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RESUMO: O objetivo foi verificar a influencia do Ni estudadas, onde o fornecimento de Ni, em doses
aplicado via solo na produtividade da soja e a adequadas, vem apresentando respostas positivas
relação com os teores nos grãos, em condições nos aspectos fisiológicas e morfológicas (Seregin &
controladas. O cultivar de soja BRS 360 RR foi Kozhevnikova, 2006), repercutindo no incremento da
cultivado em dois Latossolos (LVef e LVd) produtividade (Bertrand, 1973; Moraes et al., 2010),
submetidos às doses de 0,0; 0,2; 0,4; 0,8; 1,0 e 5,0 entretanto, existem diversos trabalhos, onde não
mg dm-3 de Ni. Foi avaliado ao final do ciclo (R9) a ocorreu resposta dos componentes produtivos
produtividade e o teor de Ni nos grãos. O (Alovisi et al., 2011; Kutman et al., 2012, 2014). Tal
delineamento experimental adotado foi inteiramente fato sugere uma provável influencia dos teores
casualizado, com quatro repetições. Foi realizada iniciais de Ni dos grãos de soja. Uma vez que, a
análise de variância (Teste F) e quando importância dos teores dos demais micronutrientes
significativos foram ajustados modelos de em sementes na nutrição mineral das culturas é
regressão. As variáveis analisadas foram amplamente documentada na literatura (Welch
correlacionadas pelo teste linear de Pearson. O 1999; Cakmak 2008). Entretanto, tal pressuposto
fornecimento de Ni não proporcionou aumento da deve ser averiguado, possibilitando assim
produtividade, provavelmente devido o teor inicial da compreender a resposta das plantas de soja ao
-1
semente de aproximadamente 0,78 mg kg de Ni ter fornecimento de Ni, principalmente nas condições
suprido as exigências das plantas. A aplicação das brasileiras, onde, como relatado anteriormente,
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maiores doses, 1,0 e 5,0 mg dm de Ni, reduziram a ainda não se tem recomendações para sua
produtividade das plantas cultivadas no solo LVef, adubação.
com ocorrência de sintomas de toxidez. A redução O objetivo foi verificar a influencia do Ni aplicado
da produtividade apresentou correlação negativa via solo na produtividade da soja e a relação com os
com os teores de Ni nos grãos ao final do ciclo de teores nos grãos, em condições controladas.
crescimento.
MATERIAL E MÉTODOS
Termos de indexação: micronutriente, urease,
Glycine max. O experimento foi realizado em ambiente
controlado e no Laboratório de Solo e Tecido
INTRODUÇÃO Vegetal da EMBRAPA SOJA, Londrina, PR.
Foram coletados dois solos da profundidade de 0
O Ni foi o último elemento inserido na lista de a 20 cm, localizados no município de Palotina e
micronutrientes de plantas. Esse nutriente é Iporã, ambos do estado do PR, classificados como
constituinte da metaloenzima urease que desdobra Latossolo Vermelho eutroférrico típico (LVef) e
a uréia [CO(NH2)2] em amônia (NH3) e dióxido de Latossolo Vermelho distrófico típico (LVd),
carbono (CO2) (Eskew et al., 1983, 1984; Brown et respectivamente. O LVef apresentava teor
al., 1987), além de participar do processo de fixação disponível de Ni de 0,335 e 0,165 mg dm-3 em
biológica de nitrogênio (FBN), por ser constituinte da Mehlich-1 e DTPA, respectivamente. Enquanto no
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enzima hidrogenase (Evans et al., 1987). LVd o teor era de < 0,1 e < 0,013 mg dm em
Foi inserido recentemente na legislação brasileira Mehlich-1 e DTPA, respectivamente.
de fertilizantes na Instrução Normativa N° 05 Realizou-se a correção da acidez do solo e
(MAPA, 2015), de 23 de fevereiro de 2007, sendo adubação. Os tratamentos consistiram em doses de
incipientes os estudos sobre a recomendação de 0,0; 0,2; 0,4; 0,8; 1,0 e 5,0 mg dm-3 de Ni, utilizando
adubação desse micronutriente. A soja (Glycine max como fonte sulfato de Ni (NiSO4.6H2O). As
[L.] Merrill) vem sendo uma das culturas mais sementes do cultivar BRS 360 RR foram inoculadas
2
-1
com 2,0 mL kg do produto comercial liquido SEMIA nas plantas, principalmente Phakopsora pachyrhizi,
5019 e SEMIA 5079. evidenciando, portanto, a efetiva influencia da
Ao final do ciclo, estádio de desenvolvimento R9, urease no controle de doenças fúngicas na soja.
as plantas foram colhidas e avaliada a
produtividade, com posterior quantificação dos 24
teores de Ni nos grãos (Malavolta et al., 1997). 22
O delineamento experimental adotado foi
RESULTADOS E DISCUSSÃO 10
LVd x = 12,67
ns
2
LVef y = (25,38 + 15,69x)/(1,16 + x) R = 0,87 **
-1
10 mg kg (Gerendás et al., 1999; Brown et al., nitrogenados em solução nutritiva. Constataram
1987). respostas à adubação com Ni e uréia quando os
O cultivar BRS 360 RR, empregado nesse teores iniciais nas sementes eram baixos (0,04 a
-1 -1
experimento, apresentava teores iniciais nos grãos 0,05 mg kg ) e médios (0,62 mg kg ),
-1
de 0,78 mg kg de Ni, portanto, pode-se inferir que principalmente no metabolismo do N, porém, sem
um grão de soja desse cultivar apresenta em média acréscimos de produtividade. Foram verificados
aproximadamente 0,15 μg de Ni, com o redução dos danos foliares decorrentes da
fornecimento das doses obteve-se teores variando pulverização com uréia, bem como aumento da
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de 0,42 a 13,56 e 0,39 a 4,28 mg kg de Ni no solo biomassa aérea e do conteúdo de clorofila em
LVd e LVef, respectivamente, ocorreu aumento função dos teores iniciais de Ni nas sementes e de
significativo dos teores nos grãos com o seu fornecimento via foliar. Quando os teores iniciais
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fornecimento das doses (Figura 2). nas sementes eram altos (8,32 a 10 mg kg ) tais
A correlação (r) dos teores de Ni nos grãos e sua respostas fisiológicas e morfológicas não foram
ns
massa seca foi de -0,79** e -0,12 para o solos LVd verificadas, confirmando, portanto, que as reservas
e LVef, respectivamente. Evidenciando que a na semente exercem influência direta sobre a
redução da produtividade das plantas cultivadas no resposta das plantas à adubação com Ni. Estudo
solo LVd, nas maiores doses de Ni, deve-se ao pioneiro de Brown et al. (1987) que confirmou a
acúmulo de Ni nos grãos. Na Figura 3 pode se essencialidade do Ni as plantas já evidenciava a
observar sintomas de toxidez de Ni nos grãos, como importância dos teores nas sementes, cultivando
menor desenvolvimento e enrugamento, ocorridos cevada (Hordeum vulgare) em solução nutritiva,
-1
nas plantas submetidas às doses de 1,0 e 5,0 mg teores de Ni de 250 ng g na semente eram
-3
dm de Ni. suficientes para suprir até três gerações
O acúmulo de Ni nos grãos se deve a elevada precedentes sem que houvesse deficiência do
atividade da enzima urease nessa leguminosa mesmo.
(Holland et al., 1987; Kutman et al., 2012). Estudo
de Cataldo et al. (1978) com plantas de soja
constataram que a partir do início da senescência
aproximadamente 70% do Ni é translocado das
folhas para os grãos.
14
LVd y = 0,61 + 0,75x R2 = 0,94**
LVef y = 2,79 + 2,28x R2 = 0,85**
7
Teor de Ni (mg kg )
-1
0
0,0 0,2 0,4 0,8 1,0 5,0
-1
aproximadamente 0,78 mg kg de Ni ter suprido as HOLLAND, M. A.; GRIFFIN, J. D.; MEYER-BOTHLING, L.
exigências das plantas. A aplicação das maiores E. & POLACCO, J. C. Developmental genetics of the
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doses, 1,0 e 5,0 mg dm de Ni, reduziram a soybean urease isozymes. Developmental Genetics,
8:375-387, 1987.
produtividade das plantas cultivadas no solo LVef,
com ocorrência de sintomas de toxidez. A redução KUTMAN, B. Y.; KUTMAN, U. B. & CAKMAK, I. Effects of
da produtividade apresentou correlação significativa seed nickel reserves or externally supplied nickel on the
e negativa com os teores de Ni nos grãos ao final do growth, nitrogen metabolites and nitrogen use efficiency
ciclo de desenvolvimento. of urea-or nitrate-fed soybean. Plant and Soil, 376:261-
276, 2014.
AGRADECIMENTOS
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