UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro

CLA – Centros de Letras e Artes

EBA - Escola de Belas Artes

Disciplina: Direção de espetáculo

Professor: Antonio De Souza
Aluno: Luan Nóbrega

Analise da primeira cena do roteiro do curta Meia volta uma

volta inteira e suas propriedades.

Ao começar a escrita dessa história,primeiro eu me foquei em estabelecer um

início, meio e um fim para que eu pudesse me guiar. Ao estruturar a história
nessas três partes principais, pretendi criar uma narrativa coesa que
envolvesse e entretivesse o público por meio da comédia e da ficção.

Na cena abordada,cena essa que é a primeira do curta, apresentei o núcleo

dos personagens principais, um indivíduo com uma certa predisposição a se
exaltar em situações que fogem da realidade chamado Simão, um jovem que
costuma se portar calmo diante dos percalços que aparecem em sua vida
chamado João,um botafoguense feroz que sempre encara a vida com humor
conhecido por suas expressões inusitadas chamado Lucas e por fim um
homem apaixonado por tecnologia que nunca deixa de levar em conta o
aspecto racional e lógico dos problemas chamado Jean.Cada um desses
personagens tiveram suas origens,costumes e personalidades tirados da vida
real,sua criação foi inspirado em amigos próximos meus porém com algumas
mudanças para fins da história.
Mas a princípio sobre o que é o roteiro de fato?A história aborda um grupo de
amigos que em uma reunião amistosa entre eles acabam se vendo presos
em um looping temporal que não lhes permite sair daquele recinto,esse
looping tem como gatilho deja vus experienciados pelos mesmos.A partir do
momento em que os membros presentes no recinto percebem o que está
acontecendo de verdade,começa uma caçada por uma saída desse looping.

A ideia central do roteiro seria criar uma situação em que eu fosse capaz de
gravar cenas e situações em que a realidade esta opera perante uma lógica
diferente da qual estamos acostumados e conceitos como gravidade e
paradoxo e raciocínio lógico em geral fossem abertos para debate,de uma
forma a levar o espectador para uma espécie de fronteira entre o real e o
ilusório.O objetivo disso e fazer o espectador começar a analisar
propriedades da obra como detalhes cenográficos e escolha de palavras nos
diálogos como parte do quebra cabeça que preciso montar para entender a
história em plenitude,levando assim a um maior aproveitamento e
compreensão da obra.Como um bom fã de Lynch eu me permiti entrar um
pouco no jogo de simbolismos e surrealismo na escrita,tentando criar uma
atmosfera que indica que há camadas embaixo da superfície de comédia e
risos que o filme apresenta na primeira cena.

Essa história me veio à mente ao ler um artigo científico sobre um

experimento sobre o fenômeno do deja vu no cérebro das pessoas.

‘’Para entender o funcionamento do déjà-vu, pesquisadores da Universidade

de St. Andrews, na Grã-Bretanha, decidiram fazer uma experiência inovadora
ao tentar “provocar” essa sensação de replay em labor... ‘’

https://veja.abril.com.br/saude/ja-teve-um-deja-vu-cientistas-descobriram-a-ca
usa-da-sensacao

Em resumo,o experimento afirma que o deja vu não é uma espécie de replay

do cérebro e sim um erro na memória,esse fato foi o que serviu de inspiração
inicial para a criação da história e consequentemente o roteiro.

A primeira cena teve como função primária apresentar o tom e o ritmo dos
diálogos que vão ser falados ao longo do curta e também já apresentar o
conceito de que o fenômeno do deja vu é um erro de memória,assim quando
as situações e acontecimentos que fogem da realidade começassem a se
desenrolar os espectadores vão poder associar a esse fato e assim começar
a questionar a verossimilhança dos fatos.
A escolha das palavras nos diálogos também foi proposital,além de
apresentar um nicho social e cultural,elas servem como mecanismos para o
roteiro no final assim sendo mais uma ferramenta para fazer o espectador ter
uma análise mais cuidadosa do que está sendo apresentado.A comédia foi
inserida como uma forma de equilibrar esse processo que induz o espectador
a pensar o puro entretenimento.