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Romance Proibido

Série Lennox – 11

Jennifer Souza
Copyright © 2017 Jennifer Souza
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste
livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer
meios existentes sem a autorização por escrito da
autora.

Revisão e Sinopse: Beka Assis

Diagramação: Jennifer Souza

Capa: Jéssica Gomes


Jennifer Souza

1. Romance
2. Adulto
3. Drama
4. Comédia

Todos os direitos reservados á Jennifer Souza


Essa é uma obra de ficção.
Quaisquer semelhanças com pessoas vivas ou mortas é mera
coincidência.
Prólogo

Sebastian Lennox
Acordei sozinho em minha cama. É delicioso morar e
dormir sozinho e ter aquela cama inteira só para mim
depois de uma deliciosa sessão de sexo. Eu me sentia
renovado para começar um novo dia. A garota do Country
Club havia sido dispensada ontem à noite; uma loira
mignon que aliviou meu desejo por uma noite, foi uma
sessão de sexo e tanto, mas eu continuava com essa
sensação irritante de que estava faltando alguma coisa.
Desde que eu havia completado trinta anos de idade
que essa sensação de vazio começou a tomar conta de
mim, ou melhor dizendo, essa mudança aconteceu alguns
meses antes de eu completar os trinta anos. Seria alguma
espécie de crise de meia idade? Sempre amei as mulheres
em geral e uma noite apenas com cada uma delas sempre
foi o suficiente para me deixar satisfeito, pelo menos por
um tempo. Agora, porém mesmo minutos depois do ato, eu
não me sentia mais satisfeito. Na verdade, eu sentia que
faltava algo… mas o que?
Resolvi que ficar divagando como uma menininha não
me levaria a nada, e levantei para tomar um banho. Tinha
trabalho a fazer na hípica. Nosso campeão, Honey, estava
velho e cansado; e para piorar, com uma lesão na pata.
Imediatamente o retirei das corridas. Esperava agora
enviar Honey para minha sobrinha Deborah, para que
Honey vivesse uma vida sossegada na fazenda.

***//***

Uma hora mais tarde, acariciando com tristeza a crina


de Honey, me despedi dele. Engoli as lágrimas e lhe
desejei uma boa e tranquila vida na fazenda.
— Tivemos bons momentos juntos, Honey, mas está na
hora de você se aposentar. Te amo, amigo. — Honey me
respondeu com uma bufada, e deixei a baia dele. A
corredora Izzie iria ali se despedir de seu companheiro, e
sabia que a cena seria igualmente triste.
— Acho que essa é a primeira vez que te vejo chorar.
— Comentou Alex, meu colega nos rodeios, e também
meu veterinário contratado.
— Ele é um bom cavalo. Vou sentir falta dele. —
Comentei.
— Eu sei, mas você tomou a decisão certa. Se Honey
continuasse forçando a lesão na pata, teríamos que tomar
medidas drásticas. — Comentou Alex, retirando os óculos
de leitura e colocando o chapéu preto novamente.
— Eu sei. — Sacrificariam Honey se ele não parasse
de correr, pois sua lesão na pata dianteira esquerda
precisava de repouso absoluto para curar.
— Vamos beber uma cerveja? — Ele me convidou
apontando para o bar do Country Club.
— Vamos, mas aí não.
— Por que não?
— Porque uma garota vai achar que vim vê-la depois
de passar a noite, e você sabe como isso é um incomodo.
Ela vai ficar pensando coisas que não deve.
— Quem você pegou do bar?
— Uma garçonete.
— Qual delas? — Perguntou Alex, com interesse, indo
em direção a caminhonete comigo.
— Não me lembro do nome. — Confessei.
— Isso não é uma novidade. — Ironizou ele. — Mas
como ela é?
— A loira com tatuagem de fada no ombro.
— Oh, a Sarah! — Disse ele desejoso. — Como você
pode esquecer o nome. Não é o mesmo nome da mulher do
seu primo?
— E daí? — Dei de ombros e entramos no carro.
— Cara, sou seu fã. Será que um dia supero você? —
Ri alto de seu comentário.
— Claro que não, Alex; não seja burro. — Ele fez uma
careta, e guiei o carro em direção ao bar mais próximo.
— Então, faltam apenas três semanas para a temporada
de rodeios… podemos fazer uma aposta. — Sugeriu Alex.
Estávamos sentados em uma mesa de madeira dentro do
bar, bebendo uma boa cerveja.
— Que tipo de aposta? — Perguntei interessado.
— Quem tiver até o final do rodeio pego mais
mulheres, ganha. — Eu me interessei por tal aposta, sabia
que sairia vitorioso.
— E ganha o quê? — Perguntei.
— Me diga o que você quer, que eu digo o que eu
quero. — Falou antes de entornar a cerveja.
Pensei sobre sua proposta, e fiquei pensando no que eu
gostaria de ganhar que pertencesse ao Alex; afinal até o
final do rodeio eu teria pego tantas mulheres que poderia
criar meu próprio hárem, se desejasse; enquanto Alex
pegaria cinco, no máximo. Lembrei do cavalo puro sangue
que ele comprou em um rodeio antes de mim, e resolvi
que esse seria meu prêmio.
— Eu quero o Cupido! — Esse era o nome do novo
favorito das corridas de cavalos. Alex hesitou por alguns
momentos, mas finalmente sorriu e apertou minha mão.
— Ok, se você ganhar, terá o Cupido. Se eu ganhar,
você terá que se amarrar em uma mulher.
— Essa aposta é ridícula! Peça algo possível, não algo
que nunca vai acontecer.
— Isso é o que eu quero, que você case logo e deixe
eu ser o garanhão dos rodeios.
— Você me chama de garanhão dos rodeios, e ainda
acha que vai ganhar a aposta? — Ri de sua tentativa tola.
— Se você não está com medo, aceite-a. — Desafiou-
me Alex.
— Tudo bem, eu aceito. — Apertei sua mão. — Afinal
vou pegar muita mulher no rodeio, e nunca vou me
amarrar em uma só. Vá se despedindo de seu cavalo, pois
ele já é meu. — Garanti.
Começou a chover forte durante minha volta para a
casa. Eu cantava alegremente junto com o rádio It’s
alright to be a redneck de Alan Jackson. Pensava na
minha vitória certa, afinal como lenda nos rodeios e com
meu charme, eu iria ter tantas mulheres quanto um rei.
Aquela aposta já estava ganha.
Estacionei o carro e corri para dentro de casa, tirei
minha camisa molhada e joguei meu chapéu na cadeira.
Abri a geladeira e peguei mais uma cerveja, acendi a
[1]
lareira e liguei no jogo dos Rangers . A chuva lá fora
caía sem cessar, e então em meio a todos aqueles sons da
trovoada, escutei batidas na porta. Pousei a cerveja na
mesinha de centro, e sorrindo, fui até a porta; só poderia
ser o Alex, desistindo da aposta. Afinal eu já era
vitorioso, eu que pegaria mais mulheres, e eu que ganharia
o Cupido.
Abri a porta, e definitivamente não era meu amigo.
Uma bela morena com o corpo escultural, que faria até
mesmo o Alaska incendiar, estava diante de mim. As gotas
de chuva fizeram sua roupa colar em seu corpo. Diante de
mim estava a fantasia de qualquer homem, o meu desejo
mais secreto, aquela que vez ou outra assombrava meus
sonhos, a culpada por me fazer sentir vazio a cada
trepada. E a única que eu não poderia ter, a única que eu
não poderia tocar: Julianne Lennox, minha prima caçula.
— Vai ficar aí me olhando? Ou vai me convidar pra
entrar? Está frio aqui fora, Sebastian. — Disse ela. Seus
lábios carnudos tremiam, e me perguntei se deveria
convidar o diabo a entrar na minha casa.
Capítulo 1

Julianne Lennox

Uma semana antes...

Estava sentada no píer de madeira, minhas pernas


estavam balançando e as pontas dos meus pés tocavam a
água fria do lago. Cameron estava sentado do meu lado
fazendo a mesma coisa; a diferença é que os pés dele
tocavam no lago, já que ele era bem mais alto do que eu.
A diferença também é que eu estava animada, e ele,
preocupado.
— Hey, muda essa cara... não seja tão careta. — Dei
uma cotovelada leve nele, que me encarou carrancudo.
— Você sabe o quanto isso é doido? Você vai se
encrencar, Julianne, e me levar junto.
— Pare, Cam, vai dar tudo certo. Você sabe que nós,
Lennox, lutamos por nossos sonhos e desejos… conhece o
histórico.
— Então você planeja simplesmente se impor. Vai
chegar na casa de seu primo e morar com ele, assim?
— Sim.
— Você não pode forçar as pessoas a te aceitarem
assim.
— História número um, Cam: meu pai forçou minha
mãe a casar com ele, e olha no que deu.
— Você não é igual aos seus pais. Acho loucura você
mentir que vai para a faculdade quando, na verdade, vai
atrás do Sebastian. — Censurou-me.
— História número cinco, Cam: Lizzie mentiu que iria
para um concerto em Londres e ficou com Aiden, e ainda
teve sua visão recuperada.
— Isso não é a mesma coisa. Como você é teimosa!
— Sou uma Lennox. Isso, em si só, já te cala. Você só
precisa guardar meu segredo e me apoiar como melhor
amigo. — Cam me encarou com atenção, e seus olhos
azuis se cravaram em mim como facas. Ele bagunçou os
cabelos pretos e bufou.
— Odeio ter uma louca como melhor amiga.
— Você sabe que adora.
— Vou te dar cobertura, por dois meses apenas...
— É tudo o que preciso para competir no rodeio e
conquistar Sebastian. — Bati palmas, animada, e pulei
nos braços de Cam. — Você é o melhor amigo do mundo.
— E você é louca por querer seduzir seu próprio
primo.
— Tecnicamente ele não é meu primo de verdade; pelo
menos não de sangue. E eu sou apaixonada por ele desde
que era muito nova, ele é meu primeiro amor.
— Isso só mostra a quão patética você é.… tanto
homem por aí... tem os meus colegas da faculdade.
— Não quero nenhum, quero apenas Sebastian. E não
sou patética! Pelo que Lizzie me contou... vamos lá...
história número seis, Deborah amou Alejandro desde
pequena, e que fim deu?
— Tudo bem, Julianne, já deu de histórias da sua
família. Quando você vai para Houston? — Ele revirou os
olhos, e me ajeitei do seu lado.
— Três dias depois que eu tiver chegado na faculdade
e meus pais já estarem a caminho de sua longa viagem de
lua de mel pelo mundo.
— Eles vão mesmo viajar por seis meses? —
Questionou ele.
— Vão sim... espero que eles me perdoem por mentir,
mas é o meu sonho... não posso ficar parada sem lutar por
ele.
— Sebastian é tão importante assim para você?
— Ele e os rodeios… ainda serei campeã na
modalidade três tambores, você vai ver. — Encarei minha
bela égua Vênus e sorri. Eu irei realizar meus sonhos,
minha família me deu exemplos demais para que eu
desistisse sem lutar.
***///***
Dias atuais...

— Vai ficar aí me olhando? Ou vai me convidar pra


entrar? Está frio aqui fora, Sebastian. — Questionei
Fiquei encarando Sebastian enquanto meus ossos
congelavam diante dele. Um calor intenso tomou conta do
meu coração, e, é claro, do lugar mais íntimo de uma
mulher; entre as minhas pernas. Ele estava ainda mais
bonito do que eu me lembrava. Seus cabelos cor de areia
estavam um pouco mais escuros e estavam bagunçados.
Sua barba estava aparente, seus lábios bem desenhados
ainda pareciam tentadores, seu peitoral definido que mais
parecia uma obra de arte, e tinha algumas cicatrizes
contando sua história, o que o tornavam ainda mais
tentador. Não pude deixar de reparar no volume dentro
das suas calças… seria eu a razão disso? Ou ele estava
com alguma mulher ali dentro? Por isso ele estava
hesitante em me deixar entrar?
Algo despertou dentro de mim uma fúria desconhecida
até então.
— Já que você não me convida para entrar, eu vou
entrando. — Arrastei minha mala de rodinha, e passando
por ele, invadi sua sala.
Nenhuma vadia à vista. Pensei.
Só uma sala comum, com a tv ligada no baseball e só.
Fiquei encarando tudo ao meu redor, procurando por
alguma vadia aparente.
— O que você está procurando? E por que você está
carregando uma mala? — Indagou ele, cruzando os braços
sob o peito.
— Não estou procurando nada. E a mala? É porque
vou morar com você por um tempo. — Falei
despreocupadamente.
— Morar comigo? — Questionou ele, incrédulo.
— Onde é o banheiro? Preciso de um banho quente ou
vou pegar um resfriado. — Falei, despindo meu casaco.
— Julianne, vamos conversar sobre isso. Você está
maluca?
— Depois que eu estiver vestindo roupas quentinhas
podemos conversar, você não acha melhor? — Pousei as
mãos na cintura e o encarei. Vi que seu olhar pousou em
meus seios, que certamente estavam bem evidentes, já que
eu usava uma blusa e um sutiã branco molhados.
— Ahn... sim... por favor... fique decente. — Ele virou
o rosto, transtornado, e apontou uma porta a direita.
— Obrigado, Sebs.
— Tome seu banho enquanto eu ligo para os seus
irmãos virem lhe buscar. — Avisou-me. Virei de frente
para ele novamente e o encarei com atrevimento.
— Eu se fosse você, não faria isso. — Alertei.
— E por que não?
— Porque Sebastian. — Dei alguns passos na sua
direção, até que ficassem apenas centímetros entre nós. —
Se você ligar para o Dom ou o Luke, eu vou dizer que
você me seduziu e me trouxe até sua casa para me levar
para a cama. — Blefei, mas ele não sabia disso.
Ele arregalou os olhos.
— Você não faria isso.
— Ah, eu faria sim. — Provoquei.
— Eles nunca acreditariam em você! — Disse ele sem
fôlego.
Fiquei na ponta dos pés, e olhando em seus olhos,
falei.
— Você acha isso mesmo? Que eles não acreditariam
em mim? Você deu em cima da Sarah, flertou com Amanda
quando ela era adolescente, e desvirginou a sobrinha de
Paulina. Sua fama é conhecida até mesmo no Arizona,
Sebastian… você acha mesmo que eles não vão acreditar
que você seduziu a inocente irmãzinha deles? — Dei um
beijo estalado em seus lábios e sorri diante de sua
expressão.
— Você é o diabo em forma de mulher.
— Uma vez minha amiga brasileira, chamada Lucilene
me disse que... o diabo veste saia. — Sorri para ele. —
Se você tem certeza que meus irmãos vão acreditar em
você, por favor, ligue...
Deixei a sala e fui tomar uma chuveirada. Quando eu
entro em uma luta, nunca é para perder.
Capítulo 2

Sebastian Lennox
Fiquei parado no meio da sala. Esfreguei meus olhos,
quase arrancando-os de meu rosto, tentando acordar
daquele pesadelo. Sim, porque isso não podia ser real;
Julianne não estava na minha casa, me chantageando e me
ameaçando. O diabo não pode ter entrado em minha casa.
Isso tudo foi um sonho, e eu logo iria despertar suado e
excitado em minha cama.
Andei de um lado para o outro e escutei o som o
chuveiro sendo ligado; ajeitei minha ereção dentro das
calças e tropecei na mesinha de centro, e rosnei, irritado.
Não era a porra de um sonho! Se fosse um sonho, eu
estaria dentro do chuveiro, com ela. Sentei no sofá e
apoiei as pernas na mesa de centro; mas dois segundos
depois eu estava de pé novamente, andando de um lado
para o outro. Eu iria enlouquecer. O som do chuveiro não
ajudou em nada, pois imagens de Julianne nua banhando
seu corpo tentador preencheram minha mente; e que
diabos de insistência que ela tinha de sempre usar blusas
brancas.
— Anda logo aí, ainda não terminamos nossa
conversa! — Bati com força na porta do banheiro, afinal o
som do chuveiro era torturante demais.
— Só estou me enxaguando, já vou sair. — Ok,
informação demais. A espuma deslizando por seu corpo
enquanto a água fazia seu trabalho… seus mamilos
rosados duros pelo contato com a água. Deus, por que
minha mente tinha de ser tão pervertida? Deus, por que ela
tinha de aparecer molhada na minha porta usando uma
blusa branca que ressaltou seus mamilos rosados?
— Sebastian, você pode me trazer roupas limpas. —
Ela me chamou na porta do banheiro.
— O quê?
— Roupas. Deixei minha mala na sala sem querer. —
Sem querer? Eu achava difícil de acreditar nisso.
Encarei a mala púrpura no chão antes de reagir, e
então a arrastei até a porta do banheiro.
— Sua mala está... — Antes que eu pudesse terminar a
frase, Julianne abriu a porta do banheiro e puxou a mala
com um pouco de dificuldade. Meus neurônios fritaram
naquele momento pois meu olhar recaiu na toalha que
estava enrolada em seu corpo. Seus seios estavam
pressionados no topo. Ela estava nua sob a toalha.
— Obrigada, Sebastian. Se você puder colocar minhas
roupas na lavadora e secadora… — Ela me alcançou uma
muda de roupas úmidas e entrou no banheiro, fechando a
porta atrás de si.
Parado igual a um babaca, fiquei encarando a porta. Se
fosse qualquer outra mulher eu já teria invadido esse
banheiro e arrancado aquela toalha. Fechei os olhos com
força. Mas é sua priminha caçula, Sebastian.
A lembrança do dia do nascimento de Julianne invadiu
minha mente, como se Luke e Dom tivessem plantado
aquela memória em minha mente naquele momento. Eles
tinham onze anos, e eu doze, quando Julianne nasceu, e
lhes fiz uma promessa...
“— Nós sempre iremos protegê-la. — Disse Dominic,
e Luke concordou.
— Você nos ajudará a protegê-la, primo Sebastian?
— Questionou Luke.
— Com a minha vida. Ela é a caçulinha da família, e
todos nós cuidaremos dela. — Prometi a eles que
cuidaria de Julianne.”
Encarei as roupas em minha mão e corri para a
lavanderia na casa; o cheiro dela estava ali em todo o
canto. Coloquei sua blusa e sutiã dentro da máquina de
lavar, e a calça jeans deixei para depois. Quando peguei
as meias, a calcinha veio junto; e ela levou embora
qualquer promessa que eu tivesse feito para Luke e Dom.
Tudo o que eu consegui pensar foi em sentir o cheiro de
sua calcinha de renda branca. Tão pequena, tão sexy... eu
estava mesmo perdendo a cabeça. Joguei a calcinha na
máquina como se ela estivesse queimando a minha mão e
bufei.
— Ela precisa ir embora. — Falei para mim mesmo e
voltei para a sala. Julianne já estava sentada no sofá
enxugando os cabelos negros com uma toalha. Ela vestia
uma calça de pijama, uma blusa nada decente, e meias. —
Você precisa ir embora. — Repeti a ela as palavras que
falei para mim mesmo.
— Eu não vou embora. — Disse ela calmamente e me
encarou com aqueles olhos castanhos. — Eu vim para
ficar.
— Você tem noção do que está dizendo? —
Questionei, frustrado.
— Tenho sim.
— Eu acho que você não tem noção do que está
dizendo ou fazendo. — Ela sorriu e minhas bolas ficaram
doloridas. Maldita.
— Acredite, Sebastian, eu sei bem o que estou
fazendo. Vim aqui para morar com você durante a
temporada de rodeio. Vou participar da competição dos
três tambores, e depois voltarei para a faculdade.
— Seus pais ou irmãos sabem que você está fazendo
isso?
— Não, e nem vão saber. — Ela me encarou decidida.
— Você não vai contar, ou sabe o que acontece.
— Você está me chantageando? — Falei, incrédulo.
— Eu não chamaria de chantagem, mas se você quer
ver desse jeito... — Ela deu de ombros.
— Você agiu por impulso, Julianne; é melhor você
voltar para a faculdade e esquecer essa história.
— Não agi por impulso, planejo isso já tem quase dois
anos.
— Você planejou?
— Sim, meu plano não tem falhas. — Disse ela
satisfeita.
— Tem muitas falhas. Eu não quero você aqui. —
Falei.
— Vai me colocar no olho da rua? — Ela levantou,
exaltada. — Já disse! Se você estragar meu plano, farei
com que meus irmãos cortem suas bolas.
Resolvi mudar de tática para assusta-la. Ela era só
uma menininha de dezoito anos afinal de contas.
— Você não sabe onde está se metendo, Julianne. —
Dei um passo ameaçador em sua direção. — Como você
bem sabe, eu sou uma lenda… eu arrasto as mulheres para
a cama e as arruíno para qualquer outro homem. — Dei
mais uns passos em sua direção, e ela deu passos para
trás. — Morar comigo é perigoso. Eu posso não me
importar que você é minha prima; afinal não posso ver um
rabo de saia que já quero estar enfiado entre as pernas
delas. — Julianne alcançou a parede e sua respiração
estava ofegante. Era isso, eu iria assustá-la para que ela
saísse correndo dali.
— Você está tentando me assustar, Sebastian? — Ela
perguntou num sussurro.
— Só estou te alertando que é perigoso morar
comigo... você é uma menina inocente, e pode se assustar
com o que eu posso fazer com você. — Falei prendendo-a
contra a parede. Meus braços ficaram apoiados nos lados
da sua cabeça. — Eu sou um pervertido, e você não quer
morar com um pervertido... posso levar você para a minha
cama sem me importar com quem é seu pai ou irmãos.
— Então faça! — Desafiou-me. Dei um passo para
trás, assustado.
Como ela não se assustou com minhas ameaças? Como
ela pôde?
— Você!
— Eu não me assusto fácil, Sebastian… e nem sou
inocente como você pensa.
— Diaba! — Falei.
— Sim. — Ela afirmou. — Agora me diga, onde eu
irei dormir? Na sua cama?
— Você não pode morar aqui! — Falei exaltado.
— Já entendi o “perigo” que corro ao viver aqui com
você, e não me importo... e então, onde eu durmo?
Frustrado, passei a mão nos cabelos, bagunçando-os.
Encarei-a e vi ali a determinação férrea dos Lennox… ela
não iria desistir.
— Você fica no sofá, só tenho uma cama.
— Não me importo de dividirmos a cama. — Falou
ela.
— Você é minha prima! Vai dormir no sofá.
— Exatamente por ser sua prima, como você diz, que
não vejo mal algum em dividirmos a cama.
— Vá para a cama! Eu fico com o sofá. — Rosnei
impaciente. Dividir a cama com ela? Só se eu quisesse
morrer mais rápido.
— Obrigada, Sebastian. Sabia que existia um
cavalheiro dentro de você. — Ela deu um beijo estalado
na minha face, bem próximo ao lábio, e saiu da sala a
procura do quarto.
O que fiz para merecer essa tortura?

Julianne Lennox

O cheiro dele estava em toda parte, o que tornou a


minha noite mais quente e relaxante; apesar de ter sido
difícil conciliar o sono quando o homem que você mais
deseja está na sala ao lado, mas logo o cansaço me venceu
e adormeci.
A cama de Sebastian era enorme, e nós dois
poderíamos dormir juntos sem problemas. Na verdade,
seria delicioso se ele dormisse ali comigo, mas acredito
que nenhum de nós fosse dormir se ficássemos na mesma
cama. Se ele cumprisse a ameaça da noite anterior, eu iria
adorar. Ele tinha que esquecer que eu era sua prima, afinal
de contas, se for pensar, não somos primos de sangue. Eu
me espreguicei em cima daquela cama enorme, agarrada
ao seu travesseiro, e resolvi que estava na hora de
levantar.
Abri a janela e vi que estava um lindo dia de sol,
troquei o pijama por um vestido simples bege com um
cinto marrom e botas. Escovei os cabelos e deixei o
quarto. Sebastian já estava sentado na mesa tomando seu
café, seu olhar percorreu todo o meu corpo antes de
chegar ao meu rosto.
— Bom dia. — Cumprimentei-o com um sorriso no
rosto.
— Só se for para você. — Falou, mal-humorado. —
Eu estou péssimo.
— Não dormiu bem? — Sentei-me de frente para ele
na mesa, e servi-me de café.
— O que você acha? Dormi no sofá. — Resmungou.
— A sua cama é grande o suficiente para nós dois, eu
já disse isso.
— E eu já disse que não vou dormir na mesma cama
que você. — Respondeu.
— Você está com medo? — Provoquei.
— Quem deveria ter medo é você. — Falou. — O que
pretende fazer hoje? — Perguntou Sebastian, mudando de
assunto.
— Pretendo ir na cidade para me inscrever na prova
dos três tambores. — Peguei um bacon de seu prato e
comecei a comer. — E você?
— Eu tenho trabalho a fazer, não vivo só para os
rodeios.
— O que você faz? — Ele me encarou sério.
— Isso não é da sua conta.
— Grosso. — Reclamei.
— Não gosta? É só ir embora. — Semicerrei os olhos.
— Engraçadinho. — Ele levantou da mesa e colocou o
chapéu, tornando o “pacote Sebastian” ainda mais
apetitoso.
— Estou indo para o trabalho. — Avisou.
— Você me dá uma carona até a cidade?
— Não vou para a cidade. Se vira! Já chegou até aqui,
não é mesmo? Então se vira.
— Eu sei o que você está tentando fazer. — Falei. —
E não vai funcionar.
— Não sei do que você está falando. — Disse ele. —
Tranque a porta ao sair, e não perca a chave.
Ele saiu e bateu a porta com força. Ele estava tentando
me fazer desistir; só que essa palavra não existia em meu
vocabulário. Coloquei minha mochila nas costas e sai da
casa, tranquei a porta e caminhei até o ponto de ônibus.
Midtown, o bairro em que Sebastian morava, era lindo,
era um bairro residencial e bem tranquilo. Haviam várias
árvores espalhadas pelas ruas, o que me lembravam a
vida na fazenda.
Peguei o ônibus que me levaria até o centro e fiquei
observando a paisagem. Era um belo bairro para se viver,
principalmente para mim, que quase nunca tinha saído da
fazenda. Meu celular tocou, e no visor apareceu o nome
de Cameron. Sorri e atendi.
— Alô.
— Julianne, como você está? Chegou bem? —
Perguntou meu amigo, preocupado.
— Sim, Cam… cheguei bem. E eu estou bem. — Ele
suspirou.
— Que bom, que bom. — Disse ele, aliviado. — Se
acontecesse alguma coisa com você a caminho de
Houston, o que eu diria para sua família?
— Hey, é nossa família. E o que poderia me acontecer
de mal?
— Um acidente, um sequestro... muitas coisas.
— Não seja exagerado, Cam, está tudo muito bem. —
Cam era tão preocupado com certas coisas que as vezes
parecia meu pai.
— E como Sebastian reagiu?
— Ele ficou maluco quando me viu diante da sua
porta, mas agora já se conformou.
— E ele deixou você ficar aí, assim, do nada? —
Questionou Cam, incrédulo.
— Eu disse que estava lutando por meus sonhos, e ele
aceitou. — Menti. Não queria que Cam se preocupasse à
toa comigo.
— Por essa eu não esperava.
— Nem eu, mas pelo jeito, ele entendeu meu sonho de
competir nos rodeios.
— Só não sabe do seu outro sonho, não é mesmo?
— Esse ele vai descobrir com o tempo, e vai se tornar
o sonho dele também. — Falei, confiante.
— Vá devagar, Juli… não quero que você se magoe.
— Não se preocupe. Se por acaso acontecer do
Sebastian não ser meu, voltarei para a faculdade e
seguirei com a minha vida; mas sinto aqui dentro, Cam,
que ele já me pertence… não sei explicar.
— Boa sorte então, maluquinha. Fique bem, e qualquer
coisa, me ligue.
— Certo, mande beijos para a Joyce, para a sua mãe, e
o chato do meu irmão. — Falei.
— Pode deixar.
— Te amo, Cam.
— Te amo, Julianne.
Sentia muitas saudades do meu amigo, apesar dele
estar de namorico com uma garota da faculdade de direito.
Eu alertei a ele que a garota não prestava, mas ainda
assim ele ainda estava com ela. Eu esperava que a vadia
não magoasse meu amigo, ou eu teria que voltar em
Flagstaff para quebrar a cara dela.
Desci do ônibus e entrei no local das inscrições;
depois me inscrevi na modalidade três tambores e também
no concurso de rainha do rodeio. Seria muito bom ser
considerada a mais bela da competição. Fiquei lendo o
formulário de inscrição distraída quando me esbarrei sem
querer em um homem.
— Desculpe, eu estava distraída. — Ele tinha cabelos
loiros e olhos verdes, e sorriu para mim com interesse.
— Sem problemas, princesa… pode esbarrar em mim
quando quiser. — Seu sotaque era forte e carregado.
Sorri timidamente.
— Com licença, estou indo.
Tentei passar por ele, mas ele segurou em meu braço.
— Será que não mereço nem um nome? — Perguntou
ele sedutoramente.
— Tom Smith, você vai soltar o braço dela, ou eu vou
ter que fazer você soltar. — A voz poderosa de Sebastian
estava assustadora, e seu olhar era assassino.
— Então você está com o Lennox? — Questionou para
mim, e soltou meu braço quando assenti.
— Tira as patas de cima dela, Tom! — Rosnou
Sebastian.
— Calma aí, amigo... está tudo bem. — Disse o outro
na defensiva. — Ela é toda sua. — O homem sussurrou
baixo o suficiente para Sebastian não escutar, mas alto o
suficiente para que eu ouvisse.
— Quando ele cansar de você, me procure, princesa...
eu nunca me cansaria de você.
Caminhei em direção ao Sebastian, agradecendo aos
céus por ele não tenha escutado, ou Deus sabe o que
poderia acontecer ali.
— Não dá para deixar você sozinha, nem por um
minuto. — Resmungou ele.
— Eu sei me virar muito bem, não precisava ter me
seguido.
— Tom estava dando em cima de você. — Anunciou
ele, como se tal ato fosse um crime.
— Acredite, ele não é o primeiro a dar em cima de
mim, e nem será o último.
— Não gosto que esses idiotas deem em cima de
você… você é apenas uma criança. — Encarei ele,
furiosa.
— Não sou criança há muito tempo, Sebastian; e não
venha fingir que você não notou, pois seu corpo denúncia.
Ele engoliu em seco e ficou ainda mais frustrado.
— Vamos, vou te levar para casa.
Você acha que sou ingênua, Sebastian? Sou mais
esperta que o diabo...
Capítulo 3

Julianne Lennox

Emburrado, Sebastian desceu do carro, e o segui. Por


que ele estava tão irritado? Seria ciúmes? Um raio de
esperança aqueceu meu coração, e me vi extasiada. Era
isso, eu teria que ser muito burra para não perceber que
ele estava morrendo de ciúmes de mim com aquele cara
que até esqueci o nome. Sebastian sentia algo por mim,
mas por causa da grande bobagem de irmandade que ele
tinha com os meus irmãos, ele não se permitia se deixar
levar.
— Não quero você zanzando sozinha por aí! — Foi a
primeira coisa que ele falou quando entramos na casa. —
É perigoso para uma garota da sua idade.
— Eu vim sozinha até aqui, Sebastian, e não sou mais
criança! Em cinco meses farei dezenove anos!
— Eu sou doze anos mais velho que você! Você está
vivendo na minha casa, e se quiser continuar vivendo
aqui, irá seguir as minhas regras... e eu estou dizendo que
não quero você andando sozinha por aí. Se quiser ir para
qualquer lugar, eu te levo. — Apesar de estar irritada com
as limitações que ele impôs, gostei da ideia dele me levar
nos lugares que eu quisesse ir, pois isso significaria mais
tempo juntos. E também, ele tinha razão… era a casa dele,
então teria que respeitar suas regras.
— Tudo bem. — Respondi. — Ele me encarou sem
fôlego.
— Tudo bem? — Ele perguntou surpreso.
— Sim, tudo bem. Você está certo; sua casa, suas
regras... por que eu iria discutir?
— Porque é isso que garotas imaturas fazem. —
Concluiu ele.
— Posso ser jovem, Sebastian, mas não imatura. Meus
pais me ensinaram desde cedo a não fazer birra. Eu
poderia facilmente me tornar uma menina mimada, já que
na nossa família podemos ter tudo o que quisermos, mas
meu pai e minha mãe sempre me ensinaram o poder do
trabalho, e que se não trabalharmos, não merecemos ter as
coisas. Então não, eu não sou imatura como você pensa.
— Eu estava irritada com ele. Como ele podia pensar
essas coisas de mim? Homem irritante, me julgando sem
me conhecer direito.
— Desculpe, eu só não estou no meu estado normal.
— Tudo bem, é compreensível, afinal cheguei aqui
invadindo sua privacidade. Eu quem deveria me
desculpar… mas sabe, eu não tive escolha, precisava lutar
por meus sonhos... você não faria o mesmo?
— Com toda a certeza. — Ele suspirou — Bem, agora
eu preciso voltar ao trabalho.
— Tudo bem, eu ficarei por aqui e vou dar uma
arrumada nessa bagunça. Já que vamos morar juntos por
um tempo, vou ajudar você com as tarefas. — Ele piscou,
novamente surpreso.
— Nós ainda vamos conversar à noite sobre você
viver aqui.
— Tudo bem. — Corri até ele e beijei sua bochecha,
pertinho dos seus lábios.
— Uma das primeiras regras seria... menos contato
físico. — Disse ele, assustado, e saiu pisando firme.
— Regras? — Bufei. — Elas foram feitas para serem
quebradas, Sebastian. Menos contato físico? Claro que
não. — Vamos arrumar a casa... — Peguei meu celular e
[2]
dei play no Spotify , e Miranda Lambert começou a
cantar um country animado.

Sebastian Lennox
Cheguei ao estábulo do haras e acariciei a crina de
cada um dos meus animais, conversei com cada um deles
pois aquilo sempre me fazia esquecer do resto do mundo.
Hoje, porém, nem mesmo aquilo fez com que eu
esquecesse Julianne. Ela estava cravada na minha mente,
sem intenções de sumir. Descobri que ela não era apenas
um corpinho bonito, mas também era uma garota madura, e
infelizmente, eu esperava outra coisa. Se ela fosse uma
garota mimada e imatura seria bem mais fácil tira-la da
cabeça. Mas ela tendo aquelas atitudes tão maduras,
acabava comigo.
— Sebastian Lennox, ainda com essa mania de
conversar com os animais como se eles fossem gente? —
Girei nos calcanhares e encontrei o meu “erro” ali
parada, com botas de montaria, saia jeans curta, blusa
decotada, cabelos negros solto, e um par de olhos azuis
que me encaravam com malícia.
Malory Bailey foi o meu maior erro, e uma das minhas
fraquezas. Fazia três anos que ela ganhava como a rainha
do rodeio, e três anos que ela ia comemorar na minha
cama. E isso fazia com que ela tivesse ideias erradas…
mas o idiota era eu, que bebia todas e a levava para a
minha cama para comemorar. Três noites em três anos.
Aquilo teria que acabar.
— Certos costumes vão se manter para sempre. — Eu
me despedi de Apollo e deixei a baia.
— Eu gosto de certos costumes que perduram. — Ela
sorriu e segurou em meu braço.
— Mas tem outros que irei abandonar. — Falei
olhando para a sua mão, e suas unhas vermelhas estavam
cravadas na minha pele. — Você pode me soltar, Malory?
— Claro. — Ela sorriu. — Você diz isso todos os
anos, mas sabe que não consegue… você sempre acaba
levando a rainha do rodeio para comemorar na sua cama.
— Você sabe que pode ser que você não ganhe neste
ano.
— Eu vou ganhar, aquela faixa me pertence, e
novamente irei comemorar na sua cama… sabe que não
consegue resistir a mim.
— Malory, quero ficar sozinho. — Bufei impaciente.
Por isso que não dormia com a mesma mulher mais de
uma vez elas ficavam criando ideias.
— Você pertence a mim, Sebastian, logo você cair em
si e se dar conta disso. No fim disso tudo, você e eu nos
casaremos.
— Não se iluda, Malory. — Eu nunca me casaria com
alguém como ela. Fútil, vulgar e egoísta.
— Você acha que não noto? Sou a única mulher que já
esteve na sua cama mais de uma vez… na verdade, já
estive lá três vezes.
— Isso foi um erro que não pretendo cometer
novamente.
— Não adianta você fugir de mim, Sebastian. Sei onde
você mora, e agora que estou de volta na cidade, sua vida
vai ficar bem mais divertida.
— Tchau, Malory. — Deixei o estábulo e fui até a
secretaria. Essa era uma das razões de eu querer me
aposentar dos rodeios… estava cansado desses joguinhos,
e da Malory, principalmente. E daí que ela fodia gostoso?
Ela era uma puta mais rodada que ferradura de cavalo
depois do rodeio.
Ela era uma chateação, e a culpa dela ser assim era
toda minha. O que diabos eu fiz para Deus para merecer
um dia infernal como aquele? A tentação na minha casa, e
o erro no haras. Como eu poderia me livrar delas?
A ideia de levar Malory para a minha casa como uma
forma de fazer Julianne sair surgiu na minha mente, mas
logo a ideia foi descartada. Malory entenderia errado o
recado, e grudaria ainda mais em mim. A ideia de usar
Julianne para tirar Malory do meu pé também me pareceu
ótima, mas seria perigoso demais. Senti que se usasse
Julianne no meu plano de me livrar de Malory, acabaria
caindo em minha própria armadilha. Sempre fui tentado
por Malory, porém estranhamente, hoje ela me parecia
muito sem graça.
— Que cara é essa? — Alex perguntou quando me
aproximei do escritório do haras. — Você parecia
desconfortável.
— Mulheres, cara… mulheres...
— Você está preocupado com mulheres? Ficou doente?
— Ele colocou a mão na minha testa, e dei um tapa para
afastar.
— Não estou doente, só irritado. Elas sabem ser
irritantes...
— Você não as acha irritantes quando estão nuas na
sua cama.
— Aí é outra história, amigo… esse é o único
momento em que elas não são um incomodo. — Falei
frustrado.
— Você realmente faz jus à fama. Vamos beber um
pouco depois do trabalho? — Convidou.
— Claro.
Depois de um dia exaustivo, beber cerveja com Alex
era o melhor momento do meu dia, principalmente porque
eu sabia o que me esperava ao chegar em casa. Outra
noite insone, uma chuveirada fria, e eu teria que me
aliviar no chuveiro. Depois da terceira cerveja, a ideia de
me aliviar com Malory era tentadora, porém toda a vez
que a imagem dela aparecia em minha mente, ela se
transformava na Julianne.
— Eu vou embora.
— Tão cedo? — Perguntou Alex.
— Se eu beber mais, posso perder a cabeça. —
Resmunguei. — E se quando chegar em casa fazer uma
loucura? Diaba... — Resmunguei.
— Do que você está falando?
— Nada que seja da sua conta.
— Idiota.
— Tchau, Alex. — Deixei algumas notas e pisquei
para a bela bartender oriental.
Estacionei o carro em frente e torci para que tudo
estivesse tranquilo em casa. Entrei e notei que a casa
estava toda perfeitamente organizada. Minha mãe ficaria
orgulhosa se olhasse meu chiqueiro, como ela chama,
agora. Tirei as botas e deixei num canto ao lado da porta.
Estava tudo quieto demais. Ela foi embora? Sorri de
orelha a orelha. Eu estava salvo! Salvo de cair em
tentação! A euforia foi embora tão rápida quanto chegou, e
uma sensação forte de vazio se apoderou de mim. Que
diabos é esse mal-estar?
— AHHHHHH!!!! — Um grito estridente e bem
feminino veio da lavanderia. Corri como um louco até lá,
e por pouco não cai. Julianne estava dentro de uma nuvem
de espuma… na verdade, a lavanderia inteira estava
coberta de espuma.
— O que você fez?
— Eu tentei lavar as roupas, mas acho que usei sabão
demais. — Deus, aquela mulher me deixaria louco.
— Deus! Você quer acabar comigo, mulher? — Entrei
na nuvem de espuma e desliguei a máquina de lavar.
Quando me virei, cai no chão; e minha perna deu uma
rasteira em Julianne, que ela caiu em cima de mim. Minha
tentação estava colada no meu corpo e nenhum centímetro
nos separava; apenas nossas roupas úmidas. Eu estava no
inferno.
Capítulo 4

Julianne Lennox
Arregalei meus olhos com o susto. Meu coração
acelerou, e o calor do seu corpo embaixo do meu me fez
ciente de lugares inexplorados no meu corpo. Eu senti
sede por ele em cada centímetro do meu corpo. Sua boca
estava a centímetros da minha, e bastaria eu baixar a
cabeça e nossos lábios iriam se encontrar. Ele continuava
parado, como se estivesse esperando que eu o beijasse.
Eu senti o volume nas suas calças contra minhas pernas. O
medo me percorreu por alguns instantes, e fiquei incerta
se eu deveria ou não avançar. O que eu tinha a perder?
Pensei.
Diminui a distância entre nossos lábios, e Sebastian
me encarou com intensidade; seu olhar recaiu sobre meus
lábios e ele ergueu a cabeça, apenas o suficiente para eu
entender como o meu sinal verde. E então avancei. O
primeiro toque dos nossos lábios foi como seda contra a
pele, macio, sedutor... irresistível. Ele abriu os lábios e
tocou os meus com a língua… me senti quente, mesmo
estando encharcada em água gelada, e toquei sua língua
com a minha.
Porém, tão rápido quanto foi nosso tombo, foi
Sebastian erguendo a nós dois e interrompendo o beijo.
Fiquei encarando-o, molhado e excitado. Assim como eu,
ele encarou meu corpo e desviou o olhar rapidamente.
— Olha o que você fez na minha lavanderia! —
Rosnou ele.
— Sebastian...
— Se você não sabe usar a máquina, deveria ter
esperado eu chegar. Reze para que ela volte a funcionar,
se não teremos que lavar nossas roupas na mão! — É
sério que ele iria fingir que nada aconteceu? — Eu vou
tomar um banho. — Disse ele, e saiu pisando firme.
Fiquei parada encarando a lavanderia. A espuma
estava se dissipando e o chão estava se tornando uma
grande poça d’agua. Dei um pulo quando escutei a porta
do banheiro sendo fechada com violência. Toquei com a
ponta dos dedos os meus lábios… ainda podia sentir a
sensação dos seus lábios nos meus, seu gosto e o seu
desejo que senti em cada toque.
Suspirei. Era um avanço, ele desejou o mesmo que eu.
Por que ele parou? Por que ficou tão irritado? Eu
quisesse. Pensei em entrar no banho com ele;
simplesmente invadir o banheiro completamente nua,
mas até eu não teria coragem de fazer tal coisa. E se eu
fosse rejeitada? Certamente ficaria magoada, não
suportaria ser rejeitada por Sebastian, o homem que
sempre amei.
Peguei um pano e comecei a secar o chão da
lavanderia. Depois que eu deixei tudo em ordem, notei
que a porta do banheiro estava aberta e que Sebastian não
estava mais lá. Onde ele teria ido? Escolhi algumas
roupas e tomei um banho morno e demorado, lavei minha
roupa debaixo do chuveiro, e algum tempo depois eu
estava na sala. Sebastian estava sentado no sofá e
devorava comida de uma caixinha.
— Trouxe comida chinesa. — Ele apontou para as
quatro caixinhas em cima da mesa. — Não sabia do que
você gostava, então trouxe yakisoba, bifum e yakimeshi
[3]
com carne e frango xadrez .
— Obrigada, mas nunca comi comida chinesa. — Ele
me encarou, surpreso. Ele estava tão lindo com os cabelos
úmidos, camiseta branca e o jeans desbotado. Sua boca
estava tão convidativa quanto antes.
— Você nunca comeu comida chinesa?
— Nunca. Na fazenda a Paulina sempre fez comidas
caseiras e bem americanas; vez ou outra algo mexicano…
mas chinesa nunca comi.
— Sente-se, todo mundo precisa comer comida
chinesa uma vez na vida. É deliciosa. — Ele pegou o
macarrão que estava comendo com aqueles palitinhos e
devorou. — Humm, sente aqui, Julianne... vou te explicar
o que é o que.
— Certo. — Sentei-me de frente para ele. Sebastian
pegou os palitinhos, colocou macarrão com carne e outros
temperos e pediu que eu abrisse a boca.
— Abra a boca e prove. — Achei aquele gesto tão
íntimo quanto um beijo e o obedeci. Fiz uma careta. Era
bom, mas era estranho. Era salgado, mas não era salgado.
— Esse é o yakisoba, gosta?
— Não muito...
— Então vamos ao frango xadrez. — Ele abriu outra
caixinha e me deu na boca uma boa porção. Esse eu
detestei, odiava amendoim.
— Não, eca... o macarrão era melhor. — Ele riu. —
Detesto amendoim.
— Então vamos ao yakimeshi com carne ao molho de
soja. — Ele pegou o arroz colorido com os palitinhos,
uma porção de carne junto e me deu.
— Humm... — Aquilo sim era bom.
— Vejo que você gostou, mas ainda falta experimentar
o bifum.
— E que diabos é bifum?
— É um macarrão de arroz.
— Eu gosto de macarrão e gosto de arroz... então deve
ser bom.
No fim, eu acabei devorando toda a caixinha de
yakimeshi com a carne ao molho de soja.
— Como você consegue comer com esses palitinhos?
— Perguntei depois de mais uma garfada na comida.
— Hashi. O nome é hashi.
— Certo, e como você consegue comer com eles?
— Há dez anos fiz uma viagem à China, e lá uma
amiga, me ensinou a usar.
— Uma amiga? — Eu já odiava essa amiga.
— Hey, estou falando sério...ela era esposa de um
amigo meu, o Yan Quon. Sempre a respeitei, afinal Yan é
um grande cara, e vez ou outra ele aparece por aqui. Então
ela me ensinou a usar os hashis, e não tem mistério.
— Acho incrível você já ter ido para a China. O único
lugar que já estive foi em Londres, na casa de Lizzie, e só.
— Um dia te levo na China, você vai gostar. — Falou
ele espontaneamente.
— Mesmo? — Meu coração palpitou no peito.
— Hã... vamos aos hashis. Como eu disse não tem
mistério... — Disse ele, mudando de assunto. Mordi o
lábio e aceitei a mudança. Sabia que se eu insistisse, só
iria piorar as coisas.
— Pois para mim, parece impossível. — Falei,
encarando aqueles palitinhos.
— Eu te ensino. — Ele sentou-se do meu lado, me
assustando. Seu perfume delicioso invadiu minhas narinas,
e eu não sabia se conseguiria prestar a atenção ao que ele
estava me ensinando. — Aqui, o primeiro você pega e
passa nesse vão entre o polegar e o indicador. Você firma
aqui no anelar. — Seu braço agora estava em volta do
meu corpo, e meu corpo ferveu ao sentir sua respiração na
minha nuca. — O segundo você pega como se fosse uma
caneta, e você estivesse pronta para escrever, agora você
faça esse movimento assim. — Ele me ensinou e estava
tão certo, ,as eu não conseguia me concentrar direito. —
Vê, você só move o de cima, o de baixo é para firmar.
Tente comer com ele... — Ele se afastou de mim e tentei
usar os hashis, mas a carne não parou de jeito nenhum, e
derrubei arroz em toda a mesa.
— É muito difícil. — Ele riu de minha frustração.
— Logo você pega o jeito. — Ele virou o copinho de
saquê, e resolvi tocar no assunto.
— Sebastian, sobre o que aconteceu na lavanderia...
— Não se preocupe com isso, priminha, a máquina
está funcionando. Desculpe ter gritado com você antes.
— Mas não estou falando disso, estou falando de... —
Ele me interrompeu abruptamente.
— Vamos fazer assim, pirralha… a gente esquece do
incidente com a lavanderia. Nunca mais tocaremos nesse
assunto, afinal você só colocou sabão demais… essas
coisas acontecem. — Ele iria realmente fingir que nada
havia acontecido?
— Sebastian, eu estou falando do...
— Vamos dormir? Vou comprar uma cama amanhã
para o quarto de hospedes, e assim ninguém ficará
desconfortável.
— Por que você está ignorando o que aconteceu?
— Nada aconteceu. Julianne; e se quiser que eu te
ajude com o rodeio, é bom que esqueça qualquer incidente
na lavanderia.
— Esquecer?
— Isso, pois eu já esqueci. — Disse ele, mas seu olhar
caiu sobre meus lábios, e notei o brilho ali.
— Mentira! — Falei. — Você não esqueceu.
— Eu vou caminhar um pouco. Quando você dormir,
eu volto. — Falou ele passando as mãos nos cabelos num
claro sinal de frustração, e então saiu porta fora.
— Que homem irritante! — Bufei. — Por que ele fica
fugindo? — Depois de jogar as caixas de comida chinesa
no lixo, escovei meus dentes e fui para a cama.
Sebastian Lennox
Levar ela para a China um dia? Eu só podia estar fora
de mim! Banho gelado, era isso que eu precisava para
recobrar o juízo. Voltei da minha caminhada duas horas
mais tarde; caminhei tanto que estar exausto. Tomei outro
banho gelado. Julianne já estava dormindo no quarto, bem,
não sei se ela estava dormindo, mas estava trancada no
quarto. Isso era bom, a porta fechada que nos afastava era
a minha segurança.
Depois daquele beijo casto e tentador na lavanderia,
eu sabia que iria enlouquecer; então o melhor a ser feito
era fingir que nada aconteceu. Enquanto a água fria lavava
meu corpo e acalmava meus músculos, vi pendurada no
box a calcinha de Julianne, vermelha, de renda, e tão
pequena que não sei como conseguia cobri-la. Era
indecente. Fiquei duro mesmo com a água fria, tão duro
quanto aço. Minhas bolas estavam inchadas e doloridas e
precisei me aliviar. Peguei firme em meu pênis e comecei
a estimulá-lo com movimentos contínuos, e não demorou
muito para que eu atingisse o orgasmo, e com Julianne em
meu pensamento, eu cheguei lá rapidinho.
O problema é que não era apenas o seu corpo que
estava me tirando o sono, mas também seu jeito de ser.
Seu sorriso, seu jeito de mastigar a comida, o som da sua
respiração. Por que isso estava acontecendo comigo? Que
sentimento estranho era esse que estava se apoderando de
mim? Nada mais preenchia minha mente, apenas Julianne,
Julianne e Julianne. Eu iria enlouquecer muito em breve.
Precisava conversar com um amigo, e a primeira pessoa
que me veio em mente foi o Luke. Eu precisava conversar
com ele, mas sem mencionar que a minha tentação era sua
irmã caçula.
Eu nunca menti para meu melhor amigo, mas naquele
momento eu só precisava conversar com ele… e ele que
me perdoasse, mas eu iria mentir.

Deitei no sofá, e com o celular na mão, lhe enviei uma


mensagem de texto.

Sebastian diz: Hey, cara. Queria conversar, tem


tempo?

Luke diz: Sim, Sarah ainda não chegou do restaurante,


então tenho uns 20 minutos. O que houve?

Sebastian diz: Estou passando por uma situação chata


cara… nunca passei por isso, e não sei o que fazer.
Luke diz: Fala aí, vou tentar te ajudar da melhor
forma possível.

Sebastian diz: Bem, tem uma mulher...

Luke diz: E não é sempre uma mulher? Kkk

Sebastian diz: Dessa vez é diferente. Ela não sai da


minha cabeça, e não fico imaginando ela apenas nua,
também fico lembrando do sorriso dela quando ela está
completamente vestida. O que isso significa?

Luke diz: É o Sebastian mesmo quem está falando?

Sebastian diz: Claro que sim, idiota, quem mais


poderia ser?

Luke diz: É você mesmo. Bem, cara, pela minha


experiencia... você está apaixonado.

Sebastian diz: Apaixonado? Não fala bobagem, cara.

Luke diz: Você gosta de estar com ela? Quando está


perto quer ficar agarrado nela? Não sabe a comida que ela
gosta, e por isso compra de tudo um pouco? Ela te irrita e
te deixa louco?
Sebastian diz: Sim para todas as perguntas.

Luke diz: Cara, sonhei tanto com esse dia. Parabéns,


você está apaixonado, vai fundo.

Sebastian diz: É mais complicado do que você pensa.


Ela é proibida para mim.

Luke diz: Ela é casada ou algo do tipo?

Sebastian diz: Não.

Luke diz: Então nada te impede. Se joga, cara.

Você não diria isso se soubesse a história toda.


Pensei com remorso.

Sebastian diz: Não acho que eu esteja apaixonado, só


estou pensando com o pau. Esquece o que eu disse,
Luke… vamos ignorar tudo isso.

Luke diz: Cara, você foi flechado pelo cupido.


Aproveite, pois é maravilhoso.

Sebastian diz: Para quem era cético, você mudou


muito.
Luke diz: Sarah me mudou... boa sorte com a sua
amada, primo. Traga ela para conhecermos quando vocês
se acertarem. Agora vou indo, minha Sarah chegou, e
preciso cuidar da minha mulher. Abraços.

Flechado pelo cupido? Que grande ironia. Há alguns


dias eu havia entrado em uma aposta para ganhar o cavalo
de Alex, o grande campeão, Cupido. E agora não tinha
mais tanta certeza de que iria ganhar tal aposta.
Apaixonado? Que grande bobagem. Ri sem humor. Eu iria
ganhar a aposta, iria ter mais mulheres que o Alex naquele
ano, e não haviam razões para Julianne atrapalhar meus
planos, não é mesmo?
Capítulo 5

Julianne Lennox
Naquela manhã Sebastian me levou até o haras para
que eu começasse a treinar. Minha mente ficou
completamente vazia durante o treinamento, Sentir o vento
no rosto e ter contato com o animal era algo maravilhoso,
A sensação de liberdade e de ser quem eu era sem ter de
fingir era maravilhosa.
A égua que Sebastian escolheu para mim se chamava
Dakota. Ela tinha cinco anos de idade e era como um
grande dálmata, com o pelo branco e coberto de pintinhas
negras. Ela era linda. Hoje eu iria apenas caminhar e
correr com ela, pois nós precisávamos criar um
relacionamento estreito antes de começar o verdadeiro
treinamento. Eu precisava confiar nela, e ela em mim.
Como a pista de corrida estava fechada hoje, trotei
com Dakota nela, acariciando seu pelo enquanto
pronunciava palavras de encorajamento.
— Você é uma boa menina, não é mesmo? — Ela bufou
em resposta. — Sabe, Dakota eu tenho uma égua lá em
Flagstaff, a Vanity… eu treinei muito com ela antes de vir
para cá, e quero muito fazer um bom trabalho, Dakota; e
para isso você não pode derrubar nenhum tambor e nem a
mim no chão, certo, garota? — Ela bufou de novo. —
Vanity deve estar sentindo minha falta, e deve estar se
perguntando o porquê não a trouxe para a competição…
bem seria meio estranho trazer um cavalo para a
faculdade. Ah sim, garota, meus irmãos e meus pais
pensam que estou na faculdade... — Suspirei. — Mas sei
que você será uma boa substituta para Vanity, e faremos
um bom trabalho juntas, não é mesmo? — Dakota bufou
em resposta. — Boa garota... agora vamos correr um
pouco.
Começamos a galopar. Meu cabelo soltou-se do coque
e começou a voar ao vento. Dakota foi feita para correr,
tinha pernas longas e ágeis, e não parou até chegarmos ao
fim da pista; puxei suas rédeas e ela voltou na pista. Ela
era boa com o controle das rédeas, o que só me mostrou
que seria uma ótima parceira na competição. Quando
retornei ao início da pista, estava rindo, e meu coração
estava acelerado. Sebastian estava lá, apoiado na cerca, e
me encarando com um sorriso no rosto. Meu coração
conseguiu acelerar ainda mais ao vê-lo.
— Parece que vocês duas se entenderam bem. —
Comentou ele.
— Dakota é uma boa garota, muito parecida com a
minha Vanity. — Ele assentiu.
— Amanhã você precisa dar mais uma corrida com
ela, e então depois de amanhã posso montar a arena com
os três tambores.
— Vou levar Dakota para comer e escovar seu pelo;
também vou limpar sua baia.
— Já fizeram a limpeza. — Franzi a testa para ele.
— Peça para que não façam mais isso, eu farei daqui
para a frente.
— Por que? — Perguntou ele com curiosidade.
— Sei que o cavalo tem mais confiança em seu
cavaleiro se este limpar sua baia, alimentá-lo e escovar
seu pelo. Sempre cuidei da Vanity pessoalmente, e isso
estreitou os laços entre nós. — Ele abriu o portão da pista
e notei o seu sorriso discreto.
— O que houve? Por que está sorrindo?
— Só estou impressionado que você saiba tanto sobre
os cavalos.
— Como pode ficar impressionado? Esqueceu que eu
nasci praticamente em cima de um cavalo? — Sorri para
ele. — Vamos, Dakota… vamos deixar esse homem bobo
sozinho.
— Você também conversa com eles?
— Claro, eles entendem tudo o que eu digo. — Saltei
de Dakota e apontei o dedo para Sebastian. — E nem
venha me zoar, cavalos são mais inteligentes do que você
imagina.
— Eu não pretendia zoar você, já que eu também
converso com eles... mas não sabia que garotas faziam
isso também. — Revirei os olhos para ele.
— A Deborah é sua sobrinha, e fala mais com cavalos
do que com gente.
— A Deborah não conta... as outras garotas que
conheci acham a maior bobagem falar com cavalos.
— Deve ser porque elas não tinham nada de útil no
cérebro. — Retruquei e saí dali irritada. — “As outras
garotas que conheci…” — Resmunguei sozinha. — Que
idiota ficar mencionando essas vacas para mim! Vamos
sair daqui, Dakota.
Eu a guiei até sua baia, tirei sua sela, comecei a
escovar seu pelo e cantei uma música para Dakota. Se ela
fosse como Vanity, adoraria escutar uma boa música.

This is what a woman wants


É isso o que uma mulher quer
Any man of mine better be proud of me
Qualquer homem meu é melhor ter orgulho de mim
Even when I'm ugly he still better love me

Mesmo quando eu estou feia, é bom que ele me ame


And I can be late for a date that's fine

E eu posso estar atrasada para um encontro, tudo


bem
But he better be on time

Mas é melhor que ele seja pontual


Any man of mine'll say it fits just right

Qualquer homem meu dirá que serve direitinho


When last year's dress is just a little too tight

Quando o vestido do ano passado está um pouquinho


apertado
And anything I do or say better be okay

E qualquer coisa que eu faça ou diga é melhor estar


certo
When I have a bad hair day
Quando eu tiver um dia ruim
And if I change my mind
E se eu mudar de ideia
A million times
Um milhão de vezes
I wanna hear him say
E quero ouvi-lo dizer
Yeah, yeah, yeah yeah, yeah I like that way
Sim, eu gosto desse jeito
Any man of mine better walk the line
Qualquer homem meu é melhor andar na linha
Better show me a teasing' squeezing' pleasing' kind
time

É melhor me mostrar um momento agradável


I need a man who knows, how the story goes
Eu preciso de um homem que saiba como a história
anda
He's got to be a heartbeatin' fine treatin'
Ele tem que fazer o coração disparar
Breathtaking' Earth quaking' kind
[4]
Do tipo de tirar o fôlego

Enquanto Shania Twain, com suas letras maravilhosas,


ecoava na baia, eu escovava o pelo de Dakota, distraída.
Ela, assim como a minha Vanity, estava gostando da
música.
— Eu andaria na linha se fosse por você. — Uma voz
grossa e com um timbre perfeito falou, fazendo com que
eu me assustasse. Encarei o desconhecido parado no
portão da baia e fiquei mais vermelha que um tomate. —
Desculpa se assustei você, mas eu estava examinando um
garanhão a três baias daqui quando ouvi seu canto, e não
resisti a vir aqui escutar.
— Tudo bem… eu pensei que estava sozinha. — Ele
era muito bonito, alto, forte, cabelos pretos raspados,
olhos escuros e uma barba por fazer. Parecia um militar
usando aquela camiseta verde exército.
— Nunca vi você por aqui, mas obrigado... o garanhão
não estava deixando eu o examinar até você começar a
cantar, encantadora de cavalos. — Ele sorriu, e notei a
covinha em sua bochecha esquerda.
— Eu vim esse ano para participar do rodeio, na
modalidade três tambores. — Eu estava morrendo de
vergonha e nervosa; e isso me fazia ficar tagarela.
— Eu me chamo Alex Allen Young, sou veterinário, e
também participo dos rodeios... só que montando em
touros.
— Uau.
— Vai me dizer seu nome, encantadora de cavalos? —
Fiquei ainda mais vermelha, resultado de ser criada no
mato, só convivendo com meus irmãos.
— Sou Julianne… Julianne Miller Lennox. — Sorri.
— Muito prazer, Julianne. Você é parente do Sebastian
então?
— Somos primos. Você conhece ele, então?
— Sim, ele era meu melhor amigo.
— Era?
— Sim, depois de ter escondido que tem uma prima
tão linda, não sei se posso perdoá-lo. — Meu rosto ficou
instantaneamente escarlate e quente.
— Você está me deixando constrangida.
— Desculpe, não era a minha intenção.
— Tudo bem.
— Alex! Que diabos você está fazendo aí que ainda
não foi examinar meu cavalo? — Sebastian chegou até
onde estávamos conversando com cara de poucos amigos.
— Estou conversando com sua prima, meu amigo.
Onde você a escondeu esse tempo todo? — Esse Alex era
descarado, e pela cara que Sebastian fez diante de seu
comentário, ele não gostou nada disso.
— Ela não é para o seu bico. Agora vá examinar meu
cavalo. — O olhar de Sebastian para Alex era um aviso
claro de “não se aproxime dela”. Ele estaria com ciúmes?
Eu me perguntei. — E Julianne, vamos embora. Vai
escovar a Dakota até que ela fique sem pelos?
— Que mau humor, cara. — Resmungou Alex
— Você pode sair do caminho? — Sebastian apontou
para o portão da baia que Alex estava escorado.
— Ah sim, desculpe. — Alex, ao invés de sair, abriu o
´portão para que eu passasse e ficou sorrindo para mim.
— Julianne, por favor. — Ele me deu passagem, então me
despedi de Dakota e sai.
— Foi um prazer conhecer você, Alex… é muito mais
simpático que Sebastian. — Provoquei.
— O prazer foi meu. — Estendi a mão para
cumprimentar Alex, e ele me surpreendeu ao levar minha
mão aos lábios como os mocinhos dos livros. Senti o
olhar de Sebastian queimando sobre nós.
Era bom ele que visse outros homens me viam como
mulher.
— Você enlouqueceu, Alex? Acha que estamos no
século 17? — Sebastian me puxou para o seu lado.
— Só estou sendo cavalheiresco com a sua prima.
— E eu agradeço, Alex. — Falei. — Se você precisar
de ajuda para examinar um garanhão, estarei por aqui
amanhã também.
— E o que você sabe sobre garanhões, Julianne? —
Perguntou Sebastian, bruscamente.
— Você não sabe? Ela é encantadora de cavalos... tem
uma voz incrível. Aceito sua ajuda, encantadora de
cavalos.
— Ela não vai ajudar você! Se vire sozinho! —
Furioso, Sebastian me arrastou dali.
— Eu posso tomar minhas decisões sozinha, sabia?
Você não manda em mim! — Falei enquanto ele me
arrastava. — Você deixou seu amigo sem entender nada, e
ele só estava pedindo um favor inocente.
— De inocente, o Alex não tem nada! Ele é um
canalha...
— Olha quem fala...
— Ele ia se aproveitar de você.
— Eu já lhe disse que sou muito inteligente e esperta,
Sebastian; não me deixo iludir por qualquer um.
— Não quero você de papinho com o Alex e ponto
final! Na verdade, não quero você de papinho com homem
algum!
— Homem irritante! O que te dá o direito de mandar
em mim? — Eu me desvencilhei da sua mão, que segurava
firme em meu antebraço. — Você não tem o direito de
decidir com quem faço amizade… você mesmo disse que
devo obedecer você dentro da sua casa, mas aqui e no
rodeio, você não tem autoridade alguma sobre mim!
— Você vai fazer o que estou ordenando!
— E por que eu faria o que você diz? Por que não
posso falar com homem nenhum?
— Porque você é minha! — Ele me segurou nos
ombros e olhou dentro dos meus olhos ao dizer isso.
Capítulo 6

Sebastian Lennox
Eu estava ofegante, meu coração batia acelerado e
meus nervos pareciam à flor da pele. Julianne me encarou
assustada. Meus dedos estavam sobre a sua pele, e eu não
conseguia raciocinar direito. Isso nunca havia acontecido
comigo… eu, definitivamente, não estava no meu estado
normal.
— Sua? — Ela perguntou.
— Sim! Minha! — Não queria que ninguém tocasse ou
falasse com ela. Iria avisar ao Alex para que não se
aproximasse dela, ou nossa amizade ficaria em risco.
— Sua o quê? Sua amiga? Sua mulher? Sua amante...?
— Amante era o meu desejo mais secreto; leva-la para a
minha cama, faze-la minha... mas meus sentimentos e
pensamentos estavam tão confusos. Eu não poderia levar
Julianne para a cama como se ela fosse uma qualquer.
Depois que eu levasse Julianne para a cama, não teria
mais volta. — E não me venha com minha prima, essa não
cola.
— Apenas minha, uma palavra apenas… minha... Por
que você fica procurando rótulos? — Soltei seus ombros,
pois se continuasse tocando-a, seria capaz de cometer uma
grande loucura. — Vamos, vou te levar para a casa. —
Caminhei em direção ao estacionamento, mas não escutei
os passos de Julianne me seguindo. Girei nos calcanhares,
e ela estava lá parada no meio do haras, me encarando,
furiosa.
Seus cabelos negros estavam revoltos ao vento, seus
lábios rosados estavam pressionados um no outro em uma
linha fina, e ela batia um pé no chão em um tique nervoso.
Ela estava tão linda, seus cabelos revoltos ao sol ficavam
com tons avermelhados. O impacto só de olhar para ela
quase me derrubou de joelhos no chão. Ela era linda, e
furiosa ficava ainda mais linda.
Linda? Nunca achei nenhuma mulher linda. Nunca
chamei nenhuma delas de lindas... Para mim elas eram
deliciosas, gostosas, boas para uma foda… mas nunca
lindas. O que Julianne estava fazendo comigo? O que tinha
essa garota que me fazia agir assim.
— Por que você não está caminhando? — Perguntei
em voz alta.
— Estou furiosa demais para ir em qualquer lugar com
você. — Ela cruzou os braços no peito com força,
pressionando seus seios perfeitos. Minha boca ficou seca,
e precisei passar a língua nos lábios para umedece-los.
— Venha, Julianne, vamos para a casa. — Ordenei.
— Eu não estou com vontade de ir em lugar nenhum
com você nesse momento. — Disse ela. — Você está
parecendo um maluco. — Ela girou nos calcanhares e
caminhou em direção ao estábulo.
— Não me faça arrastar você até o carro. — Gritei. —
Julianne venha aqui agora! — Ela continuou caminhando
me ignorando. — Diaba!
Caminhei a passos largos em sua direção e a alcancei
rapidamente; eu a peguei pelas pernas e a joguei sobre
meu ombro. Ela gritou de susto e começou a socar as
minhas costas.
— Você está maluco, Sebastian? Deus! Na verdade,
você está me deixando maluca. Você não sabe o que quer
e isso está me tirando o sono. Eu, que sou mais nova que
você, sei o que quero…. mas você não sabe, e está me
deixando louca.
— Cale a boca, Julianne.
— Eu não vou calar a minha boca! Você precisa ouvir!
Você só quer falar e dar ordens, e dizer que sou sua, mas
não me explica o que isso significa! — Dei um tapa em
seu traseiro.
— Fique quieta! Com você gritando desse jeito não
consigo pensar. — Ela ficou quieta depois do meu tapa em
seu traseiro, e minha mão ficou quente pelo tapa. Eu
tentava faze-la ficar quieta, mas só piorava a minha
situação, pois minha vontade era dar mais um tapa em seu
traseiro, e apertar aquela carne macia...— Diabos,
mulher!
— O que foi? Eu estou quieta. Não era isso que você
queria? — Disse ela, irônica.
— Até quieta você incomoda. — Resmunguei.
Enquanto chegávamos ao estacionamento, lancei um olhar
mortal para qualquer pessoa que cruzasse meu caminho,
com o aviso estampado de “não se aproxime” e “não fale
comigo”.
Abri o carro e coloquei Julianne no banco de trás, e fui
para o banco do motorista. Liguei o motor e as portas se
trancaram automaticamente. Julianne sentou-se no banco
de trás e encarei seu olhar através do espelho retrovisor.
— Qual o seu problema? Como pode me jogar aqui
como se eu fosse um saco de batatas? — Reclamou ela.
— Não sei o que eu tinha na cabeça quando vim para a
sua casa! Você só está me maltratando desde o dia em que
cheguei, e isso magoa meus sentimentos, mas só mostra o
quão enganada eu estava com você! O Sebastian que eu
me lembro me ajudou a aprender andar a cavalo. O
Sebastian que eu conheço sempre foi carinhoso e
atencioso comigo. Você mudou, e agora só me destrata! Eu
sou mais do que isso, Sebastian, e eu mereço respeito. É
bom que você mude suas atitudes… até mesmo o Alex me
tratou melhor do que você.
Por sorte a viagem do haras até minha casa levava
apenas quinze minutos, e logo estávamos diante da
fachada. Julianne realmente tinha razão. Eu estava sendo
um grosso com ela, tratando-a de forma terrível; mas isso
era porque eu estava ficando louco, isso era porque eu
estava com as malditas bolas roxas, caralho!
— Julianne... — Ela abriu a porta de trás e me encarou
com raiva.
— No momento estou muito furiosa com você,
Sebastian! Me dê espaço. — Ela entrou em casa pisando
firme, e eu me senti o cara mais escroto do mundo. Dei ré
no carro e sai da garagem, pegando a estrada novamente.

Julianne Lennox
— Maldito! — Ele estava me deixando louca, e ao
invés de vir atrás de mim, ele saiu de carro de novo.
Meu peito estava apertado, eu era apaixonada por
aquele homem, mas já estava cansada desses joguinhos. O
que ele queria, afinal de contas? Por que ele não me
pegava de jeito, me beijava e me fazia sua? Eu era dele,
mas queria ser dele de verdade, e não apenas na teoria.
Fui tomar uma chuveirada, coloquei um vestido
fresquinho e voltei para o meu quarto. Quando cheguei lá
escutei o telefone tocar. Vi no visor que era minha mãe.
Odiava mentir para ela, mas precisava atender.
— Alô. — Cumprimentei.
— Juli, minha filha, como você está? Estou morrendo
de saudades.
— Também estou com saudades, mãe… estou bem. —
Suspirei e deitei-me na cama, encarando o teto.
— Você não parece muito bem. — Ela comentou.
— Eu estou bem, mãe.
— Não minta, Julianne. Conheço você melhor do que
ninguém. — Droga! Parece que minha mãe tinha um sexto
sentido. — O que houve? É algum problema na faculdade?
— Não, mãe… na verdade, é um homem o meu
problema. — Já que eu estava mentindo por estar na
faculdade; pelo menos na parte do homem eu poderia ser
honesta.
— Hum... só um minuto. — Escutei passos, e logo
minha mãe me chamou de novo. — Só resolvi sair do
quarto de hotel. Seu pai está dormindo, mas pode acordar
ao saber que sua caçulinha está com problemas com um
homem.
— Onde vocês estão agora?
— Na Áustria. Mas me conta, Juli, o que aconteceu?
— Suspirei.
— Esse homem diz que não me quer, mas esses dias o
amigo dele estava flertando comigo, e ele fez toda uma
cena e ficou furioso, e disse que sou dele... mas ele nem
sequer me beijou ainda, então como posso ser dele? Ai
mãe, estou ficando louca. Estou tão apaixonada por ele,
mas me pergunto se não idealizei muito esse amor, e
talvez tenha se tornado uma obsessão.
— Calma, filha, calma... você o ama tanto assim? Por
que você o ama?
— Posso ser sincera com você, mãe, e você jura não
fazer perguntas? — Ela suspirou.
— Tudo bem, não farei perguntas desde que você seja
honesta comigo; vou te dar esse voto de confiança.
— Eu sou apaixonada por ele há anos, ele é o meu
primeiro amor, eu o amo por ele ser carinhoso com todos,
tratar sua mãe como uma rainha, por seu senso de
humor… e amo até mesmo seu jeito cafajeste... Eu não sou
normal, né, mãe? Que mulher gosta de um cafajeste?
— Eles têm o seu charme. — Ela riu. — Filha, não
acho que seu amor tenha sido idealizado ou que seja uma
obsessão; você ama esse homem e ponto final. E ele, com
toda a certeza, está sentindo algo profundo por você. Mas
se ele for um pouco parecido com alguns homens da nossa
família...
— Ele é muito parecido. — Falei por impulso.
— Então ele é teimoso como uma mula e você vai ter
que fazer ele admitir que sente algo por você.
— Ou seja, devo continuar insistindo?
— Você não tem nada a perder, não é mesmo? Você
ainda tem o livro de contos dos Lennox? Aquele que eu
escrevi para você?
— Tenho sim, mãe.
— Então leia a história número três, lá eu relatei como
foi o romance entre John e Cristiana... e você vai ver que
nesse caso foi diferente. Cristiana fugiu do amor por John
com todas as forças, ô mulher teimosa; e John, de tanto
insistir, teve seu final feliz.
— Obrigado mãe, por relatar naquele caderno casa
história de amor da família… isso me motiva e muito.
— No começo era apenas um hobby, mas fico feliz em
saber que está ajudando você. Quem sabe um dia fazemos
algumas cópias para as gerações seguintes lerem e se
inspirarem...
— Será que alguém um dia vai querer ler sobre a
nossa família? — Fiz uma careta.
— E por que não? São histórias engraçadas e cheias
de romance.
— Mãe, eu te amo... muito obrigada.
— Também te amo, minha princesa.
— Mande um beijo para o papai.
— Ele vai te ligar ainda essa semana, pois dentro de
seis dias vamos nos isolar por dez dias em uma ilhota nas
Bahamas.
— Dez dias em uma ilha deserta?
— Não deserta, mas sem sinal de celular... vai ser bom
para nós.
— Aproveite, mamãe.
— E você se cuide, Juli.
— Pode deixar.
Desliguei o celular e peguei o velho caderno de
quatrocentas folhas em que minha mãe relatava como um
diário as histórias de amor da família Lennox. Sorri ao
imaginar alguém lendo nossas histórias. A pessoa iria rir
sem parar, e talvez chorar em algumas partes. Cheguei até
a história da Cristiana e do tio John e comecei a lê-la.
Sem perceber, adormeci.

***///***

Despertei e senti o cheiro de comida. Meu estômago


roncou e levantei. Fui até o banheiro, e depois de fazer o
que tinha que fazer e lavar meu rosto, fui até a cozinha. Lá
encontrei Sebastian cantarolando uma música country e
mexendo em uma panela.; ele bebia uma cerveja ao
mesmo tempo em que cozinhava. Ele cozinhava. Isso me
fez me apaixonar mais um pouco por ele. Maldito.
— O cheiro está maravilhoso. — Ele deu um pulo e
me encarou como se eu fosse o prato principal. Meu
vestido branco era de alcinha, e não precisava de sutiã
para usá-lo.
— É Chilli. — Disse ele. — Tem soda na geladeira, se
estiver com sede.
— Não sabia que você cozinhava. — Comentei ao me
sentar numa cadeira alta e apoiar meus cotovelos na copa
da cozinha.
— Vivo sozinho há muito tempo, não dá para comer
sempre comidas de restaurantes. Não sei se meu chilli
está bom, mas para mim sempre esteve gostoso, espero
que você goste.
— Nunca ninguém comeu seu chilli? — Ele fez que
não com a cabeça. — Então é a primeira vez que você
está cozinhando para alguém?
— Sim. É um pedido de desculpas, por tratar você
mal.
— Se estiver bom, eu aceitarei as desculpas. —
Brinquei. Ele me encarou sério até entender que eu estava
brincando e relaxou.
— Certo.
— Sebastian... me diga algo que você sempre quis
fazer e fez.
— Humm... eu sempre quis montar em cavalos
selvagens e ganhar o rodeio. E eu fiz isso.
— Algo que falaram que você não poderia fazer... —
Comentei.
— Isso, falaram que eu não conseguiria, e que eu não
seria capaz de montar em um cavalo selvagem e sair vivo
dessa; ainda mais vitorioso.
— E você temia fazer isso? Na primeira vez que você
fez?
— Eu morri de medo na primeira vez, mas não conte
isso a ninguém por favor. — Ele sorriu torto e bebeu mais
da cerveja.
— E qual foi a sensação de fazer algo que para você
era proibido? — Ele franziu a testa, mas respondeu.
— Foi a melhor sensação da minha vida; e depois de
um tempo tornou-se mais fácil e menos assustador.
— Acho que tudo na nossa vida é assim, não é mesmo?
Na primeira vez em tudo é assustador. Nosso primeiro dia
na escola, nosso primeiro baile, nosso primeiro beijo...
mas depois de um tempo, tudo fica menos assustador e
mais maravilhoso.
— Sim, acredito que sim.
Saltei da cadeira. Meu coração estava acelerado e o
medo começou a se apossar de mim.
— Acho que não devemos reprimir nossos desejos,
devemos vive-los... afinal, mais vale se arrepender do que
você fez do que o que você não fez.
— Julianne, o que você está fazendo? — Ele deu
alguns passos para trás conforme eu me aproximava.
— Se eu sou sua, e não posso ver homem algum… isso
significa que você é meu, e não poderá ver mulher alguma.
— Alertei-o.
— Você enlouqueceu?
— Experimente ver alguma mulher além de mim...
experimente para você ver o que vai acontecer! — Falei
ameaçadoramente.
— Isso não está certo! — Ele falou abruptamente.
— Não está certo é você dizer que eu sou sua, que lhe
pertenço, se você nem me possuiu ainda... Você sequer me
deu um beijo...— Apontei o dedo para ele furiosa.
— Então se eu te der um beijo, posso te chamar de
minha? — Perguntou ele, irritado.
— Já é um começo. — Rosnei.
— Eu não vou te beijar!
— Então eu serei de quem eu quiser! — Apontei o
dedo para ele. Não sabia como nossa conversa calma
havia ficado tão calorosa, mas com Sebastian sempre era
assim; impossível ter uma conversa tranquila. Nós sempre
tínhamos que trocar faíscas. — Serei de quem eu quiser, e
vou ver, falar e beijar quem eu quiser... eu não sou sua!
— Você é minha! — Ele me puxou e me prendeu contra
o armário da pia. Seu braço esquerdo enlaçou minha
cintura, e com a mão direita ele me puxou pela nuca e
beijou meus lábios. Sua língua invadiu minha boca, então
cravei minhas unhas em seus ombros e me entreguei a
luxúria do beijo.
Capítulo 7

Sebastian Lennox

Entrelacei os dedos na maciez do seu cabelo, e senti o


calor de sua pele sobre a minha mão. Seu cheiro inebriou
os meus sentidos como um dos melhores que já senti na
minha vida, doce que me levava a ficar tonto, picante que
me deixava quente, e delicioso o suficiente para me deixar
preso a ela. Isso era apenas o cheiro de Julianne, pois seu
beijo era muito mais poderoso. Seus lábios eram
suculentos e macios. e chupei seu lábio inferior com
vontade. Sua língua era atrevida e doce; provocando-me
sensações que seguiam dos meus lábios até o meio das
minhas pernas, onde se concentrava o desejo.
Pressionei-a ainda mais contra o armário da cozinha,
roçando minha ereção nela, esquecendo por alguns
minutos aquela história de proibida. Minhas mãos
desceram para o seu traseiro, e o apertei com força,
puxando-a para mais perto de mim. Julianne gemeu em
meus lábios e chupou minha língua, deixando meu pau
com inveja daquela chupada. E então uma voz gritou
dentro da minha cabeça: NÃO!
Eu me afastei dela como um bêbado indo embora de
um bar, cambaleante, embevecido por seu beijo.
— Eu não posso fazer isso. — Falei, ofegante.
Foi como se Dom e Luke tivessem gritado essa frase
na minha cabeça. Foi assustador. Meu coração, que já
estava acelerado, bateu com ainda mais velocidade.
— Sebastian. — Julianne estava lá, apoiando-se
contra o armário. Seus cabelos estavam revoltos como se
ela tivesse acabado de ter saído da minha cama, seus
lábios estavam inchados, e seus mamilos duros
pressionavam o decote do vestido. A expressão do seu
rosto de puro tesão e desejo, e quase fez minha convicção
de parar cair por terra.
— Eu não quero falar sobre isso. Por favor, não fale
nada... — Implorei. Eu tinha muito no que pensar. Eu não
sabia o que estava acontecendo comigo. Aquilo não era a
mesma coisa de sempre, só mais um tesão por uma garota
qualquer. Aquilo com Julianne era mais forte, poderoso e
assustador.
— Tudo bem. — Ela respondeu depois de um tempo.
— Já é um começo. — Ela lambeu os lábios, e senti
minhas bolas apertarem de dor. — Eu sou sua. — Ela
declarou e sorriu, tocou os lábios com a ponta dos dedos,
e seu sorriso ampliou ainda mais, como se ela acabasse
de ter tido um orgasmo. Essa diaba estava me deixando
louco!
— Minha. — Foi só o que eu consegui falar, aquilo me
deixou satisfeito. Ela era minha, e não sabia porque tinha
esse sentimento louco de posse. Mas ela se declarar
minha me causava uma sensação de euforia; nenhum
homem poderia se aproximar dela se quisesse permanecer
[5]
vivo. Eu transformaria qualquer homem em eunuco se
ousasse chegar perto dela.
— Sebastian. — Ela me chamou.
— Eu preciso ir ao banheiro. — Declarei.
— É só que...
— Por favor, Julianne, agora não... — Implorei. Ela
não tinha piedade de um homem com as bolas roxas?
— É só que... a comida está queimando. — Ela
apontou para o fogão, e blasfemei antes de desligar o
fogo.
— Eu vou no banheiro e.… eu vou... — Eu não sabia
mais nem o que eu estava falando, apenas precisava sair
um pouco daquela casa ou iria enlouquecer
completamente. Eu precisava ir visitar meus pais, é
isso…, precisava ir a McKinney visitar minha família; e
ficar lá pelo menos uns três dias para esfriar as ideias.
Entrei debaixo da água fria. A ideia de deixar Julianne
sozinha por três dias me deixaria maluco, mas eu
precisava de espaço. Eu precisava pensar um pouco sobre
tudo isso; ou iria ficar louco, completamente louco. Eu só
precisava me assegurar de que ela iria ficar em casa o
tempo todo que eu estivesse fora. Pensei em pedir para o
Alex vir de vez em quando dar uma olhada nela, mas não
sabia mais se podia confiar nele. Eu estava ficando tão
maluco que estava desconfiando até mesmo do meu
melhor amigo.
Depois de refrescar as ideias e tomar minha decisão,
me vesti e saí do banheiro. Julianne havia arrumado a
mesa e feito uma salada. Havia uma garrafa de cerveja em
uma ponta e refrigerante na outra. Era bom que ela não
[6]
tivesse idade para beber , pois uma Julianne bêbada
seria ainda mais ousada.
— Fiz uma salada campestre com molho pesto, que
Leninha me ensinou. Espero que você goste. — Disse ela
sorrindo. Meu pau, que já havia se acalmado, vibrou em
concordância com ela. Maldito.
— Vamos comer, que temos que ir ao mercado.
— Tudo bem.
— Você sabe se virar sozinha? Se você ficar sozinha,
posso ter certeza de que você não vai incendiar a minha
casa? — Questionei. Ela riu da minha pergunta.
— Eu fiquei várias vezes sozinha em casa e invadi a
cozinha de Paulina quando ela não estava olhando. — Ela
riu sozinha, como se estivesse recordando uma memória
feliz. Gostaria que ela sorrisse dessa forma ao lembrar de
mim também, gostaria de lhe proporcionar memórias
felizes assim. Deus, eu estava ficando louco. — Mas por
que você está me perguntando isso?
— Pretendo fazer uma viagem curta a McKinney…
sempre visito meus pais e irmãos antes que a temporada
de rodeios comece.
— Quantos dias você vai ficar lá? — Perguntou ela.
— Dois dias. — Declarei. Eu normalmente ficava uma
semana, e no chuveiro havia decidido ficar três dias, mas
diante de Julianne, eu só conseguia imaginar-me não indo
a McKinney e ficando ali com ela. Naquele momento
decidi que dois dias seriam o suficiente… eu precisava de
um tempo longe dela para clarear as ideias.
— Eu sobreviverei. Gostaria de ir com você pois
estou com saudades do tio John, mas não posso. — Ela
sorriu para mim de volta. — Fique tranquilo, eu ficarei
bem.
— Certo, eu vou amanhã de manhã e volto no sábado à
tarde.
— Estarei esperando por você. — Esperando por
mim? Por que aquela sensação aqueceu meu coração?
Saber que quando eu retornasse da casa dos meus pais, eu
teria alguém me esperando na minha casa grande e vazia.
Não mais vazia, pensei.
— E você não pode ir ao haras até eu voltar. —
Ordenei.
— Eu preciso treinar Sebastian! — Protestou ela.
— Não gosto de você saindo por aí sem mim, é
perigoso.
— O único perigo que vou correr é de ficar louca
trancada aqui dentro.
— Julianne, eu prometo levar você lá no sábado,
domingo e todos os dias da semana que vem. Você estará
bem habituada a Dakota até a competição.
— Você podia pedir ao seu amigo Alex para me levar
ao haras, daí não corro nenhum perigo. — Levantei da
mesa, sentindo um sentimento estranho dentro de mim.
— Não! Você vai ao haras só comigo. Diaba! — Ela
sorriu.
— Você está morrendo de ciúme de mim. — Declarou.
— Não estou com ciúme. — Será que era isso mesmo
que eu estava sentindo? Nunca senti ciúmes de ninguém,
então não conhecia a sensação.
— Está sim, está louquinho por mim... tão maluco por
mim que vai viajar amanhã para fugir de mim.
— Eu sempre visito meus pais. — Com exceção do
ano passado, pensei.
— Tudo bem, Sebastian… acho bom você viajar para
refletir sobre seus sentimentos. — Ela levantou-se e deu
dois passos na minha direção. — Está combinado, eu não
vou ao haras. Mas fique sabendo que se você se
aproximar de uma mulher em McKinney, eu mato você!
Você é meu!
— Julianne, você é completamente louca.
— Você não viu a louca ainda... experimente andar
com qualquer mulher em McKinney que a vingança será
maligna! Eu sou o diabo, esqueceu? Tenho olhos e
ouvidos em McKinney, e vou saber de cada passo seu;
então tome jeito.
Engoli em seco, e pela primeira vez na vida, temi uma
mulher. Se bem que Julianne não era uma mulher. Era uma
diaba!

Julianne Lennox

Ficar sozinha na casa de Sebastian era uma grande


oportunidade; afinal eu poderia futricar em todas as suas
coisas. Sei que não é certo invadir a privacidade dele,
mas que mulher ficaria na casa do cara que gosta e não
iria mexer em tudo? Era irresistível demais... assim como
o dono da casa. Esperei até uma hora depois que ele saiu
para lhe enviar uma mensagem de texto. Sabia que nessa
hora ele já teria aterrissado em McKinney.

Julianne diz: Se você chegar perto de um rabo de


saia, saiba que sua bela casa irá ser cenário de uma das
melhores festas já dadas em Houston. Convidarei belos
cowboys para me fazer companhia...

Sorri depois de enviar o sms. Esperava que ele se


comportasse, ou ele iria se ver comigo. Pensei nas mil
formas de se vingar dele, mas só de imaginar ele ficando
com outra mulher depois de trocarmos aquele beijo, senti
um aperto no peito. Eu era ousada, mas era uma mulher
apaixonada, e certamente me deitaria em posição fetal e
choraria por uma semana se ele ficasse com outra… mas
quando me recuperasse, ele iria se ver comigo.

Sebastian diz: Está louca, mulher? Quase engasguei


com o café! Você está proibida de fazer festa na minha
casa, vai destruir tudo...

Julianne diz: Basta você se comportar aí, que me


comportarei aqui. Tudo bem, se você andar com alguma
mulher por aí que não seja a tia Cris, a prima Deborah ou
as primas Victória e Valentina, irei na festa que terá na
casa do Chris Howard!

Sebastian diz: Você não vai na festa de Howard!

Sabia que mencionar um dos melhores competidores


do rodeio deixaria Sebastian maluco.
Julianne diz: Você é meu! Basta se comportar aí se
quiser que eu me comporte aqui... fácil.

Sebastian diz: Não vou ver nenhuma mulher!


Satisfeita?

Sorri diante da mensagem, e resolvi provocar um


pouco mais.

Julianne diz: Muito bem, é assim que eu gosto. E


Sebastian, só estarei satisfeita no momento em que você
me fazer sua! Aproveite sua viagem...

Sebastian diz: Diaba! Comporte-se e não veja homem


algum! Se cuide.

Depois de trocar mensagens com Sebastian, resolvi


deixar uma mensagem no grupo das Brutas. Precisava ser
uma mensagem que não me entregasse, pois elas não
poderiam desconfiar que eu estava em Houston na casa de
Sebastian. Elas não sabiam da minha fuga e nem poderiam
saber, afinal se alguém descobrisse, certamente contaria
ao meu pai e aos meus irmãos, e eles estragariam tudo.

Grupo de mulheres da família Lennox:


As Brutas
Julianne diz: Bom dia, família! Tenho um favor a
pedir as mulheres de McKinney... Sebastian começou a
namorar uma amiga minha, e ela pediu para vocês ficarem
de olho nele, garantirem que ele não está vendo nenhuma
mulher nessa curta viagem a McKinney. Conto com vocês
para cuidar do homem dela.

Enviei a mensagem. Minha vontade era de falar logo


que ele era o meu homem, que ele me pertencia. Mas não
podia, ainda não. A campainha na casa de Sebastian tocou
antes que eu pudesse obter uma resposta no grupo, então
larguei o celular na cama e corri para atender a porta.
Ao abrir a porta, me deparei com um homem alto,
muito alto, de aproximadamente uns 1,90mts. Ele deveria
ter uns 65 anos, tinha cabelos brancos e a cor dos seus
olhos eram aquele mesmo verde oliva de tia Cris e
Sebastian. Ele estava vestido como um verdadeiro texano:
jeans, botas, camisa xadrez, e um chapéu para
complementar.
— Bom dia. Em que posso ajudar? — Questionei.
— Bom dia. Sebastian está em casa? — Perguntou o
senhor.
— Ele foi para Mckinney visitar a família por dois
dias. O senhor é?
— Patrick Young, o avô dele. — Ele estendeu a mão
na minha direção e cumprimentei-o.
— Julianne. Sua... sua...
— Namorada. — Ele completou para mim.
— Isso, por favor, entre um pouco.
— Obrigado, não vou tomar muito seu tempo... — Vi a
placa de sua picape. Era do Arizona.
— O senhor fez uma longa viagem; pode tomar meu
tempo tomando um refresco e descansando. — Ofereci
sorrindo, e ele entrou.
— Obrigado, menina. — Ele sentou-se no sofá da sala
e fui buscar o refresco na geladeira.
— Vou pegar meu celular e brigar com Sebastian.
Como ele pôde viajar com o senhor vindo para cá? —
Falei, e já ia em direção ao quarto quando o senhor
Patrick me impediu.
— Está tudo bem, ele não sabia que eu vinha... nós não
nos vemos com muita frequência. Normalmente quando
venho aqui tem que ser de surpresa, ou ele dá um jeito de
sair de casa.
— Por que Sebastian faz uma coisa dessas com o avô?
— Porque magoei ele. Parece que não sirvo para pai e
nem avô. — O senhor Patrick deu uma risada sem graça, e
notei um leve tremor em sua mão quando ele largou o
copo na mesa de centro.
— Senhor Patrick, estou me sentindo muito solitária.
Por que não almoça comigo e me conte essa história?
Farei com que o seu neto se aproxime do senhor...
— E por que você faria uma coisa dessas? Nem me
conhece?
— Não conheci meu avô paterno, mas tive por muitos
anos meu avô materno, e ele era um cara incrível. Sinto
falta dele até hoje, e sei o quão precioso é ter um avô...
tenho certeza que essa decepção aí, ou o que quer que
tenha acontecido entre o senhor e Sebastian, será
superada... a vida é curta demais para vivermos com
tantas mágoas. — O senhor Patrick ficou me encarando
com atenção.
— Julianne, certo? — Assenti. — Quantos anos você
tem, menina?
— Tenho quase dezenove, mas minha alma é velha.
— Percebi. — Ele sorriu para mim e arregaçou as
mangas da camisa. — Bem, vamos preparar esse almoço,
e te conto o que aconteceu que fez com que Sebastian
tenha se decepcionado.
— Vamos lá, vô. Posso te chamar de vô, certo? — Ele
riu.
— Com certeza.
E por alguns minutos me distrai e me diverti, e escutei
a história de Patrick Young. Ele não havia apenas
decepcionado sua filha Cristiana no passado, ele também
errou com Sebastian quando ele tinha oito anos de idade.
Mas estava na hora de eu fazer esses dois se
reconciliarem. Eu faria qualquer coisa para ter meu avô
de volta. Sebastian precisava entender que as pessoas
cometem erros, e já estava na hora dele perdoar seu avô.
Capítulo 8

Sebastian Lennox
Terminei de tomar café da manhã com meu pai, e ainda
com a cabeça em Julianne decidi ir até a cidade visitar
Valentina e meu sobrinho, Ryan. No pátio da fazenda
encontrei com uma moça de aproximadamente uns 23
anos. Ela era uma morena, alta, e muito bonita… eu
certamente flertaria com ela em outro momento, mas não
estava no clima. Tudo o que eu conseguia fazer era pensar
em Julianne.
— Bom dia, onde está a picape vermelha? —
Questionei para ela, pois pela forma como ela estava
vestida ela era uma funcionária da fazenda. Ela sorriu
para mim sugestivamente antes de responder.
— Está atrás do novo celeiro. O senhor John agora a
guarda lá. — Assenti.
— Obrigado.
— SEBASTIAN! — Minha mãe gritou bem alto,
assustando a mim e a moça que me ajudava.
— O que foi mãe?
— O que você pensa que está fazendo? — Ela me
encarou furiosa. — Emily, volte para dentro, por favor, e
não dê atenção ao flerte do meu filho. Ele está
comprometido! — Encarei minha mãe sem entender nada,
e ela me acertou um tapa atrás da cabeça. — Você pirou,
Sebastian?
— Mãe, não sei do que você está falando? — Falei,
afagando o lugar onde ela acertou o tapa. A moça
desapareceu como pó no ar de tão rápido.
— Você agora vai se fingir de desentendido? Você
acha que não sei o que acontece em Houston? — Meu
coração parou por alguns segundos. Ela não poderia saber
sobre Julianne, poderia?
— Mãe, eu... Como você soube? — Perguntei
perplexo. Eu era um homem morto.
— A Julianne me contou. — Eu iria matar aquela
diaba! O que ela contou exatamente? Fiquei me
perguntando, pasmo demais para falar qualquer coisa. —
Ela me contou que você está namorando a amiga dela.
— Como?
— Ah, Sebastian… quem vê sua cara agora até acha
que você está surpreso, mas eu sou sua mãe e lhe conheço.
É bom você andar na linha e não flertar com nenhuma
mulher, viu. Não esqueça o que me aconteceu no passado.
— Eu sei, mãe, não se preocupe. Eu não vou me
transformar nele. — Ele era o homem que plantou a
semente no ventre de minha mãe, o homem safado que a
engravidou e esqueceu-se de avisar que era casado. Ele
não era meu pai, era apenas um doador de esperma safado
e sem escrúpulos. Ele estava morto... meu pai era John
Lennox, aquele que me criou como seu próprio filho, que
me amou e nunca faltou como pai para mim.
— Só não quero outra menina magoada. Antes quando
você não tinha compromisso com ninguém, e aí tudo bem.
Mas agora... agora que está namorando, comporte-se.
— Eu não estava flertando com aquela moça, só queria
ir visitar Valentina e meu sobrinho, e por isso a chamei
para saber onde está a velha picape do papai.
— Não fale mais com as funcionárias, é melhor assim.
— Declarou minha mãe.
— Mãe! Você está sendo irracional. — Reclamei.
— Só estou cuidando de você para a minha futura nora
e mãe dos meus netos. Por falar nisso, quem ela é? Como
se chama? Como ela é? Quem é a mulher que finalmente
colocou cabresto em você? Deve ser uma mulher e tanto...
— Tchau mãe, depois de visitar Valentina, vou visitar
Vic. — Saí deixando-a sozinha com as suas perguntas. —
Diaba! O que será que ela inventou?
A caminho da casa de Valentina, enviei uma mensagem
para Julianne, mas ela não me respondeu e nem leu. O que
ela estava fazendo que não me respondia?

Sebastian diz:
— O que você falou para a minha mãe? Que estou
namorando? Você me paga!
— Oi?
— Cadê você?
— Por que não responde?
— O que você está fazendo que não me responde?
— Julianne, não me faça ir até aí.
— Julianne!
— Diaba!

Tentei ligar, mas ela não atendeu. Maldição. Resolvi


tentar ligar mais tarde e não pirar. Talvez ela só estivesse
no banho e eu estava exagerando. Imaginei-a nua debaixo
do meu chuveiro, e precisei de todo o meu autocontrole
para não ir correndo até o aeroporto pegar um jatinho até
lá. Eu vim para parar de pensar nela, mas desde a hora
que cheguei, tudo o que consegui fazer foi ficar com ela na
minha cabeça. Eu estava ficando louco.
Estacionei o carro em frente à casa de Valentina e bati
na sua porta. Resolvi levar o celular comigo ao invés de
deixar no carro. Temia que ela fosse me responder, e se eu
demorasse a responder, ela poderia ir a alguma festa, e eu
iria matar qualquer desgraçado que se aproximasse dela.
— Sebastian! — Minha irmã abriu a porta e se jogou
nos meus braços. Ela estava com os cabelos curtos acima
dos ombros, mas continuava tão linda quanto da última
vez em que a vi. Do seu lado um pequeno menininho de
cabelos pretos e olhos azuis da cor do mar vinha
caminhando com dificuldade.
— Ryan! Meu garoto, você já está caminhando! —
Peguei o pacote rechonchudo em meus braços e o ergui no
ar, o que o fez soltar um grito de alegria.
— Ti...ti.. — Sorri para ele, e meu coração encheu-se
de alegria.
— Sim, é o seu titio, que saudades, garotão! Da última
vez que vim te ver, você apenas se arrastava como um
lagarto no deserto… agora já caminha.
— E corre também. — Disse Valentina, orgulhosa. —
Note o queixo dele. — Ela me mostrou um hematoma no
queixo do pequeno Ryan. — Ele corre e se estrepa todo.
— É normal um homem ter suas cicatrizes. — Falei
sorrindo.
— Aff... — Ela revirou os olhos. — Nós estávamos
indo almoçar na Georgie, nos acompanha? — Convidou.
— Claro.
— Ryan não me deixou cozinhar hoje, então vamos
visitar sua vó de consideração. — Entramos na picape
vermelha e seguimos para a lanchonete de Geórgia.
— Então, como está o andamento do livro? — Ela
sorriu, animada.
— Está maravilhoso. Estou adorando escrever junto
com Orlando. Nunca imaginei que ajudaria a escrever um
livro... pensei que sempre ficaria nos desenhos, mas está
tudo fluindo maravilhosamente.
— Estou muito orgulhoso de você.
— Obrigada, irmão. Parece que a escrita está na
família… não tem jeito... papai é poeta, Vic é repórter, e
eu agora estou me arriscando como autora.
— E como está Vic?
— Muito grávida! — Sorri de seu comentário.
— E dá para ficar pouco grávida?
— Ah, você sabe, ela está cheia de hormônios e
gritando com todo mundo por qualquer coisa... —
Valentina pegou o celular, arregalou os olhos e digitou
alguma coisa. — Você tem alguma coisa para me contar,
Sebastian? — Ela arqueou uma sobrancelha e me encarou.
— Eu não tenho nada para falar. — Respondi
despreocupado.
— Eu vou no banheiro trocar a fralda de Ryan, e você
pensa no que está me escondendo. — Ela me fuzilou com
os olhos e não entendi mais nada.
— Mais café? — Perguntou uma bela garçonete cinco
minutos depois. Ela tinha uns peitões, e deixou três botões
do seu uniforme aberto ao vir falar comigo.
— Hã... sim, por favor. — Sorri e fiquei sem jeito. Por
que essa culpa me consumia e Julianne me vinha a mente?
Eram belos peitos. Por que eu não poderia ficar com eles
só um pouquinho? Passar minha língua em cada mamilo...a
garota iria gostar e eu também. Seria rápido e sem
compromissos ou preocupações. Maldição. Meu pau nem
se mexeu... o que aquela Diaba fez comigo? Talvez eu
estivesse ficando doente, podia ser isso.
— Seu café, querido, e o meu telefone. — Ela
estendeu um cartão de visita para mim, mas nesse
momento Valentina voltou e agiu como louca.
— O que você pensa que está fazendo, Anna! Esse
homem é casado, e tem esposa e cinco filhos esperando
por ele em casa! — Não sei quem ficou mais chocado, se
foi eu ou a peituda. — E sua esposa está grávida de
quádruplos... ela é policial e fez treinamento de Sniper...
sugiro que você deixe ele em paz se tem amor a vida. — a
garota amassou o papel, me encarou furiosa, e deu um tapa
na minha cara.
— Safado! — Arregalei os olhos.
— Mas eu não fiz nada! — E a garota saiu correndo
para a rua.
— O que há com vocês? Estão todas loucas? Acho que
você está grávida e cheia de hormônios! — Acusei
Valentina.
— Eu sei que você está namorando sério! Julianne nos
contou, e vou ficar de olho para que você não traia uma
garota inocente.
— Diaba! Ela quer acabar com a minha vida! Maldita
Julianne.
— Maldita por quê? Por ela ter contado?
— Vamos! Eu preciso ir visitar a Vic.…quero ir
embora o mais rápido possível desse manicômio.
Dentro do carro o terror começou. Estava indo levar
minha irmã em casa depois de engolir a comida de
Geórgia, e ela começou sua maratona de perguntas.
— Como ela se chama? Quando vai trazer ela aqui
para conhecer a família? Fico me perguntando quem teria
fibra o suficiente para amarrar você com correntes de
adamantium.
— Não vou responder nenhuma pergunta.
— Ah, Sebastian... precisamos conhecer essa mulher
notável.
— Vou matá-la antes que vocês tenham a chance de
conhece-la. — Falei furioso. Julianne, eu mato você.
Pensei.
— Deixe de ser dramático e me conte tudo.
— Não vou contar nada. — Resmunguei.
— Você é cruel. — Acusou-me. — Mas não importa,
Victória vai arrancar a verdade de você, Ela é repórter
investigativa afinal de constas.
— A Victória não vai arrancar nada de ninguém.
— Já estava na hora mesmo de você se casar e ter
filhos... vai dizer que você não deseja ser pai.
— Não, estou feliz como estou. — Falei. Ryan puxou a
manga da minha camisa e virei-me para ele, que deu
aquele sorriso desdentado para mim, e a imagem de uma
linda menininha de cabelos negros me veio à mente, fruto
meu e de Julianne.
Ok, eu estava realmente pirando.
— Chegamos na sua casa, irmã intrometida... agora
vou até o jornal ver a desmiolada da Victória.
— Eu te amo, Sebastian... só quero que você tenha a
felicidade que eu tenho. Não é o fim do mundo se casar e
se amarrar a uma só pessoa. Na verdade, é maravilhoso.
— Se apaixonar para mim parece um pesadelo. —
Resmunguei e ela deu um grito de entusiasmo.
— Como eu suspeitei, você está mesmo apaixonado.
— Tchau, Valentina! — Deixei Ryan e ela em casa e
segui a caminho do jornal. As visitas teriam que ser de
médico, pois eu pretendia ir o quanto antes para Houston
encontrar com Julianne e me vingar dela.
A sede do McKinney Courier-Gazette ficava em uma
rua tranquila em Plano, no condado de Collin, a 17
minutos de McKinney. Estacionei o carro na Krona Drive
e segui em direção ao jornal para falar com minha irmã.
Fui atendido por uma moça asiática muito simpática que
pediu que eu aguardasse sentado em um banco. Como eu
estava agitado demais, já que Julianne não me respondeu
ainda, fiquei de pé de frente para o balcão da recepção.
Ela estava fazendo origami enquanto eu aguardava
Victória chegar.
— Você é ótima nisso. — Elogiei. — Sempre tentei
[7]
fazer um Wet Folding , mas na verdade sou um desastre
até com os tradicionais. — Ela riu.
— Aprendi com a minha avó... é ótimo para relaxar e
passar o tempo. — Notei um origami de cavalo a sua
frente, e automaticamente pensei em Julianne.
— Como você se chama?
— Suzy.
— Suzy você me venderia esse origami em forma de
cavalo? É para presentear uma pessoa especial. — Ela
encarou a sua bela arte pegou e me entregou.
— Você pode ficar com ele, tenho certeza de que sua
namorada vai adorar. — Disse ela sorrindo. Peguei o
pequeno origami.
— Ela não é minha... — Nem sabia mais o que
Julianne era ou não era.
— Para a sua pessoa especial então. — Assenti.
— Mas eu gostaria mesmo de pagar, dá trabalho fazer
isso.
— Não se incomode...é só um passatempo.
— Obrigado. — Sorri para ela, e fiquei imaginando a
expressão no rosto de Julianne ao ganhar aquele lindo
origami.
— SEBASTIAN! — Uma Victória muito furiosa, e
muito grávida, caminhou a passos largos na minha
direção, seus cachos crespos estavam rebeldes e ela
parecia um leão faminto ao chegar até mim e Suzy.
— Irmã! Que saudades. — Ela apontou o dedo na
minha cara.
— Seu safado sem vergonha! — Eu não esperava essa
recepção. — Suzy, não de corda a esse homem! Ele é um
safado e tem herpes genital; então, amiga... sem chance. —
Suzy me encarou espantada e eu também estava atônito.
— Victória! Você pirou? — Ela me puxou pela camisa
para o lado de fora, e tudo o que pude fazer foi segui-la
para o lado de fora.
— Que feio, Sebastian! Namorando sério e flertando
com as mulheres! Pensa que não sei que você flertou na
fazenda? Na lanchonete também... e agora com a Suzy, que
veio do Japão sozinha para tentar a vida em McKinney...
você não vale nada mesmo.
— Sou inocente de todas as acusações. O que há com
as mulheres dessa família hoje? Estão todas loucas? Eu
não estava flertando com nenhuma das três. — Victória riu
sem humor.
— Acha que não conhecemos sua fama? Tome jeito,
Sebastian…. nem ouse magoar Julianne!
— Eu não vou magoar ela, porra! Na verdade, esse
origami que pedi pra Suzy era para dar de presente para
ela. — Falei exaltado.
— Ah, então minhas suspeitas estavam certas...
Julianne é a pessoa que você está namorando. — Ela
sorriu satisfeita consigo mesma.
— Eu... não... de onde você tirou isso? — Merda,
estou morto. Pensei.
— Nem venha me chamar de louca ou coisa assim.
Desconfio de vocês dois desde o casamento da Val, e hoje
ela manda essa mensagem de “amiga”. Aham, sei...
— Você não pode contar para ninguém. — Falei
desesperado. — Nem para a Valentina.
— Eu sei... estou escondendo esse romance proibido
para mim faz tempo... só se comporte como um santo, e
então nada sairá da minha boca.
— Vocês estão me fazendo pirar... e não estou
namorando a Julianne. Eu na verdade não sei o que está
havendo...
— Você está apaixonado pela primeira vez na vida, e
isso é lindo. — Disse ela emocionada.
— Como você está? — Pousei as mãos no ventre de
Victória e senti o bebê chutar.
— Ela gosta de você. — Ela sorriu. — Eu estou bem,
irmão, e quero te ver bem também.
— Percebi.... agora sua amiga Suzy acha que tenho
herpes.
— O jornal inteiro já deve estar sabendo, Suzy sabe
ser fofoqueira... — Ela riu malévola.
— Estou com medo de vocês.
— E é para ter mesmo... você está morto para as
outras mulheres... E daí se todas acharem que você tem
herpes? Você pertence a Julianne agora, irmão, e todas nós
iremos impedir você de ter outra mulher em todo o país.
— Vocês vão me deixar maluco. Preciso conversar
com um homem, e que não seja um Lennox… vou ver o
Alejandro. E Victória... bico calado.
— Pode deixar, irmãozinho. — Eu a abracei forte e
segui para a picape. Em meia hora cheguei até a fazenda
de Alejandro e Deborah. Entrando no estábulo já
encontrei com ele, e o fiz meu confidente. Contei para ele
tudo o que estava acontecendo, desde a chegada de
Julianne naquela noite chuvosa, até os últimos
acontecimentos malucos das mulheres da minha família.
Alejandro me escutava e ria em algumas partes.
— O que você acha que tem de errado comigo? Estou
pensando até mesmo em procurar meu irmão amanhã no
hospital, porque só posso estar pegando uma virose.
— Você sabe que ele é ginecologista, não é mesmo? —
Riu Alejandro.
— Eu sei... mas cara... deve ter algo de errado comigo.
— Alejandro colocou a mão no meu ombro e me encarou.
— Essa doença se chama amor, e não tem cura... Não
adianta fugir, cara. Se você a deseja assim como me disse,
e ela sente o mesmo, não adianta fugir. Se entregue logo,
ou você poderá se arrepender de ter demorado tanto. Você
depois irá se perguntar “porque demorei tanto tempo para
ficar com ela?”.
— Você fala como se tivesse experiencia própria. —
Comentei.
— E eu tenho, cara. A Deborah, que acompanhei de
perto seu crescimento e a vi se tornar uma mulher... eu
achava que era proibido, que não poderia trair a confiança
de Jacob… mas tudo isso é resolvido na base da
conversa. Hoje sou o homem mais feliz do mundo por
estar ao lado da mulher que amo. Eu demorei muito para
tê-la, mas tive minhas razões para isso… queria ter
condições de dar pelo menos uma casa para ela, e construí
sua casa dos sonhos... mas me arrependo, pois poderia ter
realizado tudo isso com ela do meu lado.
— Mas a Julianne é minha prima. — Protestei. — É
diferente.
— Ela não é sua prima de sangue. — Falou ele. — Sei
que é chato tocar nesse assunto de que você não é filho
biológico de John, mas nesse quesito precisamos pensar
nisso. Julianne não tem laços de sangue com você, então
nada os impede de ficar juntos.
— Você quer me deixar louco, Alejandro?
— Não, cara. Só estou te dizendo o que eu faria... eu
me entregaria de cabeça, pois aprendi que a vida é curta
demais para que a gente passe ela pensando. Então siga
seus instintos... — Ele tocou com a ponta dos dedos o meu
coração. — Siga seu coração, cara. Deborah diria a
mesma coisa...
— Não conte para ela sobre a Julianne. — Falei
desesperado.
— Como se eu já não desconfiasse. — Deborah
entrou, pisando firme dentro do estábulo. — Vamos beber
um refresco, tio. E não se preocupe, não contarei ao Dom
ou ao Luke, e menos ainda para o Logan. — Ela sorriu.

Mais tarde naquele dia, Deborah fez todos os seus


filhos me chamarem de pai quando alguma mulher se
aproximava, cansado de toda aquela bagunça, cheguei na
casa dos meus pais bem tarde e deitei depois de um longo
banho. Encarei a tela do celular, e Julianne finalmente
havia respondido as minhas dez mensagens no Whatsapp.

Julianne diz: Desculpe, estava atendendo um visitante.


Ele almoçou comigo e passamos uma tarde ótima juntos.

Fiquei maluco diante de sua mensagem, e respondi


imediatamente.

Sebastian diz: Você pirou? Que visitante? Vou


estrangular você, diaba!
Julianne diz: Hahaha... era um homem alto e bem
bonito...

Sebastian diz: Quem era? Pare de me provocar.


Julianne diz: Desculpe, não resisti a provocar seu
ciúme. Era o seu avô, Patrick.

Suspirei aliviado, mas irritado por ele ter ido até lá.

Sebastian diz: Não tenho ciúme, e não receba


nenhuma visita enquanto eu não estiver aí, principalmente
o Patrick.

Julianne diz: Sei, não tem ciúmes... vou fingir que


acredito. E quanto ao Patrick, não vou comentar nada a
respeito por telefone. Espero que você continue se
comportando. Estou com saudades. Beijos.

Digitei mil vezes a frase “Também estou com


saudades” mas não enviei. Eu me joguei na cama de novo
e meu celular apitou.

Sebastian diz: Também estou com saudades.

Julianne diz: ♥

A mensagem foi? Desesperado por ter enviado a


mensagem sem querer, adormeci depois de um tempo
encarando o teto e pensando em tudo o que Alejandro me
disse.
Capítulo 9

Julianne Lennox
Por mais que eu insistisse, o avô de Sebastian preferiu
se hospedar em um hotel e partir no dia seguinte. Eu lhe
garanti que em breve levaria Sebastian até sua fazenda e
faria os dois se reconciliarem. O senhor Patrick era muito
simpático, mas vez ou outra ver aquele tremor em suas
mãos me deixava incomodada. Ele me disse que tinha 68
anos e que estava bem de saúde, mas desconfiava de que
ele estivesse escondendo algo. Sebastian nunca se
perdoaria se não se reconciliasse com seu avô. Sabe Deus
quantos anos de vida ainda tinha o senhor Patrick.
Entrei no Whatsapp, vi as várias mensagens de
Sebastian e ri de seu desespero em falar comigo. Depois
de responder a ele, entrei no grupo das brutas para ver o
que elas me responderam.

Grupo de mulheres da família Lennox no Whatsapp:


As Brutas

Meg diz: Bom dia, July. Sebastian namorando? Não


esperava ver esse dia chegar. Com uma amiga sua? Que
amiga? Bom, pode deixar que ficarei de olho nele… mas
me conte, como está a faculdade? Está gostando?
Deus, eu odiava mentir. Ao invés de responder a
prima Megan, parti para a próxima resposta, que era da
Vic.

Vic diz: Bom dia, prima. Então meu irmão tem uma
namorada? E é sua amiga? Fica descansada, prima. Se ver
meu irmão com alguma vadia, eu te aviso... para que você
avise sua amiga, não é mesmo? Essa história está um
pouco mal contada, mas deixarei passar por ora...

O jeito que Victória falou foi estranho. Será que ela


estava desconfiada de algo?

Mana Lizzie diz: Diga para sua amiga ficar tranquila,


mana, pois as mulheres dessa família não deixam passar
nada. Você sabe que nós, Lennox, sabemos ser bem
persuasivas, e somos difíceis de enganar. Estou torcendo
muito por sua “amiga” e Sebastian. Espero que ela lace o
coração dele de vez!

Por que minha irmã colocou o “amiga” entre aspas?


Será que fui tão transparente assim esse tempo todo?

Mana Leninha diz: Estou chocada em saber que


Sebastian está namorando; mas diga a sua amiga que ele
estará sendo vigiado de perto, e que ela venha logo nos
fazer uma visita. Temos que conhecer logo a moça capaz
de laçar o garanhão da família.

Sorri com a mensagem de Elena. Sentia muitas


saudades dela, vivia em sua casa antes de partir por
causa de Anne, minha sobrinha linda. Sentia saudades
também do meu padrinho Travis.

Deborah diz: Sebastian namorando? Uma amiga? Ok,


vou fingir que acredito. Mas pode ficar sossegada, digo,
sua amiga pode ficar sossegada. Se alguma vaca chegar
perto, boto ela para pastar rapidinho.

Ou essas mulheres da família eram muito espertas,


ou eu que entreguei o ouro sem notar. Será que elas
sabiam que eu gostava de Sebastian?

Cristiana (sogra) diz: Meu filho está namorando?


Como estou feliz, sempre soube que um dia ele iria se
render ao amor, que um dia ele iria conhecer a garota
certa. Vou conversar com ele, pois estou certa de que ele
está cheio de dúvidas. Depois apareça, Julianne… estou
com saudades.
Minha sogrinha linda. Sim, eu havia salvo o número
dela na minha agenda como sogra, afinal ela seria
minha sogra de verdade muito em breve.

Sarah diz: Eu li certo? Sebastian namorando? Desde


quando nesse mundo isso é possível? Preciso conhecer
essa sua amiga, ela deve ser uma mulher notável e mágica,
pois apenas mágica prenderia Sebastian...

Mágica? O que será que tinha em mim que


finalmente havia deixado Sebastian daquela forma. Será
que realmente ele nunca havia se apaixonado antes?

Mãe diz: Filha, é uma pena eu não estar aí para vigiá-


lo para sua “amiga”, mas as mulheres de McKinney
certamente ficarão de olho. Espero que ele não traia sua
“amiga” ou será capado! Beijos, filha, te amo.

Que violência, mãe! Pensei. Ela também desconfiava


de algo, Luke sempre me disse que era impossível
esconder qualquer coisa da mamãe. Que ela investigava
melhor que o FBI e que se o FBI soubesse de suas
habilidades já teria levado-a para trabalhar com eles.
Será mesmo que ela conhecia meu segredo?

Mandy diz: E cunhada, não se preocupe, tenho certeza


que ele será bem vigiado. Beijos e se cuide.

Valentina diz: Até que enfim um milagre aconteceu,


quero muito conhecer essa moça! Estamos de olho nele,
não se preocupe. Inclusive, estou com ele agora na
lanchonete da Geórgia. Se ele sair da linha vai se ver
comigo. Beijos e fique bem.

Depois de ler todas essas mensagens que foram


enviadas no horário do almoço voltei as mensagens de
Sebastian. Provoquei nele um pouco de ciúmes e logo me
despedi, para selar minha noite e me fazer adormecer
suspirando recebi sua última mensagem:

Meu Sebastian diz: Também estou com saudades.

Meu coração ficou cheio de alegria, e fiquei sem


palavras para responder. Apenas lhe enviei o que já lhe
pertencia há muito tempo. Meu coração.

Julianne diz: ♥

E adormeci abraçada ao aparelho celular. Aos poucos


Sebastian estava cedendo. Aos poucos eu também estava
ganhando seu coração.
****////*****

Despertei na manhã seguinte me contorcendo de dor.


Eu suava frio e estava suja. Corri para o chuveiro e liguei
na água quente. Estava menstruada e com cólicas
demoníacas. Depois de tomar meu banho, jogar minhas
roupas e as roupas de cama na máquina de lavar recém
consertada, fiz um chá quente e deitei-me de novo.
Meu celular começou a tocar e atendi sem encarar
quem ligava.
— Alô... — Falei ofegante.
— Julianne, você está bem? Por que não respondeu no
Whatsapp? — Era Sebastian preocupado.
— Eu estou com cólicas muito fortes, e por isso não
respondi... deitei para aliviar a dor.
— Cólicas? Você está com dor? Você?
— Calma, Sebastian, já tomei um analgésico e tomei
chá. Agora só preciso ficar deitada para passar. Não é
nada demais, acontece todos os meses.
— Eu vou voltar imediatamente. — Declarou ele.
Por mais que eu adorasse a ideia dele voltando, não
queria que ele me visse nesse estado, suando frio,
inchada, sem ter penteado o cabelo e me contorcendo de
dor. Não era nada sexy.
— Não precisa, já disse que já vai passar. — eu me
contorci na cama e tentei manter minha voz o mais natural
possível o que foi em vão.
— Já disse que estou indo para aí.
— Não! Fique com a sua família... não será nada
agradável você me ver assim, e sempre fico de mau humor
nesse estado.
— Não vou deixar você sofrer sozinha. Está decidido.
— Disse ele com determinação na voz.
— Fique com sua família… depois vai demorar para
você ver eles...
— Você é mais importante para mim. — Declarou ele,
e eu teria chorado de alegria ao ouvir isso se não
estivesse com tanta dor.
— Seus pais são mais importantes. Fique, em poucas
horas estarei bem.
— Dentro de duas horas no máximo estarei aí. — Ele
desligou e não pude mais protestar.
Eu me contorci de dor. As cólicas naquele mês
estavam ainda mais intensas, e me perguntei se foi por
causa da chuva que tomei aquele dia, e também o dia em
que fiquei encharcada e água fria na lavanderia na casa de
Sebs. Entorpecida na dor, adormecia de dez em dez
minutos, mas logo acordava gemendo. Os lençóis estavam
bagunçados, e de tanta dor havia me esquecido da
declaração de Sebastian que ele logo viria.
Quando lembrei, tentei levantar; mas ao tocar o pé no
piso senti uma dor latejante. Coloquei meus chinelos e fui
até o banheiro, tentei em vão passar uma escova no
cabelo. Por que o remédio ainda não havia aliviado minha
dor? Fui até a minha bolsa e peguei o frasco de remédio, e
quando li, comecei a rir e chorar. Eram vitaminas, eu não
havia trazido meu analgésico. Meu estomago roncou de
fome, mas eu não tinha forças para fazer comida.
Fui até a sala e liguei a lareira de Sebastian com
grande dificuldade, e deitei na poltrona em frente a ela,
para tentar aliviar aquela dor maldita. Ser mulher não era
algo fácil, e a coisa mais injusta do mundo era os homens
não sofrerem de cólicas como nós.
— Julianne. — Sebastian me pegou no colo, e gemi em
protesto, escondendo meu rosto nas mãos.
— Não era para você estar aqui. Eu estou horrorosa.
— Ele riu do meu comentário e me levou até o quarto.
— Pois eu acho que você continua linda. — Disse ele
ao afastar as mãos do meu rosto.
— Pare de ser gentil comigo. — Pedi.
— Pare de ser teimosa. — Ele falou. — Olha não
entendo muito dessas coisas, então liguei para o Jacob e
pedi ajuda a minha mãe. Trouxe uma sopa para você
comer e analgésicos que Jake me deu. Corri de cavalo a
manhã inteira atrás de coisas para você, então apenas
agradeça.
— Obrigada. — Falei mal-humorada. — Mas você
não deveria me ver assim.
— Pois se vamos começar algo, creio que vou ter que
conhecer todos os seus lados. — Disse ele acariciando
meu rosto.
— Você ficou maluco? — Perguntei.
— Acho que sim. — Ele levantou-se da cama. — Vou
aquecer a sopa. Você não pode tomar os analgésicos de
estomago vazio, isso faz mal para seu estomago. — Ele se
retirou do quarto.
Pisquei atônita. Será que ao adormecer na poltrona
acabei tendo esse sonho? Mas se fosse um sonho, eu não
estaria com dor, e a cólica ainda estava bem intensa.
Sebastian retornou com a sopa, um copo de água e uma
sacola.
— Sente-se e coma. — Ele colocou a bandeja na
minha frente. Ele estava tão lindo com aquela camiseta
azul celeste que fiquei zonza, enquanto eu deveria estar
parecendo uma morta-viva das HQ’S de The Walking
Dead que Cam lia.
Comecei a comer a sopa em silêncio, e em seguida
Sebastian me alcançou o remédio. Depois de alimentada e
de finalmente ter tomado os analgésicos certos, deitei na
cama, mas ainda me torcia de dor.
— Victória, me ajude, eu não sei mais o que fazer... ela
ainda está com cólicas. — Escutei Sebastian falar nervoso
no telefone. — Eu devo fazer o quê? — Ele ficou em
silêncio escutando o que Vic dizia. — Mas isso... vai ser
uma tortura. — Ele sussurrou a parte da tortura. — Isso
ajuda mesmo? — Ele ficou quieto mais um tempo. — E
devo tirar toda a roupa? — Arregalei os olhos. — Ah
bom, tudo bem... vou tentar... quero que ela fique bem
logo... estou preocupado e... — Mais silêncio. — Pare de
me zoar, Victória, e fique de bico calado. Tchau.
Fiquei deitada encolhida embaixo do edredom. Logo
senti a cama afundar e o corpo grande, quente e forte de
Sebastian se aconchegar ao meu. Se não fosse a dor da
cólica, eu teria ficado excitada instantaneamente.
— Você está nu? — Perguntei quando senti seu
peitoral quente contra as minhas costas.
— Estou de cueca. Minha irmã disse que... — Ele
parecia desconfortável. — Disse que mantendo você
aquecida a cólica vai embora.
Eu estava bem ciente do seu corpo colado ao meu, e
quando senti sua ereção colada na minha bunda, me
assustei.
— Ignore isso, é incontrolável...
— Vai ser desconfortável para você — Falei. — Não
precisa fazer isso.
— Você é minha, Julianne, e cuido do que é meu. —
Sua mão pousou no meu ventre.
— O que você está fazendo? — Questionei, meu
coração batia descompassado no peito.
— Estou massageando você. — Sua mão se moveu em
círculos no meu ventre, mandando minha dor embora aos
poucos.
— Você parece ter experiência nessa massagem. — Eu
me perguntei para quantas mulheres ele já havia feito isso.
— Victória e Valentina sempre sofriam disso, e
aprendi com meu pai a massagear assim. — Será que foi
só com elas? Me perguntei, e ele respondeu minha
pergunta silenciosa. — É a primeira vez que faço isso
para uma mulher que não é Vic ou a Val, e é a primeira
vez que deito com uma mulher na cama e não fazemos
sexo... O que você está fazendo comigo, Julianne? — Ele
perguntou.
— Eu... não sei... — Murmurei, e então adormeci,
aquecida pelo corpo de Sebastian. Sem dor, entrei no
mundo dos sonhos.
Capítulo 10

Sebastian Lennox
Quando Victória disse: “Tire sua calça e blusa e
abrace-a por trás, aqueça o corpo dela e faça aquela
massagem na barriga dela que você fazia em mim e na
Val”; quando ela me disse essas palavras, só me veio na
mente os momentos tortuosos que eu teria. Julianne era a
mulher que eu mais desejava na face da terra... eu não
conseguiria descansar, eu só pensaria em meu pau preso
contra seu traseiro delicioso e arrebitado.
Ela adormeceu em seguida, e como ela conseguiu
adormecer era um grande mistério; mas ao menos sua dor
havia ido embora. Quem sentia dor agora era eu, um
grande problema de bolas roxas estava me acometendo.
Eu deveria sair do seu lado agora que a dor havia
aliviado e ela adormecera, mas algo me prendia ali… eu
não queria sair do seu lado, eu queria continuar ali
abraçado a ela. Isso era realmente uma grande loucura,..
Julianne estava de calça de pijamas e blusa, ela estava até
mesmo de meias, completamente vestida e dormindo; e eu
não queria solta-la.
Afastei seu cabelo da nuca e pousei os lábios ali.
Notei que ela tinha duas pintinhas na nuca e beijei cada
uma delas. Ela suspirou em seu sono. Seu cheiro era
delicioso, e por mais proibido que tudo aquilo fosse, seu
corpo parecia ter sido feito para ficar encaixado no meu.
Ela se mexeu e virou de frente para mim, e meu coração
acelerou enquanto observava seu rosto enquanto ela
dormia. Tão linda, uma menina mulher. Dormindo ela
parecia um anjo de inocência, e acordada uma diaba
tentadora. Afastei com os dedos uma mecha do seu cabelo
que caiu no seu rosto e fiquei observando seu rosto com
atenção.
Era a primeira vez que eu olhava de verdade para uma
mulher; não olhava apenas seu corpo, mas prestava a
atenção total ao rosto de uma mulher. Julianne era como a
deusa Vênus, linda e tentadora; e exalava sensualidade
como nenhuma outra mulher. Ela fazia isso sem precisar
fazer esforço, era naturalmente sexy. Ela estava sexy até
mesmo usando pijamas e com os cabelos bagunçados.
Minha vontade era de ter ela para sempre, que ela me
pertencesse de verdade. Nunca havia sentido nada
parecido antes, mas depois de conversar com Alejandro e
pensar muito, eu não estava mais tão assustado ou
confuso. Dom e Luke que me perdoassem, mas eu iria
descobrir o que era isso e iria seguir meus instintos.

***///****
Devo ter adormecido em algum momento, pois quando
despertei, estava segurando a mão de Julianne e nossas
pernas estavam entrelaçadas uma na outra. Abri os olhos
ainda meio zonzo, e senti que queria acordar assim todos
os dias. As sensações que eu estava sentindo ultimamente
eram uma surpresa atrás da outra.
— Bom dia. — Julianne falou sonolenta e encarei seu
rosto.
— Você está melhor? — Perguntei.
— Muito melhor, obrigada. — Encarei seus olhos
antes de olhar para a janela do quarto.
— Já é de manhã? Dormimos tudo isso? — Eu havia
chegado lá pelo horário de almoço no dia anterior quando
cuidei dela.
— Sim. Já são sete da manhã.
— Fazia séculos que eu não dormia tanto. — Eu não
havia conseguido dormir na casa dos meus pais na noite
anterior a essa, pensando sobre Julianne e no que eu faria.
— Eu também, mas deve ter sido por causa do
analgésico e da companhia. — Ela sorriu. — Obrigada
por cuidar de mim com tanto zelo.
— Eu não suportei ver você com dor. Eu só queria...
— Fechei os olhos com força. Por que eu estava me
sentindo assim? Era assim o amor então?
— Só queria? — Perguntou ela.
— Só queria que sua dor pudesse ser transferida para
mim. Doeu ver você sofrendo, e queria sofrer no seu
lugar. — Isso era amor? Eu estava apaixonado? Seria tão
mais fácil se eu já tivesse passado por isso antes...
— Eu amo você, Sebastian. — Declarou Julianne, e
uma lágrima escapou dos seus olhos. — Chega de
joguinhos, eu estou sendo sincera com você...— O som
das batidas do meu coração ecoava nos meus ouvidos.
— Desde quando? Como... como você soube? — Ela
sorriu.
— A gente sabe quando está apaixonado, você sabe
qual é a sensação.
— Eu não sei...
— Você nunca se apaixonou antes? — Perguntou ela.
— Nunca. — Ela me encarou surpresa. — Por favor,
me diz como eu posso saber se estou apaixonado. — Ela
sorriu e acariciou meu rosto.
— Toda a vez que você vê aquela pessoa ou escuta seu
nome, seu coração acelera e você não tem muita força nas
pernas. Se aquela pessoa sorri para você, seu peito
aquece. Quando ela te beija, você sente um calafrio e
calor ao mesmo tempo. Você pensa nela o tempo todo, e
só deseja estar com ela; e você não quer que ninguém se
aproxime da pessoa que você ama... ao menos com os
Lennox todos dizem que é assim... que somos possessivos.
— Ela suspirou. — Vou dizer uma frase bem clichê de um
dos livros de Nicholas Sparks: “O amor é como o vento,
[8]
não se vê, mas se sente ”. Então, quando seu coração
estiver acelerado por causa de uma pessoa, isso significa
que você está apaixonado por ela. — Finalizou Julianne.
— Assim? — Peguei sua mão e pousei sobre meu
peito, e meu coração batia descompassado. Ela me
encarou mais uma vez, surpresa... — Ele está assim agora,
Julianne, por sua causa. E isso está me deixando maluco...
Ela se aproximou de mim e deu um beijo casto em
meus lábios.
— O que estou sentindo agora é indescritível. — Ela
falou. — Parece que amor correspondido é ainda melhor
do que um amor platônico.
O celular dela começou a tocar interrompendo nosso
momento. Ela fez uma careta.
— Eu preciso atender, é o toque da minha mãe. —
Desculpando-se, ela deixou o quarto, e escutei uma
conversa animada do outro lado da porta.
Peguei meu celular e havia uma mensagem de Victória.

Vic diz: E então, como foi a noite? Foi muito torturado


ou conseguiu dormir?

Sebastian diz: Eu dormi muito bem, obrigado por sua


ajuda... Se eu soubesse que isso aliviava a cólica mais
rápido, teria abraçado você e Val quando estavam nesse
estado.

Achei que ela demoraria a responder, mas a resposta


veio em seguida.

Vic diz: Mas tínhamos bolsas térmicas, então estava


tudo bem.

Franzi a testa.

Sebastian diz: Quer dizer que uma bolsa de água


quente teria resolvido?

Vic diz: Sim.

Sebastian diz: Mas você disse que apenas o calor


humano resolveria a cólica.

Vic diz: E você caiu nessa? Só queria que você


dormisse logo com a Ju; está na hora de você assumir seus
sentimentos.

Eu estava perplexo. Victória era minha irmã ou minha


inimiga? Ela me amava ou me odiava? Oras, ela não sabe
como senti dor nas bolas? Mulher cruel.
Sebastian diz: Só não me vingo de você pois está
grávida. Mas espere meu sobrinho ou sobrinha nascer.

Vic diz: Imagine-me dando uma risada malévola. Te


amo, irmão. Agora vou trabalhar...beijos.

Sebastian diz: Te amo também, peste!

Larguei o celular, e levantei da cama no momento


exato em que Julianne entrou no quarto. Ela me encarou
dos pés à cabeça. Eu estava usando apenas uma cueca
branca, mas a forma como seu olhar percorreu meu corpo
despertou cada sentido meu.
— Seria tão bom se a monstra não tivesse vindo
agora... — Lamentou ela. — Vamos para o haras? Preciso
treinar.
— Mas você está nesse estado. — Falei.
— E daí? Isso não é doença...
— Mas você pode ter cólica.
— Ela só vem no primeiro dia. Vamos, Sebs, me leve
para o haras... Será uma tortura ficar trancada aqui dentro
com você sem poder fazer nada. — Insistiu ela.
Eu poderia facilmente fazer sexo com ela do jeito que
ela estava, pois Deus sabe que tê-la para mim era tudo o
que eu mais desejava; mas se ela não queria fazer estando
assim, eu iria esperar.
— Vamos… mas nada de conversinha com o Alex.
— Achei que vocês fossem amigos. — Ela comentou
quando saímos do quarto.
— Eu e ele somos amigos, mas quando envolve a
minha mulher, a conversa é outra. — Ela gargalhou alto e
desejei fazê-la rir assim todos os dias.

Julianne Lennox

Depois de um bom banho, eu me senti eu mesma de


novo. Aquela monstra iria embora dali a três dias, e eu
finalmente teria minha tão sonhada noite com Sebastian, A
lembrança daquele dia no celeiro a anos atrás veio vívida
em minha mente... Sebastian mergulhando sua mão grande
dentro da saia daquela mulher, que gemeu e atingiu o
ápice em poucos minutos; e então Sebastian a penetrou,
com suas mãos fortes agarrando-a; uma no quadril da
moça e outra em seu seio grande.
Eu desejei com força, desde aquele dia, me tornar uma
mulher desejável e cheia de curvas para chamar a atenção
de Sebastian. Meus seios não eram tão grandes quanto o
daquela moça daquele dia, mas meu corpo agora tinha
curvas, e Sebastian agora me desejava... e estava
começando a me amar.
Chegamos ao haras depois de tomar um café da manhã
reforçado, e comecei a treinar com a linda Dakota que
nem vi o tempo passar. Estávamos criando um vínculo de
confiança, e na semana seguinte iriamos treinar mais
pesado. Quando minha mãe ligou, menti para ela que a
faculdade estava indo bem. Detestava mentir para ela, mas
para compensar, eu pretendia retornar a faculdade no
semestre seguinte e me formar, para deixar meus pais
orgulhosos.
Voltei para a baia de Dakota, e Sebastian disse que
estaria resolvendo algumas coisas com seus cavalos.
Escovei o pelo de Dakota e cantei para ela um pouco
mais… ela gostava de música, assim como a minha Vanity.
Depois disso sai da baia de Dakota e fui procurar
Sebastian, e vi uma cena que fez minha visão ficar
vermelha. Uma loira de saia curta e blusinha branca, sem
sutiã, estava descaradamente dando em cima de Sebastian.
Aquela garota era tão vulgar que se a colocassem no meio
de um monte de prostitutas, você diria que ela era uma
delas; ou pior, diriam que apenas ela era a prostituta, pois
até mesmo as mulheres que faziam sexo por dinheiro eram
mais recatadas que ela.
— Já disse que não estou interessado, Paige! — Ouvi
Sebastian falar exaltado.
— Ora, meu amor, não se faça de difícil... sei que você
quer... — Ela tocou o braço de Sebastian com aquelas
mãos sujas e unhas escarlates.
— Eu. Não. Estou. Interessado! — Disse Sebastian em
um tom mais alto.
— É uma rapidinha... Vamos, cowboy. — Não me
aguentei e me aproximei da vaca a passos largos.
— Você não entendeu que ele não está interessado? —
Cruzei os braços no peito quando a vaca siliconada me
encarou com desdém.
— E quem, é você?
— Eu sou a mulher dele! — Declarei.
— Julianne. — Sebastian me chamou, mas o enviei um
olhar mortal de “se você se meter eu te mato”, e ele se
calou.
— Mulher dele? — A garota gargalhou. — Sebastian
não tem mulher, ele é de todas.
— Não mais, queridinha! Ele agora é meu, e tire suas
patas sujas do meu homem.
— Quem você pensa que é para me tratar assim?
Sebastian nunca andaria com uma vadia como você.
— É bom você me respeitar e não tocar no meu homem
se quiser se manter limpa. — Alertei-a.
— O que uma vaca como você vai fazer se eu tocar
nele? — Zombou ela e estendeu a mão para tocar em
Sebastian novamente. Caminhei a passos largos até ela,
puxei seus cabelos oxigenados e a joguei no monte de
estrume que havia em uma das baias.
— Em primeiro lugar, nunca mais toque no meu
homem. E em segundo lugar, nunca mais me chame de
vaca! Entendeu? — Apontei o dedo para ela, que saia do
meio do estrume. Seu cabelo estava coberto de bosta, e
sua blusa branca certamente já havia visto dias melhores.
— Julianne, você é maluca? — Perguntou Sebastian
entre o divertimento e a seriedade.
— Sebastian me ajude, essa mulher é maluca...—
Lamentou a vaca suja, mas Sebastian não tirou os olhos de
mim, me encarando com admiração e desejo.
— Por você. — Tasquei um beijo digno de Oscar em
seus lábios. As mãos dele vieram automaticamente para o
meu traseiro me, puxando para ele, e esquecemos
momentaneamente da vaca coberta de estrume.
O homem era meu, e pelo jeito muitas vacas voariam
na lama e no estrume naquele rodeio. Seria divertido...
Capítulo 11

Sebastian Lennox
Haviam se passado quatro dias desde o episódio com
Paige. Julianne e eu havíamos criado uma pequena rotina,
afinal aqueles momentos eram decisivos para o sucesso
no rodeio que iniciaria dali a alguns dias. Treinamos com
afinco, e Julianne me surpreendeu com sua performance;
ela tinha grandes chances de vencer em primeiro lugar na
prova dos três tambores. A ligação que ela criou com
minha égua Dakota foi incrível, e eu me pegava muitas
vezes parado igual a um bobo admirando-a conversar e
acariciar o pelo macio de Dakota. Eu estava fodido; além
de babar por seu corpo, estava criando uma ligação muito
forte com Julianne... eu estava em um verdadeiro apuro.
— Eu preciso te deixar em casa. Tenho uns assuntos
para resolver com o Alex, e volto dentro de duas horas.
— Não era meu costume dar satisfações a ninguém, mas
com Julianne criei esse costume, uma vontade de explicar
que logo eu voltaria, e era ótimo saber que quando eu
retornasse para a casa, ela não estaria vazia e solitária.
Claro que eu não tinha nada para tratar com o Alex…
iria mais para fugir da tentação chamada Julianne. Iria
conversar com ele sobre um assunto de negócios, mas isso
podia esperar, porém se eu ficasse em casa com Julianne
iria enlouquecer.
Ainda ontem havia recebido uma mensagem de
Dominic:

Dom diz: E aí, cara. Soube pela Mandy que você


finalmente foi preso pelo amor. Quero conhecer essa
mulher, viu. Faltam poucas pessoas agora na família para
se prender, só Julianne e James... mas espero de coração
que minha irmã Julianne se guarde até os trinta anos. Só
de pensar em um cara colocando as mãos na minha
irmãzinha fico maluco, mas enfim, vamos ao que interessa.
Quem é sua namorada? Traga-a aqui assim que puder, faz
tempo que você não dá as caras por aqui, e Aisha sente
saudades do tio Sebs. Como pode você conquistar até
mesmo uma criança? Você tem lábia mesmo, hein. Kkk.
Até mais.

Ler aquela mensagem na noite anterior me deixou


maluco e com mais remorso ainda... Eu deveria contar
para eles todos antes de fazer qualquer coisa.

— Tudo bem, vou pedir uma pizza e colocar o vinho


para gelar. — Disse ela, despertando-me do meu
devaneio. Encarei suas pernas pela milésima vez no banco
do carona.
— Nada de vinho para você. — Alertei.
— Eu sei que não tenho idade para beber, mas meu pai
sempre me deixar tomar um gole ou dois... não vou ficar
bêbada por isso.
Virei a curva a direita, pensativo. Logo chegaríamos
em nossa casa, e então eu iria até o Alex conversar sobre
a administração do pequeno Pub que abri em parceria com
ele.
— Você depois de uns goles vai ficar ainda mais
perigosa. — Falei e ela gargalhou. O som da sua risada
foi como brasa quente no meu corpo, aquecendo-me dos
pés à cabeça.
— Você está com medo de mim, Sebastian? — Ela
pousou a mão na minha perna e me esquivei.
— Você sabe que não devemos fazer isso.
— Ainda com aquele papo de que precisa falar com
meu pai e meus irmãos primeiro?
— Sim, eu não vou fazer nada com você até conversar
com eles...
— E quando vai ser isso? Quando os carros tiverem
habilidade de voarem pelos céus? — Ironizou ela.
— Quando seu pai voltar.
— Meu pai volta só daqui quatro meses e meio... O
que você pretende fazer comigo nesse meio tempo?
— Enlouquecer... — Respondi. E parei o carro em
frente à casa.
— Eu não quero esperar quatro meses e meio para ser
sua... — Julianne soltou o cinto de segurança e ficou de
joelhos sobre o banco do carona. Ela vestia um short
jeans curto demais para o meu gosto, e uma babylook cor
de rosa escrita “Kiss me, baby”. Seus cabelos negros
estavam soltos e ela se inclinou na minha direção.
— Pois terá que esperar...— Falei sem fôlego. O
mantra em minha mente era: “É proibido! É proibido!”.
— Então... nesses quatro meses, já que não serei sua,
poderei ser de outros... — Ela sorriu para mim e fiquei
louco.
— Você vai fazer voto de castidade nesses quatro
meses. Não pode ver, falar, ou se aproximar de qualquer
homem! — Exigi, e ela fez beicinho.
— Você não me quer e não quer que eu tenha outros.
Sabe, Sebastian uma mulher tem necessidades... e desejos.
— Ela pousou seus lábios contra os meus e logo estava
montada em mim. Chupei sua língua, e logo minhas mãos
foram parar nas suas coxas, apertando sua carne com as
minhas mãos. Fiquei duro em segundos, e Julianne
começou a esfregar-se em mim.
Não! Proibido! Proibido! Gritou uma voz na minha
cabeça.
Afastei Julianne, eu estava ofegante e ela também.
— Ainda não, Julianne! — Falei sem fôlego. — Por
favor, entre em casa. Eu preciso ir me encontrar com o
Alex.
— Eu não vou sair daqui. — Disse. A diaba remexeu
no meu colo.
— Por favor... — Implorei. Minhas bolas doíam.
— Se você quer que eu saia do carro, vai ter que me
levar no colo para dentro de casa.
— Diaba! Você quer me matar! Não vê que está me
torturando. — Acusei-a.
— Você está torturando a si mesmo. — Sussurrou ela,
mordiscado o lóbulo da minha orelha.
A ponto de perder o controle que me restava, abri a
porta do carro, soltei meu cinto e a carreguei para dentro
da casa.
— Você já pode descer. — Falei. Ela ainda estava
com as pernas ao redor da minha cintura, se prendendo a
mim.
— Não quero ficar aqui na sala, me leve para a sua
cama.
— Julianne, você está brincando com fogo. — Alertei-
a.
— Deve ser porque estou tentando me queimar um
pouco. — Joguei-a em cima da cama macia e ela riu alto.
— Eu estou saindo. Diaba! — Girei nos calcanhares e
caminhei em direção à porta do quarto.
— Sebastian, espere! — Parei e suspirei cansado
antes de me virar; e meu erro foi ter olhado para ela.
Julianne havia saltado da cama. Ela havia despido o
short e a baby-look, parada na frente da grande cama,
usando uma lingerie preta tentadora e botas texanas.
“É proibido! É proibido! É proibido! ”
Minha mente gritava que eu não podia fazer aquilo,
mas minhas pernas começaram a se mover por conta
própria, fazendo com que eu me aproximasse de Julianne.
Seu sorriso provocador sumiu de seu rosto no momento
exato em que enlacei sua cintura e colei seu corpo ao
meu...
— Então você vai se queimar... depois não diga que eu
não avisei. — Eu me apossei da sua boca, provocando,
mordiscando e acariciando-a com a língua enquanto
minhas mãos passeavam por todo o seu corpo, desenhando
cada curva de seu corpo com as pontas dos meus dedos.
Ela gemeu, e aquela voz que gritava proibido em minha
mente se calou. Bastou o gemido de Julianne, bastou a
textura de sua pele contra meus dedos, bastou seu aroma
em meu nariz e tudo sumiu… seu gosto doce e picante me
envolveu de uma forma que eu não poderia mais fugir, não
poderia mais ouvir a razão.
— Sebastian... — Ela gemeu e suas mãos chegaram até
os botões da minha camisa. Ela tentou com dificuldade
abrir, mas impaciente, arrebentou todos eles com um
puxão. Aquele gesto me deixou ainda mais excitado.
Arranquei a camisa dos meus braços e beijei seu pescoço
e ombros conforme ia abrindo seu sutiã; tentei não me
afobar, mas foi difícil me conter, e logo eu estava com a
boca no seu mamilo rosado, sugando, provocando,
deixando-o duro. Julianne agarrava-se ao meu cabelo, me
puxando mais para si. Eu a deitei na cama e fiquei por
cima dela; cheguei ao outro seio e passei a língua
lentamente por seu mamilo. Ela gemeu, ansiosa, e inclinou
os quadris, tão impaciente quanto eu. Eu sentia tanta dor
de tanto desejo.
— Shhh... calma amor. — Sussurrei no seu ouvido e
beijei seus lábios novamente. — Não seja tão ansiosa...
— Mordi seu lábio ao dizer isso, encarando seus olhos
cor de avelã. Encará-la fez meu coração bater com ainda
mais velocidade, e senti meu corpo estremecer como se
tivesse sido atingido por algo poderoso.
Voltei a beijar sua boca, e Julianne agarrou-se a mim,
enlaçando suas pernas ao redor da minha cintura. Ainda
haviam roupas demais entre nós. Percorri novamente seu
pescoço com beijos e lambidas alternadas, até chegar aos
seus mamilos e sugar um a um com vontade, até que ela
quase perdesse os sentidos. Desci por sua cintura até suas
coxas, beijando na parte interna delas. Podia sentir o
cheiro da excitação de Julianne, e estava ficando louco.
— Me desculpe. — Murmurei para ela.
— Por quê? — Perguntou.
— Por isso. — Rasguei sua calcinha de renda em dois
pedaços. Ela deu um gritinho assustado e sorri. — Eu
compro outra para você... eu só precisava te provar logo.
— O que você pensa que está fazendo? — Perguntou
ela quando minha boca se aproximou de seu sexo.
— Eu vou beijar você...
— Aí?
— Aqui. — Ela colocou as mãos no rosto,
envergonhada.
— E isso está certo?
— Amor, nunca fizeram isso com você? — Ela
balançou a cabeça, ainda tapando o rosto.
— Nunca. — Fui até ela e tirei as mãos do seu rosto.
— Olhe para mim. Vai ser gostoso, e quero que você
me observe fazendo. — Ela ficou chocada. — Para uma
diaba tentadora, você agora está parecendo um anjo
inocente.
— Lúcifer foi um anjo antes de ser o diabo. — Disse
ela, o que me fez rir.
— Você está raciocinando ainda? — Falei e desci até
entre suas pernas. — Acho que preciso fazer você parar
de pensar. — Lambi seu sexo com vontade.
— Sebastian! — Protestou Julianne por um segundo
apenas. — Oh...
Seu gosto era divino. Julianne logo começou a gemer e
contorcer-se embaixo de mim; ela finalmente havia
perdido a linha de raciocínio. Mergulhei um dedo em seu
interior. e ela era tão apertada que fiquei louco. Suguei
seu clitóris até que ela gritasse e pressionasse meu dedo
dentro de si. Seu orgasmo a deixou ainda mais úmida e
quente, ela estava pronta para mim.
Levantei da cama. arranquei minhas calças e botas, e
tirei também as botas texanas de Julianne. Apesar de
querer fode-la com ela usando aquelas botas, ela ficaria
mais confortável assim. Procurei na gaveta e não
encontrei os malditos preservativos… não tinha nenhum
sequer...
— Sebastian... me faça sua...— Implorou Julianne.
— Eu não tenho preservativos...
— Tudo bem, eu confio em você. — Disse ela.
— Você é maluca por confiar em um cafajeste como
eu. — Subi na cama novamente e Julianne encarou minha
ereção.
— Eu sei que você nunca me causaria algum mal.
— Eu sou saudável. Completamente saudável...
— Eu também... — Aquele era o sinal verde. Eu me
acomodei entre suas pernas e beijei sua boca, estava
pronto para mergulhar fundo dentro dela. — Sou saudável,
pois nunca tive isso com nenhum homem. — Disse ela,
olhando em meus olhos.
— Vo…você é virgem? — Gaguejei.
— Sou...
— Eu... eu... — Fiquei espantado.
— Estava esperando por você, Sebastian... me faça
sua... seja o meu primeiro...— Uma lágrima escapou do
seu olho esquerdo, e fui tocado de uma forma que nunca
antes havia sido.
— Eu serei também o seu último. — Fui penetrando-a
lentamente. Ela apertou-se ao meu redor, e logo cheguei a
barreira de sua virgindade. — Me perdoe amor, mas vai
doer... na segunda vez será melhor. — Prometi.
— Tudo bem, eu confio em você. Só me possua,
Sebastian... eu esperei tempo demais por você. — Ela
cravou suas unhas no meu traseiro e mergulhei dentro dela
por completo. Julianne deu um grito e agarrou-se a mim.
— Você é minha! — Falei encarando-a, e comecei a
me mover dentro dela. Precisei de todo o meu
autocontrole para não gozar em segundos. Eu havia feito
sexo milhares de vezes na minha vida inteira, mas nunca
havia sido parecido com o que estava acontecendo agora;
o que eu estava fazendo com Julianne era muito melhor,
muito mais intenso, muito mais ...
Ela pode não ter sido a minha primeira mulher, mas eu
tinha certeza que ela seria minha última. Eu era dela, e
aquilo era incrível e assustador pra caralho.
Capítulo 12

Julianne Lennox

Despertei na manhã seguinte dolorida e relaxada.


Evitei abrir os olhos por alguns segundos, pois se tudo
aquilo foi um lindo sonho, eu não queria acordar.
Coloquei a mão para o lado em que Sebastian estava
deitado, porém ali só estava o lençol vazio e um
travesseiro macio. Abri meus olhos e olhei para o lado,
Sebastian não estava ali. Os lençóis estavam bagunçados,
eu estava nua e nosso cheiro estava no ar.
Não havia sido um sonho, mas isso não significava de
que ele não havia se arrependido. Sentei na cama e o
procurei pelo quarto; ele não estava ali em lugar algum.
Resolvi levantar e acabar logo com aquele suspense.
Peguei uma camisa de Sebastian que estava jogada na
poltrona no canto do quarto, aproximei-a do meu rosto, e
senti seu cheiro delicioso antes de vesti-la.
Um sonho eu tinha certeza de que não fora, mas se
Sebastian estaria arrependido na manhã seguinte, aí era
outra história. Deus sabe como os homens são estranhos e
meio lesados; e por isso criou nós mulheres. Sabemos que
o mundo já teria acabado em guerras se só houvessem
homens na terra.
Abri a porta do quarto e corri para o banheiro para
fazer minha higiene antes de procurar Sebastian. Quinze
minutos depois eu já estava no corredor a caminho da
cozinha, e o cheiro de ovos mexidos, bacon e café fresco
causou um barulho estranho no meu estômago… eu estava
faminta.
Cheguei na cozinha, e se eu tivesse uma câmera, teria
registrado aquela cena na mesma hora. Sebastian estava
usando apenas o seu jeans desbotado e um avental preto.
Do local onde eu estava, tinha o vislumbre de suas costas
largas e bronzeadas. Em seu ombro direito pude
finalmente ver o desenho que me deixara curiosa na noite
de ontem, era a tatuagem de um belo alazão com as patas
dianteiras erguidas no ar, era lindo. Notei abaixo dele uma
cicatriz um tanto quanto grande, que eu havia a acariciado
ontem enquanto Sebastian estava dentro de mim.
Fiquei alguns minutos observando-o em silêncio.
Temia receber um pedido de desculpas, ou algo como:
“isso nunca deveria ter acontecido”. E por mais que eu
detestasse o suspense, quis ficar dentro da minha bolha
nem que fosse por mais alguns minutinhos; o que durou
apenas dois minutos já que, como se sentisse minha
presença, Sebastian girou nos calcanhares e me encarou.
— Bom dia. — Cumprimentei-o depois de alguns
segundos encarando-o. Ele continuou me observando com
atenção. Sua expressão era um enigma para mim, e me
sentindo um tanto desconfortável com o seu olhar, tirei o
peso de um pé para o outro e minhas mãos ficaram
levemente suadas. Como posso ter ficado tão tímida
diante dele, depois da noite que tivemos? — Eu, é.… —
Não sabia o que dizer, mas aquele silêncio constrangedor
estava me deixando maluca.
Sebastian diminuiu a distância entre nós e pousou as
mãos em meu rosto, encarando meus olhos com
intensidade. Ele pousou o olhar em meus lábios e
finalmente falou.
— Bom dia, amor. — Então tomou minha boca para si.
Eu me senti tão extasiada por ele não fugir ou se
arrepender que minhas pernas ficaram bambas, e agarrei
seus cabelos com minhas mãos. Ele logo puxou minhas
pernas e as entrelacei em sua cintura. O beijo foi
aprofundando até que o cheiro de algo queimando chegou
ao meu nariz. Sebastian afastou nossos lábios e me
carregou até uma cadeira alta na copa da cozinha.
— Vamos repor as energias. — Ele me deixou ali
sentada e correu para a frigideira. Dei graças a Deus que
ele me colocou ali sentada, ou Deus sabe se eu iria
conseguir ficar de pé depois daquele beijo.
Em poucos minutos ele colocou bacon, ovos, morangos
e panquecas na minha frente e café e leite fresco. Senti
meu estomago roncar, mas adorei vê-lo trabalhando na
cozinha. Sebastian era um homem completo… quem diria
que aquele cafajeste seria tão atencioso.
— Você está bem? — Perguntou ele quando se sentou
ao meu lado. — Não está dolorida? Machucada?
— Estou ótima, e só um pouco dolorida... mas é uma
dor gostosa. — Falei, encarando-o com um sorriso
estampado nos lábios.
— Eu não te machuquei mesmo? — Ele ainda parecia
preocupado.
— Você fez tudo, Sebastian, menos me machucar. —
Tranquilizei-o. Comi um pedaço de panqueca e mordi um
morango. — Na verdade estou pronta para outra. — Ele
pousou a mão na minha coxa e a apertou de leve.
— Não me diga uma coisa dessas. — Sua voz estava
rouca, e seu olhar preocupado logo transformou-se em
desejo. Mordi o lábio e pousei minha mão sobre a sua.,
Meus seios de repente ficaram muito pesados e um senti
um leve latejar entre as minhas pernas.
— Só estou expressando meu desejo. — Ele grunhiu
baixo.
— Vamos comer logo para que eu possa cuidar de
você. — Sorri e bebi café satisfeita.
— Eu pensei que sua reação seria outra. — Comentei
entre uma mordida e outra.
— Como?
— Tipo: “Ah, desculpe, a noite de ontem foi um erro,
vamos esquecer tudo isso”. — Disse, e ele me encarou
sério.
— A noite de ontem foi tudo menos um erro; e eu não
conseguiria esquecê-la nem se batesse forte com a cabeça.
— Ele suspirou.
— Agora eu entendo mais ainda a fascinação das
vacas por você.
— Vacas?
— Sim, tipo aquela vaca que joguei no estrume. — Ele
riu alto.
— Você é hilária, Julianne.
— É sério... pensando agora até me dá raiva… você
levava elas as estrelas e depois preparava um delicioso
café da manhã... por isso aquelas vacas desejam você.
— Não seja boba, nunca dormi com nenhuma delas, e
nem preparei café da manhã pra elas.
— Do café da manhã posso acreditar, mas nunca
dormiu com elas? Isso não consigo crer.
— Sempre dispensava. Me incomoda dormir com
outra pessoa, me sinto sufocado.
— Você dormiu essa noite. — Fiquei sem jeito e falei.
— Eu ouvi você roncar. — Ele me encarou. — Roncar um
pouquinho. — Acrescentei.
— Essa noite eu consegui dormir, mas com outras
mulheres eu não conseguia.
— Me incomoda esse seu passado, um pouquinho… e
que eu não tenha sido sua primeira.
— Você pode achar que não foi a primeira, mas foi a
primeira em muitas coisas. — Ele comentou sério. — Foi
a primeira de quem senti ciúmes, a primeira que consegui
dormir junto, a primeira para quem eu cozinho, e a
primeira que depois deste café da manhã vai voltar para a
minha cama. — Senti minhas bochechas ficarem quentes e
o encarei de soslaio.
— Sabe, uma vez eu vi você... vi você fazendo sexo
com uma mulher. — Sebastian engasgou com o café e
levou alguns segundos até voltar a si.
— Você me viu? Como? Onde? Quando? Como assim?
— Ele estava pasmo.
— Eu tinha quinze anos, era aniversário de casamento
dos meus pais, e eu estava furiosa pois achava que o
mundo me odiava. Estava escovando o pelo de Kal-El
quando você entrou acompanhado de uma das
garçonetes... você tinha pego a pulseira dela, ou algo
assim, mas ali ela lhe deu algo a mais... eu vi tudo.
— Você ficou espiando escondida? — Perguntou
pasmo.
— Sim, eu já gostava de você naquela época. Depois
daquele dia os sonhos ficaram mais intensos.
— Você teve sonhos eróticos comigo?
— Várias vezes.
— Julianne. — Ele pegou minha mão e pousou sobre
sua ereção, que estava dura feito pedra. — Se você
estiver dolorida, não fique me dizendo essas coisas…
você está me deixando louco. — Apertei sua ereção em
meus dedos.
— É esse o objetivo.
— Diaba!
— Eu sou mesmo. — Respondi.
Sebastian levantou-se num pulo e me pegou no colo, e
entrelacei minhas pernas na sua cintura e beijei sua boca;
suas mãos apertavam meu traseiro enquanto eu me
esfregava contra sua ereção. Ele me colocou no chão da
sala, e como chegamos ali eu não saberia dizer, mas o
tapete felpudo e macio embaixo de mim era perfeito. Ele
mordiscou meu pescoço e abriu a camisa, e eu estava
completamente nua embaixo dela. Arrancando o avental e
tirando as calças apressadamente, ele voltou a me beijar,
e com seus dedos me estimulou, mas eu já estava úmida e
pronta para ele.
Ele se posicionou na minha entrada e me penetrou com
cuidado. Agarrei-o, deixando-o colado em mim, e mordi
com força seu pescoço. Eu estava faminta por ele.
Sebastian começou a se mover dentro de mim encarando
meus olhos. Eu o amava tanto que estava no paraíso.
— Eu... — Ele começou a falar, mas não conseguia
formar frases; e nem eu pois logo me vi caindo em um
grande buraco negro. Atingir o ápice ao me masturbar
pensando nele não era nada comparado ao atingir o ápice
com Sebastian dentro de mim. Com mais algumas
investidas, Sebastian ergueu-se rapidamente e derramou-
se ao meu lado, derramando sua semente no chão de
linóleo.
— Por que? — Perguntei e ele me abraçou.
— Só estou protegendo você...— Ele me encarou. —
Você é tão jovem, amor... Quero te levar para fazer muitas
coisas antes de você ter um filho nosso.
— Filho nosso? — Senti meus olhos marejarem. Não
que eu quisesse um filho agora, mas só de saber que
Sebastian tinha planos de termos um filho juntos no futuro
já foi o suficiente para me deixar emocionada.
— Isso. Um dia teremos alguns filhos...
— Alguns?
— Uns cinco, pelo menos.
— Eu estou só surpresa por você ter pensado em ter
filhos comigo. — Desviei o olhar para o sofá.
— Julianne, olhe para mim. — Eu o encarei de volta e
ele deu um selinho em meus lábios. — Não sei se esse era
um dos seus objetivos ao vir para a minha casa, mas eu
estou perdidamente apaixonado por você.
— Sebastian... — Sussurrei sem acreditar.
— Parece que você me fez ter várias primeiras vezes.
— Ele acariciou meu rosto com cuidado. — Você é minha
e eu sou seu... e nada nem ninguém vai atrapalhar o que
temos.

*******

Mais tarde naquele dia a campainha tocou. Sebastian


estava dormindo, e como ele havia preparado nosso
almoço, eu estava lavando a louça. Cantarolando feliz,
tirei o avental e alisei minha blusinha e short, corri para
atender a porta. Ao abrir dei de cara com uma mulher; Ela
era da minha altura, tinha cabelos negros, olhos azuis, mas
era tão magra quanto uma vareta.
— Posso te ajudar em alguma coisa? — Perguntei.
— Quem é você? — Ela perguntou, me encarando com
desdém.
— Sou a mulher de Sebastian. E você, quem é?
— Não minta para mim, você é apenas mais uma foda
dele… mas tudo bem, não sabia que ele estava
acompanhado, volto mais tarde quando você já estiver
partido.
— Se você tem amor pelo seu rosto, sugiro que não
volte aqui mais tarde. — Alertei-a. Ela sorriu para mim e
me encarou como se tivesse pena de mim.
— Quando ele mandar você embora, eu volto.
— Eu não vou embora.
— Acho que daqui umas duas horas eu voltarei...
— Você é tem déficit de atenção? Eu posso desenhar
para você se você não entendeu: Sebastian é o meu
homem, e se você voltar aqui de novo, vai se ver comigo.
— Sebastian não tem dona, e nunca quis ter um
relacionamento com mulher nenhuma....
— Isso porque ele nunca se relacionou comigo. —
Suspirei impaciente. — Agora saia da porta da minha
casa pois não estou afim de limpar a calçada com a sua
cara.
— Eu vou voltar.
— Você foi avisada, se voltar aqui, não serei educada.
— A vaca riu e saiu dali.
Pelo jeito eu teria que espantar um bom rebanho de
vacas, mas seria bem divertido. O que importa era que
Sebastian me pertencia, ele era meu e de mais ninguém.
Voltei para a cozinha e em meia hora a campainha
tocou novamente. Fiquei furiosa, não era possível que a
maldita tinha voltado. Caminhei a passos largos em
direção a porta, pronta para limpar a calçada com a cara
dela.
— Eu avisei você... — Paralisei no mesmo instante.
Diante de mim estava um Luke furioso, um Dom
soltando fumaça, e o padrinho Travis com uma expressão
de fúria que nunca havia visto antes.
Capítulo 13

Julianne Lennox
— Onde está aquele maldito? — Luke foi o primeiro a
falar. Ou devo dizer, rosnar.
— Irmãos, padrinho... que surpresa agradável. —
Falei, tentando manter minha voz calma e minha expressão
angelical. — O primo Sebastian não está em casa, vocês
vão encontrar ele no haras.
De jeito nenhum eu iria deixar esses doidos entrarem e
descobrirem o Sebastian nu em pelo, adormecido na
cama. Eu precisava dar um jeito de tirar eles dali.
— Não minta, Julianne, será pior para você. —
Alertou Travis.
— É melhor sair da nossa frente se não quiser ser
atropelada. — Ameaçou Dom.
— Nós sabemos que Sebastian está aí. O carro do
maldito está aqui fora. — Argumentou Luke.
— Ele foi para o haras de carona. — Repliquei.
— Vamos entrar e esperar por ele, então. — Disse
Travis, que de todos parecia estar mais calmo e
controlado.
— Não! — Falei rápido demais ,e Dom me encarou
com desconfiança arqueando a sobrancelha direita. — Por
que eu não levo vocês até o haras? — Sai para que eles se
convencessem de que Sebastian não estava ali.
— Pare de protegê-lo, Julianne… sabemos que ele
está aí dentro. Você não sabe mentir. — Falou Luke.
— Estou falando sério! Sebastian não está aí dentro.
— O que houve com primo Sebastian? — Perguntou
Dom.
— Já está até o chamando pelo nome! — Disse Luke
com os punhos cerrados.
— Julianne. — Encarei meu padrinho Travis, que me
chamou com tranquilidade. — Venha até aqui me dar um
abraço, que irei entender tudo o que você me disser. Sabe
que sou mais calmo que seus irmãos.
Encarei ele com desconfiança, mas lembrei-me que
meu padrinho sempre foi um homem tranquilo e
inteligente, e se alguém poderia me ajudar, seria ele. Corri
para os seus braços e me aconcheguei a ele.
— Desculpe-me. — Ele sussurrou no meu ouvido.
Tentei me soltar do seu abraço, mas ele não me soltou.
— Desculpar você? — Quando me dei conta da minha
burrice, Dom e Luke já estavam dentro da casa. —
Padrinho! Não acredito que você fez isso.
— Seus irmãos só querem cuidar de você!
— Eles vão matá-lo! Me solte! — Tentei me
desvencilhar do seu abraço, mas meu padrinho era muito
forte.
— Julianne, Sebastian não é o homem certo para você.
Nunca daria certo.
— Não me venha com essa! Você se apaixonou pela
minha irmã quando ela vivia do outro lado do Atlântico e
você e meu pai se odiavam.
— É diferente, Ju. — Comentou ele.
— Não venha me dizer quem devo ou não amar! —
Gritei.
— Amar?
— Sim! Agora me solte, padrinho, ou irei esquecer
minha educação e acertar meu joelho em suas bolas. —
Avisei-o, e ele me soltou no mesmo instante, me
encarando perplexo.
Não fiquei ali mais que cinco segundos o encarando e
corri para dentro de casa. A porta do quarto estava
escancarada, e um Sebastian sonolento segurando apenas
uma blusa para tapar suas partes estava preso contra a
parede. Para ser mais exata, a minha blusa rosa estava
tapando as partes dele… poderia ficar pior?
— Eu não acredito! Dentre todas as mulheres, você foi
abusar justamente da minha irmã. — Luke, sempre tão
calmo, estava furioso o que dava muito medo. Quase
nunca se via Luke perder a cabeça, mas quando acontecia,
que todos saíssem de perto.
— O que você tem na cabeça cara? — Questionou
Dom. Sebastian estava impedido de responder, já que
Luke o prendia a parede pelo pescoço. — Ela é sua
prima, aquela que você pegou no colo quando tinha doze
anos… você viu ela bebê e chamava ela de pirralha.
Sebastian não conseguia responder. Na verdade,
estava ficando completamente sem ar.
— Soltem ele! Vocês irão mata-lo! — Gritei.
— Não se preocupe, ele não vai morrer. — Disse
Luke. — Não hoje, pelo menos.
— Vamos deixar o trabalho sujo para o papai.
— Papai? — Ah não, era a minha ruína. — Vocês
contaram para o papai?
— Ainda não, o pai está em uma ilha nas Bahamas sem
comunicação pelos próximos sete dias… mas assim que
ele chegar ao hotel em Tóquio, que é o próximo destino
dele e da mãe, nós vamos alertá-lo. — Respondeu Dom.
Sebastian era bem mais forte e mais alto que meus
irmãos, mas não tentava se soltar do aperto e nem lutar
com os meus irmãos. Ele estava pálido e quase sem ar.
— Garotos, deixem o homem ao menos tentar se
explicar. — Falou o padrinho Travis, que havia chegado
no quarto.
— Não há o que explicar! Tudo já está bem explicito
diante dos olhos de quem quiser ver. — Falou Luke.
— Sim, olhe para essa cama... aí está a prova de que
ele seduziu nossa irmã. Fez dela mais uma de suas
vítimas. — Apontou Dom.
— Vítimas? Me seduziu? — Ri sem humor. — Vocês
não acham que estão sendo um tanto dramáticos? Eu é
quem...
— Sebastian, estou extremamente decepcionado com
você! — Uma voz rouca e poderosa veio da porta. Claro,
tio John precisava chegar para se juntar a festinha.
— Sebastian não fez nada! — Gritei, pois parecia que
ninguém estava me escutando.
— Acredite, o que ele fez pode ser chamado de tudo,
menos de nada. — Disse Travis, apontando para a cama.
— O que você está fazendo aqui? Deveria me ajudar.
— Seu pai pediu que eu cuidasse de você enquanto ele
estivesse fora, já que sou seu padrinho e sou mais velho
que seus irmãos. — Explicou ele.
— Você e meu pai estão todo amiguinhos agora, não é
mesmo? — Falei, fula da vida. Li a história deles no
grande caderno de minha mãe, e sabia que antes, ele e meu
pai se detestavam.
— Julianne, sinto muito se meu filho seduziu você. —
Falou tio John.
— Ele não me seduziu! Eu seduzi ele! — Falei com
veemência.
— Não precisa defende-lo. — Disse Luke. — Olha, o
que você fez com minha irmãzinha. — Disse apertando
ainda mais a mão no pescoço de Sebastian.
— Será que... ao menos posso falar? — Perguntou
Sebastian em meio ao aperto.
— Não! Você vai ficar aqui!
— Até quando? — Perguntou Sebastian rouco.
— Ora, seu maldito! — Luke ficou ainda mais fora de
si.
— Tecnicamente você não pode prendê-lo aí até seu
pai voltar. — Argumentou Travis. — Solte-o e deixe-o
vestir algo mais apropriado para que ele possa ir até a
sala conversar com a gente.
— Para ele fugir pela janela? — Disse Luke.
— Também não acho uma boa ideia. — Argumentou
Dom. — Deixar ele sozinho.
— Tudo bem, ficamos aqui vigiando-o enquanto ele
troca de roupa. — Decidiu Travis.
— Quantos anos vocês têm? Cinco? — Perguntei
irritada. — Ele não vai fugir.
— Garanto a vocês que ele não vai. — Falou tio John.
Luke relaxou o aperto e Sebastian passou a mão no
pescoço e tossiu um pouco. A marca da minha mordida em
seu pescoço ficou visível e vi os olhos de Luke faiscarem.
Ele tentou se acalmar olhando para a cama e viu ali meu
sutiã branco.
— Parece que a festinha com a minha irmã foi boa. —
Rosnou Luke, e ele já estava pronto para sair quando
Sebastian resolveu ser engraçadinho.
— Você não tem ideia, ela está tentando me matar...
Ele não conseguiu completar sua fase engraçadinha
pois Luke acertou um de direita bem no seu olho. Dei um
grito assustado. Sebastian não revidou e o encarou.
— Certo, eu mereci isso.
— Sebastian! — Corri para socorrê-lo, ,as meu
padrinho me segurou pelo braço e balançou a cabeça em
negativa.
— Você! Cale a boca e se vista logo! — Ordenou
Dom. segurando Luke ele deixou o quarto.
— Você está bem? — Perguntei para ele antes de ser
arrastada do quarto, e recebi em resposta seu sorriso e seu
olhar que me dizia que tudo iria ficar bem.

Sebastian Lennox
Meu olho estava doendo, meus músculos também
estavam doloridos, mas minha convicção estava intacta.
Julianne era minha, e meus primos que me perdoassem,
mas não iriam tirá-la de mim. Achei minha calça de
moletom no chão e a vesti, ajeitei meus cabeços com a
ponta dos dedos, mas acredito que o resultado não foi lá
muito satisfatório.
— Onde foi que eu errei? — Meu pai me perguntou,
parado na soleira da porta.
— Pai.
— Primeiro o Jacob e agora você… e pelo que fiquei
sabendo, Victória e Valentina nunca foram os anjos que
pensei que fossem. — Ele me encarou. — Me diga, meu
filho, onde errei na educação de vocês? Aprendi com meu
pai como ser um cavalheiro, e nunca fui um cafajeste.
— Pai, o senhor não errou em nada... os filhos são o
que são.
— Eu sei, sempre relevei essa sua vida promiscua.
Mas Julianne? Logo ela Sebastian. Por que?
— Pai, é diferente com ela. Eu...
— Venha logo! Estamos esperando sua explicação. —
Dominic apareceu na porta para me chamar. — Desculpe,
tio John, mas Luke está impaciente.
— Tudo bem, eu entendo. — Meu pai seguiu para a
sala e segui atrás dele.
Estavam todos sentados nos grandes sofás. Julianne
estava sentada na poltrona de canto; ela me encarou assim
que entrei na sala e lhe enviei um olhar carinhoso para
tranquiliza-la. Sentei-me na ponta do sofá e os encarei.
— Explique-se, Sebastian, antes que eu lhe acerte o
outro olho. — Alertou Luke. — Responda o motivo de ter
seduzido minha irmã, a ponto de ela abandonar a
faculdade para vir atrás de você.
— Como vocês ficaram sabendo disso tudo? —
Julianne se exaltou.
— Jack Vang viu você no haras. Esqueceu que ele é
nosso vizinho? — Disse Travis.
— Bastou apertar Cameron e ele contou tudo. —
Comentou Luke.
— Ele disse que você veio atrás de Sebastian, trancou
a matrícula da faculdade, e que irá participar do rodeio.
— Prosseguiu Dom.
— Juntos montamos o quebra cabeça. — Falou Travis.
— Conhecendo a fama de Sebastian, e sabíamos que
ele havia enfeitiçado você…. e você, como é uma
bobinha, ainda caiu nos encantos dele a ponto de
abandonar a faculdade. — Falou Luke.
— Sinto muito que meu filho tenha feito isso com
você, Julianne. — Disse meu pai.
— A pergunta é… quando ele a seduziu para que você
decidisse largar a faculdade para vir para o harém dele?
— Perguntou Travis.
— Está tudo errado, eu vim porque eu quis. Eu dei em
cima dele, eu seduzi ele. — Falou Julianne exaltada.
— Você continua defendendo-o? — Luke estava
furioso.
— Nós conhecemos Sebastian desde que nascemos,
sabemos que ele é capaz de seduzir até mesmo uma pedra.
— Falou Dom.
— Há rumores que ele é amante até mesmo da Paulina.
— Falou Luke.
— E que ele tem um filho em casa país. — Disse Dom.
— Que ele desvirgina meninas inocentes. — Falou
Luke.
— Que ele arruinou uma freira! — Disse um.
— Que ele foi pivô de vários divórcios. — Disse
outro.
— Que ele é um cafetão nos rodeios. — Falou mais
um... Eu já nem sabia mais quem estava falando, mas não
consegui me conter, e gargalhei diante de toda aquela
bobagem.
— Você está rindo? — Luke estava furioso.
— Vocês não me deixam falar, então só posso assistir
ao show e rir. — Suspirei. — Não sabia dessas histórias
todas... pelo jeito, eu povoo o mundo de bastardos.
— Eu vou socá-lo. — Dominic tentou levantar, mas
Travis o segurou pelo braço.
— Explique-se então, Sebastian. Garotos fiquem
calmos, vamos escutar o que ele tem para falar. — Disse
Travis, apaziguador.
— Desembucha então. — Disse Luke.
— É, não temos todo o tempo do mundo. — Disse
Dom.
— Diga a verdade a eles, Sebastian! — Falou
Julianne.
— Não se preocupe amor, eu vou contar a verdade. —
Falei encarando-a com carinho.
— Você a chama de amor! — Luke era ciumento
demais.
— De Diaba também, mas depende da ocasião. —
Falei, sorrindo torto para ele.
— Você quer mesmo morrer! — Disse Luke.
— Fale logo, Sebastian, e pare de gracinhas. — Meu
pai disse.
— Desculpa, não consegui evitar. — Falei. — Bem,
acho que não importa quem diabos seduziu quem... isso eu
nunca irei revelar, nunca irei dizer quem começou tudo
isso.
— Sebastian, você disse que ia contar a verdade! Sabe
que fui eu quem seduziu você. — Disse Julianne em
desespero.
— Shhh... calma... deixe-me terminar. Vou contar a
verdade. — Tranquilizei-a. Nunca em sã consciência eu
iria me acovardar e colocar a culpa nela e dizer que fui
seduzido. Apenas nós dois precisávamos saber disso, e
mais ninguém. Encarei todos ao meu redor, suspirei, e
falei em alto e bom som a verdade. — A verdade é que eu
estou, pela primeira vez na minha vida e última,
perdidamente apaixonado… apaixonado por Julianne. Eu
a amo, e pretendo passar o resto da minha vida com ela e
só com ela. Pela primeira vez em minha vida estou
fazendo planos para o futuro, e pela primeira vez em
minha vida desejo uma mulher e apenas uma. Acho que
nunca senti isso por ninguém, pois estava esperando por
ela, e com todo o respeito... quero mais é que vocês se
fodam! Pois nada e nem ninguém vai tirá-la de mim.
Capítulo 14

Julianne Lennox

O silêncio na sala foi mortal. Eu conseguia escutar


apenas o eco das batidas do meu coração nos meus
ouvidos. Todos ficaram chocados com aquela revelação.
Senti lágrimas escorrerem pelo meu rosto, e minha
vontade era correr para os braços de Sebastian ali mesmo.

— Graças a Deus! — Foi a primeira frase dita para


quebrar aquele silêncio ensurdecedor, e ela foi dita pelo
tio John. — Sonho com o dia em que isso iria acontecer
há anos, você finalmente foi laçado. — Tio John
gargalhou, e parecia o único feliz com essa novidade. Os
outros três ficaram em silêncio total.

— Também torcia e esperava ansioso por esse dia. —


Falou Dominic por fim. — Mas tinha que se apaixonar
justamente por minha irmãzinha? — Dom balançou a
cabeça, como se ainda não acreditasse que aquilo de fato
aconteceu.
— A gente não manda no coração. — Comentou
Sebastian.

— Isso é verdade. — Dom levantou-se e foi dar um


abraço de amigos em Sebastian. Quando ele se afastou, o
encarou com uma fúria contida. — Mas manda no pinto!
— Dom acertou um soco no outro olho de Sebastian, dei
um grito assustada. — Entendo que se apaixonou por
minha irmã, mas ainda estou furioso por tirar a inocência
dela antes do casamento. — Dom voltou a se sentar, então
corri até Sebastian. Um dos olhos dele já estava inchado e
o outro ficaria assim em breve. Travis e Luke
concordaram que o pecado maior de Sebastian foi ter me
seduzido até a sua cama, e ouvi comentários do tipo: “Ele
deveria ter se casado com ela antes.

— Vocês são um bando de selvagens e hipócritas! —


Falei, furiosa. — Você engravidou Mandy antes de vocês
se casarem, e não pense que não sei que vocês viviam na
cabana de pesca quando jovens. — Apontei para Dom. —
Você! Me contaram que até mesmo na beira da estrada e
em cima de um carro com a Sarah, e tudo antes de casar
com ela. — Luke se encolheu. — E você e a Lenna...
prefiro nem comentar o que o capataz do papai viu na
época. — Apontei para Travis. — O único aqui que pode
apontar o dedo para Sebastian seria o papai, pois a mãe
me contou que eles fizeram sexo só depois de casados!
Mas vocês... — Ri sem humor. — Vocês não têm o direito
de apontar o dedo para Sebastian de jeito nenhum…
nenhum de vocês aqui é santo... Então se quiserem bater
nele de novo, vão ter que passar por mim primeiro. —
Fiquei parada na frente de Sebastian e encarei aqueles
três pares de olhos. Tio John, como não havia feito nada,
não recebeu meu olhar de censura.

— Julianne... — Sebastian me chamou e o encarei.

— Deus, seus olhos. — Sebastian estava com os olhos


tão inchados que mal conseguia abrir um deles. — Eu vou
buscar gelo. — Eu girei nos calcanhares pronta para sair,
mas ele me puxou pelo braço e me abraçou.

— O gelo pode esperar. — Falou ele no meu ouvido.


Abracei-o com força.. ele ainda estava sem camisa, e
toquei suas costas com carinho sem me importar com a
plateia. — O que eu fiz para merecer uma mulher incrível
como você?

— Sebastian...— Foi só o que eu consegui dizer antes


que Luke interrompesse nosso abraço.

— Já chega de agarramento. — Falou Luke. Eu me


afastei de Sebastian apenas o suficiente para ficar ao lado
dele.
— Julianne... acho tudo isso muito bonito, todas essas
frases que ele falou, belas para as páginas de um livro. —
Continuou Luke. — Mas, na vida real é outra história,
Sebastian é um notório cafajeste há mais de dez anos...
não acredito que ele vai mudar da noite para o dia.

— Você sempre foi cético, Luke. — Falei — Mas


pensei que a Sarah havia mudado você...

— Julianne, eu entendo o que o Luke disse, e concordo


com ele. — Disse Dom.

— Não queremos que você chore toda a vez que


alguma mulher aparecer batendo aqui na porta de
Sebastian. — Disse Travis.

— Eu os entendo… minha nora Megan passou por


maus bocados com Jake. — Disse tio John. — Pode
aparecer alguma mulher do passado de Sebastian aqui, e
você se magoar e ficar chorando. As mulheres são frágeis.

— E choram por qualquer coisa. — Continuou Luke.

— Vocês realmente não conhecem a irmã de vocês. —


Disse Sebastian. — Acreditem, chorar como uma boba é a
última coisa que a Diaba faria se uma mulher do meu
passado aparecer por aqui.
E como se o destino estivesse tentando provar algo,
ouvi uma voz irritante logo em seguida.

— Sebs, querido, você está dando uma festinha e nem


me convidou? — Aquela mulher retornou e encarava
todos os homens da sala com malícia. — Gêmeos. —
Disse ela ao encarar Dom e Luke, e já pude imaginar o
que se passava na cabeça daquela vadia. Por mim, por
Amanda e Sarah e por Lenna pelo olhar que ela lançou a
Travis, e o olhar demorado que ela deu para Tio John,
cerrei as mãos ao lado do corpo.

— Mostre para eles que você não chora quando algo


assim acontece... — Sussurrou Sebastian.

— Eu avisei a você para não retornar mais aqui. Você,


definitivamente, é uma idiota. — Ela finalmente voltou a
me encarar.

— Eu não recebo ordens de uma criança… só sairei


daqui se o Sebastian me pedir, e acredite, querida, ele não
quer que eu saia. — Falou a vaca.

— Eu se fosse você, daria o fora daqui agora mesmo,


Mallory. — Falou Sebastian. — Ou a minha mulher vai
colocar você para fora.
— Sebastian, não seja bobo… você sabe o que temos,
e...

— Nós não temos nada, e agora eu pertenço a Julianne.


Eu sou dela, e vou servir a ela pelo resto dos meus dias…
com uma mulher como ela ao meu lado não preciso de
nenhuma outra.

— Você está mentindo para mim! Eu voltarei, sabe que


sempre estarei lá para você. Eu... por favor, Sebastian,
fique comigo...

— Amor próprio mandou lembranças... — Falei.

— Cale a boca, sua vaca! Estou falando com o


Sebastian! — Dei meu sorriso assassino para ela.

— Foi você quem pediu, amor... — Falei antes de ir


até ela e puxa-la pelos cabelos até o lado de fora. —
Aprenda a respeitar o espaço dos outros, ame a si mesma.
Ficar correndo atrás de um homem que não te quer, e que
já tem dona, é feio, querida... Tome jeito. — Ela gritava
feito louca, e eu fiquei procurando um lugar onde eu
pudesse joga-la... droga, se estivéssemos no haras ou na
fazenda teríamos tantas opções.

— Me solta, sua louca!


— Calma, estou pensando onde devo jogar você...
Infelizmente não tem estrume aqui, e nem lama... droga...

— Você é louca. — Havia ali uma placa linda escrita:


“Vazamento de esgoto, estamos trabalhando para concertar
isso”.

Havia uma grande poça de restos do esgoto, o cheiro


era horrível… mas parecia que a sorte estava do meu lado
até mesmo na cidade.

— Não! Você não vai fazer isso...

— Pode crer que eu vou... é uma tradição de família, e


sabe como é... respeito as tradições. — Joguei a vaca
Mallory no esgoto, e infelizmente espirrou umas gotas no
meu braço. Fui até a mangueira do nosso pátio e me lavei.

A vaca Mallory saiu correndo com parte do cabelo


coberta de um liquido rançoso e nojento... ela pensaria
duas vezes antes de vir atrás do meu homem de novo. Na
verdade ela pensaria duas vezes antes de ir atrás de
qualquer homem.

Satisfeita comigo mesma, sorri. Estava pronta para


entrar em casa para ver se Sebastian ainda estava vivo,
mas todos eles estavam parados do lado de fora da casa
observando o show.

— Sou aquela que limpa o leite se ele derrama, e não


aquela que chora por ele ter derramado. — Falei para
eles. — Eu vou ficar com Sebastian, quer vocês gostem da
ideia ou não. — Suspirei. — Eu sou uma Lennox, e foi
conhecendo a história de cada um de vocês que me
inspirou a nunca desistir daquilo que eu quero; e eu nunca
vou desistir de Sebastian.

Fiquei parada encarando-os, esperando ser


repreendida mais uma vez, Sebastian veio até mim e me
abraçou.

— Eles vão reclamar... — Falei.

— Não estou nem aí, minha Diaba linda. — E então


ele pousou os lábios nos meus e me beijou
apaixonadamente.

Esperei algum deles vir nos separar, e por isso


apreciei cada segundo daquele beijo antes que Sebastian
fosse puxado para longe de mim. Mas tudo o que escutei
foram aplausos. Eles estavam aplaudindo? Acho que
finalmente entramos na mente daqueles malucos... mas não
sabia se com meu pai seria tão fácil.
Capítulo 15

Julianne Lennox

— Acho que já basta. — Disse Luke, puxando


Sebastian dos meus braços. Por algum motivo eu sabia
que seria ele a nos afastar. — Cara! Não fique agarrando
minha irmã na minha frente. Cara, ela é minha irmã! Minha
irmã! — Repetiu com veemência.
— Acho que você vai precisar de mais tempo para se
acostumar, não é mesmo? — Falou Sebastian.
— Talvez demore uns dez anos. — Resmungou Luke.
— Vocês são todos tão dramáticos. — Falei.
Meu padrinho me encarou e sorriu. No momento em
que o encarei, notei que ele queria falar algo.
— Julianne…— Começou ele.
— Não. — Falei. — Não me peça para ir embora.
— Por que Julianne iria embora? — Intrometeu—se
Sebastian. — Ela está aqui comigo, e vou cuidar bem
dela.
— Sei como você vai cuidar, e odeio imaginar isso. —
Resmungou Luke.
— É o melhor a ser feito. Se Logan chegar de viagem e
você estiver vivendo na casa de Sebastian sozinha, sabe a
merda que vai dar? — Disse meu padrinho Travis, e
fiquei espantada, afinal nunca o vi falando palavrão. — E
você mora em uma fazenda.. tenho certeza que você
consegue treinar lá.
— Mas… — Encarei tio John em busca de ajuda e
Sebastian.
— Nós já estamos juntos, ela tem quase dezenove
anos. Estamos vivendo juntos vai fazer duas semanas...
não acho que o primo Logan vá ficar prestando a atenção
aos detalhes. — Falou Sebastian, enlaçando minha cintura
para me dar apoio.
— Meu filho, eu acho que eles têm razão… conheço o
Logan desde que ele nasceu, e acredite, neste tipo de
detalhe ele presta bastante a atenção. — Argumentou tio
John.
— Quando ele chegar de viagem já vai ter uma bomba
no colo, que é você ter abandonado a faculdade e estar se
envolvendo com Sebastian. Você o conhece bem, Julianne,
ele vai ficar furioso. Imagine como ele ficará se você
continuasse sozinha e dividindo a cama com Sebastian?
— Meu padrinho tinha razão, meu pai faria muito pior que
os meus irmãos, e isso desencadearia uma briga entre a
família do Arizona e do Texas, e uma guerra estilo Romeu
e Julieta era tudo o que eu não precisava.
— Maldição! — Falei.
— Agora você falou igual á o seu pai. — Disse tio
John.
— Eu posso conversar com o primo Logan. Não tem
porque vocês levarem Julianne. — Sebastian segurou-me
com mais firmeza pela cintura.
— Eu vou com vocês, mas vocês poderiam ao menos
nos dar uma hora de privacidade. — Pedi.
— Quarenta minutos. — Falou Luke, mal-humorado.
— Voltaremos dentro de uma hora e pouco. —
Sussurrou tio John para nós dois.
Travis, Luke e Dom entraram na caminhonete vermelha
e partiram, e tio John os seguiu no 4x4 preto dele.
— Sebastian… Ahh... — Ele me pegou pelas pernas e
soltei um gritinho quando ele me colocou por sobre seu
ombro e me levou para dentro de casa.
— Como poderei ficar nesta casa agora sem você? —
Questionou ele ao me jogar sobre a cama. — Sabe o vazio
que vai ser chegar aqui e você não estar? Não escutar o
som da sua risada… — Ele fez cosquinhas em mim, e
comecei a rir. — Não escutá-la cantarolando… — Ele
beijou minha testa e depois mordiscou meu pescoço e
gemi. — Não escutar o som dos seus gemidos… minha
vida vai ficar vazia e triste. Como você pode me
abandonar depois de me seduzir? — Ele me encarou sério
e deu um selinho em meus lábios. — Como pode me
abandonar depois de laçar meu coração? Minha vida vai
ficar cinzenta sem a minha Diaba para colorir meus dias.
— Sebastian, estou fazendo isso para o bem de todos...
Será uma confusão maior se eu estiver aqui quando meu
pai chegar. — Ele fechou os olhos, que estavam já
levemente inchados, e suspirou pesadamente.
— Eu sei, eu sei que você tem razão… vou embora
com você. Não vou ficar nessa casa vazia…
— Para onde pretende ir?
— Vou ficar na casa dos meus pais. Lá tem o jato da
família, e basta você fazer uma ligação ou mandar uma
mensagem e estarei em Flagstaff com você.
— Eu nunca imaginei que seria assim com você. —
Comentei acariciando seu rosto com a ponta dos dedos.
Pude sentir sua barba despontando ali e gostei da fricção
dela contra meus dedos. — Não sabia que você era tão
protetor.
— Como eu disse, com você estou vivendo as minhas
primeiras vezes... nunca fui assim com nenhuma mulher
antes, só com você.
— Nem imaginava que era tão romântico e que diria as
coisas certas para me fazer derreter a cada frase.
— É um dom. — Eu ri de sua brincadeira.
— Mas é sério, você mudou a minha vida de forma
louca... Sabe que quero você desde aquele dia que fui
visitar seus irmãos, aquele dia em que você foi me buscar
no aeroporto. — Fiquei chocada.
— E por que você não me disse nada? Estava tão
nervosa naquele dia.
— Você era menor de idade e fiquei assustado, afinal
você era minha priminha caçula.
— Conversei com Cameron aquele dia, e deixei ele
quase maluco.
— Quando vi você com ele aquele dia fiquei louco de
ciúmes. — Ri alto.
— Ah se eu soubesse… Cameron é meu irmão de
coração. Somos melhores amigos desde que eu me
lembro, então não precisa ter ciúmes dele mais.
— Julianne, eu tenho ciúmes até mesmo da água do
banho que fica tocando todo o seu corpo…
— Homens são tão dramáticos. — Sebastian me calou
com um beijo apaixonado, e sua língua provocou minha
boca. Enlacei sua cintura com as pernas e o senti duro
sobre a calça. Gemi e desejei que houvesse menos roupas
entre nós e mais tempo para fazermos amor.
— Isso é para mostrar para você como estou louco por
ti. Você virou meu mundo de cabeça para baixo, ou devo
dizer que vivi sempre em um mundo de cabeça para baixo
e você finalmente o colocou nos eixos? Era como se eu
estivesse adormecido antes e você chegou para me
acordar…
— Eu gostaria de fazer amor com você mais uma
vez… — Mordi seu lábio e passei a língua provocando-o.
— Não temos tempo, e você merece mais do que uma
rapidinha.
— Eu estou implorando. — Falei, erguendo meus
quadris e me esfregando contra sua ereção.
— Julianne… — Sebastian levantou-se num pulo,
como o diabo quando foge da cruz. — Seus irmãos logo
estarão aqui. — Falou ele ainda de costas. Ergui as pernas
e tirei minha calcinha, ficando com o vestido erguido em
minha cintura.
— Não precisamos tirar as roupas. Venha... preciso de
você dentro de mim.
— Eu realmente não posso… — Foi o que ele disse ao
se virar e encarar-me ali, com as coxas afastadas, pronta
para ele. — Maldição!
Ele lambeu os lábios, e hipnotizado, aproximou sua
cabeça entre as minhas pernas, e o ouvi aspirar o ar. Eu já
estava úmida e excitada, pronta para ele. Ele me tocou
com a língua e meu corpo inteiro estremeceu.
— Você já está pronta para mim…
— Sim… por favor, Sebastian, me devore…
— Diaba... você está sempre colocando tentações na
minha frente… por isso o apelido te cai bem…
— Pare de falar e me possua! — Falei impaciente,
sentia necessidade por ele me preencher. Foi quando o
senti, ele me penetrou de uma vez só. Estava tão desejosa
que nem tinha notado que ele havia aberto a braguilha das
calças. Ele ficou por cima de mim e começou a me beijar
enquanto arremetia e me penetrava com força e
velocidade, e gritei feito louca, arranhando suas costas.
Foi intenso, selvagem e atingi o orgasmo segundos depois
dele ter mergulhado dentro de mim. Era excitante fazer
sexo assim com ele, sabendo que a qualquer momento
alguém poderia aparecer ali. Olhando em seus olhos senti
uma conexão sem igual. Sabíamos que éramos o certo um
para o outro, sabíamos que iriamos ficar juntos para
sempre, e sabia que com Sebastian ao meu lado, eu
poderia enfrentar o mundo. Então era assim que era fazer
amor com quem se ama… por sorte nunca iria descobrir
como era fazer sexo sem amor. Por sorte encontrei o meu
homem e ele foi o meu primeiro e seria o meu último.
— Eu não sei se consigo… eu… — Sebastian me
levou ao orgasmo mais uma vez. Apertei-o dentro de mim
e o senti estremecer por completo e me preencher com sua
semente. Ele ficou em cima de mim mais alguns minutos,
tentando acalmar a sua respiração. — Desculpe, eu não
consegui segurar…
— Shhh... está tudo bem, eu tomo pílula. — Beijei sua
face com carinho.
— Eu preciso levantar e limpar você, amor; mas não
consigo parar de abraçar você. — Disse ele no meu
ouvido.
— Vamos ficar assim juntinhos por mais uns minutos,
sim? — Abracei-o com força. Senti o seu coração
acelerado ir acalmando-se aos poucos.
Depois de alguns minutos ele levantou-se e saiu de
dentro de mim, ele ajeitou as calças e foi até o banheiro,
me limpou com cuidado com uma toalha úmida com água
morna, o que me fez amá-lo ainda mais por ter esse
cuidado comigo. Quem diria que o cafajeste Sebastian, o
lendário libertino que partia corações seria assim, tão
carinhoso e cuidadoso. Ele colocou minha calcinha em
mim e beijou-me entre as pernas por cima da calcinha.
Sentei-me na cama e passei as mãos pelos cabelos.
— Como estou? — Perguntei.
— Linda. — Sorri e senti as bochechas esquentarem.
— Digo os meus cabelos… e o meu rosto... Daqui a
pouco eles estarão aqui.
— Com cara de quem acabou de gozar. — Disse ele.
— Com cara de satisfeita.
— Sebastian! Não brinque com essas coisas! Você tem
amor a vida?
— Você é a minha mulher, não há nada que eles
possam fazer para me impedir de amar minha mulher do
jeito que ela merece. — Senti minha garganta secar e meu
coração acelerar.
— A… amar? — Gaguejei.
— Sim, Julianne... eu amo você. Você ainda tinha
dúvidas disso?
—Eu é… eu...você não tinha dito ainda.
— E sou um babaca por isso. — Ele segurou em
minhas mãos e ficou de joelhos na minha frente aos pés da
cama. — Eu te amo, Julianne Lennox. Você vive na minha
cabeça há tanto tempo que nem sei, e nas últimas semanas
você mudou a minha vida… eu me sinto um novo homem.
— Eu também te amo, Sebastian. — Eu o abracei e
lembrei-me do meu plano para três dias à frente. Aquilo
não daria certo, eu tentaria apelar para o coração de
Sebastian. — Olhe para mim, preciso que você faça algo
por mim, e assim você não ficará tão sozinho.
— Faço qualquer coisa por você. — Sorri.
— Você não pode se esquecer desta promessa. —
Falei. — Qualquer coisa mesmo?
— Sim... se for para fazer você feliz, eu farei.
— Meu pedido é para fazer mais de uma pessoa feliz.
— Falei, e ele me encarou curioso.
— O que é, afinal?
— Quero que você vá até a fazenda de Patrick e passe
essa semana lá com ele.
— Com o meu avô? — Questionou ele incrédulo. —
Me peça outra coisa amor, menos isso.
— Vocês precisam se entender. Você precisa perdoá-
lo, e…
— Estou muito bem sem conviver com ele. —
Declarou Sebastian.
— Pare de enganar a si mesmo. Você o idolatrava, e
por causa do que aconteceu está fazendo isso…
— Ele é um escroto.
— Ele é um senhor de idade que está com a saúde
debilitada e deve ter alguns poucos anos de vida... Você
deixe de ser teimoso e vá para lá.
— Julianne. eu…
— Eu faria qualquer coisa por mais uma semana com
meu avô. Quando ele faleceu foi doloroso demais…
pensei que deveria ter dito mais vezes que o amava,
deveria ter ido mais vezes visitá-lo, e deveria ter
escutado suas histórias com mais atenção. — Lágrimas me
turvaram a visão com as lembranças. Quando meu avô
faleceu, o máximo que consegui fazer foi chorar junto com
a minha mãe que havia recém perdido seu pai, e ao invés
de consolá-la por havia perdido o pai, ela quem me
consolou por ter perdido meu avô materno. — Você tem
um avô, Sebastian. Zele por ele, lembre-se que ele é
humano, e também comete erros na vida.
— Não chore, por favor.
Eu nem havia notado que estava chorando quando
Sebastian limpou as lágrimas do meu rosto.
— Eu fico assim quando lembro do meu avô. Eles são
pessoas preciosas, Sebastian… poucas pessoas tem a
sorte de ter os avós vivos, e você está desperdiçando isso
por uma mágoa do passado.
— Se eu for falar com ele, isso a deixará feliz? —
Perguntou ele.
— Sim, e tenho certeza que deixará você e ele felizes
também.
— Eu vou falar com o coroa, mas por você. — Disse
ele, mas sabia que ele amava o avô… ele só precisava se
lembrar disso; e então ele veria que foi por ele mesmo
que ele foi, e não por mim.
— Isso é o suficiente para mim. — Sorri e beijei sua
bochecha.
— Você tem certeza de que só tem dezenove anos?
— Minha alma é velha. — Falei. — Eu me pergunto as
vezes se não sou a reencarnação da nonna da Lenna.
— Quem sabe… vamos fazer nossas malas?
— Vamos.
— Ou quem sabe podemos ir para a cama? — Sugeriu
ele.
— Acho melhor vocês não irem para cama nenhuma,
eles estão chegando ai. — Disse tio John no vão da porta.
Dei um gritinho, assustada.
— A porta da frente ficou destrancada. — Falei o
óbvio para Sebastian.
— Sim… — Ele me deu a mão para que eu levantasse
da cama e me abraçou. — Acho que seu plano de me
mandar para a fazenda do meu avô é bem inteligente. —
Ele sorriu maliciosamente. Ele definitivamente precisava
colocar um gelo no rosto. Por sorte os socos dos meus
irmãos não foram tão fortes.
— Por que está dizendo isso de repente? — Perguntei.
— Porque a fazenda dele fica no Arizona, e vai ser
mais fácil da gente se encontrar… — Ele mordeu o lóbulo
da minha orelha e já imaginei mil coisas que poderíamos
fazer ao nos encontrarmos escondidos... pena que a
cabana de pesca não estava mais deserta... mas sempre
tinha o estábulo, o celeiro, o lago... ou o meu quarto, que
ficava no térreo… assim não haviam riscos de acontecer
algo como o que aconteceu com o Alejandro... ainda
lembro daquela história dele ser jogado seminu da janela
da Deborah. Deus abençoe os quartos no térreo…
Capítulo 16

Sebastian Lennox
A muitos anos atrás...

Estava passando o verão na fazenda de meu avô.


Aquele era, sem dúvidas, um dos melhores verões da
minha vida. Qualquer garoto ficaria animado em cavalgar
com o avô, pescar, aprender a laçar um boi, e é claro,
caçar algumas codornas. Naquele verão aprendi muitas
coisas, entre elas a amar minha nova avó; seu nome era
Constance, ela tinha cabelos vermelhos como os morangos
que colhíamos, olhos verdes como as folhas das árvores,
sorriso fácil e acolhedor. Ela me amava também, e amava
ainda mais o meu avô.
— O que o meu vaqueiro favorito está fazendo? —
Perguntou ela quando me viu perto de um canteiro de
hortênsias.
— Estou colhendo flores para a senhora, vó. —
Alertei-a.
— Você é um perfeito cavalheiro, meu menino. —
Terminei de colher as flores e corri para os seus braços.
Para um menino de oito anos, ter uma avó era a coisa
mais maravilhosa do mundo, e eu finalmente tinha uma. Eu
me perguntei se minha mãe e meu pai me permitiriam
viver ali aquele ano, afinal as gêmeas estavam sempre
chorando e me atrapalhando. Ali na fazenda com meu avô
e minha avó Constance eu poderia ser muito feliz.
Naquele dia eu quase havia conseguido laçar um bezerro,
e em mais uns dias e eu poderia, sem dúvida alguma, laçar
um de verdade e me tornar um verdadeiro vaqueiro.
— Eu sempre quis ter um netinho como você, mas
infelizmente a vó Constance nunca pode ter filhos. —
Disse ela ao nos afastarmos. — Mas estou muito feliz em
ter ganhado um neto.
—Vó, eu também sempre quis ter uma avó. — Falei
determinado. — A mamãe do meu papai já se foi, e da
minha mãe também, e por isso nunca tive uma avó...
— Pobrezinho... — Disse ela bagunçando meus
cabelos. — Todo menino precisa ter uma avó para mimá-
lo.
Pensei por alguns instantes, e uma ideia surgiu na
minha mente.
— Vó Constance, quer ser minha avó de verdade?
Sabe, podemos assinar um papel, e pronto, você vira
minha vó.
— Assinar um papel?
— Sim, meu pai assinou um papel para ser meu pai de
verdade... — Falei com um sorriso. — Vou pedir ao papai
que faça um papel e assim me tornarei seu neto. — Vó
Constance gargalhou e me encarou com tanto amor que me
senti transbordar.
— Sim, meu pequeno... eu serei sua avó. — Abracei-a
com força e senti seu aroma característico: biscoitos, mel
e hortelã.
— Te amo, vovó.
— Também te amo, meu neto. Agora vamos comer uns
biscoitos, sim?
— Eba!
Foi determinado, Constance seria oficialmente minha
avó, e o único papel que ela precisava assinar seria o de
casamento com o meu avô. Eu estava muito feliz. Meu avô
me levou para dar um passeio na cidade aquele dia, e me
apontou uma bela quantidade de terras do outro lado da
nossa cerca.
— Essas terras, meu neto, logo serão nossas... vou
deixar uma boa herança quando me for para você e suas
irmãs. — disse ele gargalhando.
— São terras muito bonitas, vovô. — Falei admirado.
Já me imaginava cavalgando por ali ou pescando naquele
grande lago. — O senhor vai comprar?
— Não, vou investir e será meu.
— O que é investir, vovô? — Perguntei curioso. Sabia
de muitas coisas para um menino de oito anos, mas a
palavra investir eu não sabia o que significava.
— Vou me casar, oras; será um ótimo investimento…
Você ganha uma avó, e eu umas terras… Isso irá
compensar sua mãe por tudo o que já lhe fiz passar. —
Como uma criança inocente, achei aquilo tudo o máximo,
afinal minha avó viria acompanhada de um terreno no qual
eu poderia brincar e cavalgar. Eu estava admirado com a
inteligência de meu avô, e feliz por ele me dar uma avó de
presente.
Algumas semanas se passaram, meu avô e vó
Constance se casaram, e tudo estava bem; havíamos até
mesmo derrubado a cerca e as duas terras agora eram uma
só. Minha avó foi na cidade comprar os remédios do meu
avô, e eu estava cavalgando alegremente, aproveitando os
últimos dias do verão antes de retornar para casa e a
escola. Pretendia cavalgar mais, porém como o tempo
fechou resolvi voltar cedo para a casa do meu avô antes
que a tempestade se iniciasse. Deixei o cavalo com o
senhor Hugh e corri para a casa.
Escutei alguns sons estranhos vindo da biblioteca e o
segui. A porta estava entreaberta e vi uma jovem mulher
de cabelos dourados; ela estava sem roupas e de costas
para a porta. Empurrei a porta apenas o suficiente para
ver o que ela estava fazendo, afinal a curiosidade estava
me assolando, pois aquela mulher gemia como se
estivesse sentindo dor.
Então vi o que ela estava fazendo, ela estava montada
em cima de meu avô, que a encarava com uma expressão
estranha. Eu não sabia muito bem o que eles estavam
fazendo, mas de uma coisa eu tinha certeza: aquilo ali
estava errado, muito errado. A mulher continuou a
cavalgar meu avô… sim, cavalgar era a resposta certa,
pois parecia que ela estava montada em um cavalo.
— Vá para o seu quarto, Sebastian. — Vó Constance
me assustou. Sua voz estava gelada, e vi lágrimas
escorrem por seu rosto.
—Vó, o que aconteceu?
— Eu mandei você ir para o seu quarto. — Disse ela
de uma forma que fez com que eu me arrepiasse. —
Agora, Sebastian! — Exigiu ela.
Saí correndo, magoado e furioso, afinal, minha avó
nunca havia falado comigo daquela forma. No dia seguinte
ela se mudou, voltou a morar em sua velha casa, e sem se
despedir de mim ela foi. Ainda estava em nossas terras,
ela e meu avô ainda estavam casados, mas viviam em
casas separadas. Eu sabia que a culpa tinha sido do meu
avô e o fato de aquela moça estar em cima dele. Por isso
o confrontei.
— Você precisa trazer a vovó de volta! — Gritei, e
então vi a moça trazer café até meu avô.
—Sebastian, cumprimente a nova governanta da casa,
Annette. — Encarei a jovem mulher, que deveria ter a
mesma idade da minha mãe.
— Não vou cumprimentá-la! Foi por causa dela que
minha avó foi embora.
— Seja educado, Sebastian. Tem que tratar bem
Annette, ela cuida direitinho das minhas necessidades.
Constance não me dava o que eu precisava.
— Ela é minha avó! — Gritei furioso.
— Por favor, Annette, nos deixe sozinhos um minuto.
— Pediu meu avô.
— Vou preparar um banho relaxante para nós dois. —
Disse a mulher. — Você está tão tenso.
— Vou apenas ensinar algumas coisas para o meu neto
e então irei me juntar a você. — Disse meu avô.
A mulher se foi. Eu permaneci sentado com os punhos
cerrados e com as lágrimas de frustração banhando meu
rosto.
— Sebastian. meu neto, logo você completará nove
anos de idade, então acho que já deve saber de certas
coisas. — Começou ele. — Os homens tem certas
necessidades que apenas uma mulher não é capaz de
satisfazer, então sempre precisamos ter mais de uma
mulher. Casei com Constance pois precisava aumentar
nosso patrimônio, e também para deixar você feliz, afinal
você queria uma avó; e não pensei que ela seria tão
puritana a ponto de me abandonar por causa de um caso.
Qual homem hoje em dia é fiel a uma mulher só?
— Meu pai só abraça a minha mãe. — Falei furioso.
—Isso é o que você acha. Você não está o tempo
inteiro com John… As mulheres precisam entender que
um homem tem suas necessidades.
— Você nunca deveria ter casado com a minha avó.
— Não seja besta, moleque, ela não é sua avó de
verdade. Eu sou... e se você for esperto, não vai se casar
tão cedo... vai aproveitar a vida com as mulheres.
— O dia em que eu casar não serei como você. — A
imagem de vó Constance chorando e a dor que vi em seu
olhar preencheu meus pensamentos. — Eu odeio você!
— Moleque atrevido! Quando você crescer vai
entender que mesmo um homem casado precisa de mais de
uma mulher.
— Eu o odeio!
Fui para a casa no dia seguinte e não contei a ninguém
o que aconteceu. Passou um ano e então fiquei sabendo
que vó Constance tinha poucos dias de vida, e implorei a
minha mãe que me levasse até ela. Eu não passava mais os
verões na casa de meu avô. Quando chegamos lá na casa
dele, ele parecia destruído… estava magro e com os olhos
fundos. Eu já estava quase com dez anos, e só queria ver a
minha avó.
Cheguei ao seu leito, ela estava careca e magra.
— Meu pequeno vaqueiro, não queria que me visse
assim. Você está tão lindo e tão alto... cresceu tanto desde
a última vez em que te vi.
— Vó... por favor, não morra. — Abracei seu corpo
frágil. Ela não tinha mais cheiro de biscoitos, mel e
hortelã, ela agora cheirava a hospital. Sabia disso pois já
havia ido ao hospital algumas vezes quando meus pais
levavam Victória.
— Oh, meu menino, morrer não é algo ruim. É um
descanso e uma coisa que é certa na vida de todos nós.
Vai ser bom descansar e reencontrar meus pais, meu
falecido marido. Vamos nos concentrar em você… o que
você vai ser quando se tornar um rapaz?
— Vou ser um cowboy, vó.
— Ah, tenho certeza que sim, e será um campeão.
— E nunca vou me casar. Meu avô disse que os
homens não podem ser fieis, então nunca me casarei, pois
não quero magoar nenhuma moça.
— Seu avô estava errado quanto a isso. Quando você
encontrar a mulher certa você será fiel a ela até que a
morte os separe. — Seus olhos verdes brilharam quando
ela declarou isso. — Quero que me prometa duas coisas.
Você pode fazer isso?
— Sim, vovó. — Segurei a sua mão, e ela sorriu
fracamente.
— Prometa para mim, meu pequeno vaqueiro, que
você só vai se casar quando se apaixonar de verdade, e
que nunca irá iludir uma moça fingindo que a ama.
— Eu prometo, vovó. E qual é a segunda coisa? —
Questionei curioso.
— Você irá perdoar o seu avô...
Não respondi a ela, apenas a abracei.
— Eu te amo, vovó. Os poucos meses que em ficamos
juntos me deixaram muito feliz.
— Também te amo, meu neto. Por favor... não esqueça
das promessas que me fez. Perdoe o seu avô, e só se case
por amor.
— Eu não vou esquecer, vó....

Arizona... Dias atuais...

Eu ainda lembrava daquelas promessas. Uma delas eu


havia cumprido com determinação. Nunca iludi mulher
alguma, sempre fui honesto com todas elas; e com o
passar dos anos pensei que meu avô havia me
transformado em um homem incapaz de amar, pois nunca
me apaixonei por ninguém. Até que Julianne apareceu, e a
frase de minha avó fazer todo o sentido.
Quando encontramos a pessoa certa, somos fieis até
que a morte nos separa. Era assim com Julianne, e a minha
Diaba me fez lembrar de outra promessa que fiz para a
minha avó, a promessa que ninguém sabia, apenas eu e
minha avó, que era perdoar Patrick. E por isso eu me
encontrava agora a caminho da fazenda dele, para perdoá-
lo de uma vez por todas e para lhe dizer umas verdades.
Estacionei o carro em frente à casa na qual passei
muitos verões e subi os degraus. Se eu fechasse os olhos
poderia ver um menino magricela de oito anos ali,
sentado, comendo biscoitos com sua amada avó. Balancei
a cabeça, tentando desviar esses pensamentos e bati na
porta.
— Você? — Meu avô foi quem abriu a porta. O que foi
estranho já que ele tinha empregados. Ele estava magro e
pálido, e parecia ofegante ao abrir a porta.
— Está tudo bem? — Foi a última coisa que falei
antes que meu avô desmaiasse em meus braços. — Vovô!
— Gritei... fazia tempo que eu não dizia essa palavra, e
ela saiu do fundo da minha garganta como um grito
apavorado. Ele não iria morrer agora.
Capítulo 17

Julianne Lennox
Voltar para a casa me causou uma sensação estranha.
Ao mesmo tempo que eu não queria ter retornado de jeito
nenhum, também sentia saudades de estar ali. Era uma
casa antiga… meus avôs paternos, que nunca cheguei a
conhecer, se apaixonaram ali, meu pai nasceu naquela
casa e ela se mantinha de pé…; histórias de gerações de
Lennox foram contadas ali quando o avô do meu pai se
mudou para ali com seus três filhos, vindo da Inglaterra.
Conall, Dominic e John eram moleques quando foram
viver ali; e então depois de muitos anos, meu pai, filho de
Dominic, nasceu. Soube que meu tio-avô Conall faleceu
depois de pegar uma forte pneumonia, isso bem antes de
meu pai pensar em nascer. De todos os irmãos, o único
que ainda estava vivo era o caçula, tio John, meu futuro
sogro...
— Julianne sua maluquinha, que saudades. —
Despertando dos meus devaneios, minha irmã Elena
entrou como um foguete dentro da sala e me abraçou. —
Você continua no mundo da lua, né? Chamei você três
vezes e você não me ouviu.
— Estava pensando no passado... sobre as histórias da
família.
— O que essa família mais tem são história. —
Comentou Lenna com humor. — Agora me conte, sua
maluquinha… desde quando você cobiça nosso primo
postiço?
— Desde que eu me lembro. — Lenna ajeitou uma
mecha dos seus cabelos atrás da orelha e me puxou para
sentar no sofá ao seu lado. Minha irmã havia mudado
pouca coisa em todos aqueles anos; ela, na verdade,
estava ainda mais bonita. O tempo havia lhe feito bem e
ela mal tinha linhas de expressão em seu rosto.
— Parece que o objetivo das mulheres desta família é
fazer o pai enlouquecer. — Ela sorriu. — Eu me envolvi
com quem para o papai era seu grande inimigo, Lizzie
fugiu para Londres atrás de um médico bonitão, e agora
você e Sebastian...
— Eu ouvi meu nome? — Com o sotaque levemente
britânico, virei minha cabeça para trás e no mesmo
instante vi minha irmã. Elizabeth também estava
maravilhosa e elegante., Seus olhos azuis cintilaram ao me
ver, e corri para os seus braços.
— Liz, você também está aqui. — Abracei-a
firmemente, sentindo seu aroma de pêssegos.
— Claro que estou aqui. Vim assim que soube dessa
confusão toda, pois sabia que você precisaria de ajuda…
Deus sabe como nossos irmãos são insanos.
— É tão bom ter as minhas irmãs por aqui.
— Nós nunca te deixaríamos sozinha para enfrentar os
homens loucos desta família. Mas me diga... — Liz
sentou-se no sofá também e sentei entre ela e Lenna. —
Como isto tudo aconteceu?
— Estou tão feliz por ter vocês aqui. Papai vai ficar
sabendo do que houve daqui cinco dias e vai ficar uma
fera.
— Não se preocupe com ele, nosso exército é mais
forte. — Comentou Lenna.
— E chamamos reforços.
— Reforços?
— Sim... no decorrer da semana virão Megan, Cris,
Deborah, Sarah, Amanda, Valentina e Victória... todas
suas advogadas de defesa. — Disse Lizzie.
— Isso parece uma loucura. — Comentei.
— Acredite, você vai precisar de toda a força
possível… e mamãe também vai te apoiar, tenho certeza.
— Vai virar então uma super reunião de família?
— Vai virar “A” reunião de família. — Falou Lenna
com convicção.
— Senti falta disso... — Disse Lizzie.
— Lady Pen vai vir? — Perguntou Lenna.
— Pode apostar que sim... talvez ela aperte tanto a
bunda do papai, e ele será forçado a aceitar o namoro sem
reclamar. — Lizzie riu alto e Lenna a acompanhou. Eu
estava nervosa demais parar rir; pois para um esquadrão
vir em minha defesa, elas deveriam saber que meu pai
ficaria muito, mas muito furioso. Eu amava meu pai, era a
garotinha dele, e não queria ficar de mal com ele.

*******

Mais tarde naquele dia recebi outra visita, e depois de


me jogar em seus braços em um abraço apertado, dei
socos em seu braço.
— Cameron Hoffman Lennox, como pode fazer isso
comigo?
— Hey, guardei seu segredo a sete chaves! Ninguém
mandou você ficar se agarrando com Sebastian por aí. Um
vizinho viu, e você queria que eu fizesse o que?
Continuasse a mentir para o meu pai? — Falou ele com
uma carranca, passando a mão no braço dolorido.
— Mas você sabe como Luke é insano e ciumento;
poderia ter mentido só um pouquinho mais... Agora nem
sei se poderei participar do rodeio... quero dizer... —
Pensei por alguns minutos. — Eu vou participar do
rodeio, tenho quase dezenove anos, já mando em mim
mesma.
— Tecnicamente você ainda vive às custas do seu pai
e na casa dele, então...
— Não seja tão chato, Cam. — Bufei. — Agora me
diga, Luke está mais calmo? — Os olhos azuis de Cam se
encontraram com os meus, e ele ficou sério e depois teve
uma crise de riso. — Qual a graça, patetão?
— Você perguntar se meu pai já se acalmou... — Cam
começou a chamar meu irmão de pai dois anos depois que
Luke e Sarah haviam se casado. Lembro que na época eu
ainda era uma pirralha, e vivia enchendo Cameron para
que ele chamasse meu irmão de pai, afinal Luke ensinou
muitas coisas a Cam, e era ele quem ajudava Cam em
algum trabalho de escola.
— Ele está muito psicopata? — Mordi o lábio. Aquilo
não era nada bom.
— Ele está quieto e pensativo. — Arregalei os olhos.
Aquilo era pior do que eu pensava. Quando Luke se
isolava dentro de sua própria bolha e ficava pensativo,
algo de bom não sairia dali.
— Isso é terrível! Ainda bem que o exército está
chegando.
— Exército?
— As mulheres da família estão vindo para cá em
minha defesa.
— Você vai precisar de toda a ajuda possível.
— Você vai ficar do meu lado, certo?
— Desculpe, mas eu passo. — Cam fez um gesto de
mão e afastou-se.
— Cam!
— Você é a minha melhor amiga, mas Luke é o cara
que me deu mais força, e trata minha mãe como uma
rainha, que é o que ela merece. — Ele deu de ombros. —
Prefiro ficar fora disso a tomar partido de alguém.
— Pensando com clareza, tudo isso parece um grande
circo. Por que mesmo terá essa tal Reunião de família? Só
por causa do meu romance com Sebastian?
— É um romance proibido, Julianne. Vocês são
primos...
— Não somos não. Se tio John não tivesse se casado
com Cris, e eu tivesse conhecido Sebastian em outra
circunstancias, não teria esse circo todo.
— Mas não foi assim que aconteceu, então conforme-
se. E você sabe como são os Lennox... eles adoram um
circo.
— Deus, devo escrever um guia para as próximas
gerações: Como sobreviver na família Lennox.
— Eu serei o primeiro a comprar... — Cam sorriu para
mim e suspirei.
— Eu fiquei só falando de mim mesma e esqueci de
perguntar, como você está? — Perguntei envergonhada
com meu egoísmo. — Que boa amiga que eu sou, não. —
Ironizei.
— Eu estou bem, estudando muito. A faculdade de
direito é complicada.
— E a sua namorada? — Perguntei com cuidado.
Detestava a garota e achava que ela não servia para ser
namorada de Cam, mas não demonstrei isso em respeito a
ele.
— Ex-namorada... não estamos mais juntos.
— Oh, é mesmo? O que aconteceu?
— Ela estava trepando com o reitor da faculdade,
então resolvi terminar. — Dava para notar que Cam havia
ficado chateado; afinal e ele nunca falava palavras como
“trepando”… ele era certinho demais para falar tal coisa.
— Sinto muito, Cam. — Segurei em sua mão para
tentar confortá-lo.
— Está tudo bem, é passado. Foi bom eu ter
descoberto cedo, antes de me apaixonar de verdade...
— Sei que vai encontrar a garota certa um dia.
— No momento só estou focado em estudar, então... —
Eu o abracei; sabia que meu amigo estava precisando de
um abraço. — Você é uma boa amiga, Julianne, minha
irmãzinha.
— Sim, somos irmãos de coração. — Cam sorriu para
mim e assentiu.
Quem dizia que amizade entre homens e mulheres não
funcionava estava redondamente enganado. Cam e eu
éramos amigos desde sempre, e sempre iriamos ser.
Esperava que Sebastian não ficasse com ciúmes de
nossa amizade. Eu não deixaria de ser amiga de Cam. Ele
teria que aceitar nossa amizade.
Ao pensar nele, me perguntei o que Sebastian estaria
fazendo agora.
Capítulo 18

Sebastian Lennox
Uma hora na sala de espera do hospital. Aquilo estava
me dando nos nervos. Estava pronto para ir gritar com
algum médico ou invadir a sala de exames quando um
médico grisalho e baixinho chegou na porta da sala de
espera.
— O senhor é o responsável pelo paciente Patrick
Young? — Perguntou, e fiquei meio paralisado por alguns
segundos. Eu escutei paciente, e não cadáver… se bem
que acho que chamariam de paciente até mesmo se fosse
um morto. A expressão do médico era indecifrável, não
sabia se a notícia seria boa ou ruim; e então ao invés de
falar algo, apenas assenti com a cabeça.
— O que o senhor é dele? — Perguntou o médico.
— Sou neto. O que ele tem? — Pronto. Fiz a pergunta.
Ficaria maluco em segundos se o médico demoraria para
responder. — Ele está vivo? — Eu estava impaciente
demais, e se era para receber uma notícia ruim, que fosse
logo.
— Sim, senhor...?
— Sebastian.
— Sim, senhor Sebastian, ele está vivo; e ainda vai
viver por mais alguns anos… mas ele precisa se cuidar e
parar de ser negligente. — Suspirei aliviado e pisquei
algumas vezes tentando conter as lágrimas malditas.
Desde quando eu me tornei tão sentimental?
— Como assim. doutor?
— Ele desmaiou pois está com a glicose baixa e
anemia. Ele também está abaixo do peso e parou de tomar
os remédios para o reumatismo… eu não sei porque um
paciente iria querer viver com dor; é quase como se ele
estivesse tentando se punir. Peço que fique de olho nele e
o leve ao psiquiatra, creio que esse paciente esteja
tentando tirar sua própria vida... — O médico me entregou
um papel com a data de uma consulta com um psiquiatra.
— Cuide bem do seu avô, e assim ele terá pelo menos
mais duas décadas de vida.
— Pode deixar, doutor. — Engoli em seco e sentei-me
no sofá da sala de espera.
— Você gostaria de vê-lo? — Perguntou o doutor.
Suspirei cansado e tenso.
— Sim, doutor, eu gostaria de vê-lo. — Segui o
médico por um longo corredor branco e impecável. O ar
cheirava a antissépticos, o que me lembrou o cheiro de vó
Constance quando lhe visitei pela última vez, antes que o
câncer no pulmão a levasse para longe. Paramos diante de
uma porta, e o médico me encarou com solidariedade.
— Vamos checar seus sinais vitais daqui uma hora.
Amanhã ele já poderá ter alta, mas preciso que você se
certifique de que ele vai tomar as vitaminas, e que voltar a
tomar os remédios para o reumatismo.
— Pode deixar, doutor. Vou tomar conta dele. — O
médico assentiu.
— Ele pode ter apresentado nos últimos dias tremores
nas mãos, mas foi por causa da abstinência do remédio.
Agora que o medicamos, os tremores vão sumir.
— Obrigado, doutor. — O médico assentiu e seguiu
pelo corredor. Fiquei parado, encarando a porta por mais
alguns minutos, até que finalmente criei coragem e entrei.
Patrick estava deitado na cama de hospital, e parecia
tão frágil ali. Como ele usava a camisola do hospital,
notei o quanto ele havia perdido peso, estava praticamente
pele e osso; bem diferente daquele homem forte e robusto
do passado. Ele virou a cabeça na minha direção quando
entrei no quarto, e quando ele falou, sua voz parecia fraca.
— Então não foi um sonho, você estava lá mesmo... —
Ele comentou.
— Sim. — Foi só o que eu disse.
Ficamos por um longo período de tempo em silêncio,
ambos perdidos em nossos próprios pensamentos.
— Sinto muito. — Ele disse por fim. — Não quero ser
um fardo para você... pode ir para a casa.
— Por que você parou de tomar os remédios para dor?
E por que parou de se alimentar direito? — Perguntei
furioso. — Queria chamar a atenção de alguém? — Eu
estava irritado demais por ele ter sido tão negligente, por
ele desperdiçar a vida que tinha, sendo que Constance não
teve nem chances de lutar para viver. O câncer havia sido
tão impiedoso com ela que não lhe dera opções.
— Não sei quem foi o idiota que inventou que não
estou me alimentando… e estou tomando os remédios.
Não acredite em tudo o que ouve, eu estou bem. —
Resmungou. —Você sabe que não tem que se preocupar
comigo... eu não mereço sua preocupação.
— Realmente, você não merece um pingo da minha
preocupação ou da minha atenção… Mas aqui estou eu,
preocupado, e cara, fiquei com um medo do caralho que
você tivesse morrido em meus braços.
— Eu não vou morrer ainda, nem tão cedo. Deus vai
me dar uma vida longa para que eu sofra por tudo o que
fiz... Sabe como dizem: vaso ruim não quebra.
— Então você tem uma consciência afinal de contas...
— Claro que eu tenho... e ela me atormenta
diariamente.
— Isso me conforta bastante. — Falei seco.
— Eu sinto muito, Sebastian...
— Não é comigo que você deveria se desculpar, e sim
com Vó Constance… mas agora é tarde demais para isso,
não é mesmo?
— Constance era uma grande mulher, e vivemos seus
últimos meses juntos.
— Você apenas a colocou em um quarto na sua casa e
deixou ela à mercê de enfermeiras.... Se quando ela era
saudável não dava a você o que você precisava, imagine
quando estava doente!
— Você não sabe o que aconteceu quando você foi
embora... eu preciso te contar para que você não me odeie
tanto.
— Eu não o odeio, apenas o desprezo.
— Posso lhe contar o que aconteceu quando você foi
embora e disse que me odiava?
— Vá em frente, não tenho nenhum outro lugar para ir.
— Sentei-me na cadeira ao lado da cama e escutei o
relato de Patrick, devia isso a Constance... — Mas saiba
que só estou fazendo isso em respeito à Constance.
— Eu sei, eu sei... — Ele limpou a garganta e começou
a falar. — Foi a mais ou menos vinte e dois anos atrás...
Patrick Young
Haviam se passado duas semanas que meu neto e
minha esposa haviam me deixado, e ambos me odiavam.
Annette se tornava cada vez mais exigente, sempre queria
presentes caros, e estava cada vez mais impaciente
comigo. Eu me sentia vazio por dentro e a mandei embora.
Parecia que o dom da minha vida era magoar
profundamente as pessoas que mais me amavam. Algum
psicólogo iria colocar a culpa em meu pai abusivo ou em
minha mãe alcoólatra, mas sei que isso não era desculpa,
afinal haviam muitas pessoas boas no mundo que tinham
famílias similares a minha, e que viviam bem e sabiam
valorizar o amor. Talvez eu fosse um filho da puta que
havia puxado meu ambicioso pai, um sangue ruim que
merecia ficar só...
Depois de me livrar de Annette, comecei a correr atrás
do perdão de Constance. Tentei reconquista-la de novo, e
durante meses a cortejei. Precisava consertar aquela
situação; e então, quando finalmente ela me perdoou sete
meses mais tarde, eu a tratei como uma verdadeira rainha
e tivemos uma lua de mel divertida e inesquecível. Eu me
apaixonei por ela verdadeiramente, afinal que homem não
amaria uma mulher como aquela, bondosa, carinhosa e
engraçada.
Foi um mês maravilhoso em que nos amamos muito.
Nunca fui tão feliz. Meu desejo agora era reconquistar
meu neto, mas toda a vez em que ligava para a sua casa,
sua mãe dizia que você não queria falar comigo, e ela
estava furiosa comigo.
— Não sei o que você fez para Sebastian já que ele
não conta para ninguém, mas depois de me magoar, você
ainda teve a coragem de magoar meu filho? Mexa comigo,
Patrick, mas não mexa com um filho meu. Não ligue mais
para cá.
Era o que sua mãe me dizia… e depois não tive mais
tempo mesmo para ligar. Constance ficou doente, e os
meses que se seguiram nos levaram a vários países em
busca de uma cura, mas o prognóstico já estava ali… ela
iria morrer e as chances de cura eram de dez por cento.
Ainda assim ela quis lutar e fez a quimioterapia. Não
iriamos parar de lutar até o fim. Mas no fim aconteceu o
que aconteceu.
Eu perdi o amor da minha vida. A mulher que eu amei
com todo o meu coração morreu em meus braços, e depois
vivi nesses vinte anos completamente sozinho. Tenho
muitas terras e muito dinheiro, e maldição, meu dinheiro
se triplica mais e mais a cada ano. Tenho tudo o que
qualquer homem desejaria ter.… com exceção do maior
tesouro da vida: amor.
E a culpa de não ter amor e carinho, e de estar sempre
solitário, é só minha. Eu mereço viver assim, eu mereço
sofrer sozinho. Então não tenha pena de mim, Sebastian,
lembre-se de todo o mal que já causei a todos. Não
precisa se aproximar de mim, eu não o mereço. Quero seu
perdão, apesar de não o merecer.

Sebastian Lennox

— Eu perdoo você. Constance me fez prometer que eu


o perdoaria, e não posso esquecer desta promessa. Você
disse que passou esses vinte anos sozinho... acho que já
foi castigo o suficiente, e a mulher que eu amo disse que
preciso valorizar meu avô, e que o perdão liberta.
— Você me perdoa?
— Sim, afinal amei o senhor a minha vida inteira.
Sabe que a mágoa que sentia foi maior, pois eu te amava
demais. Quando amamos muito uma pessoa e ela nos
magoa, a dor é maior, por isso levei vinte e dois anos para
perdoar você... sempre o admirei, e por isso doeu mais.
— Sebastian...
— Quando você ganhar alta vou para a sua casa com
você, pelo menos por essa semana... tenho que me
certificar de que você está comendo e tomando os
remédios e vitaminas. Vou cuidar de você.
— Obrigado.
— Não pense que me esqueci por completo o que você
fez, mas vou tentar ter um relacionamento novamente
contigo, afinal você é meu avô, e não ganhamos nada
guardando mágoas.
— Obrigado. — Vi que lágrimas escorriam pelo rosto
de Patrick e desviei o olhar. Não seria como uma cena de
filme, eu não iria abraça-lo e ambos iriamos chorar de
emoção. Na vida real não era assim. Um dia eu poderia
abraça-lo novamente, mas não me sentia pronto no
momento. Um dia, quando me sentisse pronto, talvez
retomássemos nossa relação amigável, mas nunca mais
seria como antes.
Como um vaso quebrado, quando magoamos alguém,
mesmo se formos perdoados, o relacionamento nunca mais
fica o mesmo. Como o vaso que é colado, ele ainda ficará
com as marcas do lado de fora... e as marcas que meu avô
deixou em mim, um menino de oitos anos, eram tão
profundas que ainda estavam em minha pele, no homem de
trinta anos que eu havia me tornado.
Capítulo 19

Sebastian Lennox
Comecei a tossir sem parar, e em poucos minutos eu
certamente iria começar a espirrar. A poeira na casa de
Patrick estava pior do que as que deveriam ter nas tumbas
dos faraós egípcios. Era terrível! Fazia três dias que ele
havia recebido alta e eu o estava vigiando de perto. Eu o
fazia tomar os remédios e as vitaminas, e por diabos eu
até mesmo cozinhei.
— Quando chegam os candidatos para a entrevista? —
Perguntei a ele depois de quase morrer soterrado no meio
de tanto pó.
— Não sei... você que inventou essa bobagem, você
deve saber. — Resmungou ele. Ele não estava nem um
pouco feliz em ter empregados na casa novamente.
Definitivamente, todos aqueles anos sozinho o haviam
tornado um velho ranzinza.
— Quero só saber que horas são agora. — Falei
impaciente. — Depois de escolher o candidato ideal,
tenho um lugar para ir.
— Faltam quinze minutos para as três da tarde. — Ele
respondeu. — Você vai ir ver aquela garota simpática que
estava na sua casa aquele dia? — Perguntou ele.
— Não sei se isso é da sua conta. — Tive mais um
acesso de tosse.
— Seja bom para aquela menina… não seja um tolo
como eu... saiba diferenciar a mulher certa da errada. —
Ele falou e levantou-se, me dando tapinhas nas costas. —
Vamos um pouco lá para fora, você precisa de ar fresco.
Segui seu conselho. Se eu ficasse ali mais tempo,
certamente morreria. Caminhei ao seu lado, com a tosse
me dominando e lágrimas escorrendo como uma cachoeira
dos meus olhos.
— Não sei como... cof-cof... você não morreu ali
dentro. — Comentei ao me sentar no primeiro degrau da
varanda.
— Aqui, beba. — Ele me deu um copo de água e bebi
aquele liquido refrescante de uma vez só. — Tome. — Ele
estendeu a garrafa de água de dois litros, então peguei e
tomei no bico mesmo, sentindo meu corpo ser limpo por
dentro. Após saciar minha sede, coloquei a garrafa do
meu lado e suspirei o ar puro da fazenda. Aquele lugar
continuava lindo como eu me lembrava, e os vastos
campos verdejantes se estendiam por vários acres de
terra. O açude no qual eu costumava pescar quando garoto
continuava tal como antes. Foi ali que aprendi a pescar,
foi ali que decidi me tornar um cowboy de rodeios, ali foi
o meu refúgio quando queria fugir das minhas irmãs, as
gêmeas demoníacas. Foi ali que amei pela primeira vez
uma mulher que não era da minha família, mas que se
tornou minha avó amada, e foi ali que tive minha primeira
decepção.
— Imunidade alta. — Ele falou. — Já disse que quanto
mais ruim o vaso, mais dificilmente ele quebrará. —
Comentou Patrick, despertando-me dos meus devaneios.
— Desculpe? — Havia perdido o fio da meada.
— Você disse que não sabe como eu não morri lá
dentro. — Ele deu de ombros. — Sabe os filmes que
assistíamos quando você era um moleque?
— Qual deles? Víamos tantos... — Patrick sentou-se
do meu lado e admirou a paisagem assim como eu.
— Os de terror. De sexta-feira treze.
— Ah sim, os do Jason… o que tem eles? — Lembrei-
me das nossas sessões pipoca, filmes que minha mãe
nunca me deixava assistir, mas que eu assistia na casa do
meu avô. Eu me sentia um homem de verdade por poder
assistir aqueles filmes sangrentos com ele.
Sempre que assistíamos, meu avô dizia que
deveríamos acampar na sala, então dormíamos lado a lado
em sacos de dormir. Ele fazia isso pois sabia o quanto eu
estava com medo de dormir sozinho. Hoje eu via isso,
mas na época achava que era uma aventura e tanto, e
claro, pensava que era lucro não dormir sozinho; vai que
Jason viesse me pegar.
— Então, Jason custa a morrer. Não importa o que
tentam fazer, ele sempre acaba voltando... porque vaso
ruim custa a quebrar. — Disse Patrick, despertando-me
dos meus devaneios.
— Você está se comparando a um assassino em série?
— Questionei incrédulo, e Patrick deu de ombros.
— Achei que seria um bom exemplo.
— Ah, claro que sim. — Ironizei. — Acho que esse
tempo em que você se isolou de todos o deixaram meio
gagá. — Falei, e não pude deixar de rir do absurdo da
situação.
— Estou totalmente consciente, moleque. — Ele
resmungou.
— Tudo bem, Jason. — Falei. — Só não venha com
esse papo para os candidatos, afinal poderá afugentá-los,
e preciso ver a minha garota.
— Então é ela mesmo?
— Sim, é ela... e não se preocupe, sei diferenciar a
certa da errada.
— Você é um garoto inteligente. Estou orgulhoso de
ver que o que eu fiz não afetou sua personalidade para o
lado ruim.
— Vó Constance me fez fazer uma promessa e a
cumpri todos os dias da minha vida. — Falei com
orgulho. — Nunca enganei ou usei mulher alguma… as
mulheres com que me envolvi ao longo da vida estavam
cientes de onde estavam se metendo, e sempre fui honesto
com todas elas. Como vó Constance disse: “Quando você
encontrar a certa, você saberá que é ela”. E bem, eu
encontrei a certa, depois de buscar em meio as erradas.
— Aquela garota é forte, inteligente, e muito bonita. —
Comentou meu avô. — Acho que vocês dois combinam e
muito. Desejo boa sorte aos dois.
— Obrigado. — Falei. Já sentia saudades da minha
Diaba, afinal faziam quase cinco dias que não nos víamos.
— Olha, chegaram os candidatos... logo você poderá
ir ver sua garota. — Comentou Patrick e me levantei.
Estava na hora de fazer três contratações. Aquela casa
precisava de uma governanta, uma cozinheira, e uma
faxineira.

Julianne Lennox

Eu estava toda suada, depois de um treino com Dakota


sob o sol, eu tinha certeza de que pelo menos o segundo
ou terceiro lugar estavam garantidos para mim no rodeio.
Meu pai ficaria sabendo do meu relacionamento com
Sebastian dali a dois dias, quando ele e minha mãe
finalmente saíssem da ilhota nas Bahamas, e voltassem ao
mundo dos vivos. Já haviam chegado em nossa casa primo
Jacob, Megan, Valentina, Noah, Lady Pen e Harry. Todos
estavam apreensivos; todos diziam que precisariam
segurar meu pai, pois ele poderia querer dar uma surra em
Sebastian. Confesso que temi por essa parte, afinal meu
pai era muito grande e forte… está certo que Sebastian
também era, mas eu sabia que Sebs jamais levantaria a
mão para bater em meu pai. Então temia o que iria
acontecer.
Depois de cantar para Dakota enquanto escovava seu
pelo, tomei um banho longo e demorado de banheira.
Precisava relaxar os músculos depois de um longo dia de
exercícios. Sebs disse que talvez não poderia vir hoje, já
que os candidatos entrevistados não agradaram, nem a ele
e menos ainda ao Patrick. Eu me perguntei quando ele
voltaria a chamar o avô de avô.
Enrolada em um roupão, deitei na cama encolhida
como um bebê e peguei meu celular. Havia uma mensagem
de Sebastian.

Meu peão diz: Já dormiu?

Julianne diz: Não, estou com insônia.


Meu peão: Por que?

Julianne diz: Sinto sua falta.

Meu peão diz: Sabe o que ajuda a trazer o sono?

Julianne diz: Você já vai começar a dizer sacanagem?


Isso não vai me fazer dormir nem aqui nem na China.

Meu peão diz: Desligar a luz do quarto ajuda. Você


está com a luz acesa, e por isso não dorme.

Verdade. Pensei. Levantei e desliguei a luz.

Meu peão diz: Boa garota.

Julianne diz: Porque me chamou de boa garota?

Meu peão diz: Você desligou a luz no momento em


que pedi.

Nesse momento tive um estalo. E me sentei na cama.

Julianne diz: E como você tem certeza disso?

Meu peão diz: Abrir a janela para que entre um ar


também é bom para a insônia.

Corri para a janela e a abri. Meu coração acelerou no


mesmo instante. Meu peão lindo estava ali parado, com
seu costumeiro jeans desbotado sobre as botas de
montaria, uma camiseta branca que destacava seus
músculos e seu chapéu preto. Vi que ele digitou algo no
celular e seu olhar encontrou o meu, sua barba estava
grande, desde que ele fora para o seu avô ele não havia
feito a barba e estava louca para toca-lo. Peguei o celular
e li sua mensagem.

Meu peão diz: Senti sua falta também, não vai me


convidar para entrar?

Julianne diz: E desde quando você precisa de


convite? Talvez te impulsione a entrar logo se eu te dizer
que estou nua por baixo deste roupão?

Ele leu a mensagem e arregalou os olhos, ele logo


colocou o celular no bolso e correu até a minha janela, em
poucos segundos ele estava diante de mim e pulei em seus
braços.
— Senti tanto sua falta amor. — Ele falou me
abraçando forte, seu cheiro de macho preenchendo-me as
narinas, tão característico de Sebastian.
— Deus sabe o quanto eu senti a sua. — Ele beijou
minha boca com paixão. Tomando meu corpo, minha alma
e meu coração com aquele beijo. Ficamos focados
naquele beijo por um longo tempo até que eu lembrasse
que deveria fechar a janela e trancar a porta do quarto.
— Não queremos que algum dos meus irmãos
intrometidos entre aqui. — Falei.
— Não quero morrer tão cedo. — Falou ele fechando
a janela enquanto eu trancava a porta do quarto. Nos
encontramos no meio do quarto e ele pousou suas mãos
em cada lado do meu rosto. — Como você está? — Ele
perguntou, seu olhar profundo focado em mim. Quando
Sebastian me encarava daquele jeito, fazia com que eu me
sentisse a mais especial das mulheres, era aquele tipo de
olhar que te arrepiava dos pés à cabeça, aquele olhar que
te deixa quente e corada; aquele olhar tão profundo que
fazia com que você sentisse que era a única mulher que
ele enxergava no mundo. Sebastian não estava apenas
olhando para mim, ele estava também enxergando a minha
alma.
— Temos tempo para conversar depois. — Falei
desfazendo o nó do meu roupão e deslizando o mesmo
pelos meus ombros, ficando completamente nua diante
dele.
— Eu tento ser um cara legal, mas você não colabora...
— Falou ele, agora seu olhar me devorava.
— Eu gosto dos caras maus... — Sorri sugestivamente
para ele.
— Você está brincando com fogo...
— Deve ser porque desejo me queimar. — Seus olhos
cintilaram uma chama que me deixou literalmente em
chamas.
— Diaba.
Sua boca logo estava sobre meu seio, ele provocando
o mamilo com a língua, me excitando a cada chupada e
passada de língua. Sua barba raspando contra a minha
pele me deixou louca. Esse era o meu peão, o homem por
qual me apaixonei loucamente era um devasso e me
levava a loucura a cada encontro. Em poucos minutos eu
já gemia feito louca e Sebastian estava completamente nu,
o empurrei e fiquei de joelhos diante dele, nunca havia
feito aquilo mas desejava aprender com ele.
— Se eu fizer algo errado me ensine. — Ele me
encarou.
— Acho difícil disso acontecer...—Foi a última coisa
que ele disse antes que eu o colocasse na minha boca, ele
me preenchia os lábios e eu o acariciava com a língua. Os
gemidos de Sebastian me estimulando a continuar mais e
mais. Ele tinha um gosto delicioso, não saberia descrever
aquele gosto, mas me excitava. Tê-lo a minha mercê era
maravilhoso, tal ato sexual poderia parecer que a mulher
era a submissa da situação, afinal eu estava com ele em
minha boca e de joelhos diante dele; mas não, tal ato
deixava o homem completamente submisso e me senti
poderosa ao deixa-lo tão louco de tesão.
— Eu preciso estar dentro de você. — Rosnou
Sebastian e me puxou para si me colocando na cama, e
então me penetrou com força, enrosquei minhas pernas ao
redor da sua cintura e ele beijou minha boca com vontade.
Suas estocadas me levaram ao orgasmo em pouco
tempo e então ele me virou de costas e me posicionou de
quatro, ele voltou a me penetrar por trás e puxou meu
cabelo beijando minha nuca. Gozei instantaneamente e
mais uma vez, aquela posição o fazia chegar ainda mais
profundamente dentro de mim, era selvagem e intensa; e
adorei quando ele puxou meu cabelo, foi como se o meu
desejo se intensificasse.
Sebastian agarrou meu seio e o beliscou quando gozei
mais uma vez, já havia perdido as contas e então ele saiu
de dentro de mim e se derramou sua semente morna nas
minhas costas. Depois de me limpar ele me virou para ele
e olhou-me nos olhos.
— Nunca pensei que amaria tanto alguém assim, a
ponto de quase perder o controle. — Ele me deu um beijo
na testa. — Eu realmente senti a sua falta.
— E eu a sua. — Aquele homem realmente fazia uma
mulher se sentir especial.
— Vamos deitar e conversar. — Ele pediu e vestiu a
cueca antes de me dar sua camiseta para vestir.
Ele deitou em me acomodei em seu peito.
— Agora me conte amor, como você está? —
Perguntou ele.
— Estou bem, apenas ansiosa e nervosa. Ansiosa pelo
rodeio e nervosa pelo meu pai. — Ele acariciou meu
cabelo.
— Não fique assim. Tudo vai dar certo. Vou conversar
com o Logan, de homem para homem.
— Espero mesmo que dê tudo certo.
— Vai dar, ninguém irá me separar de você.
Capítulo 20

Julianne Lennox
Poderiam se passar dez, vinte, trinta ou quarenta anos;
eu jamais esqueceria aquele sábado. Todas as pessoas que
eu conhecia estavam na fazenda, todos os meus familiares,
seus respectivos cônjuges e seus filhos. Literalmente a
família Lennox em peso estava ali e todos, exatamente
todos estavam tensos.
Luke foi o cara legal que ligou para o meu pai e contou
tudo. Depois de ligar para meu pai ele foi até a casa
principal me encontrar para contar que dali a dois dias o
alfa da família estaria ali. Luke ficou me esperando por
uma hora inteira, eu não sabia que ele iria até ali, se eu
soubesse teria feito mais rápido com Sebastian dentro da
baia dos cavalos; mas com ele de joelhos na minha frente
com minha coxa apoiada em seu ombro e sua língua
percorrendo entre as minhas pernas foi difícil prestar a
atenção no tempo. E quando voltei para a casa com cara
de satisfeita, Luke me encarou como se eu fosse uma
condenada prestes a ir para a cadeira elétrica e foi como
se ele tivesse jogado um balde de água fria em cima de
mim.
Ele perguntou o que eu estava fazendo e eu disse que
estava treinando para o rodeio. Ele cerrou o maxilar,
afinal eu sabia que não havia acreditado em mim, mas não
havia nada que ele pudesse fazer a respeito; e foi então
que ele me contou que ligou para o papai.

“— Mas o que ele disse? — Foi o que perguntei a


Luke quando ele me avisou.
— Ele não falou muita coisa. — Luke deu de ombros.
— Mas mesmo assim, me diz... —Insisti.
— Ele disse apenas: “Estou extremamente
decepcionado com a Julianne”. — Falou meu irmão em
tom neutro.
— Ele disse apenas isso? — Luke assentiu, e me senti
ainda mais gelada.
Isso não estava certo, meu pai raramente ficava em
silêncio, ele sempre perdia as estribeiras quando algo
assim acontecia. Ele gritava e falava demais… a última
vez que o vi ficar em silêncio dessa forma foi quando
nosso vizinho Todd flertou com a mamãe, e não foi nada
bonito naquele dia. “

Eu fiquei imaginando o que meu pai faria, e confesso


que todas as pessoas na minha casa estavam me irritando.
— Lamento, Julianne, vou te ajudar como puder. —
Disse Lizzie.
— Vamos tentar salvar Sebastian. — Disse Valentina.
— Talvez ele só bata um pouco em Sebs. — Disse
Victória.
— Eu acho que isso vai dar uma merda grande, ela é a
caçula. — Disse Lenna e todos assentiram.
— Acho que deveríamos te amarrar. — Falou Luke
para Sebastian. — Vai que você tente fugir.
— Eu tenho algemas. — Disse Noah.
— Ninguém toca em mim. — Bufou Sebastian. — Eu
não vou fugir, e se quisesse fugir já estaria longe. — Ele
me encarou de onde estava do outro lado da sala. Aquela
troca de olhares me aqueceu e me lembrou a conversa que
tivemos naquela manhã.

“— Eu posso não ser um Lennox de verdade, mas


nunca desisto do que quero. Você é a mulher da minha
vida, Julianne, e estarei ao seu lado de qualquer jeito.
Mesmo que leve uma surra do primo Logan, eu vou me
manter firme; amo você e enfrentarei o que for preciso.
— Então amor correspondido é isso? — Eu o encarei
naquela manhã com os olhos marejados. — Eu te amo,
Sebastian. — Falei e o abracei firme.
— Eu te amo mais, minha linda diaba. — Descansei
em seu ombro, e foi nosso último momento de paz, a sós.
Agora estávamos em meio a um circo.”
— ELE CHEGOU! — Gritou Sarah.
Todos que estavam falando ficaram em silêncio.
Parecia que estávamos em um velório. Em silêncio,
escutei o relógio da parede seu ponteiro de segundos
fazendo o som. Tap-tap... Ficou tão silencioso que
consegui escutar as botas pesadas do meu pai ao entrar na
varanda da casa. Se eu fechasse meus olhos e prestasse
bem a atenção, escutaria também os passos da minha mãe,
que foram abafados pelas passadas dele. Eu sentia as
mãos suadas, sentia aquela dor de barriga característica
de quem estava muito nervoso.
— Amor, assim você vai estragar o sofá. — Dei um
pulo quando Sebastian disse isso no meu ouvido, e só
então me dei conta de que estava cravando as unhas no
estofado de couro. — Fique calma, eu estou aqui. — Ele
pegou em minha mão e entrelaçou nossos dedos.
Fiquei muito mais calma com ele ao meu lado. Então
todos trancaram a respiração quando meu pai, como um
verdadeiro rei, entrou. Ele vestia jeans e camiseta, sua
barba estava aparada, mas grande o suficiente, da forma
que minha mãe disse sempre que gostava. Ele estava
bronzeado e as linhas de expressão em sua face eram bem
visíveis. Ele estava com algumas mechas de cabelos
brancos, estava envelhecendo pensei. E senti uma vontade
absurda de correr para os seus braços e pedir desculpas,
mas implorar que ele aceitasse o homem que eu amava.
Minha mãe estava linda ao lado dele, ela também estava
com um bronzeado lindo, usando um vestido elegante
purpura e com seus cabelos curtos na altura dos ombros.
Seus cabelos estavam com mechas douradas; um habito
adquirido para disfarçar dois ou três fios brancos que
apareceram verão passado. Ela detestava usar aqueles
vestidos, então eu realmente deveria me preocupar. Para
ela ter se produzido para esse momento é porque algo
muito ruim estava prestes a acontecer.
— Que circo é esse? — Meu pai foi o primeiro a falar,
encarando todos ao redor. — Alguém morreu que eu não
saiba? Estão todos aqui e em silêncio.
— Viemos até aqui para conversar sobre nosso assunto
em comum. — Disse tio John para o meu pai.
— Desculpe, tio John, mas com todo o respeito... não
tenho nada para conversar com o senhor ou com qualquer
outra pessoa desta sala. — Disse meu pai. Seu olhar
cintilou na minha direção e caiu diretamente nas nossas
mãos entrelaçadas. — Julianne e Sebastian... quero os
dois no escritório agora. — Assenti e levantei-me,
segurando a mão de Sebastian. — Vou conversar apenas
com eles, eu e minha esposa só vamos falar com eles. —
Disse meu pai se dirigindo a todos, e a passos largos
caminhou com minha mãe, segurando em sua mão. Ele foi
até o escritório, e Sebastian e eu os seguimos.
— Sempre podemos escutar atrás da porta. — Ouvi
Deborah falar.
— Sem dúvidas. — Murmurou Lizzie.
— Eu deveria ter colocado uma escuta lá dentro, sou
tão burra. — Resmungou Victória.
E escutando uma e outra falar, entramos na sala. A
porta foi fechada e trancada atrás de nós pela minha mãe.
— Senti tantas saudades. — Disse ela e me deu um
abraço breve antes de se juntar ao meu pai do outro lado
da mesa.
— Pai...
— Logan... — Sebastian e eu falamos em uníssono, e
meu pai estendeu a mão no ar.
— Deixem-me falar primeiro, e então vocês terão a
chance de vocês. — Disse ele.
— Tudo bem. — Assentimos.
— Em primeiro lugar, Julianne, eu estou extremamente
decepcionado com você. Largar a faculdade não é algo
que eu aprove de jeito nenhum… sua mãe até mesmo
brigou comigo quando nos casamos pois ela disse que
continuaria fazendo a faculdade mesmo contra a minha
vontade, e isso foi uma das coisas que mais admirei nela.
— Começou meu pai. — Negligenciar seus estudos é algo
que não gostei nem um pouco. Sei que o amor é o
essencial da vida, mas o estudo é outra parte
importantíssima na vida. Sinto que falhei como pai, pois
pensei que tinha lhe ensinado direito que sem estudo não
somos nada.
— Eu vou voltar a faculdade no próximo semestre. —
Falei rapidamente.
— É o que eu espero. — Disse meu pai. — E quanto
ao relacionamento de vocês dois, não tenho objeções. Sua
mãe já havia me alertado que você admirava Sebastian de
uma forma diferente. Eu achei que fosse coisa da cabeça
dela, mas passei a observar mais, e notei realmente que
algo errado estava acontecendo ali. Fiquei com muito
ciúme no início, você é a minha caçula afinal de contas, e
para mim, sempre será um bebê. Mas já passei por coisas
demais para ter sabedoria agora, Lizzie foi se apaixonar
por um britânico que a levou para longe, um cara que eu
não conhecia, e que graças a Deus é um bom homem, mas
poderia ser um homem violento que batesse nela. E o que
eu faria? Como eu iria até Londres matar o desgraçado?
Fiquei louco no primeiro ano de casamento de Lizzie.
— Só no primeiro ano? — Ironizou minha mãe.
— Está certo, nos primeiros anos, até confiar de
verdade no Aiden. — Meu pai suspirou. — E antes disso
teve a Lenna… ela tinha que se envolver com o ex-
namorado da sua mãe?
— Ciúme depois de tanto tempo? — Perguntou minha
mãe, incrédula.
— Sempre terei ciúme de você e do Travis, é
inevitável. — Disse meu pai.
— É ridículo. — Protestou ela.
— Não é algo que eu consiga controlar. — Comentou
meu pai. — Mas resumindo... pensando muito em com
quem você poderia acabar casada, quem poderia te levar
para longe e talvez sendo um homem desconhecido,
aprovei o Sebastian e o escolhi para ser meu genro. Já
planejava na volta da lua de mel fazer o casamento
arranjado.
— Tão antiquado. — Ironizou minha mãe.
— Você mesma disse que ela gostava dele, e que ele
logo iria gostar dela… só pretendia adiantar as coisas e
assim fazer esse idiota aquietar o facho. — Disse meu pai,
apontando para Sebastian.
— Espera aí... deixa eu ver se entendi direito. —
Falei. — Você pretendia fazer um casamento arranjado
entre Sebastian e eu? — Eu realmente estava incrédula.
— Exatamente. — Meu pai disse. Sebastian estava tão
incrédulo que não conseguia falar nada.
— Posso saber por quê? Por que ele?
— Eu o conheço desde que ele tinha um ano de idade,
quando a dele mãe veio ser babá dos gêmeos. Conheço
seu caráter, sei de suas ambições, sei que ele nunca mentiu
para mulher alguma e… me vejo nele. — Continuou meu
pai. — Eu era igual a ele quando tinha a sua idade, até que
encontrei sua mãe; e por Deus, Julianne você é parecida
demais com a sua mãe. Apenas Sebastian conseguiria te
domar, e só você para domar ele... eu ficaria maluco se
você continuasse solteira e doida do jeito que é.
— Papai! — Protestei.
— Eu a amo mais que tudo, primo. — Sebastian
finalmente conseguiu falar. — Prometo cuidar dela e amar
somente a ela para o resto da minha vida; faze-la feliz é
tudo o que eu desejo. — Esqueci o protesto quando ele fez
essa declaração.
— Vocês têm a minha benção.
— Eu e todos... — Falei sem acreditar. — Pensamos
que você iria surtar.
— Eu estou velho demais para dar chilique, deixa isso
para a geração mais jovem dos Lennox... Quando eles
chegarem na minha idade, eles vão entender que certas
coisas na vida são inevitáveis.
— Então você finalmente aprendeu que não pode me
controlar... — Falou minha mãe. — Finalmente vou
abraçar, minha menina. — Ela correu até mim.
— Mãe, que saudades. — Nós nos abraçamos
firmemente.
— Tenho muitas coisas que preciso te ensinar, ainda
mais se vai se casar com um homem turrão como seu pai.
Você tem que ser esperta para driblar ele.
— Eu sei driblar ele, mãe.
— Diabinha! — Falou meu pai em tom de aviso, ao
mesmo tempo em que Sebastian falava em tom de aviso.
— Diaba!
Encaramos os dois e começamos a rir.
— Vamos tomar um whisky, genro. — Convidou meu
pai. — Você vai precisar...
Capítulo 21

Logan Lennox

Quando saímos do escritório havia um verdadeiro


exército no corredor. O primeiro a falar foi aquele que
sempre foi o mais quieto, Luke, o filho mais parecido com
a minha mulher, aquele que sempre me fazia pensar: “É a
versão masculina de Nicolle”.
— Não posso acreditar que vocês não fizeram nada!
Eles estavam vivendo sobre o mesmo teto! Julianne
abandonou a faculdade, ele seduziu minha irmãzinha. —
Luke estava indignado, e neste momento, apenas neste
momento, ele fazia com que eu me lembrasse de mim
mesmo quando soube de Elena e o imbecil do Travis.
— Para de ser chato, Luke, deixa eles. — Sarah,
esposa de meu filho, falou.
— Ele seduziu minha irmãzinha. — Encarei Luke por
alguns segundos e então falei.
— Olhe para Julianne nesse instante, filho. — Pedi, e
ele fez o que ordenei.
— Estou olhando, e daí?
— Você acha mesmo que foi Sebastian quem seduziu
sua irmã? O homem estava quieto em casa… quem foi
procurar por ele?
— Mas...
— Mas nada, Luke. Você mais do que ninguém conhece
Julianne, já que conviveu muito mais tempo com ela do
que Lizzie e Dom. — Suspirei. — De qualquer forma, se
não acontecesse assim, aconteceria de outra... já
planejava fazer os dois se casarem.
— Pai! O senhor não está batendo bem da cabeça! —
Apenas o encarei, aquele olhar que aprendi com o passar
dos anos, aquele olhar que fazia com que qualquer um dos
meus filhos voltassem a ter sete anos de idade.
— Você está me chamando de gagá? — Falei. — Olhe
o respeito, Luke!
— Desculpe, pai, mas é que....
— Sua irmã está feliz. — Apontei para Julianne, que
estava de mãos dadas com Sebastian e sorria de orelha a
orelha. Aquele sorriso no rosto da minha filha era tudo
para mim. — Então para de ser estraga prazeres e vamos
comer e beber.
Todos se reuniram na varanda, comendo petiscos e
bebendo, até que o banquete que Rose estava preparando
ficasse pronto. Paulina havia se aposentado e vinha vez ou
outra nos visitar; Rose era sua sobrinha e uma excelente
cozinheira.
— É estranho, né? — Jacob sentou-se ao meu lado,
encarando todos ao redor.
— O quê?
— Ver os nossos filhos crescerem, terem suas próprias
famílias e saírem de casa. — Ele engoliu em seco. —
Sinto falta de quando a Deborah era apenas um bebê, ou
de quando James engatinhava.
— São ciclos da vida que se encerram. A vida é
assim, infelizmente nada dura para sempre. — Comentei.
— Poderia durar...
— Onde está James, falando nisso? Não o vi com
vocês.
— Chicago. Transferiu sua faculdade para lá e vai
começar sua residência mês que vem em um dos maiores
hospitais de lá.
— Você deve estar orgulhoso. — Comentei.
— Demais. Estou pensando em me aposentar ou
diminuir o tempo de trabalho... já passou o tempo em que
eu conseguia fazer plantões... estou ficando velho.
— Nós dois estamos.
— Se vocês estão ficando velhos, o que dizem de
mim? — Tio John juntou-se a nós.
— Você sempre foi velho, tio... — Brinquei.
— Moleque insolente. — Retrucou ele. — Estou
pensando em viajar por aí também. Ouvi falar de águas
termais e saunas incríveis em Taiwan, dizem que são
rejuvenescedoras... vou para uma lua de mel com minha
Deusa também.
— Você ainda dá no couro, tio? — Não tinha jeito,
quando estava com meu tio, eu me tornava um moleque de
treze anos.
— Meu Deus, Logan Tucker Lennox! Com certeza dou
mais no coro do que você.
— Calem a boca! Minha imaginação é fértil demais
para pensar nisso. — Disse Jake.
— Bem, mudando de assunto, posso me dar o luxo de
viajar agora que Sebastian finalmente aquietou o facho.
— Ainda estou pensando em dar umas cintadas em
Luke por ter atrapalhado minha lua de mel com Nicolle.
— Resmunguei. — Ele poderia ter esperado um pouco
mais.
— Vocês vão voltar a viajar? — Perguntou Jake e
assenti.
— Depois do rodeio. Julianne insistiu para que
fossemos assisti-la.
— Você aceitou tudo tranquilamente. — Comentou tio
John impressionado.
— Acho que com o passar dos anos fiquei mais
parecido com o senhor… mas o rodeio relutei em
aceitar... mas fazer o que, ela tem praticamente dezenove
anos, não poderia impedi-la.
— Acredito que ela vá fazer só desta vez. — Disse tio
John.
— O rodeio? — Perguntei.
— Sim, ela vai seguir outra carreira... creio que ela
sempre admirou o rodeio por conta de Sebastian, mas o
que ela gosta mesmo é algo que ela ainda vai descobrir.
— Vou ficar feliz se ela não participar mais, é
perigoso.
— Do que vocês estão falando, sogrão? — O imbecil
do Travis chegou carregando um copo de cerveja.
— Sobre a vida, imbecil. — Falei.
— Senti saudades também, sogrão. — Fiz uma careta,
mas droga, eu gostava daquele cara… porém implicar
com ele era minha forma de demostrar amor.
— Parabéns, John, adorei conhecer a Caroline, grande
menina. — Falou Travis.
— Ela é mesmo. Teve uma vida difícil, mas agora é só
alegria.
— Caroline? — Questionei. Havia algo ali que eu não
sabia.
— Cris e eu decidimos adotar uma menina, e com a
ajuda de Victória e Eric, estamos cuidando dela. Ela tem
uma triste história de vida por causa que sua mãe era uma
usuária de drogas, mas com a ajuda da minha Cris, que é
pedagoga e psicóloga, estamos ajudando-a e muito.
— Que belo gesto o de vocês. — Comentei.
— Ela está muito grata por ter sido adotada por nossa
família. — Comentou Jake. — Mas é porque ela não sabe
ainda como somos malucos.
— Malucos, mas unidos e cheios de amor para dar. —
Aiden chegou bebendo uma cerveja. — Foi o que aprendi
esses anos todos com vocês. — Ele deu de ombros. Seu
sotaque idiota britânico não me incomodava mais, e nem
os apertões que lady Pen as vezes dava na minha bunda
“sem querer”, como ela sempre dizia.
— Amor, confusões e muita loucura. — Disse
Alejandro, o mais alto de todos nós.
— Mas pelo menos cuidamos uns dos outros. — Falou
Luke, me estendendo outra lata de cerveja.
— Proteger a pátria sempre. E vocês são a minha
pátria agora. — Disse Dom.
— Como vai seu livro novo? — Perguntei.
— Quase finalizado.
— Qual o título? — Perguntou Travis.
— Memórias. Será sobre as memórias imortais,
mesmo quando as pessoas se vão, mesmo que a morte as
leve e novos ciclos comecem, as memórias sempre
estarão vívidas em nossos corações e mentes.
— Será campeão de vendas, sem dúvidas. — Disse
Aiden.
— A capa está ficando ótima. — Disse Noah, que
chegou em nossa rodinha. — Valentina está caprichando
na arte.
— Quero ver a diagramação também. — Comentou
Dom.
— É só enviar o arquivo revisado quando terminar. —
Disse Noah.
— Estou finalizando os últimos detalhes para enviar
para a Rebecca. Depois que ela revisar e puxar minha
orelha, mando para Val.
— Vic está ansiosa para cobrir o lançamento. Já até
falou no jornal que fará uma entrevista com você. —
Disse Eric.
— Estou ansioso por isso. — Comentou Dom.
— Vamos almoçar, família! O que é isso? O clube dos
meninos? — Deborah chegou e enlaçou Alejandro pela
cintura e sussurrou algo em seu ouvido. — Vamos logo
comer, homens...
Seguimos para a mesa. Toda a família não cabia ali,
afinal eram muitas pessoas, e por isso mais quatro mesas
foram colocadas do lado de fora para as crianças. Comi
quieto, encarando a todos, e vez ou outra fazendo algum
comentário. Luke finalmente havia parado de encarar
Sebastian com ódio, mas teimosamente sentou entre os
dois. Sarah apenas revirou os olhos e riu. Minha filha
Lizzie sorriu para mim, e seus olhos azuis como os da
minha falecida mãe, brilharam na minha direção. Te amo,
pai; ela disse mexendo apenas os lábios sem emitir som
algum. Minha Lenna estava rindo de alguma piada contada
por Megan, meu Dom limpou com o guardanapo o rosto de
Amanda. Deborah gritava com um de seus filhos para que
ele parasse de ser um demônio. Lady Pen, tão velhinha e
frágil, conversava com Noah e Valentina. Harry discutia
basquete com tio John, Eric encarava a todos, e vez ou
outra trocava palavras com Aiden e Victória opinava
sobre algo. Minha Nicolle segurou minha mão por cima da
mesa e sorriu para mim. Foram longos anos juntos, muitas
histórias vividas… memórias imortais plantadas, como
disse Dom. Elas ficariam para sempre em nossa memória.
Aquela sensação de nostalgia tomou conta do meu
coração. Eu não sabia explicar, todos os meus familiares
estavam ali, pessoas importantes, pessoas que eu amava e
aprendi a amar. De repente ficou difícil respirar, e senti
lágrimas turvarem minha visão; e então pedi licença e fui
até o escritório. Sentei na velha poltrona do meu pai, servi
uma dose de conhaque, e encarei o velho tapete em frente
a lareira. Do nada vi um menininho de cabelos pretos,
magricela, e com pernas compridas.
Ele estava deitado, encarando um livro sem ler, e de
repente uma mulher surgiu. Ela tinha cabelos negros e um
sorriso gentil. Ela era minha mãe. Ao me dar conta disso
limpei meus olhos, o que eu estava vendo não era real...
era uma memória.

— O que você está fazendo com esse livro? — Ela


perguntou. O meu eu de seis anos de idade a encarou e
sorriu.
— Vi este desenho de borboleta que você fez nele,
mamãe, e fiquei curioso. — Ela fez o que sempre fazia,
deitou-se no tapete ao meu lado e pegou o livro para ler
para mim.
— Esse é um pequeno conto sobre um grande mestre
taioísta chamado Chuang Tzu, que nos faz pensar em
quem somos realmente. — Explicou ela.
— Pode me contar, mãe? — Ela sorriu para mim de
uma forma tão amorosa, que mesmo anos depois eu me
lembraria.
— Com toda a certeza. Apesar de achar você muito
novo para um conto desses, eu te contarei.
— Eu já sou grande. — Ela riu e acariciou os meus
cabelos.
— Você ainda é o meu bebê, e sempre será. — Ela
então se concentrou no conto e começou a me contar. —
Era uma vez um grande mestre taioísta chamado Chuang
Tzu. Ele andou o dia inteiro por prados e passou por
belos lagos. Quando chegou a noite, ele foi dormir; e ao
dormir ele sonhou que era uma borboleta, uma
borboleta que voou pelos arredores do mesmo prado e
pelos mesmos lagos. Ao acordar daquele sonho vívido
ele se questionou: Quem sou eu? Sou Chuang Tzu que
sonhou em ser uma borboleta, ou sou uma borboleta que
sonha todos os dias que é Chuang Tzu? — Minha mãe
fechou o conto, e lembro-me de ficar pensando por uns
minutos sem compreender muito bem tudo aquilo.
— Eu acho que ele era a borboleta mãe, e sonhava
que era um homem.
— Por que ele não poderia ser o homem que sonhou
que era borboleta? — Ela me perguntou.
— Porque como homem ele parecia muito solitário,
mãe. Como borboleta ele podia pelo menos voar. Ficar
sozinho não parece ser algo bom.
— Você está certo, meu filho. Por isso temos que
valorizar a família e os amigos verdadeiros. — Disse
ela. — Lembre-se sempre disto.
— Eu prometo, mamãe.
— Eu pensei em convidar os meus dois amores para
um passeio a cavalo, vocês gostariam? — Meu pai,
Dominic, nos chamou e pulei em seu colo. E assim minha
mãe, meu pai e eu fomos cavalgar.

— Logan, amor? — Abri os olhos, e só então me dei


conta de que estava sonhando. — Você saiu de repente da
mesa do almoço, Fiquei preocupada. — Disse Nicolle. —
Está tudo bem?
— Sim, baby, só me senti um tanto nostálgico de
repente. — Limpei a garganta que estava apertada e senti
uma lágrima escorrer por minha face.
— Oh, meu cowboy bruto parece ter ficado
sentimental com o passar dos anos. — Disse ela,
sentando-se no meu colo.
— Só estou feliz e satisfeito. Não preciso ser uma
borboleta para saber disso, eu sou feliz sendo homem...
— Como? — Perguntou ela. — Borboleta? Do que
você está falando?
— Um dia te conto essa história. — Prometi e beijei
seus lábios com carinho. — Posso te fazer uma pergunta,
diabinha?
— Pode.
— Você é feliz?
— Sou a mulher mais feliz do mundo...
— Se voltasse no tempo, você teria feito tudo de
novo? Ou se arrepende de algo?
— Faria tudo de novo. Não importa quantas vidas nós
vivamos, eu sempre vou te encontrar e me casar com
você, Logan Lennox.
— Eu te amo, baby.
— Eu te amo também.
Ficamos ali no escritório, e lentamente fizemos amor
com todo o carinho e atenção do mundo no tapete macio
em frente a lareira.
Capítulo 22

Sebastian Lennox
Naquela segunda-feira eu estava zonzo. O fim de
semana foi uma verdadeira loucura com toda a família na
mansão de Logan. Eu não consegui passar nem dez
minutos sozinho com a minha diaba, e isso estava me
deixando louco. Mas hoje iria voltar para a casa e levar
Julianne comigo, afinal tínhamos um rodeio para
participar.
No domingo meu avô Patrick resolveu aparecer de
surpresa, segundo ele, para me defender caso alguém
tentasse assassinar seu neto. Gostei daquele gesto, mas
ainda não me sentia suficientemente pronto para
demonstrar o quanto gostei dele ter se preocupado
comigo. Certas coisas precisam do remédio do tempo
para que possam curar verdadeiramente.
Estava com minha mochila de roupas prontas em cima
da cama e meu chapéu cor areia ao lado. Peguei o chapéu
e coloquei sobre a cabeça, e com a mochila preta sobre os
ombros, abri a porta do quarto para me encontrar com
Julianne, mas Luke e Dom estavam barrando minha saída
e me empurraram para dentro.
— Mas que diabos! — Com a surpresa quase caí para
trás. — O que deu em vocês agora? — Perguntei
impaciente. — Eu preciso voltar para Houston.
— Você já vai voltar. — Disse Dom.
— Com a nossa irmã. — Acrescentou Luke, com
visível contrariedade.
— Mas antes você precisa nos escutar. — Disse Dom.
— Com bastante atenção. — Prosseguiu Luke.
— Que fofo, agora um completa o que o outro fala. —
Zombei, o que não foi uma boa ideia, já que Luke me
prendeu contra a parede, com Dominic o ajudando.
— Você não tem mesmo amor a vida. — Rosnou Luke.
— Aí caras... falem logo o que querem... E eu fiz só
uma brincadeira, vocês estão tão chatos ultimamente. Isso
só pode ser falta de sexo. — Dom me enforcou... um
pouquinho.
— Como minha irmã foi se apaixonar por um idiota.
— Ele suspirou cansado.
— Vocês realmente não sabem brincar. — Revirei os
olhos. — Falem logo o que querem, e Dominic, por favor
pare de me enforcar... estou ficando sem ar. — Dom me
soltou e Luke deu dois passos para trás. — Obrigado. —
Resmunguei, passando a mão no pescoço
— Nós resolvemos vir falar com você. — Começou
Dom.
— Antes que você vá para Houston com nossa bebê.
— Continuou Luke.
— Por favor... por que não fala um só? Isso de um
ficar completando a frase do outro é chato. — Falei
olhando de um para o outro.
— Tudo bem, eu falo. — Disse Dom. — Você nunca
deve magoar ou fazer Julianne chorar. Se algum dia você
fazer nossa irmãzinha sofrer, nem que seja um pouquinho,
você será um homem morto.
— Já até mesmo planejamos a forma de matar você,
para que pareça um acidente. — Disse Luke. — Vamos
convidar você para uma caçada, e Dom, que era Sniper no
exército, vai acertar uma bala bem na sua testa.
— Mas vamos dizer que foi Luke quem acidentalmente
errou o tiro. — Disse Dom. — Você é nosso primo e
grande amigo, Sebastian… mas se magoar nossa irmã,
tudo isso será esquecido.
— Então espero que você cuide bem dela. — Concluiu
Luke.
Chocado, coloquei a mão na testa. Olhei para os dois,
que estavam sérios. Eles realmente planejaram tudo
aquilo, e eu ficaria assustado se tivesse más intenções
com Julianne. Por incrível que pareça, eu não estava com
medo, pois tinha ciência de que nunca a faria chorar. Eu
amava pela primeira vez na minha vida, e tinha a certeza
de que seria a última.
— Eu farei tudo por ela, para vê-la feliz. — Falei, e
os dois me encararam, agora sem a expressão assassina de
minutos antes, mas com suavidade. Luke foi o primeiro a
se aproximar e me abraçar.
— Então bem-vindo a família, Prinhado. — Disse
Luke e deu dois tapinhas nas minhas costas.
— Prinhado?
— Uma mistura de primo e cunhado. — Disse ele, e
Dom aproximou-se e me deu um abraço apertado.
— Cuide bem dela. Eu fiquei muitos anos longe dela,
mas sei o quão preciosa ela é.
— Pode deixar, Dom, cuidarei bem dela... até porque
não quero uma bala na minha testa. — Brinquei com eles e
desta vez eles riram… tudo iria voltar ao que era antes.
Eu amava Julianne e não queria perdê-la, mas havia
me entristecido Luke e Dom me tratarem de forma
diferente. Sempre fomos grandes amigos, então o momento
em que fiz uma piada e eles riram foi muito bom para
mim. Saber que eu teria a mulher que amo sem perder a
amizade de meus dois primos e os primeiros amigos que
tive era maravilhoso.
No corredor que levava a saída, meu celular apitou.
Era um sms de Alex.
Alex diz: Não sei você, mas eu sem dúvidas vou
ganhar essa aposta. O rodeio já vai começar, você vai
amarelar?
Resolvi deixar para responder depois. Alex até
poderia ter ganho a aposta, mas quem saiu vitorioso no
final fui eu. E essa certeza só se intensificou quando vi
minha diaba conversando com sua mãe diante da porta.
Ela usava um jeans justo, blusa listrada e botas texanas
marrons. Seu jeans colava-se ao seu traseiro, e precisei
de alguns minutos para me recompor antes de me
aproximar delas.
— Vamos? — Ela me encarou e sorriu, e seu sorriso
fez meu coração bater mais rápido e me senti aquecido.
— Vamos sim. Patrick vai conosco até o aeroporto? —
Perguntou ela.
— Vai sim, onde ele está? — Perguntei.
— Ele resolveu dar uma carona para mamãe. — Disse
Nicolle. — Falou para vocês irem sem ele.
— Sinto cheiro de romance no ar. — Disse Julianne.
— Apesar de amar muito meu falecido pai e sentir
muita a falta dele, vou ficar muito feliz se mamãe arrumar
um companheiro. — Comentou Nicolle.
— Vocês não podem ver um homem sendo gentil que já
montam romances na cabeça. — Falei.
— Concordo, meu genro. — Disse Logan que se
aproximou de nós.
— Vocês, homens, que são cegos. — Falou Victória.
— E sempre serão. — Completou Nicolle.
— Vim me despedir de vocês. Em poucos dias
estaremos em Houston para o rodeio. Cuide bem dela
Sebastian. — Disse Logan.
— Pode deixar.
Nós nos despedimos dos dois. Julianne levou apenas
uma mochila, afinal ainda não tínhamos planejado onde
viver. Se bem que Patrick me convidou para viver na
fazenda no Arizona para ajudar na administração, e aquela
vida de rodeios já estava me cansando. Julianne ficaria
mais feliz se vivêssemos perto dos seus pais, e eu estava
pensando seriamente nisso. Depois do rodeio conversaria
com ela a respeito.

Julianne Lennox
Chegou o grande dia, e eu estava tremendo. Haviam
várias mulheres lindas ali comigo, todas para disputar
quem ganharia a faixa de rainha do rodeio. Confesso que
não me importava mais tanto se iria vencer ou não, afinal
havia me inscrito para chamar a atenção de um certo peão;
mas como seus olhos já estavam pregados em mim, era
desnecessário competir. Mas é claro que não falei isso
para ele no dia anterior.

— Olha o tamanho desse short... não, não, na


verdade acho que nem podemos chamar esse pedaço de
pano de short. — Sebastian estava maluco ao ver as
minhas pernas de fora com a roupa que todas iriam
desfilar primeiro.
— Claro que é um short, e todas estarão usando um
igual... não sei porquê de tanto drama. — Falei,
encarando meu reflexo no espelho. De fato aquela roupa
era um escândalo, mas não admitiria isso para ele nem
sob tortura.
— Por que você simplesmente não desiste e participa
apenas da prova dos três tambores?
Girei nos calcanhares e o encarei furiosa.
— Desistir? Nunca. — Ele sabia que essa palavra
não existia no meu vocabulário. — Eu me inscrevi e irei
participar.
— Isso só pode ser castigo pela vida que levei até
hoje. — Lamentou-se e sentou-se na velha poltrona do
quarto, frustrado.
— Hey, todas as meninas vão estar vestidas assim.
Então não se preocupe comigo.
— Fodam-se as outras. Elas não são nada
comparadas a você... Diaba, você vai ofuscar todas elas,
e os juízes vão ficar duros só de te olhar… sei como os
homens são escrotos. — Ele estava muito fofo naquele
momento, como um menininho que tinha sido
contrariado pela mãe. Ele quase, quase tinha um
beicinho em seus lábios e com alguns passos fiquei de
frente para ele.
— Hey.. .o que eu preciso fazer para você relaxar? —
Seu olhar encontrou o meu, mas ele ainda tinha aquela
expressão contrariada. — Quem sabe se eu tirar esse
pedaço de pano de mim...— Abri o cinto e o fecho do
short jeans e o desci pelas minhas pernas, ficando
apenas de top, calcinha e botas.
— Julianne... — Ele rosnou. — Não estou no clima
agora. Na verdade, estou puto… posso não ser gentil.
— E quem disse que quero gentileza? — Peguei sua
mão, coloquei-a entre as minhas pernas, e o fiz apertar a
minha carne. — Se eu estivesse buscando por gentileza
não estaria com um peão.
— Estou falando sério. — Alertou-me ele, e com a
outra mão pegou em meu traseiro e apertou com força.
— Me devore, peão. Me devore com força! — Os
olhos de Sebastian mudaram de tonalidade e ficaram
escuros de desejo.
Ele segurou a frente da minha calcinha com as duas
mãos, e com força a rasgou em dois pedaços e me puxou
para o seu colo. Sebastian abriu meu top com um puxão,
e sua boca logo estava em mim, sua língua provocando
meus mamilos, seus dentes mordiscando minha pele. Ele
estava duro embaixo de mim e me esfreguei contra ele,
gemendo, ansiosa por recebê-lo dentro de mim.
Sebastian abriu o fecho das calças, e logo senti seu
sexo duro e quente entre as minhas pernas. Rebolei em
seu colo, friccionando minha pele na dele, ficando a
cada movimento mais úmida; até que me posicionei e ele
me penetrou com força. Gritei, sentindo-o por inteiro
dentro de mim, então ele puxou meu cabelo, puxando
minha cabeça para trás para ter acesso ao meu pescoço.
Sua língua explorou minha pele me deixou em ponto de
ebulição.
Quando me dei conta, ele havia se levantado da
poltrona comigo ainda montada nele, e então me deixou
de pé no chão, e deu a volta na poltrona me levando pela
mão, chupando meus dedos. Aquele pequeno gesto fez
um espasmo de desejo vibrar entre as minhas pernas.
Sebastian, com fúria, me pegou novamente pelos cabelos
e puxou meus lábios para os seus em um beijo lascivo e
bruto. Então ele me empurrou sobre a poltrona para que
apoiasse minhas mãos contra o encosto dela, fez com
que eu empinasse meu traseiro e deu um tapa forte em
um dos lados da minha bunda.
Logo senti sua língua entre as minhas pernas. Ele
estava de joelhos atrás de mim, sua boca me devorando
toda... Rebolei, implorando por mais. Eu precisava de
muito mais. Então ele ergueu-se e me penetrou com
força, puxando meu cabelo com uma mão e apertando
meu traseiro com a outra. Ele estocou com velocidade e
força, e gritei, tamanho meu tesão. Quando atingi o
ápice, foi tão intenso que gozei mais de uma vez; foi uma
atrás da outra a ponto das minhas pernas ficarem
bambas. Logo o senti se derramar contra a minha pele,
mas estava sem forças para me mover. Sebastian
delicadamente limpou da minha pele sua semente e me
carregou no colo com cuidado e carinho.
— Machuquei você, amor? — Perguntou ele,
preocupado.
— De jeito nenhum... se isso é machucar preciso ser
machucada mais vezes. Gosto de fazer sexo com você,
Sebastian, de qualquer jeito… com carinho ou com
selvageria. — Ele acariciou meu rosto e me colocou
sobre a cama.
— Não é sexo...fazemos amor Julianne. — Ele se
acomodou ao meu lado e me abraçou. — Estou tão feliz,
tenho tanta sorte de ter você ao meu lado... acho que se
você não tivesse aparecido em minha vida, eu jamais me
casaria.
— Tenho sorte de ter laçado você.
— Tenho sorte de ter sido laçado. Eu te amo,
Julianne, e vou respeitar seu desejo de competir a
rainha do rodeio. Por mais louco que isso me deixe, eu
só quero te fazer feliz.
— E eu te amo mais ainda por essas atitudes. — Ele
acariciou meu rosto e senti naquele toque e naquele
olhar todo o amor do mundo.
— Agora durma, Diaba linda, sonhe com os anjos. —
Ele fez cafuné no meu cabelo e fechei os olhos.

Lembro-me de adormecer como um anjo noite passada,


Sebastian a cada dia me surpreendia mais, e a cada dia eu
me sentia mais e mais apaixonada. Ele era o homem
perfeito, perfeito para mim.
— O desfile começa em cinco minutos. Prontas? —
Perguntou George o organizador.
— Eu serei a primeira. — A vaca que joguei no esgoto
disse olhando na minha direção. — Temos que abrir o
desfile com a mais bonita.
Toda as outras torceram o nariz para ela, mas George,
que era um babão e eu tinha certeza que estava comendo a
vaca Malory nos corredores, ou ao menos sendo chupado
por ela, concordou que ela fosse a primeira. E assim
seguiu-se o interminável desfile. Pode não parecer, mas
era uma pessoa extremamente tímida, e me perguntei vezes
demais se eu iria tropeçar e cair. Minhas mãos tremiam,
mas me mantive calma e conclui o desfile.
Dez meninas foram classificadas, incluindo a vaca
Malory e eu. A roupa agora era calça, camisa, chapéu,
cinto e botas. Fiquei mais confortável vestido calças,
afinal foi realmente estranho ver tantos homens cobiçando
minhas coxas. E mais uma vez desfilamos todas, e então
foram escolhidas as finalistas, quatro meninas incluindo a
vaca Malory e eu. Agora usaríamos um traje especial. O
meu era uma calça de couro azul cheia de brilho e franjas,
o um traje típico de finalistas, e todas usavam um similar
ao meu… menos a vaca Malory, que usava, é claro, uma
saia curta e top. Aquele típico traje era vulgar e nada
sexy.
— Boa sorte. — Disse uma das meninas para mim.
— Para você também. — Falei.
— O importante foi chegar até aqui. — Disse a outra.
— Já começaram com o papo de perdedoras. —
Zombou Malory. — Fico feliz em ver que vocês já estão
consolando uma a outra, afinal aquela coroa é minha.
Todas ignoraram o que Malory falou, pois ela, de fato,
não valia a pena. Nem mesmo gastar a saliva com ela
valia a pena.
E então começaram as classificações. A menina que
falou comigo, a Suzy, merecia ser a rainha do rodeio. Ela
tinha aquela beleza nada convencional e tinha toda a
postura de rainha. Eu ficaria feliz em perder para ela, só
não admitiria era perder para Malory.
— A segunda princesa do rodeio é... Kate Eastwood.
— Nossa parceira foi até a frente, sob os aplausos de
todos.
— A primeira princesa do rodeio é Suzy Lee Clint. —
Mais uma vez uma salva de palmas para ela; e agora era a
hora da verdade.
Uma de nós seria a rainha do rodeio, e a outra ganharia
apenas uma faixa de madrinha dos peões.
— E o prêmio de rainha do rodeio vai para...
Sabe aquele momento em que fica aquele ar de
suspense, aquele momento em que cada segundo se torna
minuto, aquele momento em que você prende a respiração
sem sequer perceber que está fazendo isso... aquele
momento em que todos na plateia ficam num silêncio
sepulcral? Aqueles poucos segundos em que o
apresentador ficou em silêncio para completar a sua frase
duraram horas para mim, e então ele falou quem venceu;
mas eu estava tão atordoada que só prestei a atenção
quando colocaram uma coroa na minha cabeça e uma faixa
de rainha do rodeio.
— Isso está errado! — Ouvi Malory gritar. Ela veio na
minha direção, furiosa, depois de jogar a faixa de
madrinha dos peões longe. Ela ergueu a mão, pronta para
arrancar a minha coroa. — Sua usurpadora! Essa coroa é
minha! Sebastian também é meu!
— Saia daqui sua louca! Você não sabe perder? — Ela
puxou a coroa da minha cabeça, e todas as pessoas em
volta do palco começaram a falar.
— É minha a coroa! — Disse ela. — Minha.
— Pois enfia ela no.… não vou falar. — Suspirei. —
Fique com a maldita coroa se te faz tão feliz.
Olhei para a mesa dos jurados e vi que ali tinha
algumas guloseimas, incluindo um bolo com uma coroa
desenhada.
— Eu sou a verdadeira rainha do rodeio! — Disse ela
colocando a coroa e ficando de frente para o público que
começou a vaiar Malory. — Parem de me vaiar! Eu sou
mais linda!
— Hey, pessoal! — Falei em voz alta. — Vamos dar
os parabéns para a eterna rainha encalhada do rodeio. —
Coloquei o bolo na cara dela e esfreguei o glacê em seus
cabelos, e todos caíram na gargalhada. Fiz uma reverencia
para Malory e falei: — Parabéns! Por mim você pode ser
para sempre a rainha do rodeio, pois eu pretendo ser
apenas a mulher amada de Sebastian. — Eu me aproximei
da ponta do palco onde Sebastian estava parado e me
encarando e pulei para os seus braços.
— Você é e sempre será, minha rainha. — Disse ele, e
então se ajoelhou diante de mim. — Eu te amo mais que
tudo, Julianne. Você quer ser para sempre, minha Diaba,
minha rainha e meu amor? — Ele abriu uma caixinha, e lá
dentro havia um lindo anel com um rubi vermelho. —
Aceita se casar comigo? Não será uma vida fácil, já que
tenho o gênio tão forte quanto o seu; mas prometo fazer
você feliz todos os dias da minha vida. Você é a mulher da
minha vida, sou seu e apenas seu e quero só você, para
sempre. Você me aceita?
Ele me pediu em casamento na frente de todos do
rodeio, na frente de toda a Houston. Olhei para um dos
telões e vi que estavam nos filmando. Eu o encarei com os
olhos marejados e dei minha resposta.
Capítulo 23

Sebastian Lennox

Eu realmente esperava que ela aceitasse. Estava claro


seu amor por mim como o meu por ela, mas ainda assim
sentia aquele frio na barriga pela expectativa de sua
resposta. Estava planejando pedi-la depois do rodeio,
mas depois de ter sido apalpado na bunda mais de cinco
vezes, achei que aquele momento seria perfeito para
mostrar que eu pertencia a ela na frente de todas as
mulheres do rodeio, mostrar que ela era minha na frente
de todos os homens dali. E depois dela dar uma lição
merecida em Malory, achei que o momento estaria
completo com meu pedido, algo para que nunca seria
esquecido. E naqueles poucos segundos em que fiquei de
joelhos na terra, com as pessoas a nossa volta em
expectativa e o céu estrelado de pano de fundo, foi como
se um filme estivesse passando dentro do meu cérebro.
Esse seria meu último rodeio, eu iria administrar a
fazenda de Patrick como ele havia me convidado. Iríamos
para o rodeio todos os anos se Julianne ainda desejasse
participar, eu apoiaria em sua faculdade, e ela viveria
perto de seus pais. Teríamos filhos quando ela estivesse
pronta, pelo menos uns cinco moleques... só esperava que
ela me aceitasse para que esse filme que se passava em
minha mente se concretizasse. Eu não gostava em nada da
ideia dela participar dos rodeios dali para a frente, mas
seria um verdadeiro hipócrita e cretino se a proibisse de
fazer isso. Então, olhando em seus olhos, fiquei esperando
ela responder... uma simples palavra de três letras que
mudaria a nossa vida inteira.
— Sim. Sim! Eu aceito, Sebastian! Óbvio que aceito.
— Soltei o ar e voltei a respirar novamente. Coloquei o
anel em seu dedo… ficou um pouco frouxo, mas nada que
um ajuste não resolvesse. Peguei minha Diaba nos braços
e a beijei apaixonadamente ao som dos aplausos de todos.
— Temi que você fosse recusar. — Sussurrei em seu
ouvido.
— Eu seria louca se dissesse não, depois de tudo o
que fiz... chantageei e seduzi você de formas tão injustas.
— O que você faria se eu tivesse mandado você
embora, deixando você inventar histórias para os seus
irmãos?
— Eu teria ido embora... triste... mas nunca teria
inventado nada para os meus irmãos. Aprendi a jogar
poker com lady Pen, e as vezes é preciso blefar para
ganhar o jogo. — Julianne piscou para mim.
— Que bom que cai no seu blefe, ou não estaríamos
aqui hoje.
— Você acha que eu desistiria de você? — Ela
arqueou uma sobrancelha. — Apenas o rumo da história
mudaria, mas o final seria o mesmo...
— Qual era seu plano B? — Perguntei curioso.
— Me tornar a rainha do rodeio e comemorar na sua
cama. — Ela mordiscou o lóbulo da minha orelha ao dizer
isso, e fiquei duro instantaneamente.
— Você vai me deixar louco até o fim desta noite. —
Ela gargalhou alto, e agora que as pessoas começaram a
dispersar caminhamos juntos de mãos dadas.
— Uma mulher sábia me disse uma vez: “Vale tudo no
amor e na guerra”.
— Lady Pen de novo? — Perguntei.
— Não, Deborah Lennox! — Falou orgulhosa.
— Pior pessoa para pedir conselhos... — Bufei.
— Na verdade eu sou fã dela, ela é destemida.
— Ela é maluca... agora entendi o porquê de você ser
uma diaba. — Falei.
— Por quê?
— Teve aulas com o próprio Lúcifer. — Julianne
gargalhou alto mais uma vez.
— Deborah vai adorar saber que foi comparada a um
anjo tão bonito...
— E maligno.
— Sempre acho que cada história tem dois lados...
mas enfim, preciso trocar de roupa. — Ela me deu um
selinho e saiu correndo. — Depois nos vemos. — Gritou
antes de me deixar excitado e sozinho.
— Agora entendi o porquê você não me deixou fazer
amizade com a encantadora de cavalos. — Alex apareceu
do meu lado e ficou observando Julianne correndo em
direção aos camarins.
— Tira o olho da minha mulher. — Ele ergueu as mãos
para o ar em sua defesa.
— Desculpe, não consegui evitar... quem mandou você
estar com a mulher mais bonita do rodeio? — Disse ele.
— Ela é minha!
— Calma lá, Sebs, eu sei... Somos amigos, cara, e
para mim ela é um homem… mesmo que seja um homem
muito bonito.
— Você quer apanhar. — Ele gargalhou.
— Calma, eu estou brincando.
— Não vejo graça nenhuma nisso.
— Você perdeu. Você sabe, não é mesmo? A aposta. —
Eu o encarei e sorri vitorioso.
— Na verdade eu ganhei.
— Não ganhou nada, eu sei que você só teve uma
mulher durante esse tempo todo... enquanto na minha cama
até agora já passaram três. — Falou orgulhoso, e então
encarou alguém atrás de mim e piscou. — E acho que a
primeira princesa será a quarta.
— Acredite, Alex, eu ganhei... Eu sai vitorioso mesmo
perdendo. Essas três mulheres que você pegou não são
nada comparadas a Julianne. Então, ao meu ver, eu
ganhei...
— Eu não vou te entregar o cupido, a aposta era sobre
quantidade e não qualidade. — Reclamou ele.
— Eu sei, meu amigo, o Cupido é seu e continuará
sendo… só acho que você deve rever seus conceitos.
Acredite, quantidade não é nada perto da qualidade de
uma mulher de verdade. — Ele ficou me encarando com
os olhos arregalados.
— Onde está meu amigo Sebastian? Quem é você? Um
alien?
— Sou eu mesmo cara, só achei a mulher que amo, e
minha vida está bem melhor agora. — Suspirei. —
Acredite, mulheres para dar para você tem um monte por
aí... mas mulher para ficar do seu lado, te apoiar nos
momentos difíceis, aproveitar com você os momentos
bons e vibrar em cada vitória sua, são poucas. Quando
encontrar uma assim, você deve se amarrar também. Uma
vida assim, fútil, não é uma vida que vale a pena ser
vivida.
— Você parece o tio John falando. — Ele chamava
meu pai de tio, já que éramos amigos há quase seis anos.
— Eu sei, aprendi muito com meu pai. Agora vamos,
cara, vamos nos aprontar para participar da prova... quero
que você seja meu padrinho de casamento. — Falei
sorrindo.
— Cara, você mudou mesmo.
— Estou te passando o posto de garanhão dos rodeios
e me amarrando a uma mulher. Quem diria que o final
dessa nossa aposta seria esse? — Comentei, e juntos
fomos nos preparar para a prova.

***///****

Alex foi o primeiro a participar da prova cutiano. O


objetivo era ficar oito segundos, ou mais, em cima do
cavalo, aguentando seus saltos sem cair. Alex fez uma
ótima pontuação ao se manter em cima do bicho por sete
segundos e 15 centésimos. Outros participantes fizeram
uma pontuação razoável, mas Alex ainda se mantinha na
liderança. Como era meu último rodeio, pretendia pelo
menos ficar com o segundo lugar, seria uma boa
despedida.
Havia chegado a minha vez, meu coração batia
acelerado. Eu segurei firme na corda que me firmaria no
animal, Tornado estava bufando embaixo de mim, e eu
sabia que assim que aquela porteira fosse aberta ele
pularia e tentaria me jogar longe. Esperava que Julianne
não estivesse na plateia, quando eu fosse jogado no chão,
pois eu poderia ser pisoteado e não era uma cena bonita.
Já havia machucado minha perna em três lugares
diferentes. No momento em que você é jogado no chão,
não existem oito segundos; você precisa se erguer em um
segundo se não quiser ser morto. E por diabos, nunca me
preocupei com isso até agora.
Não tive nem tempo de pensar mais, a porteira foi
aberta e fui sacudido para todo o lado. Não havia como
saber quando completaria 8 segundos, eu nunca ficava
prestando a atenção ao tempo; eu só precisava me manter
em cima do cavalo pelo máximo de tempo possível, e
então fui jogado no chão.
Era tudo muito rápido, ralei meus cotovelos e levantei
rápido, e por poucos centímetros não fui pisoteado. Mas
então havia ficado 8 segundos e dois centésimos. Eu tinha
o primeiro lugar, e ainda zonzo vi todos comemorarem.
Sentei-me na arquibancada e recebi os parabéns de todos
e então bebi água. Faltava apenas um último competidor,
Ele era uma novidade naquele ano, um homem que nunca
havia participado.
— Qual o nome dele mesmo? — Perguntei para o peão
do meu lado.
— Não sei, o chamam de El Diablo... seu nome
verdadeiro eu não sei.
— El Diablo? — Franzi a testa, e em poucos minutos
El Diablo entrou na arena; e eu não podia acreditar... eu
só poderia estar vendo coisas, certo?
Um jeans largo, uma camisa minha, meu chapéu preto e
aquele traseiro redondo… eu nunca iria me esquecer
daquela bunda. Não poderia ser. Poderia? Encarei o rosto
de El Diablo e ele usava um lenço negro sobre o rosto. E
então quando vi os olhos de Julianne, ela foi jogada ao
chão, meu coração parou por alguns segundos, mas ela se
ergueu tão rápida quanto um gato e foi aplaudida por
todos.
— El Diablo... 8 segundos e vinte e sete centésimos! É
o vencedor! — Ela então tirou o lenço que cobria seu
rosto e tirou o chapéu, fazendo seus cabelos negros caírem
em cascata contra seus ombros. Ela pegou o microfone do
locutor depois de todos os expectadores ficarem
chocados.
— Na verdade eu fui desclassificada, já que sou uma
mulher... o vencedor no fim de tudo é Sebastian Lennox...
— Ela girou nos calcanhares e me encarou. — Eu queria
que no fim de tudo ele tivesse tudo o que desejasse, e
então fiz uma aposta com seu amigo, Alex. — Ela acenou
para Alex, que acenou de volta. Senti vontade de mata-lo
naquele instante. — Antes de começar o rodeio os dois
haviam feito uma aposta estúpida, e graças a mim
Sebastian a perdeu… mas apostei com Alex que ganharia
deles nessa competição, e não é que ganhei mesmo? Acho
que foi sorte de principiante, eu quase fiz xixi nas calças.
— Todos gargalharam. — Então Sebastian ganhou meu
coração, meu corpo e minha alma, mas também ganhou o
cavalo Cupido; pois quando amamos uma pessoa,
desejamos que ela tenha tudo o que deseja. Eu te amo,
Sebastian Lennox.
— Diaba! — Falei e pulei da arquibancada e agarrei-
a. — Você vai pagar por isso! Quase morri de
preocupação.
— Desculpe, eu não poderia deixar você perder o
Cupido.
— Como soube da aposta? — Questionei.
— Sou filha de Nicolle Lennox... — Aquilo explicou
tudo, Nicolle Lennox deveria de fato ser contratada pela
CIA, pois eles estavam perdendo uma grande agente. E
pelo visto, minha diaba havia herdado da mãe as
habilidades.
— Nunca mais faça isso. — Alertei.
— Eu não pretendo voltar aos rodeios, a não ser para
te acompanhar.
— Achei que era seu sonho...
— Era apenas um meio de chegar até você... quero
trabalhar cuidando dos cavalos...
— Nossas mentes estão em sintonia.
— Moça, poderia me devolver o microfone... preciso
anunciar o verdadeiro vencedor. — Disse o apresentador
para Julianne ela sorriu para ele e para mim.
— Deixa apenas eu falar uma última coisa. — Ela se
virou para o público e com o microfone em mãos ela
disse: — Por favor, Mamãe, Megan, Cris, Elena e Lizzie
podem trazer as moças. — Logo apareceram todas elas
uma atrás da outra, e ao lado de cada uma das mulheres
Lennox estava uma mulher coberta de lama. — Só queria
avisar as mulheres do rodeio que eu e meu homem vamos
passear mais um pouco por aí, e essas cinco mulheres
cobertas de lama apalparam ele... joguei cada uma delas
na lama; e se mais alguém quiser comer lama ou estrume,
eu estou aqui, firme e forte... então pensem duas vezes
antes de tocar no meu homem.
Aquela mulher era louca, aquela mulher era realmente
maluca... aquela mulher era a mulher da minha vida. E eu
amava-a com todas as minhas forças. Era uma verdadeira
Diaba, a minha diaba.
Capítulo 24

Julianne Lennox
Las Vegas... algumas semanas depois...

Estava usando um vestido tomara que caia branco,


curto na frente e com uma cauda atrás, botas texanas
marrons, chapéu cor creme e um buque de flores do
campo; meu homem de terno e botas, claro, com seu
chapéu combinando com o meu, e assim chegamos em
Vegas. Amávamos nossa família, mas depois da reunião
que teve antes do meu pai chegar aquela vez, eles estavam
voltando a fazer a mesma coisa, todos se reunindo para
planejar nosso casamento. Por isso Sebs e eu pegamos a
caminhonete, sequestramos os nossos pais, e estávamos
agora em uma capela em Vegas diante de um
cerimonialista vestido de Elvis.
— Aceito. — Falei, olhando para Sebastian.
— Aceito. — Disse ele, olhando nos meus olhos.
Nada pomposo, nada exagerado; apenas duas pessoas
que se amavam muito, oficializando sua união diante de
seus pais e claro... de Elvis.
E assim nos casamos em uma das muitas capelas em
Vegas. Comemoramos em uma lanchonete, uma
comemoração regada a muita cerveja e hambúrguer com
batatas fritas. Eu estava usando uma liga azul que minha
mãe me deu, um prendedor velho da vovó que papai me
emprestou. Mas melhor do que tudo isso, eu tinha o
homem que eu amava ao meu lado e nada... nada iria
estragar isso.

*****

Chegamos na fazenda de Patrick, digo, na nossa


fazenda... Agora iriamos viver ali e eu estava animada ao
extremo. Antes de entrarmos na casa, Sebastian me pegou
no colo como um bom noivo. Ele abriu a porta, mas logo o
romantismo foi quebrado quando escutamos o som de algo
caindo no chão. Um estrondo dentro da casa escura.
— Fique aqui que vou ver o que houve. — Alertou-me
ele.
— Eu vou com você. — Falei com o coração na mão.
— Julianne, não. Pode ser um bandido. — Revirei os
olhos.
— Todo mundo sabe que não devem se separar. Basta
ver os filmes de terror que você já sabe que se separar
não é uma boa ideia.
— Isso aqui não é um filme. — Resmungou ele.
— Eu sei, mas ainda assim vou com você. — Falei
determinada.
— Não saia de trás de mim. — Disse ele vencido.
Sebastian pegou um taco de baseball e fiquei atrás
dele, segurando em sua camisa. Nos aproximamos pé ante
pé até onde veio o barulho. O avô de Sebastian disse que
não estaria em casa, então o que pode ter acontecido?
Quem será que estava ali? Seria algum bandido? Talvez
algum animal houvesse entrado pela janela? Eu me senti
dentro de um dos livros de Agatha Christie a cada passo
que dávamos na direção do barulho, com o suspense
aumentando e meu coração batendo descompassado.
— Ah não! Patrick! — Sebastian se virou na minha
direção e tapou meus olhos com a mão. — Não olhe isso,
Julianne.
— Desculpe, era para termos saído daqui mais cedo,
mas perdemos a hora. — Ouvi Patrick dizer.
— Vovô, vista uma camisa, por favor! — Pediu
Sebastian. — E quem é a mulher que está escondida aí?
Apareça! Você?
Sebastian ficou tão surpreso que tirou a mão dos meus
olhos, e então encarei uma cena muito incomum diante de
mim.
— Vovó?
— Julianne, minha neta, não entenda errado. Eu...
— Vovó, que safada! — Falei e ri alto. — Mas graças
a Deus que a senhora escutou os meus conselhos, está
viúva a tempo demais... E o senhor Patrick é bem bonitão.
— Julianne! Me respeite que sou sua avó! — Vovó
Claire ficou vermelha igual a um tomate. Eu precisaria
contar isso para a mamãe... eu sabia que isso iria
acontecer.
— Fiquem à vontade aí na biblioteca... vamos para o
quarto, Sebs... — Falei para ele.
— Acho que estou traumatizado. — Ele falou.
— Eu te destraumatizo logo. — Puxei ele pelo braço
e escutei minha avó gritar antes de deixarmos a biblioteca.
— Não é nada disso que vocês estão pensando!
— Claro que não. — Ironizei.
Sebastian naquela noite não conseguiu fazer amor,
afinal sua imaginação fértil o levou a imaginar nossos
avós juntos; então ficamos parte da noite conversando e
fazendo carinho um no outro. Eu contei meus planos de
fazer faculdade de veterinária, afinal amava os cavalos; e
também pretendia também escrever crônicas, já que eu
amava livros. Sebastian iria administrar a fazenda de
Patrick, que era sua herança, e iria ganhar muito dinheiro
com o grande campeão Cupido.
Minha mãe e meu pai voltaram para sua lua de mel...
Megan e Jake resolveram seguir o mesmo caminho, e a
lua de mel deles resultou em dois anos fora.
Cris e John estavam dedicados a Caroline, e ela estava
aos poucos se recuperando dos traumas do passado.
Leninha e Travis viajaram para a Itália para abrir uma
filial do restaurante de Lenna lá... e parece que Elena
ficou grávida novamente durante essa aventura.
Lizzie e Aiden mudaram a história e ganharam um
prêmio por mudarem a vida de centenas de crianças
carentes e especiais.
Deborah salvou outro cavalo das garras de Geoffrey, e
ele foi preso de uma vez por todas. Ela e Alejandro
viviam como coelhos, e ao que parece mais uma vez
Deborah estava grávida… e soube que uma vizinha beijou
a lama esses tempos.
Luke e Sarah continuavam com sua paixão ardente, e
orgulhosos, viram Cameron se formar na faculdade com
honras. Até mesmo a pequena Joyce, irmãzinha de Cam, se
emocionou.
Dom e Mandy viviam em harmonia, e iriam se amar
para sempre e até em outras vidas. Era nítido que foram
feitos um para o outro.
Val e Noah eram o casal mais perfeito que você
poderia encontrar, afinal os Lennox e os Foster se
igualavam em loucuras de família.
Vic e Eric eram fogo e gasolina, e apesar de se
amarem muito como casal, viviam discutindo um com o
outro quando ela incorporava a repórter e ele o policial.
Lady Pen e Harry se amavam, e ela era a única mulher
que eu deixava apalpar Sebastian... Mas ela ainda preferia
apalpar a bunda do meu pai...
Um ano depois do meu casamento com Sebastian
nossos avós se casaram. Vivíamos todos em bem e felizes,
claro, cada um em sua casa.
James, o irmão mais novo de Deborah, estava indo
bem em Chicago; e soube que ele iria em breve se tornar
um paramédico no corpo de bombeiros de lá.

Acho que foi um bom resumo... o fim. Um dia sempre


chega... mas claro sempre poderemos nos encontrar de
novo... tem sempre contos para matar as saudades, não é
mesmo? Certas coisas sempre ficaram em nossa memória
e nossos corações...
Obrigado por acompanhar a história da minha família
maluca até aqui... Eu resolvi escrever todas elas com
detalhes pois vocês precisavam conhecer minha família, e
agradeço a todos que leram e encerro tudo com a minha
história e a de Sebs. Vou morrer de saudades... falo
sério...têm lágrimas escorrendo por meu rosto agora... Aí
Deus, sou mesmo uma manteiga derretida não é mesmo?
E a do James? Vocês me perguntam. James contará a
história dele depois, se ele desejar... ele agora está em
Chicago com os bombeiros... quem sabe ele não decide
apresentar a vocês os amigos dele? Amigos bombeiros...
parece uma delícia e bem quente, não é?
Preciso ir agora, Sebastian Jr. me chama...esse menino
me deixa louca...
Obrigada mais uma vez...
Um beijo grande...
Julianne Lennox... a Diaba!
Epílogo

Nove anos depois...

— Conte novamente sobre o Cupido, mamãe, como


você o ganhou? — Julianne Lennox suspirou, havia
perdido as contas de quantas vezes já havia contado
aquela história para os filhos, mas eles sempre pediam
para que ela contasse novamente; e assim ela acomodou-
se e começou a falar.
— Bem, eu desisti de participar da prova dos três
tambores para montar em um cavalo selvagem. Eu havia
tido tempo de treinar apenas por uma manhã, e ainda
assim venci. — Os dois pares de olhos a encararam,
encantados. Sebastian Junior, de oito anos; Isabella, de
seis anos; e a caçulinha Sophia, de quatro anos e meio,
brincava com Legos distraída… ela não dava muita
importância para essa história ainda.
— Foi sorte de principiante, e uma questão de peso.
— Disse Sebastian, invadindo a conversa. — A mãe de
vocês é mais leve, e por isso foi mais fácil se manter em
cima do cavalo.
— Achei que quanto mais peso, melhor. — Falou
Julianne, lembrando-se de uma conversa que escutou
muitos anos antes, quando Sebastian disse para Dominic
que havia perdido o rodeio para outro homem, pois o
outro era mais pesado.
— Não, não... mas a mãe de vocês já contou o porquê
ela tem uma tatuagem no ombro com a cara do Cupido?
— Sim, pai, ela disse que foi porque ele salvou minha
vida. — Falou Sebastian Junior.
— Sim, ele era um cavalo muito inteligente, e estava
destinado a ser nosso...— Começou Sebastian pai, e então
encarou sua esposa, a mulher que ele mais amava no
mundo. —Você conta ou eu conto? — Questionou ele.
— Conte você... vai ser bom ter outra perspectiva. —
Falou Julianne. Ela adorava escutar o marido contando
histórias, sua voz forte e poderosa sempre dava um toque
mágico as histórias.
— Sua mãe estava grávida de você, Isa, e teimosa
como era resolveu cavalgar com Cupido. Ele já havia se
aposentado das corridas e havia se tornado um cavalo
velho e manso. Ela resolveu levar Sebastian para cavalgar
junto, e com isso eles resolveram se deitar embaixo de
uma árvore, e foi quando tudo aconteceu ao mesmo tempo:
a mãe de vocês entrou em trabalho de parto, e Sebastian
foi picado por uma abelha e começou a ter uma reação
alérgica.
— E então mamãe me prendeu em cima de cupido, e
mandou ele ir procurar papai com um tapa no seu lombo.
— Disse o Sebastian Junior, pois conhecia a história e
cor.
— E então ele veio diretamente a mim, como se
realmente entendesse a situação. — Continuou Sebastian.
— Em minutos você foi medicado, e horas depois Isa
nasceu.
— Cupido foi um cavalo incrível! — Disse Isabella,
batendo palmas.
— Ele faz muita falta. — Comentou Julianne,
acariciando o ventre levemente avantajado. Um menino
chamado Simon nasceria dali três meses.
— Por que os cavalos morrem mamãe? Por que as
histórias acabam? Por que os filmes chegam ao fim? Por
que Dragon Ball Z acabou? — Sebastian era um menino
muito curioso e sempre estava cheio de perguntas.
— A vida é assim, meu amor. Ela é cheia de ciclos…
velhos ciclos precisam acabar para que novos comecem.
— Falou Julianne.
— Mas gosto de coisas velhas, não gosto de
mudanças. — Falou Sebastian, emburrado. Sebastian pai
o pegou no colo e sorriu.
— Mudanças são boas, meu filho, para evoluirmos...
sei que sentimos saudades de certas coisas, mas temos a
certeza de que novas coisas boas estão por vir. — Falou
Sebastian.
— Algumas pessoas levam mais tempo que outras para
se adaptarem, mas devagarinho vamos nos adaptando e
nos apaixonando pelas coisas novas.
— Nada irá me fazer superar Dragon Ball Z. — Disse
o pequeno Sebastian emburrado.
— Meninos. — Comentou Isabella, revirando os
olhos.
— Você sempre pode assistir de novo e de novo. —
Comentou Julianne, tentando tranquilizar seu filho.
— Ou pode ver o filme das princesas comigo. —
Disse Isabella.
— Mamãe, quero ver Frozen. — Disse Sophia.
— De novo aquele filme? Ah não... — Reclamou
Sebastian. Seu pai riu e segurou em sua mão.
— O que acha então de irmos cavalgar um pouco
enquanto as meninas veem o filme? — Sugeriu Sebastian
pai.
— Oba! Vamos papai, vamos até a casa do vô e da vó?
— Patrick e Claire viviam em uma casa a quatro
quilômetros da casa deles, e o pequeno Sebastian adorava
ir lá visitar.
— Vamos sim, pequeno. Bom filme, meninas. —
Sebastian beijou os lábios da sua diaba e a testa de suas
filhas, e saiu acompanhado do filho.
Julianne e as meninas se juntaram no sofá e começaram
a sessão “Let it go”, animadas.

Julianne e Sebastian naquela noite na cama fizeram


amor com carinho. Sebastian adorava deixar sua mulher
grávida, ela se transformava em um verdadeiro vulcão em
erupção a cada gravidez. Seu desejo por sexo o deixava
muito ocupado, mas ele nunca havia sido tão feliz; e cada
nascimento dos bebês ele se sentia mais e mais
abençoado.
Sebastian descobriu e aprendeu muito nos últimos anos
que deveria sempre respeitar e reverenciar os mais
velhos, que deveria aproveitar cada momento da vida
como se fosse o último, pois nunca sabemos o dia de
amanhã, e que não devemos guardar mágoas pois é o
mesmo que segurar uma brasa quente entre as mãos, nós
somos os mais prejudicados. Ele aprendeu que com a
mulher certa ao seu lado, ele não precisaria de mais
nenhuma outra.
Aprendeu o poder do perdão, o poder do amor, e
claro, o poder de uma Lennox com ciúme... Poças de
lamas estavam aí para serem usadas, não é mesmo?
Cenas extras

Nicolle Lennox
Muito tempo antes...uma conversa muito antiquada

— Sei que vamos para a nossa lua de mel agora, mas


Julianne me preocupa e muito. Essa menina tem um gênio
dos diabos... — Reclamou Logan, e tudo o que pude fazer
foi rir. — Posso saber qual é a graça, baby?
— Claro... estou rindo pois ela é igualzinha a você. —
Falei, e ele me encarou surpreso.
— Ela não é igual a mim... é igual a você. — Falou
emburrado. — Deve ser por isso que parece um pequeno
demônio.
— Você acabou de chamar sua caçulinha amada de
demônio? — Eu estava realmente impressionada.
— Eu a amo, mas infelizmente ela é sim... não sei o
que posso fazer para que ela não se meta em apuros...
— Que tipo de apuro? — Perguntei.
— Se envolver com o homem errado. Com Lizzie
tivemos sorte de o doutor ser um cara legal, e Elena...
bem, Elena ficou com o imbecil do Travis, mas pelo
menos é um cara decente.
— Você chamou Travis de um cara decente... — Sorri.
— Tenho certeza de que ele iria ficar encantado com o
elogio. — Logan bufou.
— Não foi um elogio, foi apenas um fato. — Ele
passou as mãos no cabelo, bagunçando-os, e me encarou
sério. — Mas não vamos fugir do assunto.
— Certo... acho que Julianne não vai se meter em
apuros… ela já está apaixonada por uma pessoa. —
Logan piscou.
— Quem? O Cameron? Eu bem que desconfiei, eles
andam muito grudados; e amizade entre homem e mulher
não existe.
— Não seja ridículo e antiquado, Logan Lennox. —
Ralhei com ele. — Ju e Cam são como irmãos, e o
sentimento de amizade entre os dois é reciproco.
— Então não sei por quem minha filha poderia estar
apaixonada.
— Como pode os homens serem tão cegos? —
Suspirei impaciente. — Julianne gosta de Sebastian.
— Sebastian? O cretino? O primo dela?
— Deus, quanto drama... — Suspirei. — Eles não são
primos de sangue e ele não é um cretino… é apenas igual
a você antes de me conhecer.
— Igual a mim? Ele vive atrás de um rabo de saia, não
é nada parecido comigo.
— Antes de você se casar comigo, vivia atrás de um
rabo de saia, Logan; então não seja hipócrita.
— Mas é diferente.
— Não vejo nada de diferente nisso, e acho que os
dois combinam, Sebastian e Julianne digo. Pense comigo,
que homem seria capaz de aquietar o facho de nossa filha;
e que mulher seria capaz de domar Sebastian?
Logan ficou em silêncio por alguns minutos, levantou
de sua cadeira, serviu uma dose de uísque, bebeu tudo em
um só gole, deu a volta na mesa de novo e sentou-se ainda
pensativo.
— Acho que você tem razão, e é melhor ele do que um
estranho. — Comentou.
— Fácil assim? — Questionei impressionada.
— Sim, ele é um garoto esforçado e trabalhador. Acho
que o gênio dele combina com Julianne, e realmente se eu
for pensar bem, ele lembra a mim mesmo quando tinha sua
idade.
— Julianne vai ficar feliz em saber que tem seu apoio.
— Comentei. — Ela realmente gosta muito dele, é nítido
isso.
— E ele gosta dela? — Questionou Logan.
— Ele parecia bem perturbado na última vez que
esteve aqui.
— Está decidido então, quando voltarmos da nossa lua
de mel de seis meses, eles vão se casar.
— Como assim?
— Faremos um casamento arranjado. Eles se gostam, e
assim não preciso me preocupar com Julianne perdida por
aí.
— Não acho que você deva se intrometer... deixe as
coisas fluírem com naturalidade.
— Se deixar fluir, nossa filha vai se casar só com
trinta anos e olhe lá.
— Não seja tão exagerado, Logan.
— Está decidido, eles vão se casar.
— Você não pode forçar as pessoas a se casarem.
— Eu forcei você a se casar comigo e deu muito certo.
— Você é maluco.
— Maluco por você, baby. Venha cá, diabinha...
vamos adiantar nossa lua de mel. — Eu não resisti e fui
até ele, era impossível resistir a Logan Lennox. Afinal, ele
havia domado meu coração e eu domado o dele.

E aqui chegamos ao fim de


uma série maravilhosa...
Vimos Logan ter seu Coração domado por Nicolle, e
aprender a valorizar o que realmente importa na vida.
Jacob disse a Megan: “Ensina-me a amar”, e aprendeu
que o amor e a família são tudo nessa vida.
John se viu enfeitiçado por ela, Cris, a babá de seus
sobrinhos; e então descobriu que poderia amar mais uma
vez e ter uma segunda chance para ser feliz.
Elena e Travis tiveram seus destinos cruzados devido
a um equívoco, mas o amor mostrou-se presente mais uma
vez.
Elizabeth ensinou ao Dr. Aiden que podemos ter um
amor doce & imoral, pois vale tudo em nome do amor; e
com esta benção Lizzie pode ver o mundo com novos
olhos e trazer luz a vida de Aiden.
A indomada Deborah conseguiu laçar seu peão
domador de cavalos, Alejandro, e ele conseguiu doma-la;
e juntos nos ensinaram o poder da persistência, e que com
muito trabalho duro, sempre iremos colher coisas boas.
A atração irresistível tinha nome e sobrenome: Sarah
Hoffman, e o cético Luke aprendeu que quando nosso
coração manda, não há cérebro racional que resista.
Em suas cartas de amor, Dominic e Amanda sempre
finalizavam firmando seu amor com a frase... “Sempre foi
você e sempre será”; e isso os motivou a lutar contra
doenças na Líbia, e a lutar pela vida no Iraque.
A vida sempre nos surpreende, e as surpresas do
destino fizeram com que Noah e Valentina se esbarrassem
por aí, e descobrissem que o ódio de infância na verdade
sempre foi amor.
Victória aprendeu com as porradas na vida que sempre
colhemos o que plantamos, e que temos que ser humildes
para reconhecer nossos erros e pedir perdão; e então
Entre o ódio e o amor, ela e Eric aprenderam a reconstruir
uma relação.
Julianne se apaixonou por Sebastian desde que
descobriu o que era o amor, e mesmo sendo um romance
proibido, ela não desistiu, e entre eles nasceu a última e
épica história de amor.
Agradecimentos e notas da autora

Olá meus amores depois de chorar igual a um


bebê com o fim da série, vim aqui com mais
calma para contar para vocês como ficou James e
Cameron. Pois vocês devem ter pensado, a autora
ficou doida? Não eram doze livros? Kkk

Então deixa eu contar para vocês...

Minha próxima série será de bombeiros, com o


total de cinco livros...o núcleo dessa série será em
Chicago e o primeiro livro contará a história de
Caleb, filho de Brian Lancaster, isso mesmo
aquele Brian que foi noivo da Megan antes dela
casar com o Jake...bem depois do bombeiro
gostoso Caleb, iremos conhecer mais três de seus
amigos e no livro 5 uma mulher bombeiro e ela
se envolverá com James Lennox que é
paramédico do corpo de bombeiros. A função
dos bombeiros é apagar o fogo, mas tenho
certeza que eles causarão um incêndio em cada
uma de vocês.
O Cameron será um spin-off da série Lennox que
sai ano que vem, que será sua história de amor
com Jennifer, viúva de guerra de Raphael que foi
melhor amigo de Dominic Lennox. Então não se
preocupem que eles terão suas histórias contadas.

O motivo de eu ter decidido finalizar a série


Lennox no livro 11 e não no 12 é que na minha
opinião os Lennox não tinham mais nada para
contar, na verdade a trilogia Lennox ter se
transformado em série já foi uma coisa e tanto
kkkk. Mas enfim, velhos ciclos terminam para
que novos possam iniciar.

Meu muito obrigado a todos que me


acompanharam até aqui. Sem vocês eu não teria
conseguido, sem os leitores nós autores não
somos nada e por isso agradeço de coração a
todos vocês... ♥

AMO-OS!
E enfim...o fim definitivo...

FIM!
[1]
Texas Rangers são uma equipe profissional de baseball sediada em
Arlington – Texas.
[2]
S potify é um serviço de música comercial em streaming, podcasts e vídeo comercial que
fornece conteúdo provido de restrição de gestão de direitos digitaisAs músicas podem ser
navegadas ou pesquisadas por artista, álbum, gênero, lista de reprodução ou gravadora. As
assinaturas pagas "Premium" removem anúncios, melhora a qualidade do áudio e permite aos
usuários baixar músicas para ouvir offline.
[3]
Comidas típicas da culinária chinesa.
[4]
Any Man Of Mine (Qualquer homem meu) Shania Twain.
[5]
Uso Antigo. Homem que, no Oriente, era castrado e tinha a responsabilidade de proteger as
mulheres no harém. Castrado; indivíduo cujos testículos e/ou o pênis foram removidos.
[6]
Nos EUA só é permitido comprar e consumir bebida alcoólica a partir dos
21 anos.
[7]
Wet Folding é o nome dado a um outro tipo de Origami, que é a designação para a técnica de
se fazer Origami com o papel molhado, que basicamente consiste em borrifar água ou passar uma
esponja úmida em um Origami pronto para poder fazer curvas no papel e criar modelos mais
vivos.
[8]
Livro de referência: Um amor para recordar.

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