Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Série Lennox – 11
Jennifer Souza
Copyright © 2017 Jennifer Souza
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste
livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer
meios existentes sem a autorização por escrito da
autora.
1. Romance
2. Adulto
3. Drama
4. Comédia
Sebastian Lennox
Acordei sozinho em minha cama. É delicioso morar e
dormir sozinho e ter aquela cama inteira só para mim
depois de uma deliciosa sessão de sexo. Eu me sentia
renovado para começar um novo dia. A garota do Country
Club havia sido dispensada ontem à noite; uma loira
mignon que aliviou meu desejo por uma noite, foi uma
sessão de sexo e tanto, mas eu continuava com essa
sensação irritante de que estava faltando alguma coisa.
Desde que eu havia completado trinta anos de idade
que essa sensação de vazio começou a tomar conta de
mim, ou melhor dizendo, essa mudança aconteceu alguns
meses antes de eu completar os trinta anos. Seria alguma
espécie de crise de meia idade? Sempre amei as mulheres
em geral e uma noite apenas com cada uma delas sempre
foi o suficiente para me deixar satisfeito, pelo menos por
um tempo. Agora, porém mesmo minutos depois do ato, eu
não me sentia mais satisfeito. Na verdade, eu sentia que
faltava algo… mas o que?
Resolvi que ficar divagando como uma menininha não
me levaria a nada, e levantei para tomar um banho. Tinha
trabalho a fazer na hípica. Nosso campeão, Honey, estava
velho e cansado; e para piorar, com uma lesão na pata.
Imediatamente o retirei das corridas. Esperava agora
enviar Honey para minha sobrinha Deborah, para que
Honey vivesse uma vida sossegada na fazenda.
***//***
Julianne Lennox
Sebastian Lennox
Fiquei parado no meio da sala. Esfreguei meus olhos,
quase arrancando-os de meu rosto, tentando acordar
daquele pesadelo. Sim, porque isso não podia ser real;
Julianne não estava na minha casa, me chantageando e me
ameaçando. O diabo não pode ter entrado em minha casa.
Isso tudo foi um sonho, e eu logo iria despertar suado e
excitado em minha cama.
Andei de um lado para o outro e escutei o som o
chuveiro sendo ligado; ajeitei minha ereção dentro das
calças e tropecei na mesinha de centro, e rosnei, irritado.
Não era a porra de um sonho! Se fosse um sonho, eu
estaria dentro do chuveiro, com ela. Sentei no sofá e
apoiei as pernas na mesa de centro; mas dois segundos
depois eu estava de pé novamente, andando de um lado
para o outro. Eu iria enlouquecer. O som do chuveiro não
ajudou em nada, pois imagens de Julianne nua banhando
seu corpo tentador preencheram minha mente; e que
diabos de insistência que ela tinha de sempre usar blusas
brancas.
— Anda logo aí, ainda não terminamos nossa
conversa! — Bati com força na porta do banheiro, afinal o
som do chuveiro era torturante demais.
— Só estou me enxaguando, já vou sair. — Ok,
informação demais. A espuma deslizando por seu corpo
enquanto a água fazia seu trabalho… seus mamilos
rosados duros pelo contato com a água. Deus, por que
minha mente tinha de ser tão pervertida? Deus, por que ela
tinha de aparecer molhada na minha porta usando uma
blusa branca que ressaltou seus mamilos rosados?
— Sebastian, você pode me trazer roupas limpas. —
Ela me chamou na porta do banheiro.
— O quê?
— Roupas. Deixei minha mala na sala sem querer. —
Sem querer? Eu achava difícil de acreditar nisso.
Encarei a mala púrpura no chão antes de reagir, e
então a arrastei até a porta do banheiro.
— Sua mala está... — Antes que eu pudesse terminar a
frase, Julianne abriu a porta do banheiro e puxou a mala
com um pouco de dificuldade. Meus neurônios fritaram
naquele momento pois meu olhar recaiu na toalha que
estava enrolada em seu corpo. Seus seios estavam
pressionados no topo. Ela estava nua sob a toalha.
— Obrigada, Sebastian. Se você puder colocar minhas
roupas na lavadora e secadora… — Ela me alcançou uma
muda de roupas úmidas e entrou no banheiro, fechando a
porta atrás de si.
Parado igual a um babaca, fiquei encarando a porta. Se
fosse qualquer outra mulher eu já teria invadido esse
banheiro e arrancado aquela toalha. Fechei os olhos com
força. Mas é sua priminha caçula, Sebastian.
A lembrança do dia do nascimento de Julianne invadiu
minha mente, como se Luke e Dom tivessem plantado
aquela memória em minha mente naquele momento. Eles
tinham onze anos, e eu doze, quando Julianne nasceu, e
lhes fiz uma promessa...
“— Nós sempre iremos protegê-la. — Disse Dominic,
e Luke concordou.
— Você nos ajudará a protegê-la, primo Sebastian?
— Questionou Luke.
— Com a minha vida. Ela é a caçulinha da família, e
todos nós cuidaremos dela. — Prometi a eles que
cuidaria de Julianne.”
Encarei as roupas em minha mão e corri para a
lavanderia na casa; o cheiro dela estava ali em todo o
canto. Coloquei sua blusa e sutiã dentro da máquina de
lavar, e a calça jeans deixei para depois. Quando peguei
as meias, a calcinha veio junto; e ela levou embora
qualquer promessa que eu tivesse feito para Luke e Dom.
Tudo o que eu consegui pensar foi em sentir o cheiro de
sua calcinha de renda branca. Tão pequena, tão sexy... eu
estava mesmo perdendo a cabeça. Joguei a calcinha na
máquina como se ela estivesse queimando a minha mão e
bufei.
— Ela precisa ir embora. — Falei para mim mesmo e
voltei para a sala. Julianne já estava sentada no sofá
enxugando os cabelos negros com uma toalha. Ela vestia
uma calça de pijama, uma blusa nada decente, e meias. —
Você precisa ir embora. — Repeti a ela as palavras que
falei para mim mesmo.
— Eu não vou embora. — Disse ela calmamente e me
encarou com aqueles olhos castanhos. — Eu vim para
ficar.
— Você tem noção do que está dizendo? —
Questionei, frustrado.
— Tenho sim.
— Eu acho que você não tem noção do que está
dizendo ou fazendo. — Ela sorriu e minhas bolas ficaram
doloridas. Maldita.
— Acredite, Sebastian, eu sei bem o que estou
fazendo. Vim aqui para morar com você durante a
temporada de rodeio. Vou participar da competição dos
três tambores, e depois voltarei para a faculdade.
— Seus pais ou irmãos sabem que você está fazendo
isso?
— Não, e nem vão saber. — Ela me encarou decidida.
— Você não vai contar, ou sabe o que acontece.
— Você está me chantageando? — Falei, incrédulo.
— Eu não chamaria de chantagem, mas se você quer
ver desse jeito... — Ela deu de ombros.
— Você agiu por impulso, Julianne; é melhor você
voltar para a faculdade e esquecer essa história.
— Não agi por impulso, planejo isso já tem quase dois
anos.
— Você planejou?
— Sim, meu plano não tem falhas. — Disse ela
satisfeita.
— Tem muitas falhas. Eu não quero você aqui. —
Falei.
— Vai me colocar no olho da rua? — Ela levantou,
exaltada. — Já disse! Se você estragar meu plano, farei
com que meus irmãos cortem suas bolas.
Resolvi mudar de tática para assusta-la. Ela era só
uma menininha de dezoito anos afinal de contas.
— Você não sabe onde está se metendo, Julianne. —
Dei um passo ameaçador em sua direção. — Como você
bem sabe, eu sou uma lenda… eu arrasto as mulheres para
a cama e as arruíno para qualquer outro homem. — Dei
mais uns passos em sua direção, e ela deu passos para
trás. — Morar comigo é perigoso. Eu posso não me
importar que você é minha prima; afinal não posso ver um
rabo de saia que já quero estar enfiado entre as pernas
delas. — Julianne alcançou a parede e sua respiração
estava ofegante. Era isso, eu iria assustá-la para que ela
saísse correndo dali.
— Você está tentando me assustar, Sebastian? — Ela
perguntou num sussurro.
— Só estou te alertando que é perigoso morar
comigo... você é uma menina inocente, e pode se assustar
com o que eu posso fazer com você. — Falei prendendo-a
contra a parede. Meus braços ficaram apoiados nos lados
da sua cabeça. — Eu sou um pervertido, e você não quer
morar com um pervertido... posso levar você para a minha
cama sem me importar com quem é seu pai ou irmãos.
— Então faça! — Desafiou-me. Dei um passo para
trás, assustado.
Como ela não se assustou com minhas ameaças? Como
ela pôde?
— Você!
— Eu não me assusto fácil, Sebastian… e nem sou
inocente como você pensa.
— Diaba! — Falei.
— Sim. — Ela afirmou. — Agora me diga, onde eu
irei dormir? Na sua cama?
— Você não pode morar aqui! — Falei exaltado.
— Já entendi o “perigo” que corro ao viver aqui com
você, e não me importo... e então, onde eu durmo?
Frustrado, passei a mão nos cabelos, bagunçando-os.
Encarei-a e vi ali a determinação férrea dos Lennox… ela
não iria desistir.
— Você fica no sofá, só tenho uma cama.
— Não me importo de dividirmos a cama. — Falou
ela.
— Você é minha prima! Vai dormir no sofá.
— Exatamente por ser sua prima, como você diz, que
não vejo mal algum em dividirmos a cama.
— Vá para a cama! Eu fico com o sofá. — Rosnei
impaciente. Dividir a cama com ela? Só se eu quisesse
morrer mais rápido.
— Obrigada, Sebastian. Sabia que existia um
cavalheiro dentro de você. — Ela deu um beijo estalado
na minha face, bem próximo ao lábio, e saiu da sala a
procura do quarto.
O que fiz para merecer essa tortura?
Julianne Lennox
Julianne Lennox
Sebastian Lennox
Cheguei ao estábulo do haras e acariciei a crina de
cada um dos meus animais, conversei com cada um deles
pois aquilo sempre me fazia esquecer do resto do mundo.
Hoje, porém, nem mesmo aquilo fez com que eu
esquecesse Julianne. Ela estava cravada na minha mente,
sem intenções de sumir. Descobri que ela não era apenas
um corpinho bonito, mas também era uma garota madura, e
infelizmente, eu esperava outra coisa. Se ela fosse uma
garota mimada e imatura seria bem mais fácil tira-la da
cabeça. Mas ela tendo aquelas atitudes tão maduras,
acabava comigo.
— Sebastian Lennox, ainda com essa mania de
conversar com os animais como se eles fossem gente? —
Girei nos calcanhares e encontrei o meu “erro” ali
parada, com botas de montaria, saia jeans curta, blusa
decotada, cabelos negros solto, e um par de olhos azuis
que me encaravam com malícia.
Malory Bailey foi o meu maior erro, e uma das minhas
fraquezas. Fazia três anos que ela ganhava como a rainha
do rodeio, e três anos que ela ia comemorar na minha
cama. E isso fazia com que ela tivesse ideias erradas…
mas o idiota era eu, que bebia todas e a levava para a
minha cama para comemorar. Três noites em três anos.
Aquilo teria que acabar.
— Certos costumes vão se manter para sempre. — Eu
me despedi de Apollo e deixei a baia.
— Eu gosto de certos costumes que perduram. — Ela
sorriu e segurou em meu braço.
— Mas tem outros que irei abandonar. — Falei
olhando para a sua mão, e suas unhas vermelhas estavam
cravadas na minha pele. — Você pode me soltar, Malory?
— Claro. — Ela sorriu. — Você diz isso todos os
anos, mas sabe que não consegue… você sempre acaba
levando a rainha do rodeio para comemorar na sua cama.
— Você sabe que pode ser que você não ganhe neste
ano.
— Eu vou ganhar, aquela faixa me pertence, e
novamente irei comemorar na sua cama… sabe que não
consegue resistir a mim.
— Malory, quero ficar sozinho. — Bufei impaciente.
Por isso que não dormia com a mesma mulher mais de
uma vez elas ficavam criando ideias.
— Você pertence a mim, Sebastian, logo você cair em
si e se dar conta disso. No fim disso tudo, você e eu nos
casaremos.
— Não se iluda, Malory. — Eu nunca me casaria com
alguém como ela. Fútil, vulgar e egoísta.
— Você acha que não noto? Sou a única mulher que já
esteve na sua cama mais de uma vez… na verdade, já
estive lá três vezes.
— Isso foi um erro que não pretendo cometer
novamente.
— Não adianta você fugir de mim, Sebastian. Sei onde
você mora, e agora que estou de volta na cidade, sua vida
vai ficar bem mais divertida.
— Tchau, Malory. — Deixei o estábulo e fui até a
secretaria. Essa era uma das razões de eu querer me
aposentar dos rodeios… estava cansado desses joguinhos,
e da Malory, principalmente. E daí que ela fodia gostoso?
Ela era uma puta mais rodada que ferradura de cavalo
depois do rodeio.
Ela era uma chateação, e a culpa dela ser assim era
toda minha. O que diabos eu fiz para Deus para merecer
um dia infernal como aquele? A tentação na minha casa, e
o erro no haras. Como eu poderia me livrar delas?
A ideia de levar Malory para a minha casa como uma
forma de fazer Julianne sair surgiu na minha mente, mas
logo a ideia foi descartada. Malory entenderia errado o
recado, e grudaria ainda mais em mim. A ideia de usar
Julianne para tirar Malory do meu pé também me pareceu
ótima, mas seria perigoso demais. Senti que se usasse
Julianne no meu plano de me livrar de Malory, acabaria
caindo em minha própria armadilha. Sempre fui tentado
por Malory, porém estranhamente, hoje ela me parecia
muito sem graça.
— Que cara é essa? — Alex perguntou quando me
aproximei do escritório do haras. — Você parecia
desconfortável.
— Mulheres, cara… mulheres...
— Você está preocupado com mulheres? Ficou doente?
— Ele colocou a mão na minha testa, e dei um tapa para
afastar.
— Não estou doente, só irritado. Elas sabem ser
irritantes...
— Você não as acha irritantes quando estão nuas na
sua cama.
— Aí é outra história, amigo… esse é o único
momento em que elas não são um incomodo. — Falei
frustrado.
— Você realmente faz jus à fama. Vamos beber um
pouco depois do trabalho? — Convidou.
— Claro.
Depois de um dia exaustivo, beber cerveja com Alex
era o melhor momento do meu dia, principalmente porque
eu sabia o que me esperava ao chegar em casa. Outra
noite insone, uma chuveirada fria, e eu teria que me
aliviar no chuveiro. Depois da terceira cerveja, a ideia de
me aliviar com Malory era tentadora, porém toda a vez
que a imagem dela aparecia em minha mente, ela se
transformava na Julianne.
— Eu vou embora.
— Tão cedo? — Perguntou Alex.
— Se eu beber mais, posso perder a cabeça. —
Resmunguei. — E se quando chegar em casa fazer uma
loucura? Diaba... — Resmunguei.
— Do que você está falando?
— Nada que seja da sua conta.
— Idiota.
— Tchau, Alex. — Deixei algumas notas e pisquei
para a bela bartender oriental.
Estacionei o carro em frente e torci para que tudo
estivesse tranquilo em casa. Entrei e notei que a casa
estava toda perfeitamente organizada. Minha mãe ficaria
orgulhosa se olhasse meu chiqueiro, como ela chama,
agora. Tirei as botas e deixei num canto ao lado da porta.
Estava tudo quieto demais. Ela foi embora? Sorri de
orelha a orelha. Eu estava salvo! Salvo de cair em
tentação! A euforia foi embora tão rápida quanto chegou, e
uma sensação forte de vazio se apoderou de mim. Que
diabos é esse mal-estar?
— AHHHHHH!!!! — Um grito estridente e bem
feminino veio da lavanderia. Corri como um louco até lá,
e por pouco não cai. Julianne estava dentro de uma nuvem
de espuma… na verdade, a lavanderia inteira estava
coberta de espuma.
— O que você fez?
— Eu tentei lavar as roupas, mas acho que usei sabão
demais. — Deus, aquela mulher me deixaria louco.
— Deus! Você quer acabar comigo, mulher? — Entrei
na nuvem de espuma e desliguei a máquina de lavar.
Quando me virei, cai no chão; e minha perna deu uma
rasteira em Julianne, que ela caiu em cima de mim. Minha
tentação estava colada no meu corpo e nenhum centímetro
nos separava; apenas nossas roupas úmidas. Eu estava no
inferno.
Capítulo 4
Julianne Lennox
Arregalei meus olhos com o susto. Meu coração
acelerou, e o calor do seu corpo embaixo do meu me fez
ciente de lugares inexplorados no meu corpo. Eu senti
sede por ele em cada centímetro do meu corpo. Sua boca
estava a centímetros da minha, e bastaria eu baixar a
cabeça e nossos lábios iriam se encontrar. Ele continuava
parado, como se estivesse esperando que eu o beijasse.
Eu senti o volume nas suas calças contra minhas pernas. O
medo me percorreu por alguns instantes, e fiquei incerta
se eu deveria ou não avançar. O que eu tinha a perder?
Pensei.
Diminui a distância entre nossos lábios, e Sebastian
me encarou com intensidade; seu olhar recaiu sobre meus
lábios e ele ergueu a cabeça, apenas o suficiente para eu
entender como o meu sinal verde. E então avancei. O
primeiro toque dos nossos lábios foi como seda contra a
pele, macio, sedutor... irresistível. Ele abriu os lábios e
tocou os meus com a língua… me senti quente, mesmo
estando encharcada em água gelada, e toquei sua língua
com a minha.
Porém, tão rápido quanto foi nosso tombo, foi
Sebastian erguendo a nós dois e interrompendo o beijo.
Fiquei encarando-o, molhado e excitado. Assim como eu,
ele encarou meu corpo e desviou o olhar rapidamente.
— Olha o que você fez na minha lavanderia! —
Rosnou ele.
— Sebastian...
— Se você não sabe usar a máquina, deveria ter
esperado eu chegar. Reze para que ela volte a funcionar,
se não teremos que lavar nossas roupas na mão! — É
sério que ele iria fingir que nada aconteceu? — Eu vou
tomar um banho. — Disse ele, e saiu pisando firme.
Fiquei parada encarando a lavanderia. A espuma
estava se dissipando e o chão estava se tornando uma
grande poça d’agua. Dei um pulo quando escutei a porta
do banheiro sendo fechada com violência. Toquei com a
ponta dos dedos os meus lábios… ainda podia sentir a
sensação dos seus lábios nos meus, seu gosto e o seu
desejo que senti em cada toque.
Suspirei. Era um avanço, ele desejou o mesmo que eu.
Por que ele parou? Por que ficou tão irritado? Eu
quisesse. Pensei em entrar no banho com ele;
simplesmente invadir o banheiro completamente nua,
mas até eu não teria coragem de fazer tal coisa. E se eu
fosse rejeitada? Certamente ficaria magoada, não
suportaria ser rejeitada por Sebastian, o homem que
sempre amei.
Peguei um pano e comecei a secar o chão da
lavanderia. Depois que eu deixei tudo em ordem, notei
que a porta do banheiro estava aberta e que Sebastian não
estava mais lá. Onde ele teria ido? Escolhi algumas
roupas e tomei um banho morno e demorado, lavei minha
roupa debaixo do chuveiro, e algum tempo depois eu
estava na sala. Sebastian estava sentado no sofá e
devorava comida de uma caixinha.
— Trouxe comida chinesa. — Ele apontou para as
quatro caixinhas em cima da mesa. — Não sabia do que
você gostava, então trouxe yakisoba, bifum e yakimeshi
[3]
com carne e frango xadrez .
— Obrigada, mas nunca comi comida chinesa. — Ele
me encarou, surpreso. Ele estava tão lindo com os cabelos
úmidos, camiseta branca e o jeans desbotado. Sua boca
estava tão convidativa quanto antes.
— Você nunca comeu comida chinesa?
— Nunca. Na fazenda a Paulina sempre fez comidas
caseiras e bem americanas; vez ou outra algo mexicano…
mas chinesa nunca comi.
— Sente-se, todo mundo precisa comer comida
chinesa uma vez na vida. É deliciosa. — Ele pegou o
macarrão que estava comendo com aqueles palitinhos e
devorou. — Humm, sente aqui, Julianne... vou te explicar
o que é o que.
— Certo. — Sentei-me de frente para ele. Sebastian
pegou os palitinhos, colocou macarrão com carne e outros
temperos e pediu que eu abrisse a boca.
— Abra a boca e prove. — Achei aquele gesto tão
íntimo quanto um beijo e o obedeci. Fiz uma careta. Era
bom, mas era estranho. Era salgado, mas não era salgado.
— Esse é o yakisoba, gosta?
— Não muito...
— Então vamos ao frango xadrez. — Ele abriu outra
caixinha e me deu na boca uma boa porção. Esse eu
detestei, odiava amendoim.
— Não, eca... o macarrão era melhor. — Ele riu. —
Detesto amendoim.
— Então vamos ao yakimeshi com carne ao molho de
soja. — Ele pegou o arroz colorido com os palitinhos,
uma porção de carne junto e me deu.
— Humm... — Aquilo sim era bom.
— Vejo que você gostou, mas ainda falta experimentar
o bifum.
— E que diabos é bifum?
— É um macarrão de arroz.
— Eu gosto de macarrão e gosto de arroz... então deve
ser bom.
No fim, eu acabei devorando toda a caixinha de
yakimeshi com a carne ao molho de soja.
— Como você consegue comer com esses palitinhos?
— Perguntei depois de mais uma garfada na comida.
— Hashi. O nome é hashi.
— Certo, e como você consegue comer com eles?
— Há dez anos fiz uma viagem à China, e lá uma
amiga, me ensinou a usar.
— Uma amiga? — Eu já odiava essa amiga.
— Hey, estou falando sério...ela era esposa de um
amigo meu, o Yan Quon. Sempre a respeitei, afinal Yan é
um grande cara, e vez ou outra ele aparece por aqui. Então
ela me ensinou a usar os hashis, e não tem mistério.
— Acho incrível você já ter ido para a China. O único
lugar que já estive foi em Londres, na casa de Lizzie, e só.
— Um dia te levo na China, você vai gostar. — Falou
ele espontaneamente.
— Mesmo? — Meu coração palpitou no peito.
— Hã... vamos aos hashis. Como eu disse não tem
mistério... — Disse ele, mudando de assunto. Mordi o
lábio e aceitei a mudança. Sabia que se eu insistisse, só
iria piorar as coisas.
— Pois para mim, parece impossível. — Falei,
encarando aqueles palitinhos.
— Eu te ensino. — Ele sentou-se do meu lado, me
assustando. Seu perfume delicioso invadiu minhas narinas,
e eu não sabia se conseguiria prestar a atenção ao que ele
estava me ensinando. — Aqui, o primeiro você pega e
passa nesse vão entre o polegar e o indicador. Você firma
aqui no anelar. — Seu braço agora estava em volta do
meu corpo, e meu corpo ferveu ao sentir sua respiração na
minha nuca. — O segundo você pega como se fosse uma
caneta, e você estivesse pronta para escrever, agora você
faça esse movimento assim. — Ele me ensinou e estava
tão certo, ,as eu não conseguia me concentrar direito. —
Vê, você só move o de cima, o de baixo é para firmar.
Tente comer com ele... — Ele se afastou de mim e tentei
usar os hashis, mas a carne não parou de jeito nenhum, e
derrubei arroz em toda a mesa.
— É muito difícil. — Ele riu de minha frustração.
— Logo você pega o jeito. — Ele virou o copinho de
saquê, e resolvi tocar no assunto.
— Sebastian, sobre o que aconteceu na lavanderia...
— Não se preocupe com isso, priminha, a máquina
está funcionando. Desculpe ter gritado com você antes.
— Mas não estou falando disso, estou falando de... —
Ele me interrompeu abruptamente.
— Vamos fazer assim, pirralha… a gente esquece do
incidente com a lavanderia. Nunca mais tocaremos nesse
assunto, afinal você só colocou sabão demais… essas
coisas acontecem. — Ele iria realmente fingir que nada
havia acontecido?
— Sebastian, eu estou falando do...
— Vamos dormir? Vou comprar uma cama amanhã
para o quarto de hospedes, e assim ninguém ficará
desconfortável.
— Por que você está ignorando o que aconteceu?
— Nada aconteceu. Julianne; e se quiser que eu te
ajude com o rodeio, é bom que esqueça qualquer incidente
na lavanderia.
— Esquecer?
— Isso, pois eu já esqueci. — Disse ele, mas seu olhar
caiu sobre meus lábios, e notei o brilho ali.
— Mentira! — Falei. — Você não esqueceu.
— Eu vou caminhar um pouco. Quando você dormir,
eu volto. — Falou ele passando as mãos nos cabelos num
claro sinal de frustração, e então saiu porta fora.
— Que homem irritante! — Bufei. — Por que ele fica
fugindo? — Depois de jogar as caixas de comida chinesa
no lixo, escovei meus dentes e fui para a cama.
Sebastian Lennox
Levar ela para a China um dia? Eu só podia estar fora
de mim! Banho gelado, era isso que eu precisava para
recobrar o juízo. Voltei da minha caminhada duas horas
mais tarde; caminhei tanto que estar exausto. Tomei outro
banho gelado. Julianne já estava dormindo no quarto, bem,
não sei se ela estava dormindo, mas estava trancada no
quarto. Isso era bom, a porta fechada que nos afastava era
a minha segurança.
Depois daquele beijo casto e tentador na lavanderia,
eu sabia que iria enlouquecer; então o melhor a ser feito
era fingir que nada aconteceu. Enquanto a água fria lavava
meu corpo e acalmava meus músculos, vi pendurada no
box a calcinha de Julianne, vermelha, de renda, e tão
pequena que não sei como conseguia cobri-la. Era
indecente. Fiquei duro mesmo com a água fria, tão duro
quanto aço. Minhas bolas estavam inchadas e doloridas e
precisei me aliviar. Peguei firme em meu pênis e comecei
a estimulá-lo com movimentos contínuos, e não demorou
muito para que eu atingisse o orgasmo, e com Julianne em
meu pensamento, eu cheguei lá rapidinho.
O problema é que não era apenas o seu corpo que
estava me tirando o sono, mas também seu jeito de ser.
Seu sorriso, seu jeito de mastigar a comida, o som da sua
respiração. Por que isso estava acontecendo comigo? Que
sentimento estranho era esse que estava se apoderando de
mim? Nada mais preenchia minha mente, apenas Julianne,
Julianne e Julianne. Eu iria enlouquecer muito em breve.
Precisava conversar com um amigo, e a primeira pessoa
que me veio em mente foi o Luke. Eu precisava conversar
com ele, mas sem mencionar que a minha tentação era sua
irmã caçula.
Eu nunca menti para meu melhor amigo, mas naquele
momento eu só precisava conversar com ele… e ele que
me perdoasse, mas eu iria mentir.
Julianne Lennox
Naquela manhã Sebastian me levou até o haras para
que eu começasse a treinar. Minha mente ficou
completamente vazia durante o treinamento, Sentir o vento
no rosto e ter contato com o animal era algo maravilhoso,
A sensação de liberdade e de ser quem eu era sem ter de
fingir era maravilhosa.
A égua que Sebastian escolheu para mim se chamava
Dakota. Ela tinha cinco anos de idade e era como um
grande dálmata, com o pelo branco e coberto de pintinhas
negras. Ela era linda. Hoje eu iria apenas caminhar e
correr com ela, pois nós precisávamos criar um
relacionamento estreito antes de começar o verdadeiro
treinamento. Eu precisava confiar nela, e ela em mim.
Como a pista de corrida estava fechada hoje, trotei
com Dakota nela, acariciando seu pelo enquanto
pronunciava palavras de encorajamento.
— Você é uma boa menina, não é mesmo? — Ela bufou
em resposta. — Sabe, Dakota eu tenho uma égua lá em
Flagstaff, a Vanity… eu treinei muito com ela antes de vir
para cá, e quero muito fazer um bom trabalho, Dakota; e
para isso você não pode derrubar nenhum tambor e nem a
mim no chão, certo, garota? — Ela bufou de novo. —
Vanity deve estar sentindo minha falta, e deve estar se
perguntando o porquê não a trouxe para a competição…
bem seria meio estranho trazer um cavalo para a
faculdade. Ah sim, garota, meus irmãos e meus pais
pensam que estou na faculdade... — Suspirei. — Mas sei
que você será uma boa substituta para Vanity, e faremos
um bom trabalho juntas, não é mesmo? — Dakota bufou
em resposta. — Boa garota... agora vamos correr um
pouco.
Começamos a galopar. Meu cabelo soltou-se do coque
e começou a voar ao vento. Dakota foi feita para correr,
tinha pernas longas e ágeis, e não parou até chegarmos ao
fim da pista; puxei suas rédeas e ela voltou na pista. Ela
era boa com o controle das rédeas, o que só me mostrou
que seria uma ótima parceira na competição. Quando
retornei ao início da pista, estava rindo, e meu coração
estava acelerado. Sebastian estava lá, apoiado na cerca, e
me encarando com um sorriso no rosto. Meu coração
conseguiu acelerar ainda mais ao vê-lo.
— Parece que vocês duas se entenderam bem. —
Comentou ele.
— Dakota é uma boa garota, muito parecida com a
minha Vanity. — Ele assentiu.
— Amanhã você precisa dar mais uma corrida com
ela, e então depois de amanhã posso montar a arena com
os três tambores.
— Vou levar Dakota para comer e escovar seu pelo;
também vou limpar sua baia.
— Já fizeram a limpeza. — Franzi a testa para ele.
— Peça para que não façam mais isso, eu farei daqui
para a frente.
— Por que? — Perguntou ele com curiosidade.
— Sei que o cavalo tem mais confiança em seu
cavaleiro se este limpar sua baia, alimentá-lo e escovar
seu pelo. Sempre cuidei da Vanity pessoalmente, e isso
estreitou os laços entre nós. — Ele abriu o portão da pista
e notei o seu sorriso discreto.
— O que houve? Por que está sorrindo?
— Só estou impressionado que você saiba tanto sobre
os cavalos.
— Como pode ficar impressionado? Esqueceu que eu
nasci praticamente em cima de um cavalo? — Sorri para
ele. — Vamos, Dakota… vamos deixar esse homem bobo
sozinho.
— Você também conversa com eles?
— Claro, eles entendem tudo o que eu digo. — Saltei
de Dakota e apontei o dedo para Sebastian. — E nem
venha me zoar, cavalos são mais inteligentes do que você
imagina.
— Eu não pretendia zoar você, já que eu também
converso com eles... mas não sabia que garotas faziam
isso também. — Revirei os olhos para ele.
— A Deborah é sua sobrinha, e fala mais com cavalos
do que com gente.
— A Deborah não conta... as outras garotas que
conheci acham a maior bobagem falar com cavalos.
— Deve ser porque elas não tinham nada de útil no
cérebro. — Retruquei e saí dali irritada. — “As outras
garotas que conheci…” — Resmunguei sozinha. — Que
idiota ficar mencionando essas vacas para mim! Vamos
sair daqui, Dakota.
Eu a guiei até sua baia, tirei sua sela, comecei a
escovar seu pelo e cantei uma música para Dakota. Se ela
fosse como Vanity, adoraria escutar uma boa música.
Sebastian Lennox
Eu estava ofegante, meu coração batia acelerado e
meus nervos pareciam à flor da pele. Julianne me encarou
assustada. Meus dedos estavam sobre a sua pele, e eu não
conseguia raciocinar direito. Isso nunca havia acontecido
comigo… eu, definitivamente, não estava no meu estado
normal.
— Sua? — Ela perguntou.
— Sim! Minha! — Não queria que ninguém tocasse ou
falasse com ela. Iria avisar ao Alex para que não se
aproximasse dela, ou nossa amizade ficaria em risco.
— Sua o quê? Sua amiga? Sua mulher? Sua amante...?
— Amante era o meu desejo mais secreto; leva-la para a
minha cama, faze-la minha... mas meus sentimentos e
pensamentos estavam tão confusos. Eu não poderia levar
Julianne para a cama como se ela fosse uma qualquer.
Depois que eu levasse Julianne para a cama, não teria
mais volta. — E não me venha com minha prima, essa não
cola.
— Apenas minha, uma palavra apenas… minha... Por
que você fica procurando rótulos? — Soltei seus ombros,
pois se continuasse tocando-a, seria capaz de cometer uma
grande loucura. — Vamos, vou te levar para a casa. —
Caminhei em direção ao estacionamento, mas não escutei
os passos de Julianne me seguindo. Girei nos calcanhares,
e ela estava lá parada no meio do haras, me encarando,
furiosa.
Seus cabelos negros estavam revoltos ao vento, seus
lábios rosados estavam pressionados um no outro em uma
linha fina, e ela batia um pé no chão em um tique nervoso.
Ela estava tão linda, seus cabelos revoltos ao sol ficavam
com tons avermelhados. O impacto só de olhar para ela
quase me derrubou de joelhos no chão. Ela era linda, e
furiosa ficava ainda mais linda.
Linda? Nunca achei nenhuma mulher linda. Nunca
chamei nenhuma delas de lindas... Para mim elas eram
deliciosas, gostosas, boas para uma foda… mas nunca
lindas. O que Julianne estava fazendo comigo? O que tinha
essa garota que me fazia agir assim.
— Por que você não está caminhando? — Perguntei
em voz alta.
— Estou furiosa demais para ir em qualquer lugar com
você. — Ela cruzou os braços no peito com força,
pressionando seus seios perfeitos. Minha boca ficou seca,
e precisei passar a língua nos lábios para umedece-los.
— Venha, Julianne, vamos para a casa. — Ordenei.
— Eu não estou com vontade de ir em lugar nenhum
com você nesse momento. — Disse ela. — Você está
parecendo um maluco. — Ela girou nos calcanhares e
caminhou em direção ao estábulo.
— Não me faça arrastar você até o carro. — Gritei. —
Julianne venha aqui agora! — Ela continuou caminhando
me ignorando. — Diaba!
Caminhei a passos largos em sua direção e a alcancei
rapidamente; eu a peguei pelas pernas e a joguei sobre
meu ombro. Ela gritou de susto e começou a socar as
minhas costas.
— Você está maluco, Sebastian? Deus! Na verdade,
você está me deixando maluca. Você não sabe o que quer
e isso está me tirando o sono. Eu, que sou mais nova que
você, sei o que quero…. mas você não sabe, e está me
deixando louca.
— Cale a boca, Julianne.
— Eu não vou calar a minha boca! Você precisa ouvir!
Você só quer falar e dar ordens, e dizer que sou sua, mas
não me explica o que isso significa! — Dei um tapa em
seu traseiro.
— Fique quieta! Com você gritando desse jeito não
consigo pensar. — Ela ficou quieta depois do meu tapa em
seu traseiro, e minha mão ficou quente pelo tapa. Eu
tentava faze-la ficar quieta, mas só piorava a minha
situação, pois minha vontade era dar mais um tapa em seu
traseiro, e apertar aquela carne macia...— Diabos,
mulher!
— O que foi? Eu estou quieta. Não era isso que você
queria? — Disse ela, irônica.
— Até quieta você incomoda. — Resmunguei.
Enquanto chegávamos ao estacionamento, lancei um olhar
mortal para qualquer pessoa que cruzasse meu caminho,
com o aviso estampado de “não se aproxime” e “não fale
comigo”.
Abri o carro e coloquei Julianne no banco de trás, e fui
para o banco do motorista. Liguei o motor e as portas se
trancaram automaticamente. Julianne sentou-se no banco
de trás e encarei seu olhar através do espelho retrovisor.
— Qual o seu problema? Como pode me jogar aqui
como se eu fosse um saco de batatas? — Reclamou ela.
— Não sei o que eu tinha na cabeça quando vim para a
sua casa! Você só está me maltratando desde o dia em que
cheguei, e isso magoa meus sentimentos, mas só mostra o
quão enganada eu estava com você! O Sebastian que eu
me lembro me ajudou a aprender andar a cavalo. O
Sebastian que eu conheço sempre foi carinhoso e
atencioso comigo. Você mudou, e agora só me destrata! Eu
sou mais do que isso, Sebastian, e eu mereço respeito. É
bom que você mude suas atitudes… até mesmo o Alex me
tratou melhor do que você.
Por sorte a viagem do haras até minha casa levava
apenas quinze minutos, e logo estávamos diante da
fachada. Julianne realmente tinha razão. Eu estava sendo
um grosso com ela, tratando-a de forma terrível; mas isso
era porque eu estava ficando louco, isso era porque eu
estava com as malditas bolas roxas, caralho!
— Julianne... — Ela abriu a porta de trás e me encarou
com raiva.
— No momento estou muito furiosa com você,
Sebastian! Me dê espaço. — Ela entrou em casa pisando
firme, e eu me senti o cara mais escroto do mundo. Dei ré
no carro e sai da garagem, pegando a estrada novamente.
Julianne Lennox
— Maldito! — Ele estava me deixando louca, e ao
invés de vir atrás de mim, ele saiu de carro de novo.
Meu peito estava apertado, eu era apaixonada por
aquele homem, mas já estava cansada desses joguinhos. O
que ele queria, afinal de contas? Por que ele não me
pegava de jeito, me beijava e me fazia sua? Eu era dele,
mas queria ser dele de verdade, e não apenas na teoria.
Fui tomar uma chuveirada, coloquei um vestido
fresquinho e voltei para o meu quarto. Quando cheguei lá
escutei o telefone tocar. Vi no visor que era minha mãe.
Odiava mentir para ela, mas precisava atender.
— Alô. — Cumprimentei.
— Juli, minha filha, como você está? Estou morrendo
de saudades.
— Também estou com saudades, mãe… estou bem. —
Suspirei e deitei-me na cama, encarando o teto.
— Você não parece muito bem. — Ela comentou.
— Eu estou bem, mãe.
— Não minta, Julianne. Conheço você melhor do que
ninguém. — Droga! Parece que minha mãe tinha um sexto
sentido. — O que houve? É algum problema na faculdade?
— Não, mãe… na verdade, é um homem o meu
problema. — Já que eu estava mentindo por estar na
faculdade; pelo menos na parte do homem eu poderia ser
honesta.
— Hum... só um minuto. — Escutei passos, e logo
minha mãe me chamou de novo. — Só resolvi sair do
quarto de hotel. Seu pai está dormindo, mas pode acordar
ao saber que sua caçulinha está com problemas com um
homem.
— Onde vocês estão agora?
— Na Áustria. Mas me conta, Juli, o que aconteceu?
— Suspirei.
— Esse homem diz que não me quer, mas esses dias o
amigo dele estava flertando comigo, e ele fez toda uma
cena e ficou furioso, e disse que sou dele... mas ele nem
sequer me beijou ainda, então como posso ser dele? Ai
mãe, estou ficando louca. Estou tão apaixonada por ele,
mas me pergunto se não idealizei muito esse amor, e
talvez tenha se tornado uma obsessão.
— Calma, filha, calma... você o ama tanto assim? Por
que você o ama?
— Posso ser sincera com você, mãe, e você jura não
fazer perguntas? — Ela suspirou.
— Tudo bem, não farei perguntas desde que você seja
honesta comigo; vou te dar esse voto de confiança.
— Eu sou apaixonada por ele há anos, ele é o meu
primeiro amor, eu o amo por ele ser carinhoso com todos,
tratar sua mãe como uma rainha, por seu senso de
humor… e amo até mesmo seu jeito cafajeste... Eu não sou
normal, né, mãe? Que mulher gosta de um cafajeste?
— Eles têm o seu charme. — Ela riu. — Filha, não
acho que seu amor tenha sido idealizado ou que seja uma
obsessão; você ama esse homem e ponto final. E ele, com
toda a certeza, está sentindo algo profundo por você. Mas
se ele for um pouco parecido com alguns homens da nossa
família...
— Ele é muito parecido. — Falei por impulso.
— Então ele é teimoso como uma mula e você vai ter
que fazer ele admitir que sente algo por você.
— Ou seja, devo continuar insistindo?
— Você não tem nada a perder, não é mesmo? Você
ainda tem o livro de contos dos Lennox? Aquele que eu
escrevi para você?
— Tenho sim, mãe.
— Então leia a história número três, lá eu relatei como
foi o romance entre John e Cristiana... e você vai ver que
nesse caso foi diferente. Cristiana fugiu do amor por John
com todas as forças, ô mulher teimosa; e John, de tanto
insistir, teve seu final feliz.
— Obrigado mãe, por relatar naquele caderno casa
história de amor da família… isso me motiva e muito.
— No começo era apenas um hobby, mas fico feliz em
saber que está ajudando você. Quem sabe um dia fazemos
algumas cópias para as gerações seguintes lerem e se
inspirarem...
— Será que alguém um dia vai querer ler sobre a
nossa família? — Fiz uma careta.
— E por que não? São histórias engraçadas e cheias
de romance.
— Mãe, eu te amo... muito obrigada.
— Também te amo, minha princesa.
— Mande um beijo para o papai.
— Ele vai te ligar ainda essa semana, pois dentro de
seis dias vamos nos isolar por dez dias em uma ilhota nas
Bahamas.
— Dez dias em uma ilha deserta?
— Não deserta, mas sem sinal de celular... vai ser bom
para nós.
— Aproveite, mamãe.
— E você se cuide, Juli.
— Pode deixar.
Desliguei o celular e peguei o velho caderno de
quatrocentas folhas em que minha mãe relatava como um
diário as histórias de amor da família Lennox. Sorri ao
imaginar alguém lendo nossas histórias. A pessoa iria rir
sem parar, e talvez chorar em algumas partes. Cheguei até
a história da Cristiana e do tio John e comecei a lê-la.
Sem perceber, adormeci.
***///***
Sebastian Lennox
Julianne Lennox
Sebastian Lennox
Terminei de tomar café da manhã com meu pai, e ainda
com a cabeça em Julianne decidi ir até a cidade visitar
Valentina e meu sobrinho, Ryan. No pátio da fazenda
encontrei com uma moça de aproximadamente uns 23
anos. Ela era uma morena, alta, e muito bonita… eu
certamente flertaria com ela em outro momento, mas não
estava no clima. Tudo o que eu conseguia fazer era pensar
em Julianne.
— Bom dia, onde está a picape vermelha? —
Questionei para ela, pois pela forma como ela estava
vestida ela era uma funcionária da fazenda. Ela sorriu
para mim sugestivamente antes de responder.
— Está atrás do novo celeiro. O senhor John agora a
guarda lá. — Assenti.
— Obrigado.
— SEBASTIAN! — Minha mãe gritou bem alto,
assustando a mim e a moça que me ajudava.
— O que foi mãe?
— O que você pensa que está fazendo? — Ela me
encarou furiosa. — Emily, volte para dentro, por favor, e
não dê atenção ao flerte do meu filho. Ele está
comprometido! — Encarei minha mãe sem entender nada,
e ela me acertou um tapa atrás da cabeça. — Você pirou,
Sebastian?
— Mãe, não sei do que você está falando? — Falei,
afagando o lugar onde ela acertou o tapa. A moça
desapareceu como pó no ar de tão rápido.
— Você agora vai se fingir de desentendido? Você
acha que não sei o que acontece em Houston? — Meu
coração parou por alguns segundos. Ela não poderia saber
sobre Julianne, poderia?
— Mãe, eu... Como você soube? — Perguntei
perplexo. Eu era um homem morto.
— A Julianne me contou. — Eu iria matar aquela
diaba! O que ela contou exatamente? Fiquei me
perguntando, pasmo demais para falar qualquer coisa. —
Ela me contou que você está namorando a amiga dela.
— Como?
— Ah, Sebastian… quem vê sua cara agora até acha
que você está surpreso, mas eu sou sua mãe e lhe conheço.
É bom você andar na linha e não flertar com nenhuma
mulher, viu. Não esqueça o que me aconteceu no passado.
— Eu sei, mãe, não se preocupe. Eu não vou me
transformar nele. — Ele era o homem que plantou a
semente no ventre de minha mãe, o homem safado que a
engravidou e esqueceu-se de avisar que era casado. Ele
não era meu pai, era apenas um doador de esperma safado
e sem escrúpulos. Ele estava morto... meu pai era John
Lennox, aquele que me criou como seu próprio filho, que
me amou e nunca faltou como pai para mim.
— Só não quero outra menina magoada. Antes quando
você não tinha compromisso com ninguém, e aí tudo bem.
Mas agora... agora que está namorando, comporte-se.
— Eu não estava flertando com aquela moça, só queria
ir visitar Valentina e meu sobrinho, e por isso a chamei
para saber onde está a velha picape do papai.
— Não fale mais com as funcionárias, é melhor assim.
— Declarou minha mãe.
— Mãe! Você está sendo irracional. — Reclamei.
— Só estou cuidando de você para a minha futura nora
e mãe dos meus netos. Por falar nisso, quem ela é? Como
se chama? Como ela é? Quem é a mulher que finalmente
colocou cabresto em você? Deve ser uma mulher e tanto...
— Tchau mãe, depois de visitar Valentina, vou visitar
Vic. — Saí deixando-a sozinha com as suas perguntas. —
Diaba! O que será que ela inventou?
A caminho da casa de Valentina, enviei uma mensagem
para Julianne, mas ela não me respondeu e nem leu. O que
ela estava fazendo que não me respondia?
Sebastian diz:
— O que você falou para a minha mãe? Que estou
namorando? Você me paga!
— Oi?
— Cadê você?
— Por que não responde?
— O que você está fazendo que não me responde?
— Julianne, não me faça ir até aí.
— Julianne!
— Diaba!
Suspirei aliviado, mas irritado por ele ter ido até lá.
Julianne diz: ♥
Julianne Lennox
Por mais que eu insistisse, o avô de Sebastian preferiu
se hospedar em um hotel e partir no dia seguinte. Eu lhe
garanti que em breve levaria Sebastian até sua fazenda e
faria os dois se reconciliarem. O senhor Patrick era muito
simpático, mas vez ou outra ver aquele tremor em suas
mãos me deixava incomodada. Ele me disse que tinha 68
anos e que estava bem de saúde, mas desconfiava de que
ele estivesse escondendo algo. Sebastian nunca se
perdoaria se não se reconciliasse com seu avô. Sabe Deus
quantos anos de vida ainda tinha o senhor Patrick.
Entrei no Whatsapp, vi as várias mensagens de
Sebastian e ri de seu desespero em falar comigo. Depois
de responder a ele, entrei no grupo das brutas para ver o
que elas me responderam.
Vic diz: Bom dia, prima. Então meu irmão tem uma
namorada? E é sua amiga? Fica descansada, prima. Se ver
meu irmão com alguma vadia, eu te aviso... para que você
avise sua amiga, não é mesmo? Essa história está um
pouco mal contada, mas deixarei passar por ora...
Julianne diz: ♥
Sebastian Lennox
Quando Victória disse: “Tire sua calça e blusa e
abrace-a por trás, aqueça o corpo dela e faça aquela
massagem na barriga dela que você fazia em mim e na
Val”; quando ela me disse essas palavras, só me veio na
mente os momentos tortuosos que eu teria. Julianne era a
mulher que eu mais desejava na face da terra... eu não
conseguiria descansar, eu só pensaria em meu pau preso
contra seu traseiro delicioso e arrebitado.
Ela adormeceu em seguida, e como ela conseguiu
adormecer era um grande mistério; mas ao menos sua dor
havia ido embora. Quem sentia dor agora era eu, um
grande problema de bolas roxas estava me acometendo.
Eu deveria sair do seu lado agora que a dor havia
aliviado e ela adormecera, mas algo me prendia ali… eu
não queria sair do seu lado, eu queria continuar ali
abraçado a ela. Isso era realmente uma grande loucura,..
Julianne estava de calça de pijamas e blusa, ela estava até
mesmo de meias, completamente vestida e dormindo; e eu
não queria solta-la.
Afastei seu cabelo da nuca e pousei os lábios ali.
Notei que ela tinha duas pintinhas na nuca e beijei cada
uma delas. Ela suspirou em seu sono. Seu cheiro era
delicioso, e por mais proibido que tudo aquilo fosse, seu
corpo parecia ter sido feito para ficar encaixado no meu.
Ela se mexeu e virou de frente para mim, e meu coração
acelerou enquanto observava seu rosto enquanto ela
dormia. Tão linda, uma menina mulher. Dormindo ela
parecia um anjo de inocência, e acordada uma diaba
tentadora. Afastei com os dedos uma mecha do seu cabelo
que caiu no seu rosto e fiquei observando seu rosto com
atenção.
Era a primeira vez que eu olhava de verdade para uma
mulher; não olhava apenas seu corpo, mas prestava a
atenção total ao rosto de uma mulher. Julianne era como a
deusa Vênus, linda e tentadora; e exalava sensualidade
como nenhuma outra mulher. Ela fazia isso sem precisar
fazer esforço, era naturalmente sexy. Ela estava sexy até
mesmo usando pijamas e com os cabelos bagunçados.
Minha vontade era de ter ela para sempre, que ela me
pertencesse de verdade. Nunca havia sentido nada
parecido antes, mas depois de conversar com Alejandro e
pensar muito, eu não estava mais tão assustado ou
confuso. Dom e Luke que me perdoassem, mas eu iria
descobrir o que era isso e iria seguir meus instintos.
***///****
Devo ter adormecido em algum momento, pois quando
despertei, estava segurando a mão de Julianne e nossas
pernas estavam entrelaçadas uma na outra. Abri os olhos
ainda meio zonzo, e senti que queria acordar assim todos
os dias. As sensações que eu estava sentindo ultimamente
eram uma surpresa atrás da outra.
— Bom dia. — Julianne falou sonolenta e encarei seu
rosto.
— Você está melhor? — Perguntei.
— Muito melhor, obrigada. — Encarei seus olhos
antes de olhar para a janela do quarto.
— Já é de manhã? Dormimos tudo isso? — Eu havia
chegado lá pelo horário de almoço no dia anterior quando
cuidei dela.
— Sim. Já são sete da manhã.
— Fazia séculos que eu não dormia tanto. — Eu não
havia conseguido dormir na casa dos meus pais na noite
anterior a essa, pensando sobre Julianne e no que eu faria.
— Eu também, mas deve ter sido por causa do
analgésico e da companhia. — Ela sorriu. — Obrigada
por cuidar de mim com tanto zelo.
— Eu não suportei ver você com dor. Eu só queria...
— Fechei os olhos com força. Por que eu estava me
sentindo assim? Era assim o amor então?
— Só queria? — Perguntou ela.
— Só queria que sua dor pudesse ser transferida para
mim. Doeu ver você sofrendo, e queria sofrer no seu
lugar. — Isso era amor? Eu estava apaixonado? Seria tão
mais fácil se eu já tivesse passado por isso antes...
— Eu amo você, Sebastian. — Declarou Julianne, e
uma lágrima escapou dos seus olhos. — Chega de
joguinhos, eu estou sendo sincera com você...— O som
das batidas do meu coração ecoava nos meus ouvidos.
— Desde quando? Como... como você soube? — Ela
sorriu.
— A gente sabe quando está apaixonado, você sabe
qual é a sensação.
— Eu não sei...
— Você nunca se apaixonou antes? — Perguntou ela.
— Nunca. — Ela me encarou surpresa. — Por favor,
me diz como eu posso saber se estou apaixonado. — Ela
sorriu e acariciou meu rosto.
— Toda a vez que você vê aquela pessoa ou escuta seu
nome, seu coração acelera e você não tem muita força nas
pernas. Se aquela pessoa sorri para você, seu peito
aquece. Quando ela te beija, você sente um calafrio e
calor ao mesmo tempo. Você pensa nela o tempo todo, e
só deseja estar com ela; e você não quer que ninguém se
aproxime da pessoa que você ama... ao menos com os
Lennox todos dizem que é assim... que somos possessivos.
— Ela suspirou. — Vou dizer uma frase bem clichê de um
dos livros de Nicholas Sparks: “O amor é como o vento,
[8]
não se vê, mas se sente ”. Então, quando seu coração
estiver acelerado por causa de uma pessoa, isso significa
que você está apaixonado por ela. — Finalizou Julianne.
— Assim? — Peguei sua mão e pousei sobre meu
peito, e meu coração batia descompassado. Ela me
encarou mais uma vez, surpresa... — Ele está assim agora,
Julianne, por sua causa. E isso está me deixando maluco...
Ela se aproximou de mim e deu um beijo casto em
meus lábios.
— O que estou sentindo agora é indescritível. — Ela
falou. — Parece que amor correspondido é ainda melhor
do que um amor platônico.
O celular dela começou a tocar interrompendo nosso
momento. Ela fez uma careta.
— Eu preciso atender, é o toque da minha mãe. —
Desculpando-se, ela deixou o quarto, e escutei uma
conversa animada do outro lado da porta.
Peguei meu celular e havia uma mensagem de Victória.
Franzi a testa.
Julianne Lennox
Sebastian Lennox
Haviam se passado quatro dias desde o episódio com
Paige. Julianne e eu havíamos criado uma pequena rotina,
afinal aqueles momentos eram decisivos para o sucesso
no rodeio que iniciaria dali a alguns dias. Treinamos com
afinco, e Julianne me surpreendeu com sua performance;
ela tinha grandes chances de vencer em primeiro lugar na
prova dos três tambores. A ligação que ela criou com
minha égua Dakota foi incrível, e eu me pegava muitas
vezes parado igual a um bobo admirando-a conversar e
acariciar o pelo macio de Dakota. Eu estava fodido; além
de babar por seu corpo, estava criando uma ligação muito
forte com Julianne... eu estava em um verdadeiro apuro.
— Eu preciso te deixar em casa. Tenho uns assuntos
para resolver com o Alex, e volto dentro de duas horas.
— Não era meu costume dar satisfações a ninguém, mas
com Julianne criei esse costume, uma vontade de explicar
que logo eu voltaria, e era ótimo saber que quando eu
retornasse para a casa, ela não estaria vazia e solitária.
Claro que eu não tinha nada para tratar com o Alex…
iria mais para fugir da tentação chamada Julianne. Iria
conversar com ele sobre um assunto de negócios, mas isso
podia esperar, porém se eu ficasse em casa com Julianne
iria enlouquecer.
Ainda ontem havia recebido uma mensagem de
Dominic:
Julianne Lennox
*******
Julianne Lennox
— Onde está aquele maldito? — Luke foi o primeiro a
falar. Ou devo dizer, rosnar.
— Irmãos, padrinho... que surpresa agradável. —
Falei, tentando manter minha voz calma e minha expressão
angelical. — O primo Sebastian não está em casa, vocês
vão encontrar ele no haras.
De jeito nenhum eu iria deixar esses doidos entrarem e
descobrirem o Sebastian nu em pelo, adormecido na
cama. Eu precisava dar um jeito de tirar eles dali.
— Não minta, Julianne, será pior para você. —
Alertou Travis.
— É melhor sair da nossa frente se não quiser ser
atropelada. — Ameaçou Dom.
— Nós sabemos que Sebastian está aí. O carro do
maldito está aqui fora. — Argumentou Luke.
— Ele foi para o haras de carona. — Repliquei.
— Vamos entrar e esperar por ele, então. — Disse
Travis, que de todos parecia estar mais calmo e
controlado.
— Não! — Falei rápido demais ,e Dom me encarou
com desconfiança arqueando a sobrancelha direita. — Por
que eu não levo vocês até o haras? — Sai para que eles se
convencessem de que Sebastian não estava ali.
— Pare de protegê-lo, Julianne… sabemos que ele
está aí dentro. Você não sabe mentir. — Falou Luke.
— Estou falando sério! Sebastian não está aí dentro.
— O que houve com primo Sebastian? — Perguntou
Dom.
— Já está até o chamando pelo nome! — Disse Luke
com os punhos cerrados.
— Julianne. — Encarei meu padrinho Travis, que me
chamou com tranquilidade. — Venha até aqui me dar um
abraço, que irei entender tudo o que você me disser. Sabe
que sou mais calmo que seus irmãos.
Encarei ele com desconfiança, mas lembrei-me que
meu padrinho sempre foi um homem tranquilo e
inteligente, e se alguém poderia me ajudar, seria ele. Corri
para os seus braços e me aconcheguei a ele.
— Desculpe-me. — Ele sussurrou no meu ouvido.
Tentei me soltar do seu abraço, mas ele não me soltou.
— Desculpar você? — Quando me dei conta da minha
burrice, Dom e Luke já estavam dentro da casa. —
Padrinho! Não acredito que você fez isso.
— Seus irmãos só querem cuidar de você!
— Eles vão matá-lo! Me solte! — Tentei me
desvencilhar do seu abraço, mas meu padrinho era muito
forte.
— Julianne, Sebastian não é o homem certo para você.
Nunca daria certo.
— Não me venha com essa! Você se apaixonou pela
minha irmã quando ela vivia do outro lado do Atlântico e
você e meu pai se odiavam.
— É diferente, Ju. — Comentou ele.
— Não venha me dizer quem devo ou não amar! —
Gritei.
— Amar?
— Sim! Agora me solte, padrinho, ou irei esquecer
minha educação e acertar meu joelho em suas bolas. —
Avisei-o, e ele me soltou no mesmo instante, me
encarando perplexo.
Não fiquei ali mais que cinco segundos o encarando e
corri para dentro de casa. A porta do quarto estava
escancarada, e um Sebastian sonolento segurando apenas
uma blusa para tapar suas partes estava preso contra a
parede. Para ser mais exata, a minha blusa rosa estava
tapando as partes dele… poderia ficar pior?
— Eu não acredito! Dentre todas as mulheres, você foi
abusar justamente da minha irmã. — Luke, sempre tão
calmo, estava furioso o que dava muito medo. Quase
nunca se via Luke perder a cabeça, mas quando acontecia,
que todos saíssem de perto.
— O que você tem na cabeça cara? — Questionou
Dom. Sebastian estava impedido de responder, já que
Luke o prendia a parede pelo pescoço. — Ela é sua
prima, aquela que você pegou no colo quando tinha doze
anos… você viu ela bebê e chamava ela de pirralha.
Sebastian não conseguia responder. Na verdade,
estava ficando completamente sem ar.
— Soltem ele! Vocês irão mata-lo! — Gritei.
— Não se preocupe, ele não vai morrer. — Disse
Luke. — Não hoje, pelo menos.
— Vamos deixar o trabalho sujo para o papai.
— Papai? — Ah não, era a minha ruína. — Vocês
contaram para o papai?
— Ainda não, o pai está em uma ilha nas Bahamas sem
comunicação pelos próximos sete dias… mas assim que
ele chegar ao hotel em Tóquio, que é o próximo destino
dele e da mãe, nós vamos alertá-lo. — Respondeu Dom.
Sebastian era bem mais forte e mais alto que meus
irmãos, mas não tentava se soltar do aperto e nem lutar
com os meus irmãos. Ele estava pálido e quase sem ar.
— Garotos, deixem o homem ao menos tentar se
explicar. — Falou o padrinho Travis, que havia chegado
no quarto.
— Não há o que explicar! Tudo já está bem explicito
diante dos olhos de quem quiser ver. — Falou Luke.
— Sim, olhe para essa cama... aí está a prova de que
ele seduziu nossa irmã. Fez dela mais uma de suas
vítimas. — Apontou Dom.
— Vítimas? Me seduziu? — Ri sem humor. — Vocês
não acham que estão sendo um tanto dramáticos? Eu é
quem...
— Sebastian, estou extremamente decepcionado com
você! — Uma voz rouca e poderosa veio da porta. Claro,
tio John precisava chegar para se juntar a festinha.
— Sebastian não fez nada! — Gritei, pois parecia que
ninguém estava me escutando.
— Acredite, o que ele fez pode ser chamado de tudo,
menos de nada. — Disse Travis, apontando para a cama.
— O que você está fazendo aqui? Deveria me ajudar.
— Seu pai pediu que eu cuidasse de você enquanto ele
estivesse fora, já que sou seu padrinho e sou mais velho
que seus irmãos. — Explicou ele.
— Você e meu pai estão todo amiguinhos agora, não é
mesmo? — Falei, fula da vida. Li a história deles no
grande caderno de minha mãe, e sabia que antes, ele e meu
pai se detestavam.
— Julianne, sinto muito se meu filho seduziu você. —
Falou tio John.
— Ele não me seduziu! Eu seduzi ele! — Falei com
veemência.
— Não precisa defende-lo. — Disse Luke. — Olha, o
que você fez com minha irmãzinha. — Disse apertando
ainda mais a mão no pescoço de Sebastian.
— Será que... ao menos posso falar? — Perguntou
Sebastian em meio ao aperto.
— Não! Você vai ficar aqui!
— Até quando? — Perguntou Sebastian rouco.
— Ora, seu maldito! — Luke ficou ainda mais fora de
si.
— Tecnicamente você não pode prendê-lo aí até seu
pai voltar. — Argumentou Travis. — Solte-o e deixe-o
vestir algo mais apropriado para que ele possa ir até a
sala conversar com a gente.
— Para ele fugir pela janela? — Disse Luke.
— Também não acho uma boa ideia. — Argumentou
Dom. — Deixar ele sozinho.
— Tudo bem, ficamos aqui vigiando-o enquanto ele
troca de roupa. — Decidiu Travis.
— Quantos anos vocês têm? Cinco? — Perguntei
irritada. — Ele não vai fugir.
— Garanto a vocês que ele não vai. — Falou tio John.
Luke relaxou o aperto e Sebastian passou a mão no
pescoço e tossiu um pouco. A marca da minha mordida em
seu pescoço ficou visível e vi os olhos de Luke faiscarem.
Ele tentou se acalmar olhando para a cama e viu ali meu
sutiã branco.
— Parece que a festinha com a minha irmã foi boa. —
Rosnou Luke, e ele já estava pronto para sair quando
Sebastian resolveu ser engraçadinho.
— Você não tem ideia, ela está tentando me matar...
Ele não conseguiu completar sua fase engraçadinha
pois Luke acertou um de direita bem no seu olho. Dei um
grito assustado. Sebastian não revidou e o encarou.
— Certo, eu mereci isso.
— Sebastian! — Corri para socorrê-lo, ,as meu
padrinho me segurou pelo braço e balançou a cabeça em
negativa.
— Você! Cale a boca e se vista logo! — Ordenou
Dom. segurando Luke ele deixou o quarto.
— Você está bem? — Perguntei para ele antes de ser
arrastada do quarto, e recebi em resposta seu sorriso e seu
olhar que me dizia que tudo iria ficar bem.
Sebastian Lennox
Meu olho estava doendo, meus músculos também
estavam doloridos, mas minha convicção estava intacta.
Julianne era minha, e meus primos que me perdoassem,
mas não iriam tirá-la de mim. Achei minha calça de
moletom no chão e a vesti, ajeitei meus cabeços com a
ponta dos dedos, mas acredito que o resultado não foi lá
muito satisfatório.
— Onde foi que eu errei? — Meu pai me perguntou,
parado na soleira da porta.
— Pai.
— Primeiro o Jacob e agora você… e pelo que fiquei
sabendo, Victória e Valentina nunca foram os anjos que
pensei que fossem. — Ele me encarou. — Me diga, meu
filho, onde errei na educação de vocês? Aprendi com meu
pai como ser um cavalheiro, e nunca fui um cafajeste.
— Pai, o senhor não errou em nada... os filhos são o
que são.
— Eu sei, sempre relevei essa sua vida promiscua.
Mas Julianne? Logo ela Sebastian. Por que?
— Pai, é diferente com ela. Eu...
— Venha logo! Estamos esperando sua explicação. —
Dominic apareceu na porta para me chamar. — Desculpe,
tio John, mas Luke está impaciente.
— Tudo bem, eu entendo. — Meu pai seguiu para a
sala e segui atrás dele.
Estavam todos sentados nos grandes sofás. Julianne
estava sentada na poltrona de canto; ela me encarou assim
que entrei na sala e lhe enviei um olhar carinhoso para
tranquiliza-la. Sentei-me na ponta do sofá e os encarei.
— Explique-se, Sebastian, antes que eu lhe acerte o
outro olho. — Alertou Luke. — Responda o motivo de ter
seduzido minha irmã, a ponto de ela abandonar a
faculdade para vir atrás de você.
— Como vocês ficaram sabendo disso tudo? —
Julianne se exaltou.
— Jack Vang viu você no haras. Esqueceu que ele é
nosso vizinho? — Disse Travis.
— Bastou apertar Cameron e ele contou tudo. —
Comentou Luke.
— Ele disse que você veio atrás de Sebastian, trancou
a matrícula da faculdade, e que irá participar do rodeio.
— Prosseguiu Dom.
— Juntos montamos o quebra cabeça. — Falou Travis.
— Conhecendo a fama de Sebastian, e sabíamos que
ele havia enfeitiçado você…. e você, como é uma
bobinha, ainda caiu nos encantos dele a ponto de
abandonar a faculdade. — Falou Luke.
— Sinto muito que meu filho tenha feito isso com
você, Julianne. — Disse meu pai.
— A pergunta é… quando ele a seduziu para que você
decidisse largar a faculdade para vir para o harém dele?
— Perguntou Travis.
— Está tudo errado, eu vim porque eu quis. Eu dei em
cima dele, eu seduzi ele. — Falou Julianne exaltada.
— Você continua defendendo-o? — Luke estava
furioso.
— Nós conhecemos Sebastian desde que nascemos,
sabemos que ele é capaz de seduzir até mesmo uma pedra.
— Falou Dom.
— Há rumores que ele é amante até mesmo da Paulina.
— Falou Luke.
— E que ele tem um filho em casa país. — Disse Dom.
— Que ele desvirgina meninas inocentes. — Falou
Luke.
— Que ele arruinou uma freira! — Disse um.
— Que ele foi pivô de vários divórcios. — Disse
outro.
— Que ele é um cafetão nos rodeios. — Falou mais
um... Eu já nem sabia mais quem estava falando, mas não
consegui me conter, e gargalhei diante de toda aquela
bobagem.
— Você está rindo? — Luke estava furioso.
— Vocês não me deixam falar, então só posso assistir
ao show e rir. — Suspirei. — Não sabia dessas histórias
todas... pelo jeito, eu povoo o mundo de bastardos.
— Eu vou socá-lo. — Dominic tentou levantar, mas
Travis o segurou pelo braço.
— Explique-se então, Sebastian. Garotos fiquem
calmos, vamos escutar o que ele tem para falar. — Disse
Travis, apaziguador.
— Desembucha então. — Disse Luke.
— É, não temos todo o tempo do mundo. — Disse
Dom.
— Diga a verdade a eles, Sebastian! — Falou
Julianne.
— Não se preocupe amor, eu vou contar a verdade. —
Falei encarando-a com carinho.
— Você a chama de amor! — Luke era ciumento
demais.
— De Diaba também, mas depende da ocasião. —
Falei, sorrindo torto para ele.
— Você quer mesmo morrer! — Disse Luke.
— Fale logo, Sebastian, e pare de gracinhas. — Meu
pai disse.
— Desculpa, não consegui evitar. — Falei. — Bem,
acho que não importa quem diabos seduziu quem... isso eu
nunca irei revelar, nunca irei dizer quem começou tudo
isso.
— Sebastian, você disse que ia contar a verdade! Sabe
que fui eu quem seduziu você. — Disse Julianne em
desespero.
— Shhh... calma... deixe-me terminar. Vou contar a
verdade. — Tranquilizei-a. Nunca em sã consciência eu
iria me acovardar e colocar a culpa nela e dizer que fui
seduzido. Apenas nós dois precisávamos saber disso, e
mais ninguém. Encarei todos ao meu redor, suspirei, e
falei em alto e bom som a verdade. — A verdade é que eu
estou, pela primeira vez na minha vida e última,
perdidamente apaixonado… apaixonado por Julianne. Eu
a amo, e pretendo passar o resto da minha vida com ela e
só com ela. Pela primeira vez em minha vida estou
fazendo planos para o futuro, e pela primeira vez em
minha vida desejo uma mulher e apenas uma. Acho que
nunca senti isso por ninguém, pois estava esperando por
ela, e com todo o respeito... quero mais é que vocês se
fodam! Pois nada e nem ninguém vai tirá-la de mim.
Capítulo 14
Julianne Lennox
Julianne Lennox
Sebastian Lennox
A muitos anos atrás...
Julianne Lennox
Voltar para a casa me causou uma sensação estranha.
Ao mesmo tempo que eu não queria ter retornado de jeito
nenhum, também sentia saudades de estar ali. Era uma
casa antiga… meus avôs paternos, que nunca cheguei a
conhecer, se apaixonaram ali, meu pai nasceu naquela
casa e ela se mantinha de pé…; histórias de gerações de
Lennox foram contadas ali quando o avô do meu pai se
mudou para ali com seus três filhos, vindo da Inglaterra.
Conall, Dominic e John eram moleques quando foram
viver ali; e então depois de muitos anos, meu pai, filho de
Dominic, nasceu. Soube que meu tio-avô Conall faleceu
depois de pegar uma forte pneumonia, isso bem antes de
meu pai pensar em nascer. De todos os irmãos, o único
que ainda estava vivo era o caçula, tio John, meu futuro
sogro...
— Julianne sua maluquinha, que saudades. —
Despertando dos meus devaneios, minha irmã Elena
entrou como um foguete dentro da sala e me abraçou. —
Você continua no mundo da lua, né? Chamei você três
vezes e você não me ouviu.
— Estava pensando no passado... sobre as histórias da
família.
— O que essa família mais tem são história. —
Comentou Lenna com humor. — Agora me conte, sua
maluquinha… desde quando você cobiça nosso primo
postiço?
— Desde que eu me lembro. — Lenna ajeitou uma
mecha dos seus cabelos atrás da orelha e me puxou para
sentar no sofá ao seu lado. Minha irmã havia mudado
pouca coisa em todos aqueles anos; ela, na verdade,
estava ainda mais bonita. O tempo havia lhe feito bem e
ela mal tinha linhas de expressão em seu rosto.
— Parece que o objetivo das mulheres desta família é
fazer o pai enlouquecer. — Ela sorriu. — Eu me envolvi
com quem para o papai era seu grande inimigo, Lizzie
fugiu para Londres atrás de um médico bonitão, e agora
você e Sebastian...
— Eu ouvi meu nome? — Com o sotaque levemente
britânico, virei minha cabeça para trás e no mesmo
instante vi minha irmã. Elizabeth também estava
maravilhosa e elegante., Seus olhos azuis cintilaram ao me
ver, e corri para os seus braços.
— Liz, você também está aqui. — Abracei-a
firmemente, sentindo seu aroma de pêssegos.
— Claro que estou aqui. Vim assim que soube dessa
confusão toda, pois sabia que você precisaria de ajuda…
Deus sabe como nossos irmãos são insanos.
— É tão bom ter as minhas irmãs por aqui.
— Nós nunca te deixaríamos sozinha para enfrentar os
homens loucos desta família. Mas me diga... — Liz
sentou-se no sofá também e sentei entre ela e Lenna. —
Como isto tudo aconteceu?
— Estou tão feliz por ter vocês aqui. Papai vai ficar
sabendo do que houve daqui cinco dias e vai ficar uma
fera.
— Não se preocupe com ele, nosso exército é mais
forte. — Comentou Lenna.
— E chamamos reforços.
— Reforços?
— Sim... no decorrer da semana virão Megan, Cris,
Deborah, Sarah, Amanda, Valentina e Victória... todas
suas advogadas de defesa. — Disse Lizzie.
— Isso parece uma loucura. — Comentei.
— Acredite, você vai precisar de toda a força
possível… e mamãe também vai te apoiar, tenho certeza.
— Vai virar então uma super reunião de família?
— Vai virar “A” reunião de família. — Falou Lenna
com convicção.
— Senti falta disso... — Disse Lizzie.
— Lady Pen vai vir? — Perguntou Lenna.
— Pode apostar que sim... talvez ela aperte tanto a
bunda do papai, e ele será forçado a aceitar o namoro sem
reclamar. — Lizzie riu alto e Lenna a acompanhou. Eu
estava nervosa demais parar rir; pois para um esquadrão
vir em minha defesa, elas deveriam saber que meu pai
ficaria muito, mas muito furioso. Eu amava meu pai, era a
garotinha dele, e não queria ficar de mal com ele.
*******
Sebastian Lennox
Uma hora na sala de espera do hospital. Aquilo estava
me dando nos nervos. Estava pronto para ir gritar com
algum médico ou invadir a sala de exames quando um
médico grisalho e baixinho chegou na porta da sala de
espera.
— O senhor é o responsável pelo paciente Patrick
Young? — Perguntou, e fiquei meio paralisado por alguns
segundos. Eu escutei paciente, e não cadáver… se bem
que acho que chamariam de paciente até mesmo se fosse
um morto. A expressão do médico era indecifrável, não
sabia se a notícia seria boa ou ruim; e então ao invés de
falar algo, apenas assenti com a cabeça.
— O que o senhor é dele? — Perguntou o médico.
— Sou neto. O que ele tem? — Pronto. Fiz a pergunta.
Ficaria maluco em segundos se o médico demoraria para
responder. — Ele está vivo? — Eu estava impaciente
demais, e se era para receber uma notícia ruim, que fosse
logo.
— Sim, senhor...?
— Sebastian.
— Sim, senhor Sebastian, ele está vivo; e ainda vai
viver por mais alguns anos… mas ele precisa se cuidar e
parar de ser negligente. — Suspirei aliviado e pisquei
algumas vezes tentando conter as lágrimas malditas.
Desde quando eu me tornei tão sentimental?
— Como assim. doutor?
— Ele desmaiou pois está com a glicose baixa e
anemia. Ele também está abaixo do peso e parou de tomar
os remédios para o reumatismo… eu não sei porque um
paciente iria querer viver com dor; é quase como se ele
estivesse tentando se punir. Peço que fique de olho nele e
o leve ao psiquiatra, creio que esse paciente esteja
tentando tirar sua própria vida... — O médico me entregou
um papel com a data de uma consulta com um psiquiatra.
— Cuide bem do seu avô, e assim ele terá pelo menos
mais duas décadas de vida.
— Pode deixar, doutor. — Engoli em seco e sentei-me
no sofá da sala de espera.
— Você gostaria de vê-lo? — Perguntou o doutor.
Suspirei cansado e tenso.
— Sim, doutor, eu gostaria de vê-lo. — Segui o
médico por um longo corredor branco e impecável. O ar
cheirava a antissépticos, o que me lembrou o cheiro de vó
Constance quando lhe visitei pela última vez, antes que o
câncer no pulmão a levasse para longe. Paramos diante de
uma porta, e o médico me encarou com solidariedade.
— Vamos checar seus sinais vitais daqui uma hora.
Amanhã ele já poderá ter alta, mas preciso que você se
certifique de que ele vai tomar as vitaminas, e que voltar a
tomar os remédios para o reumatismo.
— Pode deixar, doutor. Vou tomar conta dele. — O
médico assentiu.
— Ele pode ter apresentado nos últimos dias tremores
nas mãos, mas foi por causa da abstinência do remédio.
Agora que o medicamos, os tremores vão sumir.
— Obrigado, doutor. — O médico assentiu e seguiu
pelo corredor. Fiquei parado, encarando a porta por mais
alguns minutos, até que finalmente criei coragem e entrei.
Patrick estava deitado na cama de hospital, e parecia
tão frágil ali. Como ele usava a camisola do hospital,
notei o quanto ele havia perdido peso, estava praticamente
pele e osso; bem diferente daquele homem forte e robusto
do passado. Ele virou a cabeça na minha direção quando
entrei no quarto, e quando ele falou, sua voz parecia fraca.
— Então não foi um sonho, você estava lá mesmo... —
Ele comentou.
— Sim. — Foi só o que eu disse.
Ficamos por um longo período de tempo em silêncio,
ambos perdidos em nossos próprios pensamentos.
— Sinto muito. — Ele disse por fim. — Não quero ser
um fardo para você... pode ir para a casa.
— Por que você parou de tomar os remédios para dor?
E por que parou de se alimentar direito? — Perguntei
furioso. — Queria chamar a atenção de alguém? — Eu
estava irritado demais por ele ter sido tão negligente, por
ele desperdiçar a vida que tinha, sendo que Constance não
teve nem chances de lutar para viver. O câncer havia sido
tão impiedoso com ela que não lhe dera opções.
— Não sei quem foi o idiota que inventou que não
estou me alimentando… e estou tomando os remédios.
Não acredite em tudo o que ouve, eu estou bem. —
Resmungou. —Você sabe que não tem que se preocupar
comigo... eu não mereço sua preocupação.
— Realmente, você não merece um pingo da minha
preocupação ou da minha atenção… Mas aqui estou eu,
preocupado, e cara, fiquei com um medo do caralho que
você tivesse morrido em meus braços.
— Eu não vou morrer ainda, nem tão cedo. Deus vai
me dar uma vida longa para que eu sofra por tudo o que
fiz... Sabe como dizem: vaso ruim não quebra.
— Então você tem uma consciência afinal de contas...
— Claro que eu tenho... e ela me atormenta
diariamente.
— Isso me conforta bastante. — Falei seco.
— Eu sinto muito, Sebastian...
— Não é comigo que você deveria se desculpar, e sim
com Vó Constance… mas agora é tarde demais para isso,
não é mesmo?
— Constance era uma grande mulher, e vivemos seus
últimos meses juntos.
— Você apenas a colocou em um quarto na sua casa e
deixou ela à mercê de enfermeiras.... Se quando ela era
saudável não dava a você o que você precisava, imagine
quando estava doente!
— Você não sabe o que aconteceu quando você foi
embora... eu preciso te contar para que você não me odeie
tanto.
— Eu não o odeio, apenas o desprezo.
— Posso lhe contar o que aconteceu quando você foi
embora e disse que me odiava?
— Vá em frente, não tenho nenhum outro lugar para ir.
— Sentei-me na cadeira ao lado da cama e escutei o
relato de Patrick, devia isso a Constance... — Mas saiba
que só estou fazendo isso em respeito à Constance.
— Eu sei, eu sei... — Ele limpou a garganta e começou
a falar. — Foi a mais ou menos vinte e dois anos atrás...
Patrick Young
Haviam se passado duas semanas que meu neto e
minha esposa haviam me deixado, e ambos me odiavam.
Annette se tornava cada vez mais exigente, sempre queria
presentes caros, e estava cada vez mais impaciente
comigo. Eu me sentia vazio por dentro e a mandei embora.
Parecia que o dom da minha vida era magoar
profundamente as pessoas que mais me amavam. Algum
psicólogo iria colocar a culpa em meu pai abusivo ou em
minha mãe alcoólatra, mas sei que isso não era desculpa,
afinal haviam muitas pessoas boas no mundo que tinham
famílias similares a minha, e que viviam bem e sabiam
valorizar o amor. Talvez eu fosse um filho da puta que
havia puxado meu ambicioso pai, um sangue ruim que
merecia ficar só...
Depois de me livrar de Annette, comecei a correr atrás
do perdão de Constance. Tentei reconquista-la de novo, e
durante meses a cortejei. Precisava consertar aquela
situação; e então, quando finalmente ela me perdoou sete
meses mais tarde, eu a tratei como uma verdadeira rainha
e tivemos uma lua de mel divertida e inesquecível. Eu me
apaixonei por ela verdadeiramente, afinal que homem não
amaria uma mulher como aquela, bondosa, carinhosa e
engraçada.
Foi um mês maravilhoso em que nos amamos muito.
Nunca fui tão feliz. Meu desejo agora era reconquistar
meu neto, mas toda a vez em que ligava para a sua casa,
sua mãe dizia que você não queria falar comigo, e ela
estava furiosa comigo.
— Não sei o que você fez para Sebastian já que ele
não conta para ninguém, mas depois de me magoar, você
ainda teve a coragem de magoar meu filho? Mexa comigo,
Patrick, mas não mexa com um filho meu. Não ligue mais
para cá.
Era o que sua mãe me dizia… e depois não tive mais
tempo mesmo para ligar. Constance ficou doente, e os
meses que se seguiram nos levaram a vários países em
busca de uma cura, mas o prognóstico já estava ali… ela
iria morrer e as chances de cura eram de dez por cento.
Ainda assim ela quis lutar e fez a quimioterapia. Não
iriamos parar de lutar até o fim. Mas no fim aconteceu o
que aconteceu.
Eu perdi o amor da minha vida. A mulher que eu amei
com todo o meu coração morreu em meus braços, e depois
vivi nesses vinte anos completamente sozinho. Tenho
muitas terras e muito dinheiro, e maldição, meu dinheiro
se triplica mais e mais a cada ano. Tenho tudo o que
qualquer homem desejaria ter.… com exceção do maior
tesouro da vida: amor.
E a culpa de não ter amor e carinho, e de estar sempre
solitário, é só minha. Eu mereço viver assim, eu mereço
sofrer sozinho. Então não tenha pena de mim, Sebastian,
lembre-se de todo o mal que já causei a todos. Não
precisa se aproximar de mim, eu não o mereço. Quero seu
perdão, apesar de não o merecer.
Sebastian Lennox
Sebastian Lennox
Comecei a tossir sem parar, e em poucos minutos eu
certamente iria começar a espirrar. A poeira na casa de
Patrick estava pior do que as que deveriam ter nas tumbas
dos faraós egípcios. Era terrível! Fazia três dias que ele
havia recebido alta e eu o estava vigiando de perto. Eu o
fazia tomar os remédios e as vitaminas, e por diabos eu
até mesmo cozinhei.
— Quando chegam os candidatos para a entrevista? —
Perguntei a ele depois de quase morrer soterrado no meio
de tanto pó.
— Não sei... você que inventou essa bobagem, você
deve saber. — Resmungou ele. Ele não estava nem um
pouco feliz em ter empregados na casa novamente.
Definitivamente, todos aqueles anos sozinho o haviam
tornado um velho ranzinza.
— Quero só saber que horas são agora. — Falei
impaciente. — Depois de escolher o candidato ideal,
tenho um lugar para ir.
— Faltam quinze minutos para as três da tarde. — Ele
respondeu. — Você vai ir ver aquela garota simpática que
estava na sua casa aquele dia? — Perguntou ele.
— Não sei se isso é da sua conta. — Tive mais um
acesso de tosse.
— Seja bom para aquela menina… não seja um tolo
como eu... saiba diferenciar a mulher certa da errada. —
Ele falou e levantou-se, me dando tapinhas nas costas. —
Vamos um pouco lá para fora, você precisa de ar fresco.
Segui seu conselho. Se eu ficasse ali mais tempo,
certamente morreria. Caminhei ao seu lado, com a tosse
me dominando e lágrimas escorrendo como uma cachoeira
dos meus olhos.
— Não sei como... cof-cof... você não morreu ali
dentro. — Comentei ao me sentar no primeiro degrau da
varanda.
— Aqui, beba. — Ele me deu um copo de água e bebi
aquele liquido refrescante de uma vez só. — Tome. — Ele
estendeu a garrafa de água de dois litros, então peguei e
tomei no bico mesmo, sentindo meu corpo ser limpo por
dentro. Após saciar minha sede, coloquei a garrafa do
meu lado e suspirei o ar puro da fazenda. Aquele lugar
continuava lindo como eu me lembrava, e os vastos
campos verdejantes se estendiam por vários acres de
terra. O açude no qual eu costumava pescar quando garoto
continuava tal como antes. Foi ali que aprendi a pescar,
foi ali que decidi me tornar um cowboy de rodeios, ali foi
o meu refúgio quando queria fugir das minhas irmãs, as
gêmeas demoníacas. Foi ali que amei pela primeira vez
uma mulher que não era da minha família, mas que se
tornou minha avó amada, e foi ali que tive minha primeira
decepção.
— Imunidade alta. — Ele falou. — Já disse que quanto
mais ruim o vaso, mais dificilmente ele quebrará. —
Comentou Patrick, despertando-me dos meus devaneios.
— Desculpe? — Havia perdido o fio da meada.
— Você disse que não sabe como eu não morri lá
dentro. — Ele deu de ombros. — Sabe os filmes que
assistíamos quando você era um moleque?
— Qual deles? Víamos tantos... — Patrick sentou-se
do meu lado e admirou a paisagem assim como eu.
— Os de terror. De sexta-feira treze.
— Ah sim, os do Jason… o que tem eles? — Lembrei-
me das nossas sessões pipoca, filmes que minha mãe
nunca me deixava assistir, mas que eu assistia na casa do
meu avô. Eu me sentia um homem de verdade por poder
assistir aqueles filmes sangrentos com ele.
Sempre que assistíamos, meu avô dizia que
deveríamos acampar na sala, então dormíamos lado a lado
em sacos de dormir. Ele fazia isso pois sabia o quanto eu
estava com medo de dormir sozinho. Hoje eu via isso,
mas na época achava que era uma aventura e tanto, e
claro, pensava que era lucro não dormir sozinho; vai que
Jason viesse me pegar.
— Então, Jason custa a morrer. Não importa o que
tentam fazer, ele sempre acaba voltando... porque vaso
ruim custa a quebrar. — Disse Patrick, despertando-me
dos meus devaneios.
— Você está se comparando a um assassino em série?
— Questionei incrédulo, e Patrick deu de ombros.
— Achei que seria um bom exemplo.
— Ah, claro que sim. — Ironizei. — Acho que esse
tempo em que você se isolou de todos o deixaram meio
gagá. — Falei, e não pude deixar de rir do absurdo da
situação.
— Estou totalmente consciente, moleque. — Ele
resmungou.
— Tudo bem, Jason. — Falei. — Só não venha com
esse papo para os candidatos, afinal poderá afugentá-los,
e preciso ver a minha garota.
— Então é ela mesmo?
— Sim, é ela... e não se preocupe, sei diferenciar a
certa da errada.
— Você é um garoto inteligente. Estou orgulhoso de
ver que o que eu fiz não afetou sua personalidade para o
lado ruim.
— Vó Constance me fez fazer uma promessa e a
cumpri todos os dias da minha vida. — Falei com
orgulho. — Nunca enganei ou usei mulher alguma… as
mulheres com que me envolvi ao longo da vida estavam
cientes de onde estavam se metendo, e sempre fui honesto
com todas elas. Como vó Constance disse: “Quando você
encontrar a certa, você saberá que é ela”. E bem, eu
encontrei a certa, depois de buscar em meio as erradas.
— Aquela garota é forte, inteligente, e muito bonita. —
Comentou meu avô. — Acho que vocês dois combinam e
muito. Desejo boa sorte aos dois.
— Obrigado. — Falei. Já sentia saudades da minha
Diaba, afinal faziam quase cinco dias que não nos víamos.
— Olha, chegaram os candidatos... logo você poderá
ir ver sua garota. — Comentou Patrick e me levantei.
Estava na hora de fazer três contratações. Aquela casa
precisava de uma governanta, uma cozinheira, e uma
faxineira.
Julianne Lennox
Julianne Lennox
Poderiam se passar dez, vinte, trinta ou quarenta anos;
eu jamais esqueceria aquele sábado. Todas as pessoas que
eu conhecia estavam na fazenda, todos os meus familiares,
seus respectivos cônjuges e seus filhos. Literalmente a
família Lennox em peso estava ali e todos, exatamente
todos estavam tensos.
Luke foi o cara legal que ligou para o meu pai e contou
tudo. Depois de ligar para meu pai ele foi até a casa
principal me encontrar para contar que dali a dois dias o
alfa da família estaria ali. Luke ficou me esperando por
uma hora inteira, eu não sabia que ele iria até ali, se eu
soubesse teria feito mais rápido com Sebastian dentro da
baia dos cavalos; mas com ele de joelhos na minha frente
com minha coxa apoiada em seu ombro e sua língua
percorrendo entre as minhas pernas foi difícil prestar a
atenção no tempo. E quando voltei para a casa com cara
de satisfeita, Luke me encarou como se eu fosse uma
condenada prestes a ir para a cadeira elétrica e foi como
se ele tivesse jogado um balde de água fria em cima de
mim.
Ele perguntou o que eu estava fazendo e eu disse que
estava treinando para o rodeio. Ele cerrou o maxilar,
afinal eu sabia que não havia acreditado em mim, mas não
havia nada que ele pudesse fazer a respeito; e foi então
que ele me contou que ligou para o papai.
Logan Lennox
Sebastian Lennox
Naquela segunda-feira eu estava zonzo. O fim de
semana foi uma verdadeira loucura com toda a família na
mansão de Logan. Eu não consegui passar nem dez
minutos sozinho com a minha diaba, e isso estava me
deixando louco. Mas hoje iria voltar para a casa e levar
Julianne comigo, afinal tínhamos um rodeio para
participar.
No domingo meu avô Patrick resolveu aparecer de
surpresa, segundo ele, para me defender caso alguém
tentasse assassinar seu neto. Gostei daquele gesto, mas
ainda não me sentia suficientemente pronto para
demonstrar o quanto gostei dele ter se preocupado
comigo. Certas coisas precisam do remédio do tempo
para que possam curar verdadeiramente.
Estava com minha mochila de roupas prontas em cima
da cama e meu chapéu cor areia ao lado. Peguei o chapéu
e coloquei sobre a cabeça, e com a mochila preta sobre os
ombros, abri a porta do quarto para me encontrar com
Julianne, mas Luke e Dom estavam barrando minha saída
e me empurraram para dentro.
— Mas que diabos! — Com a surpresa quase caí para
trás. — O que deu em vocês agora? — Perguntei
impaciente. — Eu preciso voltar para Houston.
— Você já vai voltar. — Disse Dom.
— Com a nossa irmã. — Acrescentou Luke, com
visível contrariedade.
— Mas antes você precisa nos escutar. — Disse Dom.
— Com bastante atenção. — Prosseguiu Luke.
— Que fofo, agora um completa o que o outro fala. —
Zombei, o que não foi uma boa ideia, já que Luke me
prendeu contra a parede, com Dominic o ajudando.
— Você não tem mesmo amor a vida. — Rosnou Luke.
— Aí caras... falem logo o que querem... E eu fiz só
uma brincadeira, vocês estão tão chatos ultimamente. Isso
só pode ser falta de sexo. — Dom me enforcou... um
pouquinho.
— Como minha irmã foi se apaixonar por um idiota.
— Ele suspirou cansado.
— Vocês realmente não sabem brincar. — Revirei os
olhos. — Falem logo o que querem, e Dominic, por favor
pare de me enforcar... estou ficando sem ar. — Dom me
soltou e Luke deu dois passos para trás. — Obrigado. —
Resmunguei, passando a mão no pescoço
— Nós resolvemos vir falar com você. — Começou
Dom.
— Antes que você vá para Houston com nossa bebê.
— Continuou Luke.
— Por favor... por que não fala um só? Isso de um
ficar completando a frase do outro é chato. — Falei
olhando de um para o outro.
— Tudo bem, eu falo. — Disse Dom. — Você nunca
deve magoar ou fazer Julianne chorar. Se algum dia você
fazer nossa irmãzinha sofrer, nem que seja um pouquinho,
você será um homem morto.
— Já até mesmo planejamos a forma de matar você,
para que pareça um acidente. — Disse Luke. — Vamos
convidar você para uma caçada, e Dom, que era Sniper no
exército, vai acertar uma bala bem na sua testa.
— Mas vamos dizer que foi Luke quem acidentalmente
errou o tiro. — Disse Dom. — Você é nosso primo e
grande amigo, Sebastian… mas se magoar nossa irmã,
tudo isso será esquecido.
— Então espero que você cuide bem dela. — Concluiu
Luke.
Chocado, coloquei a mão na testa. Olhei para os dois,
que estavam sérios. Eles realmente planejaram tudo
aquilo, e eu ficaria assustado se tivesse más intenções
com Julianne. Por incrível que pareça, eu não estava com
medo, pois tinha ciência de que nunca a faria chorar. Eu
amava pela primeira vez na minha vida, e tinha a certeza
de que seria a última.
— Eu farei tudo por ela, para vê-la feliz. — Falei, e
os dois me encararam, agora sem a expressão assassina de
minutos antes, mas com suavidade. Luke foi o primeiro a
se aproximar e me abraçar.
— Então bem-vindo a família, Prinhado. — Disse
Luke e deu dois tapinhas nas minhas costas.
— Prinhado?
— Uma mistura de primo e cunhado. — Disse ele, e
Dom aproximou-se e me deu um abraço apertado.
— Cuide bem dela. Eu fiquei muitos anos longe dela,
mas sei o quão preciosa ela é.
— Pode deixar, Dom, cuidarei bem dela... até porque
não quero uma bala na minha testa. — Brinquei com eles e
desta vez eles riram… tudo iria voltar ao que era antes.
Eu amava Julianne e não queria perdê-la, mas havia
me entristecido Luke e Dom me tratarem de forma
diferente. Sempre fomos grandes amigos, então o momento
em que fiz uma piada e eles riram foi muito bom para
mim. Saber que eu teria a mulher que amo sem perder a
amizade de meus dois primos e os primeiros amigos que
tive era maravilhoso.
No corredor que levava a saída, meu celular apitou.
Era um sms de Alex.
Alex diz: Não sei você, mas eu sem dúvidas vou
ganhar essa aposta. O rodeio já vai começar, você vai
amarelar?
Resolvi deixar para responder depois. Alex até
poderia ter ganho a aposta, mas quem saiu vitorioso no
final fui eu. E essa certeza só se intensificou quando vi
minha diaba conversando com sua mãe diante da porta.
Ela usava um jeans justo, blusa listrada e botas texanas
marrons. Seu jeans colava-se ao seu traseiro, e precisei
de alguns minutos para me recompor antes de me
aproximar delas.
— Vamos? — Ela me encarou e sorriu, e seu sorriso
fez meu coração bater mais rápido e me senti aquecido.
— Vamos sim. Patrick vai conosco até o aeroporto? —
Perguntou ela.
— Vai sim, onde ele está? — Perguntei.
— Ele resolveu dar uma carona para mamãe. — Disse
Nicolle. — Falou para vocês irem sem ele.
— Sinto cheiro de romance no ar. — Disse Julianne.
— Apesar de amar muito meu falecido pai e sentir
muita a falta dele, vou ficar muito feliz se mamãe arrumar
um companheiro. — Comentou Nicolle.
— Vocês não podem ver um homem sendo gentil que já
montam romances na cabeça. — Falei.
— Concordo, meu genro. — Disse Logan que se
aproximou de nós.
— Vocês, homens, que são cegos. — Falou Victória.
— E sempre serão. — Completou Nicolle.
— Vim me despedir de vocês. Em poucos dias
estaremos em Houston para o rodeio. Cuide bem dela
Sebastian. — Disse Logan.
— Pode deixar.
Nós nos despedimos dos dois. Julianne levou apenas
uma mochila, afinal ainda não tínhamos planejado onde
viver. Se bem que Patrick me convidou para viver na
fazenda no Arizona para ajudar na administração, e aquela
vida de rodeios já estava me cansando. Julianne ficaria
mais feliz se vivêssemos perto dos seus pais, e eu estava
pensando seriamente nisso. Depois do rodeio conversaria
com ela a respeito.
Julianne Lennox
Chegou o grande dia, e eu estava tremendo. Haviam
várias mulheres lindas ali comigo, todas para disputar
quem ganharia a faixa de rainha do rodeio. Confesso que
não me importava mais tanto se iria vencer ou não, afinal
havia me inscrito para chamar a atenção de um certo peão;
mas como seus olhos já estavam pregados em mim, era
desnecessário competir. Mas é claro que não falei isso
para ele no dia anterior.
Sebastian Lennox
***///****
Julianne Lennox
Las Vegas... algumas semanas depois...
*****
Nicolle Lennox
Muito tempo antes...uma conversa muito antiquada
AMO-OS!
E enfim...o fim definitivo...
FIM!
[1]
Texas Rangers são uma equipe profissional de baseball sediada em
Arlington – Texas.
[2]
S potify é um serviço de música comercial em streaming, podcasts e vídeo comercial que
fornece conteúdo provido de restrição de gestão de direitos digitaisAs músicas podem ser
navegadas ou pesquisadas por artista, álbum, gênero, lista de reprodução ou gravadora. As
assinaturas pagas "Premium" removem anúncios, melhora a qualidade do áudio e permite aos
usuários baixar músicas para ouvir offline.
[3]
Comidas típicas da culinária chinesa.
[4]
Any Man Of Mine (Qualquer homem meu) Shania Twain.
[5]
Uso Antigo. Homem que, no Oriente, era castrado e tinha a responsabilidade de proteger as
mulheres no harém. Castrado; indivíduo cujos testículos e/ou o pênis foram removidos.
[6]
Nos EUA só é permitido comprar e consumir bebida alcoólica a partir dos
21 anos.
[7]
Wet Folding é o nome dado a um outro tipo de Origami, que é a designação para a técnica de
se fazer Origami com o papel molhado, que basicamente consiste em borrifar água ou passar uma
esponja úmida em um Origami pronto para poder fazer curvas no papel e criar modelos mais
vivos.
[8]
Livro de referência: Um amor para recordar.