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Introdução
Uma das grandes dificuldades dos produtores do Cerrado encontra-se no manejo da
irrigação, já que, na maioria dos casos, a água é aplicada sem nenhum critério de monitoramento,
resultando no uso inadequado dos recursos hídricos. Vários são os procedimentos que podem ser
utilizados como critério para o manejo de água da irrigação, em que teoricamente, o melhor critério
seria aquele que considera o maior número de fatores que determinam a transferência de água no
sistema solo-planta-atmosfera (ROCHA et al., 2003).
De acordo com LOPES et al., (2004), o conhecimento da quantidade de água requerida
pelas culturas, constitui-se em aspecto importante na agricultura irrigada para que haja uma
adequada programação de manejo de irrigação. Contudo, a qualidade da irrigação pode ser avaliada
pelo conhecimento da sua efetividade e da eficiência do uso da água pelas plantas (SAAD &
LIBARDI, 1994).
Segundo ANDRADE et al. (2002), o coeficiente de cultura (Kc) tem sido usado para se
estimar a necessidade hídrica das culturas, e seu conhecimento em distintos estádios de
desenvolvimento é importante para o manejo da irrigação. De acordo com FARINELLI et al.
(2006), a utilização de nitrogênio em cobertura, com sistema de preparo convencional de solo
promove maior produtividade e qualidade fisiológica das sementes de feijão em relação ao plantio
direto e, aumentos nas doses de nitrogênio em cobertura proporcionam acréscimo na produtividade
e no potencial fisiológico das sementes de feijão. Este trabalho teve por objetivo avaliar a influência
do manejo da irrigação e da adubação nitrogenada de cobertura sobre a cultura do feijoeiro de
inverno, irrigada por aspersão convencional, no município de Aquidauana - MS.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Área Experimental de Agricultura da Unidade Universitária
de Aquidauana (UUA/UEMS), Estado de Mato Grosso do Sul, com coordenadas geográficas
20°28’ Sul, 55°38’ Oeste e altitude média de 207 metros. O clima da região é classificado como
tropical-quente, sub-úmido. O solo da área foi classificado como Argissolo Vermelho-Amarelo
Distrófico (EMBRAPA, 1999) fisicamente profundo, moderadamente drenado e com textura
arenosa (ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL, 1990).
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados, com parcelas
subdivididas, composto por três blocos e duas repetições dentro de cada bloco (BANZATTO &
KRONKA, 1989). As parcelas foram constituídas pelo manejo de água, baseados na leitura diária
do tanque Classe “A”, com lâminas de irrigação de 16,5; 27,6 e 30,5 mm os quais correspondiam a
50, 30 e 27% de reserva de água no solo, com o cálculo da evapotranspiração da cultura estimada
segundo ALLEN et al. (1998). As subparcelas, apresentadas em duas replicações, foram
constituídas pelas doses de adubação nitrogenada (0, 50, 100 e 150 kg ha-1 de N) cuja fonte
utilizada foi à uréia. A semeadura ocorreu no dia 1º de julho de 2005 e, a adubação de semeadura
foi a partir da análise química do solo e de acordo com AMBROSANO et al. (1996). A irrigação
utilizada foi à aspersão convencional, onde as subparcelas coincidiam com a sobreposição dos jatos
de água aplicada pelos aspersores, cujas áreas úteis das unidades experimentais compreendiam
cinco linhas de plantas com 5,0 m de comprimento, correspondendo a 11,25 m2.
Para verificar a resposta do feijoeiro, foi analisada a produção de grãos (g planta-1), número
de grãos por vagem e eficiência do uso da água (kg de grãos mm-1 de água), sendo os valores
submetidos ao teste de variância e as médias comparadas com teste Tukey ao nível de 5% de
probabilidade. Utilizou-se o procedimento de Regressão nas doses de nitrogênio para cada lâmina
de irrigação para verificar o estabelecimento de uma relação de causa e efeito.
Resultados e Discussão
O estande final médio de plantas foi de 12,95 plantas m2. A lâmina de irrigação total foi de
447,4; 448,6 e 452,9 mm para 50, 30 e 27% da reserva de água no solo. Não houve interação
significativa entre as lâminas de irrigação e a doses de nitrogênio para produtividade de grãos,
número de grãos por vagem e eficiência no uso da água. A reserva de água no solo em relação à
produtividade (g planta-1), número de grãos por vagem e a eficiência no uso da água, não foi
verificado diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade (Tabela 1). Os resultados
encontrados em relação a doses de nitrogênio e os componentes de produtividade, somente o
número de grãos por vagem diferiu estatisticamente, com o valor máximo de 4,74 grãos por vagem,
sendo encontrado aplicando a dose de 100 kg de N ha-1.
Tabela 1. Produção média de grãos (P.G.), Número de grãos por vagem (N.G.V.) e Eficiência
no uso da água (E.U.A.) em função das lâminas de irrigação.
Reserva de água no
P.G. (g plant-1) G.N.P. E.U.A (kg mm-1)
solo (%)
50 19.23a 4.17a 5.02a
30 17.48a 4.30a 5.37a
27 18.24a 4.36a 4.61a
*Médias seguidas de letras distintas, na vertical, diferem entre si, ao nível de 5% de
probabilidade, pelo teste de Tukey.
MEDEIROS et al. (2000) relataram que houve diferença significativa para a produção de
grãos (g planta-1) e que foi encontrado o maior valor com o tratamento de 14 plantas m2. Porém foi
observado que a menor produção por planta do tratamento de 28 plantas m-2 foi compensado por
sua maior densidade populacional em relação ao tratamento de 14 plantas m-2. Na Figura 1 observa-
se a relação da produção de grãos com doses de nitrogênio para a reserva de água no solo de 27% e,
verifica-se que a variação entre as doses 50 e 100 kg de N ha-1 é quase nula.
A maior produção de grãos foi encontrada com a associação entre 50% da reserva de água
no solo e a dose de N 100 kg ha-1 (22,42 g planta-1). Dessa forma, explica-se a maior produção na
cultura para o tratamento 50% onde, tendo o solo disponibilizado água sem restrição ao demandado
pela planta, a possível ocorrência de interrupção no fluxo normal de absorção de solutos do solo foi
menor que nos demais tratamentos.
O número de grãos por vagem em relação à reserva de água no solo de 50% e as doses de N
mostrou tendência linear (Figura 2). Verifica-se na Figura 3 que a eficiência no uso da água com a
reserva de água no solo e as doses de nitrogênio, cresceu até a aplicação de 100 kg de N ha-1. A
melhor eficiência no uso da água foi alcançada com reserva de água de 50% e dose de 100 kg de N
ha-1 (5,71 kg mm-1).
22,0
Produção de grãos (g planta )
-1
21,0
20,0
19,0
18,0
17,0 2
y = -0,0009x + 0,1205x + 16,77
16,0 2
R = 0,99
15,0
14,0
0 50 100 150
-1
Doses de nitrogênio (kg ha )
4,5
4,3
4,1
3,9
3,7
3,5
0 50 100 150
-1
Doses de nitrogênio (kg ha )
Conclusões
As lâminas de irrigação não influenciaram a variáveis estudadas. O estudo com a aplicação
das doses de nitrogênio em cobertura influenciou apenas o número de grãos por vagem. A
associação entre a reserva de água no solo de 50% e doses de 100 kg de N ha-1 mostrou os melhores
resultados. A produção média de grãos do feijoeiro em plantio convencional no município de
Aquidauana foi de 18,32 g planta-1.
Referências bibliográficas
ALLEN, R.G.; PEREIRA, L.S.; RAES, D.; SMITH, M. Pan evaporation method. In:... Crop
evapotranspiration: guidelines for computing crop requirements. Roma: FAO, p.78-85, 1998.
(Irrigation and Drainage, 56).
AMBROSANO, E.J., TANAKA, R.T., MASCARENHAS, H.A.A., RAIJ, B. van, QUAGGIO, J.A.,
CANTARELLA, H. Leguminosas e oleaginosas. In: RAIJ, B. van., CANTAELLA, H., QUAGGIO,
J.A., FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o estado de São Paulo. 2
ed. Campinas: Instituto Agronômico, p. 187-203. 1996.
LOPES, A.S.; PAVANI, L.C.; CORÁ, J.E.; ZANINI, J.R.; MIRANDA, H.A. Manejo da irrigação
(tensiometria e balanço hídrico climatológico) para a cultura do feijoeiro em sistemas de cultivo
direto e convencional. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.24, n.1, p.89-100, 2004.
PEREIRA, A.L.; MOREIRA, J.A.A.; KLAR, A.E. Efeito de níveis de cobertura do solo sobre o
manejo da irrigação do feijoeiro (Phaseolus vulgaris L.). Irriga, Botucatu, v. 7, n. 1, p. 43-52,
2002.
SAAD, A.M.; LIBARDI, P.L. Qualidade da irrigação controlada por tensiômetros em pivô central.
Scientia Agricola, Piracicaba, v. 51, n. 3, p. 549-555, 1994.