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RESUMO
COMO CITAR: Teixeira GS, Silveira RCP, Mininel VA, Moraes JT, Ribeiro IKS. Qualidade de vida no trabalho e estresse
ocupacional da enfermagem em unidade de pronto atendimento. Texto Contexto Enferm [Internet]. 2019 [acesso MÊS
ANO DIA]; 28:e20180298. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2018-0298
ABSTRACT
Objective: to evaluate and relate quality of life at work and occupational stress in the nursing team in the
Emergency Care Unit.
Method: a cross-sectional, correlational study conducted with 109 nursing workers working in the
Emergency Care Unit of Minas Gerais, Brazil. A questionnaire with demographic and labor profile was used;
the occupational stress was verified by the Job Stress Scale, and the quality of life at work by the Walton
model.
Results: Among the 109 workers, 34.9% were nurses, 53.2% nursing technicians and 11.9% nursing assistants.
In analyzing the Job Stress Scale, 14.7% characterize work with high demand, 8.3% active work, 40.4%
passive work and 36.7% work with low demand. In assessing quality of life at work, 39.5% are dissatisfied and
60.5% satisfied. The factors associated with dissatisfaction with work, according to the global scale quality of
life at work, were female gender, nurse, low support at work, high demand or active work and longer time in
the position held.
Conclusion: it was found that most nursing workers in the Emergency Care Unit are satisfied with their quality
of life at work and exposed to moderately occupational stress, and those most exposed to this stress were
dissatisfied with their quality of life at work.
DESCRIPTORS: Nursing. Worker’s health. Working conditions. Professional burnout. Emergencies. Public
health.
RESUMEN
Objetivo: evaluar y relacionar la calidad de vida en el trabajo y el estrés ocupacional en el equipo de enfermería
de una Unidad de Emergencia.
Método: estudio transversal y correlacional realizado con 109 trabajadores de enfermería que se desempeñan
en la Unidad de Emergencia de Minas Gerais, Brasil. Se utilizó un cuestionario con perfil demográfico y
laboral; el estrés ocupacional se verificó con la Escala de estrés laboral (Job Stress Scale) y la calidad de vida
por medio del modelo de Walton.
Resultados: de los 109 trabajadores, el 34,9% eran enfermeros, el 53,2% técnicos de enfermería y el
11,9% auxiliares de enfermería. En el análisis de la Escala de estrés laboral (Job Stress Scale), el 14,7%
caracterizaron el trabajo como de alta exigencia, el 8,3% como trabajo activo, el 40,4% como trabajo pasivo
y el 36,7% como trabajo con poca exigencia. Al evaluarse la calidad de vida en el trabajo, el 39,5% no están
satisfechos y el 60,5% sí lo están. Los factores asociados a la insatisfacción con el trabajo, de acuerdo con
la escala global de la calidad de vida en el trabajo, fueron pertenecer al sexo femenino, ser enfermero, contar
con poco apoyo en el trabajo, alta exigencia o trabajo activo y mayor tiempo en el puesto.
Conclusión: se identificó que la mayoría de los trabajadores de enfermería de la Unidad de Emergencia
están satisfechos con la calidad de vida en el trabajo y que se ven expuestos moderadamente al estrés
ocupacional, y que las personas más expuestas a dicho estrés se encontraban insatisfechos con la calidad
de vida en el trabajo.
RESULTADOS
A amostra de 109 profissionais avaliados foi marcada pela prevalência do gênero feminino
(75,2%), com mediana de idade de 37 anos, composta por 34,9% de enfermeiros,53,2% de técnicos
de enfermagem e 11,9% de auxiliares de enfermagem.
No que se refere às atividades laborais, a média de tempo de formação foi de 12 anos e de
tempo de trabalho na Unidade de Pronto Atendimento de 4 anos. Dos profissionais participantes,89,9%
possuíam carga horária semanal de 30 horas,53,2% eram servidores públicos efetivos,54,1%
trabalhavam no turno de trabalho noturno e 39,4% trabalhadores relataram ter outro emprego na
enfermagem.
A análise descritiva dos escores da JSS demonstrou que o trabalho de 14,7% dos profissionais
participantes do estudo pode ser classificado como de alta exigência,8,2% têm trabalho ativo,40,4%
trabalho passivo e 36,7% baixa exigência. Em relação ao apoio social proveniente da chefia e de
colegas no trabalho, foram encontrados 52,3% que disseram possuir baixo apoio social (Tabela 1).
O resultado final, na escala global de QVT, mostrou que 54,1% da equipe de enfermagem estão
satisfeitos,6,4% muito satisfeitos,38,6% insatisfeitos e apenas 0,9% dos entrevistados estão muito
insatisfeitos; e, na comparação das categorias profissionais, os enfermeiros (55,3%) apresentaram
Alta exigência (%) 50,0 50,0 18,8 81,3 31,3 68,8 25,0 75,0
Trabalho ativo (%) 55,6 44,4 11,1 88,9 55,6 44,4 11,1 88,9
Trabalho passivo (%) 77,3 22,7 45,5 54,5 79,5 20,5 63,6 36,4
Baixa exigência (%) 95,0 5,0 55,0 45,0 82,5 17,5 72,5 27,5
*Satisf - Satisfeito; †Insatisf - Insatisfeito; ‡p-valuereferente ao teste qui-quadrado de Pearson; §p-value
referente ao teste exato de Fisher.
Não foi observada associação significante entre a categoria “Compensação” da escala QVT
e o “Apoio Social” ou resultados da “Demanda e Controle” segundo a JSS (p>0,05). A categoria
“Oportunidades” da escala QVT demonstrou apenas associação positiva com “Demanda e Controle”
(p<0,05). Observou-se, ainda, associação entre os resultados da escala global QVT tanto com o
“Apoio Social” quanto com a “Demanda e Controle” segundo a JSS (p<0,001).
A maioria das categorias da escala de QVT apresentou maior insatisfação, quando relacionada
ao baixo “Apoio Social”, e, na análise da “Demanda e Controle”, os trabalhadores classificados como
“alta exigência” e “trabalho ativo”, também, mostraram-se mais insatisfeitos.
Na análise dos fatores associados à insatisfação com o trabalho, segundo escala global QVT,
foram encontradas as relações: ser enfermeiro, do gênero feminino, ter baixo apoio no trabalho, alta
exigência ou trabalho ativo e maior tempo no cargo exercido (Tabela 5).
DISCUSSÃO
O perfil demográfico do presente estudo corroborou com os achados de outros estudos
realizados no exterior e no Brasil.
Uma pesquisa realizada em quatro hospitais na Região Nordeste de Ontário, Canadá, com
enfermeiros do setor de obstetrícia, constatou que a maioria dos participantes era do gênero feminino
(94,6%), variando a idade de 24 a 64 anos, em uma média de 41,9 anos, com uma média de 16,3
anos de experiência na enfermagem e 11,6 anos de atuação em enfermagem obstétrica.14 Pesquisa
igualmente realizada, em um hospital universitário do interior do Rio Grande do Sul, Brasil, com
enfermeiros atuantes na urgência, observou resultados semelhantes ao do presente estudo, com
predominância de enfermeiros do gênero feminino (92,2%), casadas (65,1%), com filhos (69,5%) e
com idade média de 39,47 anos com variação entre 25 e 63 anos.15
Quanto à atividade laboral, o tempo de trabalho e carga horária semanal dos trabalhadores
de enfermagem, houve similaridades com o estudo brasileiro realizado com a mesma população em
Rondônia, o qual explanou que, dos profissionais entrevistados,44,5% trabalham na instituição há mais
de cinco anos e 60,7% cumprem a carga horária semanal de trabalho igual ou inferior a 40 horas.9
Já no exterior, um estudo Belga evidenciou que 87,6% dos enfermeiros participantes trabalhavam
em turnos rotativos, incluindo turnos noturnos, enquanto 54,3% trabalhavam em tempo integral cuja
média de experiência profissional como enfermeira foi de 16,26 anos e a média de experiência de
trabalho como enfermeira do setor de emergências de 13,57 anos.4
A jornada de trabalho é considerada um dos elementos que propicia desgaste e estresse aos
trabalhadores. A Resolução 293/2004 do Conselho Federal de Enfermagem regulamenta a elaboração
da escala mensal de profissionais de enfermagem e define que a carga horária de trabalho semanal
deve ser de 36 horas semanais para as atividades assistenciais e de 40 horas semanais para as
atividades administrativas.6
CONCLUSÃO
O estresse é um fenômeno dinâmico e a forma como os indivíduos percebem seu ambiente
de trabalho pode alterar no decorrer do tempo. Por essa razão, o delineamento transversal utilizado
representa a percepção atual desses trabalhadores frente ao contexto vivido no período da coleta
de dados.
Através da realização dessa pesquisa, concluiu-se que, os profissionais de enfermagem com
trabalho de “alta exigência” e “trabalho passivo” estiveram mais predispostos a estarem insatisfeitos
com sua QVT, o que comprova a existência da relação entre QVT e estresse ocupacional, ou seja,
o aumento do nível de estresse proporciona insatisfação com a QVT.
Também foi possível observar que, o nível de escolaridade, assim como, maior demanda e
atribuições no trabalho influenciou nas percepções dos trabalhadores de enfermagem sobre a QVT,
já que, os enfermeiros se mostraram mais insatisfeitos com as condições de trabalho do que os
técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem.
Vale ressaltar que a presente investigação não possui pretensão de generalizar os resultados
encontrados uma vez que, pertencem a um grupo de trabalhadores de uma única instituição.
Apesar disso, os achados referentes a QVT e sua relação com o estresse laboral se apresentaram
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CONTRIBUIÇÃO DE AUTORIA
Concepção do estudo: Teixeira GS, Silveira RCP.
Coleta de dados: Teixeira GS
Análise e interpretação dos dados: Teixeira GS, Ribeiro IKS, Silveira RCP.
Discussão dos resultados: Teixeira GS, Ribeiro IKS, Silveira RCP.
Redação e/ou revisão crítica do conteúdo: Teixeira GS, Ribeiro IKS, Silveira RCP, Mininel VA, Moraes
JT.
Revisão e aprovação final da versão final: Teixeira GS, Ribeiro IKS, Silveira RCP, Mininel VA, Moraes JT.
CONFLITO DE INTERESSES
Não há conflito de interesses.
HISTÓRICO
Recebido: 14 de agosto de 2018.
Aprovado: 1 de março de 2019.
AUTOR CORRESPONDENTE
Graziela Silveira Teixeira
ziziteixeira@hotmail.com