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CENTRO DE EDUCAÇÃO - CE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
ESTUDOS CULTURAIS E EDUCAÇÃO
UFPB/BC
1. Educação Superior 2. Tecnologias Digitais. 3. Aprendizagem
e Inovação 4. Competência digital.
CDU : 372.41
AGRADECIMENTOS
Figura 3 – Tela com texto selecionado aberto nos Sistema de Fontes .................... 63
TV: Televisão
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 18
1. INTRODUÇÃO
tecnologias já conhecidas por muitos - embora com uso pedagógico ainda incipiente - e
serão cada vez mais provocadas a mudar por causa de demandas tecnológicas que
ainda nem se imagina existir ou que ainda serão criadas.
A evolução histórica dos processos de informação e comunicação no campo
da educação está aí para registrar as alterações nas inovações das tecnologias que
produziram papel, lápis, livro, giz, quadro negro (ou equivalente), passando mais
adiante à disponibilização de recurso audiovisual na primeira década do século XX, tais
como retroprojetor, transparência, mimeógrafos e flanelógrafos, mídia televisiva
analógica, mídias radiofônicas, leitores de vídeo cassete e leitores de DVD.
Culminando, no final do século XX, com a revolução dos microcomputadores e as
inovações tecnológicas disponibilizadas como os softwares de computação e
telecomunicações: computadores, modems, roteadores, sistemas operacionais e
aplicativos específicos como os multimídias e sistemas de bases de dados.
Tecnologias digitais que ao se associarem com as telecomunicações
incorporaram a internet com os recursos de navegação, envio e recebimento de textos,
imagens, sons e vídeos. O mesmo acontecendo com a telefonia móvel ou o telefone
celular ao incorporar câmera para captação de imagem, gravador de som e imagem,
vídeo game, acesso à internet etc.
O fato é que no século XXI, a forte integração de distintas tecnologias em um
mesmo artefato aponta para a necessidade de competências para lidar com tais
ferramentas, trazendo demandas às instituições de ensino no sentido de formar um
indivíduo que seja letrado digitalmente e quando da sua inserção profissional saiba
lidar, como diz Behar (2013, p. 20), com a “complexidade, a incerteza e o ineditismo”,
fenômenos muito presentes na Sociedade da Informação e do Conhecimento.
No conjunto dessas demandas de formação acadêmica deve está o domínio de
conteúdos específicos para o desenvolvimento de competências. Uma das várias
competências necessárias de serem construídas pelos sujeitos no seu processo de
aprendizagem é a Competência Digital, caracterizada segundo o Quadro de Referência
para os países da União Europeia - EU como envolvendo a utilização segura e crítica
das tecnologias da sociedade da informação (COMISSÃO EUROPEIA, 2011).
No entanto, fazer uso das tecnologias por si só, acompanhando as novidades
tecnológicas que a cada dia se fazem presentes nas instituições de ensino, não garante a
20
2 TRILHAS INVESTIGATIVAS
2.1 Problemática
Assim, nas últimas décadas, em várias partes do mundo, tem-se dado muita
ênfase à importância de novos conhecimentos, inovação e desenvolvimento da
competência humana como fontes do crescimento econômico sustentável. Essa ênfase
tem gerado debates polêmicos entre os que não aceitam o redimensionamento de
políticas educacionais e práticas pedagógicas articuladas às necessidades do mercado, e
os que, por outro lado, consideram, assim como a Comissão das Comunidades
Europeias (2000, p.08), que neste tipo de mundo social, “informações, competências e
conhecimentos atualizados assumem importância decisiva e a melhor forma de dar
resposta ao desafio da mudança reside na educação e na formação ao longo da vida”.
A integração das Tecnologias da Informação e da Comunicação - TIC - na
educação, no atual contexto de convergência tecnológica, tem se constituído como um
imperativo nas legislações e decisões políticas nacionais e internacionais, sendo
recorrente a implantação de políticas de orientação e reformulação educacional com
vistas à adequação da educação às mudanças econômicas, políticas e socioculturais.
No Brasil, o uso das TIC na educação, com sinalização para a sua inserção na
formação inicial em instituições de educação superior, é abordado em documentos
oficiais, tais como: LDB 9394/96; Plano Nacional de Educação; Livro Verde da
Sociedade da Informação no Brasil e Diretrizes Curriculares Nacionais.
No âmbito internacional, a Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura (UNESCO) e a Organização de Cooperação e de Desenvolvimento
Econômico (OCDE), das quais tanto o Brasil quanto Portugal têm participado e
24
2.2 Tese
2.3. Objetivos
2.5 Metas
2.6. Técnicas
a) Pré-análise
b) Exploração do material
Assim, nos valendo das unidades físicas livros, teses, periódicos e PPC,
procuramos por concepções e caracterizações acerca do termo competência. O que
resultou no relatório de conceitos e caracterizações sobre competência, advindos do
recorte dos índices para a categorização. Bem como relato de uniformização e
distinção na apresentação das competências formuladas e apresentadas nestes
documentos. As competências requeridas dos egressos dos cursos pesquisados.
2
O registro dos dados identificados com base nas unidades de contexto e de registro das categorias, fundamentação, organização e
sistematização é feito através do Projeto Pedagógico e Estrutura Curricular – PPC - dos cursos pesquisados.
39
a socialização das suas descobertas para a sociedade. Embora esse conhecimento não
seja produzido necessariamente na universidade, nela encontra lugar privilegiado para a
sua efetivação, pois da universidade se origina boa parte dos profissionais e
pesquisadores que integram as instituições que estão no mercado produzindo ciência e
tecnologia.
Em vista disto, este nível de educação pode ser entendido como um espaço
de diálogo dos conhecimentos, um tempo de interações educativas e um processo de
aprendizagem (SÍVERES, 2010). O papel de produção de epistemes e formação
profissional, de integração do conhecimento, da educação e da aprendizagem na
universidade podem desencadear “um processo de formação pessoal, de capacitação
profissional e de transformação social” (SÍVERES, 2010, p.72).
Nessa direção tem-se como avanço a organização das ações na educação
superior baseadas na tríade acadêmica: ensino, pesquisa e extensão, cujo foco de cada
um desses objetivos integrantes dessa tríade pode ser assim descrito:
serem transcorridos dois a três anos da criação, concedido por tempo limitado e
renovado a cada cinco anos, por solicitação da IES, após processo regular de avaliação
do curso.
Diversos pareceres do Conselho Nacional de Educação reconhecem o
desenvolvimento de atividades práticas e de pesquisa integradas à formação em nível
de graduação, como instrumento para preparação de profissionais críticos e aptos ao
permanente autodesenvolvimento intelectual; o desenvolvimento de pesquisas voltadas
para o desenvolvimento regional; desenvolvimento de pesquisas nas áreas tecnológicas,
básica e humanística, destinadas a promover o avanço do conhecimento em campos
específicos do saber, em colaboração com a comunidade científica e intelectual
internacional; prestação de diferentes serviços à comunidade, de acordo com a sua
competência e capacidade.
Assim, até a presente data, a educação superior no Brasil é oferecida por
universidades, centros universitários, faculdades, institutos superiores e centros de
educação tecnológica. O cidadão pode optar por três tipos de graduação: bacharelado,
licenciatura e formação tecnológica.
Os cursos de pós-graduação são divididos entre strictu sensu (mestrados e
doutorados) e lato sensu (especializações e MBA). Além da forma presencial, ainda é
possível formar-se por educação a distância (EAD) ou na modalidade semipresencial
(aulas presenciais e a distância). Nessas últimas modalidades, o aluno recebe livros,
apostilas e conta com a internet.
A Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (SERES), órgão
do Ministério da Educação, é a unidade responsável por garantir que a legislação
educacional seja cumprida para garantir a qualidade dos cursos superiores do país. Para
medir a qualidade dos cursos de graduação no país, o Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e o Ministério da Educação (MEC)
utilizam o Índice Geral de Cursos (IGC), divulgado uma vez por ano, logo após a
publicação dos resultados do Exame Nacional do Desempenho dos estudantes -
ENADE. O IGC usa como base uma média dos conceitos de curso de graduação da
instituição, ponderada a partir do número de matrículas, mais notas de pós-graduação
de cada instituição de educação superior.
48
3
O processo de discussão em torno da europeização da educação superior se deu em 1998, em uma reunião ocorrida em Sorbonne (por
ocasião da comemoração dos oitocentos anos da Sorbonne e lembrança dos trinta anos de “maio de 68”), entre os ministros de educação da
Alemanha, França, Grã-Bretanha e Itália que assinaram a “Declaração conjunta sobre harmonização da arquitetura do sistema de educação
europeu”. Em junho de 1999, vinte e nove ministros de educação da Europa assinaram a Declaração de Bolonha, que avança na articulação
de ideias, políticas e compromissos que constituem as bases desse processo de reforma da educação superior em andamento na Europa.
50
acordo com o GPEARI (2011) o número de inscritos pela primeira vez no primeiro
ano do ensino superior público aumentou na ordem dos 35.326 e dos 2.242 no privado
em 2009, quando comparado com aos anos de início dessa década, conforme pode ser
visualizado na tabela 1:
4
Taxa de frequência devida pelo estudante à instituição de ensino superior como forma de coparticipação nos custos do ensino.
52
percentagem de 14,1% da despesa pública na educação de nível superior para apoio aos
estudantes (OCDE, 2011).
SUL NORTE
CENTRO-OESTE 16%
10% 13%
NORDESTE
31%
SUDESTE
30%
Fonte: Própria
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
40.000
30.000
20.000
10.000
0
UNIFESP
UNIFEI
UFSCAR
UFERJ
UFOP
UFABC
UFSJR
UFMG
UFTM
UFA
UFF
UFRJ
UFVJM
UFRRJ
UFU
UFV
UFES
UFJF
UFL
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
Como critério de escolha dos cursos, optamos pelo sorteio de três cursos por
universidade, e assim tivemos os seguintes cursos por instituição: Ciências do Mar,
Educação Básica e Novas Tecnologias (Universidade de Aveiro); Ciências da Saúde,
Ciências da Educação e Formação, e Tecnologia da Informação e Comunicação
(Universidade de Lisboa); e Ciências da Educação, Ciências da Nutrição e Licenciatura
em Turismo (Universidade Lusófona).
Qualquer fragmento pode remeter para diversos temas, afirma Bardin (2011,
p.135) reforçando que “a ‘palavra’ não tem definição precisa em linguística, mas para
aqueles que fazem uso do idioma corresponde a qualquer coisa”. Todas as palavras do
texto podem ser levadas em consideração, ou podemos nos deter unicamente em
analisar as palavras-chave ou as palavras – tema.
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Nessa pesquisa as categorias de dados geradas para análise vieram dos PPC de
cursos de universidades brasileiras e portuguesas através dos quais realizamos a
classificação, organização e agrupamento sobre os conceitos e informações de
interesse, no estudo em questão. Com a ajuda do software, podemos anexar a cada
documento selecionado (Fonte) ou categoria (Nós) um conjunto de atributos
(Atributos) ou descritores que o caracterize. Por exemplo: tipos de competências,
características ou termos associados a estas. Após criarmos e abrirmos o projeto,
tivemos acesso ao sistema de dados, designado no software WebQDA como Fontes.
No espaço Fontes, estão discriminadas três funcionalidades: Fontes Internas, Fontes
Externas e Notas.
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diz Fleury e Fleury (2001 p.181), “não implica apenas a negação desta capacidade, mas
guarda um sentimento pejorativo, depreciativo” chegando a sinalizar que a pessoa se
encontra ou se encontrará brevemente marginalizada dos circuitos de trabalho e de
reconhecimento social.
O termo competência construído pelos mais diversos autores, dentro das mais
diversas áreas de conhecimento tem sido alvo de diferentes instâncias de compreensão.
Além das distinções conceituais, nas últimas décadas esse termo deixou de ser utilizado
no singular, passando a ser descrito por alguns autores como competências.
Apresentando distinção a partir de 1990 quanto à área de referência:
Competency\Competencies (na área de trabalho) e Competência\Competências (na área
educacional).
Pertencendo ao discurso jurídico no final da Idade Média quando se designava
pessoa ou instituição capaz para apreciar e julgar determinados assuntos, o termo
competência passou a ser usado também para atribuir ao indivíduo à capacidade de
realizar determinado trabalho e/ou exercer eficientemente um dado papel (Brandão &
Guimarães, 2001).
De acordo com Silva (2011), essa expressão indo europeia de origem latina
substituiu as qualificações escolares dos ex-combatentes do pós-guerra mundial de
1945. Foi utilizada em 1970 na França em substituição ao termo qualificação. Passando
a se tornar comum às áreas de formação e mercado de trabalho entre os anos 80 e 90.
Portanto, bastante imprecisa e muito associada à noção de poder - ter
competência para julgar algo - o termo competência vem sendo desvelado e
resignificado ao longo desses dois últimos séculos tanto no contexto organizacional
quanto no contexto educacional.
Sua abordagem desenvolvida nos países anglo-saxões com expansão no mundo
francófono e sua relação com a questão do conhecimento e formas de aprendizagem
vem ganhando espaço em Organizações Internacionais que defendem a prontidão dos
alunos para o século 21, nos Referenciais da União Europeia sobre a Educação ao
Longo da Vida – ALV e nas reformas curriculares em muitos países.
O fato é que nas últimas décadas esse termo tem estado presente nos objetivos
escolares, nos currículos, na avaliação escolar em geral com foco na formação.
72
Sabemos que a multiplicidade de produção nesta área nos impede de realizar uma
análise bibliográfica que englobe todo o conhecimento sobre competência já
produzido. Portanto, apresentaremos um pouco do pensamento de alguns autores e
correntes que consideramos relevantes para os propósitos deste estudo.
Ao publicar o artigo Testing for competence rather than for "intelligence" McClelland
(1973) defendeu a substituição dos testes tradicionais de aptidão e de inteligência na
avaliação de estudantes e na seleção de candidatos a emprego por testes de
competência, como medida mais adequada para prever o desempenho no trabalho.
Deixando claro que a principal finalidade da competência é embasar a construção de
76
Por que tentar recompensar alguém por possuir algo que está "sob a
superfície" e que, portanto, é difícil de avaliar e de relacionar ao
desempenho no trabalho? Não seria melhor trabalhar com os
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a competência não é uma constante. Ela pode e deve variar em função da evolução da
situação em que intervém. Tomando-se como prova a situação real, a mobilização
pertinente dos saberes e das habilidades é, segundo estes autores, progressivamente
aprendida. “Somente ao final de certo período de tempo o indivíduo poderá ser
reconhecido como competente em seu contexto de trabalho” (LE BOTERF, 2003,
P.52).
1) Uma nova atitude dos indivíduos em relação ao trabalho que devem realizar
(nesta abordagem, a competência pode ser definida como uma atitude de tomada de
iniciativa e de responsabilidade pela situação com a qual os indivíduos se defrontam e
que de alguma forma são por ela responsáveis).
Behar (et al, 2013) tomando como referência os postulados de Perrenoud (1999;
2002) cuja base teórica se assenta no interacionismo piagetiano, e ainda baseando-se
em Le Boterf (2003), para quem cada ação competente é produto da combinação e
mobilização de recursos, destaca três tipos de recursos, os quais segundo ela apoiam e
colocam em movimento os elementos constituintes das competências, quais sejam: o
biofisiologismo: recurso de suporte; a afetividade: recurso de mobilização e a
criatividade: recurso de evolução. E assim define competência:
Fora os autores expostos até aqui, muitos outros têm se dedicado a procurar
uma definição de competência, bem como procurado questões derivadas da lógica das
competências na educação (COMELLAS, 2000; CRUZ, 2001; REY, 2002;
JONNAERT, 2002; CONTRERAS, 2002; DOLZ E OLLAGNIER, 2004; RYCHEN
E TIANA, 2005; ALBERICI E SERRERI, 2005; GOUVEIA, 2007; SILVA, 2008;
JARDIM, 2008; ZABALA E ARNAU, 2010), para citar apenas alguns cujos
postulados teóricos tivemos acesso.
87
4. .Situações, Esta característica da competência se apresenta quando a família de situações pertence à mesma
muitas vezes de disciplina, curso ou matéria. Daí a definição “muitas vezes.” De acordo com Rogiers (2001, p. 66) os
caráter conceitos de competência interdisciplinar, competência transversal e competência genérica também
disciplinar são utilizados na comunicação pedagógica. Por isso ele não limita a competência a um nível
estritamente monodisciplinar, pois perderia a sua essência de conceito integrador. Exemplifica dizendo
que para resolver uma situação problema utilizando as quatro operações fundamentais, “os principais
recursos a mobilizar estão no campo da matemática, mas as competências linguísticas diferentes
entram em ação para compreender o enunciado, explicar as estratégias de resolução e expressar os
resultados”.
5. Avaliabilidade A avaliação de uma competência implica medir a qualidade da execução da tarefa e a qualidade do
produto obtido.
Fonte: Própria
Competência Resultam em competências genéricas que se exercem em situações diversas. Roegiers (2001, 34
transversal Concebe o caráter disciplinar da competência, mas aceita que certas competências e 70)
facilitam a transferência quando pertencem a diferentes disciplinas próximas entre
elas, neste caso, poderia falar-se de competências transversais.
Competências As competências genéricas não são competências no sentido estrito do termo, De Ketele (2005,
genéricas pois a sua formulação indica somente os recursos a mobilizar e não as tarefas p.35)
complexas a resolver, como no caso das competências em si mesmas.
Competência É uma maneira de contextualizar a posteriori as aprendizagens, de maneira que os Roegiers, (2001, p.
de vida conhecimentos não permaneçam no nível teórico para o estudante, mas possa 76)
servir especificamente no ambiente familiar eescolar, e mais tarde em sua vida
adulta, de trabalhador, de cidadão. Significa que a competência de vida se exerce
especialmente em situações orientadas naturalmente
Competência e Uma operação que permite estabelecer a interdependência de diferentes Roegiers (2001, p.
integração elementos, antes dissociados, a fim de articulá-los função de uma finalidade dada. 22)
Competência e A performancia expressa à qualidade dos resultados obtidos por um sujeito num De Ketele et al.
performancia momento dado de sua aprendizagem. (1988,
(desempenho) p. 225)
Esta expressão põe em evidencia a relação entre a performancia e a competência, Roegiers (2001,
já que esta se demonstra num momento dado da aprendizagem. p. 72)
Fonte: Própria
5
Integra a lista dos 34 países membros da OCDE: Alemanha, Austrália, Áustria, Bélgica, Canadá, Chile, Dinamarca, Estados Unidos da
América, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Israel, Irlanda, Itália, Japão,
Luxemburgo, México, Noruega, Nova, Zelândia, Polónia, Portugal, República da Coreia, República Checa, Reino Unido, Suécia, Suíça, Turquia.
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a) Competências Gerais
b) Competências Específicas
a) Domínio do Conhecimento
b) Domínio do Raciocínio
Para a consecução deste domínio, são sugeridas sempre que possível, situações
de aprendizagem centradas na resolução de problemas, com interpretação de dados,
formulação de problemas e de hipóteses, planejamento de investigações, previsão e
avaliação de resultados, estabelecimento de comparações, realização de inferências,
generalização e dedução. Objetivando a promoção do pensamento crítico e criativo,
relacionando evidências e explicações, confrontando diferentes perspectivas de
interpretação científica, construindo e ou analisando situações alternativas que exijam a
proposta e a utilização de estratégias cognitivas diversificadas.
c) Domínio da Comunicação
Para este domínio são propostas experiências educativas que incluem uso da
linguagem científica, mediante a interpretação de fontes de informação diversas, com
distinção entre o essencial e o acessório, a utilização de modos diferentes de
representar essa informação, a vivência de situações de debate que permitam o
desenvolvimento das capacidades de exposição de ideias, defesa e argumentação, o
poder de análise e de síntese e a produção de textos escritos e/ou orais, onde se
evidencie a estrutura lógica do texto em função da abordagem do assunto. Sugere-se
que estas experiências educativas contemplem também a cooperação na partilha de
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d) Domínio da Atitude
Órgão/Documento Definição
Conselho Europeu (no a soma de conhecimentos, habilidades e características
documento Marco comum individuais as quais permitem a uma pessoa realizar
europeu de referência para as determinadas ações.
línguas: aprendizagem, ensino,
avaliação).
Unidade Espanhola de Eurydice as capacidades, os conhecimentos, e as atitudes que
– CIDE (2002) permitem uma participação eficaz na vida política,
econômica, social e cultural da sociedade.
Organização para a Cooperação a habilidade de cumprir com êxito as exigências
e Desenvolvimento Econômico complexas, mediante a mobilização dos pré-requisitos
(OCDE, 202) psicossociais. De modo que são enfatizados os
resultados os quais o indivíduo consegue por meio da
ação, seleção ou forma de se comportar conforme com
as exigências.
Documento-base para o a capacidade para enfrentar, com chances de êxito,
Currículo Basco (AA.VV., tarefas simples ou complexas em um determinado
2005) contexto.
Uma competência se compõe de uma operação (uma
ação mental) sobre um objeto (o que habitualmente
chamamos de “conhecimentos”) para a obtenção de
um determinado fim.
Conselho da Catalunha (2004) a capacidade dos alunos para pôr em prática, de forma
integrada, conhecimentos, habilidades e atitudes de
caráter transversal, ou seja, que integram saberes e
aprendizagens de diferentes áreas, que muitas vezes são
aprendidos não somente na escola e que servem para
solucionar problemas diversos na vida real.
Fonte: Zabala e Arnau (2010)
Muitas são as definições que vem sendo atribuídas ao termo competência ao longo
das últimas décadas nos documentos orientadores nacionais de educação. Este tem
sido associado, por exemplo, a esquemas de operações mentais; à capacidade de
executar tarefas; ao saber fazer; ao fazer com saber; à resolução de problemas; à
mobilização, aplicação e contextualização dos conhecimentos; à formação profissional,
entre outras.
trabalho e em outras esferas da vida social, tendo como eixo o “Currículo por
Competências” ou “Pedagogia das Competências”.
3. Competências técnico-científicas:
4. Valores humanísticos:
· Preparar pessoas para a postura reflexiva e analítica dimensão social e ética que
envolve os aspectos de diversidade étnico-racial e cultural, gêneros, classes
sociais, escolhas sexuais, entre outros.
►Competências científico-tecnológicas
►Valores humanísticos
Quando trata das perspectivas de formação, este autor diz que “les besoins de
formations résultent de lécart existant entre le profil requis et le profil réel des personnes exerçant ou appelées
à exercer um tel emploi”7 (LE BOTERF, 1990, P. 140). O perfil profissional real é o conjunto
de conhecimentos, habilidades e atitudes que verdadeiramente domina (possui) o indivíduo
ou o grupo. O perfil profissional desejável comporta o conjunto de conhecimentos,
habilidades e atitudes que um indivíduo ou grupo deve dominar. Comportam, portanto, os
seguintes aspectos dentro dos seguintes domínios das competências: savoirs, savoir-faire,
savoir-être e savoir-apprendre.
6
O perfil profissional requer: descrição de todos os saberes, saber fazer e saber ser que o indivíduo ou a categoria de pessoal realmente
possui, tendo como referência o perfil exigido anteriormente descrito.
7
As ações de formação devem se dá em relação ao perfil profissional real e o perfil profissional desejável.
114
O Querer Agir diz respeito a dar sentido aos desafios (objetivos); efetuar
retornos construtivos sobre o trabalho; dar visibilidade às oportunidades de
evolução/profissionalização; acompanhar; reconhecer; assegurar igualdade; salvaguardar a
qualidade de vida no trabalho. Ser encorajado por desafios, por uma auto-imagem positiva
que fortalece a expectativa e que incentiva a mobilização, também por um contexto de
reconhecimento e confiança estimulando o trabalhador a assumir riscos.
conhecimentos num contexto para a realização de uma atividade. Saber mobilizar então
está relacionado a saber combinar e transformar saberes.
Para Le Boterf (2003) a competência não é uma constante. Ela pode e deve
variar em função da evolução da situação em que intervém. Supondo a colocação à prova
da realidade, a mobilização pertinente dos saberes e das habilidades é progressivamente
aprendida. Somente ao final de certo período de tempo o indivíduo poderá ser reconhecido
como competente em seu contexto de trabalho. A Competência, nesses termos, pode ser
entendida como “o conjunto de aprendizagens sociais e comunicacionais nutridas à
montante pela aprendizagem e a jusante pelo sistema de avaliações” (LE BOTERF 1995,
Apud FLEURY E FLERY, 2001, P. 187).
Mas para que a competência se revele numa ação com pertinência significa que
saber agir é saber interpretar, saber o que fazer, saber como e onde focar as ações. Saber
interpretar os procedimentos e principalmente saber agir no imprevisto, considerando o
inesperado, o inédito para além da execução daquilo que está prescrito e até mesmo se
antecipando a incidentes e problemas, antes de trata-los. Significa que em situações
imprevistas, não rotineiras e não repertoriadas são exigidas atitudes de iniciativa, de escolha
e decisão, de responsabilidade (Id., 1992).
memorização compreensiva articulada com uma prática sistematizada quantas vezes forem
necessárias para saber fazer aquele conhecimento acontecer. Fundamentais para a
construção da capacidade de agir com expertise frente aos desafios apresentados.
Uma expertise que implica não apenas saber fazer o que é prescrito, mas saber
agir no imprevisto e até mesmo se antecipar a incidentes e problemas. Ou seja, as
competências se efetivamente construídas, são acionadas pelo sujeito em contexto normal,
assim como em contexto de crise. Diante das incertezas, diversos recursos são combinados
de maneira inédita e particular.
8
Neste estudo denominaremos estes recursos pessoais de Recursos Incorporados.
118
9
a instrumentalização de recursos pessoais é incorporada: é constituída por saberes, saber-fazer, aptidões ou qualidades e por experiências
acumuladas. A instrumentalização de recursos do meio é objetivada: é constituída por máquinas, instalações materiais, informações e redes
relacionais. [...] a competência baseia-se nesta dupla instrumentalização, mas não deve ser confundida com ela, uma vez que a competência
se traduz na faculdade, na capacidade de usar essa instrumentalização de um modo adequado. [...] o profissional deve saber mobilizar de um
modo pertinente saberes, saber-fazer, aptidões, qualidades pessoais e experiências. Todos esses recursos incorporados são inseparáveis da sua
personalidade e são heterogêneos e irregulares. O essencial é o profissional ser capaz de escolher os recursos, combinando-os em relação aos
objetivos a alcançar.
119
1) Os saberes
· Os saberes teóricos
Os saberes ou conhecimentos teóricos são mais um “saber – que” do que um
“saber – como”. São saberes de inteligibilidade. “Pede-se ao profissional não apenas
fazê-lo bem, mas entender aquilo que faz. O saber teórico é necessário para explicar as
anomalias e orientar as decisões de intervenção, as iniciativas a serem tomadas” (LE
BOTERF, 2003, p. 95). Eles permitem entender um fenômeno, um objeto, uma
situação, uma organização, um processo.
· Os saberes do meio ou do ambiente
Estes saberes dizem respeito ao contexto no qual o profissional intervém. Os
saberes do ambiente dão ao profissional a possibilidade de interferir em uma situação
particular, de adotar condutas pertinentes em relação a um contexto, e não apenas em
relação a uma profissão, de aumentar a funcionalidade das representações que servem
para guiá-lo. “Eles dão a faculdade de conhecer não só métodos e técnicas, mas o
âmbito no qual se inserem” (LE BOTERF, 2003, p. 98).
· Os saberes procedimentais
Estes saberes procuram descrever como deve ser feito, como proceder para.
Possibilitam à pessoa dispor de regras para agir. Estes saberes ao contrário dos saberes
teóricos, que são expressos independentemente das ações que poderiam utilizá-los, são
descritos com vistas a uma ação a ser realizada. Sua formulação é inseparável do seu
modo de emprego. É a distinção entre o saber “como funciona” e o saber “como fazer
funcionar”.
120
Nestes recursos para entender, Le Boterf (2008) diz que as operações intelectuais
se dão na realização de ações internalizadas relativamente simples e em operações mais
complexas:
• são exemplos de realização de ações internalizadas relativamente simples:
enumerar, classificar, distinguir, comparar, descrever, definir, explicar, identificar
contradições, identificar problemas, pontos de vista etc. Na educabilidade cognitiva,
diz ele, tais métodos de desenvolvimento mental são projetados com base na
articulação desses recursos;
• em operações mais complexas, destaca-se: a generalização indutiva ("alguns"
para "todos", "data" para "sempre”...), a generalização construtiva (produção de novas
formas, novos conteúdo) e o raciocínio analógico (a metáfora, a exploração, o
pensamento hipotético, a indução matemática, o raciocínio por transitividade...).
Essas habilidades e processos cognitivos, de acordo com Le Boterf (2008) estão
produzindo inferências, ou seja, novas informações criadas a partir da informação
inicial. Algumas inferências podem levar a informações mais gerais do que as contidas
na informação local inicial: elas implementam o raciocínio indutivo.
Outras inferências podem ser mais específicas do que aquelas originalmente
dadas pelas informações: elas mobilizam o raciocínio dedutivo. Ao contrário da
122
indução que passa de um para vários, a dedução leva ao geral quando os resultados
particulares são mais específicos do que as premissas. Um raciocínio por exclusão
(provar a verdade de uma proposição, mostrando a falsidade de todas as alternativas)
ou silogismo pode ser um bom exemplo de dedução.
Le Boterf (2008) registra que suas observações o leva a prestar uma atenção
especial a uma operação intelectual, segundo ele ainda pouco conhecida do grande
público: a abdução. Esta consiste em identificar, em diferentes áreas, que podem ser
comuns, suposições e conjecturas frente a estranhos eventos complexos,
aparentemente inexplicáveis. O raciocínio abdutivo, segundo ele, se dá nos moldes de
uma ação implementada por um detetive
Estes são aqueles recursos que permitem que se executem ações, intervenções.
São os recursos da ação, aprendidas, adquiridas ao longo do tempo. Um know-how da
prática, um conhecimento tácito, muitas vezes essencial para o uso adequado do
conhecimento processual. Estes recursos contêm:
· know-how metodológico, instrumentais, técnicas que são formalizadas;
· know-it-how ou conhecimento tácito (truques, dicas, atalhos,...);
· as lições aprendidas;
· capacidade de gestão do stress físico e recursos fisiológicos.
- Habilidades de aprendizagem;
- A capacidade de pensar criticamente;
- A capacidade de imaginação;
- A experiência em criatividade;
- Práticas de intercâmbio de know-how e de partilha.
O chamado "cognitivo" (habilidades de pensamento para distinguir o essencial do
acessório, de análise e síntese de competências...). Os recursos podem ser considerados
como recursos que formatam o cérebro, vão permitir a aquisição de outras
informações e transformá-la em conhecimento.
f) Guia de Recursos
deve-se insistir no fato de que elas podem ser o suporte para a ação fundamentada,
contribuindo para agir de forma adequada. Segundo este autor, a Intuição - ou insight -
encontra o seu lugar neste tipo de recurso. Assim como o controle das emoções,
A dimensão que um profissional pode mobilizar para agir é segundo este autor a
dimensão mais clássica e mais conhecida para agir de forma pertinente. Um
profissional deve, não só deter, mas também saber combinar e por em prática um
130
Configura-se, portanto, como uma forma de agir para ou como uma sequencia de
ações interdependentes. Pois, saber agir nesta perspectiva pressupõe a capacidade de
combinar diferentes operações. Isto é, saber articular as sequencias de ações, tendo em
vista alcançar um objetivo que faça sentido. Cada prática é singular, isto é, cada prática
é específica da pessoa que a implementa. Ela é o resultado de uma aprendizagem pela
experiência em situações reais e em situações reconstituídas ou simuladas. Não existe
uma resposta única para um imperativo profissional. Não há uma forma única de
resolver um problema com competência. Cada profissional exercerá as suas
capacidades em função das suas características e dos recursos pessoais. Confrontado
com um determinado problema, um profissional agirá de uma forma peculiar àquela
que lhe foi sendo ensinada pela experiência.
Ele deve ser capaz de reflexividade. Isto é, ser capaz de distanciar-se. Tal
distanciamento marca uma separação entre ele próprio e as suas práticas. Entre o
próprio, os recursos pessoais e os recursos do meio. Através desta dimensão o
profissional pode desenvolver a sua capacidade de conduzir, ele próprio, as suas
aprendizagens e de transferi-las.
Esta dimensão é aquela onde se concretiza a análise das práticas. Consiste esta
em distanciar-se para uma melhor tomada de consciência das suas práticas. No sentido
132
Contudo, Le Boterf (2008), alerta para o fato de que o saber agir competente
pressupõe ser capaz de combinar diferentes operações e não apenas ser capaz de
efetuá-las separadamente. A interação entre as três dimensões, dos recursos
disponíveis, da ação e dos resultados que esta produz, e da reflexividade está
representada na figura 6 a seguir:
DISTANCIAMENTO
FORMALIZAÇÃO
RECURSOS RETORNO REFLEXIVO PRÁTICAS
(pessoais e PROFISSIONAIS
exteriores) RESULTADOS
OBTIDOS
COMBINAÇÃO
MOBILIZAÇÃO
Conhecimento
dos seus
recursos e da Distanciament
o
capacidade de Formalização
os utilizar Reflexividade
Análise
das Práticas
Recursos
(pessoais e
do meio)
Combinação
Mobilização Práticas profissionais
Resultados obtidos
reflexiva é parte do que se espera de um profissional. Portanto, esta capacidade deve ser
introduzida sistematicamente configurando-se em momentos de aprendizagem reflexiva.
Para o desenvolvimento da capacidade reflexiva de funcionários ou
aprendentes, Le Boterf (2008) sugere que o formador ou professor certifique-se que têm
um método comprovado. Segundo este autor, a experiência mostra que muitas vezes as
sessões em causa com o aprendizado obtido em "conversas sobre as experiências" não
levam a muito. Ele chama a atenção para o conceito de prática. Se este conceito está
claramente entendido.
Este autor aponta para uma distinção clara entre momentos de aprendizagem da
capacidade reflexiva e tempos de avaliação. O desenvolvimento da capacidade reflexiva,
para ele, implica o estabelecimento de um “espaço seguro”, onde ele pode ser tomado
com confiança. O retorno sobre como agir sobre os recursos disponíveis e a capacidade
de mobilizar sabiamente usando o pensamento crítico. O que não deve ser confundido
com uma análise avaliativa com implicações para a gestão de carreira ou nas classificações
de exame. E como um alerta importante, nos diz:
Para garantir ação com competência, Le Boterf (2008) sugere a adoção de uma
abordagem, segundo ele, para uma ecologia de competências: o uso da “gestão de
jardineiro" (gestão de jardinagem). Para ele esta mensagem – bucólica - é simples: o
jardineiro não puxa as plantas para crescer, como então querer forçar funcionários ou
aprendentes a agir de forma adequada e com competência. A "estratégia" da gestão do
jardineiro é criar e manter um ambiente favorável (tratamento do solo, ventilação, luz
135
Ainda de acordo com Le Boterf (1992, 2003), o profissional não se pode limitar
a executar as tarefas de um modo único, idêntico, repetitivo. Ele tem de ser capaz de
‘transpor, ’ o que implica a capacidade de aprender, de adaptar. Em um novo ambiente,
este profissional precisa saber utilizar conhecimentos ou habilidades que adquiriu e
executou em contextos distintos. A capacidade para transpor depende da competência
do profissional, da sua capacidade de distanciamento e de análise dos seus próprios
procedimentos. Partindo de uma reflexão sobre as suas práticas reais, o profissional,
através de um trabalho de abstração e de conceitualização, procura reinvestir a sua
experiência em diferentes situações profissionais (LE BOTERF, 2003).
A capacidade para transpor depende da capacidade cognitiva do profissional.
Em face de diferentes situações problemas, o profissional deve ser capaz de por em
execução estratégias cognitivas adequadas. A abstração reflexiva, o raciocínio por
analogia e a transdução serão ferramentas muito apropriadas, diz esse autor. A
capacidade de memorizar esquemas de raciocínio e de mobilizá-los conscientemente é
essencial. A aptidão (...) “para fazer e definir representações, ou seja, tanto para lhes dar
importância quanto para relativizá-las, fazê-las evoluir ou para abandoná-las é um sinal
manifesto do profissionalismo” (LE BOTERF, 2003, P. 75 – 76). O profissional tem
de ser capaz de fazer da sua prática profissional uma oportunidade para criar saber. Ele
tem que construir a sua aprendizagem e sua auto-realização. Tem de ser capaz de
aprender e de aprender a aprender (LE BOTERF, 2003). Por outro lado, o profissional
também tem de saber envolver-se. Para isso, é preciso querer agir para poder e saber
136
nível atingido, podem ser mais ou menos eficazes. O nível mais alto é o
profissionalismo.
Acerca do profissionalismo como o nível mais elevado de qualidade de
competência, Le Boterf diz que “no cotidiano profissional, a qualidade das
competências varia. Podendo-se observar pessoas mais ou menos competentes,
profissionais ou amadoras” (LE BOTERF, 1992, p. 109). E que em geral, pode-se
reconhecer um profissional a partir das seguintes capacidades:
- confiança que ele inspira e que ele tem em si mesmo. O profissional não é
presunçoso, mas tem uma certa desenvoltura.
· Potentiel (potencial)
Habilidades e as competências existentes em um indivíduo ( ou grupo
de indivíduos ) e capaz de ser implementado em uma situação de
trabalho.
139
· Compétences (competências)
"mix" de conhecimentos , habilidades e atitudes que são diretamente útil
e implementada em um contexto de situação de trabalho particular.
· Capacité (capacidades)
Uma ou mais operações (intelectuais, gestos...) que o indivíduo é capaz
de executar. Exemplos: ser capaz de ler um mapa, agendar uma ação
para gerenciar riscos. A capacidade pode ser realizada em um ou mais
comportamentos. Por outro lado, o comportamento pode se referir a
várias capacidades.
· Comportement (comportamento)
Ação observável que uma pessoa usa em uma determinada situação. A
competência incorpora um ou mais recursos possuídos pelo assunto.
Exemplo: ser capaz de traduzir a declaração de trabalho por um código
de computador.
· Attitude (atitude)
Disposição global e constante que permite ao indivíduo se antecipar,
avaliar e regular a ação.
10
Fontes: Adaptado a partir de informações disponíveis em: http://www.timetoast.com/ timelines/tecnologias-na-historia-da-humanidade-do-
fogo-ao-arco-alexandre-jose; http://www.mundoeducacao.com/historiageral/origem-escrita.htm.
142
143
12
Período intermediário numa divisão esquemática da história da Europa em quatro "eras": Idade Antiga, Idade Média, a Idade Moderna e a
Idade Contemporânea, com duração de aproximadamente mil anos e predominância do cristianismo em todas as esferas da vida humana na
Europa.
145
trabalhamos, deslocamos para diferentes lugares, lemos e nos comunicamos uns com
os outros ou mesmo buscamos atividades de entretenimento, só o fazemos graças às
tecnologias. Mas afinal, o que são tecnologias?
De acordo com Kenski (2012), as tecnologias são o conjunto de conhecimentos
e princípios científicos que se aplicam ao planejamento, à construção e à utilização de
um equipamento em um determinado tipo de atividade. Segundo esta autora,
Fica claro, portanto, que o legado da tecnologia diz respeito ao saber fazer e ao
processo criativo nos quais recursos, ferramentas e sistemas podem ser utilizados para
resolver problemas e para acrescentar o controle sobre o ambiente natural e artificial,
com o propósito de melhorar a condição humana.
13
A World Wide Web (rede de alcance mundial, também conhecida como Web e WWW) é um sistema de documentos em hipermídia,
interligados e executados na Internet.
14
A World Wide Web (rede de alcance mundial, também conhecida como Web e WWW) é um sistema de documentos em hipermídia,
interligados e executados na Internet.
15
Conjunto de páginas web, isto é, de hipertextos acessíveis na Internet
16
Convenção ou padrão que controla e possibilita uma conexão, comunicação ou transferência de
dados entre dois sistemas computacionais.
149
de uma ecologia cognitiva que o “engloba e o restringe”. Para ilustrar, Lévy (2004, p.
83), faz o seguinte comentário:
não sou “eu” quem sou inteligente, mas “eu” com o grupo humano
do qual sou membro, com minha língua, com toda uma herança de
métodos e tecnologias intelectuais (dentre as quais, o uso da escrita).
Para citar apenas três elementos entre milhares de outros, sem o
acesso às bibliotecas públicas, a prática em vários programas bastante
úteis e numerosas conversas com os amigos, aquele que assina este
texto não teria sido capaz de redigi-lo.
· Processadores de texto;
· Folhas de cálculo;
· Base de Dados;
· Armazenamento e gestão da informação
· Compreensão das oportunidades e dos riscos potenciais da internet e da
comunicação por meios eletrônicos (correio eletrônico, ferramentas de rede)
para o trabalho, os tempos livres, a partilha de informação e a colaboração em
rede, a aprendizagem e a investigação;
158
· Obter informações;
· Avaliar informações;
· Armazenar Dados;
· Produzir Informações e/ou Conhecimentos
· Apresentar Dados e informações
· Trocar informações
· Comunicar e participar em redes de cooperação via internet;
Segundo Mota (2013), o rádio até colaborou em alguns setores, atingindo áreas
remotas, mas de fato, não causou nenhuma transformação radical.
Nas décadas de 1960 e 1970, com a televisão, questionava-se pra que ir à sala de
aula, uma vez que a televisão despertava muito mais interesse. Embora reconhecendo
as suas experiências positivas, a televisão também não causou nenhuma grande
alteração na educação.
Finalmente surge o computador no final do século passado, e muitos imaginavam
que seria a máquina de ensinar. Mas a sua utilização foi muito modesta. A maior parte
dos computadores ficou esquecida em salas, fechadas por segurança, ou então se
transformaram em máquinas de escrever modernas usadas na administração escolar.
De fato, a história ainda breve e pouco documentada do agenciamento entre
computadores e educação no Brasil, revela que tal processo só começa a ser
testemunhado entre nós, de modo tênue, no fim dos anos oitenta, quando o desejo da
instituição-escola “em perceber-se ‘moderna’, levou-a a começar a acatar o computador
como uma ferramenta administrativo-pedagógica mesmo que de forma incipiente”
(MORAES, 1993, p. 48). A linha do tempo das inovações tecnológicas na educação
também ilustra o nível evolutivo dos recursos tecnológicos utilizados no ambiente de
aprendizagem, conforme ilustra a figura nº 8:
Fonte: http://pt.slideshare.net/eadamazon/gesto-de-ead-educao-a-distncia-na-web-20
Cabe lembrar que hoje em dia quando se fala de tecnologias digitais, está se
falando principalmente dos processos e produtos relacionados com os conhecimentos
provenientes da eletrônica, da microeletrônica e das telecomunicações. Estas
tecnologias caracterizam-se por estarem em permanente transformação. E também por
terem uma base imaterial, isto é, não são tecnologias materializadas em máquinas e
equipamentos. Sua materialização é virtual e sua principal matéria-prima é a
informação. Na atualidade, afirma Kenski (2012, p.22):
educativo, por um lado com os desafios impostos pelas inovações tecnológicas e, por
outro lado, com a desmotivação dos alunos em participar efetivamente dos estudos nos
moldes apresentados pelo sistema educacional vigente. Mesmo porque neste início de
milênio, tem sido possível observar, segundo Brennand e De Góes Brennand (2013,
p.96), que:
Essa nova lógica de escola apontada por Brennand & Brennand (2013), deve
fazer parte das nossas reflexões a respeito do futuro da educação. Nesse processo de
reflexão talvez seja importante darmos uma maior atenção aos autores-leitores e
principalmente os novos processos de aprendizagens por estes adotados seja qual for à
área de conhecimento, facilitado cada vez mais pela disponibilidade das tecnologias
digitais.
Uma vez que a leitura de partitura ainda é uma linguagem não acessível à
maioria dos brasileiros, uma empresa virtual, chamada Myriad, trouxe uma alternativa
de facilitar a decodificação dessa mensagem para o público mais leigo no assunto.
Trata-se de um software chamado PDF To Music, que consiste em um leitor virtual de
17
(Assista em https://www.youtube.com/watch?v=5uPH6BK6DMI).
165
acessa vídeos e redes sociais, ouve música no iPod, vê TV e fala com os amigos pela
sincronização do Skype e facebook - tudo ao mesmo tempo.
18
http://objetoseducacionais2.mec.gov.br
167
19
(https://accounts.google.com.br - pode ser gmail.
20
(http://www.youtube-mp3.org/pt)
21
o freemake vídeo convertor disponibilizado de forma gratuita na internet via http://www.freemake.com)
168
· Elaboração de PowerPoint
· Elaboração de portfólio online
· Criação e postagem de vídeo para o YouTube (como baixar e compartilhar
vídeo)
· Uso de imagens e som na criação de vídeos
· Criação de Blogs, páginas no Facebook e sites.
· Elaboração de apresentação em Prezi
· Uso da internet no contexto pedagógico;
· Uso do smartphone como ferramenta de aprendizagem;
· O vídeo como estratégia pedagógica;
· Utilização das redes sociais no processo de ensino – aprendizagem
· Como acessar e utilizar o moodle
169
Trazer esta discussão para o cenário educacional tem sido nebuloso diz
Brennand e De Góes Brennand, “uma vez que a escola em seu formato tradicional
parece estar timidamente inserida nestas mudanças e pouco tem contribuído para
enriquecer este universo multifacetado” (2013, p.95).
Aquele que entra numa sala de aula e apresenta o conteúdo da sua aula aos
seus alunos como se fosse inédito. Alguns destes alunos tomam nota daquilo que
supostamente é falado pela primeira vez pelo professor.
22
A pesquisa de texto dentro do Sistema de Questionamento se dá a partir do registro de informações em três diferentes separadores,
denominados: Geral, Propriedades e Restrição. No primeiro separador (Geral) define-se o título da pesquisa descrevendo-a em forma de
pergunta. No segundo separador (Propriedades), descreve-se o/os termos/os da pesquisa e no terceiro separador (Restrição), faz-se a restrição
da busca ao selecionar as fontes consultadas, isto é, realizando a pesquisa em todos os arquivos; incluindo ou excluindo alguns arquivos no
Sistema de Fontes.
174
A partir dos dados obtidos nos referidos PPC e das técnicas de análise
documental e de conteúdo, nos foi possível descrever as competências identificadas
nestes documentos, designadamente as competências que são requeridas dos egressos
dos cursos pesquisados, e a partir daí, compreender como as competências em
Tecnologias Digitais são apresentadas nesses documentos orientadores e
normatizadores da prática pedagógica.
23
Alguns desses conceitos vizinhos ao conceito de competência são denominados por Le Boterf como recursos para a construção de
competência. E assim nos referiremos a estes conceitos mais adiante neste texto.
176
Como visto no referido PPC estas terminologias estão sendo utilizadas para
designar que o egresso deste curso será uma pessoa qualificada para exercer a função
de Bacharel ou licenciado em Computação. Logicamente é de se esperar que esta
função seja exercida por uma pessoa que tenha concluído um curso destinado a tal
qualificação. Daí ser da competência do egresso deste curso e não de outro o
desempenho desse papel na sociedade. O que não quer dizer que competências tenham
sido construídas. Por isso não as consideramos como competências neste estudo.
A pesquisa apontou ainda que os PPC de CC das universidades federais da
Paraíba e de Pernambuco apresentam a mesma lista de Competências e Habilidades
requeridas dos seus egressos. Suscitando diversas interpretações, dentre elas: cópia do
item do PPC por parte de uma das duas instituições; comodidade em trazer para o
documento algo pronto; ou mera concordância com o prescrito nas DCN.
Quatro PPC compõem a amostra final para a análise das competências
requeridas dos egressos do curso de Física. São os PPC do curso de Física das
181
Das sete (07) universidades cuja menção ao termo competências fora identificado
na primeira “pesquisa de texto”, quatro (04) apresentam as competências que
consideram importantes na formação inicial em Física. São elas as Universidades
situadas nas regiões Sudeste e Sul, respectivamente, a Universidade Federal
Fluminense, a Universidade Federal de Minas Gerais, a Universidade Federal do Rio
Grande do Sul e a Universidade Federal do Paraná. Já na Universidade Federal da
Bahia, situada na Região Nordeste, embora o PPC do curso de Física conste nesse
relatório de “pesquisa de texto” como apresentando o termo “competência”, este
termo aparece referenciado uma única vez, assim mesmo na ementa da disciplina
Didática I:
sim, fazem referência à alçada dos Departamentos no item que trata da Estrutura
Administrativa da Faculdade de Medicina e Núcleos de Apoio:
0,1 UFRGS
0 UFSC
Ciências da Física Medicina Pedagogia
Computação
Fonte: Própria
A busca do termo competências nos projetos desses nove cursos nas três
universidades selecionadas como amostra neste estudo nos permitiu observar que em
relação à universidade Lusófona, todos os cursos pesquisados mencionaram a palavra
competência na elaboração do projeto. Quanto à universidade de Aveiro, encontramos
a menção ao termo em um dos três cursos, o curso de Ciências do Mar, e em relação à
universidade de Lisboa, o termo foi mencionado em dois dos cursos investigados:
Ciências da Educação e Formação e Tecnologia da Informação e Comunicação.
Dos nove (09) cursos onde procedemos à “pesquisa de texto”, encontramos três
cursos em uma mesma universidade, a universidade Lusófona, cujo resultado da busca
apontou para a existência de um item tratando especificamente das competências,
sendo estas citadas conjuntamente com conhecimentos e capacidades no referido item.
UNIVERSIDADES CURSOS
Lusófona Ciências da Ciências da Licenciatura em
Educação Nutrição Turismo
Aveiro Ciências do Mar
Lisboa Ciências da Tecnologia da
Educação e Informação e
Formação Comunicação
Fonte: Própria
Portanto, a análise dos dados desse segundo relatório gerado pela “pesquisa de
texto” através do software WebQDA permitiu constatar em primeiro lugar que três
(03) cursos elaboraram um item no seu PPC direcionado às competências, dois cursos
trataram das competências quando da formulação dos objetivos, e um curso, ao tratar
dos objetivos específicos, conforme pode ser visto no Quadro nº 13:
194
Fonte: Própria
Fonte: Própria
Pedagogia contendo registro das competências a serem requeridas dos egressos desses
cursos.
Competências:
(2) Comprometimento com os valores inspiradores da sociedade
democrática;
(3) Compreensão do papel social da escola;
(4) Domínios dos conteúdos e sua articulação interdisciplinar;
(5) Domínio do conhecimento pedagógico;
(6) Conhecimento de processo de investigação e aperfeiçoamento
da prática pedagógica;
(7) Gerenciamento do próprio desenvolvimento profissional;
Habilidades:
(1h) Elaboração de projetos de inserção da informática no
aprendizado dos conteúdos de outras áreas do conhecimento, nos
diferentes níveis e modalidades de ensino, mediante interação
multidisciplinar com professores de outras áreas.
199
Competências
(1) Comprometimento com os valores inspiradores da sociedade
democrática;
(2) Compreensão do papel social da escola;
(3) Domínios dos conteúdos e sua articulação interdisciplinar;
(4) Domínio do conhecimento pedagógico;
(5) Conhecimento de processo de investigação e aperfeiçoamento
da prática pedagógica;
Habilidades
(1h)Elaboração de projetos de inserção da informática no
aprendizado dos conteúdos de outras áreas do conhecimento, nos
diferentes níveis e modalidades de ensino, mediante interação
multidisciplinar com professores de outras áreas
Aptidões:
Habilidades:
(1h) Projeto e implantação de redes locais de computadores;
(2h) Desenvolvimento de soluções de gerenciamento para redes de
computadores e de telecomunicações;
(3h) Projetos de integração software/hardware;
(4h) Projeto de protocolos de comunicação em redes;
(5h) Projeto de microprocessadores simples;
(6h) Construção de sistemas em realidade virtual;
(7h) Construção de sistemas em tempo real;
Competências e Habilidades
Competências:
Habilidades Gerais:
Competências:
Habilidades Gerais:
Competências Gerais
No Plano Ético:
No Plano Político-Social
Atuação individual
(1AAD) Manter-se atualizado, assumindo e incentivando seus
colaboradores na adoção de uma postura crítica e de busca de
aperfeiçoamento pessoal profissional;
(2AAD) Ter consciência da necessidade de aprimoramento pela
educação continuada, como novo paradigma de aperfeiçoamento
profissional;
(3AAD) Conhecer e entender o processo de investigação científica,
estando apto a proceder à realização de pesquisas no campo da
Medicina, com capacidade crítica para interpretar e aplicar dados;
(4AAD) Ter embasamento científico, para adquirir e produzir
conhecimentos, manter-se em dia ao longo de sua vida profissional e
utilizar o método científico como um instrumento da sua prática diária
na identificação e solução de problemas;
(5 AAD)Avaliar criticamente a literatura científica, manejando bem a
língua portuguesa, os idiomas espanhol e/ou inglês e a informática
básica.
(6AAD) Acompanhar e incorporar inovações tecnológicas
(informática, biotecnologia e novas metodologias) no exercício da
profissão;
(7AAD) Saber comunicar-se adequadamente com o paciente e seus
familiares, com seus companheiros de trabalho e a comunidade
científica;
212
No âmbito técnico-científico:
Fonte: Própria
Assim como ocorreu na análise dos PPC das universidades brasileiras, os PPC
das universidades em Portugal também apresentaram fragilidades quanto à clareza
conceitual inerente aos atributos da competência. Parte desses documentos relacionam
as competências em termos de objetivos, embora no documento apresentem a
pretensão em desenvolver competências. Os demais documentos redigiram o conjunto
de competências a serem requeridas pelos egressos denominando-o de conhecimentos,
capacidades e competências, sem explicitar a distinção entre cada um desses atributos.
Os cursos por universidades apontados na “pesquisa de texto” como aqueles
que fazem menção às competências ou aos seus recursos dentro dos seus projetos
pedagógicos são: Ciências da Educação; Ciências da Nutrição e Licenciatura em
Turismo (universidade Lusófona); Ciências do Mar (universidade de Aveiro); Ciências
da Educação e Formação; Tecnologias da Informação e Comunicação (universidade de
Lisboa). Cabe registrar que os cursos Ciências do Mar (Aveiro) e Ciências da Educação
e Formação e Tecnologias da Informação e Comunicação (Lisboa) mencionam as
competências ou os seus recursos ao formularem seus objetivos, conforme
apresentado a seguir.
217
Investigação
pesquisa, mas, por si mesmos estes são incipientes para a explicação dos fenômenos.
Pois como afirma Silva et all (2009, p.10), a etapa de análise dos documentos propõe-se
a produzir ou reelaborar conhecimentos e criar novas formas de compreender os
fenômenos. O investigador deve interpretá-los, sintetizar as informações, determinar
tendências e na medida do possível fazer a inferência. Silva et all (2009, p.10) afirmam
que os documentos não existem isoladamente, mas precisam ser situados em uma
estrutura teórica para que o seu conteúdo seja entendido.
Para a análise das competências requeridas dos egressos dos cursos da educação
superior no Brasil e em Portugal, buscamos nessa fase da pesquisa, correspondências
entre as competências identificadas nos PPC e os Recursos para a construção de
competências, Recursos Incorporados e Objetivados, tal qual formulados na tipologia
de Recursos desenvolvida por Le Boterf (2003), condição necessária para
compreendermos como ocorre a construção de competências no lócus de investigação
que nos propormos a estudar: a educação superior.
Em treze (13) dos 16 PPC dos cursos analisados nas universidades brasileiras
(81 % dos documentos), encontramos competências cuja formulação guarda
correspondência com os recursos de competência apresentado por Le Boterf (2003).
Tais correspondências estão presentes nos quatro cursos pesquisados nas seguintes
universidades:
Curso Universidades
Ciências da Computação UFBA/UFPB/UFPE/UFPR/UFSC
Física UFF/UFPR/UFRGS
Medicina UFPB/UFPE/UFMG
Pedagogia UFBA/UFPB
227
· Conhecimentos teóricos
· Conhecimentos procedimentais
· Habilidades formalizadas
· Habilidades empíricas
· Habilidades relacionais
· Habilidades cognitivas
Diz Le Boterf (2003), que para além de conhecimentos e habilidades, para agir
com competência é preciso dar atenção às emoções, pois estas ao mesmo tempo em
que podem se constituir riscos e obstáculos, também podem ser uma vantagem ou
ajuda. São exemplos: autoestima positiva e evolutiva, motivação, confiança na sua
241
capacidade etc. (LE BOTERF, 2003). Eis as competências requeridas dos egressos da
educação superior (graduação) no Brasil que a nosso ver relacionam-se com as
“Aptidões”:
Cabe registrar que o curso de Física constou como o único presente em todas as
correspondências efetuadas entre as competências requeridas e os conhecimentos
teóricos e procedimentais, bem como, as habilidades formalizadas, empíricas,
relacionais e cognitivas; e os aspectos fisiológicos e culturais.
Em quatro dos nove cursos resultantes da amostra final foi possível relacionar
alguns dos recursos de competência às competências requeridas. São esses os cursos:
243
Conhecimentos teóricos
· Conhecimento do entorno
· Conhecimentos procedimentais
· Habilidades relacionais
· Habilidades formalizadas
· Habilidades empíricas
campo [...] e utilização dos sistemas tecnológicos e TIC utilizadas nas organizações
[...]”.
Habilidades cognitivas
fatos educativos nas suas relações com o contexto social, político, econômico, cultural
etc.
O intuito dessa metodologia é comparar semelhanças e diferenças em duas ou
mais regiões, países, continentes, ou a nível mundial, a fim de melhor compreender o
caráter único de cada fenômeno no seu próprio sistema educativo e de encontrar
generalizações válidas ou desejáveis.
O Sistema Educativo é uma realidade complexa que integra órgãos de serviço e
gestão, com as suas hierarquias, funções e competências; instituições escolares e seus
atores/ programas/exigências e recursos. Por isso é tão importante, a nosso ver, uma
concepção ampla do Sistema Educativo quando se decide analisar fenômenos e fatos
ligados à educação. Isto evita cairmos nas armadilhas do reducionismo ou da
generalização quando das análises investigativas.
Nesse processo de conhecimento, de percepção de semelhanças e diferenças
temos a possibilidade de conhecer a realidade do outro, e através desse outro, nos
reconhecer. A Educação Comparada – EC tenta compreender o que se faz e porque é
assim. Nesse sentido, a EC não é da ordem da normatização, posto que não prescreve
o que deve ser feito.
Não podemos dizer que nesse trabalho tenhamos utilizado a metodologia de
análise comparativa própria da EC. No entanto, nos apropriamos de alguns dos seus
objetivos, dentre estes, esclarecer, descrever, analisar e explicar similaridades e
divergências entre os fatos educativos e o ambiente que os rodeia. Pois neste estudo
buscamos comparar fenômenos educativos (construção de competências) em um dado
ambiente (educação superior), em dois países.
O fundamento teórico adotado para a análise comparativa da construção de
competências na educação superior nesses dois países (Brasil e Portugal), diz respeito à
tipologia de recursos para construção de competências desenvolvida por Le Boterf
(2003). E claro, as reflexões feitas por este autor no tocante a conceituação de
competência e demais aspectos a considerar quando da sua proposição em programas
de formação.
Conforme apontou os estudos acerca dos construtos teóricos de Le Boterf
(1990, 1992, 1994, 2003, 2008) sobre a construção de competências, duas categorias de
recursos integram a construção de competências: os Recursos Incorporados (ou
250
Fonte: Própria
· Saber agir implica em saber fazer e saber como integrar e transferir os recursos,
combinando-os e mobilizando-os. Implica também em
organizar análises e trocas de práticas;
· Querer agir exige que se dê sentido aos desafios (objetivos); efetuar retornos
construtivos sobre o trabalho; Ser encorajado por desafios, por uma autoimagem
positiva que fortalece a expectativa e que incentiva a mobilização, também por
um contexto de reconhecimento e confiança;
· Poder agir requer que se ponha a disposição tempo e meios apropriados para a
criação da competência: a autoridade para agir, as redes de recursos e a própria
organização do trabalho.
Dois (02) dos três (03) tipos de Recursos Objetivados de competências (ou
Recursos do Meio) para a construção de competências foram identificados na pesquisa
como apresentando correspondência com as competências requeridas formuladas nos
PPC dos cursos de universidades portuguesas. São os tipos de recursos “Redes
Relacionais”, identificados no projeto do curso de Ciências do Mar, universidade de
Aveiro, e as “Redes Informacionais” presentes no PPC do curso de Licenciatura em
Turismo, Universidade Lusófona, conforme podemos visualizar nos Quadros 19 e 21.
O Recurso Redes Documentais e Recursos Didático-Pedagógicos não apresenta
nenhuma competência Requerida a ele ligada, conforme apresentado no Quadro N°
20:
Fonte: Própria
Fonte: Própria
Isto quer dizer que quanto mais recursos são utilizados, integrados, combinados e
mobilizados maiores são as chances de uma ação competente. Le Boterf (1990, 1992,
2003, 2008) não distingue os recursos nem os aspectos inerentes à trilogia de ação por
nível de importância. Não há um recurso mais importante que o outro em seus
construtos teóricos. Assim como o “saber”, o “querer” e o “poder” agir apresentam-se
com a mesma importância.
263
No Brasil, o uso das TIC na educação, com sinalização para a sua inserção na
formação inicial em instituições de educação superior, é abordado em documentos
oficiais, tais como: LDB 9394/96; Plano Nacional de Educação; Livro Verde da
Sociedade da Informação no Brasil e Diretrizes Curriculares Nacionais.
24
Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico.
265
uma espécie de banco de dados estático - para uma análise de conteúdo móvel, já que os
conteúdos a toda hora estão mudando. Nesse sentido, é preciso que os aprendentes
tenham capacidade de acessar os dados, de pensar sobres esses dados, interpretando-os
e partilhando essa interpretação. Isso ainda é inovador em pleno século 21, e quase
ninguém está sabendo lidar com isso, inclusive na educação superior.
Num contexto sociocultural altamente conectado como tem sido cada vez mais
o mundo em que vivemos. Cujas palavras de ordem são criatividade, inovação e
aprendizagem, para se sobressair é preciso competência para se comunicar e colaborar.
UNIVERSIDAD CR I EC RP TD CM CL IP
ES
AVEIRO Ciênci Ciênci
as do as do
Mar Mar
LISBOA CEF CEF CEF CEF CEF
LUSÓFONA
Legendas: CEF – Ciências da Educação e Formação / TIC – Tecnologia da Informação e Comunicação/CR (Criatividade); I
(Inovação); EC (Espírito Crítico); RP (Resolução de Problemas); TD (Tomada de Decisão); CM
(Comunicação); CL (Colaboração); IP (Investigação e Pesquisa).
Fonte: Própria
279
1
0,9
CR
0,8
I
0,7
0,6 EC
0,5 RP
0,4 TD
0,3 CM
0,2 CL
0,1 IP
0
Ciências do Mar/Aveiro Ciências da Educação e
Formação/Lisboa
Todas as TIC têm três componentes para o seu funcionamento: Hardware (parte
tangível de todas as ferramentas. Ex: o computador, o celular com todas as suas
partes), o software (parte inteligente de todos os dispositivos), e as redes (conjunto de
dispositivos que interatuam com o hardware e o software permitindo conectar as TIC
entre si para intercambiar informação). E apresentam vantagens e desvantagens.
Uma competência necessária ao uso efetivo das TIC, não apenas direcionada a
educação, mas para a vida, no atual contexto de convergência tecnológica, é a
competência digital.
riscos das TIC, além de desenvolver habilidades para o uso destas tecnologias para
favorecer aprendizagens significativas.
A presente pesquisa teve por objetivo principal analisar como são construídas as
competências em Tecnologias Digitais na Educação Superior, fundamentando-se nas
competências básicas em Tecnologia da Informação e Comunicação e tomando como
referência experiências desenvolvidas em Universidades no Brasil e em Portugal.
Para alcançar esse objetivo o primeiro passo dado foi a identificação do conceito
de competência na literatura existente no campo do trabalho e da educação e o
aprofundamento deste conceito e sua sistematização pedagógica nos construtos teóricos
de Le Boterf (1990; 1992; 1994; 2003; 2008), para quem a competência é construída
através da combinação e mobilização de recursos, e constituída pela integração de uma
trilogia de ação: savoir (saber), porvoir (querer) e vouloir (poder).
Diante disto, concordamos com Machado (2009) e Silva (2012) quando afirmam
que todo currículo tem disciplinas, tem programas. Ele pode buscar as competências,
mas ele tem matérias a ser ensinadas. Existe uma intrínseca relação de
complementaridade entre o ensino de disciplinas e o desenvolvimento de
competências. Como recorte dos saberes científicos, os saberes disciplinares são
recursos a serem mobilizados para o desenvolvimento de competências. Pois estes
298
Dado o novo modo de existência num mundo cada vez mais transformado em
função das tecnologias digitais, já é possível visualizar-se a redefinição do conceito de
301
analfabeto. Fazendo surgir o novo analfabeto. Esse novo analfabeto não será aquele
que não sabe ler e escrever, mas será aquele que inundado por informação não possui
competências para saber o que fazer com a informação.
Aí reside um dos grandes desafios da educação superior, lidar com uma geração
cada vez mais conectada com as tecnologias digitais tendo acesso abundante de
informações e conhecimento, mas que ao mesmo tempo pode não está sabendo o que
fazer com estas informações ou com os conhecimentos.
Se isto acontece, possivelmente, falta a esta geração conhecimentos prévios
importantes e competências básicas em tecnologias da informação e comunicação –
TIC que lhes assegure: saber buscar informações úteis e relevantes; saber analisar e
interpretar essas informações; desenvolver seu pensamento crítico; resolver problemas
e tomar decisões; expressar-se e comunicar-se em distintas mídias e saber trabalhar
colaborativamente em equipe.
Tais competências, a nosso ver, podem e devem ser desenvolvidas em todos os
componentes curriculares sob a orientação e acompanhamento docente em um
ambiente pedagógico com infraestrutura adequada para acomodar dignamente
estudantes e professores, e para disponibilizar os equipamentos tecnológicos
necessários às aprendizagens e competências a serem construídas.
Além das políticas de gestão educacional direcionadas às condições humanas e
materiais para a efetivação desse ambiente pedagógico, faz-se necessário a elaboração
de projetos pedagógicos cuja estrutura curricular contemple a construção de
competências em qualquer que seja o curso ou área de formação inicial na educação
superior.
O estado da arte sobre a questão das competências nesta pesquisa apontou para
a raridade de estudos sobre esse tema na educação superior. A nossa perspectiva é que
essa pesquisa contribua para ampliar o entendimento acerca do conceito de
competência e o debate sobre a relevância da construção de competências na educação
superior, especialmente as competências em Tecnologias Digitais.
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