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DIAGNOSTICO

PNEUMOCONIOSES
Para o diagnóstico, deve-se realizar uma anamnese
São doenças crônicas do pulmão, ocasionadas por exposição
detalhada, contendo não só o trabalho atual do paciente,
a agentes pneumotóxicos no ambiente laborativo – em
mas sim todos os trabalhos exercidos por ele desde o inicio
geral, após a exposição longa e continuada ao agente.
de sua vida laboral
São doenças de notificação compulsória, além de ser
Os pacientes com suspeita de pneumoconiose devem
obrigatória a notificação por meio de Comunicação de
realizar espirometria e exame de imagem. A Organização
Acidente de Trabalho (CAT)
Internacional do Trabalho (OIT) elaborou a classificação da
radiografia de tórax a partir do tamanho e da natureza da
Mas por que caracterizar uma doença como ocupacional
imagem → a radiografia de tórax deve ser avaliada por
tem importância? Estabelecer e definir essa associação
tem implicações legais e financeiras na relação entre radiologista com experiência na classificação da OIT
patrões e empregados. Além disso, tem um impacto
individual muito importante, pois, a partir do momento ASBESTOSE
que se define que a doença está relacionada àquela
atividade, o paciente não deve mais exercê-la, o que Asbeto é um termo genérico que é utilizado para descrever
muitas vezes o leva à saída do mercado de trabalho, vários silicatos minerais diferentes, incluindo crisólita e
depressão e impacto financeiro para toda a família amosita, por exemplo.

FISIOPATOLOGIA Típico de países em desenvolvimento atingindo


principalmente os setores de mineração, processamento,
As partículas suspensas no ar — sílica, carvão, asbesto e
construção e reparo de navios.
outras (menores de 3 µm e, especialmente, menores de 0,1
µm) — chegam aos alvéolos, sendo, inicialmente, DEFINIÇÃO
fagocitadas pelos macrófagos ali presentes.
A asbestose é uma doença fibrosante intersticial difusa dos
Porém, como são partículas inorgânicas, não conseguem ser pulmões, estando diretamente relacionada com a
adequadamente eliminadas pelos mecanismos de intensidade e duração da exposição (geralmente, precisa de
imunidade celular e, como consequência, o processo 10 de anos de exposição para a manifestação da doença).
inflamatório se torna crônico.
MECANISMOS DA LESÃO
Componentes anatomopatológico: inflamação, formação Os mecanismos pelos quais as fibras do asbesto induzem
de tecido reparativo granulomatoso e fibrótico
fibrose pulmonar ainda não estão totalmente esclarecidos,
mas parecem envolver danos oxidativos secundários à
Também é importante destacar que existe um forte
produção de espécies reativas do oxigênio pelos metais de
componente genético, embora mecanismos precisos
também não sejam conhecidos. transição presentes na superfície das fibras e também por
meio das células envolvidas na fagocitose.

As características químicas e físicas dos agentes Além da fibrose, outras respostas são: doença pleural,
inalatórios afetam a dose e o local de deposição no trato
câncer e mesotelioma (tumor raro que pode envolver a
respiratório. Por exemplo:
pleura ou o peritônio)
▪ Gases hidrossolúveis (amônia ou o dióxido de
enxofre) - são absorvidos pelo líquido de MANIFESTAÇÕES CLINICAS
revestimento das vias aéreas superiores e
proximais e, por essa razão, tendem a causar 1. Dispneia predominante aos esforços e com piora
respostas irritativas e broncoconstritoras. progressiva
▪ Menos solúveis (dióxido de nitrogênio e o 2. Tosse seca com meses a anos de evolução
fosgênio) - podem penetrar até os bronquíolos e a. Se vier acompanhada de expectoração,
os alvéolos em quantidades suficientes para
provavelmente é relacionada a doença
causar pneumonite química aguda.
▪ Partículas > 10 a 15 μm de diâmetro não das vias aéreas
penetram além do nariz e da garganta. 3. Exame físico: estertores principalmente nas bases
▪ Partículas < 10 μm de diâmetro são depositadas pulmonares
além da laringe 4. Incomum: dor torácica e baqueteamento digital
▪ Partículas < 0,1 μm de diâmetro (ultrafina) -
deposita-se nos pulmões aleatoriamente, DIAGNOSTICO
podendo entrar na circulação e ser levadas aos
órgãos extrapulmonares. História ocupacional + associação aos danos de imagem
Radiografia de tórax: opacidades irregulares ou lineares que reduzidos. A capacidade de difusão de monóxido de carbono
em geral são primeiramente notadas em campos costuma estar reduzida.
pulmonares inferiores. Em alguns casos, observa-se que as
bordas cardíacas estão indistintas ou há um aspecto de DIAGNOSTICO DIFERENCIAL
“vidro fosco” nos campos pulmonares 1. Fibrose pulmonar idiopática

Ocasionalmente, pode haver derrame pleural benigno TRATAMENTO


(exsudato seroso ou sanguinolento que pode aumentar
lentamente ou regredir espontaneamente) e/ou Não há tratamento específico para a doença; ele é de
espessamento pleural, auxiliando no diagnostico diferencial suporte e exige o afastamento da exposição. Como a latência
da doença é grande, muitos pacientes já não se expõem
mais.

O asbesto é a principal exposição inalatória relacionada à


ocorrência de doenças pleurais benignas e malignas

SILICOSE

As principais exposições ocupacionais responsáveis pela


silicose são: mineração; corte de pedras; jato de areia;
produção de vidro e cimento; trabalho em fundições;
empacotamento do pó de sílica; e extração e lavra de rochas,
principalmente granito.

Na maioria dos casos, a fibrose pulmonar causada por


exposição à sílica (silicose) segue um padrão de dose-
resposta após muitos anos de exposição.

Como a sílica causa disfunção de macrófagos alveolares, os


pacientes com silicose correm risco mais alto de contrair
infecções pulmonares que afetam essas células como
defesas primárias (Mycobacterium tuberculosis,
Tomografia (TCAR): pode mostrar alterações distintas de micobactérias atípicas e fungos).
linhas curvilíneas subpleurais de 5 a 10 mm de comprimento
A sílica tem propriedades imunoadjuvantes, e outra
aparentemente paralelas à superfície pleural.
complicação clínica potencial da silicose são os distúrbios
Placa pleural autoimunes do tecido conectivo, inclusive artrite
calcificada em reumatoide e esclerodermia. Além disso, existem dados
indivíduo com epidemiológicos significativos que justificaram a inclusão da
exposição a sílica como provável carcinógeno pulmonar.
asbesto;
EXAMES DE IMAGEM

Radiografia de tórax: infiltração ou consolidação miliar


profusa

TCAR: padrão típico (“pavimentação em mosaico”)

Placas pleurais
difusas
bilateralmente, sem
calcificação.

Espirometria: depende da fase da doença. Em fases


precoces, pode ser normal, mas com o avançar da doença há
presença de distúrbio ventilatório restritivo — CVF e VEF1
Com a exposição menos intensa e mais prolongada, surgem PULMÃO DO FAZENDEIRO
pequenas opacidades arredondadas nos lobos superiores
nas radiografias de tórax depois de 15 a 20 anos de Essa doença resulta de exposição ao feno mofado contendo
exposição, em geral sem prejuízo associado da função esporos de actinomicetos termofílicos que produzem
pulmonar (silicose simples). pneumonite de hipersensibilidade.

Cerca de 20% dos pacientes podem desenvolver QUADRO CLINICO


calcificações dos linfonodos hilares, que produzem um Aguda (4-8 horas após a exposição): febre, calafrios, mal-
padrão característico em “casca de ovo”, vistos mais estar, tosse e dispneia sem sibilos. Evidentemente, a história
claramente à TCAR. de exposição é fundamental para a diferenciação entre essa
doença e a influenza ou pneumonia com sintomas
A fibrose nodular pode ser progressiva, mesmo que não haja
semelhantes.
exposição adicional, com coalescência e formação de
conglomerados não segmentares de massas irregulares > 1 Forma crônica: história de crises repetidas após exposição
cm de diâmetro (silicose complicada). Essas massas podem semelhante é importante para distinguir essa síndrome das
crescer muito e, quando isso ocorre, utiliza-se a expressão outras causas de fibrose difusa (p. ex., sarcoidose).
fibrose maciça progressiva (FMP). A FMP pode estar
associada a disfunção respiratória significativa com PULMÃO DO MINERADOR DE CARVÃO
componentes restritivo e obstrutivo.
O carvão, quando da sua extração em minas, libera uma
Lavagem pulmonar total pode proporcionar alívio série de poeiras, incluindo a sílica, que, quando inaladas,
sintomático e retardar a progressão da doença. podem promover pneumoconiose dos trabalhadores de
carvão, silicose, fibrose pulmonar maciça e doença pulmonar
BERILIOSE obstrutiva crônica.

O berílio é um metal leve, muito usado na indústria A doença é denominada simples se todos os nódulos
aeroespacial. Embora possa causar pneumonite aguda, o pulmonares forem menores de 1 cm de diâmetro. Já a
berílio está associado com frequência muito maior a uma presença de nódulos maiores do que 1 cm de diâmetro
doença inflamatória granulomatosa crônica semelhante à define a pneumoconiose complicada.
sarcoidose, com semelhantes:
Existe uma apresentação clássica resultante da associação
1. Exames de imagem do tórax: nódulos ao longo das
de artrite reumatoide e da exposição ao carvão, a síndrome
linhas septais, exceto pelo fato de que a
de Caplan
linfadenopatia hilar é um pouco menos comum.
2. Provas de função pulmonar: podem demonstrar
déficits ventilatórios obstrutivos e/ou restritivos e MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
redução da capacidade de difusão.
Forma simples: pode ser assintomático ou apresentar algum
O que diferencia a BC da sarcoidose é a evidência de uma grau de tosse e enfisema concomitante.
resposta imunológica celular específica (i.e.,
hipersensibilidade tardia) ao berílio. Alguns podem ter tosse produtiva, com expectoração
escura; eventualmente, podem apresentar cavitação das
O exame que geralmente fornece esse indício é o teste de lesões e hemoptise escurecida — melanoptise.
proliferação dos linfócitos com berílio (BeLPT).
DIAGNOSTICO
Nas fases iniciais da doença, os exames de imagem do tórax
Tempo de latência geralmente longo, de 15 a 20 anos.
e as provas de função pulmonar podem ser normais.
Costuma haver necessidade de fibrobroncoscopia com Radiografia de tórax: pode indicar opacidades intersticiais,
biópsia pulmonar transbrônquica para estabelecer o irregulares, nodulares, com predomínio nos segmentos
diagnóstico de BC → Nos indivíduos sensibilizados ao berílio, pulmonares superiores, eventualmente formando
a presença de granulomas não caseosos ou de infiltrados conglomerados, sendo difícil a distinção com a silicose,
monocíticos no tecido pulmonar confirma o diagnóstico. embora os nódulos desta sejam usualmente maiores.

Na biópsia pulmonar, observa-se acumulação de linfócitos T Espirometria: pode ser normal ou demonstrar distúrbio
CD4+ específicos para o berílio na inflamação restritivo, obstrutivo ou misto.
granulomatosa.
Tomografia de cortes finos de alta resolução: pode mostrar
o padrão típico da doença com infiltrado intersticial nodular,
de predomínio nos campos pulmonares superiores.

TRATAMENTO

Suporte, sendo fundamental o afastamento da exposição.

Em geral, os pacientes com a forma simples não apresentam


evolução progressiva, e possuem sobrevida próxima à
normal.

Por outro lado, aqueles com a forma fibrótica progressiva —


nódulos à radiografia maiores que 1 cm de diâmetro, com
predomínio em ápices — têm sobrevida reduzida e
prognóstico ruim, e podem evoluir com fibrose progressiva,
cor pulmonale, necessidade de oxigênio domiciliar, ou com
uma neoplasia — câncer de pulmão.

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