Você está na página 1de 172

1

Numa trama onde as sombras do passado convergem com o peso do presente, o


Homem-Aranha enfrenta sua mais obscura batalha. Após mais de duas décadas de
heroísmo, ele se vê imerso em suas multifacetadas responsabilidades como pai, mentor e
amigo. No entanto, a teia da tranquilidade é despedaçada quando um antigo adversário
ressurge das sombras, maquinando um plano sinistro que visa quebrar não apenas o herói,
mas a própria essência do homem por trás da máscara.

À medida que o herói luta para manter-se de pé, a linha entre o real e o imaginário se desfaz,
e a teia que antes o sustentava torna-se uma armadilha mortal. Neste pesadelo tangível, o
Homem-Aranha busca, desesperadamente, a última reserva de força para não sucumbir ao
plano perfeito que ameaça despedaçar não apenas seu corpo, mas sua alma.

Prepare-se para uma narrativa intensa, onde a resistência de um herói é testada até seus
limites, e onde o passado retorna para cobrar seu preço de maneira implacável.

2
NOTA: Esta trama exige sim conheço prévio de histórias do Homem-Aranha, visto que
personagens impopulares aparecem em meio a trama, e são apresentados de forma natural
para o leitor, então, é recomendável certo conhecimento sobre o herói aracnídeo antes de
iniciar sua jornada em ‘Caminhando Entre os Mortos’. Contudo, certas coisas são exclusivas
deste universo, chamado de Terra-61048. Então não espere nada muito além de coisas
estabelecidas no universo clássico do Homem-Aranha, a Terra-616. Ainda sim, demos nosso
melhor para trazer um rápido contexto para cada um dos personagens, introduzindo-os
brevemente e relembrando seus passados de forma natural. Deixarei abaixo todas as
indicações para melhor proveito da história. Boa Leitura!

- Vader, o Autor.

3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Origem do Homem-Aranha (1962)


Amazing Fantasy #15

Homem-Aranha: Não Mais! (1967)


The Amazing Spider-Man #50

Se Esse For Meu Destino... (1963)


The Amazing Spider-Man #33

Ultimate Homem-Aranha (2000)


Ultimate Spider-Man #1

A Noite que Gwen Stacy Morreu (1973)


The Amazing Spider-Man #121

A Saga do Clone (1994)


Cover to Web of Spider-Man #117

Ultimate Homem-Aranha (2012)


Ultimate Comics: Fallout #4

O Nascimento de Venom (1988)


The Amazing Spider-Man #300

Homem-Aranha Superior (2013)


The Amazing Spider-Man #700

A Morte de Jean DeWolff (1976)


Spider-Man: The Death of Jean DeWolff

A Última Caçada de Kraven (1987)


Web of Spider-Man #31

Marvel’s Spider-Man (2018)


Videogame

Venom (2011)
Venom #1

4
5
I - ININTERRUPTO

6
A imensidão da cidade de Nova York, com suas luzes cintilantes como estrelas urbanas, se
estendia abaixo do Homem-Aranha, cuja figura estava envolta na icônica indumentária
rubro-azul. A dança pelos arranha-céus de Midtown em Manhattan era uma sinfonia visual,
onde cada oscilação representava um movimento de dança, uma coreografia única e fluida
com a gravidade. As teias se estendiam como traços de um artista noturno, pintando um
quadro no céu amanhecido da metrópole.

O vento zunia em seus ouvidos, um acompanhamento melódico para a noite agitada. O


silêncio não existia; era substituído pelo constante ruído da cidade que nunca dorme, uma
sinfonia urbana que servia como trilha sonora para a jornada noturna do herói. Cada balanço
entre os gigantes de aço e vidro era uma expressão de habilidade acrobática, uma
coreografia aérea digna de um espetáculo da Brodway.

Num instante de pausa poética, um zumbido agudo penetrou a serenidade da noite. "911 -
relatos de um roubo de carro próximo à Times Square. Todas as unidades próximas
solicitadas." A voz do Departamento de Polícia ressoou no comunicador, introduzindo uma
nota de urgência na sinfonia noturna. A adrenalina se misturou à dança do Homem-Aranha,
uma responsabilidade que ecoava como um contraponto tenso na melodia da noite.

E assim, na vastidão do cenário urbano, o Homem-Aranha direciona sua jornada em direção


a Times Square, entre as luzes que piscavam como faróis em um oceano de prédios. Seu
corpo ágil desafiava a gravidade em cada acrobacia pelos céus de Midtown, e as teias que
lançava deixavam rastros luminosos como pinceladas noturnas. Cada edifício era um
parceiro de dança, um ponto de apoio para os movimentos graciosos do herói mascarado. A
cidade pulsava com a necessidade de seu defensor. A adrenalina agora impulsionava não
apenas a dança aérea, mas também a missão iminente que aguardava o Homem-Aranha nas
ruas movimentadas.

Num gesto fluido, Peter Parker, o Homem-Aranha, retirou o pequeno telefone do bolso, uma
extensão de sua agilidade tanto quanto sua teia. Cada toque nas teclas era um movimento
preciso, uma coreografia digital que revelava a destreza de um herói multitarefa. Ele discou
rapidamente o número de Miles Morales, seu amigo e aliado na missão aracnídea, enquanto
continuava seu balé nos céus noturnos.

"Fala Miles! Que horas começam as aulas de você e da Mayday hoje?" A pergunta de Peter
flutuava no ar, uma tentativa de manter uma conversa leve em meio à tensão crescente da
noite. A humanidade de Peter se expressava, mesmo sob a máscara, uma prova de que, por
trás do herói, estava um homem comum

7
"Estamos duas horinhas antes de sair, Peter. Por quê?" A resposta de Miles, cheia de
juventude e curiosidade, ressoou do outro lado da linha, destacando a dualidade entre
experiência e frescor que caracterizava essa dupla.

"Tenho uma proposta para você. Roubo de carro próximo à Times Square. Você tá dentro de
um 'Rolê-Aranha' antes do café?" A proposta de Peter ecoava entusiasmo, uma chamada
para os desafios que aguardavam. A expectativa na voz de Parker era quase palpável.

"Sempre, cara! Estou pronto quando você estiver!" A prontidão na resposta de Miles
ressoou como uma sinfonia de determinação.

"Já estou a caminho, encontro você lá!" Peter responde. O entusiasmo da dupla era a
confirmação de que, mesmo nas horas mais inesperadas, aquela irmandade aracnídea
permanecia forte, uma harmonia que transcendia os limites da cidade que protegiam.

Os edifícios ao redor testemunhavam a comunhão virtual entre os heróis, como sentinelas


silenciosas em meio à selva de concreto. A conversa, repleta de camaradagem, ecoava nos
cantos urbanos, uma melodia compartilhada pelos vigilantes que juraram proteger Nova
York. O vento, mensageiro entre os arranha-céus, carregava consigo a energia vibrante
daquela troca, uma troca que transcendera as barreiras físicas.

Em um instante, a cidade agitada e seus problemas mundanos pareciam desaparecer, dando


lugar a uma conexão única entre dois amigos destinados a enfrentar as vicissitudes da noite.
E assim, naquele momento, dois Homens-Aranha arregaçavam as mangas para mais um dia
comum de trabalho.

O Homem-Aranha deslizou pelo céu noturno de Nova York, seu trajeto uma coreografia
celestial de teias e balanços que o levaram graciosamente até o local indicado pela chamada
de emergência. A cidade abaixo era uma sinfonia de luzes e sombras, testemunha silenciosa
da chegada iminente do herói. Ao se aproximar do epicentro da atividade criminosa, suas
teias se estenderam e agarraram uma saliência no alto de um edifício, transformando-o em
uma estátua aracnídea que pairava sobre a cena diurna.

Abaixo, na rua banhada pelos tênues faróis dos carros, o Homem-Aranha vislumbrou o
veículo roubado, um oásis de metal envolto em perigo, circundado por três motociclistas
armados e mascarados. A tensão no ar era quase tangível, um prenúncio do confronto que se
desenhava. Ciente da urgência, mas com certa confiança, o herói sabia que cada movimento
contava.

Com uma maestria digna de uma dança, o Homem-Aranha se lançou do alto do edifício em
direção ao mais próximo dos motociclistas. A chegada foi uma explosão surpreendente de

8
movimento, seu corpo se contorcendo no ar antes de aterrissar com a graciosidade de uma
aranha predadora. Um chute habilidoso desarmou o bandido, a arma se perdendo na
escuridão da noite, não antes de ser enrolada por uma teia. Antes que o motociclista
atordoado pudesse reagir, o Homem-Aranha o capturou com destreza, enrolando-o em um
casulo de teia e prendendo-o a um poste próximo.

Enquanto o primeiro criminoso era neutralizado, os outros dois reagiram com uma mistura
de fúria e incredulidade. A dança noturna agora se transformava em um espetáculo de
agilidade e combate. O Homem-Aranha saltou e girou, esquivando-se dos disparos
coordenados dos bandidos. Suas teias dançavam pelo ar, criando padrões complexos que
desviavam as balas com precisão.

O Homem-Aranha, em meio à agitação da batalha urbana, sentiu a aproximação sorrateira


de outro motoqueiro pelas costas. Seus sentidos aguçados, afiados como as garras de uma
aranha, detectaram cada movimento furtivo. Com uma agilidade extraordinária, ele se virou
a tempo de enfrentar o atacante. O bandido, confiante em sua emboscada, mal teve tempo de
reação antes de ser atingido por um golpe rápido e preciso que o derrubou da moto com uma
destreza digna de acrobacias aéreas.

Enquanto o primeiro criminoso, agora caído e desarmado, tentava se recuperar do impacto,


o Homem-Aranha prendeu-no em teias, deixando-o inconsciente, e em seguida, direcionou
sua atenção para o terceiro bandido. Este, encurralado pelo ágil Aranha, assistiu impotente
enquanto sua arma era habilmente desarmada pelas mãos ágeis do herói mascarado. O
brilho metálico da arma se perdeu na escuridão, tornando-se uma lembrança fugaz da
ameaça que representava.

O Homem-Aranha, agora dominando a situação, não perdeu tempo. Com uma fluidez
impressionante, ele envolveu o terceiro criminoso em um casulo semelhante ao do primeiro,
garantindo que nenhum dos bandidos escapasse de sua teia. A cena parecia uma expressão
dinâmica de justiça, onde a agilidade e a perícia do herói se destacavam como um farol na
escuridão. O silêncio momentâneo que se seguiu foi quebrado apenas pelo murmúrio
distante da cidade, enquanto o Homem-Aranha mantinha a vigilância sobre o pulsar noturno
de Nova York.

Com os três bandidos agora inofensivos e presos em suas teias, o Homem-Aranha dirigiu
sua atenção ao veículo roubado. Seus movimentos eram fluidos e calculados, suas mãos
habilidosas desativando qualquer dispositivo de rastreamento instalado pelos criminosos. A
missão estava completa, e a cidade, por um breve momento, descansava em alívio sob a
vigilância do herói aracnídeo.

9
O Homem-Aranha, como uma sombra ágil, deslizou até o veículo roubado com uma mistura
de graciosidade e eficiência, sua chegada silenciosa prenunciando o desfecho iminente. A
cidade, banhada pelos primeiros raios de sol, testemunhava a dança do herói aracnídeo
contra o crime persistente.

Com uma versatilidade aracnídea impressionante, o Homem-Aranha começou a neutralizar


os criminosos de forma magistral. Suas teias se estenderam como tentáculos ágeis, puxando
os bandidos para fora dos veículos enquanto os prendia em superfícies próximas. Cada
movimento era uma coreografia aracnídea, uma obra de acrobacias em meio ao caos.

Enquanto executava suas manobras ágeis, diálogos esparsos ecoavam entre o


Homem-Aranha e os bandidos, criando uma atmosfera de tensão e humor no amanhecer
colorido. "Não deixem ele tocar na grana!" gritou um dos criminosos, provocando uma
resposta descontraída do Aranha: "Qual é, gente? Vocês sabem que eu não vou torrar tudo
no bicho!" Os diálogos eram a trilha sonora peculiar dessa cena noturna, onde a dança da
justiça se desenrolava.

Um a um, os bandidos eram retirados do veículo e, com habilidade singular, presos em


postes, grades e qualquer superfície próxima que oferecesse resistência. O Homem-Aranha,
inabalável em sua missão, sabia que a verdadeira ameaça estava no interior do veículo. A
porta se abriu, revelando o último criminoso, o motorista, determinado a escapar.

Peter entrou no carro rapidamente, lançando uma teia no volante. O bandido, em um ato
desesperado, tentou socar o herói enquanto tentava dirigir. Peter, com sua agilidade
sobrenatural, desviou dos golpes e controlou o veículo com a teia presa no volante, evitando
que colidisse com qualquer pessoa inocente nas proximidades.

"Olha, amigo, a cavalaria está a caminho. Você só precisa esperar um pouco mais, até lá, eu
vou seguir fazendo hora extra no Uber." disse o Homem-Aranha, mantendo sua calma sob a
pressão crescente. O veículo continuava a se debater, mas a situação estava prestes a mudar.
Um novo protagonista entrou em cena quando os primeiros raios de sol tingiam o céu de
tons dourados.

Miles Morales, surge no céu colorido do amanhecer, adicionando mais uma camada à
dramática conclusão. Com uma destreza única, Miles lançou suas teias resistentes,
prendendo a frente do carro em uma parada bruta. O veículo, agora imobilizado, ficou sob o
controle das teias combinadas de Peter e Miles. O espetáculo da justiça prevalecente se
destacava contra o horizonte iluminado pelo sol nascente.

Miles Morales é uma síntese marcante de estilo e funcionalidade. Com um traje de base
preta, o garoto destaca-se pelos detalhes vibrantes em vermelho que formam a icônica

10
aranha estilizada no peito. Elementos como as luvas, solas dos tênis e o capuz adicionam
dinamismo ao design, enquanto a máscara também desempenha um papel prático na
preservação da identidade de Miles. O traje incorpora detalhes inspirados na veia artística de
Miles, tornando-o uma expressão única de cultura e identidade.

Além de sua estética marcante, o traje é construído com materiais avançados que oferecem
resistência e flexibilidade. Desenhado para suportar as acrobacias e movimentos ágeis de
Miles, o traje também incorpora tecnologia aranha, como lentes especiais AR e um sistema
de comunicação avançado. Dessa forma, o traje não apenas reflete o estilo diversificado de
Miles, mas também serve como uma ferramenta essencial em suas atividades como herói,
combinando forma e função de maneira extraordinária. A figura escarlate era
verdadeiramente uma representação única da identidade cultural e heroica que destaca-se
por entre os raios solares enquanto chega no combate.

De repente, uma nova leva de bandidos emergiu das sombras, armados e decididos a
proteger o que restava de sua operação criminosa. O confronto estava prestes a se
intensificar. Peter e Miles, em perfeita sincronia, saltaram para o meio da ação. Suas teias se
entrelaçavam como um ballet aéreo, criando uma rede intricada que capturava os
criminosos.

Diálogos se misturavam ao som dos combates. "Sabe, vinte anos no ramo e esses caras não
aprendem, né?" comentou Peter, enquanto esquivava habilmente de um soco e respondia
com um golpe ágil. Miles, mais jovem, porém igualmente destemido, responde "Eu não tô
nem há cinco anos nisso e já me dá nos nervos!" usava suas habilidades únicas para
desarmar os bandidos com a graça de um verdadeiro acrobata.

Enquanto o embate se desdobrava, o motorista do carro roubado, frustrado e sem opções,


decidiu juntar-se à luta. Ele emergiu do veículo danificado, rosto contorcido de raiva.
"Vocês dois vão pagar por isso!" gritou ele, avançando com fúria desenfreada. Os Aranhas,
cientes da nova ameaça, ajustaram sua estratégia para lidar com o motorista enfurecido.

O confronto se desdobrava em uma coreografia caótica, com acrobacias aéreas e


movimentos sincronizados. Parker e Morales utilizavam uma combinação de teias, golpes
precisos e agilidade surpreendente para enfrentar os bandidos e o motorista. Diante do caos,
as vozes dos heróis se entrelaçavam, compartilhando estratégias rápidas e, ocasionalmente,
trocando piadas para aliviar a tensão.

Com a aurora da cidade banhando o cenário, as silhuetas dos dois Homens-Aranha


destacavam-se contra o céu que ganhava tonalidades suaves. A coordenação perfeita entre
Peter Parker e Miles Morales era como uma coreografia aracnídea, uma dança de justiça em

11
meio ao amanhecer. Os bandidos, antes confiantes, perceberam que estavam encurralados
pelos heróis, e a inevitabilidade da justiça pairava no ar como o sol ascendente.

Peter e Miles moviam-se com maestria, suas teias tecendo casulos improvisados para
prender os criminosos. Os bandidos, agora totalmente envolvidos nas teias, pendiam de
postes e grades, simbolizando a vitória da ordem sobre o caos. A cidade despertava para um
novo dia, e os heróis aracnídeos asseguravam que o despertar fosse sob a luz da justiça.

O motorista do carro roubado, derrotado e sem escapatória, era o último a ser neutralizado
pelos heróis. Peter e Miles, em perfeita sincronia, garantiam que todos os criminosos
estivessem firmemente presos em suas teias, incapazes de oferecer resistência. A tapeçaria
aérea de criminosos capturados era a marca da missão cumprida, uma obra de arte na qual a
cidade podia confiar sua segurança.

Com os bandidos devidamente contidos, Peter decidiu relatar a captura às autoridades. Seu
telefone foi rapidamente retirado do bolso, e o número do chefe de polícia, Jefferson Davis,
foi discado. "Jeff, aqui é o Homem-Aranha. Capturamos os bandidos envolvidos no roubo
de carro na Times Square. Eles estão todos seguros e à espera da sua equipe para levá-los
sob custódia."

Jefferson, do outro lado da linha, expressou seu alívio e agradecimento pelos serviços
prestados pelo herói. O diálogo era uma extensão da cooperação eficaz entre a polícia e os
Homens-Aranha na preservação da ordem na cidade que nunca dorme. A cidade, agora sob
a luz plena do dia, podia respirar aliviada graças à ação decidida de seus defensores
mascarados.

Enquanto Peter mantinha a conversa com o chefe de polícia, Miles, ainda um pouco
constrangido, aproximou-se timidamente para dar um alô. "E aí, pai, tudo bem?" sua voz
ecoou pela linha, e Jefferson, reconhecendo o tom do filho, respondeu com carinho e um
misto de orgulho. "Miles, meu garoto, está tudo bem? Cuidando do seu parceiro Aranha?"
Miles responde constrangido "É mais ele que cuida de mim mas, até que foi tranquilo."

Jefferson, compreendendo o clima descontraído, agradeceu aos heróis pelo trabalho árduo e
expressou seu orgulho por ambos. Enquanto a conversa chegava ao fim, Peter, percebendo
que Miles estava um pouco envergonhado, propôs algo para aliviar a tensão. "Que tal um
lanche para comemorar, Miles? Acho que merecemos depois dessa madrugada agitada." O
convite de Peter era um gesto de camaradagem, uma oportunidade para celebrar a vitória e
fortalecer os laços entre os dois aranhas.

Miles, sorrindo por baixo da máscara, aceitou o convite, e os dois heróis, com a cidade se
iluminando ao redor deles, se dirigiram para um merecido momento de descontração e

12
amizade. A luz do amanhecer refletia não apenas nos arranha-céus da cidade, mas também
nos sorrisos dos dois Homens-Aranha, que, juntos, tinham enfrentado a escuridão e
emergido vitoriosos. Era um novo dia em Nova York, cheio de promessas e amizade entre
aqueles que dedicavam suas vidas a proteger a cidade.

Peter e Miles subiram ao topo de um prédio, encontrando um lugar confortável para se


assentarem enquanto desembrulhavam suas guloseimas do mercado. A cidade de Nova
York, estendendo-se diante deles, agora banhada pelos primeiros raios de sol, parecia
respirar em alívio depois da noite agitada.

Entre mordidas em seus lanches, Peter quebrou o silêncio, lançando um olhar afetuoso para
Miles. "E como vão as aulas? A Mayday tem se esforçado? Sabe, eu confio nela, mas,
preocupação de pai." A expressão de Peter misturava carinho e uma curiosidade genuína.

Miles, enquanto saboreava sua comida, sorriu em resposta. "Fácil não é, mas a gente vai
levando. A May tem me surpreendido bastante com as notas dela, foi melhor em física do
que eu." Havia um brilho de orgulho nos olhos de Miles ao falar sobre a amiga.

"Ah, parece que essa pestinha puxou o pai!" disse Peter com um sorriso brincalhão enquanto
ria levemente. Miles retrucou em tom amigável, "Nem tanto, ela é mais legal que você,
velhote." Peter, fingindo estar abalado, colocou a mão no peito. "Ah não, passei dos
quarenta, o que vai ser de mim?" ele perguntou retoricamente com um sorriso de orelha a
orelha. Os dois riram enquanto compartilhavam momentos de descontração.

Em meio a risadas, Miles tomou um pouco de seriedade para indagar, "Essa cidade é linda,
né?" Peter concordou, olhando para a vastidão urbana diante deles. "Tem seus problemas,
mas, é, é linda sim." Os dois se silenciaram por um momento, contemplando o horizonte
enquanto a luz do sol se derramava suavemente sobre os arranha-céus, como se a própria
cidade acordasse para um novo dia.

O silêncio entre eles era confortável, carregado de uma compreensão mútua que não
precisava de palavras. O horizonte, tingido com tons de alvorada, proporcionava um cenário
sereno para essa pausa entre deveres heroicos e a vida cotidiana. E assim, enquanto o sol
subia no céu, Peter e Miles, os Homens-Aranha, compartilhavam não apenas a
responsabilidade de proteger a cidade, mas também momentos simples de amizade e
camaradagem.

Peter, com um olhar atencioso para Miles, percebeu que o momento de descontração
precisava dar lugar às responsabilidades cotidianas. "Bom, parceiro, acho que é hora de eu
ir. Logo meus alunos vão começar a chegar na faculdade, e preciso estar lá para recebê-los.
Boa aula, e mantenha a Mayday na linha, tá bem? Eu amo ela muito."

13
Miles assentiu, a gratidão e respeito refletidos em seu olhar. "Pode deixar, Peter. Tudo vai
ficar bem. Vou voltar para casa, me arrumar e ir para a aula também." Os dois heróis,
momentaneamente separados por suas vidas cotidianas, compartilharam um último olhar
significativo.

Peter, com serenidade, disse, "Tenho orgulho de você, Miles. Continua Assim." A expressão
de Miles se iluminou com uma mistura de emoções, e ele respondeu, com os olhos
ligeiramente emocionados enquanto não segurava o sorrriso, "Aprendi com o melhor." Era
mais do que uma troca de palavras; era o reconhecimento do mentor e a afirmação do
aprendiz.

Peter, lançando-se do edifício, começou a balançar-se pelas teias pela cidade, deixando para
trás o topo do prédio onde compartilharam momentos de amizade. Enquanto se afastava,
Miles encarou o sol nascendo no horizonte uma última vez e, para si mesmo, murmurou,
"Realmente, é linda." Era como se a beleza da cidade se manifestasse não apenas na
paisagem, mas também nos vínculos que ela testemunhava.

Miles se preparou para o dia de hoje, lançando-se em direção ao Brooklyn pelos


arranha-céus de Manhattan. A cidade pulsava com vida, e os dois Homens-Aranha, cada um
em seu caminho, continuavam a tecer suas histórias entre as torres de concreto e a vastidão
dos céus.

14
II - CHOQUE FINANCEIRO

15
A manhã ensolarada derramava seus raios sobre o apartamento de Peter, que, ao voltar para
casa, procurava apressadamente sua esquecida mochila de professor. Os passos ecoavam
pelo espaço, e a tensão da vida cotidiana pairava no ar até que uma voz suave quebrou o
silêncio. "Procurando por isso, Peter?" disse uma linda mulher, segurando a mochila com
um sorriso gentil. A garota é Mary Jane Watson, com seu cabelo ruivo caindo graciosamente
pelos ombros, parecia uma pintura viva de elegância casual. Seu olhar expressava não
apenas beleza, mas também uma compreensão tácita dos desafios que a vida de Peter como
Homem-Aranha trazia.

Peter, surpreendido, virou-se para encontrar os verdes e cativantes olhos de Mary Jane, sua
esposa e confidente. "Ah, MJ, você salvou meu dia. Como eu poderia esquecer?" Ele se
aproxima da linda mulher e envergonhado aceitou a mochila com gratidão, enquanto o
ambiente ganhava uma atmosfera leve e descontraída. "Café da tarde com o Curt e o Otto,
lembra? Não podemos nos atrasar," lembrou ela, dando um toque romântico à sua voz.

Os dois começaram a se preparar para sair, compartilhando um diálogo animado enquanto


se moviam pela sala. "Você acha que o Dr. Connors vai nos contar mais sobre sua pesquisa
de tornar moléculas instáveis um tipo de tecido?" indagou Peter, prestes a sair. Mary Jane,
com um brilho nos olhos, respondeu, "Espero. Sempre é interessante ouvir o que eles têm a
dizer, você adora uma conversa científica, e é bom te ver feliz, tigrão."

O casal, com sua dinâmica envolvente, se despediu. À medida que se afastavam, o


sentimento de histórias compartilhadas e momentos românticos permeava o ar daquela casa,
como se a cidade de Nova York fosse o palco de uma narrativa em constante evolução. Peter
veste sua máscara e encara a janela, de frente para o sol, ele respira suavemente, e murmura
para si mesmo "Ah... eu amo essa cidade." O herói atira sua teia em um prédio vizinho, e
lança-se de volta aos céus de Nova York.

Enquanto Peter se deslocava velozmente entre os arranha-céus de Manhattan, seus


pensamentos continuavam a girar em torno da peculiaridade dos estudantes da faculdade.
"Insuportáveis", ele murmurou consigo mesmo, tentando lembrar se também fora assim
quando frequentava a Empire State University e tanto estudava quanto estagiava no
laboratório do renomado Doutor Curt Connors. A nostalgia se misturava com o frenesi do
balançar pelas teias, uma experiência que sempre o levava a refletir sobre sua própria
jornada acadêmica e heroica.

A paisagem urbana se desdobrava rapidamente sob seus pés enquanto ele se aproximava da
faculdade. Estudantes passavam pelas ruas abaixo dele, alheios à complexidade de sua vida
dupla. "Puxa... eles não sabem o que é lidar com um dia como o meu, tão jovens..." Pensou,
sentindo a pressão das responsabilidades tanto como professor quanto como
Homem-Aranha.

16
Ao pousar no prédio da faculdade, uma onda de lembranças o envolveu. Corredores
familiares, rostos que lembravam outros tempos. Em meio à agitação presente logo a um
teto de distância dele, Peter vê pelas janelas os movimentos dos estudantes em direção às
salas, e percebeu que os dilemas dos estudantes não mudaram tanto desde os seus dias na
faculdade. Uma pitada de empatia aflorou enquanto ele se encaminhava para a sala do
zelador no telhado, um lugar que se tornou uma sala de troca entre os dois mundos que ele
equilibrava.

No telhado, o vento sussurrava segredos da cidade enquanto Peter se despojava do traje do


Homem-Aranha. A rotina meticulosa de trocar o uniforme por roupas mais formais era
quase ritualística, marcando a transição de herói para professor. O silêncio do local oferecia
um breve respiro, uma pausa antes de mergulhar nas aulas e responsabilidades do dia.

Com um último olhar para a vastidão de Nova York, Peter suspirou e se dirigiu para as
escadas, pronto para enfrentar o dia agitado que o aguardava na faculdade. A dualidade
entre ser o Homem-Aranha e o professor Parker era uma dança intrincada, mas ele
dominava cada passo com uma mistura de graça e coragem.

Enquanto Peter entrava em sala para começar sua rotina como professor, outros membros de
sua vida encontravam-se também de cabeça nos livros. Na mesma manhã monótona, na
escola Brooklyn Visions, a sala de aula estava mergulhada no silêncio que precede a
desesperadora tentativa de manter a atenção dos alunos. Mayday, com seus cabelos ruivos
desgrenhados e seus olhos azuis que pareciam capturar a luz de maneira única, estava
sentada ao lado de Miles que contrasta diretamente com a aparência clara da garota, um
jovem negro de cabelo high-top dreadlock, mantendo uma postura descontraída, embora sua
mente anseiasse por algo mais emocionante do que as palavras do professor.

A aparência de Mayday era cativante, com sardinhas delicadamente espalhadas pelo nariz e
bochechas. Seu cabelo curto acentuava sua expressão confiante, enquanto seus olhos azuis
irradiavam uma chama de curiosidade e rebeldia. As palavras do professor pareciam
desvanecer em segundo plano diante da presença marcante de Mayday, que estava sempre
pronta para transformar o ordinário em extraordinário.

Miles, por sua vez, destacava-se com seu estilo distinto. Seu cabelo denotava uma expressão
artística e única, conferia-lhe um visual ousado. Sua pele era um tom rico e vibrante, em
harmonia com o ambiente diversificado de Brooklyn. Ele mantinha um olhar tranquilo, mas
sua mente fervilhava com a inquietude típica da juventude.

A sala de aula, típica em sua monotonia, era decorada com mapas desgastados e cartazes
educativos que pareciam perder sua utilidade diante da desconexão dos alunos. Os murais

17
coloridos nas paredes, embora destinados a inspirar, serviam apenas como pano de fundo
para uma tarde que se estendia mais do que o desejado.

Foi nesse cenário que Mayday, sentindo a necessidade de escapar, virou-se para Miles com
uma proposta intrigante. Seus olhos cintilavam com uma faísca de aventura quando ela
perguntou: "Aí, Miles, quer dar uma olhada no que tá tocando no meu fone?" Miles,
olhando para ela com um sorriso curioso, concordou. Mayday colocou o fone de ouvido, e
passou o outro do par para Miles, revelando algo diferente do que ele esperaria.

O rádio da polícia, surtava de notícias, em destaque, um roubo ao banco orquestrado pelo


Shocker, isto trouxe uma eletricidade palpável à atmosfera. Miles, conhecendo a
responsabilidade de Peter como professor, comentou: "Parece que o Shocker está causando
problemas. Será que esse cara não cansa? E o Pete não pode simplesmente deixar a aula
agora." Mayday, com um toque leve no ombro de Miles, sugeriu: "Bem, então, 'vambora'
daqui. Quem precisa de aulas quando podemos descer o sarrafo 'num' supervilão?"

Miles, hesitante sobre as consequências de uma fuga da escola, não podia resistir à
empolgação contagiante de Mayday. Os dois saíram da sala, desculpando-se com o
professor sobre uma urgência no banheiro. Os alunos, observando a cena, começaram a
espalhar rumores e a caçoar dos dois, criando histórias de um possível romance entre
Mayday e Miles. Mayday, confiante como sempre, riu da situação e arrastou Miles consigo,
iniciando uma pequena aventura para aquecer no começo do dia.

A luz do corredor, filtrada pelas janelas empoeiradas, iluminava o caminho dos dois jovens
enquanto saíam da escola. O coração de Miles pulsava com a ansiedade da aventura,
enquanto Mayday, com sua beleza singular, parecia iluminar cada passo do caminho. O
cenário urbano de Brooklyn, com seus prédios de tijolos e murais de arte de rua, servia
como pano de fundo para essa escapada inesperada. A tarde ensolarada, embora
inicialmente comum, prometia tornar-se uma página memorável nas histórias de Mayday e
Miles e seus alter-egos aracnídeos.

Mayday e Miles encontraram um beco escuro nas proximidades, procurando privacidade


para realizar a transformação, logo encontrando um banheiro. O ambiente estava imerso na
penumbra, apenas algumas luzes fracas filtravam-se entre as fendas dos edifícios. A tensão
no ar era palpável, uma mistura de antecipação e nervosismo.

Ao adentrarem o banheiro escondido, a atmosfera tornou-se íntima. A luz tremeluzente


acima dos espelhos destacava a expressão ansiosa de Mayday, seus olhos azuis reluzindo
com a emoção. Miles, com seu poderoso olhar, exibia uma mistura de confiança e
apreensão. O som suave do zíper dos trajes cortava o silêncio, marcando o início da

18
transformação. Cada peça do uniforme era colocada com cuidado e propósito, como se
estivessem se preparando para um espetáculo especial.

Mayday, vestindo seu traje era uma visão espetacular. Cada detalhe era uma manifestação da
fusão entre força e delicadeza, refletindo a personalidade única da jovem Parker. O azul
erscuro e reluzente do traje emitia um brilho quase etéreo, capturando a essência vibrante de
Mayday.

A peça central do traje, uma grande e circular aranha no peito, um símbolo que emanava
confiança e ousadia. Os detalhes em vermelho, habilmente entrelaçados com o azul radiante,
proporcionavam uma harmonia visual, destacando-se contra o cenário da cidade. O
contraste de cores ressaltava não apenas a elegância do design, mas também a intensidade
da missão heroica. Os tecidos, escolhidos com precisão, se moldavam perfeitamente ao
corpo de Mayday, proporcionando flexibilidade sem sacrificar a resistência

O traje era uma extensão da própria garota, incorporando a determinação e a vivacidade que
a caracterizavam. Era um equilíbrio delicado entre a tradição aracnídea e a singularidade de
Mayday Parker. Cada detalhe, cuidadosamente planejado, contribuía para a expressão visual
da jovem como uma verdadeira heroína, pronta para enfrentar desafios e iluminar a
escuridão com sua presença reluzente.

Enquanto May ajustava os detalhes de seu traje, um sorriso brincava em seus lábios. "É
sempre emocionante, não é, Miles?" ela comentou, olhando para o reflexo no espelho.
Miles, com seu olhar determinado, assentiu. "Sim, mas ainda me sinto nervoso toda vez. É
uma responsabilidade grande." O banheiro era um espaço temporáriamente deles, um
espaço onde seus alter egos heróicos tomavam forma, ocultos da rotina cotidiana.

A tensão romântica entre os dois era evidente no ar. Eles tentavam desviar os olhares um do
outro de forma tímida, mas havia uma cumplicidade crescente, marcando o início de uma
nova missão. No entanto, a promessa de aventura e perigo também trazia consigo uma
centelha de romance, uma chama que ardia silenciosamente entre os dois heróis preparados
para balançar pela cidade em conjunto.

Ao saírem do banheiro, a luz da cidade banhou a dupla em uma atmosfera de promessa e


dever. A névoa diurna realçava as linhas elegantes dos trajes dos heróis, acrescentando uma
aura de mistério à sua presença. Mayday, com seu traje azul e vermelho, parecia uma chama
dançante no meio da claridão urbana. Enquanto isso, Miles, com seu clássico traje escuro
com belos detalhes em vermelho, emitia a impressão de juventude e vitalidade.

Balançando-se pela cidade em suas teias, a sensação de liberdade era avassaladora. Os


ventos da manhã acariciavam seus trajes, e a cidade se estendia abaixo deles como um mar

19
de luzes cintilantes. Mayday não conseguia conter sua empolgação, suas largas lentes do
traje brilhavam com a emoção de estar em ação. "Miles, isso é incrível, não é? Balançar pela
cidade assim... é quase como dançar no ar!"

Miles, com um sorriso largo por debaixo do tecido, concordou: "Realmente é algo incrível,
May. Mal posso acreditar que a gente saiu da aula pra isso, meu pai vai me matar, mas... é
empolgante!" Sua expressão demonstrava uma mistura de incredulidade e adrenalina.

Enquanto se aproximavam do local do assalto na Dekalb Avenue, o espetáculo da cidade se


desdobrava diante deles. A arquitetura imponente dos arranha-céus parecia mais majestosa
do que nunca, iluminada pelos coloridos do Brooklyn. Mayday, entusiasmada, aproveitou a
oportunidade para compartilhar sua animação: "Ei, Miles, imagina só a cara do Shocker
quando nos ver chegando! Acho que isso vai deixar ele em choque!"

Miles riu, mostrando uma confiança que crescia à medida que se aproximavam do seu
destino. "Você tem razão, May. Ele vai ficar de queixo caído. Estamos prontos para isso."
Sua destreza com as teias era evidente, como um dançarino dominando uma coreografia
aérea. Ao chegarem ao Brooklyn Bank, a intensidade da situação se tornou palpável. O som
distante das sirenes de polícia e a energia pulsante da cidade criavam um ambiente tenso.
Mayday e Miles, prontos para enfrentar o Shocker, chegam pelo teto, onde avistam-no com
duas largas sacolas saindo da sala do cofre, confiantes, os dois jovens usam uma janela
lateral para mergulharem no coração da ação. A dupla aracnídea estava determinada a
proteger a cidade que juraram defender, e o espetáculo estava apenas começando.

O vilão rápidamente tomou noção da presença dos dois assim que entraram e antes que
pudessem chegar mais perto, Shocker lança uma explosão de energia, e seguia liberando
ondas vibratórias de suas manoplas em direção a Mayday e Miles. A garota, ágil como uma
aranha, saltou para o lado, usando suas habilidades acrobáticas para evitar as ondas que
distorciam o espaço à sua volta. Miles, aproveitando seus poderes de bioeletricidade,
deslizou pelos ataques com uma graça elétrica, ao foco de Shocker trocar novamente para
May, o garoto camufla-se em meio as paredes do banco para outro ataque.

Mayday, lançando suas teias, avançou em direção a Shocker, tentando desorientá-lo com
movimentos rápidos e precisos. "Poxa Herman quase 20 anos e ainda não sabe roubar um
banco!? Talvez esse trabalho não seja pra você... já sei! Que tal DJ de praia? Você adora
uma onda sonora!" provocou ela, sua voz ecoando com confiança através do caos da
batalha.

Miles, ainda invisível, se movia estrategicamente pelos arredores, analisando o padrão de


ataque de Shocker. "Ele é forte, mas não é imparável," murmurou Miles enquanto se
preparava para um ataque surpresa.

20
Shocker, irritado pela resistência dos heróis, aumentou a intensidade de suas ondas
vibratórias. A cidade parecia tremer sob a pressão da habilidade de suas manoplas, mas
Mayday, apoiada em suas teias resistia com determinação. Parker, em um salto
impressionante, aproximou-se de Shocker e desferiu uma série de golpes rápidos. "Eu não tô
curtindo seu som, Shocker. Da próxima vez escolhe algo com mais personalidade, tipo Lana
Del Rey!" exclamou ela, cada golpe carregado com a força de sua convicção.

Miles, aproveitando um momento de distração, materializou-se novamente, liberando uma


descarga de bioeletricidade contra Shocker. "Você não é o único com truques na manga!"
disse Miles, seu corpo pulsando com energia. Shocker rápidamente o agarrou por trás,
resistindo à alta voltagem e lançando Miles por cima de seu ombro.

A batalha atingiu um ponto crítico quando Shocker, enfurecido, intensificou ainda mais suas
ondas vibratórias. May e Miles foram forçados a se esquivar constantemente, lutando para
manter o equilíbrio contra a poderosa força que os empurrava para trás.

"Essas ondas estão ficando fora de controle! O Banco logo vai desabar desse jeito!" gritou
Miles, visivelmente tenso, enquanto lutava para manter sua posição. Mayday, com sua
agilidade aracnídea, tentou criar uma barreira de teias para bloquear parte das ondas, mas a
pressão era esmagadora.

Shocker, percebendo a vantagem, avançou implacavelmente. "Vocês dois não passam de um


terço da força do Aranha original, são duas farsas que tiveram sorte em sobreviver até aqui!"
vociferou ele, sua risada ecoando pela rua.

Mayday e Miles trocaram olhares preocupados, mas nenhum deles estava disposto a se
render. A cidade dependia deles naquele momento, e o senso de dever impulsionava-os a
continuar. No entanto, a situação tornou-se cada vez mais desafiadora.

Em um momento de descuido, Shocker direcionou suas ondas vibratórias para o solo,


causando um tremor que desestabilizou Mayday. Ela foi arremessada ao chão, lutando para
se levantar enquanto as ondas vibratórias a cercavam. Miles, percebendo a vulnerabilidade
de sua companheira, moveu-se rapidamente para protegê-la. No entanto, Shocker
aproveitou-se disso e, com uma descarga concentrada, enviou Miles voando para longe.

Os heróis, agora na pior, encontravam-se à mercê do poder devastador do Shocker. A cidade


que uma vez admiravam estava sob ameaça, e a esperança parecia escassa. A energia de
Shocker continuava a pulsar, tornando a batalha cada vez mais intensa. Mayday e Miles,
esgotados, estavam à beira do colapso físico e mental. As ondas vibratórias de Shocker eram
como um tormento incessante, desgastando suas forças.

21
Mayday, com sua agilidade e destreza aracnídea, tentou criar outra barreira de teias para se
proteger, mas suas mãos tremiam com a fadiga. Cada movimento era uma luta contra a dor
persistente. Ela olhou para Miles, cujos poderes de invisibilidade falhavam devido a
exaustão, e viu o cansaço refletido no desgaste das lentes da máscara.

Miles, por sua vez, tentava se recompor, mas a descarga anterior de Shocker tinha
enfraquecido sua bioeletricidade. Sua capacidade de se camuflar estava comprometida,
deixando-o vulnerável a novos ataques. Ele respirou fundo, tentando reunir suas últimas
reservas de energia.

Shocker, percebendo o estado dos heróis, zombou deles. "Parece que os aspirantes a heróis
não conseguem derrotar o cara que "não era bom nisso." Talvez seja hora de encerrar essa
palhaçada!" rugiu ele, preparando-se para um golpe final.

Os heróis, embora à beira da derrota, compartilharam um olhar determinado. Mayday, com


uma força interior impressionante, ergueu-se apesar da exaustão, e Miles, reunindo o último
resquício de força, preparou-se para um último golpe.

A batalha parecia perdida, mas a resiliência dos heróis não poderia ser subestimada. Eles
estavam prestes a retornar à luta, a esperança ainda queimava, mesmo em sua situação mais
desafiadora, a chama da determinação continuava acesa nos olhos de Mayday e Miles. A
energia vibrante da cidade pulsava através deles, renovando sua determinação. Mayday e
Miles, unidos pela causa comum de proteger Nova York, decidiram enfrentar Shocker com
tudo o que tinham. A luta estava longe de terminar, e a dupla aracnídea estava prestes a
revelar sua verdadeira resiliência.

A batalha continuou, com Shocker desferindo ondas vibratórias destrutivas. Mayday, ágil
como uma aranha, esquivava-se dos ataques enquanto planejava sua estratégia. Miles, por
sua vez, explorava sua habilidade de se tornar invisível, surpreendendo o vilão com
movimentos imprevisíveis.

A troca de diálogos durante a luta era intensa. Shocker, em um momento de confiança,


provocou os heróis: "Vocês dois não têm chance contra mim! Esses truques de circo não vão
funcionar!" Mayday, respondendo com sua típica confiança, retrucou: "Você apanhava pra
uma aranha, imagina pra duas! Isso é ainda mais problemático para você."

Miles, pegou um extintor de incêncio próximo para criar uma cortina de fumaça,
obscurecendo a visão de Shocker. A confusão momentânea permitiu que Mayday se
movimentasse rapidamente, preparando o terreno para o golpe final. Os heróis, em um
esforço final, combinaram suas habilidades de forma espetacular. Mayday, saltando

22
habilmente entre os escombros, prendeu Shocker em uma teia eletrificada, enquanto Miles,
invisível, concentrava sua bioeletricidade para desativar as manoplas do vilão.

A luta culminou em um momento de vitória para os heróis. Shocker, derrotado e envolto nas
teias elétricas, finalmente sucumbiu. A vizinhança, à beira da derrota, testemunhou a
resiliência e heroísmo de Mayday e Miles, que, mesmo à beira do esgotamento, emergiram
triunfantes sobre as ameaças que tentavam desestabilizar a paz.

Com Shocker envolto nas teias eletrificadas de Mayday, os heróis rapidamente asseguraram
o vilão para garantir que ele não escapasse antes da chegada das autoridades. Os dois,
usando suas teias, desativam cuidadosamente qualquer tentativa de resistência de Shocker.
A cidade, que havia sido palco de uma batalha intensa, começou a recuperar sua calma,
graças aos esforços incansáveis de Mayday e Miles.

Após garantir a captura do vilão, Miles pegou seu celular e discou o número de seu pai, o
delegado Jeff. "Pai, capturamos o Shocker. Estamos no Brooklyn Bank. Precisamos que
você e sua equipe venham buscar o canalha." Jeff, do outro lado da linha, expressou
preocupação, muito repúdio por Miles estar faltando aula, mas também orgulho pela
eficiência de Miles e Mayday.

Enquanto esperavam pela chegada da polícia, May e Miles decidiram fazer uma parada para
descansar e tomar um ar no topo de um prédio próximo. Chegando lá, os dois sentam, logo
começando a apreciar a vista panorâmica da cidade, era espetacular, e os heróis
aproveitaram o momento para descansar e refletir sobre a manhã agitada. A brisa acariciava
seus agora desmascarados rostos, e o silêncio sereno contrastava com a agitação que havia
ocorrido momentos antes.

Mayday, sorrindo para Miles, que ainda exibia os sinais da luta, quebrou o silêncio: "Bom
trabalho, parceiro. Parece que conseguimos de novo." Miles, retribuindo o sorriso,
concordou: "É, May, parece que sim. Você é incrível." Os dois heróis, enquanto observavam
a cidade se recuperar, começam a gerar um clima romântico em meio ao silêncio.

O sol subia ao topo, pintando o céu com tons dourados e azulados. Mayday virou-se para
Miles, seus olhos azuis brilhando como o reflexo da aurora. "Miles, você já parou para
pensar na quantidade de histórias que essa cidade guarda sobre o Homem-Aranha? Cada
rua, cada prédio tem algo a contar sobre ele, algo que talvez só o sol veja todas as manhãs."

Miles, pensativo, assentiu. "É verdade, May. Nova York é cheia de vida e histórias sobre o
Pete. E, às vezes, parece que somos apenas pequenas peças nesse grande quebra-cabeça que
são todos esses vilões."

23
Mayday sorriu, sentindo o calor dos raios de sol. "Mas é isso que torna tudo tão especial,
não é? Nós também estamos criando nossa história, deixando nossa marca, uma teia que se
entrelaça com as do meu pai."

Miles olhou para ela, admirado. "Você tem um jeito poético de enxergar as coisas. É lindo."

"E você, Miles Morales, tem a capacidade de dar vida à qualquer coisa com suas artes, dos
pensamentos mais belos para os mais sombrios," disse Mayday, olhando para a cidade que
se estendia diante deles.

Miles, com um tom brincalhão, respondeu: "Bom, sou um artista, né? Faz parte do pacote."

May riu, inclinando-se para perto dele. "E você é meu artista favorito. Mas sabe, eu estava
pensando, o sol é como um artista da natureza. Ele aparece todos os dias, para sempre pintar
o mesmo quadro cada vez mais lindo."

Miles concordou, sorrindo. "Você sempre encontra uma maneira única de olhar para as
coisas..."

Mayday, sentindo-se leve, encostou a cabeça no ombro de Miles. "Bem, é único estarmos
aqui, enfrentamos o Shocker e trouxemos paz para a cidade. Acho que podemos fazer de
tudo juntos."

May abraçou Miles suavemente. O garoto respondeu "Sem dúvida. Não tem lugar onde eu
prefira estar do que aqui, ao seu lado."

O silêncio suave envolveu os dois enquanto a cidade ganhava vida ao redor deles. O sol
continuava a subir no céu, iluminando a esperança que residia nos corações dos dois heróis
enquanto compartilhavam esse momento especial na capital do mundo.

24
III - AS COISAS SÃO
O QUE SÃO

25
Mayday balançava habilmente pelos arranha-céus, retornando para casa no início da tarde
após uma manhã intensa de combates. Seu traje, outrora imaculado, exibia agora as marcas
da batalha travada, com arranhões e rasgos que testemunhavam a ferocidade do confronto
contra o Shocker. Cada desgaste contava um pedaço de sua bravura, e Mayday sentia cada
desconforto como um lembrete físico de seu comprometimento com a proteção da cidade.

Ao pousar suavemente no terraço de seu apartamento, um suspiro escapou de seus lábios. O


sol, ainda não atingindo o auge no céu, lançava uma luz suave sobre Nova York. Mayday,
com um olhar introspectivo, admirou o horizonte urbano que se estendia diante dela, uma
tapeçaria de concreto e aço que ela se comprometia a proteger. Seus pensamentos, no
entanto, logo se voltaram para o interior, para a reconfortante sensação de voltar para casa
após a batalha.

Os arranhões em seu traje eram como cicatrizes de uma guerra que ela travava em nome da
justiça. Em um momento de silêncio, Mayday refletiu sobre a dualidade de sua vida como
heroína e cidadã comum. Uma tênue linha separava esses dois mundos, e ela sabia que
equilibrar essas responsabilidades não era tarefa fácil. No entanto, sua determinação não
vacilava. "Às vezes, é difícil, mas vale a pena," murmurou para si mesma.

Adentrando seu apartamento, Mayday sentiu as dores residuais da batalha ecoarem por seu
corpo. Seu quarto, embalaoa pela luz suave do sol, proporcionava um refúgio temporário.
Seu olhar vagueou pelo espaço, mas seus pensamentos foram rapidamente capturados por
uma figura emoldurada em sua mente: Miles. A lembrança do jovem, corajoso e amável,
aqueceu seu coração. "Ele é incrível," pensou, com um sorriso suave nos lábios. "Corajoso,
especial e..." Uma pausa reflexiva interrompeu seus pensamentos, "...algo mais." Mayday
sentiu uma pontada de timidez misturada com uma doce antecipação enquanto recordava os
momentos compartilhados com Miles durante a batalha.

A tarde se estendia diante dela como uma página em branco, cheia de possibilidades. No
entanto, mesmo com os desafios que a esperavam, Mayday não podia deixar de sorrir. "Ele
vale a pena," ela sussurrou para si mesma, uma declaração silenciosa de sua gratidão pela
parceria e amizade que florescia entre eles.

O quarto de Mayday estava mergulhado na penumbra da tarde, um refúgio tranquilo após a


agitada manhã. O ambiente era aconchegante, mas a mente de Mayday estava ocupada com
as lembranças da última batalha. Seu corpo, marcado pelos ferimentos, testemunhava a
desgastante luta com o Shocker. A porta se abriu suavemente, revelando a figura familiar e
preocupada de Mary Jane, sua mãe. A surpresa e a apreensão se misturaram em seu rosto ao
observar os machucados da filha. "May, meu Deus, o que aconteceu!? Você devia estar na
escola!" A exclamação de Mary Jane ecoou pelo quarto, carregada de preocupação.

26
Mayday ergueu seus olhos cansados para encontrar o olhar preocupado de sua mãe. Um
sorriso suave se formou em seus lábios. "Só uma manhã agitada, mãe. Combater o crime,
você sabe como é." Ela tentou minimizar, mas a expressão cansada contava uma história
mais intensa.

Entretanto, Mary Jane não se deixou convencer tão facilmente. "Combater o crime não
significa faltar aula e voltar para casa parecendo que passou por um tornado. Vou pegar a
sacola de curativos do seu pai. Espere aqui." Mary Jane partiu rapidamente em direção ao
banheiro, retornando com um kit de primeiros socorros e uma sacola repleta de produtos
médicos em mãos.

Enquanto MJ começava a cuidar dos ferimentos da filha, cada curativo aplicado era um
gesto de carinho e preocupação. "Eu eu sei que você gosta da vida dupla, puxou o seu pai,
mas não pensei que fosse tão... físico. Você tem que ser mais cuidadosa, querida." Mary
Jane tratava cada ferimento com delicadeza, evitando causar mais dor à filha.

Mayday riu suavemente, tentando aliviar a tensão. "Mãe, eu sei o que estou fazendo. E,
olha, estou bem. Vale a pena." Ela olhou para Mary Jane com gratidão, uma conexão
especial entre mãe e filha.

Mary Jane sorriu, tocando suavemente o rosto da garota. "Eu sei que você é forte, May. Só
quero ter certeza de que está cuidando de si mesma. Agora, antes que seu pai veja esses
machucados, vamos esconder isso com alguns curativos."

Enquanto aplicava os curativos, MJ continuou a conversa, desta vez em um tom mais suave.
"Você sabe, desde que você começou com essa vida de heroína, eu não consigo deixar de
me preocupar. Você é minha garota, May, e eu te amo muito." Ela segurou a mão da jovem,
transmitindo um vínculo inquebrável de amor e compreensão entre mãe e filha. "Estou
sempre aqui para você, não importa o que aconteça."

O quarto, agora impregnado de uma atmosfera de cuidado materno, tornou-se um porto


seguro para Mayday. Cada palavra e gesto de Mary Jane eram um lembrete tangível do
amor incondicional que permeava aquela relação única entre mãe e filha.

Mary Jane, sempre presente e carinhosa, finalizou os curativos nos machucados de Mayday.
Enquanto examinava o resultado, Mary Jane não pôde deixar de expressar uma expressão de
espanto. "May, essas marcas... o que aconteceu lá fora? Essa foi uma manhã intensa, não
foi?"

27
Mayday assentiu, esboçando um leve sorriso para tranquilizar a preocupação de sua mãe.
"Foi, o Shocker não é mole, mas nós conseguimos resolver. Eu e o Miles fizemos um ótimo
trabalho." Sua voz transmitia orgulho pelas realizações noturnas, apesar dos obstáculos.

Mary Jane, com seu caráter resiliente, brinca com a garota "O Miles é? Vão marcar um
encontro quando? Eu vejo como você olha pra ele". MJ vai até o banheiro em busca de mais
curativos, enquanto isso, May retruca "Que nada, ele é só meu amigo, um... bom amigo!"
disse envergonhada. Mary Jane retornou com pomadas e bandagens, preparada para aliviar a
dor física de Mayday. Enquanto aplicava os curativos, a conversa se desdobrava de maneira
descontraída, "Não minta pra mim garota, eu te conheço". A jovem, envergonhada, retruca
"Tá... talvez você não esteja tão errada."

MJ ri, trocando o assunto. "O Pete vai ficar furioso quando ver que você faltou pra comprar
briga com o Herman", comentou Mary Jane, exibindo um sorriso compreensivo. "Você sabe
como ele fica quando se trata da nossa pequeninha." Essas palavras evocaram memórias da
dinâmica peculiar entre Peter e sua filha, uma mistura de cuidado protetor e admiração.

Mayday, sentindo-se abraçada pela segurança materna, revelou um vislumbre de


vulnerabilidade. "Eu sei, mãe. Às vezes, eu só quero que ele me veja como a poderosa filha
do Homem-Aranha, não uma pessoa frágil e normal."

Mary Jane, com um olhar gentil, acariciou o rosto de Mayday. "Querida, ele te ama do
jeitinho que você é, com ou sem o uniforme de super-herói. Mas entendo, é normal desejar
ser vista além das expectativas e responsabilidades."

À medida que os curativos eram concluídos, Mayday sentiu um conforto físico e emocional.
Ela olhou para sua mãe com gratidão e carinho, reconhecendo o papel fundamental que
Mary Jane desempenhava em sua vida. A conversa então tomou um rumo mais leve. Mary
Jane, com seu jeito cativante, sugeriu: "E se você se juntar a nós no café? Peter vai ficar
feliz em te ter lá, e tenho certeza de que Otto e Curt também vão adorar te ver, já devem
fazer uns meses que você não fala com eles."

Mayday, sorrindo, concordou. "Isso parece ótimo, mãe. O Curt e o Otto sempre foram quase
tios pra mim desde que o pai se resolveu com eles. Vou me arrumar." Levantando-se com
uma renovada sensação de energia, Mayday sentiu-se pronta para continuar seu dia cercada
por aqueles que amava.

Ao final de mais um dia de aulas na faculdade, Peter Parker caminhava pelos corredores
familiares, uma mochila pesada nas costas e o cansaço sutil marcando seu rosto. O zumbido
constante dos estudantes preenchia o ambiente enquanto ele se dirigia à sala do zelador para
sua tradicional transformação de professor à herói mascarado.

28
Na sala do zelador, Peter começou a trocar suas roupas comuns pelo traje distintivo do
Homem-Aranha. A luz fraca destacava a destreza com que ele realizava essa mudança, um
movimento familiar de tirar e colocar, revelando o herói que residia sob a aparência comum.

Uma vez vestido no icônico uniforme vermelho e azul, Peter sentiu o peso do dia
desaparecer, substituído pela agilidade e responsabilidade inerentes ao Homem-Aranha.
Seus sentidos aprimorados, combinados com a elasticidade da máscara, criavam uma
sensação de estar mais vivo do que nunca.

Ao balançar-se pela cidade, as teias cortavam o céu como raios de liberdade. O vento
soprava contra seu rosto, dissipando qualquer vestígio de cansaço. Enquanto planava entre
os arranha-céus, pensamentos vagavam pela sua mente, um diálogo interior entre suas várias
identidades.

"Encontrar Otto e Curt deve ser interessante. Velhos inimigos, todos nós compartilhando um
passado comum, mas agora convivendo de forma tão saudável," ponderou Peter. Ele
prosseguiu, constatando "Desde aquela época bizarra onde o Otto roubou meu corpo, minha
relação com ele ficou tão mais... íntima. Fico feliz que a recuperação da saúde dele tenha
ido bem e ele tenha se livrado daqueles braços. Prefiro muito mais o Otto Octavius cientista
bonzinho do que o gênio do mal Doutor Octopus".

Balançando-se pelas teias, o Homem-Aranha fluía com uma graça única, cada movimento
era um lembrete da cidade e daqueles que amava. À medida que a paisagem urbana se
desenrolava diante dele, Peter sentiu-se grato pela dualidade de sua vida, uma teia intricada
de responsabilidades heroicas e vínculos familiares.

Parker, chega à janela de seu apartamento após um dia de aulas e suas atividades como
Homem-Aranha, ele finalmente retornou ao conforto de seu lar. Ao entrar em casa, foi
recebido pelo suave burburinho dos preparativos tardios. O aroma do perfume de MJ
pairava no ar, e a luz amena conferia ao ambiente um toque acolhedor.

Ao adentrar a sala, avistou Mary Jane e Mayday concentradas em suas tarefas. Mayday, com
seus cabelos ruivos e olhos brilhantes, sorriu ao vê-lo, e Mary Jane, elegantemente vestida,
expressou um carinho descomunal.

Com um beijo carinhoso na bochecha de cada uma, Peter saudou-as. "Olá, minhas duas
pessoas favoritas." Ele notou os sorrisos nos rostos delas, saudando-o de volta e prosseguiu
em direção ao banheiro, pronto para desfrutar de um momento de tranquilidade sob a água
revigorante do chuveiro.

29
As risadas abafadas e as vozes animadas de Mary Jane e Mayday permeavam a casa,
criando um ambiente familiar e alegre. MJ comentava de forma feliz "Parece que ele nem
percebeu." May responde risonha "E que continue assim, não tô afim de levar bronca," as
duas riem carinhosamente. Peter, enquanto no banho, nem ouvia as duas. O já estabelecido
Homem-Aranha e pai de família sentiu uma profunda gratidão por ter aquelas duas mulheres
incríveis em sua vida. Mesmo com os desafios de ser o Homem-Aranha, o calor do lar era o
seu refúgio, um lembrete constante do que realmente importava.

Peter, Mary Jane e Mayday logo ficaram prontos para sair, reunindo-se para uma
empolgante tarde de visita na casa de Otto Octavius. Com um toque de empolgação no ar,
eles descem à garagem de casa e entraram no carro, localizado na garagem. Peter sentou-se
ao volante, MJ no banco do passageiro e Mayday no banco de trás. O veículo começou a se
mover, cortando a noite silenciosa com o suave ronco do motor.

Enquanto dirigiam pelas ruas iluminadas de Nova York, a conversa fluía de maneira
descontraída. Mayday compartilhava a animada história de sua façanha como
Garota-Aranha mais cedo contra o Shocker, o que seu pai, apesar de irritado com o
abandono do compromisso acadêmico de May, fica orgulhoso. Durante a viagem, Mary Jane
e Peter trocavam olhares cúmplices. O trajeto era não só uma simples viagem de carro; mas
também era um momento em família, uma oportunidade de compartilhar risos e alegrias.

Ao se aproximarem da casa de Otto e Curt, a expectativa cresceu. A luz acolhedora


emanava das janelas, sugerindo uma tarde repleta de boa companhia. Com um sorriso, Peter
estacionou o carro, e os três saíram, prontos para desfrutar da companhia dos amigos e
ídolos cientistas de Parker.

A tarde estava iluminada apenas pelos reflexos da cidade que nunca dorme, quando Peter,
May, e MJ chegaram à porta do apartamento de Otto Octavius. A porta se abriu, revelando
um homem amigável com um sorriso caloroso, óculos pequenos e uma certa jovialidade que
contrastava com seus cabelos grisalhos. Otto, com certo sobrepeso, exalava uma simpatia
genuína que imediatamente fez todos se sentirem bem-vindos.

"Ah, olá! Peter, May, Mary Jane, entrem, entrem!" Otto acolheu-os, gesticulando para
dentro do seu reino de experimentos. O apartamento, embora visivelmente cheio de peças e
projetos científicos inacabados, tinha uma atmosfera acolhedora. As prateleiras estavam
repletas de livros de ciência e artefatos curiosos, enquanto mesas de trabalho abrigavam
experimentos ainda em progresso. Apesar da aparente bagunça, havia uma ordem peculiar
naquela desorganização.

30
"Muito obrigado por nos receber, Otto. É sempre incrível revisitar esse lugar, me sinto tão
em casa!" Peter comentou, olhando ao redor com uma expressão de fascínio. May e MJ
concordaram, apreciando a singularidade do lar de Otto.

Otto riu alegremente. "Ah, você sabe Peter, a genialidade muitas vezes caminha de mãos
dadas com a bagunça, mas fico muito feliz que vocês três relevem e apreciem. Por favor,
façam-se em casa." Ele indicou o caminho para a sala de estar, convidando todos a se
acomodarem.

Peter, MJ e Mayday se direcionavam à sala, onde logo foram surpreendidos pela presença
de Curt Connors. "Connors! Você fica mais inteiro a cada vez que nos encontramos", disse
Peter, estendendo o braço direito para cumprimentar seu mentor com um sorriso amigável.
Connors responde de forma brincalhona "Vinte anos convivendo com você e ainda não sabe
com qual braço cumprimentar, não é Parker?" Connors então corta o braço de Peter para o
conferir um forte abraço, como o de um mentor orgulhoso com seu único braço, o direito.
Ele em seguida cumprimenta MJ e May com um elegante beijo na bochecha de
ambas."Sentem-se, vocês são muito bem vindos." Sugeriu ele de forma casual.

A sala de estar do gênio exalava uma atmosfera aconchegante, apesar da bagunça científica
que a preenchia. O sofá, embora um tanto desgastado, era surpreendentemente confortável.
As prateleiras estavam repletas de livros empoeirados, alguns abertos como se tivessem sido
consultados recentemente, enquanto outros exibiam sinais de suas mentes intelectuais.

Peter observou a velha luminária no canto, cuja luz suave iluminava a sala de forma
confortável. Ao lado dela, um quadro meio esquecido, provavelmente um presente de algum
estudante grato, mostrava Otto sorrindo ao lado de uma máquina complexa, refletindo o
orgulho de suas realizações.

O pupilo dos dois gênios, com uma expressão serena, aceitou o convite de Curt,
compartilhando um olhar de cumplicidade com Connors. "Sempre é bom encontrar um
pupilo que superou o mestre", brincou seu antigo professor, referindo-se às suas aulas nos
tempos de faculdade.

Octavius, notando a energia científica no ar, aproximou-se animadamente. "O que temos
aqui? Uma reunião de mentes brilhantes, estou percebendo. Peter comenta de forma
descontraída"Eu? Comparado com Curt Connors e Otto Octavius, as duas maiores mentes
científicas que conheço? Essa é novidade!"

Enquanto os três começavam a mergulhar em um papo científico, discutindo teorias e


experiências, MJ, sempre perceptiva, percebeu a exclusão involuntária das duas
não-cientistas da casa. Com um sorriso gentil, ela interveio: "Gente, antes que a conversa se

31
aprofunde demais nos átomos e moléculas, que tal darmos uma pausa e pensar em algo mais
terreno? Otto, você nos prometeu uma boa comida." Disse ela de forma gentil e debochada
enquanto ria levemente.

Connors, sempre fascinado pela natureza, fixou o olhar na estante de livros científicos e
biológicos, perdendo-se em títulos e encadernações. "Otto, você sempre teve um talento
para reunir o conhecimento mais intrigante. Peter concordou, "É verdade, Otto. Você é o
mestre em transformar esta sala em um espaço mais científico que um laboratório da
Oscorp."

Otto responde lisongiado "Antes de ganhar o Prêmio Nobel com a energia sustentável,
minha última criação aqui foram quatro tentáculos pretenciosos que queriam dominar o
mundo e matar o Parker; não diria que todas as ideias que saem daqui valem o esforço" Diz
ele em um tom humorístico. Peter responde apreensivo "Águas passadas Otto, desde então
você tem feito tanta coisa boa, caramba, graças a você e o Harry Nova York se tornou a
primeira cidade no mundo com energia solar autosustentável, isso é incrível!" Connors
complementa: "Não devemos nos condenar nossa genialidade por um erro Otto, foi difícil
para mim virar o Lagarto e depois lidar com o fato de que eu não teria meu braço de volta,
entendo você." Otto retruca de forma gentil e sarcástica, finalizando:"Tá bom, tá bom, eu sei
que fiz muito por essa cidade, não precisam me bajular tanto, meus anos egocêntricos
ficaram na faculdade."

Mayday, sentada confortavelmente no sofá, observava tudo com um sorriso. A sala de Otto
era um testemunho de paixão pela ciência e da jornada intelectual de um homem dedicado.
Este cenário peculiar tornou-se o palco para uma noite de trocas intelectuais e, é claro, de
um jantar que prometia ser tão excepcional quanto a mente do homem que visitavam.

Otto, interrompendo a animada conversa, esboçou um sorriso amigável enquanto se


levantava. "Bem, acho que é hora de revelar o verdadeiro motivo para todos estarmos aqui!"
Ele se dirigiu à cozinha, onde os sons de seu movimento indicavam uma preparação em
andamento. Voltou com habilidade, equilibrando seis caixas de comida japonesa em mãos.
"A culinária japonesa sempre me fascinou, e espero que todos apreciem essa pequena
escolha de pratos. Por favor, sintam-se à vontade para se servirem."

Otto distribuiu as caixas pela mesa com cuidado, revelando uma variedade de sushis,
sashimis, makimonos e outras delícias da culinária oriental. A mesa estava agora repleta de
cores vibrantes e aromas tentadores. "Meus amigos, por favor, sentem-se. Por mais noites
igualmente excepcionais à essa!" Otto convidou, gestando para que todos tomassem seus
lugares ao redor da mesa de jantar.

32
A atmosfera na sala de jantar se tornou ainda mais calorosa à medida que todos se sentavam
para desfrutar da deliciosa refeição japonesa preparada por Otto. Os cinco começaram a
encher suas tigelas nozoki e trocar sorrisos amigáveis. Curt, com um sushi em mãos, olhou
para Peter, indagado, e disse: "Peter, lembro-me bem da época em que lutávamos e você
enfrentou o Lagarto. Minha troca de pele e crescimento constante eram um desafio e tanto.
Como você conseguiu superar aquilo?"

Peter, mastigando um pedaço de sashimi, respondeu com um sorriso nostálgico. "Ah... não
vou mentir, foi uma batalha difícil. Tive que lembrar o Doutor Connors que ele era um bom
homem sob a pele daquele monstro." Enquanto Connors ria sorridente, Mayday, curiosa,
olhou para Curt. "Como anda o Billy? Não vejo ele desde que foi pra faculdade em Jersey."

Connors assentiu, olhando para a jovem Parker. "Ah, o Will. Desde que ele decidiu seguir os
passos do pai e pesquisar biogenética, perdi parte do contato com o rapaz, sabe como é,
gênios não tem tanta habilidade social. Lembro de quando brincava com ele quando
pequena, May, Will vai estar voltando pelo verão, quem sabe vocês não marcam algo com o
Miles?" Mary Jane interveio, acrescentando com uma risada suave. "Bem, não podemos
recusar essa proposta. O Will sempre puxou você desde criança Curt, apesar de ser a cara da
mãe."

Interrompendo a conversa, Otto exclamou. "Desde que Rose se foi, eu não considerei mais a
possibilidade de crianças, até porque, as coisas são o que são. Mas admiro muito todos
vocês. Miles, May, Will, todos parecem ter um futuro brilhante pela frente!" Peter riu,
lembrando-se de quando conheceu Otto e sua falecida esposa durante a faculdade. Ele
complementava com pesar "Rose era uma boa mulher, ainda sinto muito pela perda dela."
Otto, sorrindo enquanto saboreava um pedaço de tempurá, comentou: "Águas passadas, eu
já estou velho, aposentado! Não tenho mais espaço pra isso, o que me resta é conviver com
vocês e apreciar o brilho da nova geração."

Peter olhou para Mayday com orgulho evidente. "Ah, pessoal, vocês precisam ouvir sobre a
May enfrentando o Shocker hoje. Foi incrível. Ela e o Miles trabalham muito bem em
equipe!" Mayday, corando um pouco diante do destaque, acrescentou: "Eu pensei que fosse
morrer, mas conseguimos. Miles e eu formamos uma ótima dupla. O Pete me ensinou bem."

Curt Connors, intrigado, questionou: "Como você conseguiu os poderes, Mayday?


Fascinante!" Ela assentiu, sorrindo. "Hã... herança genética, eu suponho. Eu queria ser uma
boa aprendiz para o meu pai, por isso treinei escondida desde nova."

Peter riu, apreciando o companheirismo da filha. "A inveja faz parte, May. Mas você sempre
vai comer poeira pro velhote aqui!" May, dando um soco leve no ombro de seu pai enquanto
ria levemente, respondeu de forma irônica "Você acha mesmo que teria derrotado o Shocker

33
sozinho!?" Peter, acalmando-se, responde a filha: "É ótimo ver a próxima geração fazendo
bonito. E, May, você brilhou, como sempre." Otto, levantando a taça de saquê, propôs um
brinde: "À família Parker, que continua a inspirar e proteger nossa querida cidade. E, é
claro, aos novos talentos, Mayday e Miles." O brinde foi seguido de sorrisos e expressões de
apreço.

O celular de Peter, vibrou suavemente em seu bolso, quebrando momentaneamente a


atmosfera descontraída da reunião no apartamento de Otto Octavius. O herói, com uma
expressão intrigada, deslizou o smartphone para fora do bolso, deparando-se com o nome
"Harry Osborn" piscando na tela. Uma sombra de surpresa e ansiedade cruzou seu rosto.
"Desculpem-me, pessoal," anunciou Peter, erguendo uma mão em sinal de desculpas,
"parece que o Harry precisa falar comigo."

Ele caminhou para um canto mais discreto do espaçoso apartamento de Otto, aonde a
iluminação suave destacava sua figura. Pressionando o telefone contra a orelha, Peter
mergulhou na conversa com Harry, enquanto os murmúrios suaves da reunião continuavam
ao fundo. A expressão do herói refletia uma mistura de concentração e determinação,
características necessárias para lidar com qualquer novo desafio que se apresentasse.

Enquanto Parker se afastava para atender à ligação de Osborn, a voz de seu amigo ecoou no
aparelho. "E aí, Peter! Tenho uma notícia para você. O carregamento para a mudança do
F.E.S.T.A para o Harlem chegou mais cedo do que esperávamos. Eddie está a caminho, e
seria ótimo se você pudesse aparecer para dar uma mãozinha com a mudança."

Peter, ainda no canto mais discreto do apartamento de Octavius, suspirou de leve. "Harry,
estou no meio do jantar aqui. Não esperava que o carregamento chegasse tão cedo. Está tudo
bem se eu não puder ajudar agora?"

Harry se desculpou, "Ah, me desculpa, amigo. Eu só queria ver se você podia dar aquela
força extra. Você ajudaria muito mesmo pro pessoal não dormir mal acomodado aqui. Posso
explicar a situação para o resto do pessoal?"

Peter, enquanto ouvia a explicação de Harry, considerou a possibilidade de ajudar na


mudança, mesmo com o horáro inconveniente. Ele sabia da importância do centro de ajuda
comunitária para a região, e a ideia de deixar seus amigos na mão não era algo que o
agradava. "Você já vai poder falar, Harry." disse, enquanto direcionava-se de volta a mesa de
jantar.

Peter voltou à mesa e propôs colocar a ligação no viva-voz, garantindo que todos soubessem
sobre a situação que o obrigava a deixar a reunião. Com um simples toque na tela do celular,

34
a voz de Harry encheu a sala, explicando a urgência da situação no centro de ajuda
comunitária e a chegada antecipada do carregamento.

"Galera, peço desculpas pela interrupção, mas temos uma situação inesperada com o
F.E.S.T.A. O carregamento chegou mais cedo, e precisamos da ajuda do Homem-Aranha
para agilizar a mudança para o Harlem. O Eddie já tá a caminho, e seria incrível se o Peter
pudesse dar uma força." Disse Harry, com certa casualidade.

Houve um momento de silêncio na sala enquanto todos processavam a notícia. Otto,


percebendo a importância da ajuda comunitária, tomou a iniciativa. "Peter, vá em frente.
Sabemos o que esse centro significa para a comunidade, para você... e o que significava para
a May. A comida e sua família estarão aqui quando você voltar. Pode ir." disse ele com um
sorriso no rosto e tom amigável.

Peter agradeceu a compreensão de todos e, com um aceno rápido, desculpou-se por deixar o
jantar antes do esperado. Ele se dirigiu para o banheiro, onde rápidamente vestiu seu traje, e
então para a porta com a promessa de retornar o mais rápido possível, deixando para trás a
atmosfera amigável e aconchegante que permeava o apartamento de Otto.

35
IV - O REI DE PRETO E
O PRODÍGIO OSBORN

36
Na calma noite, Peter balançava-se habilmente pelos céus de Nova York, cortando o vento
com sua figura graciosamente vestida no traje vermelho e azul do Homem-Aranha. As luzes
da cidade cintilavam abaixo dele, uma tapeçaria de brilhos que destacava a grandiosidade e
a beleza da metrópole. Enquanto se dirigia para a área de Chinatown, sua mente se perdeu
em reflexões sobre a amizade que compartilhava com Harry Osborn.

O Homem-Aranha sempre valorizou os laços que criou ao longo de sua vida, e a amizade
com Harry era uma das mais significativas. Era reconfortante saber que, mesmo após tantos
anos e reviravoltas, eles ainda eram amigos leais. Além disso, a responsabilidade que Harry
assumiu com o centro de ajuda comunitária F.E.S.T.A, que anteriormente pertencia à
falecida tia May, era algo que enchia Peter de gratidão.

"Às vezes, é fácil esquecer que há pessoas que se importam. A tia May sempre viu o melhor
em todos, e agora, com o Harry cuidando do F.E.S.T.A, parece que esse espírito solidário
continua a iluminar a cidade."

Enquanto disparava sua teia mais uma vez, ele continuou, sua voz soando misturada com a
brisa noturna:

"A amizade é uma coisa complicada, mas também é o que nos mantém equilibrados. Às
vezes, é bom lembrar que mesmo em meio à tudo que eu faço, ainda há aqueles que lutam
por um mundo melhor de maneiras diferentes."

Enquanto se balançava pelos arranha-céus, Peter considerava como Harry havia se tornado
um verdadeiro guardião do legado de May. O F.E.S.T.A era mais do que um centro de ajuda;
era uma extensão do amor e da compaixão que a velha May sempre demonstrou. Saber que
Harry estava dedicando seu tempo e esforço para manter esse legado vivo era um alívio para
Peter, uma confirmação de que a memória de sua querida tia continuava a brilhar através das
boas ações de outros.

O Homem-Aranha chegou ao centro F.E.S.T.A, onde a agitação da mudança já estava em


pleno andamento. Ele deslizou suavemente até o solo, onde encontra Harry Osborn, com um
sorriso amigável, se aproximando. "E aí, Peter! Que bom que você pôde vir. A ajuda é mais
do que bem-vinda, especialmente com o carregamento pesado pro F.E.S.T.A norte."

Peter devolveu o sorriso por baixo da máscara, expressando sua gratidão. "Sem problemas,
Harry. Sabia que podia contar comigo. Além do mais, é sempre bom dar uma pausa nas
acrobacias e fazer algo para ajudar a comunidade."

37
Os dois amigos se cumprimentaram com um aperto de mão, e juntos, começaram a se
envolver na logística da mudança. O Homem-Aranha agora era simplesmente o amigão da
vizinhança, um colega disposto a ajudar onde fosse necessário.

Enquanto Peter e Harry trabalhavam na mudança, a curiosidade picou Peter e ele perguntou
casualmente a Harry sobre Eddie. Harry, com um sorriso malicioso, apontou para o céu
noturno. "Bem, Peter, não precisa procurar muito. Ele tá logo ali."

Peter seguiu o gesto de Harry e, contrastando com a lua, viu uma figura imponente descendo
dos céus com uma entrada dramática. À medida que a figura se aproximava, aterrissando
com uma presença feroz, o rosto de Venom revelava-se, destacando-se contra a noite.

O Homem-Aranha ergueu a sobrancelha, e as lentes da máscara expressavam surpresa com


a chegada inesperada. "Eddie! Você demorou, e nossa, andou malhando?"

Eddie, com um sorriso sutil, respondeu: "Harry me ligou. Parece que precisam de toda a
ajuda possível aqui. E, ei, não posso recusar uma chance de ser útil."

Os três se reuniram, cada um contribuindo com suas habilidades para atar as pesadas caixas
para a tarefa de transporte. O centro F.E.S.T.A estava prestes a abrir uma filial na zona norte
de Manhattan, e a ajuda deste trio era indispensável na tarefa. Enquanto Peter, Harry e Eddie
organizavam as caixas no centro F.E.S.T.A, a agilidade do Homem-Aranha em utilizar suas
teias adicionava uma camada de eficiência à tarefa. Enquanto enrolava uma caixa em teias,
Peter começou a puxar a mesma para perto.

"Então, Eddie, como têm sido as sessões de terapia?" Peter perguntou, mantendo o tom
descontraído enquanto continuava seu trabalho.

Eddie soltou uma risada breve. "Bem, Peter, você sabe como é. Um dia de cada vez. Mas
tenho que admitir, tem ajudado mais do que eu esperava."

Harry, enquanto empilhava algumas caixas, acrescentou: "Isso é ótimo de ouvir, Eddie.
Mudanças positivas são sempre bem-vindas. E quanto ao trabalho no Clarim?"

Eddie assentiu. "Tá indo. Nada espetacular, mas é maravilhoso trabalhar com o que você
gosta. Nunca pensei que depois de tanto tempo competindo com o Parker por uma vaga ele
iria ceder a dele e se aposentar de fotografia. Se não fosse a ajuda de vocês dois, acho que
eu nunca teria pensado em tratar os problemas com a mitomania."

*Mitomania é um transtorno de tendências compulsivas em criar mentiras e cenários


fictícios.

38
Peter, sorrindo sob a máscara, respondeu: "Definitivamente. Às vezes, ser solidário e
empático é o suficiente pra fazer alguém mudar. E você, Harry, como anda a liderança do
F.E.S.T.A?"

Harry, enquanto ajustava algumas caixas, refletiu: "Tem sido desafiador, mas gratificante. A
comunidade conta conosco, a May deixou isso pra mim e eu tô animado para ver se a filial
no norte vai contribuir positivamente."

Enquanto a conversa fluía, as caixas continuavam a ser empilhadas e envoltas em teias,


criando uma cena peculiar de colaboração super-heroica na mudança do centro comunitário.

Harry, entre uma caixa e outra, soltou uma risada e comentou de forma descontraída:
"Desde que o Venom descobriu o chocolate pra substituir os cérebros, sempre quis
perguntar, Eddie, qual é o tipo de chocolate favorito do Venom?"

Eddie sorriu, pensando na peculiaridade da pergunta. "Bem, surpreendentemente, ele é fã


dos chocolates amargos, 70% cacau, para ser específico."

Peter, que estava ocupado organizando algumas caixas, ouviu a resposta e fez uma careta.
"Cacau 70%? Aquilo é mais azedo que o meu senso de humor."

Venom, detectando o tom sarcástico de Peter, gerou uma cabeça pela lateral do ombro de
Eddie, se direcionando para ficar cara a cara com Parker. "Você prefere chocolates ruins,
amigão. Só porque tem paladar de merda não quer dizer que todos devam gostar."

Peter, rindo sob a máscara, provocou: "Pelo menos eu não mordo a cabeça das pessoas."

Venom, sem perder o humor, respondeu com um xingamento cômico que fez todos rirem. A
atmosfera leve e amigável entre eles era um contraste divertido com a tarefa séria de
organizar o centro comunitário. Harry, terminando de organizar algumas caixas, pegou dois
fones de ouvido e se aproximou de Peter e Eddie. "Aqui estão, pessoal. Para o caso de
precisarem se comunicar ou se algo sair do plano."

Peter, recebendo os fones, agradeceu com um aceno de cabeça. "Valeu, Harry. Sempre bom
ter uma comunicação direta, especialmente quando lidamos com... sei lá o que pode surgir."

Eddie, sorrindo, concordou. "Não há dúvida sobre isso. Nunca se sabe o que vai surgir
quando se trata do nosso trabalho."

39
Harry desejou-lhes boa sorte e os observou enquanto, em sincronia, Peter e Eddie vestiam as
largas mochilas de teia, repletas de caixas. Com os fones de ouvido devidamente ajustados,
a dupla se preparou para saltar em direção ao Harlem, prontos para enfrentar a viagem que a
noite ainda reservava.

Balançando-se pelos céus de Nova York, a diferença na abordagem de Peter e Eddie para o
balanço era evidente. Enquanto Peter era elegante e ágil, parecendo dançar entre os prédios,
a manifestação da força de Eddie e do Venom, era praticamente estrondosa. Suas formas
imponentes cortavam o vento com uma poderosa ferocidade.

Durante a movimentada trajetória pelos arranha-céus, os dois começaram a compartilhar


histórias sobre seus primeiros encontros, revivendo os dias em que competiam por uma vaga
no Clarim Diário. Eddie, lembrando de um passado que o ligava a Jameson, comentou com
um tom alegre, "Vinte anos se passaram, e ele ainda te odeia."

Peter, divertido enquanto contornava um edifício, respondeu com leveza, "Acho que é
porque eu faço um trabalho melhor do que ele gostaria de admitir. Afinal, apesar de eu e
você somos ótimos fotógrafos, eu sempre fui melhor." disse ele com um tom irônico. Peter
continua "Você é excelente Eddie, o bigodudo tem sorte de ter você na equipe."

Eddie, surpreendido pelo comentário de Peter, ficou momentaneamente sem palavras.


"Nunca pensei que ouviria isso de um Parker", disse ele, expressando sinceridade, dentro do
que a feição macabra do Venom permitia. "É bom saber que, apesar da competição, ainda
podemos reconhecer as qualidades uns nos outros."

Enquanto a brisa noturna acariciava os dois heróis, Peter compartilhou palavras que, por
muito tempo, ficaram não ditas. Estavam pendurados em uma teia, com a cidade de Nova
York como pano de fundo, iluminada pelas luzes cintilantes dos arranha-céus. As estrelas no
céu noturno observavam silenciosamente a conversa que se desenrolava entre o
Homem-Aranha e Venom.

A lua lançava sua luz prateada sobre eles, revelando a feição de Eddie Brock, onde a
escuridão se mesclava com a luz de maneira quase simbiótica. O simbionte, com sua
imponente presença, parecia mais uma extensão de Eddie do que uma entidade separada.
Cada detalhe de sua textura negra era visível, destacando a complexidade de sua natureza.

As palavras de Peter reverberavam no ar, e Eddie, de olhos fixos na big apple, absorvia a
profundidade daquelas confissões tardias. As águas do rio Hudson refletiam as luzes da
cidade, criando um cenário hipnotizante e contemplativo.

40
"Você é um cara forte, Eddie. Todos cometemos erros, mas o importante é aprender com
eles e seguir em frente", disse Peter, sua voz carregada de compreensão. As teias que
sustentavam os dois heróis vibravam suavemente, como se estivessem sintonizadas com a
empatia que começava a florescer entre eles. Eddie apenas acenou com a cabeça, enquanto
murmurava "Ah... é?" de forma emotiva.

Enquanto balançavam-se entre os edifícios, Peter desabafou com sinceridade: "Eddie, se eu


soubesse sobre seus problemas com seu pai e sua irmã e essa compulsão por mentiras, eu
teria te oferecido ajuda muito antes. Sinto muito que eu, você e o Venom tenhamos levado
tanto tempo para chegar a essa trégua. Fico me perguntando se poderia ter feito mais por
você."

O vento noturno carregava consigo as palavras ponderadas de Peter, ecoando entre os


prédios imponentes. Eddie, por sua vez, escutava atentamente, suas feições obscurecidas
pela massa de carne simbiótica, mas seus olhos revelavam uma mistura de gratidão e
melancolia.

"Peter, eu também demorei para entender muitas coisas. Às vezes, é difícil aceitar ajuda,
especialmente quando a escuridão já se instalou. Mas estamos aqui agora, certo? É uma
espécie de redenção para ambos, acho eu", respondeu Eddie, sua voz carregada de reflexão.

A atmosfera leve da conversa foi abruptamente interrompida pelo Venom, que, de maneira
cômica, reclamou: "Que fofos, vai me trocar por esse verme, Eddie?" Sua voz ressoou com
uma nota de humor, e um riso profundo e gutural seguiu-se.

Peter riu com a brincadeira, entendendo a dinâmica peculiar entre Eddie e o simbionte.
"Calma, Venom, ainda temos muitas caixas para entregar antes de pensarmos em trocas",
respondeu Peter, acrescentando um toque de bom humor à situação.

Enquanto riam, eles cruzaram os céus noturnos sobre o Central Park. As árvores e lagos
abaixo formavam uma paisagem serena, iluminada pelo luar. A cidade, agitada e pulsante,
era apenas um borrão de luzes à distância, enquanto eles flutuavam acima, envolvidos pela
descontração temporária que a noite oferecia.

A medida que Eddie e Peter se aproximavam do prédio do F.E.S.T.A norte, a agitação da


cidade abaixo começou a ceder lugar a uma atmosfera mais tranquila. O prédio, modesto,
mas repleto de histórias e propósito, destacava-se na paisagem urbana. Suas luzes emitiam
uma calorosa luminosidade contra o céu noturno, anunciando que ali estava um local de
apoio e cuidado para a comunidade.

41
Ao chegarem ao local, Eddie e Peter se prepararam para entregar as caixas. Com agilidade,
começaram a descarregar as mochilas cheias de suprimentos. O simbionte Venom,
momentaneamente calmo, observava com seus olhos brilhantes enquanto ajudavam na
descarga. Os dois heróis, em silêncio coordenado, estavam focados no objetivo comum de
tornar o processo rápido e eficiente.

Enquanto realizavam a tarefa, Peter aproveitou o momento para refletir sobre como eventos
inusitados, como ajudar na mudança do F.E.S.T.A, poderiam criar laços improváveis. Eddie,
apesar de seus problemas passados, estava ali lado a lado com ele, trabalhando em prol de
algo maior. O espírito da noite, impregnado com uma sensação de propósito, permeava o
ambiente. O Central Park ao longe completava o cenário, envolvendo-os com a quietude da
natureza em meio à agitação da metrópole. Era, sem dúvida, uma cena peculiar e
memorável.

A medida que Eddie e Peter se aproximavam do prédio do F.E.S.T.A norte, a agitação da


cidade abaixo começou a ceder lugar a uma atmosfera mais tranquila. O prédio, modesto,
mas repleto de histórias e propósito, destacava-se na paisagem urbana. Suas luzes emitiam
uma calorosa luminosidade contra o céu noturno, anunciando que ali estava um local de
apoio e cuidado para a comunidade.

Ao chegarem ao local, Eddie e Peter se prepararam para entregar as caixas. Com agilidade,
começaram a descarregar as mochilas cheias de suprimentos. O simbionte Venom,
momentaneamente calmo, observava com seus olhos brilhantes enquanto ajudavam na
descarga. Os dois heróis, em silêncio coordenado, estavam focados no objetivo comum de
tornar o processo rápido e eficiente.

Enquanto realizavam a tarefa, Peter aproveitou o momento para refletir sobre como eventos
inusitados, como ajudar na mudança do F.E.S.T.A, poderiam criar laços improváveis. Eddie,
apesar de seus problemas passados, estava ali lado a lado com ele, trabalhando em prol de
algo maior. O espírito da noite, impregnado com uma sensação de propósito, permeava o
ambiente. O Central Park ao longe completava o cenário, envolvendo-os com a quietude da
natureza em meio à agitação da metrópole. Era, sem dúvida, uma cena peculiar e
memorável.

Peter decidiu ligar para Harry pelo fone de ouvido que ele havia recebido. "Alô, Harry. Só
queria te avisar que estamos descarregando os suprimentos. Como estão as coisas do seu
lado?"

Harry expressou profundo agradecimento pela entrega dos suprimentos, e Peter aproveitou o
momento para tocar em um assunto mais delicado. "Harry, tenho ouvido falar sobre a

42
divisão de biosustentabilidade da Oscorp. Como tá indo o financiamento da Emily-May?
Ouvi rumores de cortes de custos."

Harry suspirou do outro lado da linha. "Você conhece meu pai está tentando economizar
onde pode por ser um projeto meu. Ele não compreende completamente a importância desse
programa, mas estou lutando para mantê-lo de pé. Ainda temos um saldo positivo por
agora."

Eddie, que estava ao lado de Peter, ouviu a conversa e interveio, "Pelo menos ainda estamos
no verde, sabe, Harry, esses programas são cruciais para comunidades como a do F.E.S.T.A.
As pessoas aqui dependem desses cuidados, e cortar custos pode impactar drasticamente nos
nossos resultados como voluntários."

Harry concordou, "Você está certo, Eddie. Precisamos manter o foco no que realmente
importa, mesmo que meu pai não compreenda isso totalmente."

Com as mochilas descarregadas e as caixas entregues aos voluntários do F.E.S.T.A norte,


um dos membros da equipe abordou Peter, reconhecendo o Homem-Aranha e Venom. "Ei,
seria possível tirar uma foto com vocês? Seria incrível para o nosso álbum de doações!"

Peter e Eddie trocaram olhares e, com sorrisos, concordaram. Posicionaram-se ao lado do


voluntário, e a selfie foi tirada, capturando a imagem do Homem-Aranha e Venom lado a
lado, unidos por um esforço voluntário em prol da comunidade. Eddie fez uma piada
descontraída, "Vai ser difícil competir com a Selfie-Aranha! Espero que o F.E.S.T.A norte
vá bem!"

O voluntário agradeceu efusivamente, expressando sua gratidão pela presença dos heróis.
Eddie, com um tom sério, assegurou para Harry que eles estariam de volta assim que
possível. Com essa promessa, Peter e Eddie se despediram da equipe do F.E.S.T.A, prontos
para balançar-se pelos céus de Nova York mais uma vez.

Enquanto Peter e Eddie balançavam-se pelos céus de Nova York, uma cena inesperada
capturou sua atenção: fumaça escura escapando das janelas do último andar do Clarim
Diário. Os dois heróis trocaram olhares, compreendendo a gravidade da situação.

Sem hesitar, dirigiram-se rapidamente em direção ao prédio do Clarim Diário. Ao se


aproximarem, as chamas ficaram mais visíveis, dançando atrás das janelas. Peter, usando
suas teias, subiu pela fachada do prédio enquanto Eddie, com sua agilidade simbionte,
acompanhou-o.

43
Enquanto escalavam em direção ao rombo no edifício, Peter indagou: "Eddie, tem certeza
que você pode entrar? Sabe, o Venom é sensível à fogo."

"Depois de tantas explosões e lutas que a gente se envolveu, o Venom criou uma resistência
ao fogo. É como a teoria da evolução do Darwin, só que, muito acelerada." Eddie respondeu
confiante.

Ao chegarem ao local do incêndio, ficou claro que a situação era grave. Chamas rugiam,
devorando salas e corredores. Peter, pelo fone, avisou Harry sobre o ocorrido, garantindo
que ele e Eddie estavam lá para ajudar. A sirene dos bombeiros já ecoava ao longe, mas
cada segundo contava.

Os dois heróis, em meio à fumaça e ao calor intenso, começaram a evacuar o prédio. Peter
usava suas teias para ajudar as pessoas a descerem em segurança, enquanto Eddie, com sua
força simbionte, auxiliava na remoção de escombros bloqueando saídas. A cooperação
eficiente entre o Homem-Aranha e Venom começou a mostrar seus frutos, pois o fogo,
mesmo feroz, não era páreo para a dedicação dos dois em proteger as vidas ali presentes.

Enquanto Peter e Eddie trabalhavam incansavelmente na evacuação do Clarim Diário,


enfrentaram uma surpresa inesperada. Enquanto verificavam uma das salas, depararam-se
com uma figura familiarmente ameaçadora: o Devorador de Pecados. Esse vilão tinha J.
Jonah Jameson, o editor-chefe do Clarim Diário e patrão de Brock, como refém.

A tensão no ambiente aumentou instantaneamente. O Devorador de Pecados, com sua


aparência verde e roxa com olhos sádicos, desprovidos de empatia, mantinha Jameson sob
ameaça, enquanto uma risada macabra escapava de seus lábios. A situação estava crítica, e
Peter e Eddie precisavam agir rápido.

Eddie murmurava, contendo seu ódio "você..." enquanto os expressivos olhos do simbionte
se fechavam, buscando uma abordagem agressiva e fixada.

O Devorador de Pecados exigiu que eles parassem de ajudar na evacuação e se entregassem


a ele para serem executados, ou então ameaçou atirar com a arma em suas mãos na cabeça
de Jameson. Isso logo fez com que Peter e Eddie, apesar da ameaça iminente, trocarassem
um olhar determinado, tirando Eddie do transe, e continuando a coordenar a evacuação.
Sabiam que, se cedessem ao vilão, colocariam em risco a vida de muitas pessoas.

Enquanto isso, Jameson admirava silenciosamente a coragem dos dois heróis, apesar de
odiar o Homem-Aranha, ele esperava que Parker e Venom conseguissem resolver a situação
e impedir que o Devorador de Pecados causasse mais caos. A luta estava prestes a se
desenrolar, e a vida de muitos estava nas mãos dos heróis.

44
A tensão no ar era quase sufocante. Peter tenta atirar uma teia na arma e desarmar o
Devorador de Pecados. A resistência do vilão tornou o confronto ainda mais feroz. Num
movimento rápido, o homem disparou a arma diretamente na direção do rosto do
Homem-Aranha. No entanto, a sorte estava ao lado do aracnídeo.

Venom, com sua pele impenetrável, agiu instantaneamente para proteger seu aliado. O
projétil ricocheteou contra o corpo do simbionte, deixando Peter ileso. Uma fina camada de
fumaça se espalhou pelo local, obscurecendo a visão de todos.

Quando a fumaça começou a dissipar, revelou-se que o Devorador de Pecados havia


desaparecido nas sombras. Peter, determinado a impedir que o vilão escapasse, tomou uma
decisão rápida. Sem hesitar, ele se lançou na perseguição, desaparecendo na escuridão da
noite enquanto avisava Venom para cuidar dos reféns.

Enquanto isso, Eddie, com sua velocidade sobrenatural, assumiu a responsabilidade de


garantir a segurança dos reféns. Agindo com agilidade e força, ele começou a conduzir as
pessoas para fora do perigo iminente.

A perseguição entre Peter e o Devorador de Pecados atingiu seu ápice na desolada escadaria
do metrô. A penumbra do local proporcionava um ambiente tenso e misterioso, perfeito para
a perseguição. Peter, usando suas habilidades, demonstrou destreza ao aproximar-se
agressivamente do Devorador de Pecados.

Com agilidade surpreendente, o Homem-Aranha agiu com precisão cirúrgica. Utilizando


suas teias, ele desarmou o vilão, arrancando a arma de suas mãos com um movimento
rápido e preciso. A arma, agora inofensiva, foi envolta por teias e habilmente presa a um
muro próximo, impedindo qualquer tentativa de retaliação por parte do criminoso. O
bandido seguiu em direção ao subterrâneo através da escada.

Contudo, Peter não se contentou apenas em desarmar o Devorador de Pecados.


Demonstrando uma astúcia característica, enquanto o perseguia na estação o
Homem-Aranha lançou um pequeno dispositivo: um rastreador aranha. Esse minúsculo
artefato tecnológico aderiu-se às costas do vilão, emitindo uma luz discreta que piscava em
intervalos regulares.

A cena na escadaria do metrô, antes palco de uma perseguição intensa, transformou-se em


um cenário de aparente calma. As teias de aranha criadas por Peter não só neutralizaram a
ameaça da arma, mas também garantiram que o Devorador de Pecados não escapasse
impune. O Homem-Aranha estava agora um passo à frente, pronto para seguir os rastros e
assegurar que a justiça fosse feita.

45
A perseguição implacável conduziu o Aranha até os trilhos do metrô, onde, para sua
frustração, o Devorador de Pecados conseguiu adentrar rapidamente um trem. Desarmado e
determinado, o Homem-Aranha não se deixou abalar pelo contratempo e partiu para a
próxima estratégia.

Ao aproximar-se da porta do vagão em que o vilão se encontrava, a mesma se fechou


bruscamente, impedindo-o de entrar. Peter, não desistindo facilmente, tentou com toda sua
força arrombar a porta, mas o trem já começava a se movimentar, aumentando a distância
entre eles. A sensação de impotência não era algo comum para o herói, mas naquele
momento, ele experimentava a frustração de estar tão próximo e, ao mesmo tempo, tão
distante.

O som metálico dos trilhos reverberava no túnel, e o trem desapareceu na escuridão,


deixando Peter para trás. O herói, embora exausto pela perseguição, não estava disposto a
aceitar a derrota. Continuou correndo ao longo dos trilhos, mas o ritmo constante do trem e
sua própria fadiga logo o obrigaram a diminuir o passo.

A respiração ofegante misturava-se com os ruídos do metrô, enquanto Peter,


momentaneamente vencido pela perseguição, refletia sobre seus próximos passos. Mesmo
diante da adversidade, o Homem-Aranha estava decidido a não deixar o Devorador de
Pecados escapar, pois a cidade dependia dele para pôr um fim nas ações nefastas do vilão.

Peter, ainda no túnel do metrô, ligou para Eddie pelo fone. A ligação foi atendida, e Peter
rapidamente compartilhou a situação. "Eddie, todos os reféns estão seguros? Priorizo
sempre os civis, mas como você estava lá, quis garantir que o Devorador de Pecados não
faria mais vítimas. Desde quando a Jean morreu eu... me traumatizei de ver esse cara com
uma arma."

A voz de Eddie soou pelo fone de ouvido, "Entendi, Peter. A segurança dos civis sempre
vem em primeiro lugar, mas fico grato por garantir que esse maluco não faça mais estragos.
Se precisar de ajuda, estou a caminho."

O Homem-Aranha agradeceu a prontidão de Venom e complementou "Ele fugiu por um


trem, mas desarmado, coloquei um rastreador nele, amanhã eu dou um jeito." Agora, com a
situação sob controle, restava a Peter decidir como prosseguir na caça ao Devorador de
Pecados. Chegando aonde a arma fora deixada presa, peter recupera a evidência e leva-a até
o Clarim diário, onde encontra Eddie e diversos policiais.

Com a ameaça momentaneamente contida, Peter entregou a arma que havia prendido na teia
para as autoridades. Rapidamente, ele fez uma ligação para o jovem Osborn para informar

46
sobre a situação e avisar que Eddie logo retornaria. "Harry, o Eddie vai voltar logo. Houve
um imprevisto, então peço desculpas por ter que sair sem te dar tchau, o Otto e o resto do
pessoal estão me esperando."

Harry, compreensivo, respondeu, "Sem problemas, Peter. Cuide do que precisa ser feito.
Estamos aqui e esperamos por você quando puder voltar."

Com essa breve comunicação, Peter se preparou para deixar a cena do confronto e voltar
para o jantar que havia deixado para trás, onde Otto, Curt, e sua família o aguardavam. Com
um aceno de despedida a Eddie, Peter se lançou pelos céus de Manhattan, balançando-se
entre os arranha-céus da cidade. A brisa noturna acariciava seu rosto, e a sensação de
liberdade que o movimento ágil proporcionava era indescritível.

À medida que ele se aproximava da casa de Otto Octavius, os pensamentos sobre os eventos
recentes se misturavam com a empolgação de voltar para o convívio daqueles que
considerava sua segunda família. A noite na cidade, iluminada por luzes cintilantes e
envolta em uma atmosfera vibrante, parecia ser uma extensão do espírito inabalável do
herói.

Ao chegar à casa de Otto, Peter vislumbrou através das janelas uma cena acolhedora. A luz
suave iluminava o interior, e o som de risadas e conversas animadas alcançava seus ouvidos
antes mesmo de entrar. Sabendo que estava prestes a compartilhar o fim de noite com seus
queridos amigos, Peter sentiu uma onda de gratidão pela teia que unia suas vidas em uma
comunidade única de heróis, cientistas e pessoas comuns, todas juntas na busca por um
mundo melhor.

47
V - ESMAGANDO O
ESMAGA-ARANHA

48
Ao cruzar o limiar da residência de Otto Octavius, a atmosfera acolhedora o abraçava. O
aroma de uma refeição deliciosa pairava no ar, mesclando-se com a alegria e o calor
humano que emanavam dos amigos reunidos. As paredes exibiam algumas das criações e
experimentos de Otto, dando à casa um toque peculiar e científico. Quadros e esboços de
invenções pendiam nas paredes, testemunhas silenciosas de uma mente criativa. Otto o
encontra na entrada da janela do apartamento, e o recepciona calorosamente.

Octavius, movido por um impulso de generosidade e desejo de reparar os erros do passado,


puxou Peter para um canto mais reservado, em seu quarto. Ali, em um gesto surpreendente,
revelou um protótipo fascinante que ele estivera desenvolvendo. Eram quatro garras
mecânicas, reminiscentes dos famosos tentáculos do Doutor Octopus, mas com uma
sofisticação adicional de serem leves, esguias com pontos de articulação. Estas estavam
conectadas a uma espécie de mochila dourada, como se fosse uma prótese para as costas, em
formato do emblema de aranha nas costas do traje de Peter, um presente inusitado e
simbólico.

"Peter, olha, após tantos anos de rivalidade e conflito, sinto que é hora de enterrar o passado
e oferecer algo que possa contribuir para o seu trabalho como herói", Otto explicou, seu
olhar carregado de sinceridade.

Peter, embora tocado pelo gesto, percebeu a intensidade da culpa que Otto ainda carregava.
O olhar de Otto, antes determinado, agora refletia uma vulnerabilidade que o
Homem-Aranha raramente via. Aquelas garras mecânicas e a mochila dourada eram mais do
que meros artefatos tecnológicos; eram manifestações de uma busca por redenção.

Sentindo-se desconfortável por ser o destinatário dessa oferta, Peter tentou recusar, suas
palavras tropeçando em um emaranhado de emoções conflitantes. "Otto, você não precisa
fazer isso. Já passamos por muita coisa, e..." antes que pudesse terminar, Otto quase
desabou em lágrimas. Aquilo foi mais revelador do que qualquer palavra que ele pudesse
pronunciar.

"Peter, por favor, aceite. É um presente, uma tentativa de me redimir por tudo o que
aconteceu. Eu detesto admitir mas essa culpa me queima por dentro, é torturoso, eu não
aguento mais. Por favor, Peter, eu só peço que você aceite", implorou Otto, seus olhos
mostrando uma mistura de tristeza e desejo genuíno de reconciliação.

Peter sentiu o peso da situação. Era mais do que uma simples oferta de tecnologia avançada;
era uma tentativa de curar feridas antigas. Com um suspiro resignado, ele concordou em
aceitar o presente. Condicionando que Otto terminasse o protótipo primeiro, e que não
testasse em si mesmo como da última vez. Parker, intrigado, não pôde deixar de se
perguntar se isso poderia ser o início de uma nova fase em sua relação com Otto Octavius.

49
Peter, tocado pelo gesto sincero de Otto, decidiu que era hora de mostrar à ele que deixou
para trás as antigas feridas. Com um abraço caloroso, ele envolveu Octavius em seus braços,
transmitindo uma mensagem de perdão que as palavras não poderiam expressar
completamente. "Otto, eu te perdoei, já disse. O passado já se foi, e nós dois mudamos. É
hora de seguir em frente, se perdoar, cara."

Otto, inicialmente surpreso com a generosidade de Peter, sentiu a sinceridade na voz do


Homem-Aranha. A tensão que ele carregava consigo começou a se dissolver, substituída por
um sentimento de alívio que há muito tempo ele não experimentava. "Peter, obrigado",
murmurou Otto, seus olhos expressando uma mistura de gratidão e libertação. "Você sempre
foi melhor do que eu merecia."

Enquanto os dois se separavam do abraço, Peter ofereceu um sorriso compreensivo. "O


Doutor Octopus nunca foi e nunca será uma parte de Otto Octavius. Você é mais do que
seus erros, Otto."

Otto, com um aceno de cabeça, concordou. "Você está certo, Peter. É hora de seguir em
frente. Obrigado por... me dar uma chance."

Juntos, eles caminharam de volta para a sala onde a família e os amigos aguardavam. A
atmosfera agora estava carregada de uma nova compreensão e esperança, indicando que,
talvez, o capítulo finalmente pudesse ser encerrado, dando lugar a um novo começo. Os
membros da família Parker já estavam prestes a sair, mas não sem antes demonstrar a
preocupação e o alívio por verem Peter em segurança. Mayday, com seus olhos azuis
cintilantes, dirigiu-lhe um sorriso caloroso. "Peter, guardamos um pouco de tudo para você.
Ficamos com dó de comer tudo, especialmente depois do Harry ter chamado você", disse
ela, levantando uma sacola recheada de comida caseira.

Enquanto se aproximavam da porta, Otto, o anfitrião da noite, expressou seu contentamento


com a presença de Peter. "Peter, é sempre um prazer tê-lo conosco. Hoje foi um dia agitado,
mas teremos outras oportunidades! Bom descanso e boa comida", comentou Otto,
incentivando Peter a se sentir em casa se viesse visitá-lo novamente.

A família Parker se preparava para se despedir. Peter, Mary Jane e Mayday expressavam sua
gratidão pelo caloroso acolhimento, enquanto se dirigiam à porta do apartamento de Otto.
Octavius, com sua simpatia característica, sorriu e disse: "Foi um prazer tê-los aqui, como
sempre. Voltem sempre que quiserem. E, Peter, espero que goste da comida!"

Peter respondeu com um sorriso: "Com certeza, Otto! Sua hospitalidade é sempre incrível.
Obrigado por nos receber."

50
Connors, apesar de sua natureza mais reservada, juntou-se à despedida. "Foi uma noite
agradável. Se precisarem de alguma coisa, estou à disposição."

Mary Jane, com sua elegância e charme, agradeceu: "Otto, Curt, foi uma noite maravilhosa.
Obrigada pela companhia e pela excelente comida."

Mayday, sempre animada, acrescentou: "Mesmo! E, Otto, se precisar de ajuda com alguma
invenção maluca, é só chamar o Homem-Aranha, certo, pai?"

Todos riram, e com um último aceno, a família Parker se encaminhou para o carro, pronto
para retornar ao aconchego de seu lar. Otto Octavius e Curt Connors assistiram à partida,
contentes por terem compartilhado uma noite agradável com seus amigos.

O quarto de Peter, iluminado pelos primeiros raios de sol, era um santuário pessoal cheio de
lembranças e símbolos de sua jornada como Homem-Aranha. Acordando ao lado de sua
esposa, Peter levanta-se e decide buscar o rastreador que havia deixado na gaveta da sala.
Jornais antigos e novos sobre o Homem-Aranha decoravam as paredes, testemunhas
silenciosas de inúmeras batalhas e conquistas. Uma mochila aranha pendia elegantemente
de uma cadeira, e o traje icônico estava cuidadosamente dobrado sobre a mesa, como se
esperando pelo próximo chamado.

Ao sair do quarto, Peter encontrou-se na sala, onde a luz suave da manhã se infiltrava pelas
cortinas entreabertas. A gaveta onde ele guardava o rastreador aranha estava em uma
pequena escrivaninha. Uma janela próxima oferecia uma visão inspiradora da cidade que ele
jurou proteger. Uma mescla de ansiedade e determinação preenchia o ar, pois Peter se
preparava para enfrentar mais um desafio.

A sala era um reflexo da vida agitada de Peter, com alguns itens espalhados, como um jornal
dobrado e um par de óculos de leitura descansando sobre um móvel. O sofá desgastado, mas
acolhedor, testemunhava noites de reflexão e discussões familiares. Fotos de momentos
felizes adornavam as prateleiras, capturando sorrisos e memórias de um tempo que, embora
tumultuado, era repleto de amor e coragem.

Ao abrir a gaveta, Peter sentiu o frio do metal em suas mãos enquanto pegava o rastreador
aranha. O dispositivo pulsava com uma luz suave, lembrando-o da missão que aguardava.
Com uma última olhada ao redor, ele respirou fundo e se dirigiu para mais uma jornada nas
ruas da cidade que nunca dorme.

51
Mayday, ainda vestida em seu pijama, encontrou Peter na sala enquanto ele segurava o
rastreador aranha. Seus olhos curiosos revelavam uma mistura de preocupação e interesse
enquanto ela perguntava com voz suave:

"Pai, quem você está procurando? Para acordar cedo assim, parece sério."

Peter olhou para a filha com ternura, reconhecendo a sinceridade em seus olhos. Ele
respirou fundo antes de responder, escolhendo cada palavra com cuidado:

"Filha, ontem eu e o Eddie nos encontramos com o Devorador de Pecados, e eu preciso


ajudar. Eu prometo que vou voltar o mais rápido possível."

Os olhos de Mayday refletiram compreensão misturada com orgulho. Ela conhecia o


chamado do dever do pai e respeitava sua missão como Homem-Aranha. Mesmo assim, não
pôde evitar a preocupação ao ver seu pai se preparando para mais uma jornada perigosa.

Mayday, inspirada pelo espírito heroico do pai, decidiu juntar-se a ele na missão. Com
determinação em seus olhos e uma pitada de empolgação, ela perguntou a Peter:

"Pai, posso ajudar? Sei que ainda estou aprendendo, mas quero estar ao seu lado."

Peter olhou para Mayday com uma expressão mista de orgulho e preocupação. Ele
compreendia o desejo dela de contribuir, mas também sabia dos perigos que enfrentariam.
Depois de um breve momento de reflexão, ele respondeu:

"May, querida, eu admiro sua coragem, mas esse cara é doente, se fosse um vilão menos
perigoso, eu deixaria. Sua segurança é minha prioridade. Eu prefiro que você fique aqui
desta vez."

Mayday assentiu, entendendo as preocupações do pai. No entanto, não podia evitar a


sensação de ansiedade misturada com a determinação de fazer a diferença. Ela observou
enquanto Peter se preparava para a missão, prometendo a si mesma que, um dia, estaria
plenamente pronta para enfrentar os desafios ao lado do Homem-Aranha. Peter deu um
sorriso grato para Mayday, sentindo o apoio silencioso de sua filha. Ele se aproximou e a
abraçou carinhosamente antes de sair pela janela, May responde, agarrando fortemente seu
ombro . Logo, a promessa silenciosa de retornar ecoou no ar enquanto ele se distanciava.

Peter balançava pelas teias de Nova York, o vento diurno acariciando seu traje. Enquanto se
movia elegantemente entre os arranha-céus, ele murmurou consigo mesmo sobre a
necessidade de encontrar um ponto alto na cidade para otimizar o sinal do rastreador. Seus

52
olhos experientes procuraram o horizonte, e ele tomou a decisão de se dirigir para um dos
pontos mais emblemáticos da cidade: o Empire State Building.

Ao se aproximar do majestoso arranha-céu, Peter admirou a imponência da estrutura


iluminada pelas luzes da cidade. O brilho característico da torre destacava-se em meio a
cidade, uma das visões mais deslumbrantes de Nova York. Com uma graça inata, o
Homem-Aranha aterrissou no topo do arranha-céu, onde a cidade estendia-se abaixo dele
como um mosaico de luzes cintilantes em meio ao sol.

Lá em cima, com a brisa fazendo ondular seu traje, Peter ativou o rastreador e observou
atentamente a resposta do dispositivo. A cidade, agitada e viva, espalhava-se até onde a
vista alcançava, enquanto ele se preparava para seguir a trilha do Devorador de Pecados.
Com o rastreador marcando movimento para o Monarch Theater através de um icone
cômico de caveira que Peter teria criado para simbolizar a localização do vilão. Com o
teatro fechado para o feriado, Peter tomou a decisão de se dirigir imediatamente para lá. O
teatro, um ícone de Nova York, erguia-se majestosamente no horizonte, aguardando a
chegada do Homem-Aranha.

Ao balançar pelas teias entre os prédios, a brisa matinal acariciava o rosto de Peter, e o
panorama da cidade abaixo dele parecia uma tapeçaria de vida e movimento. Seus
pensamentos estavam focados na tarefa que tinha pela frente: enfrentar o Devorador de
Pecados e garantir a segurança da cidade.

Ao se aproximar do Monarch Theater, a silhueta imponente do edifício destacava-se contra


o céu cada vez mais claro. A fachada majestosa contava histórias de uma cidade que havia
testemunhado tantos eventos ao longo dos anos. Para Peter, no entanto, aquele momento
representava mais outro capítulo em sua jornada como o Homem-Aranha. Com destreza e
agilidade, o Aranha começou a se mover pelos dutos de ventilação do lugar. O silêncio
reinava enquanto ele se movia sorrateiramente, cada movimento calculado para evitar
alertar qualquer presença indesejada.

Os dutos de ventilação, habitualmente repletos de poeira e teias de aranha, tornaram-se seu


caminho discreto através do interior do teatro. O eco de seus passos abafados ressoava
enquanto ele se aproximava do ponto indicado pelo rastreador. O cheiro de antiguidade e
história impregnava o ar, mas a urgência do momento mantinha a mente de Peter focada e
alerta.

Enquanto avançava pelos dutos, o herói aracnídeo estava ciente de que a confrontação com
o Devorador de Pecados estava iminente. O teatro, normalmente um local de entretenimento
e cultura, agora se transformava em um palco para o confronto entre o bem e o mal. O

53
suspense pairava no ar, e a adrenalina impulsionava Peter a continuar sua incursão furtiva
pelos corredores do Monarch Theater.

O Homem-Aranha, oculto nos dutos de ventilação, começava a notar uma conversa abafada.
Concentrando-se, ele escutava atentamente à conversa. Seu ouvido aguçado captava cada
palavra, mesmo com o som abafado, enquanto sua mente estrategista já se movimentava
para lidar com a situação.

O Camaleão, com uma voz sibilante cobrava "Stanley, já pegou o cara? Precisamos de tudo
pronto até o dia do show."

Devorador, com sua voz grave e rouca retrucava "Ainda não, Camaleão. Estamos
rastreando, mas ele é um canalha astuto. Consegue sumir como fumaça. Nisso que dá caçar
gente inteligente."

"Estamos consultando antigos colegas, vasculhando registros. Mas encontrar esse sujeito
está se mostrando mais difícil do que eu previ." disse Alistair, com um tom técnico e
objetivo.

"Dinheiro não é um problema, Alistair. Mas precisamos dele morto até o espetáculo, se não
o plano pode falhar. Temos que desestabilizar o Aranha." disse o Camaleão, elevando o tom
de voz.

O Homem-Aranha, enquanto escutava atentamente, começava a traçar planos mentais. Sabia


que a situação estava se tornando mais complexa, e o alvo deles parecia ser alguém de
grande importância. Sua mente rápida buscava estratégias para abordar a situação sem
revelar sua presença.

O Camaleão, irritado, completa. "Você tem que parar de sair sem nos avisar, eu entendo sua
vontade de matar, mas o Aranha não pode te pegar até o cara estar morto. Te pagamos
adiantado para esse serviço. Tenha cautela para não ser pego, pelo menos não até lá."

O Homem-Aranha, decidindo intervir, pensava em como abordar os vilões sem colocar em


risco o alvo que eles buscavam. O jogo de sombras e palavras continuava, mas o herói
aracnídeo já começava a tecer sua própria teia de estratégias para enfrentar esse novo
desafio. O Aracnídeo desliza silenciosamente dos dutos de ventilação, surpreendendo os
vilões com sua presença. Seus olhos se estreitam ao ver Alistair Smythe, agora vestido em
uma impressionante nova armadura, claramente preparado para o confronto.

"Uau, Alistair, você investiu em um guarda-roupa novo? Espero que pelo menos tenha um
bom plano de pagamento, porque armaduras dessas não são baratas. Talvez eu deva

54
recomendar um bom corretor de seguros pra caso eu acidentalmente estrague essa
belezinha." disse Parker, em um tom irônico.

Enquanto soltava a piada, o Homem-Aranha estudava a armadura de Alistair, avaliando


mentalmente as possíveis fraquezas. Sabia que esse confronto seria um desafio, mas sua
habitual disposição leve não o abandonava, nem mesmo diante de uma ameaça imponente
como aquela.

A armadura de Smythe emergiu como uma imponente obra de engenharia, capturando a


essência de uma fusão entre tecnologia avançada e a letalidade de uma aranha. Cada peça
metálica, meticulosamente construída, contribuía para uma aparência robusta e
intimidadora, enquanto mantinha uma elegância alienígena.

A estrutura da armadura lembrava a carapaça de uma aranha, com bordas afiadas que se
assemelhavam a pernas aracnídeas. Placas metálicas pontiagudas formavam um
exoesqueleto protetor, conferindo uma resistência quase intransponível. A coloração
metálica da armadura, um prateado frio e futurista, ressaltava a sensação de que esta criação
era mais do que simples engenharia humana.

Detalhes intrincados adornavam cada junção e articulação, proporcionando flexibilidade


sem sacrificar a força. A aparência geral da armadura evocava uma presença tecnológica
avançada, enquanto os padrões na superfície criavam uma aura de singularidade e
complexidade. Largos olhos amarelos cobriam a face metálica trazendo vida e autenticidade
ao vilão. Ele corre em direção ao Homem-Aranha com força e peso implacáveis.

Os lustres majestosos pendiam do teto, suas luzes antes brilhantes agora reduzidas a um
brilho fraco e irregular. As poltronas, antigas testemunhas de risos, aplausos e lágrimas,
permaneciam vazias e envoltas em uma penumbra misteriosa.

O palco, que já foi o centro de atenção de multidões, agora era um terreno de confronto.
Cortinas desgastadas balançavam levemente com a brisa, e a madeira do assoalho rangia sob
a pressão dos passos furtivos do Camaleão.

O ar no teatro carregava uma mistura de nostalgia e tensão, como se as paredes tivessem


absorvido as emoções de inúmeras performances passadas. A iluminação escassa realçava
os contornos do ambiente, criando uma paisagem de sombras dançantes e formas
indefinidas.

Enquanto a batalha se desenrolava, os ecos silenciosos do teatro vibravam com a energia de


um passado glorioso, agora ofuscado pela urgência do presente. O confronto tenso se
desenrola no teatro. Camaleão desaparece em um túnel escuro na parte trazeira do palco

55
enquanto o Devorador de Pecados mantém a pressão sobre o Homem-Aranha. Peter, embora
momentaneamente encurralado, se recupera com agilidade e resiliência.

"Essa armadura é nova, Alistair? Você deveria ter me avisado antes! Tô me sentindo
subestimado aqui."

A armadura robusta de Smythe brilha à medida que ele avança, desferindo golpes
poderosos. O Homem-Aranha, sempre ágil, esquiva-se com destreza e contra-ataca.

"Você pode ter hardware novo, mas eu ainda tenho as velhas piadas. E sabe, elas são
atemporais."

Enquanto as palavras voam, o Camaleão, sorrateiro, continua a escapar pelos túneis


subterrâneos do teatro. Peter, ciente da ameaça dupla do Devorador e do Esmaga-Aranha,
precisa manter a atenção dividida.

Carter, com uma risada sinistra, desencadeia tiros de uma metralhadora enquanto o
Camaleão consegue fugir. A luta ganha um novo nível de intensidade, com cada movimento
estratégico sendo crucial para o Homem-Aranha sobreviver a essa dupla ameaça. Alistair
gritou para o Devorador de Pecados, seu tom de voz permeando a agitação na cena de
batalha: "Devorador, sai daqui! O Camaleão quer garantia de que nosso alvo não vai escapar
até o espetáculo! Vamos!"

A tensão no teatro aumentava, cada movimento e cada palavra ecoavam entre os assentos
vazios. A armadura de Alistair brilhava com uma estranha mistura de tecnologia avançada e
um design quase orgânico, lembrando uma aranha gigante mecânica. Era como se a própria
essência da batalha estivesse entrelaçada com a arquitetura decadente do teatro, criando um
cenário surreal.

Enquanto o Esmaga-Aranha pressionava Peter contra a parede, Carter hesitava por um


momento, sua máscara escondendo qualquer expressão. A escolha entre seguir as ordens de
Alistair e enfrentar o Homem-Aranha era evidente em sua postura. O confronto, agora, não
era apenas físico, mas uma dança complexa entre a lealdade e a própria sobrevivência.

O Devorador de Pecados optou por seguir o Camaleão e fugir, deixando Alistair Smythe
enfrentando o Homem-Aranha. Ao perceber a retirada do seu aliado, Alistair intensificou
seus ataques, pressionando ainda mais o Homem-Aranha contra as paredes do teatro. Apesar
de enfrentar um adversário formidável, o Homem-Aranha não perdia sua sagacidade
característica. Mesmo diante da pressão de Alistair, ele soltava piadas, tentando manter o
clima leve mesmo em meio ao confronto tenso.

56
"Uau, Smythe, essa sua armadura deve custar os olhos da cara. Diz aí, ela veio com
ar-condicionado?" O Aranha provocava enquanto esquivava de um golpe.

Smythe, ofendido, gritava "Garanto que ela custou mais do que vale sua vida, seu verme de
merda!"

Alistair, no entanto, não parecia estar no clima para brincadeiras. Cada investida era
calculada, cada movimento visava subjugar o herói. O teatro, que antes ecoava com os sons
da batalha, agora se tornava o palco de uma luta desigual.

Parker chegou junto ao buraco por onde o Devorador de Pecados tinha fugido, observando-o
por uma última vez antes de desarmá-lo com suas teias. Com um grito firme, ele proclamou
sua determinação: "Você pode até fugir, mas eu nunca mais vou deixar uma arma na sua
mão, não depois do que você fez com a DeWolff!"

As teias do Homem-Aranha envolveram a arma do Devorador, garantindo que ela não


representasse mais uma ameaça. Essas palavras eram mais do que um aviso; eram um
compromisso, uma promessa de que a justiça prevaleceria, não importasse o quão longe o
vilão tentasse escapar.

Enquanto isso, o Esmaga-Aranha continuava sua ofensiva impiedosa, mas o


Homem-Aranha, mesmo sob pressão, não perdia sua resolução.

A situação para o Homem-Aranha tornou-se cada vez mais desafiadora. Pressionado


implacavelmente pelo Esmaga-Aranha, ele se via sem alternativas. Seus fluidos de teia
estavam se esgotando rapidamente, e a falta de apoio tornava cada movimento mais difícil.
Aquele por trás desse plano engenhoso tinha considerado todos os detalhes, e a ajuda
recebida para fortalecer os comparsas era evidente na imponente armadura nova de Smythe.

Cada movimento do Homem-Aranha agora era uma batalha contra o tempo e a resistência
física. Ele percebia a astúcia do inimigo, a maestria por trás da trama, e a sensação de estar
encurralado começava a pesar sobre ele. No entanto, mesmo diante desses desafios
aparentemente insuperáveis, a chama da determinação no coração do herói continuava
acesa.

A armadura de Smythe reluzia, uma obra de engenharia que elevava o nível da ameaça.
Seus membros pontiagudos e robustos criavam uma aparência quase alienígena, um
verdadeiro tanque em forma de aranha. Cada piada do Homem-Aranha, embora pronunciada
com seu habitual humor, carregava consigo a tensão da situação. Cada palavra era um
esforço para manter a mente afiada e desconcentrar o formidável adversário. No entanto, a

57
escassez de fluidos de teia e a progressiva exaustão começavam a minar sua habilidade para
responder às investidas do Esmaga-Aranha.

Enquanto Smythe pressionava ainda mais o herói, a sensação de derrota iminente pairava no
ar. O plano meticulosamente elaborado pelos vilões estava funcionando até o momento,
deixando o Homem-Aranha em uma situação crítica. O que ele faria para virar o jogo e
emergir vitorioso diante desses desafios aparentemente insuperáveis? A resposta permanecia
incerta, mas a vontade de lutar persistia, alimentada pela teia que o conectava à esperança.

A armadura de Esmaga-Aranha brilhava com uma sinistra aura, destacando-se na penumbra


do Monarch Theater. O Homem-Aranha, era lançado contra a parede enquanto lutava contra
a fadiga e a dor crescente. Cada golpe do Esmaga-Aranha era um martelar implacável,
ecoando pela vastidão do teatro como uma sinfonia de destruição.

Os ataques do vilão eram poderosos e precisos, deixando o Homem-Aranha severamente


ferido. A resistência física do herói estava sendo testada até o limite. Cada soco ecoava
como um trovão, uma cascata de dor que ameaçava apagar a luz da determinação que
queimava no coração do Aranha.

Os sentidos de Peter Parker, aguçados pela picada da aranha radioativa, zumbiam com a
intensidade da luta. Ele cambaleava sob a fúria dos golpes, à beira do desmaio, mas uma
centelha teimosa dentro dele insistia em se manter acesa. A resistência aracnídea,
alimentada pela teia que fluía em suas veias, era sua última linha de defesa contra a iminente
derrota. Smythe, impiedoso, continuava a desferir seus potentes golpes, e o Homem-Aranha
lutava para se manter de pé. A cada impacto, a visão de Peter turvava-se, mas a lembrança
de sua responsabilidade como protetor de Nova York, como símbolo de esperança,
impelia-o a resistir.

O impacto surpresa de uma pancada forte atinge Alistair Smythe em cheio no rosto,
fazendo-o cambalear para trás. O Homem-Aranha, que estava à beira do desmaio, aproveita
o momento para se empoleirar na parede, permitindo-se uma preciosa pausa para recuperar
o fôlego. O teatro, antes palco da brutalidade desenfreada, agora testemunha uma inversão
momentânea do destino.

Alistair, momentaneamente desnorteado, tenta, em vão, se livrar dos ataques surpresa. Seus
movimentos são erráticos, e a confusão se reflete em seus olhos atrás da máscara. Alguma
figura sem formato, com a agilidade típica de um aracnídeo, desencadeia uma série de
movimentos imprevisíveis, mantendo seu oponente em um estado constante de
desequilíbrio.

58
O teatro, antes envolto na tensão de uma batalha desigual, torna-se palco de uma dança
caótica entre o herói e seu adversário mecânico. Os feixes de luz filtram-se através das
rachaduras no teto, iluminando uma cena surreal onde o destino oscila entre o
Homem-Aranha e o Esmaga-Aranha. O confronto, agora com uma reviravolta inesperada,
deixa a audiência da cidade respirando momentaneamente em suspense.

No apogeu da batalha, quando o destino parecia pender perigosamente para o lado do


Homem-Aranha, uma figura em movimento veloz, como uma rajada de vento cortante,
emergiu no campo de confronto com uma agilidade extraordinária. O impacto de um chute
formidável ressoou pelo teatro, encontrando seu alvo preciso em Alistair Smythe. O vilão
foi arremessado como uma marionete desgovernada, desorientado pela súbita virada dos
acontecimentos.

A figura, agora revelada como a Garota-Aranha, Mayday, desceu graciosamente ao chão.


Seus movimentos eram uma dança calculada entre agilidade e poder, cada gesto denotando
confiança e determinação. Enquanto ofegava pelo esforço físico, seus olhos demonstravam a
chama de alguém disposto a enfrentar desafios em prol da justiça.

Alistair Smythe, antes focado no Homem-Aranha, agora se via diante de uma nova
oponente. O brilho metálico de sua armadura reluzia no cenário tenso, e a atmosfera vibrava
com a imprevisibilidade do confronto que se desenrolaria. Smythe, embora
momentaneamente abalado, estava longe de desistir. A batalha tomava um novo curso, e as
apostas cresciam com a presença de Mayday no palco da luta.

No cenário caótico do teatro, a surpresa tomou novas formas quando uma luz laranja, como
um relâmpago aprisionado, rompeu a escuridão atrás do Esmaga-Aranha. Faíscas dançavam
no ar, e um punho carregado de energia irradiava uma luminosidade cintilante. À medida
que a cena se desdobrava, a figura emergente se revelou como outro herói, o Ultimate
Homem-Aranha. Sua presença era um clarão dinâmico, e o ar pareceu vibrar com a
eletricidade que emanava de sua postura confiante.

Miles, dissipando sua invisibilidade com um gesto decidido, lançou-se para o campo de
batalha com uma agressividade controlada. Seu soco, carregado de energia bioelétrica,
encontrou o Esmaga-Aranha em uma explosão de poder. O impacto assombroso, lança o
vilão pelos confins do teatro como uma marionete impotente. A trajetória descontrolada do
Esmaga-Aranha foi uma resposta dramática à força combinada de Miles e Mayday.

A penumbra do teatro, agora inundada por uma luz incandescente, revelava a tríade de
heróis – Homem-Aranha, Garota-Aranha e Ultimate Homem-Aranha – unindo suas
habilidades em uma dança coreografada contra as forças do mal. O palco estava pronto para

59
o desfecho épico de uma batalha que oscilava entre a escuridão e a luz, entre a incerteza e a
determinação.

A sala do teatro estava impregnada de tensão e eletricidade, tanto metafórica quanto


literalmente. A armadura do Esmaga-Aranha, aparentemente invulnerável, começou a
mostrar sinais de fraqueza diante dos poderes Venom de Miles. Fissuras surgiram na
superfície da armadura, como cicatrizes revelando a vulnerabilidade de Alistair Smythe.

O vilão, preso em seu traje, percebeu que algo estava terrivelmente errado. Um grito de
frustração escapou de seus lábios quando a bateria do traje começou a falhar. "Merda de
bateria!" ele exclamou involuntariamente, enquanto tentava estabilizar seu equipamento.

A visão da fraqueza exposta acendeu uma faísca nos olhos de Miles, Peter e Mayday.
Trocando olhares rápidos, os três heróis começaram a elaborar um plano silencioso através
de gestos coordenados. Miles, com seu punho energizado, apontou para a área danificada da
armadura, indicando a vulnerabilidade. Peter apontou para suas teias, e Mayday acenou com
sua mão, preparando suas próprias teias.

Então, em perfeita sincronia, Miles preparou-se do palco do teatro, Peter, do lado esquerdo
do teatro, lançou suas teias como uma rede para Miles e Mayday as conectou do outro lado
do teatro. O resultado, era uma enorme catapulta de teias que começara a ser energizada
pelo jovem Aranha. Morales começava a ir cada vez mais para trás, esticando as teias
elásticas.

A tensão no ar aumentou quando Peter, em meio ao caos, gritou para Miles:


"Homem-Aranha, se lembra da fórmula de energia potencial elástica? ". A resposta veio de
Miles, que repetiu a fórmula para si mesmo enquanto se preparava para o que estava por vir.

Com precisão, Miles lançou-se em direção ao Esmaga-Aranha. As teias do estilingue,


habilmente entrelaçadas com eletricidade, não eram apenas um meio de locomoção, mas
uma parte vital do plano. Logo antes de voar, o atrito elástico gerado por miles enquanto
esticava a elasticidade da teia potencializava a energia Venom. Toda a energia gerada
voltava para o punho esquerdo de Miles quase instantâneamente, e assim que se lançou, seu
punho estava fervendo eletricidade enquanto ele atravessava o salão como uma estrela
cintilante em uma penumbra inacabável.

O momento culminante ocorreu quando Miles, envolto em eletricidade, atingiu o


Esmaga-Aranha com força total. A eletricidade acumulada nas teias, agora concentrada no
punho do Aranha convergiu em um impacto poderoso, deixando o Esmaga-Aranha
completamente derrotado, preso na parede do outro lado do teatro. O trabalho em equipe e a
aplicação de conhecimento técnico haviam sido cruciais para a virada na batalha.

60
Peter, ofegante e ainda sentindo a adrenalina da batalha, olhou para May com uma
expressão curiosa e surpresa. "Valeu pela ajuda, mas, como vocês me acharam?"

Mayday, erguendo um pequeno anel com botões em seu anelar direito, sorriu de maneira
travessa. "Você não é o único com alguns truques na manga."

Enquanto May explicava, um som de sinalizador começou a soar, emanando do corpo de


Peter. Ele franziu a testa, surpreso, e começou a procurar a origem do som. Com um olhar
de confusão, ele encontrou outro rastreador Aranha atrás de seu ombro direito, revelando
que May havia colocado o dispositivo em seu traje enquanto o abraçava antes de sair de
casa.

Miles, que assistia à cena, não pôde deixar de rir. "Isso foi genial, May. Sua família aqui tem
um talento para pegar os outros de surpresa."

Peter, agora compreendendo a jogada, sorriu para May. "Você é incrível, filha. Nunca deixa
de me surpreender."

O clima, antes tenso, agora era descontraído, com os Amigos-Aranha compartilhando


risadas e olhares cúmplices após a vitória sobre o Esmaga-Aranha.

Peter, recuperando o fôlego, olhou para May e Miles com uma expressão séria. "Ainda bem
que o Stanley não notou o rastreador nas costas ainda. Mas eu ouvi uma conversa que só me
faz pensar que há algo muito maior acontecendo nos bastidores. Essa não foi uma operação
isolada do Devorador. Ele é só um peão em algo muito maior."

Ele se aproximou, olhando para a localização no rastreador em suas mãos, que estava
completamente embaralhada e imprecisa. "Precisamos descobrir o que está por trás disso. O
Devorador é a única pista que temos agora, e eu quero investigar mais a fundo."

Miles concordou. "Definitivamente. Vamos descobrir o que está acontecendo."

Peter, surpreso, diz "Nós não "vamos", eu vou tomar mais cuidado, mas não posso envolver
vocês em um esquema perigoso desses."

Mayday e Miles, apesar da vontade de ajudar no momento, entenderam a seriedade da


situação e concordaram com a decisão de Peter. Enquanto olhavam para o traje do
Esmaga-Aranha, Peter sugeriu: "Acho melhor deixarmos isso envolto em teias para a
polícia. E, claro, tirar o Smythe desse tanque de guerra do Wallmart."

61
Mayday e Miles concordaram. Juntos, derrubaram a armadura do buraco na parede onde
Miles havia o prendido, e começaram a envolver o traje em teias resistentes, garantindo que
ele permanecesse seguro até a chegada das autoridades. Enquanto faziam isso, Peter
pensava sobre o que viria a seguir.

Peter rapidamente interrompeu seus pensamentos e pegou o celular para ligar para Jeff
Davis, o capitão de polícia. Após alguns toques, a chamada foi atendida.

"Capitão Davis, sou eu. Temos uma atualização sobre o Esmaga-Aranha. Eu, Mayday e
Miles conseguimos detê-lo. Ele está pronto para ser recolhido pela polícia."

Jeff Davis, do outro lado da linha, respondeu com alívio, "Ótima notícia, Peter. Estamos
enviando uma equipe para a sua localização. Vocês três fizeram um trabalho incrível."

Peter respondeu, "Valeu, Capitão. Sempre que precisamos, estamos prontos para ajudar. Mas
há algo maior acontecendo por aqui. O Esmaga-Aranha era apenas uma peça em um jogo
muito maior. Preciso descobrir quem está manipulando."

O capitão Davis, familiarizado com os eventos sobrenaturais da cidade, concordou:


"Entendo, Peter. Vamos fazer o nosso melhor para rastrear quem está por trás disso. E, mais
uma vez, obrigado pela sua ajuda."

Após desligar, Peter se virou para Mayday e Miles, compartilhando suas preocupações sobre
a situação mais ampla que estava se desenrolando. O trio sabia que ainda tinham muito
trabalho pela frente.

Peter, cuidadosamente, abriu a cápsula do traje do Esmaga-Aranha, revelando o interior.


Alistair Smythe estava desmaiado. Com agilidade, Peter utilizou suas teias para prender
Smythe, garantindo que ele não representasse mais uma ameaça.

"Você vai ter tempo para pensar nas suas ações na Balsa", murmurou Peter enquanto
envolvia o vilão com as teias. Smythe permanecia inconsciente, e a polícia logo chegaria
para levá-lo sob custódia.

Peter, após prender Alistair Smythe e garantir que a polícia assumiria o controle da situação,
voltou sua atenção para Miles e Mayday."Vamos sair daqui antes que a polícia chegue,
vamos deixar o Jeff fazer o trabalho dele.", sugeriu Peter, olhando para Miles e Mayday. "O
Smythe vai para a Balsa, com o Electro, Abutre, Mancha, Shocker... e o resto daquele
pessoal." Disse ele, suspirando. "Deixemos o resto com eles. Tenho que investigar mais
sobre o Devorador de Pecados, e a última coisa que precisamos agora é de uma longa
conversa com a polícia."

62
Mayday assentiu, compreendendo a situação, enquanto Miles, ainda processando o que
acontecera, concordou em seguir o conselho de Peter. Juntos, os três Aranhas se afastaram
do local do confronto, desaparecendo pelas ruas de Nova York.

63
VI - TRINTA E UM DE
OUTUBRO

64
Ouve-se uma voz rouca e grave da penumbra de uma indescritível sala: "Eu nunca fui um
bom garoto. Desde cedo, minha natureza parecia inclinada para o incomum, como se meu
coração fosse um terreno fértil para a semente da diferença. Lembro-me de dias em que a
inocência era apenas uma palavra distante, uma que eu preferia ignorar. Machucar pequenos
animais era um passatempo cruel, uma expressão primitiva do poder que eu sentia ao
controlar o sofrimento alheio.

Sabe, a mentira fluía de mim como um rio envenenado. Era uma forma de arte, uma maneira
de criar mundos alternativos onde eu reinava supremo, livre das correntes da dura e maldita
verdade. O casal que se diziam serem meus pais não passavam de figuras autoritárias
tentando moldar meu caráter, eram apenas obstáculos a serem driblados. A desobediência
sempre foi minha arma secreta, a rebelião sutil que alimentava meu ego enquanto eu
escapava das regras que tentavam domesticar minha natureza indomável.

E então vinha a noite do Halloween, minha ópera, um palco onde eu podia dançar com meus
demônios interiores sem medo de julgamentos. Entre risos sinistros e olhares ocultos, eu
encontrava uma comunhão com outros espíritos obscuros, todos nós dançando nas fronteiras
tênues entre o real e o imaginário. Era como se a noite fosse uma extensão dos meus
próprios desejos sombrios, um teatro onde eu era o protagonista e o enredo era um reflexo
distorcido da minha própria existência.

Me vesti como uma abóbora de Halloween, daquelas com velas dentro. O tecido áspero
roçava minha pele enquanto a cabeça esculpida repousava no meu pescoço. A laranja
vibrante da abóbora contrastava com a escuridão crescente da noite, e as luzes laranjas que
piscavam dentro dela adicionavam à minha presença. Era a fantasia perfeita para alguém
que sempre se sentiu confortável nas sombras.

No entanto, aqueles dois, limitadores como sempre, não me deixaram sair de perto deles.
"Você não pode andar sozinho, é perigoso", diziam eles com aquela voz autoritária que eu
aprendi a odiar. Eu, é claro, recusei-me a ficar nas amarras deles. Quem eles pensavam que
eram, impedindo a pequena abóbora de explorar a noite?

Como a criança desobediente que fui, escapei das garras daqueles dois, e saí para pedir
doces na vizinhança. A noite estava viva com risadas distantes, sombras dançando nas
paredes e o aroma adocicado que pairava no ar. Crianças trajadas como monstros, princesas
e super-heróis percorriam as calçadas, sacolas ansiosas por guloseimas.

Minha abóbora esculpida provocou olhares curiosos e algumas risadas das casas que visitei.
Batia à porta com entusiasmo, esperando que meus vizinhos apreciassem a genialidade da
minha fantasia. "Travessuras ou gostosuras?" perguntavam, e eu, com um sorriso travesso,
sempre escolhia as travessuras, mesmo que sempre me dessem os doces.

65
Em algum momento, cheguei à outra casa. Ao bater na porta daquela casa, a expectativa
pulsava em mim, misturada com a emoção do desconhecido. A madeira rangia suavemente
quando a porta se abriu, revelando um homem mascarado que poderia ter saído diretamente
de um filme de suspense dos anos 30.

Sua máscara preta cobria estrategicamente a parte da frente do rosto, mas as laterais e a nuca
permaneciam descobertas. Furos precisos permitiam que seus olhos observassem o mundo
ao seu redor, olhos que, ao contrário da escuridão da máscara, brilhavam como luas brancas
em uma noite estrelada.

A máscara apresentava um detalhe intrigante: um desenho branco que contornava o queixo,


subindo até o início do nariz, simulando a imagem de uma barba. No entanto, não era uma
barba real, mas sim um padrão liso e artificial, como se fosse esculpido de plástico branco.
O homem trajava um chapéu preto e um terno que parecia retirado diretamente da era da
grande depressão. Cada detalhe de sua vestimenta emanava uma elegância sombria, como se
ele fosse um personagem de um filme noir prestes a revelar um segredo obscuro.

No entanto, o que mais me prendeu foram seus olhos. Brancos como a Lua quando banhada
pela luz solar, aqueles olhos... me cativaram. Eles me encaravam, uma presença hipnótica
que capturou minha atenção.

O homem mascarado, com seus olhos lunares fixos em mim, começou a agir de maneira
peculiar. De seu braço direito, com um movimento lento e calculado, ele sacou uma arma
tranquilizante. O metal brilhava na penumbra, uma silhueta ameaçadora em contraste com a
elegância de sua vestimenta.

Paralisado pela surpresa e intrigado pela imprevisibilidade da situação, observei enquanto


ele manipulava a arma com uma destreza que indicava uma familiaridade incomum com
aquele objeto. O clique suave da arma sendo preparada ecoou no ar, aumentando a tensão
que já pairava ao nosso redor. No entanto, o homem mascarado não parecia ameaçador; seu
comportamento exalava uma calma estranha.

O gás tranquilizante se espalhava pelo ar, envolvendo-me como uma névoa. Uma sensação
de letargia começou a se infiltrar em meus membros, enquanto os contornos da realidade
tornavam-se mais difusos. A consciência, uma chama frágil, oscilava e ameaçava se
extinguir.

Enquanto eu lentamente perdia a batalha contra a sedação, o homem mascarado agia com
uma serenidade que contrastava com a estranheza da situação. Ele me pegou no colo com
uma facilidade surpreendente, como se o peso da inconsciência não fosse nada para ele.

66
Seus olhos brancos continuavam a me observar, como se estivessem se afeiçoando à minha
pessoa.

À medida que ele avançava para dentro da casa, carregando-me como se fosse uma parte
fundamental de algum plano misterioso, as luzes da rua dançavam em padrões distorcidos,
criando sombras que se contorciam como seres etéreos ao meu redor.

Ele me largava em uma cama de casal, dentro de um quarto antigo mas impecavelmente
limpo, senti a maciez dos lençóis sob meu corpo. O ambiente, adornado com decorações
macabras, emanava uma atmosfera que parecia ter sido retirada diretamente de um conto de
terror. Quadros e caveiras pendiam das paredes, e velas tremeluziam em candelabros,
criando sombras dançantes que pareciam sintonizar comigo.

Antes que eu pudesse absorver completamente a peculiaridade do meu entorno, uma voz se
fez presente. "Bem-vindo à nossa casa, filho", disse o homem mascarado. A frase ressoou
no ar, uma mistura de solenidade e mistério. Não foi a primeira vez que aquelas palavras
foram pronunciadas, eu já tinha ouvido "filho" de outras pessoas, mas, estranhamente, elas
atingiram algo profundo dentro de mim daquela vez.

A sensação de pertencimento, de conexão súbita e surpreendente, se infiltrou em minha


consciência. "Filho" - uma palavra carregada de significado, uma que parecia transcender o
momento presente. Antes que eu pudesse processar completamente a revelação da minha
verdadeira identidade, antes que pudesse articular qualquer pergunta ou resposta, as sombras
da inconsciência me engoliram.

Ao despertar, fui recebido por meu pai, agora olhava para mim com ternura. Seus olhos,
com a brancura lunar, refletiam um olhar paterno, repleto de afeto e carinho. Uma calma
familiar preenchia o ambiente, uma sensação de pertencimento que parecia inexplicável.

Ele rapidamente me acalmou, dissipando qualquer resquício de desconforto que a


surpreendente revelação poderia ter causado. A aceitação quase instantânea daquela nova
realidade me envolveu, como se eu estivesse despertando para algo que sempre esteve ali,
apenas esperando que eu o reconhecesse.

O susto inicial de encontrar-me em um lugar desconhecido, sob o olhar de um homem


mascarado, deu lugar a uma serenidade reconfortante. Era como se eu estivesse voltando
para casa após uma longa jornada, um reencontro que estava destinado a acontecer no
momento certo.

Percebi que aquela era a minha casa, e aquele homem, era meu pai. Sempre foi. Toda a
fachada do Halloween, as máscaras, eram apenas um prelúdio para este momento. Ele

67
estava lá, pacientemente esperando o momento em que eu estaria pronto para encontrá-lo,
aceitá-lo como parte essencial da minha pessoa.

Sob a tutela do meu pai, cuja perspectiva peculiar via vantagens onde os outros enxergavam
perigos, descobri um novo entendimento sobre a vida. Para ele, o que muitos consideravam
problemas eram, na verdade, oportunidades ocultas e experiências incríveis. Sua filosofia
desafiava as normas e abraçava o extraordinário na aparente mediocridade da existência.

Ele me conduziu pelos meandros do significado da vida, uma jornada que revelava as
muitas camadas da existência humana. Em suas palavras, ele destacava a futilidade e o
desdém que muitos atribuem à vida, encarando a realidade de frente, sem filtros. Dentro
desse entendimento, surgiu uma visão de que, apesar de todas as adversidades, a vida podia
ser moldada por nossas próprias escolhas, e era melhor nos divertirmos ao longo do
caminho.

A noção de que a vida é inerentemente sem sentido não o afastava da busca por prazer,
alegria e diversão. Pelo contrário, ele abraçava a efemeridade do momento, buscando
experiências que iam além das expectativas convencionais. Em meio à aparente
mediocridade da existência cotidiana, ele encontrou razões para sorrir, para abraçar o
absurdo e para extrair prazer das pequenas alegrias.

E, assim, nós nos divertimos. A vida, vista através da lente distorcida do meu pai, tornou-se
uma jornada e tanto. Em vez de nos perdermos na busca por um significado inalcançável,
optamos por criar o nosso, mergulhando nas experiências que muitos considerariam
excêntricas ou até mesmo perigosas.

Quando finalmente tive coragem de perguntar o nome dele, ele sorriu de maneira enigmática
antes de revelar a resposta. "Mestre dos Crimes," ele disse, uma designação que ecoou como
uma assinatura sinistra. Seu nome verdadeiro, era finalmente revelado para mim.

Com a revelação do seu nome, uma aura de fascínio e incerteza se aprofundou. Era como se
cada ação, cada ensinamento, estivesse agora envolto em uma atmosfera mais densa de
intrigas. "Mestre dos Crimes" não era apenas um título; era uma declaração de sua
habilidade e talvez até mesmo de sua filosofia de vida que eu havia começado a
acompanhar.

Os primeiros ensinamentos foram tão inusitados quanto a revelação do seu nome. Ele me
conduziu pelo delicado processo de montagem de pequenas bombas e explosivos,
habilidades que estavam muito além do âmbito das lições convencionais de paternidade.
Cada passo era guiado com precisão cirúrgica, e sua paciência em compartilhar esse
conhecimento peculiar demonstrava como ele me amava.

68
Enquanto eu aprendia, pude sentir o fascínio do proibido e a atração pelo desconhecido. Era
uma dualidade entre o reconhecimento da responsabilidade que tais conhecimentos exigiam
e a excitação da quebra das normas. As explosões eram como pequenos fogos de artifício
em nosso peculiar espetáculo de aprendizado.

À medida que o tempo avançava, meu treinamento com meu pai tomava novos contornos.
Quando me tornei mais velho, as lições foram elevadas a um nível ainda mais incrível e
complexo. Ele compartilhou comigo os segredos das artes mortais, ensinando-me a lutar
com armas brancas e de fogo. Cada movimento, cada estratégia, era minuciosamente
elaborada e executada sob a sua orientação.

Conforme eu progredia nos treinamentos, algo em mim se transformava. A habilidade de


manejar armas tornou-se uma extensão natural do meu ser, e a arte do combate se tornou
uma dança mortal onde eu era o maestro. Eu me tornei não apenas um praticante habilidoso,
mas, como ele gostava de afirmar, "o melhor assassino do mundo".

Esse título, frequentemente ostentado por muitos, tornou-se uma verdade incontestável na
minha jornada. Não era apenas uma alcunha vazia, mas uma afirmação inegável da minha
perícia no ramo. No meu mundo, muitos carregavam esse título, mas a diferença estava na
naturalidade com que eu o carregava.

Ele queria que eu cortasse todos os laços com meus pais biológicos. Foi uma escolha fácil.
O retorno à presença deles foi um momento carregado de tensão, uma reunião marcada pelo
peso do que eu havia me tornado. Ah, vocês deveriam ter visto o rosto deles.

A ideia para minha marca registrada veio enquanto eu fervorosamente encarava a feição
sem vida de minha, então falsa, mãe. Foi tão rápido e silencioso, uma orquestra muda de
prazer, uma demonstração de gratidão e amor da minha parte, retribuindo minha infância
dando a eles a felicidade que sempre visei.

Cuidadosamente, abri a cabeça de ambos com uma faca de cozinha que encontrei em um
balcão próximo. A parte mais divertida definitivamente foi quando tive que deixar as
cabeças vazias. Cortar os tendões dos cérebros, remover cuidadosamente o órgão enquanto o
sangue jorrava trazia um sorriso de orelha a orelha em meu rosto. Depois de tirar os olhos e
tudo que pudesse me incomodar, chegava a hora de imprimir minha marca naquela alegre
festa.

Com algumas velas guardadas na cozinha do casal, eu cuidadosamente sentei ao lado dos
corpos, sentados na parede, com as testas viradas de ponta-cabeça do lado. Comecei a
cuidadosamente acender as velas, derretendo-as e colando-as em meio à carne do rosto. O

69
Crânio de minha mãe foi o primeiro. Meu pai logo depois também era preenchido pela
chama ardente de meu amor e gratidão de finalmente ser ouvido pelos dois. Seus rostos
brilhavam alegremente enquanto derretiam a carne.

Naquele instante, a atmosfera linda da sala foi abruptamente rompida pela entrada do meu
pai. Seu olhar trazia uma mistura de urgência e tensão, indicando que algo crucial estava
acontecendo. A frase cortante que escapou de seus lábios trouxe consigo a notícia sombria
de que nosso tempo havia se esgotado, e a polícia nos encontrara. O desespero pintava as
linhas do seu rosto enquanto, em um grito apressado, ele ordenou: "Foge, Jack, eu vou logo
atrás de você!"

Com a urgência pulsando em minhas veias, abri a janela ao lado dos corpos, afastando-me
do cenário calmo e aconchegante que deixáramos para trás. A noite envolvia tudo em um
manto de escuridão, favorecendo a nossa fuga pelos fundos da casa. Meu pai seguia meu
rastro, mas sua estatura imponente e sua agilidade limitada tornavam a perseguição
desafiadora enquanto atravessamos os jardins das casas vizinhas.

Cada passo na fuga improvisada era uma dança entre as sombras e os riscos iminentes. A
escuridão parecia ser minha aliada enquanto me movia rapidamente, guiado pelo instinto de
sobrevivência. A respiração ofegante do meu pai ecoava atrás de mim, mas a distância entre
nós crescia à medida que eu explorava atalhos e aproveitava minha agilidade.

O momento decisivo surgiu quando avistei um cano de esgoto aberto. Sem hesitar,
mergulhei para dentro, escondendo-me na escuridão claustrofóbica enquanto meu pai
continuava sua fuga desesperada. O som distante de um helicóptero pairando no céu
indicava que as autoridades estavam no encalço, e uma gigante lanterna instalada na parte
inferior do veículo aéreo iluminava a área, tornando quase impossível para meu pai
encontrar abrigo nas sombras.

Com cautela, coloquei meu rosto para fora do cano do esgoto, ansioso para entender a
reviravolta na situação. Para minha surpresa, uma teia pegajosa envolvia o helicóptero, e,
balançando-se habilmente entre os prédios, o Homem-Aranha estava a caminho do meu pai.

A cena parecia saída de um universo de fantasia. A tensão no ar era palpável enquanto eu


observava o Homem-Aranha, uma figura ágil e intrépida, aproximando-se do meu pai com
uma destreza que desafiava as leis da gravidade.

A presença do Homem-Aranha assumia uma forma peculiar, distante de sua imagem


icônica. Uma roupa negra envolvia seu corpo, ostentando uma longa aranha branca e olhos
largos, conferindo-lhe uma aparência quase alienígena. A cena, que já era surreal, tornava-se
ainda mais fascinante com a chegada deste Homem-Aranha singular.

70
Assisti, imerso na escuridão do esgoto, enquanto o Homem-Aranha enfrentava meu pai em
um confronto frenético. Sua agilidade e destreza tornavam a luta uma dança extraordinária,
onde cada movimento era executado com uma perfeição atlética sobrenatural. A teia
envolvente, que havia capturado o helicóptero, indicava que o Homem-Aranha estava em
seu elemento, usando suas habilidades únicas para lidar com a situação.

A luta se desdobrava em uma sequência de movimentos rápidos e precisos. O


Homem-Aranha, com sua aparência distinta, desarmou meu pai e começou a lançá-lo de um
lado para o outro, como se estivesse manipulando uma marionete em um espetáculo. Cada
lançamento deixava meu pai mais vulnerável, enquanto o Homem-Aranha demonstrava sua
força extraordinária.

Finalmente, meu pai ficou indefeso em um campo aberto, e o Homem-Aranha caminhava


em sua direção, uma figura quase mítica contra o cenário noturno. Eu, escondido no buraco
da estação de esgoto, era um espectador silencioso daquela brutalidade, absorvendo cada
detalhe dessa reviravolta surpreendente.

A visão era angustiante, meu pai, agora indefeso e debilitado, arrastava-se pelo chão,
tentando escapar da fúria do Homem-Aranha. Cada golpe desferido desenhava um quadro
de sofrimento, uma imagem cruel que contrastava com a ideia preconcebida que eu
carregava.

O Homem-Aranha, envolto em uma aura demoníaca, proferia palavras acusatórias que


ecoavam como trovões. "Acha legal matar inocentes!? Sequestrar uma criança!? Forçar ela
a matar os pais!? Qual seu próximo passo!?" Seu grito impiedoso enchia o ar, reverberando
na noite escura como um julgamento inclemente.

Entretanto, suas palavras, carregadas de condenação, não encontravam ressonância em


minha mente. Meu pai não havia cometido os crimes que o Homem-Aranha alegava. Uma
sensação de impotência crescia em mim, enquanto eu via a justiça sendo distorcida diante
dos meus olhos.

O Homem-Aranha, apesar de seu papel tradicional como defensor da justiça, parecia cego
para as complexidades do mundo real. A fúria que o impelia, sua aura diabólica, obscurecia
qualquer possibilidade de compreensão. Eu sabia a verdade sobre meu pai, sobre os eventos
que nos trouxeram a esse ponto, mas as palavras do Homem-Aranha continuavam a ecoar,
discordantes e cruéis.

O soco avassalador do Homem-Aranha ecoou como um trovão, nocauteando meu pai e


encerrando temporariamente a violência. O herói, apesar de toda a fúria, agiu com uma

71
determinação firme ao agarrar meu pai pelas costas, preparando-se para levá-lo em direção à
delegacia.

Enquanto a distância aumentava entre nós, meu pai lançou-me um último olhar. Seus olhos
brancos, marcados pela dor e pelo entendimento, encontraram os meus. Nesse momento, o
mundo ao nosso redor pareceu desacelerar, transformando-se em um quadro preto e branco.
O som desapareceu, e a única coisa que persistia era o olhar de meu pai.

Seus lábios se moveram suavemente, murmurando palavras gentis com a voz enfraquecida.
"Feliz Halloween." A mensagem, mesmo em meio ao caos, era uma despedida. A última
vez que Jack o viu. A partir daquele ponto, esse nome não era ideal para mim. Pensei nas
palavras de meu pai naquele último momento, e adotei o nome, Halloween.

A vida parecia ter reservado mais tragédias, meses depois dos eventos tumultuados que
marcaram aquela noite. Na balsa, o caos se desdobrou quando os presos, já imersos em sua
própria solidão, se revoltaram. O ambiente hostil, onde as pessoas eram movidas por suas
próprias motivações, não conseguia tolerar o amor incomum que meu pai nutria por mim.

A tragédia atingiu um ápice quando, durante uma briga no pátio, um dos presos, movido
pelo asco em relação à nossa parceria, decidiu pôr fim à vida do meu pai. O nome ecoou
como um raio quando li a notícia. Otto Octavius."

Na escuridão que reinava na sala, uma metamorfose extraordinária acontecia. Uma chama,
como se surgisse do nada, ganhava vida e contornava-se em uma forma inusitada. A luz
dançante, ora bruxuleante, ora vibrante. Essa chama espectral assumia a forma de uma
abóbora, e com ela, um corpo parecia emergir da penumbra. A luz moldava olhos e uma
boca, dando à figura flamejante uma feição que mesclava o calor do fogo com a
expressividade peculiar de uma abóbora esculpida. Os olhos e boca da abóbora flamejante
pareciam ganhar vida própria, emitindo uma luz quente e pulsante que preenchia a sala antes
envolta em sombras. A atmosfera tornava-se mágica, e a figura ardente emanava uma
presença enigmática.

Palavras ressoavam na penumbra da sala, carregadas de determinação. "Primeiro, vou caçar


o homem que arrancou meu pai deste mundo", ele proclamou, a voz rouca ecoando na
atmosfera tensa. Sua expressão era uma mescla de ressentimento e fúria, como se cada
sílaba proferida fosse um juramento selado pelo destino.

A promessa de vingança era clara. "Em seguida, vou desmantelar e despedaçar a vida
daquele que, de fato, o tirou de mim em primeiro lugar." As palavras eram carregadas de
uma amargura profunda, indicando uma jornada que ia além do simples desejo de punir o

72
responsável pela morte de seu pai. Havia uma sede de destruição que ultrapassava os limites
da justiça convencional.

A voz rouca, embora cheia de dor, transmitia uma determinação inabalável. "Otto Octavius
pode ser o alvo inicial. Mas não é só uma vingança pessoal, ele é apenas o prelúdio da dor
que eu meticulosamente planejei para você passar, Peter Parker."

73
VII - O MYSTÉRIO DA VEZ

Peter, enquanto balançava entre os prédios de Nova York com Mayday e Miles, lembrou-se
das responsabilidades cotidianas que ambos tinham, incluindo o retorno às aulas. Com um

74
tom leve, ele sugeriu: "Ei, pessoal, acho que já é hora de começarem a se preparar para o
retorno às aulas. Se não quiserem se atrasar, claro."

Mayday, sorrindo, concordou: "Você está certo, pai. Não podemos acabar o semestre
perdendo aula."

Miles, coçando a cabeça, adicionou com um sorriso: "É, eu preciso aparecer nas aulas
também. A Sra. Rodriguez não vai ficar feliz se eu perder a a aula de química."

Peter riu, contente com a resposta positiva de ambos. "Então, vão nessa! Cada um para sua
casa, rápido e seguro. Nos vemos depois, pessoal."

Os três Aranhas se separaram, os dois jovens indo para suas casas, conscientes de que,
apesar das responsabilidades heróicas, a vida cotidiana ainda os aguardava.

Peter, agora sozinho e com a cidade à sua frente, dirigiu-se ao Chrysler Building. Sentindo a
brisa noturna enquanto se balançava entre os arranha-céus, ele pensava nas recentes
reviravoltas em sua vida. O resgate do Devorador de Pecados e o confronto com o
Esmaga-Aranha haviam deixado suas marcas, não apenas fisicamente, mas também em sua
mente.

À medida que se aproximava do topo do Chrysler Building, Peter refletia sobre a


complexidade dos eventos. A ameaça do Devorador de Pecados, a surpreendente
intervenção de Mayday e Miles, e a revelação da tecnologia avançada de Alistair Smythe o
deixaram intrigado. Havia algo maior acontecendo, algo que ia além do alcance de um
simples vilão.

Ao chegar ao topo, Peter se posicionou na borda, observando a cidade que nunca dormia. As
luzes brilhavam como estrelas urbanas, e o horizonte se estendia diante dele. Respirando
fundo, ele deixou a tensão do combate se dissipar. A visão panorâmica de Nova York, com
seus altos e baixos, proporcionava uma sensação de paz e perspectiva.

Enquanto patrulhava silenciosamente, os pensamentos de Peter se voltavam para o futuro.


Quem o Devorador de Pecados estava buscando? Quem estava por trás de todo esse
esquema? O Chrysler Building, com sua arquitetura imponente, era testemunha silenciosa
dos devaneios do Homem-Aranha.

Peter sentiu a vibração familiar de seu celular, indicando uma chamada entrante. Ao pegar o
aparelho e olhar para a tela, viu o nome "Yuriko Watanabe" piscando. Ele atendeu o celular,
seu olhar focalizando na tela que indicava a chamada de Yuri.

75
"Peter, temos um problema. Um corpo foi encontrado no Thirstys Sports Bar, aqui em Nova
Jersey. A vítima parece ter relação com Quentin Beck."

A notícia atingiu Peter como um choque elétrico, sua expressão séria refletindo a gravidade
da situação. "O que aconteceu, Yuri?"

Yuri, com uma seriedade palpável em sua voz, detalhou os fatos conhecidos até o momento,
mencionando a possível conexão com Mystério. "A vítima é um ex-colega de Quentin Beck,
e os primeiros indícios sugerem que isso pode ter relação com o Mystério."

A expressão da máscara do Aranha ficou ainda mais séria, uma mistura de preocupação e
determinação visível em seus olhos. "Logo agora... eu tô investigando outro caso, Yuri, não
tem mais ninguém para ajudar? Ir pra Jersey seria complicado. Alguma pista sobre o que
aconteceu?

Yuri compartilhou as informações que tinham até aquele momento, enquanto Peter, agora
balançando pela cidade, pensava nas possíveis ramificações desses eventos."Ainda é muito
cedo para dizer. A polícia está no local, mas estamos perdendo peças-chave aqui."

Ela continua: "Peter, preciso te avisar que meus colegas estão envolvidos no caso. Eles
acham que alguém que já conhecia o Mystério pode ser útil aqui." A voz de Yuri transmitia
certa tensão, refletindo a complexidade da situação.

Peter respondia intrigado: "Ben e Kaine? Nem mesmo eles conseguiram algo?"

Watanabe prosseguia preocupada "Eles acreditam que sua experiência anterior com o Beck
pode nos fornecer insights valiosos. A situação tá se tornando cada vez mais nebulosa, e eles
pensam que você pode ser a chave para desvendar isso. Ben disse que a cena do crime vai
soar familiar pra você, preciso do Homem-Aranha no caso Peter, pessoas estão morrendo."

O Aranha, enquanto se balançava pela cidade em direção ao local do crime, ponderava


sobre as implicações dessa reviravolta inesperada. Ele respondia, determinado:"Entendi,
Yuri. Ninguém mais morre hoje. Estou a caminho. Vamos descobrir o que está acontecendo.
Mantenha-me informado sobre qualquer novidade."

Peter, enquanto se balançava pela cidade sob o manto da manhã, discou o número de Eddie
Brock. O zumbido suave indicou que a ligação estava sendo completada, e a voz de Eddie
ecoou pelo celular.

Eddie atendia intrigado "Alô, Parker. O que tá pegando?"

76
Peter explicou brevemente a situação, informando a Eddie sobre o corpo encontrado em
Nova Jersey. Ele prosseguiu "Isso pode ter alguma ligação com o Mystério, e Yuri acha que
minha experiência pode ser útil. Vou dar uma olhada e ajudar no que puder. Apenas queria
te avisar que posso ficar fora por uns dias."

Eddie, compreensivo, respondeu com calma. "Entendi, Peter. Fique à vontade para fazer o
que for necessário. Mantenha-me informado sobre qualquer novidade. Boa sorte por aí."

Peter agradeceu a compreensão de Eddie antes de desligar e continuar sua jornada noturna
pela cidade, pronto para enfrentar mais um desafio que se apresentava em sua vida como o
Homem-Aranha.

Enquanto se dirigia para Jersey sob as primeiras luzes do dia, Peter decidiu informar MJ
sobre a inesperada reviravolta. Ele tirou o celular mais uma vez e discou o número de Mary
Jane.

A ligação se conectou, e a voz suave de sua esposa ecoou no outro lado da linha. "Oi,
querido, alguma novidade?"

Peter explicou rapidamente a situação, desde o corpo encontrado até a possível ligação com
Quentin Beck. MJ ouvia atentamente, sua preocupação evidente mesmo através do
telefone."Um corpo foi encontrado lá em Jersey, vou dar uma olhada nisso. Parece que há
algo mais obscuro acontecendo, e a Yuri acredita que minha experiência pode ser útil. Eu
queria que soubesse que vou ficar um ou dois dias fora."

MJ, compreendendo a natureza do dever de Peter como o Homem-Aranha, respondeu com


firmeza. "Certo, amor. Faça o que precisar fazer. Se cuida, quero meu marido inteiro quando
você voltar."

Com uma promessa de se manter em contato, Peter desligou e focou em sua missão,
sentindo o dever pesar sobre seus ombros enquanto se dirigia em direção ao desconhecido
em Nova Jersey.

O céu de Jersey chegava em seu pico diurno enquanto Peter, balançando-se habilmente entre
os prédios, se aproximava da cena do crime. A brisa matinal acariciava seu rosto, e o ar
carregava uma tensão à medida que se movia em direção ao Thirstys Sports Bar.

A movimentação policial já era evidente, com luzes intermitentes de viaturas piscando no


cenário ainda meio adormecido. Peter aterrissou silenciosamente em um beco próximo ao
bar, trocando seu traje clássico pelo uniforme de Peter Parker, misturando-se entre os
transeuntes que começavam a aparecer.

77
Ao se aproximar da cena, ele avistou a Espectro, que estava coordenando a investigação. A
detetive olhou para ele com uma expressão séria, indicando que a situação não era das
melhores. "Aranha, bom você ter vindo. Parece que temos algo grande nas mãos."

Vestida com um traje de motoqueiro em tons de roxo e amarelo, Yuri apresentava uma
mistura de elegância e autoridade. Seu capacete, caracterizado por uma cor roxa marcante,
possuía detalhes em amarelo e apresentava olhos brancos na máscara, conferindo uma
aparência imponente.

A jaqueta roxa, adornada com detalhes amarelos, exibia o emblema da polícia de Nova
Jersey, destacando sua afiliação e compromisso com a aplicação da lei. Calças resistentes e
botas completavam o conjunto, fornecendo proteção e mobilidade necessárias para as
situações desafiadoras que a detetive frequentemente enfrentava.

A combinação de cores vibrantes não apenas refletia sua personalidade forte e impaciente,
mas também permitia que ela fosse facilmente identificada em meio a uma operação
policial. O traje, apesar de ter uma estética marcante, não comprometia a funcionalidade e a
praticidade necessárias para enfrentar os desafios do trabalho policial nas movimentadas
ruas de Jersey.

Peter assentiu, absorvendo a gravidade da situação. "Entendi. O que temos até agora?"

Yuri fez um gesto em direção ao bar, indicando que a cena do crime estava lá dentro.
Resumindo a investigação para o Aranha, disse "O nome da vítima é Fritz von Meyer. Era
um profissional da indústria de efeitos visuais, e segundo nossas fontes, ele trabalhou em
alguns projetos com Quentin Beck, incluindo um filme chamado "Enxame". Parece que era
alguém próximo a ele."

Peter coçou a cabeça, ponderando sobre as implicações desse novo desenvolvimento. "Olha
Yuri, o Beck tem um histórico complicado. O Ben e o Kaine tão à caminho?"

Yuri concordou e conduziu Peter para dentro do Thirstys Sports Bar, onde a investigação
estava em andamento, prometendo revelar mais detalhes no caminho. O corredor,
normalmente movimentado e agitado, agora estava mergulhado em uma quietude
perturbadora. A atmosfera pesada era intensificada pela iluminação fraca e intermitente das
luzes de néon que piscavam preguiçosamente.

Ao chegarem no salão, a cena que se desenrolava era assustadora, um testemunho grotesco


da violência. A vítima, presa de pé, estava cruelmente amarrada por cordas e silver tape,

78
dando-lhe a aparência mórbida de alguém caminhando para frente. O corpo sem vida,
totalmente imóvel, era uma representação macabra de uma pessoa em movimento.

O que antes era um ambiente nostálgico e acolhedor do Thirstys Sports Bar agora está
irreconhecível, transformado em um cenário caótico de destruição. As mesas e cadeiras,
uma vez alinhadas ordenadamente, estão agora viradas e quebradas, espalhando destroços
pelo chão. O balcão de madeira desgastada, que costumava ser o ponto focal do
estabelecimento, está parcialmente desmoronado.

As luzes amareladas penduradas no teto oscilam precariamente, muitas delas quebradas,


lançando sombras irregulares sobre os destroços. O cheiro de fumaça e poeira substitui a
atmosfera anterior de cigarro e risadas.

Os televisores, antes exibindo jogos esportivos, agora estão danificados e desligados,


adicionando uma atmosfera ainda mais sombria ao lugar. A Música ambiente, fora
substituída por um silêncio desconcertante, interrompido apenas pelos estalos ocasionais de
detritos sendo movidos.

No bar, garrafas quebradas e líquidos derramados criam uma mistura desordenada no que
costumava ser uma exibição organizada de bebidas. O cardápio desgastado está rasgado e
espalhado pelo chão, testemunhando a violência que se abateu sobre o estabelecimento.

A rigidez cadavérica contrastava com a tentativa sádica de imitar a vida. O silêncio do local
era quebrado apenas por suspiros pesados, enquanto Peter e Yuri absorviam a cena sombria
diante deles. O barulho distante da cidade pareceu desaparecer, deixando apenas o eco
inquietante do crime.

Próximo ao corpo, na direção de suas costas, como um insulto adicional à tragédia, uma
lixeira continha a grotesca fantasia do Homem-Aranha. Uma réplica detalhada da
indumentária do herói, desafiadoramente erguendo-se acima do lixo como uma afronta cruel
à memória da vítima. A luva e a máscara, símbolos do herói, saltavam da pilha de detritos,
adicionando uma nota bizarra e perturbadora ao cenário já macabro.

O horror da situação pairava no ar, e a investigação mal começara, revelando camadas


perturbadoras de um enigma que prometia ser mais sombrio do que Parker poderia ter
imaginado. Enquanto Yuri começava a coordenar os procedimentos no local do crime, Peter
sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao reconhecer a cena diante dele. Um momento de
espanto o atingiu, e ele pediu um momento à detetive Watanabe antes de se afastar,
buscando um canto isolado onde pudesse refletir sobre as conexões perturbadoras que
começavam a se desenrolar.

79
Ao se isolar na penumbra do bar, as lembranças do dia em que desistiu de ser o
Homem-Aranha voltaram à tona. Ele visualizou claramente o momento em que deixou seu
traje exatamente como aquele encontrado na lixeira. Naquele dia, uma escolha difícil fora
feita, e o uniforme do herói abandonado. Entregue ao destino incerto das ruas de Nova York.

Entretanto, a vida tinha seus próprios caminhos tortuosos. O traje, que um catador de rua
inadvertidamente apossou-se, acabou sendo vendido para o Clarim Diário. Mais tarde, Peter
roubou novamente a roupa para retomar o manto do Homem-Aranha, mas agora, diante
dessa cena macabra, dúvidas pairavam no ar.

O fato de uma réplica da vestimenta do Homem-Aranha estar ligada a um assassinato


indicava uma conexão sinistra entre o passado de Peter e os eventos atuais. Ele começou a
se questionar sobre o conhecimento de Quentin Beck, o Mystério, sobre a identidade e a
história do Homem-Aranha. O herói viu-se imerso em uma rede complexa de mistérios,
onde cada peça parecia conectada de maneiras inesperadas. O ambiente no Thirstys estava
tenso, com a iluminação fraca e o ar pesado de mistério.

Peter, imerso em suas reflexões sobre o passado, foi abruptamente tirado de seus
pensamentos pela voz enérgica de Yuri"Ei, Aranha, encontrei algo! Uma carta escondida no
blazer da vítima."

A expressão de Peter mudou instantaneamente, saindo do transe para focar na descoberta


recente. Ele se aproximou, curioso, enquanto Kaine e Ben chegavam ao local às pressas pelo
largo corredor neon com uma energia que denotava impaciência. "O que temos aqui? Mais
um caso para a melhor detetive de Jersey?"

Kaine chegava destacado na penumbra do ambiente, o traje é uma visão impressionante de


força e ferocidade. Vestindo um colante vermelho, a parte superior destaca-se com uma
tonalidade preta, conferindo um contraste marcante. Um emblema vermelho nas costas, em
conjunto com o preto na frente, adiciona um toque de identidade única ao uniforme. Os
olhos, distintos e intimidadores, formados por lentes tingidas de vermelho, transmitindo
uma imponência que reflete a intensidade e raiva associadas a esse clone de Peter Parker. A
combinação de cores vivas e elementos gráficos dá ao traje de Kaine uma presença
marcante e inconfundível.

Ben: complementava, de braços cruzados "E aí, pessoal."

Reilly é uma expressão única de estilo e individualidade. Vestindo um colante vermelho


escarlate, ele adiciona um toque de originalidade com um moletom azul com as mangas
rasgadas. Esse moletom destaca-se ainda mais com um emblema inclinado de aranha

80
pichada, conferindo uma aparência rebelde e distintiva ao conjunto. Os largos olhos brancos
de tecido, que expressam raiva e coragem, acrescentam uma intensidade visual ao traje.

Yuri ignorava o comentário de Kaine, seguindo seu raciocínio "Parece que o Mystério
gostava de deixar mensagens. Essa carta parece ser direcionada a você, Parker. Dê uma
olhada."

Peter pegou a carta das mãos de Yuri, seus olhos percorrendo as palavras meticulosamente
escritas. O silêncio se estabeleceu enquanto ele lia a capa do envelope, e as palavras
pareciam ecoar no ambiente tenso.

O Aracnídeo franzia a testa por debaixo da máscara "Sério que tá escrito "Para o
Homem-Aranha" na capa? Esse cara realmente queria que eu viajasse uma hora pra jogar o
jogo dele na cidade vizinha?"

Kaine bufava "Jogo ou não, precisamos encontrar o merda do Beck, já não basta Nova York,
agora o canalha resolveu nos atormentar."

Ben olhava atentamente o ambiente em busca de mais pistas, até que começou a sentir o
barulho de sirenes de longe "Parece que já estamos atrasados. Outros policiais estão
chegando. Vamos lá pra fora e você abre essa carta."

O vento soprava suavemente enquanto Peter, Yuri, Kaine e Ben deixavam para trás o
cenário do Sports Bar. A cena do crime, com o corpo grotescamente disposto para simular
movimento, permanecia fresca em suas mentes. Subindo até um terraço próximo, decidiram
analisar a pista intrigante deixada por Quentin Beck.

Yuri, centrada, disse antes de Parker abrir o envelope "Deixamos a carta com os policiais.
Eles vão analisar, mas não podemos depender apenas deles."

No terraço, a luz tênue da cidade destacava os rostos preocupados dos quatro. Peter
segurava a carta, lendo-a em voz alta "A vida é como uma caixa de chocolates. Você nunca
sabe o que vai encontrar."

O enigma pairava no ar, e por um momento, todos ficaram em silêncio, ponderando sobre o
que a mensagem poderia significar. As sirenes distantes ecoavam, lembrando-os da
realidade caótica que enfrentavam.

Kaine: "Esse bosta do Mystério sempre gostava de nos deixar pistas complicadas. Ele era
um mestre em confusão."

81
Ben comentava intrigado "A frase parece uma referência a um filme, mas não consigo
lembrar de qual."

Peter calmamente complementava "Exato. Ele não deixaria uma mensagem dessas sem um
propósito."

Reilly, com o cenho franzido, começou a estalar os dedos ritmadamente, um hábito que
indicava que seu pensamento estava em ação. Enquanto seus dedos produziam um suave
crepitar, ele murmurou consigo mesmo: "Caixa de chocolates... vida como uma caixa de
chocolates... espera aí..."

Os outros observavam atentamente enquanto Ben mergulhava em suas recordações. Então,


como se uma lâmpada se acendesse em sua mente, ele ergueu os olhos largos da máscara.

Ben gritava orgulhoso da descoberta "É isso! Forrest Gump! Lembrei agora. Mas por que
diabos o Mystério estaria citando Forrest Gump?"

Kaine respondia impaciente como de costume, mas intrigado "A gente sabe que o Mystério
curtia uns truques, mas isso é meio aleatório, não?"

Yuri prosseguia curiosa "Talvez ele estivesse brincando conosco. Beck era conhecido por
seus jogos mentais."

Peter colocava seu raciocínio e conhecimento do Mystério em prática "Ou talvez... ele
queria que prestássemos atenção em algo... Algo que ele acha importante. Caixa de
Chocolates... Yuri, você consegue buscar no registro municipal o movimento de todas as
chocolaterias e ver se algum dos clientes têm frequentado alguma empresa de efeitos
visuais?"

Espectro, com uma expressão séria e determinada, ativa a assistente pessoal virtual
"DeWolff" em sua máscara, e fazia o pedido à ela "DeWolff, estou precisando de
informações detalhadas sobre as atividades de profissionais da área de efeitos visuais nas
chocolaterias na cidade. Quero dados sobre frequência, padrões de consumo e,
principalmente, rostos frequentes."

DeWolff, friamente respondia, com sua voz sintetizada "Claro, Capitã. Vou realizar a busca
e processar os dados. Aguarde um momento."

Enquanto a IA realiza a busca, Yuri observa impacientemente. A máscara exibia uma


interface holográfica roxa, mostrando o progresso da pesquisa. Pouco depois, DeWolff
retorna com informações relevantes.

82
A máquina retornava, com exatidão "Capitã Watanabe, com base em registros de transações
financeiras e análise de câmeras de segurança, um dos frequentadores assíduos de
chocolaterias na área é Jalome Beacher, supervisor de efeitos visuais. Ele já trabalhou com
Quentin Beck no seriado televisivo "Slyde", e é notado como cliente fiel na "Matisse
Chocolatier" e costuma visitar o estabelecimento semanalmente."

Yuri franzia enquanto cruzava os braços "Jalome Beacher... interessante. Um supervisor de


efeitos visuais no meio disso? Parece que estamos prestes a desvendar um mistério bem...
peculiar. Vamos pagar uma visita a esse senhor Beacher e ver o que ele sabe sobre nosso
misterioso imitador. DeWolff, me forneça o endereço do Beacher."

DeWolff friamente concordava "Entendido, Capitã. Estou processando as informações


adicionais agora."

Peter interrompe a conversa, sua voz calma e ponderada cortando o impulso de ação de
Yuri. "Espero que você não esteja pensando em invadir a casa do cara sem um mandato.
Precisamos seguir as regras."

Yuri, reconhecendo a razão nas palavras de Peter, acena concordando.

Yuri: "Você tá certo. Vamos manter isso dentro dos limites legais. DeWolff, me forneça o
endereço da "Matisse Chocolatier". Podemos abordar a loja para descobrirmos mais."

DeWolff prontamente encontrava a localização "Endereço localizado, Capitã. A "Matisse


Chocolatier" fica na 125 Bloomfield Avenue, em Hoboken. Ela está fechada por hoje, tem
certeza que deseja ir até lá?"

Yuri: "Isso é estranho, mas sim, talvez encontremos algo. Bom trabalho DeWolff."

Os quatro se direcionavam ao local do crime após saltar do terraço do bar. Chegando ao


local, eles se preparam para a próxima etapa da investigação. A atmosfera na chocolateria é
densa, carregada com um silêncio sinistro que parece reverberar entre os destroços.
Escombros de móveis quebrados e prateleiras danificadas criam um labirinto de caos,
dificultando a passagem. A iluminação intermitente joga sombras inquietantes nas paredes,
enquanto o som sutil de gotejamento ecoa pelos corredores.

As luzes falhas parecem criar padrões sombrios no chão, intensificando a sensação de


mistério e perigo. Pedacinhos de chocolate estão espalhados pelo chão, misturando-se com
os destroços, criando uma visão surreal e desoladora.

83
O grupo avança com cautela, observando cada canto como se estivessem prestes a descobrir
algo terrível. O odor doce do chocolate, agora misturado com o cheiro de poeira e
destruição, cria uma combinação estranha e desagradável.

Yuri cortava o silêncio "Que penumbra, o que aconteceu com esse lugar?"

Ninguém a respondeu, mas a medida que eles avançam, podem ouvir rangidos, criando uma
atmosfera ainda mais apreensiva. O grupo permanece alerta, prontos para enfrentar qualquer
surpresa que a chocolateria possa reservar.

No fundo da loja, a única fonte de iluminação era uma luz artificial semelhante às usadas em
sets de filmagem, lançando uma claridade que, ao invés de dissipar a escuridão, a tornava
ainda mais opressiva. O ambiente estava mergulhado em um breu total, a única exceção
sendo a cena horripilante que se desenrolava sob a luz frouxa.

No centro desse teatro macabro, um homem vestido de preto com uma camisa de caveira
estava suspenso em pé, como uma marionete grotesca. Cordas e fita aderiam ao seu corpo
imóvel, conferindo uma sensação de marionetismo mórbido à sua morte.

Nos braços inertes do homem vestido de preto, uma figura misteriosa, envolta em látex
vermelho com detalhes dourados que serpenteavam pela roupa Uma grande aranha dourada
destacava-se no peito da figura, uma marca sinistra e ostensiva remanescente do que
aparentava o traje da Aranha de Ferro. Os rostos das marionetes macabras estavam
escondidos por panos, um pano preto para o homem vestido de preto e um pano vermelho
para a figura envolta em látex, ocultando qualquer expressão ou identidade.

O ambiente estava envolto em um silêncio opressivo, interrompido apenas pelo soluçar


nervoso de Peter Parker, que desmoronou no chão. Seu corpo tremia com a intensidade do
nervosismo, como se cada fibra de sua existência estivesse vibrando em sintonia com as
memórias perturbadoras que afloravam.

Os músculos de Parker pareciam implorar por uma libertação que só poderia vir por meio de
gritos desesperados. Seus olhos, normalmente repletos de determinação, agora refletiam
uma vulnerabilidade profunda, como se estivesse revivendo uma tragédia que havia
marcado sua alma.

Com a voz trêmula e falha, ele começou a compartilhar uma lembrança que se revelava
como uma ferida ainda aberta em seu coração atormentado. "Eu também lembro dessa
cena...", murmurou Parker, suas palavras ressoando no espaço carregado. "Teve uma vez em
que a S.H.I.E.L.D. enviou quatorze vilões para me matar... eu quase nem saí vivo. Como o
Beck sequer sabe de tudo isso?"

84
A fragilidade de sua voz e a expressão de profundo desconforto tornavam evidente que
aquela lembrança específica estava enterrada nas profundezas de suas experiências mais
sombrias como o Homem-Aranha. Cada palavra pronunciada era um eco da brutalidade que
ele enfrentara, uma cicatriz que marcava não apenas sua pele, mas também sua alma.

Kaine, perdendo a paciência com os mistérios que envolviam aquelas figuras mascaradas,
agiu de forma decidida. Com mãos ágeis, ele removeu o pano que ocultava os rostos de
Jalome Beacher e agora, Jackson Weele. A revelação trouxe consigo uma carga de suspense
e ansiedade, mas o verdadeiro choque veio quando um pedaço de fita adesiva prendendo
uma carta à testa de Weele foi exposto.

O rosto de Jackson estava pálido, e a carta na testa adicionava um toque surreal à cena. A
mensagem, escrita em letras marcadas, dizia "Para o Homem-Aranha", Yuri toma a carta do
Aranha Escarlate e a entrega cuidadosamente no ombro de Parker, parecendo um gesto
teatral meticulosamente planejado.

A tensão no ar aumentou ainda mais, criando um ambiente carregado de incerteza e intriga.


O silêncio que se seguiu à revelação parecia ecoar a expectativa de uma trama complexa que
se desdobraria diante dos olhos de Peter Parker e seus companheiros.

Peter segurava a carta com mãos trêmulas, ainda se recuperando da revelação. Ao abri-la,
seus olhos percorreram as palavras escritas com uma intensidade crescente. "A melhor
maneira de esquecer uma mulher é transformá-la em literatura." Uma frase carregada de
significado, como se o autor estivesse sugerindo que aquelas cenas de crime não eram
apenas assassinatos, mas performances destinadas a imortalizar algo ou alguém.

Ben, o conhecedor de filmes de romance, rapidamente fez a conexão. "500 Dias com Ela",
ele murmurou, reconhecendo a citação. O ambiente ganhou uma atmosfera peculiar, onde o
grotesco dos crimes parecia entrelaçado com uma estranha expressão artística.

A tensão se dissipou momentaneamente à medida que o grupo começava a perceber a


profundidade dos jogos mentais do Mystério. A associação com o filme adicionou um toque
de ironia ao horror da situação, e a expressão no rosto de Peter indicava uma mistura de
compreensão e perplexidade.

A mente afiada de Kaine rapidamente ligou os pontos ao perceber a conexão entre as


citações literárias e os locais dos crimes. Com a conclusão de que a próxima vítima poderia
estar na livraria estadual de Nova Jersey, a urgência tomou conta do grupo. Todos se
prepararam para deixar a loja de chocolates, deixando para trás a cena perturbadora e
seguindo para o próximo possível alvo.

85
Enquanto atravessavam a cidade em direção à livraria, a atmosfera pesada parecia suavizar
momentaneamente com a tentativa de Peter de trazer um pouco de leveza à situação. Ele
decidiu desviar a conversa dos recentes eventos, buscando um momento de descontração ao
abordar Ben e Kaine sobre a convivência no apartamento.

A rua movimentada contrastava com a tensão que pairava sobre o grupo. Peter, com um
sorriso fraco, dirigiu-se aos dois companheiros, tentando, mesmo que por um breve
momento, afastar-se dos pensamentos sombrios que assombravam sua mente. "E aí, como
anda a vida de vocês no apartamento? Já aprenderam a dividir?" perguntou Peter, esperando
arrancar um sorriso dos colegas.

Ben, herdando o criativo humor de Peter, não perdeu tempo e respondeu com seu típico bom
humor: "Já não basta dividir esse rosto lindo com você, agora tenho que dividir o apê com
ele." A resposta provocou risadas, proporcionando um alívio temporário à tensão que os
envolvia.

A provocação de Ben, acompanhada por sua resposta afiada, estava prestes a ser seguida por
uma retaliação cômica de Kaine. No entanto, o Aranha Escarlate estava tão envolvido na
tentativa de manter a compostura que não percebeu um prédio se aproximando rapidamente.
Ele, fervendo de raiva e vontade de retrucar, dizia "Pois é Ben, mas você não reclama no
banho quando eu junto o seu sabon-" a frase era cortada por uma colisão inesperada,
fazendo com que Kaine acertasse em cheio a lateral do edifício.

A cena inusitada não passou despercebida pelo grupo, e as gargalhadas ecoaram pelo ar
enquanto Kaine se recompunha da colisão. Em meio às risadas, Kaine, misturando uma
expressão de irritação com humor, gritou de forma cômica: "Ótimo, além do psicopata
assassino agora até os prédios estão contra mim. Isso só melhora, realmente."

A situação proporcionou um breve momento de descontração, permitindo que todos se


distanciassem, ainda que momentaneamente, dos desafios que aguardavam na investigação.
Mesmo diante das adversidades, o grupo encontrou um respiro cômico que, de certa forma,
aliviou as tensões do momento.

Ao chegarem no local, os quatro notaram que a livraria, outrora um refúgio para os amantes
da leitura, agora exibia uma aparência desolada e desordenada. As portas de vidro, que
normalmente convidavam os clientes a entrar, estavam estilhaçadas, criando uma entrada
desolada para o caos dentro.

Ao adentrar o estabelecimento, a atmosfera de conhecimento e cultura que um dia


preencheu o local deu lugar a um cenário destruído. Prateleiras estavam tombadas, livros

86
espalhados pelo chão como folhas caídas em um outono de literatura abandonada. As
luminárias, que antes lançavam uma luz suave sobre os corredores repletos de obras, agora
pendiam precariamente, criando sombras distorcidas que contribuíam para a sensação de
abandono.

Mesas e cadeiras estavam viradas, algumas quebradas, evidenciando uma saída apressada. A
poeira pairava no ar, sugerindo que o silêncio substituíra o burburinho constante de leitores
ávidos. Entre os destroços, uma trilha de destruição parecia apontar para algum evento
significativo que forçara o abandono do lugar. O ar estava impregnado com a sensação de
perda, como se as palavras e histórias contidas nos livros também tivessem sido vítimas da
violência.

No centro da livraria, um cenário grotesco e macabro se desenhava, como se as páginas de


um pesadelo ganhassem vida nas prateleiras derrubadas. Um círculo caótico de estantes
tombadas destacava a trágica representação de duas figuras novamente suspensas por
cordas, como marionetes sinistras em um espetáculo grotesco.

À esquerda, um homem vestido em uma macabra imitação do simbionte Venom, com a


simulação viscosa e negra cobrindo seu corpo, reproduzia a posição de um lutador feroz,
seus punhos cerrados em um gesto de agressividade congelado pela morte. A máscara, com
dentes afiados e olhos selvagens, acrescentava uma camada adicional de horror à figura.

À direita, uma mulher, seu rosto oculto por uma réplica da máscara do Homem-Aranha,
pendia de forma inerte, como se tivesse aceitado seu destino sob as mãos cruéis de um
executor desconhecido. A máscara, que Peter reconheceu instantaneamente como a usada
por seu primeiro encontro com o Venom, adicionava um toque aterrorizante e pessoal à
cena.

No epicentro do confronto construído para atormentar, uma outra carta revelava-se,


posicionada estrategicamente entre as figuras grotescamente penduradas. A Espectro,
retirava as máscaras das vítimas, revelando os rostos de Vincent Stegron e Lorina Dosdon.

O ambiente carregado de dramaticidade parecia mais vívido à medida que as máscaras


tombavam, liberando os semblantes pálidos e serenos das vítimas. A inteligência do
capacete de Watanabe logo revelare que Vincent Stegron era um artista de efeitos visuais, e
Lorina Dosdon, uma figurinista, eram figuras que haviam compartilhado suas habilidades e
criatividade com Quentin Beck nos filmes "Stegron" e "White Rabbit".

A luz difusa e instável na livraria abandonada contribuía para criar uma aura sombria
enquanto as identidades reveladas ecoavam pelas prateleiras derrubadas e livros esquecidos.
Peter rasgou a carta impacientemente, mal dando atenção à sua elaboração, e leu em voz alta

87
para a equipe: "Ao infinito... E além!" - uma referência direta a Toy Story. A paciência de
Parker estava esgotada, e ele gritou: "A próxima vítima deve estar no Museu Planetário!",
saindo abruptamente da cena do crime e levando os outros consigo.

Parker, impulsionado pela urgência e pela frustração, cortava os céus como um raio em
direção ao planetário. Seu traje se fundia com a escuridão do momento, destacando apenas a
teia brilhante que deixava em seu rastro. Cada movimento era um facho de determinação,
uma corrida desenfreada contra o tempo que escapava pelas frestas de sua paciência.

Os outros membros da equipe, mesmo com suas habilidades, mal conseguiam acompanhar a
velocidade frenética do Homem-Aranha. Para eles, era como tentar seguir o rastro de um
cometa. Suas figuras se distanciavam cada vez mais, perdendo-se na esteira veloz deixada
por Parker em sua busca desesperada.

A cidade, normalmente agitada, assistia a esse espetáculo noturno, inconsciente da ameaça


que pairava sobre ela. Era uma corrida contra o tempo, uma batalha que se desdobrava nos
céus e ruas de Jersey. Cada prédio, cada luz, cada sombra testemunhava a intensidade desse
confronto silencioso.

A tensão crescia, refletindo não apenas a agonia de Peter, mas a própria gravidade da
ameaça que se desenrolava. O dia tornava-se palco de uma corrida contra um destino
incerto, enquanto o Homem-Aranha, impulsionado pela angústia, se lançava na escuridão da
entrada do edifício.

O Planetário de Nova Jersey normalmente um lugar que inspirava maravilha e fascínio,


tornou-se o palco sombrio de uma tragédia que reverberou através do tempo. O
Homem-Aranha, coração pulsante da cidade, aterrissou com uma intensidade que
contrastava com a quietude do local.

No centro do museu, uma área aberta, os corpos estavam dispostos em uma composição
macabra. A luz fraca destacava a mulher e o homem, suas figuras pálidas contrastando com
as sombras ao redor. Cordas e fitas, que se tornaram sinônimos de morte e desespero, eram
testemunhas silenciosas do ato atroz que se desenrolara ali.

O homem, de joelhos, vestia uma máscara do Homem-Aranha, um cruel espelho do passado


de Peter Parker. Seu braço estava virado para cima, como se um gesto de desafio, enquanto
segurava a nuca da mulher. Ela, vestida com uma saia azul e um longo sobretudo verde,
tinha cabelos dourados que caíam em um cenário que ecoava a tragédia daquela fatídica
noite com Gwen Stacy.

88
A cena era uma reconstrução cruel e dolorosa, uma reminiscência vívida do momento em
que o amor de Peter foi arrancado dele de maneira tão abrupta. As emoções, uma mistura
turbulenta de tristeza e raiva, fluíam pelo rosto do Homem-Aranha. As lágrimas, queimando
como gotas de desespero, escapavam-lhe sem aviso.

O silêncio do museu, normalmente preenchido por murmúrios admirados, estava agora


impregnado com a dor ressoante da memória. O Homem-Aranha, conhecido por sua
resiliência, encontrava-se agora quebrado, confrontando uma ferida que o tempo não curara.
Ele estava face a face com um espectro de seu passado, um pesadelo tornado realidade nas
profundezas do Planetário.

Com mãos trêmulas, o Homem-Aranha, enfraquecido pela visão cruel diante dele,
recompôs-se o suficiente para tomar uma ação. Ele moveu-se em direção ao homem
ajoelhado, removendo cuidadosamente a máscara que ocultava seu rosto. O gesto, muitas
vezes um ato rotineiro, tornou-se uma montanha-russa emocional para Parker, que estava
prestes a enfrentar um passado que o perseguira implacavelmente.

Ao remover a máscara, o rosto do homem revelou-se, e Peter, apesar de toda sua experiência
como herói, não pôde deixar de sentir o aperto no peito. A figura inerte, agora desprovida de
sua máscara simbólica, parecia um reflexo de si mesmo, dadas as circunstâncias. Uma carta
estava grudada na testa do homem, um recado cruel que ecoava mistério e provocação.

A frase inscrita na carta parecia ser uma charada, um enigma que pedia para ser decifrado.
"O seu passado lhe aguarda no quadrado formado por vício, doçura, conhecimento e
curiosidade." O Aranha, apesar de seu cansaço físico e emocional, sabia que essa pista
poderia levá-lo a respostas cruciais sobre o caso.

Peter, de joelhos ao lado das vítimas, viu seus companheiros chegarem ao local. A
expressão de tristeza e exaustão em seu rosto era evidente. Yuri, Ben e Kaine observavam a
cena com uma mistura de preocupação e curiosidade.

Peter, erguendo o olhar para seus colegas, tomou um momento para respirar fundo antes de
compartilhar as descobertas angustiantes. Sua voz carregava o peso das memórias e das
emoções recentes."Encontrei pistas, mas são como sombras do passado. O Beck tá
brincando comigo, trazendo à tona momentos que preferiria esquecer. Essas vítimas... elas
têm uma ligação direta com ele, e cada cena remonta um momento da minha vida. Não
tenho mais pistas, eu não entendi a última carta, eu não sei o que fazer."

Os quatro parceiros reuniram-se em uma discussão intensa, tentando decifrar os enigmas


deixados. A frase "O seu passado lhe aguarda no quadrado formado por vício, doçura,
conhecimento e curiosidade" era o quebra-cabeça que precisava-se de resolução.

89
Enquanto trocavam ideias e conjecturas, uma luz brilhante encheu a sala quando Yuri
relacionou "Doçura... chocolates são doces, não?"

Peter começa a entender o raciocínio, e desvenda a mensagem "Vício, Bar. Doçura,


chocolateria. Conhecimento, livraria. Curiosidade, planetário... acham que faz sentido?"

A Capitã Watanabe sem considerar responder a pergunta de Parker, rápidamente ativou um


mapa holográfico. Diante deles, apareceu um holograma tridimensional da cidade, detalhado
e repleto de informações. Yuri começou a marcar os quatro locais mencionados na frase no
mapa, enquanto recitava "Quadrado formado por vício, doçura, conhecimento e
curiosidade..."

À medida que as marcações surgiam no mapa, tornou-se evidente que elas formavam um
quadrado perfeito. O brilho roxo do holograma destacava as conexões entre os pontos,
revelando uma configuração geométrica clara e inquietante. O grupo ficou em silêncio por
um momento, absorvendo a revelação de que os locais dos crimes formavam uma figura
precisa e simétrica. O Centro, era o Teatro Estadual de Nova Jersey, bem temático para um
cinéfilo como o Beck.

Yuri olhou para os outros com uma expressão séria, "É uma armadilha", disse ela, "ele está
nos guiando, manipulando nossos movimentos. Se seguirmos esse padrão, podemos nos
encontrar exatamente onde ele quer."

Kaine e Ben trocaram olhares preocupados. Peter cortava o silêncio dos dois: "Eu vou atrás
dele, entreguem o que encontramos para a polícia, passem os locais e tudo que sabemos.
Vocês me encontram lá assim que der."

Ben revoltado com a decisão de Peter, responde "Te conheço o suficiente pra saber que você
sabe que é uma armadilha, mas, eu vou com você Peter, é bom ter alguém na retaguarda."
Ele sinalizava para que Yuri e Kaine cuidassem de entregar as descobertas e endereços para
as autoridades.

O Homem-Aranha, com pesar, concorda, terminando a conversa "Se ele estiver lá, é o que
importa. Pegando ele, eu posso o interrogar pra ver se ele sabe mais do que eu penso, se ele
souber o suficiente pra ter descoberto quem eu sou, a coisa mudou de figura."

Reilly e Parker saem da cena do crime, deixando o resto aos cuidados da Capitã Watanabe e
do Aranha Escarlate.

90
91
VIII - CADA VEZ MAIS
MYSTERIOSO

O sol iluminava o céu, pintando-o com uma paleta de tons suaves e dourados. Jersey
ganhava vida com a luz do dia, contrastando com a tensão que pairava sobre a cidade. O
Homem-Aranha, contra o cenário diurno, continuava sua jornada pelos céus.

Os edifícios, banhados pela luz matinal, destacavam suas formas arquitetônicas, e as pessoas
começavam a movimentar-se nas ruas, alheias à batalha que se desenrolava nas alturas. O
Homem-Aranha rasgava arranha-céus com agilidade, seu traje vermelho e azul reluzindo
sob os raios do sol nascente.

Ben Reilly, seguia o rastro do Aranha. A atmosfera de urgência persistia. A brisa da manhã
balançava os edifícios, enquanto Parker voava pelos céus, acompanhado de perto por Ben.

92
O sol, agora mais alto no horizonte, projetava longas sombras pelas ruas de Jersey. A tensão
era evidente na conversa entre os dois Aranhas.

"Hey, Pete! O que vamos fazer quando chegar lá?" exclamou Ben, com sua voz ecoando
pelos prédios.

Peter, com a expressão determinada e os olhos focados, respondeu com firmeza: "Acabar
com a raça dele!"

A troca rápida de palavras refletia a seriedade da situação. As emoções à flor da pele,


misturadas à atmosfera do dia, criavam uma cena intensa e carregada de expectativas. A
cidade abaixo testemunhava a determinação dos dois heróis, prontos para enfrentar o
próximo desafio e desvendar os mistérios que pairavam sobre eles.

À medida que o Homem-Aranha e o Aranha Escarlate se aproximavam do local marcado,


uma tempestade de emoções fervia sob a pele de Peter. Seus movimentos pelo céu de Jersey
eram impulsionados por uma fúria contida, uma mistura ardente de desespero, dor e uma
sede avassaladora de justiça. A máscara que ele usava, normalmente um símbolo de
heroísmo, agora era um reflexo de sua determinação endurecida pela tortura psicológica.

Cada batida do coração de Peter ressoava com as imagens das vítimas de Quentin. Ele podia
sentir seu senso de justiça como uma faca cravada em seu peito, a manipulação psicológica
que infligia feridas mais profundas do que qualquer golpe físico. A máscara que ocultava
seu rosto não conseguia esconder a ira que flamejava em seus olhos. A licitude que
perseguia estava agora envolta em uma nuvem de vingança, uma determinação de fazer
Beck pagar por cada vida perdida e por cada tormento infligido.

Os prédios passavam rapidamente abaixo, mas a mente de Peter estava mergulhada em um


turbilhão de lembranças dolorosas. O ressoar das palavras nas cartas ecoava em seus
ouvidos, e o rosto de cada vítima parecia projetar-se nas sombras do crepúsculo. A máscara
do Homem-Aranha não conseguia esconder a intensidade do que ele sentia, um misto de
tristeza, raiva e um desejo ardente por justiça.

A linha do horizonte se desenhava à frente, indicando a proximidade do local marcado. No


coração de Peter, a chama da irritação queimava com uma intensidade cada vez maior. O
destino estava prestes a reunir herói e vilão, e as consequências dessa batalha
emocionalmente carregada estavam por se desenrolar nos próximos momentos.

O teatro, agora invadido brutalmente pela janela, testemunhava a presença incansável do


Homem-Aranha, revelando sua majestade decadente. Cadeiras de veludo rasgadas e
desbotadas formavam fileiras que se estendiam até o palco, testemunhas silenciosas de

93
tempos passados de esplendor e aplausos. A iluminação, outrora deslumbrante, agora emitia
um brilho trêmulo e fraco, lançando sombras distorcidas pelas paredes desgastadas.

O palco, uma vez o centro das atenções e performances brilhantes, agora estava coberto por
uma fina camada de poeira e desolação. Os restos de cenários antigos, agora desprovidos de
vida e cor, permaneciam como testemunhas silentes do tempo implacável que havia
transformado o local em um esqueleto da sua antiga glória.

A atmosfera no teatro era pesada, impregnada com o eco de risos e aplausos que haviam
preenchido seus corredores em noites passadas. Agora, os sons eram diferentes, dominados
pelo passo apressado e decidido do Homem-Aranha, ecoando por entre as cadeiras vazias.
Cada passo de Peter Parker ressoava como um tambor, uma batida constante de
determinação que reverberava nas paredes envelhecidas.

O cenário era de contrastes, uma dualidade entre a grandiosidade que um dia foi e a
decadência que se instalou. A teia lançada por Peter em seu movimento rápido entre as
fileiras de cadeiras se destacava como um lembrete de que, mesmo na decadência, a
esperança e a justiça ainda podiam encontrar um caminho.

Enquanto o Homem-Aranha se movia em direção ao palco, o silêncio opressivo do teatro se


dissipava sob o peso das emoções. O local, antes destinado ao entretenimento e à arte, agora
se tornava palco para o confronto entre o herói ferido e o arquiteto da sua angústia.

Uma armadilha surgia do chão, envolvendo todo o teatro como uma gigante doma, ela
desdobrou-se ao redor do Homem-Aranha com uma precisão calculada. Cada peça de metal,
cada elo da corrente, formava uma gaiola intrincada que prendia Peter Parker em seu
interior. O metal, frio e impiedoso, era como os tentáculos da adversidade que o envolviam,
mantendo-o cativo em um abraço de ferro.

Os gritos desesperados de Ben, o Aranha Escarlate, ecoavam através da prisão de metal,


criando uma trilha sonora angustiante para a situação. A separação imposta pela armadilha
tornava-se uma barreira intransponível entre os dois heróis, cada um agora enfrentando seu
próprio desafio.

Peter, enredado na doma de metal, experimentava a sensação claustrofóbica da captura.


Seus sentidos de aranha, sempre aguçados, não conseguiam superar o obstáculo metálico
que o mantinha preso. Era como se uma sombra gélida tivesse se erguido ao seu redor,
obscurecendo a luz que antes o guiava.

Do lado de fora da armadilha, Ben testemunhava a agonia do seu companheiro. O escudo


metálico separava-os como um divisor entre a liberdade e a prisão. A impotência da situação

94
pesava no ar, alimentando a determinação de Ben para superar a barreira e libertar seu
aliado. O Aranha Escarlate chamava seus companheiros pelo comunicador, torçendo para
que um deles atendesse.

Uma fumaça verde se infiltrava nos dutos de ventilação como uma serpente sinuosa,
serpenteando seu caminho em direção a Parker. Um odor penetrante e desagradável
preenchia o ar, uma ameaça invisível que se espalhava rapidamente. Peter, instintivamente,
levou a mão ao nariz, tentando bloquear o acesso do gás tóxico aos seus pulmões.

O gás, entretanto, era implacável. Apesar dos esforços de Peter para se proteger, a fumaça
venenosa encontrou seu caminho, penetrando nas defesas improvisadas do herói. O veneno
infiltrava-se em seus sentidos, deixando-o tonto e fraco.

O ambiente ao redor começava a girar, as cores se misturavam em uma dança etérea, e a


consciência de Peter vacilava como uma chama frágil. O desmaio chegou como um manto
pesado, envolvendo-o em uma escuridão profunda e sem sonhos. Seu corpo, agora
vulnerável, desmoronava, entregando-se à inconsciência induzida pela fumaça letal.

A sala, antes um campo de batalha onde a armadilha de Quentin Beck estava prestes a ser
revelada, tornou-se um palco vazio e silencioso. A figura do Homem-Aranha repousava no
chão, uma marionete inconsciente nas mãos do mestre ilusionista. O gás cumpriu seu papel,
desativando temporariamente a resistência do herói e mergulhando-o em um estado de
letargia momentânea.

Peter acordou em um mundo sombrio e enigmático, a única iluminação provinha de uma


névoa verde que flutuava ao redor, criando uma atmosfera surreal. Ele, inicialmente
confuso, tentou chamar alguém na esperança de encontrar alguma orientação.

"Alguém aí?" ecoou a voz de Peter, perdendo-se na vastidão misteriosa. No entanto, o


silêncio era a única resposta que reverberava naquele lugar estranho.

Sem alternativas, Peter começou a andar, seus passos ecoando em meio à penumbra. A
névoa densa criava uma cortina etérea, obscurecendo o que quer que estivesse à frente. A
sensação de desorientação o consumia lentamente, mas a determinação do Homem-Aranha
não vacilava.

Enquanto avançava, contornando formas indistintas na escuridão, ele se perguntava sobre a


natureza desse lugar e como havia chegado ali. Cada passo parecia uma jornada mais
profunda para o desconhecido, e a névoa verde persistente sussurrava segredos que
pairavam no ar.

95
O ambiente era um labirinto de sombras e mistério, onde o próprio tempo parecia ter uma
cadência diferente. Peter, alerta e cauteloso, continuava a explorar, em busca de respostas
que se escondiam nas dobras sombrias daquele mundo surreal.

Gritos ecoavam pela névoa verde, perturbando o silêncio que predominava. Peter, guiado
pelo instinto de ajudar, seguia em direção aos clamores de uma briga que se desenrolava à
distância. A penumbra misteriosa criava um cenário etéreo, onde a visibilidade era limitada
e as formas se distorciam na bruma verde.

Ao lançar suas teias no vazio aparentemente infinito, elas encontravam uma resistência
incomum, como se o espaço em si estivesse conspirando a favor da intervenção do
Homem-Aranha. Sua determinação persistia, e as teias encontravam pontos fixos na
escuridão, permitindo-lhe deslizar entre as sombras em direção à origem dos tumultos.

Ao se aproximar, as figuras em conflito começavam a tomar forma. Dois homens e uma


mulher estavam envolvidos em uma briga intensa, seus movimentos capturados de forma
lenta e distorcida pela névoa. As vozes eram carregadas de tensão, e as palavras trocadas
eram quase inaudíveis, dissipando-se na atmosfera enigmática.

O coração de Peter acelerou ao ver a cena diante de seus olhos: sua casa, sua tia May e seu
tio Ben em perigo. A névoa verde que envolvia tudo acrescentava uma atmosfera de
surrealismo à situação já angustiante.

O ladrão, armado, mantinha May e Ben sob sua mira, enquanto os dois tentavam resistir da
melhor forma possível. As vozes ecoavam de maneira distorcida, criando uma cacofonia de
tensão no ambiente. Peter, impulsionado pela urgência e pelo instinto de proteger aqueles
que amava, começou a voar como um trovão em direção ao assaltante.

Sua silhueta ágil cortava a névoa verde, deixando um rastro de movimento veloz. As teias
eram lançadas com precisão, buscando desarmar o ladrão e criar uma abertura para salvar
May e Ben. O confronto tomava contornos surreais, com o Homem-Aranha movendo-se em
uma dança frenética, desafiando as regras da realidade que aquele lugar peculiar impunha.

À medida que Peter se aproximava, a adrenalina pulsava em suas veias, e a névoa verde
parecia responder ao frenesi da situação. Cada movimento era uma coreografia de
velocidade e destreza, enquanto o herói aracnídeo se lançava em direção ao conflito,
determinado a proteger sua família dessa vez.

Peter, num movimento ágil e preciso, envolveu o ladrão por trás com seus braços,
desarmou-o e, por um breve instante, a cena se dissipou como névoa. No entanto, o alívio
foi efêmero, pois a realidade se transformou novamente diante de seus olhos.

96
Um som de tiro ressoou, ecoando pelos corredores de sua mente. Seus olhos piscaram com o
susto, e ao recobrar a consciência, ele estava imerso em uma nova visão. Seu tio Ben estava
no chão, vítima de um tiro, e May, em desespero, acudia ao corpo, suas lágrimas eram um
lamento profundo, uma súplica fervorosa para que o pior não fosse real.

O cenário era uma cruel repetição do passado, uma ferida que parecia nunca cicatrizar
completamente. Peter, confuso e atordoado, encarava a própria mão, onde agora segurava a
arma do bandido. A confusão entre o que era real e o que era uma ilusão aumentava, criando
uma névoa densa de desespero ao seu redor.

Em um cenário angustiante, Peter se ajoelhou ao lado do corpo inerte de Ben, seus olhos
cheios de lágrimas refletindo a dor insuportável que o envolvia. A névoa verde ao redor
parecia se espessar, criando uma atmosfera ainda mais surreal. O ar estava impregnado de
tristeza, e Peter começou a falar com voz embargada, desesperadamente tentando alcançar
qualquer faísca de resposta.

"Oi Tio Ben... eu... eu tô aqui." dizia Peter, angustiado.

Ele prosseguia, desabando em lágrimas "Você sempre foi minha âncora, meu guia. Tá vendo
como eu tô? Eu consegui. Você disse, com grandes poderes, vem grandes
responsabilidades... essas palavras me moldaram, tio, sem você eu não seria quem eu sou."

Ele segurou a mão de Ben, como se buscasse uma resposta, qualquer sinal de vida. O
coração de Peter estava em pedaços, e suas palavras fluíam como uma torrente de emoções
"Eu só queria que você pudesse me ver de novo pra me confirmar se eu tô no caminho certo.
Se eu tô fazendo o bastante..."

"Você acreditou em mim quando eu mesmo duvidava, e agora... agora, eu não posso perder
você de novo. Por favor, tio, acorda, eu preciso saber se tô honrando você." Ele finalizava,
choroso.

As palavras ecoavam no vazio, misturando-se com a névoa verde ao redor. Cada sílaba era
uma tentativa desesperada de reverter o inevitável, mas o silêncio persistia. May, distante e
alheia à presença de Peter, permanecia de pé em uma triste contemplação, enquanto a névoa
envolvia toda a cena, obscurecendo o caminho a seguir.

Ben, de repente, abria os olhos, mas o que se revelava não era a vida familiar e carinhosa
que Peter desejava. Seus olhos, antes gentis, estavam agora vazios, sem a centelha de
humanidade. A mão de Ben se apertava no braço de Peter com força, quase de maneira
intimidante.

97
Ben levantara um sorriso sádico, incomum naquele rosto "O bastante? Você nunca foi o
bastante, rapaz. Se ao menos honrasse minha memória, abriria mão de sua família, sua
esposa, sua filha. Pessoas assim tiram de você o peso da responsabilidade. Já não é poder o
bastante tê-los ao seu lado? Você quer mais reconhecimento, meu reconhecimento? Seu
parasita egoísta."

A voz de Ben era como um eco distorcido, ecoando nas paredes do nada. O ambiente ao
redor, antes silencioso, parecia agora preenchido com uma tensão sobrenatural. O rosto de
Ben, uma máscara de desdém, encarava Peter com uma expressão que ele nunca esperava
ver no rosto daquele que sempre foi seu mentor e figura paterna.

Peter, com lágrimas em seus olhos, tentava fazer as palavras saírem de sua boca em meio ao
vocal choroso "Não... isso não é você, tio Ben. Você sempre me ensinou sobre fazer o que é
certo. Me disse para ser feliz, você nunca diria essas coisas."

Ben ria sarcasticamente enquanto intensificava sua voz "Não me diga o que eu diria. Você
não sabe nada sobre mim. Eu só queria o melhor para você, e o que você fez em troca?
Continuou sua vida, construiu uma família, enquanto eu fiquei aqui, aguardando pelo dia
que você notaria que é seu dever desistir de uma vida feliz por conta do poder que carrega.
Seu destino é ser sozinho, filho, passar o resto de seus dias lutando repetidamente contra o
crime por conta do que você deve à mim, sua tia e a essa cidade."

As palavras de Ben eram afiadas como facas, cortavam profundamente a alma de Peter. A
névoa verde parecia vibrar com a intensidade da conversa, criando uma atmosfera ainda
mais surreal. O que começou como um momento de esperança, rapidamente se transformou
em um pesadelo emocional para o Homem-Aranha.

Peter, agora completamente irritado, retirava sua mão do aperto frio de Ben. Ele virava as
costas para seu mentor, recusando-se a encarar a figura distorcida que aparecera diante dele.
Com os olhos cerrados e a mandíbula tensionada, ele gritava suas palavras, inclinando a
cabeça para o lado. "Você tá errado! Existe um jeito, um jeito de encontrar o equilíbrio entre
os dois. É o que eu busco fazer, e é o que o tio Ben me diria pra fazer. Chega do Peter
Parker perder para o Homem-Aranha vencer. Eu não preciso disso para ser um herói... Você
não é o Ben Parker que eu conheço."

A tensão era nítida, como se o ambiente estivesse reagindo às palavras pronunciadas. Ben,
ainda caído, gritava por ajuda, mesmo após o intenso diálogo. A névoa verde ao redor deles
parecia mais densa, como se absorvesse a energia emocional do confronto.

98
Peter se afastava do corpo de Ben, tomando uma decisão difícil, mas necessária. Ele
mantinha sua determinação, recusando-se a ceder à versão distorcida de seu tio. Ao se
afastar, ele podia sentir o olhar vazio de Ben sobre ele, uma presença sombria no cenário
nebuloso do teatro.

Enquanto Peter se afastava, o grito de Ben ecoava atrás dele, mas ele não olhava para trás. O
peso emocional daquele encontro continuava a atormentá-lo, mas sua determinação de
encontrar uma solução equilibrada entre ser Peter Parker e o Homem-Aranha permanecia
inabalável.

À medida que os gritos angustiantes de Ben desvaneciam, um silêncio opressivo tomava


conta do ambiente. Peter, ainda cambaleando sob o peso emocional do confronto com a
ilusão de seu tio, continuou a andar por esse cenário etéreo e distorcido.

Subitamente, seus passos o conduziram até a ponta de um imponente edifício. A presença


do prédio emergia da névoa como uma estrutura sombria e imprevisível. Inicialmente, Peter
não tinha percebido a sua proximidade com o arranha-céu, mas a descoberta abrupta o fez
recuar.

Ao chegar à borda do edifício, ele se viu olhando para baixo, para um abismo de sombras
que se estendia até onde a visão podia alcançar. A imponência da altura era desconcertante,
desafiando a lógica e a razão. Peter, instintivamente, retrocedeu, sentindo a vertigem se
misturar com a turbulência emocional que ainda o assombrava.

Uma risada sinistra ecoava no vazio, penetrando os sentidos de Peter de maneira


inquietante. Era uma risada que ele conhecia muito bem, uma risada que representava uma
ameaça antiga em sua carreira de herói. O desespero tomou conta dele enquanto ele girava
freneticamente, procurando pela fonte da risada doentia.

"Duende!?" ele exclamava, sua voz carregada de ansiedade e urgência. "Cadê você,
Norman? Aparece!"

A busca frenética por respostas ecoava nas paredes invisíveis do ambiente surreal. Cada
chamado de Parker era como uma tentativa de encontrar um sentido em meio à escuridão
que o cercava. No entanto, sua busca parecia infrutífera, e a risada continuava a ressoar,
aumentando a agonia do herói.

Então, como se o destino estivesse brincando com ele, o silêncio retornou abruptamente.
Peter parou de gritar, respirando pesadamente enquanto tentava recuperar o controle sobre
suas emoções tumultuadas. Foi nesse momento de pausa que ele sentiu algo, uma presença
familiar que o chamava para perto.

99
Olhando para trás, na direção de onde a risada parecia ter se originado, Peter teve a sensação
de que não estava sozinho. Uma aura conhecida, carregada por um confronto passado, o
envolvia. Era como se o destino o conduzisse a um reencontro inevitável, despertando
sentimentos mistos de apreensão e determinação no seu coração.

À medida que Peter se aproximava, seus olhos se fixaram na figura familiar que repousava
no chão. Uma mulher loira e pálida, trajando uma saia azul e um longo sobretudo verde,
estava deitada diante dele. O coração do Homem-Aranha apertou-se instantaneamente ao
reconhecer a figura de Gwen Stacy, pela segunda vez no dia, uma lembrança dolorosa de um
passado que ele nunca conseguiu esquecer.

Correndo até ela, um misto de esperança e desespero tomou conta de Peter. Ele se ajoelhou
ao lado de Gwen, suas mãos tremendo enquanto procurava desesperadamente por qualquer
sinal de vida. O silêncio pairava no ar, interrompido apenas pelo eco distante de sua
respiração acelerada.

"Não, de novo não..." sussurrou Peter, suas palavras saindo em um tom quase inaudível.
Seus dedos pressionaram suavemente o pulso dela, em busca de qualquer batimento. O
coração do herói batia forte, enquanto ele ansiava por um milagre, por um sinal de que
Gwen ainda estava lá, mesmo que fosse em meio ao pesadelo distorcido.

O desespero crescendo em seu peito, Peter continuou a chamar o nome dela, como se sua
voz pudesse de alguma forma trazê-la de volta. Mas, apesar de todos os seus esforços, Gwen
Stacy permanecia imóvel, como se a morte a tivesse abraçado em um abraço gélido.

A sensação de impotência envolvia Peter, enquanto ele encarava a cruel realidade diante de
seus olhos. Gwen estava morta, e a presença dela nesse pesadelo só amplificava a dor
daquela perda.

O pesadelo ganhava contornos ainda mais sombrios quando Gwen, de maneira lenta e
macabra, torcia seu pescoço para encarar o Homem-Aranha. O movimento revelou a
natureza horrível de sua morte, o pescoço quebrado em uma posição grotesca. Os olhos
antes cheios de vida estavam agora arregalados e completamente brancos, refletindo apenas
a frieza da morte.

Um arrepio percorreu a espinha de Peter ao testemunhar aquela visão horrível. A voz de


Gwen, agora irreconhecível e carregada de um tom áspero e morto, sussurrou palavras que
ecoaram como um lamento na mente do Homem-Aranha: "Atrás de você..."

100
A advertência reverberou na escuridão, criando um suspense palpável. Peter, sentindo a
angústia crescer dentro dele, girou rapidamente para encarar o que estava por trás. O
desconhecido espreitava na penumbra, e a tensão pairava no ar enquanto o herói se
preparava para enfrentar mais uma provação neste cenário distorcido.

A presença do desconhecido, aliada à imagem fantasmagórica de Gwen, criou uma


atmosfera de horror que se entrelaçava com a tristeza profunda que o Homem-Aranha
sentia. O pesadelo continuava a se desdobrar, revelando camadas mais sombrias do passado
e testando os limites da coragem do herói.

A risada macabra retornara, cortando o ar enquanto o Duende Verde, montado em seu


planador, se aproximava rapidamente. Peter sentiu uma força repentina em seu peito quando
o vilão agarrava o tecido do traje do Homem-Aranha, levantando-o do chão. O plano de
fundo sombrio do pesadelo realçava a intensidade do momento.

O Duende Verde marcava sua veste com um traje verde vibrante que se destacava na
escuridão. Uma máscara grotesca cobria seu rosto, revelando apenas seus olhos amarelos
ardentes, intensificados por uma pitada de loucura. O sorriso sinistro do vilão denotava sua
natureza insana e sua touca roxa fluíam ao vento, criando uma imagem perturbadora.

A ilusão estava envolta a uma malha roxa, escura, que se ajustava perfeitamente aos
contornos de sua figura esguia. Destacando-se sobre o traje, faixas mais claras e detalhes em
um verde mais intenso adicionavam profundidade à aparência. Luvas e botas com roxas
detalhes em verde complementavam o traje, proporcionando uma estética uniforme e
ameaçadora.

Seu planador, uma criação mecânica perversa, flutuava graciosamente sob ele. Asas
finamente esculpidas estendiam-se dos lados, conferindo uma estética ameaçadora. O metal
escuro e as linhas afiadas do planador adicionavam um toque de tecnologia sombria,
enquanto as hélices giravam silenciosamente, dando a sensação de que a própria máquina
era uma extensão da loucura do Duende Verde.

O Homem-Aranha, suspenso no ar pelos caprichos do Duende Verde, encarava o rosto


malicioso do vilão. O planador pairava em silêncio, contrastando com a tensão palpável na
atmosfera. A risada do Duende ecoava, uma trilha sonora assustadora.

Yuri, Ben e Kaine tentavam perfurar a doma de metal pelo lado de fora do teatro. A tensão
pairava no ar enquanto Yuri analisava a cúpula. "Ok, pessoal, nada tá funcionando e
precisamos entrar nessa cúpula e rápido. Alguma ideia?"

101
Os olhos de Ben se estreitaram ao encarar a resistente cúpula. "Eu posso tentar forçar, mas
parece bem resistente."

Kaine observava a estrutura atentamente. "Esperem aí, pessoal. Deixe-me dar uma olhada."
Sua expressão concentrada denotava foco.

A voz eletrônica de DeWolff interrompeu o silêncio. "Analisando composição. Material


identificado como mercúrio. Sensível a mudanças de temperatura."

Um sorriso cínico apareceu no rosto do Aranha Escarlate. "Mercúrio, hein? Isso significa
que podemos mexer com isso. Se conseguirmos esquentar o metal..."

O olhar de Yuri se estreitou, pesando as possibilidades. "Teremos uma brecha. Kaine, você
consegue gerar calor suficiente?"

O sorriso de Kaine persistia, confiante. Ele trazia para fora duas presas orgânicas e afiadas
de dentro de seus pulsos. "Basta um pouco de atrito. Deixa comigo."

Ben habilmente estendeu a teia até alcançar um pedaço de telha solta do buraco. Ele a
trouxe com precisão, mantendo-a firme. Sua expressão mostrava preocupação genuína.
"Vamos garantir que funcione. Quanto mais rápido entrarmos, melhor."

Kaine, com sua perícia, raspava suas presas, gerando atrito o suficiente para o fogo,
incendiando a telha e criando uma espécie de tocha improvisada. O material inflamável logo
ardia, liberando calor intenso.

O grupo assistia com expectativa enquanto o pedaço de madeira em chamas era aplicado à
cúpula de mercúrio. O calor se intensificava, e o metal começava a ceder sob a influência do
fogo. A tensão aumentava a cada segundo, e a resistência do mercúrio diminuía
gradualmente. O plano parecia funcionar, mas a incerteza pairava no ar. O calor crescente
indicava que estavam no caminho certo.

A luta entre o Homem-Aranha e o Duende Verde prosseguia como espetáculo de agilidade e


força. Os dois adversários se moviam em uma dança caótica pelo espaço sem paredes, onde
a fumaça verde dava um ar surreal à cena. A cada movimento, o cenário se moldava,
criando formas efêmeras e geometrias distorcidas, como se um artista abstrato estivesse
pintando com pinceladas de caos.

Peter, ágil como sempre, saltava e desviava dos golpes do Duende Verde, enquanto este se
movia graciosamente em seu planador, lançando bombas de abóbora e planejando

102
estratégias para pegar o herói desprevenido. Ambos demonstravam uma habilidade
extraordinária, cada movimento uma resposta calculada ao ataque do outro.

A fumaça verde envolvia a luta, criando uma atmosfera de mistério e perigo iminente. Os
brilhos das explosões e os contornos dos personagens destacavam-se contra o fundo etéreo,
proporcionando uma visão surreal do confronto.

Cada golpe, desvio e acrobacia adicionava uma nova camada à pintura em constante
mudança. O espaço fluido permitia que os combatentes explorassem todas as dimensões,
transformando a luta em uma coreografia aérea de destreza sobre-humana. A batalha parecia
transcendental, como se estivessem dançando no limite entre a vida e a morte.

O Duende, com um sorriso sinistro e sarcástico, lançava suas palavras como flechas
envenenadas contra o Homem-Aranha. Ele relembrava os familiares mortos de Peter, todos
aqueles que foram prejudicados por suas ações, e apontava para o que considerava como o
verdadeiro mal: o manto do Homem-Aranha, erguido pelo próprio tio de Peter.

"Você se orgulha de ser o herói?", zombava Norman Osborn, por trás da macabra máscara,
sua risada ecoando na atmosfera caótica. "Veja bem, Parker, cada vez que você se balança
por esta cidade, você está trazendo consigo o peso das vidas que você arruinou. O seu tio
Ben deve estar se revirando no túmulo, vendo o que você se tornou."

Peter, inicialmente respondendo com sarcasmo, tentava desviar das palavras do vilão. "Oh,
que discurso inspirador. Acho que você deveria dar palestras motivacionais. Seria um ótimo
plano caso os negócios na Oscorp vão mal!"

Entretanto, à medida que o Duende Verde continuava a desvalorizar o significado do


Homem-Aranha, as palavras penetravam na alma de Peter. A paciência do herói estava
sendo testada, e a fachada de sarcasmo começava a ruir. "Você não entende nada",
murmurava Peter, uma sombra de dúvida cruzando seu rosto. "Eu faço isso para proteger as
pessoas, para garantir que ninguém mais sofra. Sofra como eu sofri! Mas gente como você...
só causa caos. O Harry tem vergonha de você!"

A luta continuava, mas agora o Homem-Aranha não apenas enfrentava um inimigo físico,
mas também uma batalha interna contra as palavras venenosas que ecoavam em sua mente.
O Duende Verde, astuto em sua manipulação psicológica, sabia que atacar o coração do
herói era uma estratégia tão eficaz quanto qualquer golpe físico.

No lado de fora do teatro, a tensão atingia seu ápice enquanto Ben, Yuri e Kaine se
preparavam para o que havia lá dentro. O pedaço de telha que Ben havia conseguido com a
teia, era segurado firmemente, pronto para ser aquecido até o ponto de fusão.

103
A atmosfera ao redor deles estava eletricamente carregada. O som sibilante do metal sendo
aquecido misturava-se com os murmúrios de preocupação e determinação dos heróis. Ben,
conhecido por sua força e habilidade, mantinha o olhar focado no ponto em que o metal
precisava ceder.

A luz intensa do calor começava a dançar, criando uma aura de determinação em torno dos
três heróis. O metal cedia gradualmente, sua resistência diminuindo sob o calor intenso.
Cada segundo parecia uma eternidade, enquanto a esperança de libertar o Homem-Aranha
repousava sobre os ombros deles.

No aperto feroz do Duende Verde, Peter sentia a pressão não apenas em seu corpo, mas
também em sua alma. A luta emocional que travava consigo mesmo se tornava mais intensa
a cada momento. O ambiente caótico, moldado pela fumaça e pelas formas distorcidas ao
seu redor, parecia refletir o turbilhão de pensamentos e emoções que o consumiam.

Os olhos de Peter, ocultos pela máscara do Homem-Aranha, refletiam uma mistura de


desespero e raiva contida. As palavras cortantes do Duende Verde penetravam fundo em
suas feridas emocionais, trazendo à tona memórias dolorosas e tragédias passadas. O herói,
que tantas vezes enfrentou vilões e desafios sobre-humanos, encontrava-se agora à mercê de
seus próprios demônios internos.

A máscara que sempre serviu como um escudo para suas emoções agora parecia
insuficiente. A força que o Homem-Aranha normalmente empreendia em batalhas físicas
começava a ceder diante do peso psicológico. Cada palavra do Duende Verde ressoava
como um eco angustiante, reacendendo feridas antigas e alimentando a autodúvida.

A cena, imersa na fumaça e no brilho esverdeado, era um retrato sombrio da batalha interior
de Peter Parker. O duelo não era apenas físico, mas uma prova de resistência emocional.
Enquanto o Duende Verde ria sadicamente, segurando Peter com firmeza, o Homem-Aranha
estava enredado em uma teia de suas próprias lembranças e temores.

O calor intenso do mercúrio derretido finalmente abre caminho para o ataque planejado por
Kaine e Ben. Em um movimento coordenado, eles se lançam com destemor em direção ao
furo recém-criado, aproveitando a oportunidade para invadir a doma que mantinha Peter
aprisionado.

O impacto é poderoso e eficaz, criando um rombo significativo na barreira de mercúrio. A


resistência metálica cede diante da força combinada dos dois heróis, e a entrada para o
teatro é estabelecida. O som do impacto ressoa no espaço confinado, e a fumaça que
preenchia o ambiente é temporariamente dispersa, revelando o resultado da investida.

104
Kaine e Ben, com expressões determinadas, agora encontram-se dentro da cúpula, prontos
para enfrentar qualquer desafio que possa surgir em seu caminho. A tensão no ar é palpável,
mas a esperança de libertar Peter e confrontar o Duende Verde os impulsiona a avançar. O
interior do teatro, antes envolto em mistério, agora se torna o campo de uma batalha crucial
pela liberdade e justiça.

Ao adentrarem o teatro, os três heróis são recebidos pelo vislumbre de Peter caído no chão,
debatendo-se sob os vestígios do gás alucinógeno. Com cautela, examinam o ambiente em
busca de quaisquer sinais de gás ou veneno que possam ter sido liberados. Os dutos de
ventilação, antes veículos para o gás alucinógeno que aprisionou o Homem-Aranha, agora
permanecem inertes, indicando que a ameaça foi contida.

O silêncio tenso envolve o local, interrompido apenas pelos ruídos abafados dos passos dos
heróis sobre o chão do teatro. Eles observam Peter com apreensão, preocupados com seu
estado após os efeitos do gás alucinógeno. Contudo, a ausência do veneno no ar
impulsiona-os a prosseguir, determinados a libertar seu colega de mais uma armadilha
engendrada por Mysterio.

O ambiente carregado de tensão se transforma quando Ben e Kaine se aproximam de Peter,


cada um deles dando leves tapas em seu rosto na tentativa de tirá-lo do transe induzido pelo
gás. A respiração deles fica suspensa, aguardando ansiosamente pela reação do amigo.
"Peter, acorda! Você tá bem, cara." dizia Ben, em um tom calmo e amigável.

Kaine complementava com um tom de sarcasmo: "Vamos, Parker, acabou a naninha.


Estamos num espetáculo, e tá na hora do ato final."

Os tapas suaves começam a surtir efeito, e os olhos da máscara do Aranha piscam algumas
vezes antes de focar na presença familiar de seus companheiros. Seu olhar, anteriormente
perdido em um pesadelo induzido, começa a clarear.

Peter confuso e ainda sob os efeitos do alucinógeno tentava raciocinar, confuso "O que...?
Onde estamos?"

Ben complementava com calmaria "No teatro. Ele armou uma cúpula de mercúrio. Você
ficou preso nessa ilusão por um tempo."

Kaine cruzava os braços, desprezando a situação "Parece que você tava em uma viagem das
boas, Parker.

105
Peter, apesar da visão ainda turva, consegue reunir suas memórias de encontros com
Quentin para identificar o componente usado por Mystério: a dietilamida do ácido lisérgico.
Com essa informação em mente, ele raciocina rapidamente sobre a composição de um
antídoto.

Peter, ansioso, esfregava os olhos "Eu sei o que ele usou. Precisamos de um antídoto antes
que isso me afete mais."

Ben e Kaine trocam olhares preocupados, mas confiam na expertise científica de Peter.
Curioso, Reilly perguntava "Você sabe como neutralizar isso?"

Peter, determinado concluía "Sim, eu sei. Mas precisamos de um laboratório. Vamos, temos
que encontrar um lugar para preparar o antídoto."

Yuri sugere que o grupo vá até a área de perícia criminal na estação de polícia, pois lá,
teriam equipamento para formular uma cura. O quarteto, ciente da urgência da situação,
decide seguir a sugestão de Yuri e dirigir-se à estação policial. Mesmo com Peter debilitado
e sofrendo os efeitos alucinógenos, eles se movem rapidamente pela cidade, cada passo uma
corrida contra o tempo. A estação de polícia surge no horizonte, uma estrutura que abriga a
ordem e a lei. Yuri lidera o caminho, abrindo caminho pela entrada principal. O ambiente é
sério e carregado com a sensação de dever iminente.

106
IX - UM ESPECTRO E TRÊS
ARANHAS

A equipe entra apressadamente na sede da polícia, dirigindo-se diretamente à divisão de


perícia criminal. Peter, ainda lutando contra os efeitos alucinógenos, encontra uma cadeira
para se sentar. Kaine e Ben permanecem ao seu lado, ansiosos para ajudar.

O laboratório da delegacia era um ambiente impessoal, dominado por bancadas metálicas e


equipamentos de última geração. Tubos de ensaio e frascos com líquidos coloridos estavam
alinhados de forma ordenada, enquanto microscópios aguardavam serem utilizados nas
mesas. A iluminação branca e fria destacava cada detalhe, criando uma atmosfera clínica e
concentrada.

Sentado em uma das cadeiras giratórias, Peter tentava orientar Kaine e Ben com sua visão
turva pelos efeitos residuais da dietilamida do ácido lisérgico. Ele apontava para os

107
elementos químicos com suas características marcantes, utilizando termos simplificados
para tornar o processo mais acessível aos seus parceiros.

Peter pega uma folha de papel e começa a esboçar uma fórmula simples, apontando para os
elementos. Peter indica o papel. "Este aqui é o 'verdinho', o ácido ascórbico. Precisamos de
cerca de 5 gramas."

Kaine e Ben observam atentamente, determinados a seguir as instruções.

Ben diz confiante. "Ok, ácido ascórbico. Parece fácil."

Peter, esforçando-se para manter o foco, continua a explicar os passos. "Agora, o 'líquido
rosa', que é o álcool etílico. Vamos precisar de uns 100 mililitros."

Kaine verifica as prateleiras em busca dos ingredientes enquanto Ben fica ao lado de Peter,
pronto para ajudar.

Kaine, seguindo as instruções, começa a reunir os elementos necessários, enquanto Ben


mantém um olhar atento."Verdinho e líquido rosa. Vamos nessa."

A atmosfera na sala de perícia criminal fica tensa enquanto Peter, ainda sob os efeitos da
dietilamida, guia Kaine e Ben na preparação do antídoto.

Parker, olhando para o ácido ascórbico, brinca: "Ok, pessoal, é o 'verdinho'. Parece que
estamos fazendo um coquetel exótico."

Ben ri e pega o álcool etílico, dizendo: "E aqui está o 'líquido rosa'. Não sei se deveríamos
beber isso não, Peter."

Kaine, segurando um frasco de bicarbonato de sódio, brinca: "E essa é a nossa pitada de
mistério, certo?"

Peter, mesmo com um sorriso fraco, concorda: "Exatamente, Kaine. Você tem jeito para
isso. Agora, mistura tudo direitinho."

Enquanto isso, Yuri observava a cena com seu olhar perspicaz, certificando-se de que cada
passo fosse seguido corretamente. O som constante de equipamentos de laboratório ecoava,
criando um pano de fundo técnico para a urgência da situação.

Com a mistura finalizada e aprovada por Peter, os dois cuidadosamente transferem a


substância para um recipiente adequado. Com a precisão de quem não lida com ciência, eles

108
começam o processo de sintetização e polimento utilizando uma máquina especial indicada
por Parker.

Ben, enquanto ajusta os controles da máquina, pergunta: "Acha que isso vai funcionar,
Peter?"

Peter, ainda lutando contra os efeitos do gás, responde com confiança: "Tenho certeza que
sim. Se ele não tiver mudado a fórmula, isso deve neutralizar os efeitos da dietilamida."

Kaine, concentrado na tarefa, comenta: "Vamos torcer para que funcione rápido. Tenho
medo do Pete ver aranhas saindo da calça dele e ficar de cueca na nossa frente."

Yuri observava silenciosamente os três aranhas conversando, enquanto buscava por uma
nova pista em direção ao Mystério. A máquina trabalha silenciosamente enquanto os heróis
aguardam ansiosos pelo resultado, esperando que o antídoto seja eficaz o suficiente para
devolver a clareza mental a Peter.

Com o antídoto finalizado, eles transferem cuidadosamente o líquido para uma seringa.
Kaine, assumindo a responsabilidade, segura a seringa com firmeza. Ele olha para Peter e
diz: "Preparado para voltar ao normal, Pete?"

Peter, com um sorriso fraco, responde: "Mais do que nunca, Kaine. Vai fundo."

O Aranha Escarlate, então, injeta a substância no herói, e todos aguardam ansiosos pelos
resultados, esperando que o antídoto funcione rapidamente e devolva a clareza mental a
Peter. O Aranha lentamente se erguia da cadeira, sentindo a tontura da recuperação. Seus
sentidos, ainda não totalmente livres dos resquícios da dietilamida, começavam a se
estabilizar. Ele olhava para Kaine e Ben, agradecendo-lhes com um aceno de cabeça
enquanto se recompunha.

Yuri, com sua expressão determinada, sugeria saírem do local em busca de mais
informações. Seu olhar focado indicava que estava pronta para seguir adiante na
investigação. Os quatro heróis, agora equipados com o antídoto recém-sintetizado,
dirigiam-se novamente à cúpula onde Mystério havia armado a armadilha.

Ao saírem do laboratório, a luz fluorescente da delegacia contrastava com a tensão que


ainda pairava no ar. O corredor era ladeado por salas de interrogatório e portas numeradas,
criando uma atmosfera típica de uma delegacia movimentada.

Ao chegar à entrada da delegacia, Peter tomava a dianteira, liderando o caminho em direção


ao local da cúpula. Yuri seguia logo atrás, com seu olhar perspicaz atento a qualquer pista

109
que pudesse surgir no caminho. Kaine e Ben, ainda se recuperando do recente desafio,
mantinham-se vigilantes, prontos para qualquer eventualidade que surgisse em seu caminho.

Os vigilantes rapidamente retornaram à cúpula. Peter, com agilidade e experiência, tecia


suas teias ao redor do teatro, bloqueando qualquer possível ponto de dispersão do gás. Seus
movimentos eram fluidos e precisos, formando uma barreira improvisada para evitar que o
gás alucinógeno voltasse a assombrar o local.

O som suave das teias sendo lançadas ecoava na cúpula, criando uma trama intrincada que
cobria cada canto. Cada fio de teia era estrategicamente colocado, garantindo uma cobertura
completa e eficaz. Os reflexos ágeis do Homem-Aranha tornavam o processo rápido e
eficiente.

Enquanto Peter finalizava seu trabalho, o silêncio se estabelecia na cúpula. A atmosfera,


anteriormente carregada de tensão e efeitos psicodélicos, começava a se dissipar. Yuri
observava atentamente, reconhecendo a importância dessa etapa na investigação.

Yuri, com seu visor avançado, direciona-se ao palco, deixando para trás a trama de teias que
protegia a cúpula. Enquanto ela se movia com determinação, seus sentidos alertas captavam
o som de gritos abafados, indicando que algo incomum acontecia debaixo do palco.

Ao chegar no centro, ela utiliza seu visor para analisar a área e localizar a fonte dos gritos.
As luzes do visor iluminam o ambiente escuro sob o palco, revelando uma cena que chama
sua atenção. Os gritos parecem mais intensos à medida que se aproxima.

Yuri chama os Aranhas para formarem um círculo ao redor do local de onde os gritos
abafados emanam. A equipe se posiciona estrategicamente, cada membro pronto para agir
no momento certo. A iluminação do visor de Yuri destaca a estrutura do palco, e ela observa
atentamente cada detalhe.

Ao analisar a superfície do palco, Watanabe nota um buraco dissimulado sob as tábuas e


telhas que compunham a estrutura. Sua mente analítica rapidamente identifica isso como a
fonte dos sons perturbadores. Decidida a desvendar o mistério, ela instrui Kaine, cuja
impaciência é evidente, a agir.

Kaine, agressivo como sempre, desfere um chute preciso nas tábuas, revelando o que estava
escondido sob o palco. O buraco agora exposto deixa à mostra um cenário até então oculto,
dando início a uma nova fase na busca por respostas.

A visão sob o palco revela um homem preso por cordas, semelhante à icônica pintura
"Anatomia" de Leonardo da Vinci. Sua figura, contorcendo-se em desespero, expressa uma

110
angústia evidente, e seus gritos abafados ecoam pelo ambiente. O rosto do homem está
cuidadosamente coberto por fita, privando-o da visão e agravando seu estado de desamparo.
Uma carta, estrategicamente fixada em seu peito, ostenta a mensagem clara: "Para o
Homem-Aranha".

Ben, Peter, Kaine e Yuri começam a desamarrar o homem. Ele, ainda confuso e tenso,
pergunta quem está ali. Os heróis se identificam, assegurando que vieram para ajudar, e
começam a retirar cuidadosamente a fita que cobre o rosto do homem. Com a liberdade
recém-conquistada, ele respira aliviado.

A vítima gritava em desespero "Quem são vocês? O que está acontecendo?"

"Já ouviu falar do Aranha Escarlate?" exclamou Ben.

Kaine com um tom sarcástico complementa: "Você é ator? Se não, por que tá aqui? Essa
peça não recebeu boas críticas."

Yuri, assumindo a liderança, intervém: "Vou te levar até a delegacia para garantir sua
segurança. Deixo a investigação com vocês, pessoal."

O homem, ainda perplexo, concorda, e Yuri o conduz para fora do local enquanto os três
Aranhas ficam para explorar as pistas deixadas pelo misterioso vilão.

Peter abre a carta, lendo as palavras enigmáticas: "ET... Telefone... Minha casa." Seus dois
parceiros, Ben e Kaine, franzem a testa, expressando confusão. No entanto, Parker saca de
imediato, percebendo a mensagem subjacente. O "Para o Homem-Aranha" na frente da carta
deixa claro que Beck queria transmitir algo diretamente ao Homem-Aranha.

Peter, ao notar que Yuri estava prestes a sair com o civil, a chama, exclamando: "Capitã!"
Ele parecia ter algo a dizer ou perguntar antes que ela partisse. Yuri, volta sua atenção para
Peter, que a pergunta: "Você sabe o endereço do estúdio que o Beck trabalhava?"

Ao ouvir a pergunta de Peter sobre Quentin, utiliza a assistente DeWolff para uma busca
rápida. Após a análise, ela identifica o estúdio como "Lifeline Studios", e fornece o
endereço. Peter compartilha a descoberta com Ben e Kaine, pensando em como essa pista
pode guiá-los na busca pelo vilão.

Ben, coçando a cabeça, comenta: "Lifeline, hein? Nunca ouvi falar desse lugar."

Kaine, cruzando os braços, resmunga: "Acho que precisamos dar uma passada lá. Quem
sabe o que mais podemos descobrir."

111
Peter concorda com a sugestão e, enquanto se dirigem ao Lifeline Studios, ele não consegue
deixar de se perguntar o que mais Beck pode ter preparado para desafiá-los. A cidade está
mergulhada em um mistério, e os heróis estão determinados a desvendar cada camada desse
enigma.

Ben, curioso, pergunta a Peter como ele conseguiu decifrar a mensagem tão rapidamente.

Peter, com um sorriso sagaz por baixo da máscara, responde: "Bem, o ET não foi um
palpite. Na verdade, na primeira vez que enfrentei o Beck, ele criou uma falsa invasão
alienígena com o Consertador. 'ET' se refere a isso. 'Telefone' era como ele costumava se
comunicar com a equipe durante os efeitos visuais, já que ele trabalhava com eles por volta
dos anos 2000. 'Casa' era óbvio, o estúdio onde ele trabalhava."

Kaine, cético, pergunta: "Isso foi um palpite, então?"

Peter, mantendo seu tom descontraído, responde: "O 'ET' não, o resto foi um palpite
educado. Mas, você sabe, um bom palpite, não acham?"

Ben e Kaine concordam, admirando a habilidade de Peter em conectar os pontos e


desvendar os enigmas deixados por Beck.

Enquanto balançavam com suas formosas teias em direção ao endereço, a atmosfera entre os
heróis tornava-se mais descontraída.

Ben, tentando aliviar a tensão, comenta: "Então, Peter, além de decifrar mensagens, você
também é um tradutor especializado em Beckanês?"

Peter ri, respondendo: "Bem, depois de tanto tempo lidando com ele, começo a entender as
peculiaridades do cara. É quase como ter um dicionário do Beck em mente."

Kaine, brincando, acrescenta: "Aposto que deve ser útil em festas."

Peter, sorrindo, responde: "Ah, com certeza! 'ET, telefone, casa' é o novo 'olá, como vai
você?'."

Ben, em tom de brincadeira, diz: "Acho que vou começar a usar isso. Deve impressionar as
gatinhas."

Peter sugere: "Acho que a melhor maneira de entrar é pelos dutos de ventilação. Kaine, 'cê'
pode liderar o caminho?"

112
Kaine responde com seu típico sarcasmo: "Oh, claro, só porque eu sou 'o ágil'. Sempre
esperam que o cara caçula faça o trabalho sujo."

Ben intervém: "Vamos lá, Kaine, você sabe que é o mais esguio dos três. E, admita, você
gosta de estar na liderança."

Kaine revira os olhos, mas concorda: "Está bem, eu lidero o caminho pelos dutos. Sigam-me
de perto, não quero ficar de babá."

Peter sorri: "Ótimo, 'vambora'."

Enquanto caminham pelos dutos, Peter começa a relembrar as vezes em que eles se
infiltraram juntos, reforçando o senso de companheirismo do grupo: "Lembra daquela vez
em que invadimos a base da Hidra? Eu tava usando o uniforme preto na época."

Ben revira os olhos: "Não acredito que ainda fala dessa missão. Você quase nos entregou
quando começou a fazer piadas com os guardas."

Kaine, com seu típico mau humor, resmunga: "E o que foi aquela ideia de nos
autodenominar 'irmãos-aranha'? É um nome horrível."

Peter ri: "Ah, vamos lá, Kaine. Eu achei que tinha um toque legal, um vínculo entre nós."

Kaine responde seco: "Prefiro ser conhecido apenas como Aranha Escarlate. Ponto."

Ben intervém novamente de forma cômica: "Pessoal, um pouco de foco na missão. Não
estamos aqui para fazer gracinha sem ganhar um tostão, para isso que palhaço tem salário."

Os irmãos-aranha emergem silenciosamente dos dutos, apenas para se depararem com


Mystério, sentado em uma cadeira, aguardando. A atmosfera fica tensa enquanto os três
heróis observam o vilão, sem entender completamente suas intenções.

Um cenário de decadência e abandono se desdobra diante deles. A escassa luz que penetra
pelos vitrais empoeirados projeta sombras irregulares sobre máquinas antiquadas e
monitores quebrados, testemunhas silenciosas do esquecimento que se instalou no lugar.

O ambiente exala uma sensação de desolação, onde o silêncio é perturbadoramente


profundo, interrompido apenas pelo ocasional rangido dos dutos de ventilação empoeirados.
Nas paredes desgastadas, cartazes desbotados de produções passadas resistem ao tempo,
lembrando os dias de glória do estúdio.

113
Equipamentos de efeitos visuais, agora relegados ao abandono, jazem espalhados pelo chão
como testemunhas mudas da passagem do tempo. A pintura descascada e rachaduras nas
paredes contam a história de uma decadência gradual, enquanto adereços de ilusões
cinematográficas passadas permanecem como vestígios de um tempo em que a criatividade
enchia o espaço.

Mystério encarnava uma fusão extravagante de elegância teatral e obscura misticidade.


Vestido em uma capa tripla que se estende por todo o seu corpo, o traje exala um esplendor
teatral, contrastando com a decadência ao redor. A capa roxa, ricamente adornada, flui em
movimentos sinuosos enquanto Mysterio permanece sentado em sua cadeira.

O capacete redondo e dourado, uma peça central do traje, exibe uma exuberante parte
frontal envidraçada. Atrás do vidro, uma caveira esfumaçada dança em uma constante
performance de formas, uma representação viva do mistério e da ilusão que o homem
incorpora. A aura enigmática é acentuada pelos dedos pontiagudos, garras douradas que
parecem prontas para tecer ilusões à vontade.

A armadura, embora imponente em sua estética artística, revela uma ausência de


funcionalidade prática para o combate direto. Cada detalhe parece meticulosamente
projetado para impressionar em um palco, mas não para enfrentar adversários corpo a corpo.
A forte presença da capa roxa e detalhes em verde escuro contribui para a teatralidade do
traje, conferindo-lhe uma aparência majestosa e, ao mesmo tempo, sinistra. Em meio ao
cenário decadente do estúdio, Mystério se ergue como uma figura surreal, uma verdadeira
encarnação do espetáculo e da intriga.

Beck, com seu capacete iluminado e sua capa ondulante, mantém uma postura calma e
confiante. Ele olha para os heróis com um sorriso enigmático, como se estivesse se
divertindo com a situação.

Peter quebra o silêncio, sua voz carregada de desconfiança: "O que você está aprontando,
Beck?"

Mystério responde de maneira teatral, gesticulando com as mãos: "Ah, Homem-Aranha,


Aranhas Escarlate, que bom que chegaram. Estava esperando por vocês."

Kaine, impaciente como sempre, rola os olhos: "Parece um truque. Por que diabos você
estaria nos esperando?"

114
Mystério se levanta da cadeira, revelando seu terno iluminado e brilhante por baixo da capa.
Ele dá alguns passos em direção aos heróis: "Digamos que cansei dos joguinhos, e decidi
trazer vocês para o palco principal. Estou prestes a revelar a última e mais grandiosa ilusão."

O grito estrondoso de Quentin ecoa pelo decadente estúdio, "Que as cortinas se abram!" A
grandiosa cortina vinho atrás dele se desvela, revelando um novo dispersor de gás
alucinógeno em suas costas. Kaine, imperturbável, resmunga pela repetição do mesmo
truque, lançando suas teias habilmente para capturar o dispositivo. Com um movimento ágil,
ele arremessa o dispersor contra a parede, desativando a dispersão de gás.

No entanto, mesmo com o dispositivo neutralizado, vestígios do gás permanecem no ar, uma
lembrança insidiosa da astúcia de Mysterio. Os três Aranhas começam a sentir os efeitos da
alucinação, uma dança etérea entre a realidade e a ilusão que começa a se desenrolar diante
de seus olhos. O estúdio, já surreal em sua decadência, agora se transforma em um palco de
pesadelos, onde a linha entre o real e o imaginário torna-se cada vez mais tênue.

As ilusões se intensificam, e os três Aranhas, enfraquecidos pela persistência do gás


alucinógeno, enfrentam as criações de Mysterio. O vilão conjura duas cobras gigantes que
se projetam de suas palmas. Essas criaturas etéreas serpenteiam pelo estúdio com
movimentos sinuosos, prontas para atacar os heróis debilitados.

Peter aproveita a chance para lançar um dos seus rastreadores na capa de Beck, sem que ele
note. A cena se desenrola como um pesadelo, com as serpentes ilusórias perseguindo
implacavelmente o trio de Aranhas. As cores do ambiente distorcido dançam, e a atmosfera
fica cada vez mais surreal. Os heróis, lutando contra as visões distorcidas, tentam encontrar
uma maneira de neutralizar as ilusões e derrotar Mysterio.

Peter, com sua mente afiada graças ao antídoto correndo em suas veias, apesar da confusão
causada pelo gás alucinógeno, tem uma ideia emergencial. Ele agarra seu telefone com
mãos ágeis digitando em uma dança frenética. Enquanto as ilusões de Mystério correm ao
redor, Peter sussurra para si mesmo: "Yuri, precisamos de mais antídoto... Rápido!"

Em meio à caótica batalha, Yuri atende a chamada: "Oi Aranha, o que houve agora?"

"Ela atendeu!" Peter grita enquanto se desvia de uma mordida na lateral do estúdio.

Kaine exclama enquanto se desvia das serpentes: "Mais doses do antídoto Capitã,
precisamos de mais, tem tudo na sala da perícia!"

Yuri, nota a emergência e adverte: "É pra já, mas vai levar um tempo. Aguentem firme aí!"

115
A atenção de Mystério foi capturada pelo som da chamada telefônica de Peter. Como um
mestre do ilusionismo, ele rapidamente reage, lançando as duas serpentes em direção a
Parker. O veneno verde flui através delas, uma manifestação física de seu truque de
manipulação psicológica.

Enquanto as serpentes se movem sinuosamente pelo ar, Kaine e Ben, agindo com destemor,
avançam para enfrentar as criaturas. Cada movimento dos Aranhas é uma dança
coreografada de agilidade e força. Kaine, com sua natureza mais agressiva, ataca com
golpes poderosos, enquanto Ben, com sua experiência e reflexos aprimorados, tece através
dos movimentos das serpentes com uma graça mortal.

Mystério, arrogantemente, começa a dialogar enquanto luta: "Bem, bem, se não são as
Aranhas imundas. Gostaram das novas ilusões?"

"Esperávamos por algo mais original, Beck. Serpentes gigantes... parece que você está preso
no passado, desde que eu te conheço você usa isso." disse Peter, ironicamente.

Beck, rindo, retruca: "Ah, Aranha, você não entende. A verdadeira arte nunca sai de moda.
E eu sou um artista, moldando cenas como esculturas na palma das minhas mãos."

"Mais como um palhaço com um aquário na cabeça!" Criticou Ben, cético.

"E esse traje!? Parece figurino de filme pornô!" completou Kaine, com seu humor ácido.

A névoa verde intensificava-se ao redor de Mystério, enquanto ele se preparava para mais
uma rodada de truques visuais. O diálogo era apenas o prólogo para um espetáculo de
ilusões que desafiaria a percepção dos Aranhas.

A sala torna-se um campo de batalha dinâmico, com teias sendo lançadas, golpes rápidos
sendo trocados e o som sibilante das serpentes cortando o ar. O verde do veneno brilha de
maneira sinistra, criando uma atmosfera surreal e opressiva enquanto os heróis enfrentam a
ameaça ilusória de Mystério.

Um tsunami fictício surge, a massa de água imponente se estende até o horizonte. O trio de
Aranhas, astuto como sempre, gruda-se no teto, evitando ser arrastado pela ilusão líquida.
Beck, sustentado por uma nuvem verde que parece desafiar as leis da física, começa a
mover-se pelo cenário criado por sua toxina. O tsunami avança com força ilusória, rugindo e
quebrando contra paredes invisíveis. A água verde e luminosa brilha intensamente, criando
uma cena impressionante e surreal.

116
A sala antes dominada pela ilusão do tsunami agora se via submersa na imensa onda fictícia.
A água verde, criada pelos truques de Mystério, avançava com uma pressão irresistível,
ameaçando sufocar os três heróis que se debatiam sob a ilusão.

Os Aranhas, mesmo cientes de que a água não era real, sentiam a pressão da ilusão de
afogamento. Bolhas verdes flutuavam ao seu redor, criando um ambiente surreal e
opressivo. As paredes invisíveis da sala, agora submersas, pareciam limitar ainda mais o
espaço disponível para respirar.

A batalha contra Mystério atingia um novo patamar, desafiando não apenas a força física,
mas também a resistência mental dos heróis. A capacidade de Beck de criar ilusões tão
realistas tornava a luta uma experiência angustiante, mesmo para aqueles que conheciam a
natureza fictícia do perigo iminente. Peter, impulsionado pelo desejo de confrontar
Mystério, mergulhou na água ilusória. A sensação de nadar sob o tsunami fictício era
estranha, pois, embora soubesse que não era real, a pressão e a resistência da água ilusória
eram vívidas.

Mystério, ágil como sempre, escapava facilmente através da nuvem verde que o sustentava,
deslizando pela sala inundada sem ser afetado pela ilusão do tsunami. Beck mantinha seu
controle sobre a situação, adaptando-se às circunstâncias como o mestre ilusionista que era.

O Homem-Aranha, enquanto nadava contra a corrente ilusória, recordou-se das separações


de mistura na química, e uma ideia começou a formar-se em sua mente. Ele sabia que,
mesmo sendo uma ilusão, a água ao seu redor podia ser manipulada.

Concentrando-se em sua ciência, Peter pensou em uma reação química que pudesse
transformar a água ilusória em vapor. Ele percebeu que, se aquecesse a água, poderia criar
uma ilusão de vaporização, reduzindo assim o nível do tsunami fictício.

O Homem-Aranha começou a tecer teias ao redor dele, formando uma espécie de rede, que
ele grudou no único lugar que não havia sido inundado, o topo do teto. Ben e Kaine
trocaram olhares rápidos, compreendendo o plano de Peter. Era uma estratégia que exigia
cooperação e coordenação precisa. Kaine, confiando em suas habilidades únicas, preparou
suas presas de pulso para gerar atrito, enquanto Ben se posicionou estrategicamente para
distrair Mystério.

Kaine começou a gerar calor com suas presas, transformando a teia de Peter em uma rede
incandescente. A temperatura ao redor começou a aumentar ilusoriamente, enquanto Ben,
ágil como sempre, lançou-se contra Mystério. Seus movimentos eram ágeis e imprevisíveis,
forçando Beck a se mover constantemente para evitar seus ataques.

117
Enquanto Mystério se concentrava em desviar dos ataques de Ben, Peter acompanhava a
luta e cuidava do processo de ebulição da água. Ele sabia que a ilusão era sensível o
suficiente para responder a mudanças simuladas de temperatura. Era uma corrida contra o
tempo, mas o trio estava determinado a superar as artimanhas de Quentin.

À medida que o plano de Peter se desenrolava, a ilusão de inundação começava a ceder. O


tsunami fictício diminuía gradualmente, revelando parte da sala agora molhada, mas não
mais submersa. O alívio era palpável enquanto o nível da água baixava o suficiente para
permitir que os três heróis se movimentassem com mais facilidade.

Com uma respiração profunda e rápida, Peter, Kaine e Ben começaram a nadar pelo
ambiente, aproveitando a trégua proporcionada pelo engenhoso plano de Parker. O
ambiente, antes ameaçadoramente inundado, transformava-se em um terreno mais
controlável, e eles podiam vislumbrar uma vantagem temporária sobre Mystério.

O som estrondoso da queda de parte do teto ecoou pela sala, virando os olhares de todos
para o buraco, enquanto Yuri, em uma jogada rápida, lançava as curas para Peter, Kaine e
Ben. Com movimentos ágeis, os três heróis agarravam as seringas, ansiosos para neutralizar
os efeitos restantes do gás alucinógeno.

No entanto, logo ao tomar o antídoto, uma cortina de fumaça verde começava a se espalhar
pelo ambiente. Era a marca registrada de Mystério. A fumaça era espessa e opaca,
obscurecendo a visão e proporcionando a cobertura perfeita para a fuga de Beck.

"O que aconteceu aqui? Parece que perdi o ingresso para a peça." disse Yuri, observando o
lugar.

Peter, respirando aliviado, respondia: "O espertinho do Beck tentou afogar a gente, mas nós
resistimos. E ele escapou, típico do covarde."

"O cara realmente gosta de um teatro. Acha que tá num palco o tempo todo." acrescentava
Ben, com desdém.

"Ele pode gostar de teatro, mas agora ele tem a atenção da polícia de Jersey. Vamos
encontrá-lo antes que ele tenha tempo de preparar outro truque." disse Yuri, decidida,
enquanto cruzava os braços.

Peter, com um sorriso irônico, dizia: "Parece que deixei um presentinho no traje do Beck.
Um rastreador. A polícia pode seguir o sinal e encontrá-lo. Ah, a maravilha da tecnologia."

118
O telefone de Peter toca e ele aproveita a oportunidade enquanto atendia para fazer uma
piada: "Nunca foi tão bom ter um telefone à prova d'água. Alô?"

MJ, com urgência na voz, exclamava algo inaudível. Sua voz chorosa dificultava a
compreensão, enquanto ela desligava abruptamente. Mesmo que Pete não tenha entendido
uma palavra, o recado de urgência estava dado. A feição do Aranha rapidamente mudava de
descontraída para focada. A preocupação marcando a expressão na máscara. Peter
despede-se rapidamente dos outros, entrega o rastreador a Yuri e parte velozmente em
direção a Nova York, ignorando qualquer dor ou cansaço.

119
X - ME PERDOE, MEU DEUS

O silêncio do outro lado da linha ecoa na mente de Peter, formando uma crescente
tempestade de preocupação. Ele aperta com força o telefone, como se pudesse extrair
respostas dele. As mensagens não lidas alimentam sua inquietação, criando um suspense
angustiante. "Atende, MJ!" ele murmurava ferozmente.

O balanço de volta para Nova York é uma corrida contra o tempo, mas cada segundo parece
se esticar, prolongando a incerteza que o atormenta. Peter, mesmo debilitado, força-se a se
concentrar no caminho à frente, com pensamentos tumultuados sobre o que pode aguardá-lo
na cidade. Enquanto a paisagem passa rapidamente abaixo dele, o Homem-Aranha sente um
nó na garganta, uma mistura de apreensão e determinação.

A noite envolve Nova York em um manto escuro, e as luzes da cidade lançam sombras
dançantes pelas ruas desertas. O Homem-Aranha, debilitado mas determinado, balança entre

120
os arranha-céus. O celular de Peter de repente toca, MJ deixara uma localização por
mensagem, a Catedral de São Patrício em Midtown. Ela parecia não ter tempo para explicar
o ocorrido, o que adicionava tensão. A cidade parece respirar em sincronia com os
silenciosos passos aéreos do herói, enquanto ele se aproxima da majestosa catedral.

30 de Outubro, Catedral de São Patrício, 20:17.

A catedral ergue-se imponente contra o céu noturno, suas torres góticas se destacando como
sentinelas silenciosas. As luzes suaves que iluminam a entrada principal criam um contraste
marcante com a escuridão ao redor. O Homem-Aranha pousa com graciosidade, seus olhos
atentos capturando cada detalhe da cena.

A fachada, adornada com esculturas meticulosamente trabalhadas, conta histórias em pedra


que ecoam através do tempo. As portas de madeira maciça, ricamente entalhadas, parecem
convidar os fiéis para o interior sereno do edifício. Os vitrais coloridos, iluminados pela luz
do dia, formam mosaicos celestiais que pintam o chão da catedral com uma paleta vibrante
de cores.

O Homem-Aranha, habilidoso e silencioso como uma sombra, desliza pela porta dos fundos
da catedral. O interior, envolto em uma penumbra sacral, contrasta com a agitação das ruas
lá fora. Peter move-se como um espectro urbano, sua figura se fundindo com as sombras
conforme ele se aproxima do salão principal.

Ao adentrar, a grandiosidade do espaço revela-se em arcos elevados e colunas majestosas. O


teto, abobadado e ornado com relevos, proporciona uma sensação de transcendência.
Bancos de madeira alinham-se em ordem, testemunhas silenciosas de inúmeras preces. Uma
atmosfera sacra permeia cada centímetro da catedral, envolvendo os visitantes em uma aura
de reverência.

Subindo pelas paredes como se fossem uma extensão natural de seu corpo, o herói alcança o
teto da catedral. Seu trajeto é uma coreografia de agilidade e destreza, uma dança entre as
trevas e a luz que se projeta dos vitrais coloridos. O ambiente sagrado parece acolher o
Homem-Aranha em sua jornada ascendente.

Ao alcançar o teto do salão principal, Peter encontra um ponto estratégico de observação.


De lá, ele pode vislumbrar o vasto interior da catedral, onde a luz das velas revela detalhes
arquitetônicos impressionantes. A quietude do lugar ecoa em seus ouvidos, criando uma
atmosfera solene que ressoa com o peso de expectativas desconhecidas.

121
O Homem-Aranha desliza do ponto de observação, sua atenção agora voltada para um
homem deitado no chão, atrás das bancadas, uma vítima aparentemente baleada. A catedral,
outrora tranquila, agora se torna palco de uma cena sombria e perigosa.

Enquanto Peter se aproxima do corpo, demonstrando sua natureza compassiva, ele se torna
momentaneamente vulnerável, alheio ao perigo que se desenha nas sombras daquele espaço
sagrado. É então que uma voz ecoa, cortando o silêncio com um grito surpreendente:
"Surpresa!"

O Devorador de Pecados emerge das sombras, revelando-se como o arauto do caos naquela
pacífica catedral. Com um lança-chamas em mãos, ele desencadeia chamas furiosas em
direção ao Homem-Aranha. O fogo, antes ausente na atmosfera sacral do lugar, agora dança
de maneira ameaçadora, criando sombras distorcidas que se estendem pelos pilares e vitrais.

A agilidade do Homem-Aranha é posta à prova quando ele, movendo-se rapidamente, busca


evitar o intenso calor das chamas. O cheiro de queimado permeia o ar, enquanto o devorador
de Pecados, uma figura sinistra em meio às labaredas, observa com prazer a reação do herói
diante de seu ataque surpresa.

O brilho vívido do fogo queimando na catedral lançava sombras selvagens e fugazes sobre
as paredes ornamentadas e os vitrais antigos. Os estrondos das explosões misturavam-se
com o estridente chiado do lança-chamas, criando um sinistro concerto que ecoava pelas
naves da igreja. Era como se o sagrado e o profano estivessem em um confronto
visualmente impressionante.

Cada vitral quebrado, cada bancada antiga e cada imagem sacra serviam como obstáculos e
pontos de apoio em meio ao confronto. A catedral transformava-se em um campo de batalha
onde os destroços do passado misturavam-se com os flashes de luz das armas, criando uma
visão surreal de conflito.

O silêncio é quebrado quando Parker, em um breve momento de distância na luta contra o


Devorador, decide ligar para Eddie Brock, o Venom. Uma sensação de urgência permeia
cada toque no telefone, e as palavras sussurradas de Peter revelam sua crescente apreensão.
"Atende, Venom, que merda!", ele murmura, os olhos fixos no dispositivo, esperando
desesperadamente por uma resposta.

A resposta vem de Stanley, o Devorador de Pecados, que, com um sorriso sarcástico, revela
que eles já lidaram com Eddie. "Tá ligando para seu amigo simbionte? Já demos um jeito
nele", provoca Stanley, desfrutando do desconforto que suas palavras causam.

122
A fúria toma conta de Peter, e ele explode em indignação. "E o que você quer dizer com dar
um jeito!?" Ele grita, a raiva ecoando pelas paredes da catedral. Stanley exibe um sorriso
cruel enquanto revela os detalhes de como lidaram com Brock. Suas palavras ecoam na
catedral, adicionando uma camada sinistra à atmosfera já tensa.

"Já lidamos com ele vezes o suficiente para saber que ele é sensível ao som. Então foi bem
simples, o trancamos em uma jaula com alto falantes. Bom, quem fez isso na verdade foi o
chefe", diz Stanley, aproveitando cada palavra para provocar ainda mais Peter.

A revelação ressoa nos ouvidos de Peter. A sensação de impotência diante do sofrimento de


seu amigo mistura-se à raiva que o consome. O chefe, mencionado por Stanley, permanece
envolto em mistério, adicionando mais uma camada de intriga à situação.

A catedral ecoa com a fúria de Peter Parker enquanto ele desvia de mais um disparo das
chamas do lança-chamas. Cada movimento é impulsionado pela urgência de resgatar Eddie
e o civil baleado. A expressão exasperada nas lentes do Aranha revela a angústia que ele
carrega.

"Quem é esse tal chefe!?" Peter exige, sua voz cortando o ar tenso da catedral.

Carter responde com uma calma calculada: "Você logo vai descobrir."

A promessa vaga apenas alimenta a raiva de Peter, que, exausto da luta, decide encerrar a
batalha. Avançando sem escrúpulos, ele desfere um golpe preciso, derrubando o Devorador
de Pecados com uma avançada poderosa. O rosto de Carter é amassado contra o chão frio da
catedral, marcando o fim temporário da confrontação.

O estalar metálico preenche o ar enquanto Peter, impulsionado pela frustração e pela


urgência, quebra as armas de Stanley com um movimento rápido do joelho. Os destroços
retorcidos das armas são então habilmente capturados por teias, formando uma sacola
suspensa no teto da catedral.

Com um soco preciso, Peter nocauteia Stanley, garantindo que o Devorador de Pecados não
represente mais uma ameaça imediata. O som do impacto reverbera na catedral, um eco do
confronto que se desenrolou nas sagradas paredes do local. Peter o envolve em teias,
garantindo que ele não escapasse. Ele murmura "Consegui, Camaleão."

O Homem-Aranha, agora mais uma vez focado em seu propósito original, se direciona ao
civil ferido no chão. A atmosfera na catedral se estabiliza, mas a incerteza do que está por
vir permanece pairando no ar. A corrida de Peter em direção ao homem caído era marcada
pela urgência e determinação, seus sentidos alertas para qualquer sinal de perigo. As chamas

123
que antes dançavam ao redor, agora eram apenas um eco distante do confronto recente. À
medida que se aproximava do homem ferido, a figura revelava-se, e uma surpresa
inesperada golpeava Parker como uma descarga elétrica.

O homem baleado, agora nitidamente visível à luz escassa da catedral, não era um estranho
qualquer, era Otto Octavius. A visão de Octavius, mal conseguindo articular palavras,
gerava uma mistura de choque e perplexidade em Peter. O peso da descoberta impactante e
lembranças do passado trouxeram lágrimas aos olhos de Peter. Um misto de emoções fluía
através dele enquanto, com determinação, decidia tomar medidas imediatas para ajudar
Otto. Ele murmurava "Vai ficar tudo bem, Otto, você vai ficar bem." mesmo que a voz do
amigo não saísse para responder

Com cuidado, Peter ergueu o corpo ferido, sentindo o peso do cientista em seus braços, uma
carga física e emocional. Ignorando completamente Stanley, deixando o vilão livre, apesar
de nocauteado, Parker foi cauteloso para não agravar os ferimentos já existentes em Otto,
Peter iniciou sua jornada pelas alturas da cidade, balançando-se de teia em teia. Cada
movimento era calculado para minimizar qualquer desconforto adicional a Octavius,
enquanto as lágrimas de Peter, como gotas de chuva, se perdiam na brisa noturna.

A cidade, habitualmente palco de suas acrobacias heróicas, transformava-se em um caminho


para a esperança e cuidado. O horizonte urbano, iluminado pelas luzes distantes, servia
como guia para o caminho do hospital.

O hospital recebia Peter com as portas abertas, prontas para receber Otto Octavius e oferecer
os cuidados médicos necessários. Com uma mistura de alívio e preocupação, Peter
depositou o cientista nas mãos dos profissionais de saúde, sabendo que agora estava no
lugar certo para receber os cuidados adequados.

Ao deixar seu número de herói com um dos médicos, Peter expressou um gesto de
confiança, indicando que, se necessário, poderiam contactá-lo. As luzes brilhantes e os
corredores movimentados do hospital ofereciam uma sensação de normalidade em meio ao
caos da noite.

No topo do edifício, onde a cidade estendia-se diante dele, Peter permitiu-se um momento
de reflexão. O vento noturno acariciava seu traje, e as luzes da cidade pulsavam como
estrelas urbanas. O telefone vibrava nas mãos de Peter, e a esperança pulsava junto com a
chamada. Ele pressionou a tecla de discagem com urgência, desejando que a conexão com
MJ fosse o elo que pudesse trazer alguma clareza à confusão que se desdobrava.

Ao notar que a chamada foi atendida, ele afobadamente começava a explicar "MJ, é o Peter.
Eu fui na sua localização que você me mandou mas... não cheguei a tempo."

124
"Peter, eu sei. O Otto foi baleado, e nós fomos capturados pelos homens Camaleão.
Consegui escapar jogando uma conversa mole, mas a desculpa não vai colar por muito
tempo e a situação está fora de controle. Eles têm a Mayday, o Miles, o Eddie... precisamos
de ajuda." Respondia ela, cochichando.

"Meu Deus, MJ, tô indo para aí. Onde você tá?" disse Peter, preocupado. Levantando-se
para saltar.

"Não vou conseguir explicar agora, mas estamos perto do East River. Mandei a localização.
Por favor, vem rápido." disse ela, desligando a chamada rapidamente.

As palavras de MJ foram como uma injeção de adrenalina, e Peter, sem hesitar, saltou do
terraço, balançando-se pela cidade noturna. A preocupação pelo estado de Octavius ainda
ecoava em sua mente, mas agora havia um novo foco: salvar seus entes queridos das garras
do Camaleão. O silêncio da noite foi quebrado pelo som característico das teias sendo
lançadas, enquanto o Homem-Aranha voava em direção à próxima parada.

O caminho de Peter pelas sombras da cidade tornou-se um labirinto de pensamentos


sombrios. Cada balanço nas teias era um suspiro carregado de preocupação e paranoia. Ele
mandava uma mensagem para que Connors acompanhasse Otto no hospital. A ideia de que
o Camaleão poderia conhecer a identidade do Homem-Aranha trouxe uma tensão crescente
ao seu percurso.

A paisagem urbana, normalmente tão familiar para Peter, agora parecia repleta de olhares
hostis e sombras conspiratórias. O vento da noite sussurrava inseguranças em seus ouvidos,
alimentando sua apreensão. As pessoas na rua, antes rostos anônimos, agora carregavam o
peso da dúvida: "Será que ele sabe? Se ele sabe, quantos sabem?".

O balançar pelas alturas, que costumava ser uma dança de liberdade, tornou-se um ato
carregado de urgência e desconfiança. Cada facho de luz nas ruas parecia ser um holofote,
expondo sua figura ao mundo. As coordenadas de MJ piscavam em seu visor, um farol em
meio à escuridão, mas também uma seta que apontava diretamente para sua vida pessoal.

A fúria impulsionava cada movimento, uma mistura de desespero e determinação. Ele


precisava chegar rápido, mas os questionamentos incessantes martelavam em sua mente,
como se cada teia lançada fosse também um fio conectado ao seu próprio destino incerto.

30 de Outubro, Armazém desconhecido em East River, 22:24.

125
Chegando no local, um armazém se erguia diante de Peter, uma fortaleza temporária vigiada
por guardas armados, cada um representando uma ameaça à sua missão. MJ estava no
epicentro desse tumulto, mantida como refém. A incerteza sobre o paradeiro dos outros
amigos pairava no ar, escondidos talvez na parte interna, tornando a situação ainda mais
urgente.

O armazém, sob a penumbra da noite, destacava-se como uma massa sombria e imponente.
Sua estrutura de tijolos envelhecidos parecia guardar segredos entre suas paredes robustas.
O contorno irregular do edifício dava-lhe uma presença quase assombrosa, enquanto janelas
sujas e quebradas permitiam furtivos vislumbres do seu interior.

A iluminação escassa lançava sombras dançantes sobre as superfícies de metal corrugado,


criando um cenário de contrastes e mistério. Refletores fracamente acesos destacavam
pontos específicos, mas o restante permanecia envolto em escuridão.

Os guardas, como sentinelas atentos, patrulhavam os perímetros, suas silhuetas


destacando-se contra a paisagem sombria. A aura opressiva do armazém tornava-se
palpável, uma mistura de ansiedade e expectativa, enquanto o Homem-Aranha, nas sombras,
preparava-se para desafiar os desafios que aguardavam dentro dessas paredes.

O olhar determinado de Peter encontrou os olhos de MJ, uma comunicação silenciosa que
transmitia promessas de resgate. Com um aceno sutil e um gesto afirmativo, ele indicou que
a libertaria assim que pudesse, antes de se afastar, buscando uma maneira estratégica de
entrar.

Os sons abafados da cidade noturna misturavam-se com a tensão no ar enquanto Peter,


movendo-se nas sombras, examinava as possibilidades de uma entrada discreta. Seus
sentidos aguçados e habilidades aracnídeas forneciam as ferramentas necessárias para
abordar a situação com destreza e furtividade.

O Aranha, utilizando toda sua agilidade aracnídea, rastejou-se habilmente por uma vidraça
quebrada, entrando pelo teto do armazém. O interior revelou um panorama de angústia e
desespero. Mayday e Miles, presos em uma cela, investiam com chutes e socos, tentando em
vão romper as grades que bloqueavam os poderes elétricos de Miles. A energia contida
parecia pulsar impotente dentro do jovem herói.

Na cela adjacente, Venom, preso e atormentado, era submetido a um suplício auditivo. Dois
imponentes alto-falantes despejavam uma cacofonia ensurdecedora, aparentemente
desconfortável, apesar de o ambiente ser isolado acusticamente, deixando o local silencioso
para quem estava do lado de fora. O contraste cruel entre o ruído ensurdecedor e o silêncio
que permeava o restante do armazém criava uma atmosfera de agonia.

126
O Homem-Aranha, testemunhando o sofrimento de seus amigos, analisava o ambiente,
preparando-se para intervir e libertá-los desse pesadelo. Peter desceu com destreza,
libertando Mayday e Miles de sua confinante prisão. Miles, ágil e desesperado, desativa a
cela de Eddie. Peter acalmou a todos com um olhar determinado, pronto para explicar a
situação.

"Galera, precisamos agir rápido. O Otto foi baleado, e tá no hospital. E, o que é pior, como
ele sequestrou a MJ, parece que o Camaleão sabe quem eu sou. Agora ela tá lá fora como
refém e eu preciso de toda ajuda possível para tirar ela dali."

Mayday arregalou os olhos, visivelmente preocupada. Miles, ainda se recuperando dos


efeitos da cela, parecia concentrado. Eddie tinha seu rosto coberto pelo simbionte. Com uma
expressão determinada, ele estava pronto para a ação.

Venom grunhiu, "Vamos acabar com esses caras, e salvar a MJ."

O grupo emergiu do armazém, quebrando vidraças e surpreendendo os soldados. Peter,


Mayday e Miles demonstraram uma eficiência sincronizada, desarmando a maioria dos
capangas. Enquanto isso, Venom formou uma proteção impenetrável de simbionte ao redor
de MJ, mantendo-a a salvo dos ataques.

Eddie, com seu simbionte, era uma força imparável. Os capangas, mesmo armados, eram
como formigas diante da fúria dos heróis. Golpes rápidos, teias habilidosas e o poder bruto
de Venom deixavam claro que aqueles que ousaram enfrentar o grupo escolheram o lado
errado.

30 de Outubro, Armazém desconhecido em East River, 22:48.

Com a ameaça dos capangas neutralizada, Mayday agiu rapidamente, reunindo todos em
uma cesta habilmente envolvida por suas teias, extremamente resistentes. A cesta foi fixada
contra um poste, garantindo que os inimigos permanecessem completamente imobilizados.

O Aranha nervosamente suspirava enquanto estendia a mão para MJ, ajudando-a a se


levantar. Seu olhar carregava um misto de alívio por tê-la encontrado e preocupação pelo
que estava acontecendo.

"MJ, você tá bem?", ele perguntou, sua voz revelando a tensão que o dominava.

MJ sorriu fraco em resposta. "Agora tô, graças a você. O que tá acontecendo, Peter?"

127
Ele, nervosamente, começou a explicar a situação. "É uma longa história. Encontrei o Otto
baleado... mesmo com seu aviso, não cheguei a tempo. Eu o levei para o hospital, mas...
bem, as coisas estão complicadas."

A expressão de preocupação de MJ aumentou. "Então... você não conseguiu impedir o


Stanley, né?"

"Acho que sabem quem somos, MJ. Acho que sabem sobre a minha identidade.", Peter
disse, seu rosto denunciando a gravidade da situação.

O desespero de Mary Jane tornou-se evidente em seu olhar. "Meu Deus, isso tá ficando cada
vez pior. O que vamos fazer?"

"Eu não sei, MJ. Mas prometo que vou manter vocês seguros." disse ele, com pouca firmeza
na voz.

MJ assentiu, compreendendo a seriedade da situação. "Certo, Peter. Me leva até o hospital,


quero ver o Otto."

Mayday, sempre pronta para a ação, sugeriu ir junto para garantir a segurança do grupo,
ideia à qual todos concordaram. Miles expressou a preocupação em relação à segurança de
seu pai, e Eddie decidiu verificar o estado de Harry e Connors. Assim, o grupo se dividiu
para enfrentar diferentes frentes da crise que se desenrolava, cientes de que o desafio estava
longe de chegar ao fim.

30 de Outubro, Hospital Mount Sinai, 23:47.

No hospital, Connors estava sentado ao lado de Otto, visivelmente abalado. Mayday e Peter
entraram com os trajes de herói, mascarados, enquanto o doutor liberava a sala para o grupo.
Connors os recebia com uma expressão de tristeza.

A sala do hospital era iluminada por luzes brancas suaves que criavam uma atmosfera
serena. Paredes pintadas em tons neutros e algumas ilustrações abstratas pretendiam
fornecer um ambiente reconfortante. O cheiro característico de hospital flutuava no ar,
misturado com o sutil aroma de desinfetante.

No centro da sala, a cama de Otto Octavius era o ponto focal. As cortinas brancas ao redor
davam uma sensação de privacidade, mas permitiam a entrada da luz natural que
atravessava as janelas. Máquinas médicas emitiam sons regulares, monitorando os sinais
vitais do cientista.

128
Ao lado da cama, uma cadeira de visitante estava posicionada, e Connors permanecia nela,
um semblante sombrio refletindo a preocupação e tristeza que sentia. Instrumentos médicos
organizados em uma bandeja ao lado da cama indicavam os esforços da equipe médica para
estabilizar Otto.

"Curt, como tá o Otto?", perguntou Mayday, preocupada.

Connors suspirou antes de responder. "É um ferimento grave. Otto está... bem, ele não vai
resistir. Não passará de hoje."

A notícia abalou os três, mas Peter, em particular, ficou visivelmente perturbado. Ele se
aproximou da cama de Otto, dirigindo-se à mão do cientista, como se buscasse algum
conforto. Peter permaneceu em silêncio por um instante, processando as palavras de
Connors. "Ele não merecia isso. Eu falhei com ele."

30 de Outubro, Hospital Mount Sinai, 23:54.

Octavius, deitado na cama do hospital, abria os olhos lentamente ao sentir a presença de


Peter. Seu olhar, embora fraco, encontrou o rosto do Homem-Aranha, e um sorriso
melancólico se formou em seus lábios. A mão de Peter encontrou a de Octavius, em um
gesto de conexão e despedida.

Peter, com um semblante pesaroso, tirava a máscara e tentava sorrir, expressando conforto
na presença do cientista que, de alguma forma, se tornara uma figura complexa em sua vida.
A sala silenciosa ecoava apenas os ruídos regulares dos aparelhos médicos, criando um
ambiente íntimo e solene.

30 de Outubro, Hospital Mount Sinai, 23:55.

Octavius, com dificuldade, começava a falar, compartilhando palavras finais que


carregavam um misto de gratidão e resignação. O momento era carregado de emoção, um
adeus que transcendia as diferenças entre herói e vilão, revelando a humanidade que
persistia em ambos.

Os olhos de Otto Octavius brilhavam com uma melancolia profunda enquanto ele respondia
a Peter. "Nunca pensei que acabaria assim, Parker", murmurou sarcasticamente, sua voz
carregada de resignação. Peter, ajudando-o a se acomodar, complementou com uma tristeza
nos olhos, "Otto, você não tem muito tempo...".

30 de Outubro, Hospital Mount Sinai, 23:56.

129
Otto, entretanto, pediu calma. "Eu sei. Acalme-se. Cientistas, sempre tão acelerados." disse
ele, rindo. " Vejo um futuro brilhante para você, Parker. Para todos aqui. Entre meus erros e
acertos, eu sempre quis fazer do mundo um lugar melhor para se viver. Talvez o Doutor
Octopus não tenha trazido essa paz e... por isso eu tento me redimir."

"Aquele tiro foi inesperado. Sabe, desde que removi aqueles braços, vinha todo o dia à
igreja, pedir perdão pelos meus pecados. Eu dizia 'Me perdoe, meu Deus', rezava por você,
Parker, quase cinco anos, sem falta, eu rezei por você. E não me arrependo de nenhuma
visita àquela catedral."

"Eu passei a vida toda querendo ser lembrado, importante, fazer a diferença, ter o nome na
história. Mas de que valia ter aquilo, se todos que eu amava estariam distantes de mim."
disse ele com pesar no olhar. "Otto Octavius seria lembrado como um vilão, e eu não queria
isso, não me conformava. Por isso lhe fiz aquele presente, Peter. Sei que você não aceitou,
mas eu finalizei o protótipo. Na hora certa, você talvez precise. Espero que o fardo de
carregar uma invenção de Otto Octavius não o incomode."

"Nunca incomodou, Otto", disse Peter, tentando sorrir apesar da melancolia que pairava
sobre o quarto do hospital.

30 de Outubro, Hospital Mount Sinai, 23:57.

Otto então dirigiu seu olhar a Mary Jane e Mayday, agradecendo-as com sinceridade. "Vocês
duas, obrigado por fazerem esse rapaz feliz. Eu já causei muito problema para ele. O Parker,
como todo bom cientista, não sabe se expressar, mas ele ama muito vocês duas. Estive na
pele dele, eu sei."

Ele virou-se para Connors, cumprimentando seu amigo de um braço com as duas mãos.
"Connors, que vidinha que tivemos hein? Tanto tempo juntos e eu ainda não consigo
expressar minha gratidão por ter você como colega. Eu não tenho muito o que dizer, mas
quero que saiba que sem você, eu não seria nem um terço da pessoa que sou hoje."

30 de Outubro, Hospital Mount Sinai, 23:58.

"Por último, Peter. Eu vivi a minha vida envolta em arrogância, sede de poder, ódio, e me
perdi no caminho. Quando vi como o Homem-Aranha pensava, quando vivi as batalhas
dele, eu entendi. O que importa não é se colocar no topo, e sim fazer seu melhor para que os
outros o acompanhem até esse topo. E posso dizer, eu não cheguei nesse topo, mas você
chegou, Parker. Todos que você ajudou, salvou, como eu. Seu tio estava certo, com grandes
poderes vem sim grandes responsabilidades. Ele estaria tão orgulhoso se visse você agora,
rapaz. Eu não sei o que vai acontecer a partir de agora, mas eu sei que as pessoas precisam

130
do Homem-Aranha." finalizava Octavius. Seus olhos desabavam em lágrimas, mas sem
soluçar ou esboçar vontade de limpá-las. O orgulhoso Otto Octavius demonstrou sua
fraqueza em seus últimos momentos, sua culpa.

30 de Outubro, Hospital Mount Sinai, 23:59.

Peter segurou a mão de Otto e a apertou levemente. As palavras do homem ressoaram no


coração do herói, trazendo à tona uma mistura de emoções e reflexões sobre o legado que
ele estava construindo como o Homem-Aranha. A sala do hospital ficou imersa em um
silêncio respeitoso, interrompido apenas pelo som suave dos monitores médicos e pela voz
tranquila de Octavius, que, mesmo no limiar da vida, compartilhava lições valiosas. Seus
olhos lentamente se apagavam enquanto as pálpebras se fechavam tremulamente. Após uma
vida de erros e acertos, um cientista brilhante descansava em paz.

31 de Outubro, Hospital Mount Sinai, 00:00.

O monitor do hospital começou a chiar, emitindo uma tela estática que capturou
imediatamente a atenção de todos na sala, mesmo em meio a muitas lágrimas. Os olhares se
voltaram para a pequena tela grudada na parede, e a expectativa preenchia o ambiente.
Gradualmente, a tela se tornou totalmente escura, criando uma atmosfera carregada de
suspense.

De repente, um fogo incandescia do fundo da tela escura, ganhando intensidade à medida


que se aproximava, tornando-se cada vez mais visível. A câmera focalizava, revelando uma
imagem vaga de lado. Conforme a cena se desdobrava, uma figura misteriosa emergiu das
chamas, e o contorno da abóbora flamejante revelou olhos e boca iluminados por chamas
ardentes.

As palavras reverberavam através dos altofalantes, painéis e telas, ecoando por toda a cidade
como um presságio sinistro. A voz, calma e rouca, criou uma trilha sonora sombria para o
aviso ameaçador que se desdobrava. Na tela, a figura com olhos e boca flamejantes em
forma de abóbora parecia desafiar diretamente o aracnídeo.

"Prezado Homem-Aranha, este comunicado é dirigido exclusivamente a você", as palavras,


impregnadas de uma intenção sombria, pairavam no ar como uma tempestade prestes a
desabar. Enquanto o espectro de fogo na tela enchia o ambiente com uma luz inquietante, a
cidade mergulhava na escuridão crescente da incerteza.

A revelação chocante continuou a se desdobrar: "Neste momento, tenho a honra de informar


que todos os detentos da Balsa foram libertados, e em poucas horas, estarão perambulando
pelas ruas da cidade." O impacto dessa declaração se espalhou como uma onda de choque,

131
transformando as ruas já perigosas de Nova York em um campo de jogo caótico e
imprevisível.

“Quantas vidas você despedaçará em busca do que chama de heroísmo?” disse a pesada voz
em meio à penumbra. “Será que consegue calcular quantos ossos serão esmagados sob o
peso das suas escolhas?” Continuava, elevando o tom de voz, com a chama ardendo como o
coração dos que presenciavam a transmissão.

“O que mais resta em seu caminho, além das ruínas provocadas pelo fardo que carrega?” a
silhueta ia lentamente aumentando as chamas, tornando-as cada vez mais vermelho
escarlate. “Você é um produto da corrosão que causa. Trauma. Medo. Escuridão.
Desamparo. Poder. Responsabilidade.”

"Eu conheço o verdadeiro você, e em breve, o mundo também vai." A ordem era clara, uma
ameaça que desafiava a coragem do herói, pressionando-o contra as cordas. O silêncio tenso
que se seguiu foi interrompido apenas pelo zunido insistente da estática, criando uma
sensação angustiante de expectativa antes da tempestade.

"Nova York, este é seu único aviso. Feliz Halloween." A promessa final ecoou com uma
sinistra certeza, lançando uma sombra sobre o destino de Nova York e desafiando o
Homem-Aranha a enfrentar a maior ameaça que já acontecera ao longo da sua longa carreira
como herói.

132
XI - ENCRUZILHADA

O corpo imóvel de Octavius repousava na cama do hospital, testemunha silenciosa de uma


despedida precoce. Os olhos de Peter, agora embaçados pelas lágrimas e marcados pela dor,
desviaram-se do amigo caído para o anúncio flamejante que ecoava no monitor.
Determinação misturava-se à incredulidade em seu olhar.

Peter se levantou, com um suspiro pesado, sentindo o peso da responsabilidade crescer em


seus ombros. O traje, levemente desgastado pelas batalhas anteriores, agora era vestido
novamente com um gesto firme. A máscara, com uma das lentes rachadas, ocultava os olhos
vermelhos, reflexo do luto e da raiva que ferviam dentro dele.

Com um pesar vazio nas lentes da máscara, Peter encarou Connors, MJ e Mayday, como se
buscasse nos semblantes deles um consolo para a dor que o consumia. O silêncio na sala do
hospital era quase tangível, carregado de tristeza.

133
Seu olhar voltou-se para Otto. Em um gesto de despedida silenciosa, Peter murmurou as
palavras finais: "Valeu, Otto". O agradecimento curto carregava consigo uma carga de
gratidão e saudade, uma homenagem simples a um homem cujo legado era complexo e
multifacetado. Sem mais palavras, Peter lançou-se pela janela, deixando para trás a sala
hospitalar.

Peter, com uma inquietante preocupação, perguntava "Eddie, o que tá acontecendo na


Balsa? Você viu também, né?"

"Eu vi sim, Parker, tá fora de controle. Ele libertou todo mundo. O aviso dele foi bem claro:
evacuação imediata, exceto pra você." Respondeu Eddie, nervoso.

Peter, intrigado, indagava: "Quem fez o aviso? Alguma pista?"

Eddie permanecia incerto, respondendo: "Não faço ideia, Parker. A voz tava distorcida, e o
cara usava uma máscara de abóbora. Parece coisa do Dia das Bruxas."

Determinado e tentando manter seu bom humor, Peter complementava: "Só porque o Dia
das Bruxas começou, ele já acha que é hora das travessuras. A graça não eram os doces?
Bom, vou para a Balsa agora. Você tá indo também?"

Eddie decidido respondia "Sim, tô a caminho. Precisamos resolver isso logo. O Harry ainda
tá no Centro F.E.S.T.A, tem alguém que possa levar ele pra evacuação caso as coisas
piorem?"

Peter, preocupado, finalizava: "Com certeza. Vou falar com o Miles, te vejo lá."

Peter, ao desligar o telefone, começava a indagar-se enquanto balançava nos prédios de


Nova York. O vento noturno acariciava seu traje desgastado, e a cidade, agitada, parecia não
perceber o turbilhão que se desenrolava em sua mente.

"Eu conheço o verdadeiro você, e em breve, o mundo também vai." Cada palavra ecoava em
sua mente, e sua expressão sob a máscara refletia uma inquietante preocupação. O brilho
das luzes urbanas contrastava com a sombra que pairava sobre ele.

O Aranha, continuando sua travessia pelos céus urbanos, ligava os pontos em sua cabeça e
refletia profundamente: "Se for o que eu tô pensando, isso virou a maior catástrofe." O peso
das possibilidades, o dilema iminente e o temor pelo que estava por vir se misturavam no
olhar do Homem-Aranha, que se movia entre prédios como um espectro da noite.

134
Peter, com urgência na voz, discou o número de Miles. Enquanto as chamadas ecoavam nos
arranha-céus, o Homem-Aranha observava a cidade noturna com uma tensão crescente.
Miles atendeu após alguns toques, e a voz de Peter soou em tom sério e determinado.

"Hey, Miles. Escuta, preciso que faça algo por mim. Pegue sua família, MJ, Connors, Harry,
Mayday, e leve-os para a evacuação. A situação está ficando feia, e não posso arriscar que
algo aconteça com vocês."

Miles, do outro lado da linha, resmungou em protesto. "Eu vi o aviso, mas eu quero ajudar,
Peter! Posso fazer alguma diferença, não posso?"

Peter suspirou, entendendo a vontade do jovem, mas a preocupação o guiava. "Eu sei,
Miles, e aprecio a sua vontade. Mas agora, a prioridade é garantir a segurança de todo
mundo. O Otto foi morto pela minha irresponsabilidade. Se descobriram quem eu sou, não
posso arriscar vocês."

Miles, relutante, murmurou uma resposta. "Tudo bem, mas eu queria poder fazer mais."

Peter, com empatia, respondeu, "Você já fez muito, Miles. Agora, faça o que eu te pedi.
Leve-os para a evacuação, mantenha-os seguros. Eu vou lidar com o que vem pela frente."

A chamada encerrou-se, e Peter permaneceu voando ferozmente em direção à Balsa.

A visão noturna da cidade era agora interrompida pelo sinistro resplendor das chamas que
devoravam a Balsa. Peter, balançando-se pela ponte Queensboro, sentiu o calor do caos que
se desenrolava na prisão. O céu estava manchado com tons de laranja e vermelho, enquanto
a fumaça se erguia em espirais sinuosas.

À medida que se aproximava, Peter podia ver presos desesperados tentando escapar da
confusão, alguns correndo desordenadamente, outros mergulhando nas águas geladas em
uma tentativa arriscada de liberdade. A angústia ecoava através dos gritos e sirenes que
perfuravam o ar noturno.

A Balsa, uma prisão flutuante e imponente, estava localizada sob as águas escuras do Rio
East. Erguendo-se como uma fortaleza sombria, suas estruturas metálicas maciças e paredes
robustas eram testemunhas silenciosas de incontáveis histórias de crimes e castigos. As
águas revoltas do rio envolviam a base da prisão, adicionando um toque de isolamento e
desolação ao seu ambiente já opressor.

135
Ao redor da Balsa, a noite caía, mergulhando a cena em sombras sinistras. Os reflexos
dançantes das chamas, alimentadas pelo caos dentro da prisão, refletiam-se na superfície do
rio, criando uma visão distorcida e distante.

Ao longo dos corredores internos da Balsa, celas apertadas continham presos agora
liberados, que, em meio ao tumulto, buscavam uma rota de fuga. As luzes piscantes e o som
estridente de alarmes adicionavam uma camada de frenesi à atmosfera já eletricamente
carregada.

O Homem-Aranha ativou as lentes avançadas de sua máscara, tentando localizar Eddie em


meio ao caos. Seus olhos varreram o cenário em busca de qualquer sinal do amigo ou de
resquícios da simbiose que o ligava a Venom. O fogo e a fumaça obscureciam parcialmente
a visão, tornando a busca mais desafiadora, mas Peter estava determinado a encontrar seu
aliado.

As chamas rugiam na Balsa, criando um cenário infernal que contrastava com o escuro da
noite. O Homem-Aranha, depois de muita procura, localizou Eddie Brock no meio do
tumulto, enfrentando prisioneiros desesperados pela liberdade. Com uma acrobacia ágil, o
herói lançou-se na direção de Venom, pronto para unir forças.

Eddie notou a chegada do Homem-Aranha com um sorriso torto, um misto de sarcasmo e


alívio que só poderia surgir em meio ao caos.

"Aranha, você demorou! Estava começando a achar que teria que lidar com essa festa
sozinho." A voz de Eddie ecoou, permeada pela ameaça latente que seu simbionte
carregava.

O Homem-Aranha respondeu enquanto observava os detentos se aproximando. "Você sabe,


Venom, sempre curti chegar na hora certa, sempre me disseram que era falta de educação
me atrasar. Parece que isso virou uma verdadeira bagunça. Como tá a situação?"

"Aparentemente, aquele lunático liberou todo mundo. Mas não se preocupa, a gente dá
conta." Eddie falou com um tom misto de desdém e determinação.

Os dois heróis lançaram-se no meio do conflito iminente, enfrentando a onda de prisioneiros


liberados. A dança mortal na Balsa estava apenas começando, e a dupla estava pronta para
enfrentar qualquer desafio que o destino reservasse.

A dança caótica da batalha começou. Homem-Aranha e Venom, lado a lado, eram uma força
imparável. O som dos socos e pontapés ecoava pelos corredores, enquanto os presos, agora
libertos, tentavam desesperadamente escapar da dupla.

136
Homem-Aranha, com sua agilidade insuperável, saltava entre os detentos, lançando teias
para prender grupos inteiros e, em seguida, desferindo chutes acrobáticos que os
derrubavam em sequência. A força impressionante de Venom entrava em ação, seus
tentáculos sinuosos se estendiam, agarrando prisioneiros e jogando-os ao redor como peças
de dominó desordenado.

A química entre os dois heróis, apesar de suas diferenças, era evidente na maneira como
coordenavam seus ataques. O Homem-Aranha, ágil e preciso, contornava os inimigos,
enquanto Venom, uma massa negra e imponente, avançava com uma ferocidade inigualável.
Juntos, formavam uma dança de destruição, impedindo cada tentativa de fuga.

O rugido dos detentos misturava-se ao som do combate, e as explosões ocasionais


iluminavam a cena surreal. Homem-Aranha e Venom, em meio ao caos, demonstravam uma
harmonia surpreendente, seus movimentos complementando-se perfeitamente, uma sinfonia
de combate contra o pano de fundo do tumulto na Balsa.

Uma rajada de energia negativa cortou os céus noturnos, atingindo em cheio Venom. A
substância escura que compunha o simbionte pareceu contorcer-se, emitindo uma fumaça
sutil enquanto Eddie Brock lutava para manter o controle. O impacto reverberou pelo ar,
dando uma pausa momentânea ao frenesi da batalha.

Enquanto Peter ágilmente desviava do ataque, um novo adversário emergia dos céus. Uma
criatura alada, o Abutre, surgiu com as asas estendidas, mergulhando como uma sombra
para sequestrar o Homem-Aranha. Agarrando-o rapidamente, o Abutre elevou-se nos céus,
levando consigo o herói aracnídeo.

A cena tornou-se um jogo de contrastes, com as chamas crepitantes na prisão flutuante


abaixo e a escuridão infinita do céu noturno. Enquanto isso, o Abutre mantinha sua presa,
planejando seu próximo movimento em meio à imensidão estrelada. O confronto, longe de
seu fim, ganhava novos contornos nas alturas.

Com uma armadura tática predominantemente verde, Adrian Toomes destacava-se em meio
à escuridão. Detalhes metálicos percorriam a superfície da sua vestimenta, adicionando um
toque predatório à sua presença. As longas asas, afiadas como lâminas, projetavam-se
ameaçadoramente, prontas para cortar os céus.

Seu rosto permanecia oculto sob uma máscara de rosto inteiro, que contribuía para a aura
ameaçadora. A máscara, adornada com pequenos olhos verdes que brilhavam intensamente,
conferia ao Abutre uma aparência misteriosa e sinistra. Um bico alongado, assemelhando-se
à máscara de uma praga, complementava a expressão, conferindo-lhe um toque ainda mais

137
intimidador. Essa combinação de elementos tornava o Abutre uma figura formidável e
temível nos céus de Nova York.

O Abutre, mantendo a presa firmemente em suas garras, começou a falar, sua voz ecoando
como uma ameaça sutil e melódica.

"Homem-Aranha! Parece que nos encontramos novamente. Você não pode resistir a uma
boa perseguição, não é mesmo?", disse Adrian Toomes, o Abutre, com um sorriso malicioso
coberto por sua máscara

Peter, suspenso no ar, olhou para a familiar máscara do vilão alado. "Ah, Toomes, você
sempre aparece nos momentos mais oportunos. Sinto falta dos bons tempos em que nossos
confrontos eram só sobre assaltos a bancos e diamantes."

Toomes riu ironicamente. "Bons tempos, hein? Mas as coisas mudam, Aranha. Eu evoluí,
assim como você. Com a proposta tentadora do Halloween, me tornei um homem de
negócios... e vingança."

"Sério, vingança? Por tudo que já passamos, pensei que estaríamos além disso", comentou
Peter, tentando manter um tom de leveza, apesar da situação arriscada. Ele prosseguia
"Aliás, conta mais, quem é esse tal de Halloween?"

Toomes retrucou, "Ele é o homem que vai acabar com tudo que você aprecia. Seu tempo
está acabando, inseto patético!"

Peter, mesmo em meio à tensão, não pôde deixar de lançar um comentário sarcástico.
"Duvido muito! Mas parece que alguém fez um upgrade nas asas. Tô impressionado,
Toomes, maratonou aulas de DIY na cadeia?"

*DIY é sigla para "Do It Yourself", um termo em inglês para "Faça Você Mesmo",
sustentando a ideia de algo caseiro.

O Abutre riu novamente, mas o olhar em seus olhos mostrava que essa conversa era apenas
o começo de um confronto mais intenso. A nostalgia do passado misturava-se ao rancor do
presente, criando uma atmosfera carregada de emoções no céu noturno.

Peter encarou rapidamente o chão abaixo, percebendo que Venom tinha sido lançado para
longe por uma figura branca que dominava o combate. Com uma agilidade característica,
ele lançou uma teia precisa no rosto de Adrian Toomes, o Abutre, desorientando-o
temporariamente. O rosto de Toomes ficou momentaneamente encoberto pela teia,
permitindo que o Homem-Aranha se soltasse das garras do vilão.

138
Num giro acrobático elegante, o Aranha retornou ao chão, pronto para enfrentar a figura.
Seus sentidos aranha alertavam-no para a presença iminente de mais adversários na Balsa. O
confronto estava longe de terminar, e o caos na prisão submersa continuava a se desdobrar.

A figura branca emergiu da confusão, revelando-se como o Senhor Negativo, Martin Li. Os
olhos carregados de negatividade focaram-se no Aranha, enquanto um sorriso sinistro
desenhava-se em seus lábios "Ah, Homem-Aranha, como eu esperei por isso. Você e eu,
duas faces de uma mesma moeda."

Peter, com uma mistura de desconfiança e determinação, respondeu enquanto assumia uma
postura de combate. "Li, eu não tenho tempo pro seu papo de coach agora. Você tá
aprontando junto com eles?"

Sem esperar por uma resposta, o Homem-Aranha avançou, lançando-se contra o Senhor
Negativo com uma série de golpes ágeis. Li, habilidoso em seus movimentos, desviava-se
dos ataques, seus olhos brilhando intensamente. Ao mesmo tempo, Venom se recuperava do
impacto anterior e, com uma ferocidade renovada, uniu-se ao combate.

O Abutre, mergulhou novamente na batalha, suas asas cortantes e afiadas cortando o ar


enquanto se aproximava de Peter. No entanto, em um movimento ágil e coordenado, Eddie
Brock, o Venom, saltou para a frente, trocando de posição com o Homem-Aranha.

Eddie recomendou em meio à batalha "Vai lá, Parker! Eu cuido do velhote aqui."

Peter acenou agradecido para Eddie enquanto se afastava da investida de Toomes. Enquanto
o Abutre e Venom começavam seu próprio embate, Peter voltou sua atenção para o Senhor
Negativo, que o observava com olhos intensos, carregados de energia negativa.

Homem-Aranha: "Você não vai escapar nessa moleza, Li. Estamos longe de terminar isso."

A batalha continuou, cada movimento uma dança frenética entre luz e sombras. As
habilidades de Li para manipular a energia negativa colidiam com a agilidade e os reflexos
rápidos do Homem-Aranha. Enquanto isso, Eddie e Toomes travavam uma disputa própria,
as asas do Abutre cortando o ar contra a ferocidade do simbionte.

A luta entre o Homem-Aranha e Martin Li, desenrolava-se em um ritmo frenético. Li, com
seus poderes emanava uma aura sombria enquanto se movia com agilidade e graciosidade,
suas vestes flutuando como sombras dançantes.

139
Li sorriu com uma expressão enigmática, enquanto desencadeava seus poderes negativos em
rajadas de energia. O Homem-Aranha, ágil como sempre, saltava e desviava, seus sentidos
alertas para as investidas do vilão. O ambiente ao redor deles tornava-se distorcido com
cada explosão de energia negativa, criando um espetáculo de luz e sombras.

Homem-Aranha: "Você seria um ótimo artista de sombras Martin, daqueles que usam a
mãozinha pra projetar sombra na luz com um formato. Se você se empenhasse em arte não
precisava ser um criminoso!"

Os socos e chutes eram lançados em uma sucessão rápida, com Peter tentando conter a força
imprevisível do Senhor Negativo. A habilidade de Li de criar clones sombrios adicionava
uma camada extra de complexidade à batalha, desafiando o Homem-Aranha a manter-se um
passo à frente.

Li continuava a lançar ondas de energia e tentava explorar a dualidade entre sua persona
benevolente e sua natureza vil. A luta era mais do que física; era uma batalha pela mente e
pelo espírito, com o destino de Nova York pendendo na balança.

Cada golpe trocado carregava consigo a intensidade de uma luta pelo equilíbrio entre luz e
sombras, e apenas o desfecho dessa dança caótica revelaria qual força emergiria vitoriosa.

O combate entre o Homem-Aranha e o Senhor Negativo foi abruptamente interrompido por


um estonteante relâmpago azul que iluminou a paisagem urbana. Uma torre de energia
próxima foi tomada por uma luz resplandecente, antes de mergulhar na escuridão total.
Apenas um tom azul persistia no escuro, revelando a figura de Electro.

Electro emergiu como uma figura quase etérea, uma encarnação de energia pura. Sua forma
era uma silhueta azulada, contornada por fagulhas elétricas que dançavam ao redor de sua
presença. Era como se a eletricidade tomasse uma forma humanoide, sem contornos
definidos, vibrando com uma intensidade deslumbrante.

A luz azul que irradiava de Electro criava um contraste surpreendente com a escuridão da
noite. Sua figura parecia pulsar e ondular, como se estivesse constantemente em movimento,
uma manifestação eletrificante em meio à escuridão.

Não havia traços físicos reconhecíveis, apenas a luz azul cintilante que delimitava
vagamente a forma de um corpo humano. Essa falta de contornos definidos apenas
acrescentava à sua natureza elétrica, como se Electro fosse uma tempestade personificada.

140
Cada movimento que ele fazia deixava para trás trilhas de eletricidade, como raios
congelados no ar. Seus olhos brilhavam com uma intensidade ainda maior, emitindo um azul
incandescente que denunciava a imensa carga de energia contida nele.

O visual de Electro era uma sinfonia de luz e energia, uma representação única e assustadora
do poder desencadeado. Era como se a própria eletricidade tivesse ganhado vida,
moldando-se em uma forma que desafiava as leis da física e deslumbrava todos que
ousassem encará-lo.

A silhueta de Electro brilhava intensamente, destacando sua presença agitada contra a noite
escura. Peter, surpreso com o retorno do antigo adversário, não pôde deixar de fazer um
comentário sarcástico.

O Homem-Aranha o recebia com sua clássica ironia "Credo, Max! Eu esqueci que você
andava por aí pelado, ninguém quer ver seu chará balançando aí!"

Dillon retrucava arrogantemente "Ah, Aranha, sempre com suas piadas. Mas não se
preocupa, tô aqui para trazer um pouco de energia a essa noite."

Enquanto trocavam trocadilhos e provocações, a eletricidade pulsava ao redor de Electro,


criando uma atmosfera de tensão elétrica. Peter, mesmo diante do perigo, não podia deixar
de adicionar um toque de humor. "Sabe, Max, eu já perdi as contas de quantas vezes
tivemos essa dança. Sempre acho que você está dando voltas na vida."

"Dessa vez é diferente, inseto. Eu aprendi uns truques novos. Você vai sentir um choque de
realidade." disse Electro, arrogantemente enfurecido.

Peter observou atentamente o Abutre na distância, uma visão que acendeu uma centelha de
estratégia em sua mente. Aproveitando a oportunidade, ele formulou um plano rápido, uma
tentativa de tirar vantagem da situação adversa. Ele sabia que enfrentar o Electro em sua
forma plena de energia era arriscado demais, mas se pudesse neutralizar parte de sua fonte
de poder, teria uma chance melhor.

A mochila do Abutre, com seu equipamento de bateria auto-recarregável, tornou-se o foco


de sua estratégia. Se conseguisse conectar esse dispositivo ao Electro, poderia drenar parte
de sua energia, enfraquecendo-o o suficiente para torná-lo vulnerável a ataques físicos.

Peter se aproximou de Eddie com urgência, explicando seu plano em poucas palavras.
"Eddie, precisamos daquela mochila. Se eu conseguir conectar o dispositivo ao Electro,
podemos enfraquecê-lo o bastante para golpes físicos. Atrai o Toomes pra perto de mim!"

141
Eddie, compreendendo a urgência da situação, assentiu determinado. "Mandou Bem! Vou
trazer esse pássaro para mais perto."

O caos se desenrolava ao redor deles, com raios de energia azulada lançados pelo Senhor
Negativo ziguezagueando pelo espaço. No meio dessa tempestade de luz e sombra, Peter e
Eddie dançavam, desviando-se habilmente dos raios enquanto seus corpos se moviam em
sincronia. Era uma coreografia improvisada, uma dança perigosa para ambos.

Enquanto Eddie mantinha a atenção do Abutre e desviava de seus ataques, Peter avançava
com destreza para se aproximar da mochila. Seu traje ressoava com os sons dos raios e
trovões ao seu redor, mas sua mente estava focada e determinada. Ele esticou uma teia
rapidamente, envolvendo a mochila e puxando-a em sua direção, mantendo-se ágil para
evitar os ataques do Senhor Negativo.

A mochila voou pelos céus, guiada pela teia de Peter, até que ele a alcançou em pleno ar.
Agarrando-a com firmeza, ele puxou o dispositivo de bateria auto-recarregável, um
componente vital para seu plano. Enquanto isso, Eddie continuava a manter o Abutre
ocupado, voando em círculos ao redor do vilão alado.

Com a mochila em mãos, Peter avaliou rapidamente a situação. Os raios do Senhor


Negativo continuavam a iluminar o cenário, mas agora ele tinha o recurso necessário para
tentar enfraquecer o Electro. O próximo passo seria conectar o dispositivo ao vilão elétrico,
uma tarefa que exigiria precisão e agilidade, especialmente no meio do caos que se
desenrolava na Balsa.

A dança caótica entre Peter e Electro atingiu um ápice quando o Homem-Aranha, ágil como
sempre, atraiu o vilão para a torre de energia. Enquanto se movia com destreza sob os raios
elétricos, Peter realizava modificações rápidas e precisas na bateria auto-recarregável que
havia conseguido da mochila do Abutre. Era uma operação delicada, mas o herói estava
determinado.

Concluindo as modificações, Peter inverteu a polaridade da bateria e a lançou habilmente na


direção da torre, prendendo-a no alto com uma teia estrategicamente arremessada. A bateria
ficou suspensa no ar, pronta para entrar em ação no momento certo. Enquanto isso, Electro
continuava a lançar seus raios em direção ao Homem-Aranha, mas o herói desviava com
agilidade, mantendo sua atenção na torre. A espera pela oportunidade certa era crucial.

O momento chegou quando Electro disparou um raio na direção da bateria presa. Peter, com
uma precisão calculada, desviou-se habilmente até que o raio acertasse em cheio a bateria.
A inversão de polaridade provocou uma reação magnética instantânea, puxando Electro com
uma força irresistível em direção à torre.

142
O vilão, agora preso nos arredores metálicos da torre por forças magnéticas, viu sua
liberdade restrita. Peter, rápido como uma aranha, envolveu seus punhos com teia,
protegendo-os do calor eletromagnético que normalmente teriam ao tocar o corpo carregado
de Electro. Era a oportunidade que o Homem-Aranha esperava para contra-atacar. Com
golpes precisos e fortes, ele lançou-se contra o vilão, aproveitando a vulnerabilidade
momentânea do inimigo.

Enquanto o Abutre escapava com uma bateria extra presa ao restante da sua mochila a jato,
Peter direcionou sua atenção de volta para a intensa luta com Electro. A agilidade e os
movimentos coordenados do vilão dificultavam o acompanhamento pelo Homem-Aranha,
que focava em desviar dos perigosos raios e, ao mesmo tempo, planejava seu próximo
passo.

Distraído na batalha com Electro, Peter não percebeu imediatamente a nova investida do
Senhor Negativo. Num raio de energia que cortou a noite, o vilão acertou Venom,
enviando-o para longe. A criatura simbionte rugiu de dor, mas logo Eddie se reergueu,
pronto para enfrentar novamente.

Aproveitando a vulnerabilidade de Venom, Martin Li, o Senhor Negativo, aproximou-se


com um propósito claro. Seu toque negativo começou a se estender na direção do simbionte,
como se buscasse apagá-lo ou desestabilizá-lo de alguma forma. A cena ganhava contornos
dramáticos, com Venom resistindo à influência negativa enquanto tentava proteger Eddie de
um destino incerto.

Com rapidez e estratégia, o Homem-Aranha prendeu Electro em teias, explorando sua


fraqueza em meio à intensa luta. Contudo, sua atenção logo se voltou para Eddie e Venom,
que estavam sob a influência do toque negativo de Martin Li, o Senhor Negativo.

Ao se aproximar, Peter percebeu que algo diferente estava acontecendo com o simbionte.
Em vez de ser apagado, o Venom passava por uma transformação peculiar. Sua cor escura
começava a ceder espaço para um branco pálido, e a tradicional aranha no peito agora era
uma versão escura e misteriosa. Os olhos de Venom adquiriam uma tonalidade vermelha,
criando uma aparência ainda mais ameaçadora.

143
144
XII - EDDIE BROCK E
VENOM

Na serena vizinhança do Queens, o sol da tarde lançava uma luz dourada sobre as ruas
tranquilas. O alinhamento de casas, algumas delas adornadas com detalhes arquitetônicos
encantadores, dava à paisagem um toque nostálgico. As árvores de folhas verdes
proporcionavam sombras suaves nas calçadas, enquanto o murmúrio distante da cidade se
misturava ao ambiente suburbano.

Algumas crianças, com suas mochilas e camisetas coloridas, formavam um grupo animado
enquanto procuravam freneticamente por um pequeno gatinho perdido. Os vizinhos,
curiosos, observavam de suas varandas e portas, oferecendo palavras de encorajamento e
sugestões sobre os melhores lugares para procurar.

145
Enquanto a agitação tomava conta da rua, Eddie Brock, mais um dos jovens pertencentes ao
grupo, permanecia oculto em seu porão. A entrada estreita revelava uma escada de madeira
que levava a um espaço semiiluminado. O porão, adornado com antiguidades familiares e
caixas empilhadas, exalava um aroma familiar de madeira e história. Uma única lâmpada
pendurada fornecia uma luz suave, destacando os contornos das sombras nas paredes.

Eddie, com seus olhos azuis que refletiam uma mistura de curiosidade e cautela, mantinha o
gatinho no colo. Seu cabelo loiro caía desalinhado sobre a testa enquanto ele observava as
crianças lá fora. Vestindo a camisa preta que contrastava com a paleta suave do porão, ele
acariciava suavemente o felino, cujos olhos curiosos refletiam a mesma agitação que
permeava a rua.

Do lado de fora, as crianças vasculhavam os arbustos e examinavam cada recanto em busca


do amado animal de estimação. Risadas e chamados preenchiam o ar, misturando-se ao
suave murmúrio das folhas agitadas pelo vento. O bairro, muitas vezes marcado por sua
atmosfera amigável e familiar, agora pulsava com a energia coletiva da busca pela pequena
criatura. E enquanto o sol continuava a deslizar em direção ao horizonte, a história se
desenrolava, tecendo a tapeçaria da vida cotidiana no coração do Queens.

Com um suspiro silencioso, Eddie Brock decidiu que era hora de se revelar de seu
esconderijo no porão. Levantando-se com o gatinho ainda nos braços, ele subiu a escada de
madeira que rangia sutilmente sob seu peso. A luz do porão deu lugar à brilhante tarde do
Queens, iluminando seu rosto de olhos azuis e cabelos loiros enquanto ele emergia.

As crianças, desanimadas após uma busca intensa, voltaram-se em surpresa ao ver Eddie
surgir. Uma mistura de alívio e confusão se espalhou pelo grupo quando ele levantou o
gatinho, agora curioso e piscando ao sol. As expressões das crianças rapidamente mudaram
de perplexidade para alegria, e um murmúrio de animação se espalhou pela rua.

Liz, a dona do gatinho, uma menina de cabelos cacheados e olhos expressivos, correu em
direção a Eddie. Seus olhos se iluminaram quando ela percebeu seu amado animal de
estimação nos braços do jovem. A gratidão coloriu seu rosto quando ela se aproximou, e
sem pensar duas vezes, envolveu Eddie em um abraço caloroso. Um beijo espontâneo na
bochecha dele foi a expressão pura de sua gratidão.

Eddie, surpreso e levemente corado, sorriu timidamente enquanto segurava o gatinho entre
eles. O momento fugaz de ternura trouxe uma sensação calorosa ao ar frio da tarde. As
crianças ao redor aplaudiram a cena, selando o reencontro. Antes que Eddie pudesse
saborear completamente o carinho, a voz do pai ecoou do interior da casa, chamando-o para
a janta. Liz agradeceu mais uma vez com um sorriso radiante, e Eddie, ainda sorrindo,
acenou para as crianças antes de se despedir da cena.

146
A noite desceu sobre a casa dos Brock, e a mesa de jantar estava posta, iluminada pela luz
suave da luminária central. A sala de jantar, uma extensão da cozinha, exibia sinais claros de
desgaste. Paredes descascadas e móveis antigos davam à casa uma atmosfera de
negligência. Os sentimentos de uma vida difícil ecoavam nas marcas visíveis do tempo.

O pai, sentado à cabeceira da mesa, esfregou as têmporas cansadas. Seus olhos, marcados
por rugas profundas, refletiam a exaustão de um dia difícil. A irmã mais velha de Eddie,
Sarah, com seus cabelos escuros e semblante cansado, interrompeu o silêncio.

"Como foi o seu dia, pai?" perguntou ela, tentando injetar um pouco de normalidade na
atmosfera carregada.

O pai suspirou, deixando escapar a frustração que carregava consigo. "Foi péssimo, Sarah.
Péssimo."

A mesa, coberta por uma toalha desbotada, estava repleta de pratos simples. Eddie, sentado
à margem da mesa, baixou o olhar para seu prato, mantendo-se em silêncio.

Sarah, conhecida por ser direta, não perdeu tempo. "Isso é culpa do Eddie, de novo?",
perguntou ela, um tom de reprovação em sua voz.

O pai fixou os olhos em Eddie com uma expressão pesada. "Não, Sarah, desta vez não é
culpa dele. Não podemos culpar Eddie por tudo."

A tensão na sala aumentou quando Sarah não se deu por vencida. "Se ele não estivesse aqui,
mãe ainda estaria viva. Tudo seria melhor com ela, é injusto não podermos."

O silêncio tomou conta da sala. O pai, lutando para encontrar palavras, lançou um olhar a
Eddie, que permanecia em silêncio, sua expressão um misto de tristeza e resignação.

"Sarah, isso não é justo. Não podemos culpar Eddie por algo assim," disse o pai, tentando
conter a raiva que borbulhava em seu interior.

No entanto, Sarah persistiu, "Se ele não estivesse aqui, mãe ainda estaria conosco, você sabe
disso."

O pai, sem resposta, abaixou a cabeça, e um silêncio pesado se estabeleceu sobre a sala de
jantar malcuidada. A dor da perda misturada à angústia do ressentimento pairava no ar,
transformando a rotina da refeição em um palco para as feridas não cicatrizadas da família
Brock.

147
A manhã seguinte trouxe Eddie para a sala de aula, onde a atmosfera era um misto de
ansiedade e monotonia. A sala, com suas carteiras gastas e quadro negro coberto de giz,
exalava o aroma característico de uma aula tradicional. Janelas altas permitiam que a luz
matinal iluminasse as fileiras de carteiras, destacando o pó flutuante no ar.

As mesas de madeira rangiam levemente à medida que os alunos se acomodavam. Eddie,


sentado em uma carteira próxima à janela, observava o quadro negro com uma expressão
pensativa. Seu olhar percorria o texto escrito pelo professor, enquanto pensamentos
desconexos circulavam em sua mente.

O professor, com entusiasmo perceptível em sua voz, anunciou a palestra do dia. "Hoje
teremos a honra de receber um convidado especial, o renomado escritor e proprietário do
maior jornal da cidade, J. Jonah Jameson!"

A sala, antes tranquila, ganhou vida com murmúrios e suspiros de excitação. Os alunos
começaram a se ajeitar em seus assentos, ansiosos pela perspectiva de uma pausa nas rotinas
habituais. Eddie, no entanto, permaneceu com uma expressão mais reservada, seus olhos
azuis fixos no quadro negro.

A sala de aula, com suas paredes revestidas por ilustrações didáticas e prateleiras contendo
uma seleção variada de livros didáticos, contrastava com a agitação silenciosa dos alunos.
Cadeiras de metal e madeira estavam dispostas ordenadamente, enquanto o ar estava
impregnado com o aroma de giz e livros recém-abertos.

A porta da sala de aula se abriu com um ranger leve, e a figura imponente de J. Jonah
Jameson entrou, um homem de presença marcante, bigode característico e cabelos ainda
teimosamente longe do cinza. Seu porte era orgulhoso, e seus olhos pareciam carregar uma
vivacidade imperturbável.

"Vocês sabem o que é mais incrível no jornalismo, crianças?" exclamou Jameson, sua voz
ressoando pela sala com uma animação agressiva. Os olhares dos alunos oscilavam entre o
desinteresse evidente e a tentativa educada de parecerem envolvidos.

Enquanto Jameson continuava sua exaltação sobre a grandiosidade do jornalismo, os olhos


de Eddie se desviavam ocasionalmente, não pela fala do palestrante, mas em direção a Liz.
Ela, mantendo sua beleza intocada, parecia envolta em sua própria aura de indiferença ao
evento.

De repente, as palavras de Jameson romperam a apatia de Eddie. "O jornalismo pode tanto
destruir a carreira de alguém quanto torná-la uma das pessoas mais adoradas e importantes

148
do mundo!" proclamou ele, sua voz preenchendo a sala. "É incrível como tudo depende
apenas de estar no local certo, na hora certa, com a matéria certa em mãos!"

Aquelas palavras penetraram a apatia de Eddie, como uma centelha de interesse em meio ao
tédio. Ele ergueu os olhos para Jameson, sua expressão mudando de desinteressada para
pensativa. A ideia de como o poder do jornalismo poderia moldar destinos deixou Eddie
intrigado, e ele se viu perdido em reflexões sobre a complexidade das palavras e das
histórias que moldavam o mundo ao seu redor.

Os olhos de Eddie brilhavam com uma luz recém-acendida enquanto ele se deixava
envolver pelas palavras fervorosas de J. Jonah Jameson. A ideia de ser um jornalista, de ter
nas mãos o poder de moldar e contar histórias, parecia um caminho irresistível para a
atenção e a importância que ele secretamente almejava.

Enquanto Eddie sonhava com as possibilidades de sua futura carreira, uma voz misteriosa
rompeu o devaneio, ecoando como um sussurro do além. "Então daí que surgiu o interesse
do grande jornalista Eddie Brock. Acho que você não foi tão bem-sucedido como pensava.
Vamos ver onde começou seu fracasso profissional."

O sol da tarde lançava uma luz dourada sobre as ruas movimentadas da cidade, enquanto
Eddie, agora com vinte anos, caminhava em direção ao edifício imponente do Globo Diário.
Seu coração batia forte, uma mistura de nervosismo e excitação diante da oportunidade de
realizar seu sonho de se tornar jornalista.

Enquanto ele avançava pelas ruas agitadas, avistou Liz, sua antiga paixão, caminhando
elegantemente na direção oposta. Seu coração deu um salto, e antes que pudesse pensar,
Eddie aproximou-se dela com um sorriso hesitante.

"Oi, Liz," ele cumprimentou, tentando manter a calma. "Que coincidência te encontrar aqui.
Eu estava indo para uma parte da cidade que nunca visitei antes e acabei de conseguir uma
entrevista de emprego no Globo Diário. Você saberia me dizer onde fica?"

Liz, com um olhar de surpresa, sorriu de volta. "Ah, Oi Eddie! Sério? Que legal! Eu
conheço bem essa parte da cidade. Posso te mostrar o caminho."

O coração de Eddie acelerou enquanto eles começavam a caminhar juntos. Ele se esforçou
para manter a conversa leve, evitando mencionar diretamente que estava indo para uma
entrevista no Globo Diário. O vento suave brincava com os cabelos de Liz enquanto ela
falava sobre suas próprias experiências na cidade, e Eddie se encontrou perdido nas
lembranças da época em que compartilhavam sonhos e risadas.

149
Enquanto caminhavam pelas ruas movimentadas, Eddie percebeu que a mentira começava a
pesar em seus ombros, mas ele persistiu, focando na oportunidade à sua frente. Liz, por sua
vez, estava animada em ajudar, sem perceber a tensão no rosto de Eddie.

Um corredor sombrio entre dois prédios altos começava a envolver os dois, um beco,
estreito e mal iluminado. Lâmpadas fracas balançavam suavemente com a brisa noturna,
lançando sombras dançantes que amplificavam a atmosfera inquietante do local. Paredes
pichadas e lixo acumulado nas extremidades completavam a paisagem desoladora.

Eddie e Liz, caminhando apressadamente para evitar o beco escuro, foram surpreendidos
pela súbita aparição de uma gangue que emergiu das sombras. A agressividade do ambiente
se intensificou quando os bandidos avançaram, envolvendo o casal em uma situação
perigosa.

"Me deixem em paz, peguem ela!" Eddie gritou, tentando desviar a atenção dos bandidos
para Liz. Ele sabia que precisava de uma saída rápida, uma maneira de se livrar da situação
sem ser prejudicado. Os homens nocauteavam a mulher, e então avançavam em direção à
Brock.

Surgia contrastando com a claridade do céu, o Homem-Aranha, trajando um uniforme preto,


refletindo a agressividade da situação. Sem soltar uma sequer piada, o herói se movia com
uma graça calculada, seus movimentos precisos e rápidos contrastando com a escuridão do
beco. Cada soco era desferido com uma força intensificada pela roupa negra, um símbolo da
sua incomum seriedade. Seus movimentos eram uma dança de justiça, e a escuridão do traje
destacava ainda mais a figura do herói enquanto ele derrotava os bandidos com uma
eficiência impiedosa.

Ao terminar, o herói sugeria com uma voz grossa, quase de outro mundo "Você deveria
chamar a polícia,". Eddie, ainda atordoado pela violência repentina, concordou, tirando o
celular do bolso enquanto observava o herói desaparecer nas sombras.

Liz, ainda inconsciente, recuperou a consciência pouco depois, encontrando-se ao lado de


Eddie e dos bandidos derrotados. Eddie, não perdendo tempo, se aproximou dela com um
olhar determinado.

"Você está bem, Liz?" perguntou ele, sua expressão uma mistura de alívio e bravata. "Eu dei
um jeito neles. Estamos seguros agora."

Liz, confusa e ainda tonta, olhou ao redor, vendo os bandidos caídos e Eddie de pé,
aparentemente ileso. A narrativa conveniente de Eddie havia se desenrolado, uma mistura

150
de verdade e manipulação que ele esperava que protegesse sua imagem diante daquela
manhã tumultuada no beco sombrio.

O Globo Diário erguia-se diante de Eddie como um templo de oportunidades, suas colunas
majestosas testemunhando a intensidade de seu desejo de se tornar parte daquele mundo de
histórias e notícias. Com um nó na garganta e uma dose de nervosismo, ele atravessou as
portas de vidro, adentrando o saguão movimentado do jornal.

Todd, o dono do jornal, estava sentado em sua sala, cercado por pilhas de jornais e pastas
repletas de papéis. Seus olhos examinaram Eddie de cima a baixo antes de se aprofundarem
em uma expressão imperturbável.

"Você é o jovem Brock, certo? Veio para a entrevista?" questionou Todd, sua voz grave
carregada de autoridade.

Eddie, tentando esconder sua ansiedade, respondeu com uma voz firme, "Sim, senhor. Estou
aqui para a entrevista. Estou muito entusiasmado com a oportunidade de trabalhar no Globo
Diário."

Todd, inclinando-se para trás em sua cadeira, estudou Eddie por um momento antes de
revelar sua decisão. "Lamento, Brock, mas não é isso que estamos procurando no momento.
Precisamos de alguém com mais experiência."

O coração de Eddie afundou, sua esperança desvanecendo-se diante da rejeição. Ele tentou
manter a compostura, mas a frustração se infiltrava em sua voz. "Mas eu sei que posso fazer
um bom trabalho! Eu tenho uma paixão pelo jornalismo e estou disposto a aprender."

Todd, impassível, balançou a cabeça. "Não é suficiente. Precisamos de alguém que já tenha
percorrido esse caminho antes, alguém que traga experiência para a mesa."

Eddie engoliu em seco, lutando contra a decepção. "Eu entendo," murmurou ele, "Obrigado
pela oportunidade de pelo menos tentar."

Ao sair da sala, Eddie sentiu o peso da rejeição em seus ombros. O sonho de ser parte da
equipe do Globo Diário desmoronava diante dele. Ele se viu em uma encruzilhada, onde o
caminho para o sucesso parecia cada vez mais distante. Com a porta se fechando atrás dele,
Eddie enfrentou a incerteza de seu futuro no mundo do jornalismo.

A noite caía sobre a cidade, lançando sombras longas pelas ruas vazias. Eddie Brock, ao
chegar em casa, mal podia imaginar o que o esperava. Ao abrir a porta, algo pegajoso

151
prendeu sua atenção. Uma carta, manchada de sangue, e um distintivo policial descansavam
no chão, como uma sinistra apresentação que aguardava a sua descoberta.

O envelope, marcado pela escuridão e um cheiro metálico, continha uma mensagem escrita
com urgência: "Eu acabo de atirar em Jean DeWolff. Eu tirei seu distintivo porque era o que
as vozes queriam. Eu espero que o sangue tenha secado. Se você quiser conversar, me
encontre na igreja. Talvez você possa me entrevistar."

A noite envolvia a cidade em um manto de escuridão quando Eddie, intrigado pela carta
manchada de sangue, decidiu seguir as instruções e se dirigir à igreja indicada. O caminho
até o local estava repleto de sombras, como se o próprio ambiente sussurrasse segredos
ocultos.

A igreja, um santuário que outrora acolhia fiéis em busca de redenção, agora revelava sua
verdadeira natureza sob a penumbra. Ao adentrar, Eddie se deparou com um cenário
desolador. O ar pesado e empoeirado pairava no ambiente, revelando décadas de abandono e
esquecimento. O chão rangia sob seus passos, e as cortinas esfarrapadas tremulavam como
fantasmas silenciosos nas brechas das janelas.

Ao fundo da igreja, uma vela solitária lançava uma luz trêmula, iluminando apenas o
necessário para revelar a figura misteriosa do Devorador de Pecados. As sombras dançavam
ao redor, acrescentando uma sensação de mistério e urgência ao local decadente.

"Você veio, Eddie Brock," disse o Devorador de Pecados, sua voz ecoando pelos corredores
vazios. A falta de detalhes no rosto oculto adicionava uma camada extra de enigma à sua
presença.

O Devorador de Pecados estendeu uma imagem desgastada em direção a Eddie. Na foto,


quatro X sombrios estavam marcados, representando corpos enterrados, de acordo com as
palavras do enigmático mensageiro. Eddie observou os detalhes macabros na foto enquanto
uma sensação de desconforto se instalava.

Na traseira da imagem, a mensagem escrita em sangue trouxe um nome à luz do mistério:


"Meu nome é Emil Greg." As palavras pareciam saltar da foto com uma urgência
perturbadora, ecoando pela igreja silenciosa como um grito soturno do passado.

O ambiente sujo e escuro da igreja, aliado à revelação perturbadora, mergulhava Eddie em


um abismo de incertezas. A verdade, como a luz da vela tremeluzente, parecia escapar-lhe
entre os dedos, mantendo-se esquiva nos cantos sombrios daquela igreja decadente.

152
Eddie, sentindo a gravidade do momento, respondeu com cautela: "O que você quer
comigo? E o que significa essa imagem com os X?"

O Devorador de Pecados, aparentemente indiferente ao estado decadente da igreja, estendeu


a imagem desgastada em direção a Eddie. "Quero que você conte a história, Eddie. Uma
história que desafia a monotonia da polícia e a enriqueça com um toque de mistério."

Os olhos de Eddie percorreram os X marcados na foto, representando corpos enterrados.


"Mas quem é Emil Greg, e por que você quer que isso vá para o jornal?"

O Devorador de Pecados soltou um riso sutil, um eco sombrio na igreja silenciosa. "A
polícia está chateada, Eddie, e querem algo novo. Eles precisam de um desafio. Emil Greg é
a resposta para esse tédio, um jogo para sacudir as coisas."

A tensão no ar era palpável enquanto Eddie processava as palavras do enigmático


mensageiro. "Então, você quer que eu entregue isso ao jornal? Por quê?"

O Devorador de Pecados deu um passo à frente, suas palavras carregadas de desafio. "É
muito sem graça, Eddie. Eles precisam de um desafio real. Deixe que a cidade descubra
Emil Greg e sinta a emoção da caça."

Eddie, com um nó na garganta, concordou relutantemente. "Você quer que eu entregue isso
para o jornal... mas por quê? E por que eu?"

O Devorador de Pecados sorriu, seu rosto oculto pela escuridão. "Você, Eddie, será o
narrador dessa história. Um jornalista destemido que lança luz sobre os recantos mais
sombrios da cidade. Deixe que a caça comece."

A luz da manhã filtrava-se pelas cortinas de Eddie, trazendo consigo a promessa de um


novo dia. A carta manchada de sangue, a imagem sombria e o enigma de Emil Greg
persistiam em sua mente, transformando seu cotidiano em um labirinto de mistérios a serem
desvendados.

Determinado a seguir as instruções do Devorador de Pecados, Eddie dirigiu-se novamente


ao jornal, ansioso e nervoso. Ao entrar no prédio imponente do Globo Diário, sentiu um
misto de emoções, a urgência de revelar a verdade contrastando com a incerteza do que
poderia surgir dessa revelação.

Diante do editor, o coração de Eddie martelava em seu peito enquanto entregava a foto e a
carta. "Eu tenho algo importante para o jornal. Uma história que vai abalar a cidade."

153
O editor, inicialmente cético, examinou os documentos e o olhou com uma expressão
intrigada. "O que é isso, Brock? Alguma espécie de brincadeira de mau gosto?"

"Não, chefe. Isso é real. Emil Greg, o Devorador de Pecados. O nome do homem que atirou
em Jean DeWolff. Podem procurar os corpos marcados com X nessa foto caso queiram
confirmar." Eddie afirmou, sua voz trazendo a gravidade da situação.

O editor, após uma pausa, disse: "Brock, isso parece insano. Mas se você provar que há algo
aqui, pode ser a chance que você está procurando."

A determinação de Eddie se fortaleceu, e ele saiu da sala do editor com um sentimento de


triunfo. Ele agora tinha a chance de contar uma história que mudaria sua vida.

A notícia foi publicada e as palavras de Eddie ecoaram pelas páginas do Globo Diário. A
cidade, outrora mergulhada na rotina monótona, foi abalada pela revelação dos crimes de
Emil Greg e a descoberta dos corpos enterrados. O nome de Eddie começou a ganhar
destaque em diversos meios de comunicação, sua coragem e dedicação à verdade
tornando-se assunto de discussão em todos os cantos.

A notoriedade de Eddie cresceu à medida que as notícias se espalhavam. O telefone não


parava de tocar, entrevistas eram marcadas, e sua face aparecia em programas de TV. Ele
havia se tornado o narrador de uma história que transcendia as páginas do jornal, alcançando
os corações e mentes de uma cidade que, agora, não podia mais ignorar a escuridão que se
escondia em seus recantos.

Dias após a ascensão meteórica de Eddie Brock como repórter do Globo Diário, a
reviravolta foi abrupta e cruel. Ao chegar ao prédio do jornal, ele deparou-se com suas
coisas na entrada, empilhadas de maneira desordenada como um testemunho brutal de seu
afastamento. Sobre sua pasta, uma manchete gritante anunciava a queda abrupta de sua
reputação: "Nome Falso! Homem-Aranha derrota e prende o verdadeiro Devorador de
Pecados!"

A raiva irrompeu dentro de Eddie como um vulcão em erupção. Seus olhos fixaram-se na
manchete difamatória enquanto o eco das palavras impiedosas reverberava em sua mente.
Ele cerrou os punhos, sentindo a fúria crescer dentro dele.

"Golpe baixo, Homem-Aranha! Golpe muito baixo!" gritou Eddie para o céu, canalizando
sua indignação na entrada do prédio. Ele não conseguia conter a torrente de emoções, e o
vandalismo tornou-se uma expressão desesperada de sua frustração.

154
A decisão tomou forma em sua mente como um raio. Eddie, alimentado por uma mistura
tóxica de desespero e raiva, dirigiu-se à sua casa em busca de uma arma que guardara. Seus
pensamentos estavam turvos, obscurecidos pela traição que ele sentia ter sofrido.

Chegando à igreja, Eddie enfrentou o vazio silencioso do lugar que um dia parecera carregar
um propósito. Ele encarou a arma, sentindo o frio metal em suas mãos trêmulas. O silêncio
da igreja parecia ensurdecedor enquanto ele contemplava a escuridão que o cercava.

O metal frio encostou nos lábios de Eddie, mas algo dentro dele hesitou. A reflexão
começou a ecoar em sua mente como um grito silencioso. "Eu odeio o Homem-Aranha... Eu
me odeio..." repetiu ele, um mantra de desespero.

A igreja, outrora o cenário de revelações sombrias, transformou-se em um palco trágico.


Eddie, com a arma em mãos, era confrontado não apenas pela traição, mas pela escuridão
que ameaçava consumi-lo por completo.

O crepúsculo lançava uma sombra silenciosa sobre a igreja, um cenário que agora
testemunharia o peso da desolação de Eddie Brock. Segurando a arma, ele mergulhava em
uma introspecção sombria, uma tempestade de pensamentos obscurecendo sua visão.

"Eu nunca tive família, eu nunca tive amigos, sorte, nada de verdade. É engraçado pensar
que nada é de verdade pra alguém que mente tanto," murmurou Eddie para o vazio da igreja,
suas palavras ecoando como um lamento sombrio. "Parece que quanto mais você mente,
mais a vida mente pra você de volta. É como se nada fosse sincero. A verdade já não existe
na névoa de mentiras. Não importa quantas verdades você ache, sempre há uma mentira
dentro dela."

A arma parecia um artefato de sua própria autodestruição, uma extensão de sua dor e
desespero. Eddie, perdido em um redemoinho de angústia, estava prestes a desencadear uma
ação irreversível.

Entretanto, no instante crítico, a tragédia foi interrompida pelos gritos inesperados que
ecoaram pela igreja. O grito desesperado que se desprendeu de seus lábios encontrou uma
resposta desconcertante. Uma substância, uma presença indescritível, começou a se
entrelaçar com Eddie, envolvendo-o rapidamente.

A escuridão materializou-se em uma criatura sombria, consumindo seu corpo como uma
força voraz. Eddie, surpreendido pelo desconhecido, sentiu-se envolvido por uma
metamorfose sinistra. A substância que o abraçava parecia amalgamar-se a ele, fundindo-se
de maneira inusitada.

155
A criatura consumiu o ambiente, tornando tudo um vazio escuro, um breu negro sem fim. A
obscuridade se agitava, revelando uma figura branca que se destacava como uma anomalia
nas trevas. Conforme a figura se aproximava, contornada por uma aura brilhante, tornava-se
evidente que trazia consigo um terno imaculado, resplandecendo em meio à escuridão. Seus
olhos e cabelos brilhavam intensamente, criando um contraste perturbador com a pele tão
escura quanto o próprio ambiente que o envolvia.

A figura, emanando uma presença que parecia transcender as leis naturais, começou a
gargalhar, uma risada que ecoava nas profundezas do desconhecido. "Então foi daí que
surgiu o Venom? Que patético, eu esperava mais," proferiu ele com uma voz carregada de
desdém.

Enquanto a risada ressoava, o ambiente, uma vez mergulhado na escuridão total, começou a
se metamorfosear. Dos confins do negro, surgiram dois olhos brancos, imensos e intensos,
assumindo uma forma peculiar no vácuo da escuridão. Uma boca monstruosa manifestou-se,
repleta de dentes afiados, e uma extensa língua serpenteava pelos arredores bocais,
movendo-se como uma entidade própria.

A criatura, representante de uma mente coletiva, uma simbiose de sombras, argumentava


com a figura branca, com uma voz que ecoava como um coro sinistro. "Patético? Quer
mesmo falar sobre isso? Você não é o único aqui que sabe demais dos outros. Temos uma
mente coletiva, somos todos um, e sabemos tudo sobre você, Martin Li."

A voz da entidade ecoava com uma autoridade que transcendia o humano, suas palavras
carregadas de uma verdade obscura. Martin Li, agora confrontado pelos pecados de seu
passado, via-se diante de um juízo impiedoso, as sombras que o envolviam revelando
segredos que ele acreditava ter enterrado no abismo de sua própria consciência.

"Quer mesmo falar de um fracasso?" continuou a entidade, a boca monstruosa formando as


palavras com uma intensidade que cortava como uma lâmina. "Que tal falar do homem que
jogou sua filantropia e centro de ajuda fora por uma gangue de quinta em Chinatown?"

A acusação ressoava na escuridão, revelando um capítulo obscuro na vida de Martin Li. A


luz intensa de seus olhos brancos fixava-se nos olhos da figura branca, desafiando-o a
encarar a verdade que emergia das profundezas do desconhecido.

A figura sinistra persistia em seu monólogo, as palavras ressoando como um julgamento


sombrio. "Um fracasso de verdade é um homem que se afunda nisso, que se força a estar
sozinho, e que recusa-se a mudar por puro ego. Eddie Brock pode ter sido fraco na igreja,
mas ele buscou a nós, ao invés de ficar sozinho."

156
A voz da entidade, uma amalgama de vozes entrelaçadas, destacava a jornada tumultuada de
Eddie Brock. Era uma história de redenção moldada nas sombras, um caminho trilhado por
alguém que encontrara a força para enfrentar sua própria escuridão.

"Eddie Brock pode ter sido fraco quando decidiu fazer de sua vida odiar o Homem-Aranha,
mas ele buscou ajuda do próprio para mudar," continuou a figura, cada palavra ressoando
com uma verdade que cortava mais fundo do que qualquer lâmina.

A luz nos olhos brancos da entidade contrastava com a escuridão que a envolvia, como se
estivesse iluminando as verdades que Martin Li tentara esconder. A figura branca, antes
imponente, agora via-se confrontada pela luz da própria hipocrisia, sua fachada
desmoronando diante das revelações sombrias.

"Quer mesmo falar de fracasso, quando Eddie Brock saiu da mais densa escuridão para
encontrar a luz no seu maior inimigo, enquanto você segue há quase 20 anos com seus
mesmos crimes fracassados?" provocou a entidade, aumentando o tom de voz, ecoando com
uma autoridade inabalável.

A acusação pairava no ar, um eco dos erros passados de Martin Li. A figura branca, agora
exposta, era confrontada pela verdade que emergia das profundezas da simbiose. "Você pode
ter controle sobre a mente do Eddie aqui, mas não tem sobre nós. Somos mais fortes, ágeis,
e inteligentes que você."

No ambiente tumultuado do simbionte, formas e tentáculos criavam uma dança caótica,


envolvendo a figura brilhante de Martin Li, o Senhor Negativo. Seus esforços para se
debater eram em vão, a força escura da simbiose manifestando-se como uma entidade
incontrolável. Martin Li, uma vez envolto em seu próprio brilho, estava agora à mercê das
sombras que ele mesmo ajudara a criar.

Os tentáculos do simbionte serpenteavam ao redor de Martin Li, uma prisão de escuridão


que se fechava inexoravelmente ao seu redor. Ele tentava resistir, mas era como lutar contra
as correntes de um oceano imparável. A luz brilhante que o envolvera por tanto tempo
estava sendo lentamente eclipsada pelas trevas emergentes.

Enquanto o Senhor Negativo dava seus últimos suspiros no mundo que ele mesmo criara, o
simbionte encarava-o nos olhos, sua feição exalando confiança, consumindo o ambiente e
trazendo ambas as consciências de Eddie e Martin de volta ao mundo real: "Nos tornamos
mais fortes do que você no momento que decidimos que sozinhos não somos capazes de
nada."

157
No campo de batalha da balsa, Martin insistia com seu toque negativo, mas em vez de
destruir o simbionte, parecia estar remodelando sua essência. Peter, perplexo, tentava
entender a natureza da alteração enquanto se preparava para intervir e proteger Eddie da
influência do Senhor Negativo. A cena tornava-se cada vez mais complexa e carregada de
tensão.

O Homem-Aranha, com agilidade sobrenatural, interveio ao acertar um poderoso chute


apoiado em suas teias, lançando Martin Li para longe, afastando-o da influência maligna
que exercia sobre o Venom.

Peter voltou imediatamente para Eddie, que se erguia do chão, e questionou-o sobre o que
havia acontecido. O simbionte que cobria Brock apresentava mudanças profundas em sua
composição molecular. A coloração branca contrastava com a escuridão do ambiente, e os
olhos vermelhos de Venom, envoltos em uma mancha escura, remanescentes de seu antigo
olhar, emanavam uma intensidade sinistra.

O Homem-Aranha, ainda em posição de combate, indagou a Eddie sobre a natureza das


alterações, enquanto observava atentamente as mudanças ocorrendo no simbionte. A tensão
pairava no ar, assim como a incerteza sobre o que estava por vir naquela noite caótica. O
Homem-Aranha, observando a transformação impressionante de Venom, não conseguia
conter sua curiosidade e preocupação. Ele se aproximou de Eddie, perguntando com
sinceridade: "Como você se sente, Eddie?"

A resposta veio não em palavras, mas em um rugido potente emitido pelo simbionte branco,
um som que reverberava pelas estruturas da prisão. Dentro da cobertura do traje, Eddie
murmurava de maneira abafada: "Eu não sei, mas eu me sinto bem."

Peter, apesar da situação tensa, não perdia o toque de humor característico do Aranha. Ele
respondeu com um leve sorriso "Curti o modelito, branco anda em moda no Brooklyn, mas
você vai precisar de um novo nome!"

Venom, agora envolto em seu novo visual branco, parecia refletir por um momento.
Colocou a mão sob o queixo de forma pensativa, como se estivesse considerando a ideia.
Depois de uma breve pausa, ele recompôs sua postura, erguendo-se de maneira imponente.
Então, com um rugido que ecoava pelos corredores da prisão, ele proclamou: "Nós somos o
Anti-Venom!"

158
159
XI - UM LONGO DIA DAS
BRUXAS

Os corredores da Balsa, antes mergulhados no caos da batalha, agora pairavam com uma
tensa quietude. A metamorfose de Eddie Brock para Anti-Venom reverberava nas paredes,
os traços brancos e a figura imponente do novo simbionte destacando-se no ambiente. No
entanto, uma repentina risada estranha que se espalhava pela prisão fez com que o
Anti-Venom e o Homem-Aranha, ainda alertas, focassem sua atenção na origem desse som
inquietante.

Entre as grades da Balsa, emergiu uma figura magra, banhada em vermelho sangue,
revelando-se aos poucos à luz fraca que permeava o ambiente. Os olhos do Anti-Venom
estreitaram-se em desconfiança, enquanto o Homem-Aranha ajustava sua postura, pronto
para o próximo desafio.

"Finalmente, livre!" A voz, ora sussurrante, ora estridente, preenchia o ar como uma
sinfonia de desordem. A figura contorcida caminhava lentamente em direção aos heróis,

160
cada passo ecoando como um presságio sombrio na pesada chuva que assolava a agitada
noite.

A sombra escura do Carnificina emergiu, revelando um simbionte vermelho que parecia


pulsar com uma vida sinistra. Cletus Kassidy, o hospedeiro caótico da vida alienígena,
exibia um sorriso maníaco enquanto encarava o Anti-Venom e o Homem-Aranha.

O corpo de Cletus era composto como o sangue recém-derramado, pulsando com uma força
sobrenatural. Retalhos em preto formavam uma segunda camada, conferindo uma aparência
caótica e despedaçada ao seu corpo, como se a escuridão estivesse costurada na própria
carne vermelha.

Os olhos do Carnificina eram gigantescamente largos, estendendo-se até a metade de sua


cabeça, emanando uma intensidade insana. O coração, centralizado em sua forma, pulsava
com uma tonalidade amarela,remanescente dos olhos, destacando-se como uma fonte de
vida em meio ao caos vermelho e preto que o envolvia.

A boca, uma abominação por si só, parecendo deslocar-se do rosto quando aberta, revelando
fileiras de dentes afiados e pontiagudos. Kassidy, o hospedeiro, estava mergulhado na
loucura e alegria, o simbionte que o envolvia parecia espelhar essa insanidade permeada em
sua pele e alma.

"Oi grandão! Nunca ouvi falar de você, mais um simbionte que o Aranha prendeu? Tá
trabalhando com o Halloween também?" Cletus soltou uma gargalhada ensurdecedora,
ecoando pelos corredores da prisão. O Carnificina parecia vibrar com uma intensidade
ameaçadora, seus tentáculos ondulando como serpentes ansiosas por caos.

Peter, mantendo-se alerta, trocou olhares com o Anti-Venom. Era evidente que enfrentar o
Carnificina junto dos outros vilões seria um desafio, especialmente com a imprevisibilidade
de Cletus Kassidy como hospedeiro. A Balsa, agora palco de um confronto entre
simbiontes, tremia sob a tensão que preenchia o ar. Os olhos do Anti-Venom, agora com a
nova designação de "Curar", se arregalaram diante da presença ameaçadora do Carnificina.

Parker começou a responder a provocação de Kassidy antes de ser interrompido por Venom.
Este último parecia reagir intensamente à presença do Carnificina, preparando-se para a
ação com urgência. "Infecção, Curar!" rugia Venom, sua voz soando quase bestial, enquanto
se preparava para o confronto iminente. O ar estava carregado com a promessa de uma
batalha feroz entre as duas forças simbiontes titânicas.

161
O Anti-Venom entrava em uma disparada feroz na direção de Cletus, que exibia uma
expressão confusa diante do avanço de Brock. O simbionte vermelho vibrava em resposta à
presença ameaçadora do Anti-Venom, enquanto os dois se aproximavam rapidamente.

Quando Venom estava a poucos metros de Carnificina, seus dedos se estenderam como
agulhas, buscando o ponto vulnerável do simbionte. Com precisão milimétrica, os dedos do
Anti-Venom conectaram-se ao braço direito do Carnificina, iniciando imediatamente uma
reação violenta. O poder do simbionte foi queimado, revelando o braço do hospedeiro
exposto.

O braço de Cletus Kassidy começou a incinerar, a chama ardente se espalhando pela


superfície do simbionte do Carnificina. O vilão gritou em agonia, suas palavras misturadas
ao estalo das chamas, "Que merda é essa! O que eu fiz pra você?" A voz esganiçada de
Cletus ecoava pelo caos ao seu redor.

Aproveitando-se de sua agilidade, Carnificina começou a se afastar freneticamente,


enquanto seu simbionte tentava desesperadamente se recompor da queimadura causada pela
interação com o Anti-Venom. A perseguição estava prestes a se intensificar quando Cletus,
em um ato de desespero, saltou na água para esconder-se e abafar as chamas que devoravam
seu braço.

O Anti-Venom, embora inicialmente confuso pela manobra inesperada, rapidamente varreu


a área em busca do fugitivo. No entanto, a superfície calma da água escondia Carnificina,
que agora buscava um refúgio temporário para lidar com os danos infligidos.

A luta intensa ao redor parecia desaparecer por um momento enquanto Peter encarava o
Senhor Negativo com uma expressão de perplexidade e frustração. Ignorando a presença
iminente do Anti-Venom, o Homem-Aranha, em um tom misto de preocupação e irritação,
dirigiu-se a Martin Li: "O que você fez, Martin?"

O Senhor Negativo, com sua aura negra, pareceu genuinamente desconcertado. Ele
respondeu de maneira incerta: "Não faço ideia. O simbionte me dominou, no meu próprio
mundo... parece que absorveu meus poderes, como uma esponja biológica." A perplexidade
na voz de Martin Li era evidente, enquanto ele tentava compreender a reviravolta causada
pelo simbionte.

"Agora isso é coisa nova", murmurou Peter, enquanto rapidamente reagia à situação,
prendendo o Senhor Negativo em teias próximo à parede para garantir que ele não causasse
mais estragos. O grito do vilão para que o Homem-Aranha voltasse parecia ecoar no caos ao
redor, mas Peter ignorou-o, focando em se reunir com o Anti-Venom.

162
Com uma movimentação ágil, o Homem-Aranha se aproximou de Eddie, que estava imerso
nas mudanças provocadas pelo toque negativo de Martin Li. "Eddie, você está bem?"
perguntou Peter, sua voz transmitindo preocupação através da máscara. O Anti-Venom
olhou para o Homem-Aranha com seus olhos vermelhos intensos, emitindo um rosnado que
poderia ser interpretado como uma mistura de afirmação e incerteza.

Ao se reunirem no topo do prédio de segurança, Peter olhou para Eddie, que ainda exibia as
alterações provocadas pelo toque negativo de Martin Li. "Eddie, você tá aí?" perguntou o
Homem-Aranha, sua voz carregada de preocupação.

Brock, ainda se acostumando com a nova forma do Anti-Venom, respondeu, "Tô sim, foi
mal eu... me descontrolei."

Parker assentiu compreensivamente. "Faz tempo que isso não acontece, certo? Você tem
certeza de que tá tudo bem?" O cenário ao redor deles continuava tenso, e a incerteza
pairava no ar enquanto eles se recuperavam.

O Simbionte surgiu das costas de Eddie, desenhando um caminho sinuoso até o lado do
Homem-Aranha. As sombras pulsantes formaram uma coreografia estranha enquanto se
moviam em uníssono, exibindo uma simbiose perfeita entre os dois. Uma voz reverberou da
entidade simbiótica, agora em perfeita sincronia com Eddie. "A carga negativa daquele
panguão mutou nossas células. Parece que agora estamos em perfeita sincronia, uma
simbiose perfeita. Junto disso, as alterações na nossa genética nos tornaram algo a mais.
Precisamos destruir os simbiontes."

A pele do Anti-Venom, antes negra como a noite, agora exibia uma tonalidade única, uma
mescla de branco pálido e sombras profundas, marcando a mudança molecular resultante da
fusão simbiótica. A aura em volta deles irradiava uma energia intensa, um reflexo da
transformação que tinham experimentado. A revelação trouxe uma onda de compreensão e
urgência para Peter. Olhando para Eddie, ele percebeu a complexidade da situação em que
estavam envolvidos.

Peter observou o novo vislumbre de Eddie, agora Anti-Venom, com um misto de surpresa e
admiração. A simbiose perfeita entre os dois trazia consigo uma aura única, e o
Homem-Aranha se perguntou sobre as implicações dessa transformação.

"Gostei da iniciativa, mas primeiro precisamos dar um jeito nessa bagunça. Eu perdi o Max
e o Toomes de vista, vamos para o pátio, talvez tenham mais presos ali", sugeriu Peter, sua
voz ressoando por trás da máscara. Seus olhos se fixaram nos destroços da Balsa, agora
palco de uma batalha que se estendia além da sua compreensão.

163
A noite estava envolta em caos, com os alarmes estridentes ecoando e as luzes piscando
intermitentemente. O pátio da prisão estava à frente, sombreado por uma névoa sinistra. O
ar pesado do ambiente impregnado pela tensão pairava sobre eles.

Anti-Venom assentiu, uma expressão determinada no rosto, revelando a união peculiar entre
o homem e o simbionte. Eddie e Venom, agora em sintonia perfeita, concordaram em descer
para o pátio com um salto feroz. Seus movimentos eram uma coreografia simbiótica, uma
dança entre o homem e a criatura, fluindo em perfeita harmonia. Chegando ao pátio,
depararam-se com um cenário caótico. A cena era um pandemônio de presidiários correndo
em todas as direções. Alguns tentavam escalar as cercas, enquanto outros se envolviam em
confrontos improvisados.

Dois presos estavam causando tumulto notável. Mancha, com seu poder de teleporte,
evacuava outros supervilões por meio de um portal misterioso, enquanto o Besouro voava
guardando a área com tiros à queima-roupa, criando uma barreira caótica de projéteis que
mantinha os policiais e outros presidiários afastados.

A iluminação intermitente do pátio lançava sombras distorcidas sobre o Besouro,


destacando sua figura ameaçadora enquanto ele flutuava no ar. Seu traje de armadura reluzia
sob as luzes, e os olhos vermelhos da máscara exibiam uma expressão fria e calculista. Cada
disparo do Besouro ressoava como um estrondo, criando um espetáculo de caos e
destruição. Sua armadura vermelha e prata brilhando sob as luzes da instalação. Cada peça
da sua vestimenta parecia ser feita com precisão tecnológica, criando uma aparência
futurista e ameaçadora. A armadura cobria todo o corpo, conferindo ao Besouro uma
presença imponente.

A tonalidade vermelha da armadura transmitia uma sensação de perigo, enquanto os


detalhes em prata acrescentavam um toque de sofisticação tecnológica. Refletores e painéis
cintilavam quando expostos à luz, dando à armadura uma aparência reluzente e chamativa.

A máscara do Besouro era o ponto focal do seu visual, assemelhando-se à cabeça de um


besouro. Os olhos verdes brilhavam intensamente, proporcionando uma expressão quase
mecânica. As asas, também em verde, adornavam a parte traseira da armadura,
conferindo-lhe uma estética aerodinâmica.

Ao se mover pelo pátio, o Besouro exibia uma mistura de graciosidade e força, como se sua
armadura fosse uma extensão natural de seu corpo. A combinação de cores vibrantes, linhas
elegantes e o design ameaçador faziam do Besouro uma figura imponente e formidável no
cenário caótico da prisão.

164
Mancha, por outro lado, movia-se com agilidade impressionante, teletransportando-se de um
lado para o outro, escapando habilmente de qualquer tentativa de captura. Seu poder era
uma variável imprevisível, tornando-o um alvo difícil de se lidar. Sua aparência marcante
destacando-se entre os demais. Seu corpo era predominantemente branco, como uma tela
limpa que estava sendo preenchida por manchas de tinta. As manchas negras,
circunferencias irregulares e variadas, permeavam todo o seu corpo, dando-lhe uma
aparência única e desconcertante.

Dentre essas manchas, uma se destacava na região onde seu rosto deveria estar. Essa
mancha funcionava como uma espécie de máscara, assumindo diferentes formas para
expressar as emoções de Mancha. Seus olhos, embora completamente pretos, pareciam
transmitir uma intensidade magnética, adicionando um toque de mistério ao seu visual.

À medida que Mancha se movia pelo pátio, as manchas em seu corpo pareciam se
rearranjar, criando padrões dinâmicos que refletiam sua agilidade e versatilidade. Era como
se ele fosse uma obra de arte em constante mudança, uma anomalia visual no caos da prisão.

O contraste entre o branco e o preto, a fluidez das manchas e a expressividade única de sua
máscara criavam uma presença visual única para Mancha, destacando-o como um dos
supervilões mais distintos no pátio.

Peter e Eddie trocaram olhares, compartilhando uma breve comunicação silenciosa. Sabiam
que precisavam lidar com esses supervilões para restaurar a ordem no pátio e evitar um
desastre maior. Com uma sincronia aprimorada pela recente simbiose, eles avançaram,
prontos para enfrentar o Besouro e o elusivo Mancha.

A tumultuada prisão fervilhava com a ação, e Peter, tomando a decisão de explorar o destino
do portal, confia a Eddie a tarefa de manter o Mancha e o Besouro ocupados. O
Homem-Aranha, aproveitando a distração provocada por Venom, se aproxima
sorrateiramente do portal.

Ao atravessar o portal, Peter se depara com uma cena surpreendente. Um helicóptero paira
sobre a água, e todos os vilões que haviam escapado da prisão estavam a bordo. O Abutre,
com suas asas cortantes, Electro pulsando energia, Martin Li com seu toque negativo,
Alistair Smythe, o Shocker e até mesmo Cletus Kassidy com o simbionte Carnificina
estavam lá, prontos para fugir.

O cenário caótico, iluminado pela lua, dá um toque sinistro à cena. Peter, rapidamente,
avalia a situação e concebe um plano. Usando sua agilidade e habilidades com as teias, cria
um estilingue improvisado. Ele se lança no ar, impulsionado pela força de sua teia, voando
em direção ao helicóptero que se afasta.

165
A brisa noturna corta o rosto de Peter enquanto ele se aproxima do helicóptero, determinado
a impedir que esses vilões escapem para causar mais estragos na cidade. A adrenalina pulsa
em suas veias enquanto ele se prepara para o confronto aéreo que se desenha no horizonte
noturno.

Eddie, encarando o Besouro e o Mancha, mergulha de cabeça no combate. Ele pergunta


diretamente aos vilões sobre a razão de estarem trabalhando com o Halloween, uma
pergunta que pairava no ar enquanto a luta se desenrolava. O Mancha, exibindo uma atitude
descompromissada, responde com um tom debochado.

"Nos ofereceram uma boa grana caso a gente conseguisse evacuar a cidade, parece que deu
certo!", diz o Mancha, revelando as motivações financeiras que levaram a aliança com o
Halloween. O Besouro, um tanto mais cauteloso, não esconde sua irritação com a franqueza
do colega de crime.

"Seu imbecil, não dá informações de graça!" interrompe o Besouro, alertando o Mancha


sobre a indiscrição. Diante da bronca, o Mancha, demonstrando um ar de desculpas,
complementa: "Foi mal, foi mal! É só muito bom trabalhar com alguém que odeia tanto o
Aranha quanto eu."

O Anti-Venom, agora em sintonia aprimorada com Eddie Brock, desencadeava seus


tentáculos em um balé de movimentos ágeis e precisos. Os apêndices simbióticos
respondiam instantaneamente aos comandos de Eddie, tornando-se uma extensão natural de
seus desejos.

Do outro lado, o Besouro voava habilmente pelo céu noturno, disparando rajadas de energia
vermelha em direção ao Anti-Venom. No entanto, a agilidade do simbionte tornava-se uma
vantagem estratégica, permitindo que Eddie esquivasse habilmente dos ataques à distância.

Enquanto isso, o Mancha, habilidoso manipulador de portais, criava distorções no


espaço-tempo, tornando-se uma presa esquiva. Os golpes físicos do Anti-Venom
encontravam apenas o vazio quando os portais do Mancha eram habilmente utilizados para
esquivar-se dos ataques iminentes.

O confronto acirrado entre Anti-Venom, Besouro e Mancha alcançava um momento de


brecha, e Eddie Brock, com sua conhecida sagacidade, não hesitou em adicionar um toque
de humor à batalha. No calor da luta, ele soltou uma provocação dirigida aos dois vilões.

"Vocês tão parecendo marido e mulher, cadê o convite pro casamento?" Eddie disse, um
sorriso audacioso escapando por trás da simbiose que cobria seu rosto. Suas palavras

166
ecoaram no caos da cena, interrompendo momentaneamente o embate enquanto ele
aguardava uma resposta.

O Mancha, irritado com a ousadia de Eddie, retrucou com um tom ameaçador. "Os convites
a gente tem, mas vão ser pro seu enterro!" Suas palavras carregavam consigo a promessa de
violência iminente, destacando a ferocidade dos antagonistas naquele cenário caótico.

O confronto prosseguia em um espetáculo frenético de cores e movimentos. Anti-Venom,


com seus tentáculos sinuosos, tecia uma dança veloz, desviando habilmente dos tiros
disparados à distância pelo Besouro. A agilidade do simbionte combinada com a destreza de
Eddie Brock resultava em um espetáculo de movimentos fluidos, quase coreografados, que
desafiavam as leis da física.

Em meio à confusão, Eddie, por um breve momento, errou um dos movimentos, permitindo
que um dos seus tentáculos se lançasse descontroladamente. O tentáculo, em um curso
imprevisível, acabou acertando em cheio um dos portais do Mancha. O portal, anteriormente
uma ameaça imaterial, tornou-se sólido por um instante, transformando-se em um golpe
surpresa que arremessou o próprio tentáculo de Anti-Venom contra seu rosto.

O impacto inesperado desequilibrou Eddie, fazendo-o tropeçar e se derrubar


temporariamente. Os vilões aproveitaram a oportunidade e, sem perder tempo, fugiram por
outro portal, escapando da vista de Anti-Venom antes que ele pudesse se recuperar e
persegui-los.

As teias de Peter grudavam-se desesperadamente no casco do helicóptero em um esforço


hercúleo para derrubar os vilões. No entanto, a investida não foi suficiente. Os raios de
Electro choveram sobre o Homem-Aranha, deixando-o temporariamente desorientado e
fazendo-o perder o controle sobre o curso do veículo aéreo.

Desesperado para recuperar o domínio da situação, Peter lançou uma teia no casco do
helicóptero, tentando usar a força do seu corpo para resistir às forças contrárias. Contudo,
antes que pudesse obter sucesso, o Carnificina, com seu braço agora regenerado em formato
de foice, cortou a teia com uma precisão letal.

A situação tornava-se cada vez mais desafiadora para o Homem-Aranha. O Senhor


Negativo, aproveitando a confusão, lançou um raio devastador que atingiu em cheio o herói
aracnídeo. O impacto do raio fez Peter perder o equilíbrio e ser atirado para fora do
helicóptero, precipitando-se em direção ao oceano. A água o envolveu em um turbilhão,
formando uma grande onda nos arredores. Enquanto afundava nas profundezas, Peter lutava
para se orientar e retomar o fôlego.

167
A onda tumultuada, resultado do caos nos céus, chamou a atenção de Eddie. Seus olhos
focaram a superfície da água, onde as águas turbulentas escondiam o destino do
Homem-Aranha. Sem hesitar, Eddie dirigiu-se rapidamente para a beira da água.

Enquanto isso, Parker, sufocando lentamente sob a pressão da água, lutava para alcançar a
superfície. Cada braçada parecia uma batalha árdua contra as forças que tentavam puxá-lo
para baixo. Seus pulmões clamavam por ar, e a escuridão começava a se fechar ao seu redor.

Entretanto, um súbito alívio chegou quando Anti-Venom, com seus tentáculos estendidos,
localizou o corpo do Homem-Aranha submerso. Com destreza e rapidez, Eddie resgatou
Peter, puxando-o para fora da água.

O herói aracnídeo ao chegar em solo firme tossiu violentamente, tentando recuperar o


fôlego e agradecendo silenciosamente por ter escapado do abraço implacável do oceano
tumultuado.

Sentado em um beco escuro, longe do caos e das luzes ofuscantes da prisão, Peter
desabafava suas preocupações. O cansaço físico e mental refletia em seus olhos, uma
mistura de desânimo e frustração.

"Não importa o quanto eu me esforce, Eddie. O Halloween planejou tudo minuciosamente.


Eles estavam só me usando, desgastando-me aos poucos. Cada vilão que eu prendi era
apenas uma distração, uma forma de me fazer gastar minhas forças. E agora, olha só, todos
esses vilões estão à solta novamente", desabafou Peter, passando a mão cansada pelo rosto
mascarado.

Eddie, ao lado, ouvia atentamente, sua figura imponente refletindo compreensão enquanto o
simbionte liberava seu rosto da proteção, mostrando a feição do hospedeiro. "Peter, você fez
o seu melhor. Ninguém poderia ter previsto tudo isso. Eles armaram uma armadilha, mas
você vai dar um jeito. Sempre dá."

Peter suspirou, olhando para o horizonte onde a cidade, agora evacuada, ainda pulsava com
a ameaça que pairava sobre ela. "Eu sei, Eddie. Mas às vezes, parece que não importa o
quanto eu lute, eles sempre encontram um jeito de voltar. É exaustivo, física e
emocionalmente. Não sei se consigo deter todos eles, especialmente agora que estão agindo
em conjunto."

Eddie colocou uma mão reconfortante no ombro de Peter. "Você é mais forte do que pensa,
Parker. E você não está sozinho. Nós enfrentaremos isso juntos, como eu sempre te ajudei
desde que... nossa."

168
Peter olhou para Eddie, a gratidão e a determinação se refletindo em seus olhos. "Valeu,
Eddie. Vamos precisar de toda a ajuda que pudermos para superar essa."

Na escuridão do beco, onde as sombras pareciam dançar ao redor deles, as palavras de


Eddie reverberaram como um eco resiliente. Seu tom, carregado de experiência e
cumplicidade, flutuou no ar, penetrando nas profundezas da alma de Peter. No silêncio
tenso, cada palavra proferida por Eddie ressoou como uma ode à jornada compartilhada que
eles tinham enfrentado juntos. "Sabe Peter, você desde seus quinze anos tem feito de tudo
por essa cidade, sem férias, sem pausa. Você nunca desistiu, nunca se rendeu, não é agora
que isso vai acontecer, não enquanto eu estiver por aqui. Vamo lá Homem-Aranha, essa
cidade é nossa."

A iluminação escassa destacava os contornos determinados dos rostos de ambos. O brilho


fraco revelava a expressão séria no rosto de Eddie, enquanto ele falava com uma mistura de
compreensão e camaradagem. Levantando-se, Eddie estendia sua mão. Era mais do que um
movimento físico; era uma ascensão simbólica, uma postura que convidava Peter a
erguer-se da carga que oprimia seus ombros. "Você me ensinou a apreciar essa cidade ao
invés de querer destruir ela, levanta Peter... levanta Homem-Aranha, ainda não acabou."

O gesto de solidariedade, cortava o espaço entre eles como uma ponte invisível. Era um
convite para Peter, um chamado para superar a exaustão física e emocional que se
acumulava. A cicatriz no rosto de Eddie testemunhava as lutas e sacrifícios, uma testemunha
silenciosa da resiliência que os dois compartilhavam.

Ao aceitar a mão estendida, Peter sentiu a conexão renovada entre eles. Era mais do que um
simples gesto de ajuda; era um símbolo de camaradagem, de amigos que enfrentaram os
mais sombrios cantos da cidade juntos. A cidade, por sua vez, permanecia como um pano de
fundo sombrio, mas a determinação deles prometia desafiar as trevas que a envolviam.

"Às vezes eu me pergunto se você não aprendeu mais rápido do que eu esse lance de
heroísmo", refletiu Peter, sua voz carregada de reflexão enquanto ria em leveza. Uma breve
pausa se estabeleceu, como se o próprio tempo aguardasse a conclusão dessa introspecção
conjunta.

A resposta de Venom, vinda com a intensidade característica de sua voz grave, cortou o
silêncio. "Todos nós aprendemos com o melhor." Era uma declaração simples, mas
carregada de significado, uma expressão de respeito mútuo e reconhecimento pelo caminho
árduo que ambos percorreram.

Um silêncio respeitoso pairou sobre o beco, preenchido apenas pelo eco distante da cidade
noturna. Então, como se as sombras que envolviam o lugar permitissem a revelação de

169
verdades profundas, Venom, o simbionte, surgira das costas de Eddie, continuando. "Eu
nasci de ódio, Peter, alimentei ódio por você. Quando eu conheci o Eddie, nós nos
conectamos por ódio, mas acho que não teríamos feito a simbiose perfeita se não tivéssemos
aprendido a amar. Você nos ensinou isso."

O silêncio se estendeu por um momento, antes de Venom concluir com um


comprometimento inabalável. "O Homem-Aranha inspira mudança, e ele não pode fraquejar
agora. Estamos com você, vamo lá quebrar umas caras." Era uma declaração de redenção,
um vínculo que antes tivera nascido do ódio.

"Você tá certo, Eddie", murmurou Peter, a voz carregada de gratidão e resolução. "Vamos
mostrar a essa cidade que ainda não acabou." Eddie testemunhava a resolução firme
estampada no rosto de Peter. Seu olhar, refletindo a luminosidade fraca da cidade à
distância, transmitia uma mistura de determinação e cansaço acumulado pelos confrontos
recentes. Os prédios ao redor lançavam sombras que dançavam ao ritmo da incerteza que
permeava o ar.

"São muitos deles, eu não sei se consigo com o que eu tenho agora", murmurou Peter
consigo mesmo, reconhecendo a magnitude da ameaça que enfrentava. Um suspiro escapou
de seus lábios, carregado de reflexão sobre os desafios que se desenrolavam diante dele.

O momento se tornou solene, e, em um gesto simbólico, Peter recordou as últimas palavras


de Otto Octavius, que haviam ecoado como um presente de despedida. "O Otto me deu um
presente de despedida", ele disse. Era como se a herança de Octopus, um legado complexo e
carregado de ambiguidades, se manifestasse como uma ferramenta vital em um momento
crucial.

"Chegou a hora de fazer algo com ele", proclamou Peter, elevando seu olhar para o
horizonte onde os edifícios se erguiam como sentinelas noturnas. Sua voz, tingida de
resolução, cortou a quietude do beco, ecoando uma promessa de resistência diante das
adversidades. As luzes da cidade cintilavam ao longe, delineando um cenário que
testemunharia o próximo capítulo da saga do Homem-Aranha.

Com passos decididos, Peter Parker se dirigiu para o fim do beco, pronto para desvendar o
potencial do presente deixado por Octopus e enfrentar os desafios iminentes. O manto do
herói pesava sobre seus ombros, mas a chama da esperança ainda ardia, alimentada pela
determinação de um homem e seu inabalável dilema de que com grandes poderes, vem
grandes responsabilidades.

170
171
XIV - ARANHA DOURADA,
HISTÓRIA PASSADA

172

Você também pode gostar