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• Esse processo irá causar danos à parede alveolar, com

Doenças Intersticiais mudança do epitélio, espessamento


Definição fibrótico(cicatricial) e colapso alveolar. Fisiopatologia

• Interstício: Rede de tecido conectivo que sustenta o • A estrutura alveolar que era delgada, se torna
pulmão. espessada, o que irá dificultar a troca gasosa.

As doenças intersticiais são importantes • Nesta fase, observa-se característica marcante, o


porque acometem os alvéolos, ou seja, acometem a desarranjo das estruturas alveolares e perda de
área funcional do pulmão. Por isso que as doenças unidades alvéolo-capilares funcionantes.
intersticiais costumam ser graves. PROVA!!
- Se distribui em 3 sistemas de fibras: Perivascular, Ou seja, primeiramente tem-se uma irritação
Subpleural e intralobular. do tecido alveolar (pneumócito I e pneumócito II) e do
- Função do interstício: Manter pérvios as vias aéreas tecido vascular. Essa irritação gera um processo
e vasos pulmonares, permitindo as trocas gasosas. inflamatório com todos os sinais da inflamação, sendo
eles rubor, calor, dor, perda de função e principalmente
- O interstício fica na interface entre os alvéolos e edema.
capilares.
Quando se tem edema a parede do alvéolo e
-A doença mais comum atualmente que tem dos vasos se tornam espessadas, prejudicando as
acometimento intersticial é o COVID. As doenças virais trocas gasosas. Além disso, terá um influxo de células
geralmente acometem os interstício e como na maioria (leucócitos e macrófagos) para o local da inflamação
das vezes não são localizados, acabam acometendo que vão poder gerar uma lesão permanente, pois na
difusamente o pulmão. Quando tem um acometimento maioria das vezes, resulta em fibrose.
difuso, têm-se uma lesão mais extensa prejudicando as
trocas gasosas pulmonares.
• Em alguns casos e dependendo da fase do processo,
as lesões podem regredir com tratamento e
• Doença Intersticial: Grupo heterogêneo de situações afastamento do agente causal.
que causam INFLAMAÇÃO e/ou CICATRIZAÇÃO do
tecido pulmonar •Outros casos, mesmo com o emprego destas medidas
de tratamento, evoluem para fibrose.
- Afeta as trocas gasosas e a sustentação vascular,
alveolar e das pequenas vias aéreas. O único tratamento para um pulmão muito lesado,
com muita fibrose, com muita perda funcional é o
- Acomete difusamente o parênquima pulmonar. transplante pulmonar.
- Grande parte das doenças intersticiais são
irreversíveis, resultando em fibrose pulmonar. Esse é
um dos motivos dessas doenças serem graves. • Etiologia
*O covid apesar de deixar sequelas, é reversível. • São divididas em grupos:
- A maioria das doenças intersticiais são pouco comuns. 1) Exposição ambiental e ocupacionais:

- Poeira inorgânica: sílica, asbesto, metais pesados


(indústria do ouro);
Fisiopatologia IMPORTANTE!
Quando o indivíduo inala esse tipo de
• Desencadeado por irritação no epitélio alveolar e/ou
agentes inorgânicos, não tem como retirar eles do
endotélio vascular.
pulmão. Diferentemente de quando é uma bactéria ou
• Seguida por alveolite com acúmulo de macrófagos e fungo, que podem ser tratados.
leucócitos (neutrófilos, linfócitos e eosinófilos)
- Poeira orgânica: bactérias, fungos (aspergillus);

- Poeira de animais (pombos e pneumonite


hipersensibilidade);
- Gases: fumaça, aerossol químico, vapores; Exemplos de doenças autoimunes:

- Talco (fabricação de talco para crianças ou produção - Lúpus eritematoso sistêmico;


de luvas estéreis com talco);
- Doenças reumatóides;
- Radiação iônica.
- Esclerose sistêmica progressiva;

- Síndrome de Sjogren: O sintoma mais comum dessa


2) Fármacos: síndrome é a boca seca, pois diminui a produção de
secreções. A glândula parótida diminui a produção de
- Agentes quimioterápicos (metotrexate,
saliva, o pulmão diminui a produção de muco.
ciclofosfamida,bleomicina..);
- Espondilite anquilosante.
- Antibióticos: sulfonamidas (sulfametoxazol)
/nitrofurantoína (macrodantina);

- Antiarritmicos: amiodarona; 5) Doenças sistêmicas:

Amiodarona causa “Doença do nariz azul” e fibrose - Vasculites: inflamação dos vasos, geralmente
pulmonar. acontece em doenças autoimunes.

- Antirreumáticos: Sais de ouro, penicilamina; - Sarcoidose;

Reumatologistas normalmente pedem para que os - Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo;


pacientes todo ano passem com pneumologistas para
- Hemossiderose pulmonar idiopática;
fazer o teste de função pulmonar.
- DRGE crônica: faz uma irritação crônica do pulmão, o
- Anticonvulsivantes: fenitoína.
que leva a um desenvolvimento de fibrose pulmonar.
→ Esses medicamentos podem causar irritação no
- Amiloidose.
interstício pulmonar e desencadear processos
inflamatórios, mas só quando se tem o uso prolongado. - Pneumonia eosinofílica crônica
Se detectar que alguns desses medicamentos está
gerando perda de função pulmonar, tem que analisar a
hipótese de substituição do medicamento. 6) Pneumonites intersticiais idiopáticas (causa
desconhecida):

- Fibrose pulmonar idiopática (não tem uma causa


3) Infecções: definida): Doenças idiopáticas como não se sabe a
origem, não tem um tratamento específico, tem que
- Fúngica disseminada: blastomicose e Histoplasmose;
tratar de forma empírica.
- Micobactérias disseminadas;
- Bronquiolite obliterante
- Pneumocistose;
- Pneumonia intersticial aguda
- Viroses, entre elas o COVID, H1N1, H3N2, entre
- Pneumonia intersticial linfocitária
outros.

Portanto: as principais causas definidas de Doenças


4) Doenças do colágeno (Doenças autoimunes):
Intersticiais são viroses, fungos e doenças
-As doenças autoimunes são extremamente ocupacionais. A grande maioria ocorre decorrente de
importante na doença intersticial, pois agridem o pneumonites intersticiais idiopáticas, no entanto, essas
tecido alveolar e vascular do próprio indivíduo. Além da patologias não possuem uma causa definida.
própria doença causar essas lesões, o tratamento
dependendo dos medicamentos utilizados também
agrediram os tecidos pulmonares.
Sintomas Exames Complementares
• Dispneia – queixa mais comum (início insidioso). • Laboratoriais:

• Tosse seca – 2º sintoma mais comum. - Nenhum é específico para doença pulmonar, mas sim
para outras patologias que podem afetar o pulmão:
• Hemoptise – não é comum, fala a favor de Lúpus,
vasculites, doenças do colágeno e sarcoidose.
Vasculites, pois os vasos estão frágeis nessas doenças e
podem ser lesados com facilidade. -Como nenhum exame é específico para doença
pulmonar, tem que descartar outros tipos de patologias
• Dor torácica: Não é recorrente, só acontece quando
ou outras doenças que são associadas a fibrose
tem acometimento de pleura parietal e é mais comum
pulmonar.
na sarcoidose.
- Avaliar função renal: paciente com Doenças
• Sibilos e roncos: Manifestações raras, podem ocorrer
Intersticiais também sofrem com sobrecarga renal.
na linfangite carcinomatosa, pneumonite eosinofílica,
bronquiolite... - Fator reumatoide;

- Fator antinucleo (FAN): pesquisa doenças


autoimunes.
Diagnóstico
- Anticorpo anticitoplasma de neutrófilos (ANCA).
- História clínica é fundamental: diagnóstico e agente
etiológico.
•Exames Complementares de imagem
Saber que horas que o paciente apresenta
tosse, como é essa tosse, saber se o paciente possui
falta de ar, se a falta de ar é progressiva, a quanto
tempo o paciente tem dificuldade respiratória (se faz →RX tórax:
tempo que tem dificuldade respiratória pode ser - Pode ser normal em até 10% mesmo o indivíduo
infecção por fungos e não um caso mais agudo), entre estando com lesões pulmonares. Por esse motivo
outros questionamentos são importantes para saber quando se tem a possibilidade, deve se pedir uma
mais sobre a história do paciente e ajuda o médico na tomografia e não um RX.
hipótese diagnóstica.
- Achados mais comuns: padrão reticular com
- Idade, sexo, antecedentes pessoais e familiares, etnia, diminuição do volume pulmonar. Tem-se um padrão
ambiente de trabalho e domiciliar. Saber se possui reticular porque o pulmão vai fibrosando, então ele vai
contato com animais, mofo, tabagismo e uso de diminuindo e a cúpula diafragmática vai ficando mais
medicamentos devem ser questionados. elevada. Não é exclusivo de Doenças Intersticiais.

Exame Físico
• Pode ser normal ou com alterações pouco específicas.
Não tem um sinal patognomônico de Doenças
intersticiais.

• Estertores crepitantes localizado no 1/3 inferior é


notado quando há fibrose.

• Hipertensão pulmonar e sinais de cor pulmonale são


notados em fases avançadas de Doenças Intersticiais.

• Cor pulmonale (insuficiência do coração decorrente


de problemas pulmonares): cianose, dispneia intensa, -Imagem A
tosse, edema de membros inferiores, aumento
hepático e estase jugular.
Imagem da esquerda: É uma imagem de RX com
presença de vidro fosco na base do pulmão. Perceba
que tem como se fosse uma “fumaça” na base do
pulmão. Perceba também que a cúpula diafragmática
-Imagem B ainda está baixa pois o pulmão não foi acometido
difusamente.
-Perceba que na imagem B a cúpula diafragmática está
bem elevada. Isso aconteceu devido a fibrose pulmonar Imagem da direita: É uma tomografia, um corte da
que fez com que o pulmão “diminuísse” de tamanho. parte inferior do pulmão. Tem a presença de
Além disso pode-se dizer que existe uma opacificação, faveolamento e a presença de espessamento da parede
pois existe espessamento dos alvéolos difusamente. dos alvéolos.

-Imagem C -Imagem D
-Infiltrado difuso. Presença de vidro fosco. -Na imagem D é possível observar um faveolamento
Diferença entre vidro fosco e opacificação: mais intenso do lado esquerdo, mas também existe
lesões do lado direito. Sempre que tem faveolamento
-Vidro fosco: É como se fosse uma “fumaça” no RX. já tem destruição de septos alveolares.
-Opacificação: A imagem fica totalmente branca no
local acometido.

→TC tórax:

- Ideal TC alta resolução, por mostrar parênquima com


mais detalhes. Mesmo assim, não é específico para
Doenças Intersticiais.

- Exame de escolha para doença intersticial

- Achados mais comuns: vidro fosco e lesões em favo -Imagem E


de mel (faveolamento)
-A imagem E é de fibrose pulmonar idiopática.
Classificação
• Existem mais de 180 tipos de patologias que podem
ser englobadas nas doenças intersticiais do pulmão.

• São classificadas em 2 grandes grupos:

1) Origem conhecida

2) Origem desconhecida (+ comum)


-Imagem F

-A imagem F é de uma Pneumonia Intersticial Linfóide.


• Entidades Específicas mais comuns:

a) Fibrose pulmonar idiopática:

- Mais comum em fumantes ou expostos a fumaça de


madeira (indústria do carvão, churrasqueiro). Mais
comum, não quer dizer que não aconteça em paciente
que não são fumantes nem que nunca tenham tido
contato com fumaça de madeira.
-Imagem G
-Sugere-se também fatores genéticos, virais e
-A imagem G tem a presença de faveolamento. autoimune.
• Espirometria:

Na espirometria pode haver 2 possíveis padrões: b) Sarcoidose:


Padrão obstrutivo e Padrão restritivo - Doença multissistêmica de origem desconhecida

- Ocorre mais em negros


Doenças obstrutivas Tem lesão do interstício
(asma, DPOC,...)
Atacam mais a via aérea, c) Pneumonites de hipersensibilidade:
o brônquio. - Resultante da inalação repetida e da sensibilização a
muitas partículas orgânicas.
- Nas Doenças Intersticiais têm-se o padrão restritivo.
- Também conhecida como alveolite alérgica extrínseca
- Redução CVF (Capacidade Vital Forçada) e Volume
residual - Afastando o agente causal pode estabilizar e até
regredir.
- Relação VEF1/CVF: normal ou aumentada-> Muitas
vezes o índice de Tiffeneau está normal, porque os dois
valores foram reduzidos.
Tratamento
• Cada patologia pode ter seu tratamento específico.
• Biópsia :
• Se conhecido, afastar agente causal. Ou seja, afastar
-Quando o médico quer ter certeza de que existe o agente que irrita, que lesa o pulmão.
fibrose pulmonar tem que realizar a biópsia.
• Grande parte do tratamento é feito com corticoides
- Agulha transbrônquica ou cirúrgica. que diminuem a inflamação e consequentemente
- Indicada para identificação etiológica da lesão geram fibrose.
intersticial com obtenção de material para estudo
anátomopatológico.

-Único método que da certeza de diagnóstico.

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