Você está na página 1de 15

PATOLOGIA ESPECIAL II – PROVA 1 Complicações

INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO São as síndromes coronarianas agudas,


compostas pelo infarto agudo do miocár-
ATEROSCLEROSE
dio (com e sem supradesnivelamento de
É uma doença inflamatória crônica que segmento ST) e pela angina estável. O aci-
acomete artérias de grande e médio cali- dente vascular cerebral também é uma
bre. Inicia-se com a agressão ao endotélio, complicação da aterosclerose.
determinada pela presença de fatores de
Artéria: macroscopia
risco para aterosclerose.

Fisiopatologia

Na presença de disfunção endotelial, há


perda da permeabilidade da camada íntima
com consequente redenção de LDL e oxi-
dação dessas moléculas. Da mesma
forma, a disfunção endotelial acarreta em
surgimento de moléculas de adesão leu-
cocitária. Monócitos e linfócitos são atraí-
dos e os monócitos migram para o espaço
subendotelial, onde se diferenciam em
macrófagos. Ali, captam moléculas oxida-
das de LDL, formando as células espumo-
sas (ou xantomizadas).

Alguns desses mediadores inflamatórios,


produzidos em resposta à disfunção endo-
telial, estimulam a migração e proliferação
de células musculares lisas da camada
média para a íntima. Essas irão produzir ci-
tocinas, fatores de crescimento e matriz Artéria: microscopia
extracelular, culminando na formação da
placa aterosclerótica.

Ateroma

As placas podem ser estáveis ou instáveis.


Nas estáveis, há predomínio de colágeno,
que forma uma capa fibrosa espessa, con-
tendo escassas células inflamatórias e
poucos núcleos lipídicos. As placas instá-
veis apresentam intensa atividade inflama-
tória, sendo compostas por um núcleo lipí-
dico proeminente e uma capa fibrosa fina.

1
Até 6 horas de evolução, não há alterações
visíveis no tecido, mesmo à microscopia
óptica. De 6 a 12 horas após o evento, apa-
rece uma área pálida pouco definida, com
ou sem estrias hemorrágicas (resto de san-
gue nas paredes vasculares lesadas por
anóxia). De 12 a 24 horas, surge uma área
pálida cuneiforme, delimitada por halo hi-
perêmico-hemorrágico, com base voltada
para a cápsula do órgão e vértice para o
vaso ocluído. De 24 a 48 horas, há defini-
ção de área cuneiforme ou “em mapa geo-
INFARTO gráfico”.
O IAM é a necrose das células miocárdicas Do 2º ao 5º dia, forma-se halo branco-
devido à oferta inadequada de oxigênio ao acinzentado, com deposição de fibrina na
músculo cardíaco. É causado pela redução serosa capsular. A partir do 5º dia, há pro-
do fluxo sanguíneo coronariano de magni- liferação fibro e angioblástica.
tude e duração suficientes para não ser
INFARTO VERMELHO/HEMORRÁGICO
compensada pelas reservas orgânicas, le-
vando à isquemia e, por consequente, à ne- Consiste numa área edematosa e hemor-
crose. rágica, ocasionada por hipóxia letal local,
em território com circulação preferencial-
Fisiopatologia
mente do tipo dupla ou colateral. Tanto a
Resulta da ruptura ou erosão de uma placa oclusão arterial como a venosa podem
aterosclerótica, desencadeando um pro- causar infartos vermelhos.
cesso de cascata, o qual reduz de forma
Histologia (IAM)
crítica o fluxo sanguíneo na artéria coro-
nária por espasmo coronário ou formação Observam-se necrose coagulativa isquê-
de trombo. Assim, desencadeia-se a isque- mica, inflamação, fagocitose de restos ce-
mia cardíaca e, por fim, a necrose e fibrose lulares e reparação tecidual por tecido fi-
do tecido miocárdico. broso.
Classificação

INFARTO BRANCO/ANÊMICO/ISQUÊMICO

Consiste numa área de necrose de coagu-


lação (isquêmica) ocasionada por hipóxia
letal local, em território com circulação do
tipo terminal. A causa é sempre arterial
(por oclusão tromboembólica ou compres-
siva). Os órgãos mais comumente lesados
são os rins, o baço, o coração e o cérebro.

2
Macroscopia (IAM)

Figura 2 Miocárdio com necrose: ausência de núcleos


nos miócitos

ASMA E ENFISEMA

HISTOLOGIA PULMONAR

O trato respiratório superior é composto


por nariz externo, cavidade nasal, seios
maxilares, faringe, laringe e porção superior
da traqueia. O trato respiratório inferior é
composto por porção inferior da traqueia,
Microscopia (IAM)
brônquios, bronquíolos, alvéolos, pulmões
e pleuras.

Figura 1 Miocárdio normal

3
dos linfócitos T auxiliares tipo 2 (TH2)
pode ser crítico na patogenia da asma.

Asma atópica

A asma atópica é o tipo mais comum de


asma, com início na infância, e representa
um exemplo clássico de reação de hiper-
sensibilidade tipo I mediada por IgE. A do-
ença é desencadeada por antígenos ambi-
entais, como poeira, pólen, pelos de ani-
mais e alimentos. Infecções também po-
dem desencadear a asma atópica.

Asma não atópica

Os pacientes com a forma não atópica da


asma não apresentam evidência de sensi-
bilização a alérgenos; os resultados dos
testes cutâneos alérgicos são geralmente
ASMA negativos. Infecções respiratórias associ-
adas à etiologia viral e poluentes aéreos
A asma é uma desordem inflamatória crô- inalados são estímulos comuns. Acredita-
nica das vias aéreas. Os postos-chave da se inflamação da membrana mucosa indu-
doença são obstrução intermitente e re- zida por vírus reduza o limite de tolerância
versível das vias aéreas, inflamação crô- dos receptores vagais subepiteliais aos ir-
nica dos brônquios com eosinófilos, hi- ritantes.
pertrofia e hiper-reatividade das células
musculares lisas brônquicas e aumento Macroscopia
na secreção de muco. Apresenta-se com pulmões distendidos
A asma pode ser classificada como atópica com pequenas áreas de atelectasia, além
(evidência de sensibilização a alérgenos; de presença de muco espesso contendo
frequente em pacientes com histórico de ri- células epiteliais.
nite alérgica, eczema) e não atópica.

Os principais fatores etiológicos da asma


estão relacionados com a predisposição
genética à hipersensibilidade do tipo I
(atópica), inflamação aguda ou crônica das
vias aéreas e hiperresponsividade a uma
variedade de estímulos. A inflamação en-
volve uma série de células e numerosos
mediadores inflamatórios, porém o papel Figura 3 Pulmão à direita é o acometido (sem espaço en-
tre pulmão e arcabouço ósseo, indicando distensão)

4
Figura 4 Pulmão surperinsuflado, aparência normal. Figura 8 Dilatação dos brônquios e acúmulo de muco
("rolhas" em branco)

Figura 5 Bronquiectasias.
Figura 9 Colapso do lobo inferior (alvéolos sem ar) por
compressão extrínseca pela presença de líquido na cavi-
dade pleural.

Microscopia

Caracterizada por um infiltrado inflamató-


rio (eosinófilos – células vermelhas bilo-
buladas) com edema. Há espessamento
da parede brônquica, decorrente de hiper-
Figura 6 Visão aproximada do pulmão, com área focal di-
trofia e hiperplasia da musculatura lisa.
latada do brônquio se estendendo na superfície pleural,
típica localização da bronquiectasia. Observa-se também hiperplasia glandular
(contra agentes infecciosas) com aumento
da produção de muco (tampões de muco).
Ocorre espessamento da membrana ba-
sal, descamação do epitélio respiratório e
proliferação vascular (congestão vascu-
lar).

Figura 7 Bronquiectasia com dilatação do brônquio e fi-


brose entre os lobos e das pleuras.

5
asma, parte post mortem), hipertrofia da musculatura
lisa e congestão vascular.

Figura 10 Entre cartilagem brônquica e lúmen preenchido


por muco, há submucosa alargada pela hipertrofia do
músculo liso, edema e inflamação eosinofílica.
Figura 14 Brônquio dilatado, parede e mucosa não identi-
ficáveis por inflamação necrotizante (aparência micros-
cópica da bronquiectasia). Não específico de asma.

ENFISEMA

É a dilatação permanente dos espaços aé-


reos distais com destruição da parede
sem fibrose. Sua principal causa é o taba-
gismo. Causa sintomas secundários como
hipertensão pulmonar, pneumotórax, aci-
Figura 11 Maior aumento, numerosos eosinófilos.
dose respiratória e até coma.

Macroscopia

Existem diversos tipos de enfisema, porém


os principais são o bolhoso e o centroaci-
nar. O bolhoso é o tipo mais característico
e se apresenta com bolhas menores que 1
cm no espaço subpleural, sobretudo em
ápices pulmonares. Há hiperinsuflação aci-
Figura 12 Epitélio parcialmente preservado com infiltra- nar dos alvéolos com destruição das pare-
ção por células inflamatórias, espessamento da mem-
brana basal (inflamação crônica) e hiperplasia da mus-
des, formando bolhas e atrofia. O padrão
culatura lisa e das glândulas mucosas. Cartilagem no centroacinar é o mais comum, correspon-
canto inferior direito.
dendo a 85%.

Figura 15 Enfisema bolhoso - perda de parênquima pul-


Figura 13 Corte longitudinal do brônquio. Lúmen preen-
monar pela destruição de alvéolos, com dilatação per-
chido por muco e células epiteliais descamadas (parte
manente dos espaços e perda de elasticidade.

6
Figura 16 Pontos enegrecidos são os pigmentos antra-
cóticos, depositados em macrófagos nas paredes dos
alvéolos (apenas peças à fresco).

Figura 19 Enfisema

Figura 17 Padrão centro-lobular. Buracos negros com


coleções de pigmento antracótico.

Microscopia

Caracterizada pela presença de paredes fi-


nas sem fibrose e alvéolos arrebentados.

Figura 18 Pulmão enfisematoso, paredes finas, sem fi-


brose, e alvéolos arrebentados
Figura 20 Pegadinha, pulmão normal (alvéolos de
mesmo tamanho).

7
SABER PARA A PROVA dos pulmões, os macrófagos tentam con-
ter a infecção fagocitando-o. Todavia, o ba-
 Fisiopatologia da asma
cilo continua a se multiplicar dentro do
 Microscopia da asma
macrófago e este o apresenta para as cé-
 Macroscopia do enfisema
lulas T CD4. Essas, por sua vez, libera cito-
 Microscopia do enfisema cinas quimiotáticas para mais células infla-
matórias (monócitos e linfócitos). Além
disso, elas também ativam os macrófagos,
TUBERCULOSE
que se diferenciam em células epitelioides,
É uma doença inflamatória crônica granu- que, junto às demais células inflamatórias,
lomatosa e infecciosa, cujo agente infecci- gerarão o granuloma.
oso é o bacilo de Koch (Mycobaterium tu-
Em indivíduos imunocompetentes, existem
berculosis). Sua transmissão se faz atra-
células T CD4 suficientes para ativar os
vés de aerossóis eliminados pela tosse de
macrófagos.
pacientes bacilíferos (forma pulmonar).
O primeiro contato estabelece a tubercu-
FISIOPATOLOGIA
lose primária, comum em crianças. O ba-
Através da via inalatória, o bacilo chega até cilo é inalado, depois fagocitado por ma-
os alvéolos. Ao alcançar a região média crófagos e levado aos linfonodos hilares.
Após 2 semanas, ocorre a ativação dos

8
macrófagos pelas células T CD4, secre- tuberculose miliar, uma vez que forma nó-
tando citocinas e culminando na destruição dulos pequenos e amarelados.
dos bacilos. Os linfócitos T CD8 lisam os
Por fim, há ainda a tuberculose dissemi-
macrófagos infectados, gerando granulo-
nada, que ocorre pela disseminação do ba-
mas com necrose central. Esse granuloma
cilo pela árvore traqueobrônquica, linfática
sofre calcificação e, juntamente com a lin-
ou sanguínea.
fadenomegalia hilar (presença do bacilo),
compõe o complexo de Gohn. EVOLUÇÕES

A reativação dos bacilos presentes no Cura: calcificação


complexo de Gohn (foco primário), bem
Contenção dos focos infecciosos
como a reinfecção pelo bacilo, pode acar-
rear em tuberculose secundária. É mais Disseminação: por via hematogênica, na
comum em adultos e compreende uma re- qual há macrófagos infectados circulantes,
ação inflamatória com granulomas coa- podendo culminar em tuberculose extra-
lescentes e necrose caseosa. pulmonar. Há também disseminação a
partir do complexo primário, com migra-
A tuberculose disseminada ocorre em si-
ção de macrófagos para os linfonodos (for-
tuações de ausência de resposta imune, o
mação do complexo de Gohn).
que permite disseminação do bacilo por
via hematogênica. Também chamada de

9
CAUSAS Figura 21 Granulomas com necrose central (necrose li-
quefativa e coagulativa)
 Empobrecimento da população
 Envelhecimento da população
 Surgimento da endemia do HIV
 Aumento das migrações (internas e
externas)
 Taxas de abandono e irregularidade
do tratamento para tuberculose, HIV
e coinfecções
 Tabagismo, uso de drogas ilícitas e Figura 22 Linfonodo hilar do complexo de Gohn (à
esquerda) e necrose caseosa (à direita).
etilismo
 Resistência bacteriana aos medica-
mentos anti-tuberculose
 Doenças da modernidade (carci-
noma, diabetes mellitus, obesidade,
etc.)

POPULAÇÕES MAIS VULNERÁVEIS

São, em ordem decrescente: população em


situação de rua (x 60), privada de liberdade Figura 23 Tuberculose miliar (pequenos nódulos amare-
lados).
(x 40), infectados pelo vírus HIV (x 30) e po-
pulação indígena (x 4). Segundo a OMS MICROSCOPIA
(2008), cerca de 1/3 da população, equiva-
lente a 100 milhões por ano, está infectada
pelo bacilo da tuberculose.

MACROSCOPIA

10
da via aérea, isto é, a presença do micror-
ganismo no epitélio/mucosa, sem evidên-
cias de efeitos adversos ou de reações do
hospedeiro, fato que predispõe à infecção.

A depuração mucociliar, 3ª barreira, pro-


move o aprisionamento do agente no
muco e a sua eliminação através da vibra-
ção ciliar. Quando a depuração mucociliar
Figura 24 Bacilos dentro de macrófagos.
é insuficiente para eliminar o agente, de-
senvolve-se a tosse, que é a 4ª barreira. Os
PNEUMONIA componentes celulares (macrófagos e
neutrófilos) e os componentes funcionais
É a infecção do parênquima pulmonar ou do ambiente alveolar (imunoglobulinas,
simplesmente a inflamação do trato respi- complemento e surfactante) constituem a
ratório inferior. O principal agente etiológico 5ª barreira ao agente infeccioso.
é o Streptococcus pneumoniae. Mani-
festa-se com febre (menos frequente em A pneumonia pode se desenvolver por di-
idosos), calafrio, dor torácica ventilatório- minuição da eficiência dos mecanismos
dependente, expectoração purulenta ou pi- de defesa ou quando a quantidade do
osanguinolenta. agente infectante satura os mecanismos
de defesa.
A prevalência é duvidosa pois não é uma
doença de notificação compulsória. Mas CLASSIFICAÇÃO
estima-se que seja, em média, de 12 a 40  Segundo o agente etiológico
casos por 1000 habitante por ano, sendo o Pneumocócica
80% desses com tratamento domiciliar. o Estafilocócica
FISIOPATOLOGIA o Por gram-negativos
o Por H. influenzae
A infecção pulmonar ocorre após um mi- o Atípica
crorganismo ter vencido as barreiras de o Viral
defesa do hospedeiro. A 1ª barreira, a fil- o Fúngica
tração aerodinâmica, é promovida pelas o Aspirativa
mudanças no regime de fluxo das vias aé-  Segundo a natureza da resposta do
reas (turbilhonamento). hospedeiro (ex.: supurativa).
A 2ª barreira é constituída pela mucosa e  Segundo distribuição macroscópica
epitélio da naso e orofaringe. Em conjunto, o Broncopneumonia
as duas barreiras favorecem, fazendo com o Pneumonia lobar
que os microrganismos sejam precipita-
Pneumonia típica
dos, deglutidos, ou eliminados na expira-
ção. Entretanto, se houver aderência do Possui apresentação lobar ou lobular.
agente ao epitélio, pode haver colonização Seus agentes são Streptococcus pneumo-

11
niae (mais frequente), Haemophilus influ- determinam a consistência endurecida do lobo,
enzae, Moraxella catarrhalis, S. aureus e de onde provem o termo hepatização vermelha
Legionella sp. (consistência semelhante ao fígado).

O Staphylococcus aureus e os bacilos en- c) Hepatização cinzenta: nesse estágio, ocorre


desintegração progressiva das hemácias e per-
téricos gram-negativos são mais frequen-
sistência do exsudato fibrinossupurativo den-
tes em idosos e em paciente que fizeram
tro da luz alveolar, o que dá ao lobo a aparência
uso de antibiótico recentemente. macroscópica, cinza acastanhada e ressecada.
Pneumonia atípica Há aumento de células inflamatórias e fibrina
nos alvéolos, além da diminuição do conges-
Possui apresentação atípica. Seus agentes tão e do número de bactérias.
são Mycoplasma pneumoniae, Chlamydia,
d) Resolução: estágio final, o exsudado conso-
vírus (sincicial respiratório, parainfluenza,
lidado na luz alveolar sofre digestão enzimá-
influenza A e B, adenovírus, CMV) e Coxi-
tica progressiva (lise da fibrina e redução do
ella. exsudato), e os restos granulares semilíquidos,
MORFOLOGIA: Pneumonia lobar reabsorvíveis são eliminados pelos macrófa-
gos ou pela tosse, permitindo a penetração do
Apresenta disseminação uniforme nos lo- ar nos alvéolos.
bos pulmonares, dando ao parênquima um
padrão homogêneo. Normalmente é cau-
sada pelo S. pneumoniae. Geralmente é a MORFOLOGIA: Pneumonia atípica
extensão de uma bronquite ou bronquiolite.
Ocorre uma reação inflamatória no inters-
Constitui uma infecção bacteriana aguda, com-
prometendo todo um lobo do pulmão ou
tício pulmonar de forma zonal ou difusa,
grande parte dele. O comprometimento focal deixando septos alargados pelo edema
(lobular) ou extenso (lobar) depende das con- gerado. Seu aspecto macroscópico é inca-
dições do hospedeiro. racterístico.

EVOLUÇÃO: Pneumonia lobar Podem ser atingidos lobos inteiros de um


ou ambos os pulmões. As áreas afetadas
Nas formas de comprometimento predomi-
têm aspecto endurecido, de coloração ver-
nantemente alveolar, na pneumonia lobar, são
descritos quatro estágios. melho- azulada. A reação se localiza nas
paredes alveolares e os septos tornam-se
a) Inicial ou congestão: o lobo apresenta-se pe- alargados e infiltrados.
sado, úmido e avermelhado, com ingurgita-
mento vascular, numerosas bactérias, líquido e A luz alveolar é livre, podendo haver um
poucos neutrófilos na luz alveolar. Há intensa pouco de material hemorrágico com restos
congestão dos capilares septais e edema. celulares, fato que reflete a lesão alveolar.
b) Hepatização vermelha: o lobo apresenta-se Macroscopia revela apenas congestão.
avermelhado, firme e desprovido de ar, devido Nos alvéolos, há pouco liquido e, nos casos
à exsudação maciça e à presença de hemácias, graves, encontra-se uma membrana hia-
neutrófilos e fibrina na luz alveolar. Os alvéolos lina, indicativa de dano alveolar.
ficam repletos de fluidos, fibrina e bactérias,
havendo exsudação maciça. Esses elementos

12
Dependendo do agente etiológico, podem A radiografia de tórax deve ser realizada
apresentar certos elementos. Na virose, em todo paciente com suspeita de pneu-
são vistos necrose do epitélio alveolar e monia. É capaz de diferenciar de infecções
bronquiolar, células gigantes e inclusões traqueobrônquicas, abscessos, lesão cavi-
características. tárias, obstruções brônquicas e derrames
pleurais. Também é utilizada para avalia-
COMPLICAÇÕES
ção de critérios de gravidade
Incluem desde um derrame pleural exsu-
MACROSCOPIA
dativo até um abscesso pulmonar. Esse úl-
timo compreende uma coleção de pus. É re-
sultado da agressão e da destruição tecidual,
com formação de cavidades, nas quais se acu-
mula secreção purulenta constituída por restos
celulares, microrganismos e células inflamato-
rias. Complicações caracteristicamente bac-
terianas, com patógeno de grande lesão teci-
dual (S. aureus, K. pneumoniae).

MICROBIOLOGIA

Exames que devem ser recomendados no


quadro de pneumonia:

 Para pacientes ambulatoriais


1. Radiografia de tórax, incidências
póstero-anterior (PA) e lateral
(perfil)
2. Hemograma completo
 Para pacientes que necessitem de
internação
1. RX de tórax e hemograma, além
de
2. Hemocultura MICROSCOPIA
3. Bacterioscopia do escarro direto
ou aspirado transtraqueal
4. Broncofibroscopia com lavado
brônquico, escovado brônquico
(com escova protegida) e bio-
psia transbrônquica
5. Punção biopsia aspiratória
transtorácica
6. Gasometria arterial
7. Bioquímica de função renal:
Figura 25 Inflamação aguda fibrinopurulenta, pulmões de
ureia/creatinina aspecto compacto (sem alvéolos arejados - preenchidos

13
por exsudato) e necrose dos septos indicando evolução
para abcesso (necrose liquefativa do parênquima por
ação de bactérias e neutrófilos).

Figura 27 Pulmão normal, alvéolos livres, espessura e


textura dos septos interalveolares delicadas, com
celularidade muito inferior à áreas inflamadas.

Abscesso é uma infecção purulenta que


forma uma cavidade nova, enquanto o em-
piema é composto por pus que se acumula
em uma cavidade pré-existente. O flegmão
é formado por exsudato que se espalha
pelo tecido, porém não forma cavidade.

Figura 28 Septos interalveolares espessados e células


espessadas às custas de infiltrado inflamatório crônico
(quadro viral).

Figura 26 Alvéolos preenchidos por exsudato seroso


(proteico - aspecto róseo homogêneo).

Figura 29 Material róseo e finamente granuloso na luz


dos alvéolos, pontos basófilos correspondem aos nú-
cleos dos parasitas. Alvéolos podem conter macrófagos,
mas não neutrófilos.

14
Figura 30 Pneumonia intersticial por Pneumocystis cari-
nii - fungo que causa pneumonia em pacientes imu-
nocomprometidos. Forma colônias de aspecto espu-
moso na luz dos alvéolos, espessadas por células infla-
matórias crônicas.

15

Você também pode gostar