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PNEUMONIA

CONCEITO

Pneumonias são doenças inflamatórias agudas de causa infecciosa que acometem Além disso, tem as pneumonias associada à ventilação mecânica (PAVM), que
o parênquima pulmonar (alvéolos e/ou interstício) e são causadas por vírus, pode ser definida como:
bactérias ou fungos. A Pneumonia adquirida em comunidade (PAC) se refere à
® Pneumonia que surge 48-72 h após intubação endotraqueal e instituição
doença adquirida fora do ambiente hospitalar ou de unidades especiais de
da VM invasiva. É também classificada em precoce e tardia. A PAVM
atenção à saúde ou, ainda, que se manifesta em até 48 h da admissão à unidade
precoce é a que ocorre até o 4º dia de intubação e início da VM, sendo a
assistencial.
PAVM tardia a que se inicia após o 5º dia da intubação e VM.
Já a pneumonia associada à serviço de saúde, é uma classificação diferente de
A pneumonia no sentido mais amplo é identificada pela presença de sintomas
pneumonia, e possuem etiologias diferentes das PACs habituais e exigem
(tosse, expectoração), sinais clínicos (febre, estertores), anormalidades
tratamento específico. Nela, inclui-se:
laboratoriais (leucocitose) e radiológicas (aparecimento de um infiltrado novo ou
® Pacientes portadores de pneumonia que estivaram hospitalizados em progressivo).
unidades de pronto atendimento por 2 ou mais dias nos 90 dias EPIDEMIOLOGIA
precedentes;
® Aqueles provenientes de asilos ou de casas de saúde; A incidência mundial de PAC é estimada em 8 a 15 casos por 1.000
® Aqueles que receberam antibióticos por via endovenosa, quimioterapia, indivíduos/ano.No Brasil, esses números chegariam a 2 milhões de casos ao ano.
ou tratamento de escaras nos 30 dias anteriores à doença;
Segundo dados obtidos pelo DATASUS, as pneumonias (em geral) são a primeira
® Ou aqueles que estejam em tratamento em clínicas de diálise;
causa de morte dentre as doenças respiratórias e a quinta causa de morte entre
Esse tipo de pneumonia se assemelha bastante a pneumonia adquirida em os brasileiros adultos. Dessa forma, 5% de todas as mortes no Brasil são causadas
hospital, que é aquela que ocorrem em pacientes submetidos à assistência, por pneumonia.
procedimentos médicos, ou institucionais. É definida como:
No ano de 2007, ocorreram 733.209 internações por pneumonia no Brasil,
® Pneumonia que ocorre após 48 h da admissão hospitalar, geralmente conforme o Sistema de Informações Hospitalares do Sistema único de Saúde,
tratada na unidade de internação (enfermaria), não se relacionando à correspondendo à primeira causa de internação por doença, isto é, retirando-se
intubação orotraqueal e VM; podendo, entretanto, ser encaminhada em as causas obstétricas (partos). Essas internações tiveram maior predominância do
UTI, quando se apresenta ou evolui de forma grave. Dentro deste sexo masculino e maior ocorrência nos meses de março e julho.
conceito, deve ser considerado o tempo de incubação médio
No âmbito ambulatorial a mortalidade é menor do que 5%, mas, naqueles que
característico de cada germe.
necessitam admissão em unidade de terapia intensiva, a mortalidade pode chegar
® A PAH pode ser classificada quanto ao tempo decorrido desde a admissão
a 50%.
até o seu aparecimento. A PAH precoce é a que ocorre até o quarto dia
de internação, sendo considerada tardia a que se inicia após 5 dias de A incidência de PAC é maior no inverno e aumenta com surtos de Influenza na
hospitalização. comunidade, que podem facilitar uma infecção bacteriana secundária. As
infecções de trato respiratório inferior são incomuns em crianças abaixo dos seis ® Infecções virais (Influenza): lesão do epitélio traqueobrônquico (perda da
meses de idade, mas aumentam no segundo ano de vida; as maiores frequências atividade ciliar);
ocorrem nos extremos etários, entre 0 e 5 anos e acima de 65 de anos de idade – ® Queda da consciência: inibição da tosse e dos reflexos glóticos- aspiração
em outras literaturas falam acima dos 80 anos, esses grupos apresentam taxa de de grandes quantidades de material faríngeo ou gástrico;
infecção de 23 e 35,8 em 100.000 pessoas, respectivamente. Em 2005, houve ® Doença cerebrovascular: inibição da tosse e dos reflexo glóticos;
35.903 mortes por pneumonias, sendo 8,4% delas em menores de 5 anos e 61% distúrbios da deglutição.
nos maiores de 70 anos. A incidência da bacteremia pneumocócica é de ® Etnia: determinados grupos étnicos, como os nativos americanos (índios),
aproximadamente 7,5 para 100.000 pessoas por ano, aumentando com a faixa principalmente os nativos do Alasca, os aborígines australianos parecem
etária; a taxa de letalidade é de 21%. ser, particularmente, suscetíveis à infecção pneumocócica invasiva.
® De modo geral, qualquer indivíduo que tenha deficiência da síntese de
imunoglobulina G, da função fagocitária ou que tenha sido submetido a
FATORES DE RISCO uma esplenectomia também apresenta um risco maior para infecção
pneumocócica invasiva.
® Idade aumentada: mecanismo desconhecido de imunodepressão;
aumenta a colonização faríngea por gram-negativos; ETIOLOGIA
® Alcoolismo: inibe a tosse e os reflexos góticos; inibe a quimiotaxia para
Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC)
neutrófilos e o metabolismo oxidativo destas células; aumenta a
colonização faríngea por gram-negativos;
® Desnutrição: fragiliza o sistema imunológico; De modo geral, a PAC pode ser causada por bactérias, vírus, micobactérias ou
® Tabagismo: aumenta as secreções pulmonares e inibe a atividade ciliar e fungos. Porém, uma quantidade significativa do casos de PAC, cerca de 50%, não
a capacidade fagocítica dos macrófagos alveolares; é possível identificar a etiologia, mesmo utilizando todos os métodos diagnósticos
possíveis. Nos pacientes ambulatoriais, a identificação do agente etiológico não
® Doença hepática ou renal: diminui a formação de anticorpos e a função
tem influência na mortalidade dos pacientes com PAC. Mesmo assim, é
dos leucócitos;
importante identifica-lo para termos conhecimentos dos agentes mais
® Diabetes Mellitus: diminuição e função e a mobilização dos leucócitos,
prevalentes.
aumenta a colonização faríngea por gram-negativos.
Um fato importante é que a presença ou ausência de uma imunidade prévia e a
® Outros: várias comorbidades predispões a infecções do trato respiratório,
competência do sistema imunológico parecem ser os principais determinantes da
como insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar obstrutiva
ocorrência de infecção.
crônica (DPOC), neoplasias malignas, fibrose cística/Bronquiectasias,
Na etiologia existe os agentes típicos e o gemes atípicos. Dessa forma, entre os
obstrução traqueobrônquica e institucionalização. Acidente vascular
agentes etiológicos típicos, tem:
cerebral, demência e convulsões também são associados com risco
® O pneumococo (Streptococcus pneumoniae):
aumentado.
 Diplococo gram-positivo, é o patógeno mais frequentemente
® DPOC: e inibe a atividade ciliar e a capacidade fagocítica dos macrófagos
encontrado nas PACs, inclusive nas pneumonias graves,
alveolares; aumenta a colonização da faringe e da árvore
responsável por 2/3 dos casos.
traqueobrônquica por gram-negativos.
® Uremia crônica: menos capacidade fagocítica; inibe a quimiotaxia para
neutrófilos e o metabolismo oxidativo destas células;
 A superfície do pneumococo é formada por uma cápsula e uma
parede celular. A cápsula é responsável por proteger a bactéria
da fagocitose.
 O nicho ecológico do pneumococo é a nasofaringe, e até 80% dos
lactentes e 20% dos adultos saudáveis podem se colonizados;
 A transmissão é de pessoa a pessoa, resultado do contato íntimo
interpessoal. Epidemias podem ocorrer em ambientes sujeitos à
aglomerações, como creches, quartéis, asilos ou prisões.
 A taxa de portadores aumenta durante o inverno;
® Haemophilus influenzae- tem maior relevância em pacientes que
necessitam de internação, tabagistas e portadores de DPOC;
® Staphylococcus aureus- são os bacilos gram-negativos mais frequentes
em pacientes idosos, principalmente debilitados por doença crônica e nos
que fizeram uso recente de antibióticos.
® Gram-negativos entéricos (Ex.: Escherichia Coli)- foram identificados em
torno de 9 a 10% dos pacientes com PAC, havendo maior risco na
presença doença cardíaca, DPOC, IR, doença hepática, doença
neurológica crônica, diabetes e doença maligna ativa no último ano. Os agentes atípicos, que representam aproximadamente um terço das PACs,
® Pseudomonas aeruginosa- a incidência não costuma ser alta, 4% de todas inclui-se:
as PACs, porém há controvérsias. Tem maior risco em pacientes com
DPOC e Bronquiectasias, terapia com corticoide, antibioticoterapia de ® Legionella sp;
amplo espectro por mais que 7 dias no último mês, desnutrição. ® Mycoplasma pneumoniae- mais evidente em faixas etárias menores que
® Bactérias anaeróbicas: não se sabe ao certo o seu papel na pneumonia, 60 anos;
pois a maioria dos estudos baseia-se em amostras de escarro, que é um ® Chlamydia Pneumoniae- é frequente em idosos e pode ser causa de
método inadequado para o isolamento desse grupo. pneumonia grave.
® Outros agentes: Moraxella catarrhalis, Estreptococos do grupo A, Outras bactérias envolvidas: Chlamydia psittaci, Coxiella Burnetti.
bactérias gram-negativas aeróbicas (ex.: Klebsiella spp).
® Influenza, parainfluenza e adenovírus- são os principais agentes virais,
causando 9% das PACs. Como as infecções virais do trato respiratório
costumam servir de porta de entrada para as pneumonias bacterianas,
pode-se ter associação de ambas no mesmo paciente.

Outros vírus envolvidos: Rinovírus, Vírus Sincicial respiratório, Metapneumovírus


humano, Coronavírus, Bocavírus humanos.
Obs.: uma observação importante é que ao contrário de como ocorre na
pneumonia pneumocócica com maior incidência no inverno, as bactérias atípicas
têm uma distribuição uniforme, ainda que predominem no inverno.

Outro ponto importante, é que a tuberculose deve ser sempre considerada no


pacientes com quadro mais arrastado e resposta pouco efetiva aos
antimicrobianos, pois pode haver uma associação entre TB e PAC.

Cada vez mais verifica-se a existência de co-patogenicidade ou associação de


agentes causando pneumonia, detectada por meio de exames sorológicos.
Destes, 7 a 8% em geral inclui pelo menos um patógeno atípico. Dessa forma,
pode haver associação de mais de uma espécie bacteriana ou de um agente viral
concomitante com um bacteriano. As associações bacterianas mais comuns são
entre:

® S. pneumoniae e M. pneumoniae;
® S. pneumoniae e H. influenzae;

Pneumonia Adquirida no Hospital


A PAH é aquela pneumonia que surge após 48 horas de internação hospitalar, e ® Os microrganismos são capturados pelas células mucosas e pelo epitélio
pode ser classificada em precoce e tardia. A precoce é quando ocorre até o 4º dia ciliado que recobrem a mucosa nasal da orofaringe.
de internação, e a tardia é quando ocorre após 5 dias ou mais de internação. ® A produção local da imunoglobulina A na mucosa nasal, responsável por
Quanto ao agentes etiológicos, pode-se dividi-los de acordo com essa prevenir a aderência bacteriana.
classificação:
Em relação as vias aéreas inferiores, os mecanismos de defesa são:
® A PAH precoce: é causada frequentemente por: S. pneumoniae, H.
® O reflexo de tosse, pois remove partículas grandes das VAI;
influenzae e anaeróbicos. Um estudo recente sugere que os
microorganismos multirresistentes são mais frequentes na PAH de início ® O epitélio ciliar e o muco dos brônquios capturam as partículas pequenas
precoce. para serem removidas pela tosse;
® A PAH tardia: é causada principalmente por Staphylococcus aureus ® O fluido alveolar contem complemento e imunoglobulinas que agem
resistentes à meticilina, bacilos Gram-negativos entéricos, P.aeruginosa; como opsoninas, a fim de os macrófagos alveolares eliminarem as
não fermentadores, como Acinetobacter baumanni e S. maltophilia; e bactérias.
infecções polimicrobianas. ® Além disso, se o inoculo é elevado, os macrófagos podem produzir
citoquinas, incluindo TNF e Il-1, para recrutarem neutrófilos para a área
Fatores que aumentam o risco de PAH: afetada.
® Exposição à antibióticos; Para que o processo pneumônico se desenvolva, o microrganismo deve atingir o
® Idade avançada; parênquima pulmonar. Existem quatro possibilidades de inoculação:
® Comorbidades graves;
1. Via aspirativa: aspiração de micropartículas provenientes das vias aéreas
® Imunossupressão virulentos;
superiores (orofaringe, nasofaringe), durante o sono profundo, alterações
® Condições que promovem a aspiração pulmonar ou inibem a tosse
do nível de consciência (p.ex.: uso de bebida alcoólica, drogas) ou
(cirurgia toracoabdominal, intubação traqueal, inserção do tubo
defeitos da deglutição. Normalmente, a cavidade oral é colonizada por
nasogástrico e posição supina, exposição à equipamentos respiratórios
bactérias, inclusive anaeróbias, que podem ser aspiradas para o trato
contaminados).
respiratório inferior. Em pacientes imunodeprimidos, idosos ou
Pneumonia associada aos cuidados de saúde institucionalizados, a frequência de bacilos gram-negativos colonizantes
se eleva, predispondo a pneumonia por esses agentes. É importante
Essas infecções se assemelha com a PAH, e os agentes etiológicos mais ressaltar aqui, que algum grau de aspiração ocorre normalmente.
frequentemente associados são: Aspirações mais importantes são mais frequentes em pessoas idosas,
® S. aureus (tanto sensível à meticilina quanto resistentes à meticilina); principalmente naquelas mais frágeis ou acamadas. E a aspiração maciça
® P. aeruginosa; ocorre, por exemplo, em pessoas que apresenta, convulsões, que se
engasgam enquanto vomitam ou em indivíduos cujo reflexo da tosse está
FISIOPATOLOGIA diminuído pelo álcool, drogas ou doenças neurológicas. Nesses pacientes,
a síndrome clínica de pneumonia aspirativa inclui os efeitos dos
Normalmente, o trato respiratório superior e inferior possuem mecanismos de microrganismos e do material aspirado, assim como do ácido gástrico.
defesa contra microorganismos invasores. Quando se trata das vias aéreas
superiores, temos tais mecanismos:
2. Via inalatória: inalação de aerossol contaminado do ambiente. ® Além disso, lesões intrínsecas do pulmão predispõem a pneumonia
Mecanismos que ocorre nas pneumonias por vírus (influenza ou sincicial (Bronquiectasias, obstrução endobrônquica por tumor ou corpo
respiratório), Mycoplasma pneumoniae e Legionella sp. estranho);
3. Via hematogênica (S. aureus): o microorganismo lançados na corrente
Dessa forma, é importante salientar que esse grupo de indivíduos, os
sanguínea provenientes de qualquer órgão podem ficar alojados no
imunodeprimidos, são mais propensos à infecção respiratória por Gram-
pulmão. Esse é um exemplo típico de pneumonia em usuários de drogas
negativos, pois estas bactérias são conhecidas pelo seu potencial patogênico. Elas
injetáveis ou pacientes com endocardite bacteriana. A Escherichia coli e
são capazes de modificar a flora colonizadora, reduzindo a quantidade de
outros bacilos Gram-negativos também podem causar pneumonia através
fibronectina (proteína que reveste o epitélio faríngeo, servindo como receptor
da via hematogênica.
para a adesão das bactérias aeróbica Gram-positivas, as bactérias “saprófitas”,
4. Via contiguidade: paciente com infecção próxima ao pulmão que progride
incapazes de infectar).
e atinge seu parênquima. É um exemplo de abscesso de parede torácica
ou subfrênico. Em indivíduos imunocompetentes sem falhas nos mecanismos de defesa, a
ocorrência de pneumonia é devido as características do agente etiológico. Isso
Após a chegada do microrganismo nos pulmões, o desenvolvimento do processo
pode ser relacionado à carga elevada do microrganismo ou mesmo à virulência do
infeccioso vai depender do desequilíbrio entre as defesas do organismo e a carga
germe. Alguns germes desenvolveram um mecanismo para vencer as defesas do
e agressividade do microrganismo. Quando os mecanismos de defesas falham, as
hospedeiro, como vírus da Influenza que reduz a eficiência do clareamento
bactérias se multiplicam nos alvéolos, estimulando a produção local de citocinas e
mucoso por até 12 semanas, pneumococos cuja cápsula inibe a fagocitose, e as
causando extravasamento capilar e acúmulo de plasma e células inflamatórias.
micobactérias que são resistentes à atividade bactericida dos fagócitos.
Com isso, mais células inflamatórias são recrutadas e mais citocinas são liberadas,
criando um círculo vicioso. Na pneumonia bacterina, a resposta inflamatória do No caso do pneumococo, a defesa contra este tipo de germe depende muito da
hospedeiro é responsável pela maioria das manifestações da doença, esse presença de anticorpos específicos contra os agentes capsulados (o que pode ser
exsudato inflamatório progressivo, causa um desequilíbrio da ventilação- obtido com a vacina antipneumocócica polivalente). Quando os macrófagos não
perfusão, gerando hipoxemia. conseguem conter a proliferação bacterina, passam a servir de mediadores da
resposta inflamatória, liberando citoquinas, como o TNF-alfa, IL-1 e fatores de
Geralmente essa diminuição dos mecanismos de defesa sistêmicos ou intrínsecos
quimiotaxia para neutrófilos, como o Il-8. Os neutrófilos então são recrutados no
do pulmão ocorre devido a presença de comorbidades ou o tratamento destas
local, desencadeando e perpetuando o processo inflamatório agudo.
(medicações imunossupressoras, quimioterapia, corticoides). Entre as principais
doenças tem-se: Padrões histopatológicos –pneumonia Lobar e Broncopneumonia
® DPOC; A pneumonia Lobar é caracterizada pela consolidação alveolar extensa,
® DM; ocupando uma grande área do parênquima pulmonar, como um lobo inteiro. O
® Alcoolismo; agente principal é o S. pneumoniae, mas qualquer bactéria de alta virulência pode
® IC; desenvolver este padrão pneumônico.
® IRC;
® Neoplasias malignas; Dessa maneira, é importante compreendemos o padrão histopatológico da
® Eventualmente, doenças agudas podem desencadear quadros transitórios pneumonia pneumocócica. O S. pneumoniae é um coco gram-positivo que, ao
de deficiência imunológica, como a sepse ou as viroses sistêmicas; atingir os alvéolos, é capaz de desencadear uma reação inflamatória neutrofílica
com grande rapidez e agressividade. A bactéria se multiplica nos espaços ® Febre;
alveolares e libera substâncias com efeito vasodilatador e alto poder quimiotáxico ® Calafrios;
para neutrófilos. O processo pneumônico se instala e evolui em 4 fases ® Tosse- sintomas mais comum, pode ser seca, produtiva e /ou hemática.
sucessivas: ® Dispneia;
® Dor torácica (ocasionalmente);
1. Congestão – as bactérias se multiplicam rapidamente no interior dos
® Escarro;
alvéolos, os vasos dilatam-se ingurgitando-se de sangue.
 Cor de tijolo ou ferruginoso na pneumonia pneumocócica;
2. Hepatização vermelha – exsudação de hemácias, neutrófilos e fibrina
 Na pneumonia por Klebsiella pneumoniae – coloração vermelho
para o interior dos alvéolos, com predomínio das hemácias. O espaço
escuro (geléia de groselha);
alveolar já se encontra totalmente ocupado por este exsudato.
 Quando associada com abscesso pulmonar, a pneumonia pode
3. Hepatização cinzenta- as hemácias começam a se desintegrar e o
resultar em escarro malcheiroso e pútrido, que é indicativo de
exsudato passa a conter neutrófilos e debris celulares. É a fase supurativa
anaeróbios.
da pneumonia.
4. Resolução ou organização- o exsudato celular dá lugar a um material Alguns contextos clínicos clássicos são capazes de inferir a etiologia, mas é
semifluido e granulado, formado pelos debris das células inflamatórias. importante ressaltar que isso é não regra.
Estes vão sendo consumidos por macrófagos até a completa resolução do
processo, e o parênquima pulmonar pode voltar ao normal. Na pneumonia pneumocócica, os pacientes apresentam:

A ocupação total do espaço alveolar pelo exsudato neutrofílico pode ocorrer ® Calafrios;
numa grande área do parênquima, o que denomina-se consolidação alveolar. ® Febre;
Quando praticamente todo um lobo pulmonar é consolidado, surge o termo ® Escarro mucopurulento;
Pneumonia Lobar. ® Dor ventilatório-dependente;

A Broncopneumonia é caracterizada pela consolidação alveolar multifocal- são Na pneumonia causada por Chlamydia ou Legionella:
múltiplos focos acinares, coalescentes, predominam na região peribrônquica. Este
® Sintomas gastrointestinais como diarreia;
é o tipo mais frequente de apresentação pneumonia. Qualquer agente infeccioso
causador de pneumonia pode cursar com este padrão. Na pneumonia causada por M. pneumoniae:

QUADRO CLÍNICO ® Tosse seca;


® Dor de ouvido;
As apresentações clínicas dependem do agente etiológico e de fatores do ® Meningite bolhosa;
hospedeiro, como idade, estado imune, exposição (geográfica, animal e sexual) e ® Estado mental alterado;
comorbidades. Estudos comprovam que não é possível identificar o agente
etiológico a partir da história clínica, no entanto, uma história detalhada de Na pneumonia por Legionella:
exposição, viagens, hábitos e história médica pregressa pode ser útil em sugerir
® Cefaléia;
agentes etiológicos específicos.
Na pneumonia por Chlamydia:
A maioria dos pacientes com PAC apresenta:
® Infecção prolongada no trato respiratório superior com laringite, DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
simulando uma infecção viral;
O diagnóstico diferencial de PAC inclui infecções do trato respiratório superior,
No exame físico, os sinais mais comum de pneumonia são: traqueobronquite aguda, TEP (infarto pulmonar), neoplasia pulmonar (carcinoma
brônquico, carcinoma bronquioloalveolar, linfoma), atelectasia, Bronquiectasias
® Taquipneia;
infectadas, aspiração de corpo estranho, edema pulmonar cardiogênico, micoses
® Taquicardia;
pulmonares, fratura de costela, contusão pulmonar, infecção subdiafragmática,
® Temperatura elevada;
hemorragia alveolar, vasculites pulmonares, pneumonia eosinófilica, pneumonite
Disfunção respiratória grave: por hipersensibilidade, doença pulmonar induzida por drogas (sobretudo,
metotrexate, amiodarona, nitrofurantoína e sais de ouro), pneumonite aspirativa
® Uso de musculatura acessória;
(pneumonia lipoídica), proteinose alveolar, aspiração de suco gástrico, POC
® Cianose; (pneumonia em organização criptogênica), pneumoconioses, pneumonite lúpica e
® Confusão; doenças intersticiais.
® Taquipneia;
® Hipotensão; Assim, todo paciente tratando PAC no âmbito ambulatorial deve ser avaliado
pelo menos no 3º dia de tratamento. Se o paciente apresentar resposta
Achados que podem sugerir infecção por Legionella sp.: satisfatória, continua-se o tratamento. Caso não tenha resposta, deve-se iniciar
® Bradicardia relativa (FC menor que 110 bpm em pacientes não usuário de a investigação para situações que mimetizam pneumonia, complicações da PAC
fármacos inotrópicos negativos); ou germes resistentes à terapia.
® Temperatura axilar de 38ºC; DIAGNÓSTICO
Exame pulmonar:
O diagnóstico de pneumonia é feito por meio dos achados clínicos (febre, tosse,
® Ausculta pulmonar: expectoração, dor torácica) e achados de exame físico (estertores crepitantes,
 Estertores crepitantes proto-inspiratórios e roncos. sinais de consolidação, taquipneia, taquicardia), confirmados pela radiografia de
® Sinais de consolidação: maciçez à percussão, aumento do FTV, tórax.
diminuição ou abolição do MV, presentes em consolidação maiores. Em idosos, os sinais e os sintomas podem ser sutis e menos específicos.
® Sinais de consolidação lobar: mais encontrada em pneumonias
bacterianas. Exame de imagem
® Derrame pleural deve ser procurado.
RX de tórax:
É importante ressaltar que idosos não apresentam sintomas sugestivos de
Além da confirmação diagnóstica, o RX de tórax é importante para:
pneumonia, podem não se queixar de sintomas respiratórios, não ter elevação da
temperatura corporal. Podem apresentar quadro clínico inespecífico: ® Avaliação da gravidade;
® Identificação de complicações;
® Desorientação;
® Diagnóstico diferencial;
® Mudanças abruptas da capacidade funcional;
® Descompensação de uma doença estável (DM, DPOC, IC); Incidências solicitadas:
® Póstero-anterior; tem suspeita de patógenos resistente ao tratamento ou de um organismo
® Perfil; não coberto pela terapia empírica;
® Para a cultura do escarro ter validade, deve ser obtido de uma tosse
Os padrões radiológicos incluem:
profunda em escarro purulento e antes do início do antibiótico, deve ser
® Consolidação lobar; rapidamente processado e ter poucas células epiteliais e muitos
® Focos de consolidação; polimorfonucleares, mostrando que não há contaminação da orofaringe.
® Opacidades intersticiais; ® Hemocultura é indicada somente para pacientes com pneumonia
® Cavitação; bacterêmica que necessitam obviamente hospitalização, já que em outros
contextos a positividade é muito pequena.
Algumas observações: atenção aos pacientes imunossuprimidos, desidratados, ® Testes sorológicos: não tem muita utilidade para a avalição inicial de
neutropenia grave, estágio precoce de pneumonia ou pneumocistose, pois pacientes com PAC e não devem ser rotineiramente solicitados. Por ser
podem apresentar-se sem alterações radiológicas. E outro ponto importante, é uma técnica demorada, não ajudam no plano terapêutico inicial.
que não é possível saber com segurança o agente etiológico se baseando no ® Detecção de antígeno urinário de Legionella penumophila sorogrupo 1:
padrão radiológico do RX de tórax. técnica mais fácil, bom rendimento mesmo em uso de antibióticos, mas
TC de tórax helicoidal com cortes de alta resolução: pode permanecer positivo por muitos meses depois da infecção aguda.
Tem sensibilidade de 50 a 60% e especificidade maior que 95%.
® Maior sensibilidade; ® Detecção do antígeno urinário do penumococo por imunocromatografia
® Demonstra infiltrados pulmonares em alguns pacientes com RX negativos; de membrana permite o diagnóstico da infecção em 15 minutos.
® A maioria dos pacientes com PAC não precisa realizar TC de tórax para Sensibilidade de 86% e especificidade de 94%.
uma abordagem adequada; ® Tuberculose pode se apresentar na forma de pneumonia, então deve ser
feito a pesquisa de BAAR no escarro.
Diagnóstico etiológico (microbiologia e sorologias)
Exames laboratoriais
® É difícil;
® Os testes disponíveis tem baixa sensibilidade e especificidade; São geralmente recomendados para pacientes que necessitam de hospitalização.
® A pesquisa do agente etiológico é reservada para casos graves ou nos Os exames laboratoriais solicitados são:
casos que, pelos dados epidemiológico e clínicos, o resultado possa
mudar o tratamento empírico padrão. ® Hemograma;
® No âmbito ambulatorial, não é necessária a investigação do agente ® Ureia;
etiológico da PAC; ® Creatinina;
® É obtido por meio do isolamento da bactéria em tecido estéril (sangue e ® Sódio e potássio;
líquido pleural), escarro, aspirado pulmonar, fragmento de pulmão e por ® Glicemia;
métodos imunológicos ou de biologia molecular. ® Enzimas hepáticas;
® Coloração de Gram e a cultura do escarro são recomendadas em ® Bilirrubinas e gasometria arterial;
pacientes que necessitam internação por PAC, principalmente quando ® Proteína C-Reativa;
® Sorologia para HIV (principalmente em pacientes com fator de risco e
pacientes internados);

Achados comuns:

® Leucocitose com desvio à esquerda;


® Leucopenia;
® Níveis elevados de proteína C-reativa;
® Elevação da ureia;

Um exame importante que pode ser feito no consultório é a avaliação da


saturação de oxigênio por meio da oximetria de pulso, quando está abaixo de
93%, há indicação de coleta de gasometria arterial e provavelmente
hospitalização.
Esses critérios avalia os mesmos critérios clínicos citados anteriormente, além dos
Outros métodos diagnósticos
parâmetros de oxigenação e microbiológicos. Considera-se que há pneumonia
Os métodos diagnósticos invasivos só devem ser realizados em situações quando maior que 6.
específicas, quando há suspeita de obstrução brônquica subjacente ou outra Esse critério tem baixa especificidade e sensibilidade, sendo mais um guia para
doença associada, e em pacientes graves que são internados na UTI. suspender antibiótico, caso tenha sido iniciado em pacientes de baixo risco e que
® Derrame pleural (acima de 10 mm de espessamento em decúbito lateral, assim permaneçam após 3 dias.
demonstrado em RX de tórax ou loculado) deve ser puncionado, antes de Recomenda-se a obtenção de amostras de secreção respiratórias para estudos
se iniciar a antibioticoterapia, com o objetivo de se descartar empiema ou microbiológicos com cultura quantitativa (aspirado traqueal, lavado
derrame pleural complicado. broncoalveolar, escovado brônquico). Os pontos de corte para diagnóstico de
® Pacientes com PAC e derrame pleural devem ser hospitalizados para infecção para cada um deles são:
monitorar a evolução.
® Broncoscopia com lavado broncoalveolar não é necessário na maioria dos ® Aspirado traqueal: 105 a 106 ufc /mL;
casos de PAC, fica reservada sua indicação para PAC em pacientes ® Lavado broncoalveolar: 104 ufc /ml;
imunocomprometidos ou nos casos em que houver falha terapêutica. ® Escovado brônquico: 103 ufc /mL;

DIAGNÓSTICO DE PAH As amostras devem ser colhidas para cultura antes da adm de antibióticos.

O diagnóstico clínico de PAH é definido pela presença de um infiltrado radiológico ESTRATIFICAÇÃO DE RISCO
novo ou progressivo associado a pelo menos dois dos seguintes sinais: febre,
A avaliação inicial da gravidade da PAC é importante para:
aparecimento de secreção traqueal purulenta e leucocitose ou leucopenia.
® A escolha do tratamento;
Escore clínico de infecção Pulmonar:
® Exames diagnóstico;
® Local do tratamento da PAC;
A gravidade é estimada por meio de critérios baseados em dados de história,
exame físico e exames complementares. Dois critérios são os principais: FINE e
CURB-65. Ambos avaliam a necessidade ou não de internação.

O índice de gravidade da PAC (PSI) foi derivado e validado como parte do


Pneumonia Patient Outcomes Research Team (PORT), um estudo realizado com o
propósito de identificar pacientes com PAC com baixo risco de mortalidade, que
poderiam ser tratados ambulatorialmente com segurança.

O escore de FINE é composto de duas etapas.

1. Se não houver um fator de risco, o paciente é definido como classe I de


risco e não necessita de maior exploração complementar. Se houver
algum fator de risco presente, passa-se para a segunda.
2. A segunda etapa considera dados clínicos, laboratoriais e o RX de tórax.
Para cada dado o paciente recebe uma pontuação e, em dependendo dos
pontos acumulados, os pacientes são separados nas classes II a V.

Com o valor obtido, classifica-se a PAC em 5 classes de gravidade. Esta


classificação leva em conta o risco de óbito em cada classe e, portanto, ajuda na
decisão do local de tratamento.
O escore CURB-65 é um índice que permite identificar os pacientes com TRATAMENTO
pneumonia e baixo potencial de gravidade. É simples e avalia objetivamente a
presença de 5 fatores. O ponto mais importante na escolha do esquema terapêutico empírico da PAC é a
gravidade da apresentação clínica inicial, pois isso irá determinar o local de
® C = confusão mental; tratamento do paciente: ambulatorial, hospitalar ou em unidade de terapia
® U= ureia > 50 mg /dl; intensiva.
® R= respiração (FR >30);
Pacientes ambulatoriais
® B= pressão arterial (PAS < 90 mmHg e /ou PAD < 60 mmHg);
® 65=idade maior que 65 anos ® São tratados com antibióticos escolhidos empiricamente, baseados
1 ponto para cada fator presente. Paciente com escore 0 ou 1 podem ser tratados no patógeno provável;
ambulatorialmente, enquanto indivíduos com escores maiores devem ser Antibióticos indicados
internados.
 Pacientes previamente hígidos e sem condições de riscos específicas:
Paciente de baixo risco (PSI de I a II ou CURB-65 de 0 a 1) – podem ser tratados
® Macrolídeos (azitromicina ou claritromicina): geralmente os
ambulatorialmente, na ausência de alterações graves dos sinais vitais ou
microorganismos achados em pacientes com PAC não complicada,
comorbidades graves e se não houver ingestão correta das medicações.
sem comorbidades importantes e sem uso prévio de antibióticos
A American Thoracie Society propõe um critério para definir PAC grave e indicar têm baixa resistência aos macrolídeos.
tratamento em UTI. O critério estabelece dois itens como critérios maiores, que  Pacientes com comorbidades e uso de antibióticos nos últimos 3 meses:
por si só, indicam tratamento em UTI. Além disso, a necessidade de UTI é indicada ® Fluoroquinolonas respiratórias (levofoxacino, gemifloxacino,
pela presença de três critérios menores. moxifloxacino) + macrolídeos.

Nesses pacientes existe a probabilidade aumentada de infecção por germes


resistentes. Antibióticos da mesma classe dos antibióticos usados previamente
devem ser evitados para tratamento de uma nova infecção.

Pacientes internados

® O tratamento empírico deve se basear nos patógenos mais prováveis,


tendo em vista as comorbidades e as condições específicas.
® Se houver isolamento do patógeno, a terapia deve ser direcionada.

Pacientes internados (exceto em UTI)

® Fluoroquinolonas respiratórias;
® Betalactâmicos (ceftriaxona, cefotaxima, ampicilina) + macrolídeo.
® Terapia inicial: endovenosa. Pacientes sem fatores de risco e gravidade, a
via pode ser oral, principalmente com as fluoroquinolonas.
A monoterapia com macrolídeos pode ser considerada em pacientes jovens, ® Condições predisponentes à aspiração: doentes portadores de doença
internados por outro motivo que não a PAC, com doença não-grave, sem neurológica sequelar (AVC, demência, alcóolatras);
comorbidades importantes. ® Ausência de bacteremia;
® Cultura de escarro em crescimento bacteriano;
Pacientes internados em UTI
® Escarro pútrido;
® Betalactâmicos + macrolídeos ou fluoroquinolonas respiratórias; ® Presença de doença periodontal;
® Apresenta menor mortalidade do que a monoterapia. ® Evidência de necrose pulmonar em radiografia ou TC torácica.

Condições de risco específicas Corticosteroides

Pseudomonas ® É útil em pacientes em choque séptico e insuficiência supra-renal relativa.


O papel na PAC grave é ainda incerto, mas estudos mostram que há
® Na presença de fatores de risco (bronquiectasias, DPOC, uso de benefício.
antibióticos ou de antibióticos de amplo espectro e imunodeprimidos), ® Estudos provam que a infusão contínua de hidrocortisona por 7 dias
deve ser aplicado tratamento antipseudomonas. Esses pacientes não diminuiu o tempo de internação hospitalar e a mortalidade.
necessariamente precisam de UTI por conta da PAC.
® Terapia: Cefzadina, cefepina, imipenem, meropenem, piperacilina Observações sobre tratamento da PAC
/tazobactam (em monoterapia ou associado a ciprofloxacino 400 mg a
Tempo para início da antibioticoterapia
cada 8 horas, levofloxcacino 750 mg ou amicacina).
® Garantir cobertura para Legionella em PAC grave (macrolídeo ou ® Administração de antibióticos assim que estabelecido o diagnóstico;
fluoroquinolona).
® Deve durar pelo menos 14 dias. Critérios para mudança para tratamento por via oral e para alta

Internação por PAC por Influenza ® Pacientes hospitalizados iniciam tratamento por VE.
® Quando há melhora clínica, estabilidade hemodinâmica, funcionamento
® Oseltamivir; preservado do TGI -> pode ir por VO.
® Deve ser instituído tratamento o mais precocemente possível, pois será ® Critérios para alta:
mais efetivo na abreviação dos sintomas (até 48 h dos sintomas) para  TC ≤ 37,8 ºC
casos não complicados. Para pacientes internados o benefício deste  FC ≤ 100 bpm;
tratamento não é conhecido.  FR ≤ 24 rpm;
 PAS ≥ 90 mmHg
Pneumonia aspirativa
 SaTO2 ≥ 90% ou paO2 ≥ 60 mmHg em ar ambiente;
® Clindamicina, amoxicilina /clavulanato ou metronidazol;  Capacidade de ingerir a medicação;
® Metronidazol deve ser evitado como monoterapia;  Nível de consciência preservado.

Os aspectos clínicos característicos de pneumonia aspirativa: Duração do tratamento

® Pelo menos 5 dias;


® Tratamento não deve ser interrompido antes de o paciente atingir os Pneumonia de início precoce
critérios de estabilidade clínica e estar afebril por 48 ou 72 horas;
® Pneumonia nos primeiros 4 dias de internação e sem fatores de risco para
® Tratamento mais longos são necessários no caso de patógenos menos
germes resistente;
comuns (Pseudomonas e S. aureus).
® Esquemas empíricos em monoterapia;
Resposta ao tratamento ® Quinolonas respiratórias, betalactâmicos /inibidor de betalactamase
(ampicilina/sulbactam, amoxicilina/clavulanato, amoxicilina/sulbactam) e
® A melhora do quadro clínico deve ser observada nas primeiras 48 a 72
cefalosporina de 3ª geração (deve ser individualizado conforma a
horas;
prevalência local de bactérias- E. coli e Klebsiella pneumoniae).
® Deve-se avaliar o padrão de febre, FR, FC, oxigenação, PA e estado clínico
geral; Pneumonia de início tardio
® O tempo para resolução do infiltrado pulmonar à RX de tórax pode oscilar
® Pneumonia a partir do 5º dia de admissão e com presença de fatores de
entre 4 a 12 semanas. Alguns podem apresentar sequelas radiológicas
risco para germes resistentes (principalmente se há suspeita de
definitivas (estrias fibrótica, deformações vasculares e brônquicas).
Pseudomonas)
® Pacientes que não obtiverem melhora clinica após 72 h do início do
® Terapia combinada com dois agentes antipseudomonas.
tratamento ou que pioram nas primeiras 48 h são considerados como
® Eficácia é maior quanto tem pelo menos um dos medicamentos dentro do
falha terapêutica.
perfil de sensibilidade do agente microbiano responsável.
TRATAMENTO PARA PAH  Cefalosporina antipseudomonas ou carbapenêmicos ou um
betalactâmico/inibidor de betalactamase associados a um
® O principal aspecto a ser avaliado na escolha do antimicrobiano empírico aminoglicosídeo ou uma quinolona antipseudomonas.
é o risco para infecção por bactérias resistentes. ® Dependendo do quadro clinico do paciente pode associar a um terceiro
® O tratamento é dividido em: pneumonia precoce, pneumonia tardia ou agente com ação contra S. aureus, como vancomicina ou linezolida.
com fatores de risco para resistência.
® O atraso superior a 24 horas está associado a insuficiências orgânicas,
maior tempo de VM e permanência na UTI e maior mortalidade
hospitalar.
® Fator de risco para antibioticoterapia inicial inadequada: uso prévio de
antibiótico, presença de bacteremia, APACHE II elevado e paciente jovem.
® O tratamento sempre deve iniciar por VE e realizar a transição oral
conforme a melhora do paciente.
® Reavaliação do tratamento de acordo com os resultados das culturas e
testes de sensibilidade microbiana. Recomenda-se a troca para
antibiótico de menor espectro se o agente identificado for sensível, ou a
suspensão dos antimicrobianos, nos casos de culturas negativas, para
evitar o uso excessivo de drogas de amplo espectro e a emergência de
germes multirresistentes.
Duração do tratamento

® Quando tratada adequadamente a melhora clínica ocorre dentro de 3 a 5


dias, principalmente a oxigenação.
® Quando se mantem os tratamento por mais de 14 dias, aumenta-se o
risco de nova colonização por germes como Pseudomonas e
enterobactérias, o que acontece na 2ª semana.
® A recomendação atual é tratar pacientes por uma semana, exceto nos
casos causados por Pseudomonas ou enterobactérias resistentes.

Avaliação de resposta

® Os principais fatores a serem analisados são:


 Relação de PA de O2/ fração inspirada de O2;
 Temperatura;
 Presença de secreção respiratória e radiografia do tórax;
® Ausência de melhora dentro de 72 horas deve motivar uma reavaliação
em busca de causa.
® As principais causas de falência de tratamento são: PROFILAXIA
 Persistência do agente causal por resistência aos antimicrobianos;
 Escolha e/ou posologia inadequada do antibiótico; Imunização com vacinas para Influenza A /B e antipneumocócica polivalentes 23
 Infecção por germe não usual; diminuem o número de infecções causadas por esses agentes. Populações
 Desenvolvimento de complicações como empiema ou cavitação; suscetíveis, como idosos ( mais que 65 anos), ou com comorbidades como DM,
 Presença de outros focos infecciosos como cateteres, trato imunossupressão, anemia falciforme ou asplenia devem ser rotineiramente
urinário, seios paranasais ou abdome; imunizados com vacina para influenza e penumococo.
 Condições não infecciosas (atelectasia, embolia pulmonar, SIDRA, Pacientes não vacinados com fatores de risco para doença pneumocócica e
hemorragia alveolar, bronquiolite obliterante, febre influenza devem ser vacinados durante a hospitalização, se possível. Não há
medicamentosa). contraindicação para tais vacinas logo após um episódio de pneumonia.
® Deve ser feito uma revisão do tratamento: atenção com a sensibilidade
doas agentes e adequação de posologia e vias de adm, pesquisa de outros REFERÊNCIAS:
focos infecciosos com exame microbiológicos e novos exames de imagem. ® Diretrizes brasileiras para pneumonia adquirida na comunidade em
adultos imunocompetentes -2009;
® Clínica Médica – USP, volume 2;
® Livro Pneumologia, de Sérgio S. Menna Barreto;
® Goldman-Cecill Medicina, volume 3.

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