• Antiguidade

- Henri Sigerist (1891-1957) e George Rosen


(1910-1977), historiadores da Medicina Social e Saúde
Pública, mostram em seus estudos que é possível
identificar referências sobre trabalho, saúde e doença
em papiros egípcios e, posteriormente, no mundo
greco-romano.
A evolução do prevencionismo

- As primeiras referências escritas, relacionadas ao


ambiente de trabalho e dos riscos inerentes a eles,
foram encontradas num papiro egípcio e datam de
2360 a.C. (SOTO, 1978).
A evolução do prevencionismo

- O chamado "Papiro Seller II” relatava:

"Eu jamais vi ferreiros em embaixadas e fundidores em


missões. O que vejo sempre é o operário em seu
trabalho; ele se consome nas goelas de seus fornos. O
pedreiro, exposto a todos os ventos, enquanto a
doença o espreita, constrói sem agasalho; seus dois
braços se gastam no trabalho; seus alimentos vivem
misturados com os detritos; ele se come a si mesmo,
porque só tem como pão os seus dedos (cont.)
A evolução do prevencionismo

(cont.) O barbeiro cansa os seus braços para encher o


ventre. O tecelão vive encolhido - joelho no estômago -
ele não respira. As lavadeiras sobre as bordas do rio
são vizinhas do crocodilo. O tintureiro cheira a
morrinha de peixe, seus olhos são abatidos de fadiga,
suas mãos não param e suas vestes vivem em
desalinho".
A evolução do prevencionismo

- É de considerar que os trabalhos mais pesados,


árduos e arriscados sempre foram, ao longo da
história, destinados aos escravos.

- O grego Hipócrates (460 a 377 a.C.) - pai da Medicina -


relata, com precisão, em sua obra “Ares, Águas e
Lugares”, um quadro clínico de “intoxicação saturnina”
(intoxicação por chumbo).
A evolução do prevencionismo

- Principais achados clínicos do Saturnismo:

a) cólica

b) anemia

c) neurite (lesão inflamatória ou degenerativa dos


nervos) 

d) encefalopatia

e) tremor (contrações fibrilares)

f) linha gengival azul
A evolução do prevencionismo

- No ano 100 a.C é possível perceber, nas observações


de Lucrécio, algumas preocupações com a patologia
do trabalho quando perguntava a respeitos dos
mineiros.

“Não viste ou ouviste como morrem em tão pouco


tempo, quando ainda tinham tanta vida pela frente?”
A evolução do prevencionismo

- Plínio, o Velho (23 a 79 d.C.), filósofo e naturalista


romano, após visitar galerias de minas, descreve
impressionado os aspectos dos trabalhadores
expostos ao Chumbo, Mercúrio e Poeiras.
A evolução do prevencionismo

- Constatou, também, que os trabalhadores (escravos)


utilizavam membranas feitas com bexiga de carneiro
em frente ao rosto, para atenuar a inalação de poeiras.

- Esse é o primeiro registro de uso de Equipamento de


Proteção Individual (EPI) que se tem notícia.
A evolução do prevencionismo

• Idade Moderna

- Pouco é conhecido sobre as relações de saúde e


trabalho nessa época.

- Os relatos versam, essencialmente, sobre os


problemas de saúde oriundos da atividade extrativa
mineral.
A evolução do prevencionismo

- Esse enfoque se dá, principalmente, porque no século


XVI e subsequentes a riqueza de uma nação era
diretamente relacionada à quantidade de metais
preciosos extraídos e acumulados.

- Em 1556 foi publicado o livro "De re metallica" (Da


natureza dos metais), que trata de assuntos
mineralógicos e problemas relativos à extração mineral.
A evolução do prevencionismo

- Foi escrito por Georg Bauer (1494-1955), conhecido


como Georgius Agricola, um médico nascido em
Glauchau (Alemanha), considerado o pai da
mineralogia e da geologia como ciência.
A evolução do prevencionismo

- Gravuras representando diversos métodos de lavagem


de aluviões auríferos
A evolução do prevencionismo
A evolução do prevencionismo

- Após estudar a extração e fundição de metais


argentíferos e auríferos, dedica o último capítulo da
obra aos acidentes do trabalho e às doenças mais
comuns aos mineiros.

- Destaca a “asma dos mineiros”, provocadas por


poeiras que descreveu como “corrosivas”, cuja
descrição dos sintomas e a rápida evolução da doença
sugerem tratar-se do que hoje se conhece por Silicose.
A evolução do prevencionismo

- A Silicose é causada pela inalação de finas partículas


de sílica cristalina e caracterizada por inflamação e
cicatrização em forma de lesões nodulares nos lóbulos
superiores do pulmão.
A evolução do prevencionismo

- Onze anos mais tarde, em 1567, Paracelso


(1493-1551), em seu livro “Von der Bergsucht und
anderen Bergkrankheiten” (Dos ofícios e doenças da
montanha), descreve a mala metallorum, doença
pulmonar que atingia mineiros da região entre a
Saxônia e a Boêmia, matando-os em plena juventude.
A evolução do prevencionismo

- Em 1700, é publicada em Moderna, Itália, a obra “De


Morbis Artificium Diatriba” (As Doenças dos
Trabalhadores), pelo médico Bernardino Ramazzini
(1633-1714).
A evolução do prevencionismo

- Neste trabalho, são descritas as doenças que ocorrem


com trabalhadores em mais de 50 profissões,
estabelecendo e formalizando relações de causa e
efeito entre patologias e ocupações.
A evolução do prevencionismo

- Também, propõe que se acrescente às perguntas


hipocráticas da anamnese a seguinte pergunta:
“Qual é a sua ocupação?”

- A anamnese é o questionamento do paciente quanto à


existência de sinais e sintomas relacionados aos
sistemas fisiológicos específicos.

- É registrada a ausência de queixas quando for o caso.


A evolução do prevencionismo

- Pela sua grande contribuição para a Medicina


Ocupacional, Ramazzini é considerado o
“Pai da Medicina do Trabalho”.
A evolução do prevencionismo

- Em 1761, o italiano Giovanni Battista (Giambattista)


Morgagni (1682-1771) publicou em Veneza “De
Sedibus et Causis Morborum per Anatomen
Indagatis” (Sobre os lugares e as causas das doenças
anatomicamente verificadas), um clássico da Patologia.
A evolução do prevencionismo

- Primeiro médico a demonstrar a necessidade de


basear o diagnóstico, o prognóstico e o tratamento no
exame detalhado das condições anatômicas do
paciente, Morgagni é tido como fundador da anatomia
patológica.

- No livro, incorporou referências à ocupação anterior


das pessoas que tiveram seus casos relatados, sendo
diretamente influenciado por Ramazzini.
A evolução do prevencionismo

• Revolução Industrial

- Os impactos gerados pela Revolução Industrial sobre


as relações sociais, a vida e a saúde da pessoas (em
particular os trabalhadores) são objeto de numerosos
estudos.

- Neste período, a força de trabalho humana e animal


começou a ceder espaço para o advento das
máquinas.
A evolução do prevencionismo
A evolução do prevencionismo

- As mulheres e crianças começaram a ocupar um lugar


ao lado dos homens na força de trabalho fabril.

- Essa introdução foi particularmente vantajosa para os


industriais, pois o custo de mão-de-obra das mulheres
e crianças era inferior ao dos homens.
A evolução do prevencionismo
A evolução do prevencionismo
A evolução do prevencionismo

- O advento das máquinas que fiavam em ritmo


muitíssimo superior ao do mais hábil artífice, a
improvisação das fábricas e a mão-de-obra
destreinada, constituída principalmente de mulheres e
crianças, resultou em problemas ocupacionais
extremamente sérios.
A evolução do prevencionismo

- As condições de um trabalho de longas jornadas,


penoso e perigoso e os ambientes de trabalho
agressivos à saúde produziram, em grande velocidade,
graves sequelas aos trabalhadores.
A evolução do prevencionismo

- Os acidentes de trabalho passaram a ser numerosos,


quer pela falta de proteção das máquinas, pela falta de
treinamento para sua operação, pela inexistência da
jornada de trabalho, pelo ruído das máquinas
monstruosas ou pelas más condições do ambiente de
trabalho.
A evolução do prevencionismo

- A medida que novas fábricas se abriam e novas


atividades industriais eram iniciadas, maior o número
de doenças e acidentes, tanto de ordem ocupacional
como não-ocupacional.
A evolução do prevencionismo

- As primeiras mudanças tiveram início graças ao


significativo movimento social que levou políticos e
legisladores a introduzirem medidas legais de controle
das condições e ambientes de trabalho.
A evolução do prevencionismo

- Percival Pott (1714 a 1788), cirurgião londrino,


estabeleceu o nexo causal entre o câncer de testículo e
o trabalho de limpeza de chaminés.

- Foi o primeiro relato de câncer causado pela exposição


ocupacional.
A evolução do prevencionismo

- Os pacientes eram quase exclusivamente limpadores


de chaminés, garotos órfãos que, quase nus e
lambuzados de óleo, tiravam o acúmulo de fuligem das
chaminés.
A evolução do prevencionismo

- Outros médicos da época consideravam o tumor como


de origem venérea.

- Na década de 1940, quase 200 anos mais tarde, a


suspeita do Dr. Pott foi confirmada com a descoberta
da substância 3,4-benzopireno, presente nos resíduos
de combustão acumulados nas chaminés.
A evolução do prevencionismo

- Diante do quadro apresentado e da pressão da opinião


pública, criou-se no Parlamento Britânico, sob a
direção de Sir Robert Peel, uma comissão de inquérito,
conseguindo em 1802 a aprovação da primeira lei de
proteção aos trabalhadores, a "Lei de Saúde e Moral
dos Aprendizes”.
A evolução do prevencionismo

- Esta lei estabeleceu a jornada diária de doze horas de


trabalho, que:

• proibia trabalho noturno,

• obrigava os empregadores a lavar as paredes das


fábricas duas vezes por ano e

• tornava obrigatória a ventilação das áreas.


A evolução do prevencionismo

- Durante a primeira metade do séc. XIX, a França liderou


estudos em Higiene e Medicina do Trabalho.

- Contribuiu com a ampliação da caracterização de nexos


causais com doenças ocupacionais, estabelecendo
correlações com similaridades e diferenças entre:

• trabalhadores da mesma atividade, mas que


trabalham em diferentes locais e

• trabalhadores do mesmo estabelecimento, mas em


atividades diferentes.
A evolução do prevencionismo

- Como contraponto do efeito morte, são descritos,


desde aquela época, danos à saúde de difícil
caracterização objetiva e rigorosamente médica, mas
de inconfundível nexo com o trabalho.
A evolução do prevencionismo

- Fazem parte destes efeitos mal definidos:

• a fadiga,

• o envelhecimento precoce,

• o desgaste e

• as alterações do comportamento (já adentrando na


Psicopatologia do Trabalho).
A evolução do prevencionismo

• Século XX

- Com base nas informações das últimas duas décadas


do séc. XIX e das duas primeiras décadas do séc. XX,
percebe-se uma migração do que então se considera
“Patologia do Trabalho” para o da “Higiene” e seus
desdobramentos de “Medicina Legal” e “Saúde
Pública”.
A evolução do prevencionismo

- Na “Medicina Social”, a Patologia do Trabalho é


observada como “Doenças dos Trabalhadores”,
detectáveis através dos perfis de morbi-mortalidade
(adoecimento e morte) de diferentes categorias
profissionais.

- Dessa forma, é estabelecida uma relação estrutural


(modo de produção, ambiente de trabalho) muito mais
forte entre as doenças de origem ocupacional e suas
causas.
A evolução do prevencionismo

- A causa de uma doença já não era mais vista como


uma ruptura de processos fisiológicos, passíveis de
resolução apenas por meio de intervenção clínica.

- Com a chegada da chamada “Era Bacteriológica”,


inaugurada por Louis Pasteur (1822-1895) e Robert
Koch (1843-1910), ganha espaço a idéia de que “para
cada doença existe um agente etiológico” (agente
causador).
A evolução do prevencionismo

- A prevenção ou a erradicação da doença seria, em


princípio, possível com a eliminação da “causa”, quer
por medidas “higiênicas” (ambiente), quer por
erradicação.

- Dessa maneira, as “Doenças dos Trabalhadores” já


podem ser nominadas e associadas a agentes
etiológicos específicos.
A evolução do prevencionismo

- Pela simples extensão desse conceito, o lugar das


bactérias, vírus e outros agentes etiológicos da doença
é ocupado por:

• “agentes químicos” (chumbo, mercúrio),

• “agentes físicos” (ruído, calor, radiações) e

• até mesmo os “agentes biológicos”, porém de


origem ocupacional.
A evolução do prevencionismo

- Buscam-se, então, mecanismos de equiparação entre


acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, para
fins de seguro.

- Entretanto, faltava algo mais específico para estreitar


essa relação, que nos dias de hoje é líquida e clara.
A evolução do prevencionismo

- Em 1904, foi inaugurada a Clinica del Lavoro (Clínica


do Trabalho), em Milão, o primeiro centro específico de
estudos e tratamento das patologias oriundas do
trabalho, tornando-se referência para todos os
estudiosos do assunto em todo o mundo.
A evolução do prevencionismo

- Data de 1906 o primeiro fórum internacional específico,


I Congresso Internacional de Doenças do Trabalho,
também em Milão, Itália.

- Desse evento, originou-se a "Comissão Permanente de


Saúde Ocupacional", cuja tarefa principal seria a
organização de um congresso internacional a cada 3
anos.
A evolução do prevencionismo

- Como pauta do II Congresso Internacional de Doença


do Trabalho, ocorrido em 1910, estava a necessidade
de equiparação dos acidentes do trabalho e doenças
ocupacionais, ficando com incumbência a elaboração
de uma lista de doenças.

- Em 1919, ao final da Primeira Guerra Mundial, é criada


a OIT – Organização Internacional do Trabalho, como
fruto do Tratado de Versalhes.
A evolução do prevencionismo

- Ressurge, então, o tema “lista de doenças”, desta vez com


colaboração Tripartite (Trabalhadores-Governo-
Empregadores), reforçada por uma abrangência global.

- Em 1925, a OIT elabora a sua primeira “lista de doenças”,


onde constam apenas 3 doenças:

• saturnismo (chumbo),

• hidrarginismo (mercúrio) e

• carbúnculo.

- Esta lista foi baseada numa lista Alemã, que, na época, já


contava com 11 doenças.
A evolução do prevencionismo

- Atualmente, a OIT tem dedicado expressiva atenção e


prioridade ao campo da Saúde Ocupacional, quer
através da elaboração de regulamentos, como de
atividades de pesquisa e informação ou assistência
técnica internacional.
A evolução do prevencionismo

- Em 1929, Heinrich, pesquisando consequências de


acidentes, concluiu que de 330 acidentes estudados
apenas 30 tinham dado origem a lesões pessoais, dos
quais só 1 de maior gravidade.

- Dessa maneira, não seria razoável continuar


abandonando mais de 90% de informações
provenientes de acidentes sem lesão.

- Isso evidencia uma forte tendência a considerar o


prevencionismo como ferramenta.
A evolução do prevencionismo

- No período pós II Guerra Mundial veio a ampliação da


atuação médica direcionada ao trabalhador através da
intervenção sobre os ambientes de trabalho.

- Instrumentais oferecidos por outras disciplinas e


profissões, de forma complementar, deram origem ao
que se conhece hoje por Saúde Ocupacional.
A evolução do prevencionismo

- As décadas de 1930 e 1950 foram particularmente


ricas quanto a incorporação de relatos de casos novos
ou graves de doenças, as quais fomentaram um corpo
de conhecimentos clínicos e toxicológicos
considerável, a ponto de evitar a incidência das
mesmas.

- Em 1930, a OIT publica a enciclopédia sobre


“Ocupação e Saúde”, que foi traduzida para diversos
idiomas.
A evolução do prevencionismo

- Em 1934, é publicada por Alice Hamilton a primeira


edição de "Industrial Technology", com descrições
clínicas de intoxicações de origem profissional.

- Em 1938, é a vez da França publicar a revista "Archives


de Meladies Professionnelles” (Arquivos de doenças
cupacionais), que se tornou leitura obrigatória para os
interessados na Patologia do Trabalho em todo o
mundo.
A evolução do prevencionismo

- O período de 1940 a 1956 registra uma grande


produção literária no tema, oriunda de diversas partes
do mundo, tais como: Alemanha, Espanha e Argentina.

- Nota-se, a partir da década de 1930, um


direcionamento mais “epidemiológico” do que “clínico”
em relação às Doenças Profissionais, objetivando
traçar perfis de morbi-mortalidade dos trabalhadores
enquanto classes, categorias ou profissões.
A evolução do prevencionismo

- Esta mudança está baseada em quatro elementos:

• Envolvimento de pesquisadores externos

- Profissionais vinculados a instituições acadêmicas


interessados em conhecer melhor as causas de morbi-
mortalidade dos trabalhadores.

• Instrumental de abordagem

- Com as gradativas melhorias nos ambientes de trabalho,


técnicas e instrumentos mais apurados fizeram-se
necessários para a avaliação de hipóteses patológicas.
A evolução do prevencionismo

• Efeitos retardados

- Com o aumento da expectativa de vida oriunda da


melhoria das condições de trabalho, foi possível
avaliar efeitos de longo prazo decorrentes de
exposições ocupacionais.

• Critérios para a definição do dano à saúde

- Foram flexibilizados, levando em consideração a


dinâmica dos elementos de base tecnológica e os
diversos atores sociais envolvidos.
A evolução do prevencionismo

- Foi, então, pela multi-influência de fatores na


determinação das componentes que o conceito de
“Doenças Profissionais” foi ampliado para um novo
conceito, denominado “Doenças relacionadas com o
trabalho”.
A evolução do prevencionismo

- Uma característica marcante do final do séc. XX e do


início do séc. XXI é a busca incessante de um trabalho
desvinculado da doença ou da morte em sua
decorrência.
A evolução do prevencionismo

- Considerada “Saúde do Trabalhador” está calcada em


4 características básicas:

1) Compreensão das relações causa-efeito (nexo) e a


saúde-doença dos trabalhadores;

2) Possibilidade, de acordo com a necessidade, de


mudanças nos processos e ambientes de trabalho,
buscando a sua humanização;
A evolução do prevencionismo

3) Abordagens multidisciplinares, com a intenção de


sempre obter uma compreensão holística dos fatos;

4) Participação dos trabalhadores, enquanto sujeitos


diretamente afetados pelas condições de trabalho,
para aumento do conhecimento e determinação das
influências nas relações trabalho-doenças.
A evolução do prevencionismo

• Brasil

- Os primeiros relatos sobre condições de trabalho e sua


relação com as doenças datam do século XIX e foram
apresentados à Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro.
A evolução do prevencionismo

- Fatores como:

• “mudanças bruscas de temperatura”,

• “regiões pantanosas” e

• “costumes relacionados com a alimentação”

figuram como as causas de doenças relacionadas ao


trabalho e evidenciam uma visão social da Medicina.
A evolução do prevencionismo

- Apenas a partir de 1853 que os trabalhos de Medicina


começaram a enfocar com maior precisão e
pertinência as questões de moléstias relacionadas ao
trabalho.

- Em termos cronológicos, os principais marcos foram:

• Registros, nos anos de 1907, 1912 e de 1917-1920,


mais de 200 greves somente nos estados de SP e
RJ, motivadas pela influência direta das imigrações
como reflexo dos movimentos sindicais europeus.
A evolução do prevencionismo

• Aprovação, em 15 de janeiro de 1919, da 1ª Lei


sobre Acidentes do Trabalho, através do Decreto
Legislativo nº 3.724, a qual tornou compulsório o
seguro contra acidentes do trabalho em certas
atividades.

• Criação da Inspetoria da Higiene Industrial, no


âmbito do Departamento Nacional de Saúde
Pública, em 1923.
A evolução do prevencionismo

• O crescimento da industrialização no Brasil e o


aumento de mão-de-obra gerado pelo
estabelecimento dos imigrantes oriundos, em maior
parte da Europa, fizeram com que o foco da
preocupação com as doenças ocupacionais se
voltasse para as indústrias.
A evolução do prevencionismo

• Pelo Dec. 19.433, de 1930, foi criado o Ministério do


Trabalho, Indústria e Comércio.

• Em 1934, são nomeados pelo Ministro do Trabalho,


os primeiros “Inspetores-Médicos do Trabalho”, com
intuito de procederem à inspeção higiênica nos
locais de trabalho e realizar estudos sobre acidentes
e doenças profissionais.
A evolução do prevencionismo

• Em 1940, o Departamento Nacional da Produção


Mineral publica um extenso estudo: “Higiene das
Minas de Ouro – Silicose – Morro Velho – Minas
Gerais”.

• A Associação Brasileira para Prevenção de


Acidentes – ABPA – é fundada em 1941. Entidade
sem fins lucrativos com a finalidade de divulgar a
prevenção de acidentes.
A evolução do prevencionismo

• Em 1º de maio de 1943, dia do Trabalhador, o


Presidente Getúlio Vargas, assinou o Decreto Lei
nº 5.452, aprovando a Consolidação das Leis
Trabalhistas – CLT.

• A Lei nº 5.316, de 1967, integrou o seguro de


acidentes do trabalho à Previdência Social, criada
em 1960.
A evolução do prevencionismo

• A Portaria 3.237, de 1972, previa a existência de


especialistas ocupacionais e determinava a
competência das áreas em que atuariam os
profissionais, mas não fixava a forma pela qual
seriam especializados.

• Em 1977, foi sancionada a Lei nº 6.514 que altera o


Capítulo V da CLT, relativo à Segurança e Medicina
do Trabalho.
A evolução do prevencionismo

• Logo em seguida, em 1978, a Portaria nº 3.214


aprovou as primeiras Normas Regulamentadoras
(NR 1 a 8) – NR do Capítulo V – Título II, da CLT,
relativas à Segurança e Medicina do Trabalho.

• As demais normas foram criadas ao longo do tempo,


visando assegurar a prevenção da segurança e
saúde de trabalhadores em serviços laborais e
segmentos econômicos específicos.
A evolução do prevencionismo

• As NR consistem em obrigações, direitos e deveres


a serem cumpridos por empregadores e
trabalhadores com o objetivo de garantir trabalho
seguro e sadio, prevenindo a ocorrência de doenças
e acidentes de trabalho.

• Em 1996, foram instituídos os Grupo de Trabalho


Tripartite (GTT) e as Comissão Tripartite Paritária
Permanente (CTPP), com a finalidade de estudar e
elaborar modificações nas NRs.
A evolução do prevencionismo

• NRs

NR-1 - DISPOSIÇÕES GERAIS E GERENCIAMENTO DE RISCOS


OCUPACIONAIS

(Última modificação: Portaria SEPRT nº 6.730, de 9 de março de


2020.)

(Início de vigência: 03 de janeiro de 2022 - Portaria SEPRT 8.873,


de 23/07/2021) 

NR-2 - INSPEÇÃO PRÉVIA (REVOGADO)

(Revogada pela Portaria SEPRT 915, de 30 de julho de 2019)


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NR-3 - EMBARGO OU INTERDIÇÃO

(Última modificação: Portaria SEPRT 1068, de 23/09/2019, DOU


24/09/2019)

NR-4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA DE


SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO

(Última modificação: Portaria MTPS 510, de 29/04/2016)

NOVA NR-4 - SERVIÇOS ESPECIALIZADOS EM ENGENHARIA


DE SEGURANÇA E EM MEDICINA DO TRABALHO

(Vigência a partir de 90 dias após publicação - Portaria n° 2.318,


de 3 de agosto de 2022, publicada em 12/08/2022)
A evolução do prevencionismo

NR-5 - COMISSÃO INTERNA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES -


CIPA (NOVO TEXTO)

(Vigente a partir de 3 de janeiro de 2022)

NR-6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

(Última modificação: Portaria MTb 877, de 24/10/2018)

NOVA R-6 - EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

(Vigência: 180 dias após publicação - Portaria MTP 2.175, de


28/07/2022)
A evolução do prevencionismo

NR-9 - AVALIAÇÃO E CONTROLE DAS EXPOSIÇÕES


OCUPACIONAIS A AGENTES FÍSICOS, QUÍMICOS E
BIOLÓGICOS

(Última modificação: Portaria SEPRT nº 6.735, de 10 de março


de 2020)

(Início de vigência: 03 de janeiro de 2022 - Portaria SEPRT 8.873,


de 23/07/2021)

NR-10 - SEGURANÇA EM INSTALAÇÕES E SERVIÇOS EM


ELETRICIDADE

(Última modificação: Portaria SEPRT 915, de 30/07/2019)

A evolução do prevencionismo

NR-11 - TRANSPORTE, MOVIMENTAÇÃO, ARMAZENAGEM E


MANUSEIO DE MATERIAIS

NR-12 - SEGURANÇA NO TRABALHO EM MÁQUINAS E


EQUIPAMENTOS

NR-13 - CALDEIRAS, VASOS DE PRESSÃO, TUBULAÇÕES E


TANQUES METÁLICOS DE ARMAZENAMENTO

NR-14 - FORNOS

NR-15 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES


A evolução do prevencionismo

NR-16 - ATIVIDADES E OPERAÇÕES PERIGOSAS

NR-17 - ERGONOMIA

NR-18 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA INDÚSTRIA


DA CONSTRUÇÃO

NR-19 - EXPLOSIVOS

NR-20 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO COM


INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS
A evolução do prevencionismo

NR-21 - TRABALHOS A CÉU ABERTO

NR-22 - SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL NA


MINERAÇÃO

NR-23 - PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIOS

NR-24 - CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS


LOCAIS DE TRABALHO

NR-25 - RESÍDUOS INDUSTRIAIS


A evolução do prevencionismo

NR-26 - SINALIZAÇÃO DE SEGURANÇA

NR-27 - REGISTRO PROFISSIONAL DO TÉCNICO DE


SEGURANÇA DO TRABALHO (REVOGADA)

NR-28 - FISCALIZAÇÃO E PENALIDADES

NR-29 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO PORTUÁRIO

NR-30 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO AQUAVIÁRIO


A evolução do prevencionismo

NR-31 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA


AGRICULTURA, PECUÁRIA, SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO
FLORESTAL E AQUICULTURA 

NR-32 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM SERVIÇOS


DE SAÚDE 

NR-33 - SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM


ESPAÇOS CONFINADOS

NR-34 - CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO NA


INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO, REPARAÇÃO E DESMONTE
NAVAL
A evolução do prevencionismo

NR-35 - TRABALHO EM ALTURA

NR-36 - SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO EM EMPRESAS


DE ABATE E PROCESSAMENTO DE CARNES E DERIVADOS 

NR-37 - SEGURANÇA E SAÚDE EM PLATAFORMAS DE


PETRÓLEO 
A evolução do prevencionismo

• As Normas Regulamentadoras Rurais - NRR,


aprovadas pela Portaria MTb nº 3.067, de 12/04/1988,
foram revogadas pela Portaria nº 191, de 15/04/2008
do MTE.

- NRR-1 - Disposições Gerais.

- NRR-2 - Serviço Especializado em Prevenção de


Acidentes do Trabalho Rural - SEPATR.

- NRR-3 - Comissão Interna de Prevenção de


Acidentes do Trabalho Rural - CIPATR.

- NRR-4 - Equipamentos de Proteção Individual - EPI.

- NRR-5 - Produtos Químicos.


A evolução do prevencionismo

• Foi considerado a vigência da NR-31 - Segurança e


Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária,
Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura,
aprovada pela Portaria GM nº 86, de 03 de março de
2005.
A evolução do prevencionismo
A evolução do prevencionismo
A evolução do prevencionismo
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