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CONCEITO Sistema Único de Saúde de pacientes com mais de 40 anos, com cerca de 200.000
hospitalizados e gasto anual aproximado de 72 milhões de reais.
A DPOC se caracteriza pela presença de obstrução crônica do fluxo aéreo, que
não é totalmente reversível, sendo geralmente progressiva e está associada a Outro ponto importante é que a incidência da doença é maior em homens do que
uma resposta inflamatória anormal dos pulmões à inalação de partículas ou gases em mulheres e aumenta acentuadamente com a idade. As diferenças em relação
tóxicos, causadas primariamente pelo tabagismo. O processo inflamatório crônico ao sexo possivelmente se relacionam à maior prevalência do tabagismo e à maior
pode alterar os brônquios (bronquite crônica), bronquíolos (bronquiolite exposição ocupacional dos homens.
obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). FATORES DE RISCO/ETIOLOGIA
As alterações não se restringem aos pulmões, pode ocorrer efeitos sistêmicos
adversos, como baixo índice de massa corporal e repercussões sobre a
musculatura esquelética, principalmente em pessoas com estágio mais avançado.
A DPOC também pode ter origem ocupacional, estudos revelaram associação da A DPOC decorre da interação de fatores ambientais e fatores do hospedeiro.
doença com a exposição à industriais de borracha, plástico, couro, têxtil, moagem Entre os fatores do hospedeiro, pode-se apontar as alterações genéticas, cuja
de grãos, produtos alimentícios, entre outros segmentos de produção. O principal representante é a deficiência de alfa-1 antitripsina, presença de
percentual de DPOC atribuído ao trabalho foi estimado em 19,2% no geral e em hiporresponsividade brônquica, desnutrição, prematuridade e redução do
31,1% entre os não-fumantes. crescimento pulmonar durante a gestação e a infância.
EPIDEMIOLOGIA Deficiência de alfa-1-antitripsina
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, 210 milhões de pessoas no É uma doença genética autossômica recessiva que afeta crianças e adolescentes,
mundo tem DPOC e a estimativa era de que no Brasil, em 2020, a doença se podendo causar enfisema pulmonar e cirrose hepática. A ausência desta enzima
tornaria a terceira principal causa de morte. deixa livre a elastase neutrofílica que vai degradando gradualmente o
Nos países industrializado, 5%-10% da população adulta sofrem de DPOC. No ano parênquima pulmonar.
de 2004, a prevalência de DPOC no Brasil, em adultos maiores que 40 anos, era Entre os fatores ambientais, a exposição ao tabaco, gases e substâncias tóxicas,
de 12% da população, ou seja, 5.500.000 indivíduos. Dados mais atual, constatam são os principais predisponentes para a DPOC. Mas outros tipos de fumo, como
que em indivíduos nessa mesma faixa etária, houve uma prevalência de 15,8% na cachimbo, narguilé, maconha e a exposição passiva também contribuem para
região metropolitana de São Paulo, sendo 18% entre os homens e 14% entre as causar e piorar a doença. O risco é maior com o aumento progressivo do
mulheres. Nos últimos 10 anos, DPOC foi a 5º maior causa de internação no consumo. Outros fatores ambientais de risco são à exposição à poeira
ocupacional (industrias de borracha, plástico, couro, têxtil, moagem de grãos e
produtos alimentícios) a irritantes químicos e à poluição extra e intradomiciliar, Incialmente, essas partículas ou gases nocivos ativam as células inflamatórias
isso inclui a poluição ambiental, a queima da biomassa como as queimadas de ditas anteriormente, as quais passam a liberar vários mediadores (leucotrieno B4,
lavouras e uso de lenha para cozinhar, como o fogão a lenha. Além desses, tem-se Il-8, TNF-a), que são capazes de lesar as estruturas pulmonares e manter a
a ocorrência de infecções respiratórias graves na infância, como a asma e o baixo inflamação neutrofílica, levando a um cíclico processo de destruição e
nível socioeconômico. regeneração.
As substâncias do tabaco causam uma série de alterações nas vias aéreas: Ocorre infiltração de células inflamatórias no epitélio, hipertrofia e hiperplasia de
glândulas mucosas, com hipersecreção de muco, e redução do número de cílios.
1. Estimulam a produção de muco e a hipertrofia das glândulas submucosas;
2. Reduzem ou bloqueiam o movimento ciliar das células epiteliais; Vias aéreas periféricas (menores que 2 mm de diâmetro)
3. Ativam macrófagos alveolares a secretar fatores quimiotáticos;
Ocorrem ciclos repetidos de lesão e reparo de suas paredes, promovendo
4. Ativam neutrófilos, que passam a produzir mais enzimas proteolíticas,
remodelamento estrutural, por meio de deposição de colágeno e formação de
como a elastase;
tecido cicatricial, além de aumento da musculatura lisa, o que redução o lúmen,
5. Inibem a atividade da a-1-antitripsina, enzima inibidora fisiológica da
levando à obstrução fixa.
elastase.
Parênquima pulmonar
Asma
Fatores genéticos e a ação de células e mediadores inflamatórios, provoca um
A presença de hiper-reatividade brônquica na DPOC é denominada Bronquite
desequilíbrio entre proteinases e antiproteinases, que juntamente com o estresse
asmática obstrutiva crônica, que se difere da Asma. Na verdade, DPOC e asma são
oxidativo, leva à lesão do parênquima pulmonar. Os neutrófilos ativados no
patologias distintas, mas podem superpor-se. Na asma, a inflamação depende de
processo inflamatório devido a inalação de fumaça nociva, liberam de forma
linfócitos TCD4, eosinófilos, basófilos e mastócitos, havendo pouca fibrose; na
maciça as proteinases, produzindo um quadro de Enfisema Pulmonar.
bronquite a inflamação é dependente de linfócitos TCD8 citotóxicos, macrófagos
Concomitantemente, fatores genéticos são responsáveis por uma falha nos
e neutrófilos, estimulando a fibrose das vias aéreas. Porém, alguns casos de asma
sistemas de bloqueio das proteinases, levando a uma amplificação do dano
podem evoluir com remodelamento das vias aéreas, levando à obstrução crônica
broncopulmonar. Esse dano geralmente se inicia envolvendo as regiões
progressiva por mecanismo fibrogênico, desenvolvendo um quadro
superiores e, com o avançar da doença, afeta todo o pulmão, inclusive com
fisiopatológico semelhante ao da DPOC.
destruição do leito capilar.
FISIOPATOLOGIA
Vasculatura pulmonar
A fisiopatologia DPOC é caracterizada por uma inflamação crônica das vias aéreas Ocorre espessamento da íntima, seguido por hipertrofia da musculatura lisa e
centrais e periféricas, dos parênquimas e dos vasos pulmonares em resposta à infiltração de células inflamatórias e colágeno na parede dos vasos, o que ocorre
inalação de partículas e gases nocivos, com acúmulo, principalmente de precocemente na história natural da doença.
macrófagos, neutrófilos e linfócitos T (principalmente TCD8). Essa inflamação
provoca alterações morfológicas e histológicas das estruturas pulmonares, De maneira resumida, os componentes que determinam, em graus variáveis, a
levando a uma obstrução ao fluxo aéreo, desencadeando o quadro clínico de obstrução ao fluxo aéreo na DPOC são:
tosse e expectoração crônica.
® Espessamento da parede brônquica;
® Fibrose peribronquiolar;
® Aumento da quantidade de muco intraluminal;
® Alterações das pequenas vias aéreas;
® Perda da retração elástica pulmonar;
® Perda dos pontos de fixação das vias aéreas terminais aos alvéolos.
QUADRO CLÍNICO
DIAGNÓSTICO
A espirometria é a medida do ar que entra e sai dos pulmões, ou seja, ele permite
medir o volume de ar inspirado e expirado e os fluxos respiratórios, sendo
especialmente útil a análise dos dados derivados da manobra expiratória. É
importante sabermos que os valores obtidos devem ser comparados a valores
previstos adequados para a população avaliada. Sua interpretação deve ser feita à
luz dos dados clínicos e epidemiológicos.
Os valores relatados para VEFt e CVF não são necessariamente retirados de uma
mesma manobra. Quando a CV for maior do que a CVF ela pode ser utilizada no
denominador.
Avaliação gasométrica e do pH
Avaliação radiológica
Os achados sugestivos de DPOC só ocorrem na doença avançada. Nessa fase, Dosagem de alfa-1-antitripsina
evidenciam-se hiperinsuflação pulmonar, com hipertransparência dos campos
pulmonares, pobreza da trama Broncovascular que se acentua do hilo para a Está recomendada nos casos de enfisema pulmonar diagnosticado antes dos 45
periferia, rebaixamento e retificação dos hemidiafragmas, alargamento dos anos de idade, quando não houver fator de risco conhecido para DPOC, quando o
espaços intercostais e silhueta cardíaca menor e verticalizada. Em perfil, mais enfisema predominar em região basal, associado ou não a bronquiectasias, ou se
dados são fornecidos quanto à posição do diafragma. Observa-se aumento do houver história familiar da doença.
espaço aéreo retro-esternal (maior que 2,5 cm) e do diâmetro ântero-posterior
corticoide inalatório, alguns pacientes asmáticos fumantes, ou que têm
remodelamento brônquico e obstrução ao fluxo aéreo fico, podem causar
maior dúvida diagnóstica. A boa resposta clínica ao uso de corticoide
inalatório neste paciente confirma o diagnóstico de asma.
A realização de outros exames no paciente com DPOC não rotineira, podendo, ® Bronquiolites: os sintomas de tosse e dispneia podem ser confundidos
porém, ser considerada em condições especiais. com os da DPOC. Pontos importantes para o diagnóstico: não-tabagista,
dispneia de progressão mais acelerada do que na DPOC, encontro de
As determinações da capacidade pulmonar total (CPT), da capacidade residual
padrão mosaico na tomografia de tórax de alta resolução, baixa
funcional (CRF) e do volume residual (VR), bem como da determinação da
prevalência.
capacidade de difusão, permitem uma melhor avaliação dos pacientes com DPOC.
Sendo possível constatar aumento da CPT, do VR e da CRF e redução da difusão ® Bronquiectasias: pacientes podem apresentar tosse, dispneia, secreção
do monóxido de carbono. abundante e cursar nas fases avançadas com hipoxemia e cor pulmonale.
A produção copiosa de secreção levam a maior suspeita e a confirmação é
As avaliações eletro e ecocardiográfica estão indicadas nos casos em que há obtida com a TC de tórax de alta resolução. Podem em alguns casos
suspeita de hipertensão pulmonar e cor pulmonale. coexistir com s DPOC.
® Tuberculose: sua alta prevalência no Brasil a coloca, sempre, como
Durante o acompanhamento, espirometria com teste de broncodilatação,
possível diagnóstico diferencial. A pesquisa de BAAR no escarro e a
radiografia de tórax e gasometria arterial (na indicação citada e para os que estão
radiografia de tórax confirmam o diagnóstico.
em uso contínuo de suplementação de oxigênio) são realizadas anualmente.
® Insuficiência cardíaca congestiva: o exame físico com encontro de
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL estertores finos em bases, aumento da área cardíaca no RX de tórax,
exames complementares cardiológicos (eletro e ecocardiograma) e a
Os sintomas apresentados na DPOC são achados inespecíficos e podem levar a espirometria permitem o diagnóstico diferencial.
confusão diagnóstica. São várias as doenças respiratórias que servem como
diagnóstico diferencial. ESTADIAMENTO
® Asma brônquica: é a doença com maior confusão diagnóstica. Ela difere Existe um escore prognóstico em DPOC (BODE) integrando o índice de massa
da DPOC em muitos aspectos, desde a epidemiologia até o processo corpórea (Kg/m2), a avaliação espirométrica (VEF1), uma escala de dispneia
inflamatório e, principalmente, pela resposta ao tratamento com (MRC) e a capacidade de exercício avaliada pelo teste da caminhada de 6
minutos. Este índice tem uma pontuação que varia de 0 (ótimo) a 10 (pior) e tem A presença de dispneia com extrema limitação das atividades do paciente faz que
melhor correlação com sobrevida do que os parâmetros isolados. estes pacientes não mais tenham uma independência com relação à sua
manutenção e higiene, independente do VEF1, indicando mau prognóstico.
Devem ser acompanhados por especialistas.
TRATAMENTO
Oxigenoterapia
Broncodilatadores inalatórios
Corticosteroides sistêmicos
Antibióticos
É indicada nos doentes com atelectasia lobar e/ou com eliminação de escarro
superior a 25 mL por dia. Deve ser realizada por meio de percussão torácica
manual ou mecânica, drenagem postural e métodos para estimular tosse.
® Reposição volêmica;
® Nutrição adequada;
® Heparinização;
Reduz a necessidade intubação orotraqueal, o tempo de permanência na UTII, a ® Policitêmicos ou desidratados;
ocorrência de pneumonia associada à VM e mortalidade. É uma boa opção como ® Outras medidas, conforme a necessidade.
modo de desmame e nos doentes em que houve falha no teste de respiração
espontânea.
REFERÊNCIAS
Tratamento:
Tratamento da exacerbação: