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Processo de Obtenção de Celulose

Preparação da Madeira

Este item abrange o manuseio da madeira a partir do momento que entra


na fábrica até o instante em que é enviada para o processo de Polpação, já na
forma de cavacos.

A madeira pode ser recebida na fábrica, em forma de toras, com ou sem


casca.

O transporte da região florestal até a fábrica pode ser feito por diversos
meios, trens, caminhões ou barcaças.

Normalmente após o recebimento a madeira em toras é estocada


estrategicamente em pátio interno ou externo à fábrica, porém, o mais próximo
possível da área industrial e do processo de cozimento.

É de fundamental importância que a madeira passe por uma série de


etapas operacionais com o objetivo de fornece características especiais as
quais influenciam diretamente nos aspectos qualitativos e quantitativos para o
processo de obtenção da polpa celulósica.

Podemos destacar o diagrama seguinte com as seguintes operações:

Estocagem de Madeira
Limpeza

Descascamento Biomassa

Casca

Picagem Finos

Peneiramento Repicagem

Estocagem de Cavacos

Cavacos para Digestor

O layout de um pátio de madeira deve levar em consideração os


seguintes fatores:

 Forma na qual a madeira é recebida;

 Meio, volume e freqüência de fornecimento;

 Tipo e número de espécies;

 Preparação da madeira requerida;

 Meio escolhido para manuseio do resíduo;

 Área disponível e sua topografria.

Estocagem da Madeira

A estocagem da madeira próximo da área de cozimento é importante:

 Para se manter um estoque estratégico no parque fabril, em função da


distancia das florestas, problemas com transportes, dificuldades
inerentes à própria exploração florestal;
 Homogeneização do material quanto às questões de umidade.

Limpeza

O objetivo da lavagem das toras de madeira é principalmente a retirada de


areia, principal contaminante arrastado das áreas florestais para o parque
fabril.

Este material adentrando ao processo provoca inconvenientes e prejuízos


para a industria, podemos citar:

 Desgaste em materiais metálicos e equipamentos – redução da vida útil


destes materiais e equipamentos;

 Ajuda nos processo de aglomeração de materiais indesejáveis no


processo promovendo obstruções em peneiras e equipamentos.

Descascamento

A madeira a ser utilizada para a produção de celulose geralmente é


descascada devido a uma serie de fatores, citamos:

 Na estocagem da madeira com casca, a susceptibilidade ao ataque de


microrganismos é maior;

 Na produção e classificação dos cavacos, há maior produção de finos e


de grumos de cascas e maior ocorrência de entupimentos das peneiras
de classificação dos cavacos;

 Na estocagem dos cavacos em silos e em seu manuseio, é muito maior


ocorrência de entupimentos;
 Na alimentação e circulações mássicas em digestores contínuos, é
muito maior a ocorrência de entupimentos das peneiras das circulações
de licor;

 Maior entupimento das telas de filtros lavadores devido presença de


material fino;

 Aumento substancial no teor de sólidos secos à caldeira de recuperação


devido menor rendimento no cozimento e maior demanda de álcali ativo
para polpação;

 Dificuldades operacionais nos evaporadores devido incrustações de


matéria orgânica e de sílica, exigindo mais freqüentes lavagens;

 Muito maior formação de espumas devido presença maior de extrativos


nas cascas;

 Rendimento em celulose muito menor, podendo com isso causar uma


perda de produção diária da fábrica;

 Muito maior consumo de reagentes químicos, tanto no cozimento (álcali


ativo), como no branqueamento (cloro ativo);

 Maior quantidade de íons metálicos que comprometem o


branqueamento ECF e TCF onde se usam compostos de oxigênio;

 Frente à menor densidade básica da casca, ela ocupa um volume dentro


do digestor que poderia ser ocupado por maior peso de cavacos de
madeira. Consequentemente, a produção do digestor é menor quando
há casca acompanhando os cavacos em relação a quando se cozinha
madeira isenta de casca. Significa que uma mesma fábrica pode ter sua
produção aumentada se deixar de consumir casca junto aos cavacos;

 A presença de casca provoca o escurecimento da celulose e muito


maior teor de sujeiras contaminantes, o que exige uma depuração muito
mais sofisticada;

 A casca está sempre associada à presença de outros contaminantes


como terra, areia, galhos e folhas. Todos prejudicam a qualidade do
produto e as operações desde o cozimento até a produção do papel.
Além disso, há também a abrasão dos equipamentos causada por esses
contaminantes;

 As resistências físico-mecânicas da celulose diminuem pela presença de


casca;
 Na preparação da massa, o controle da refinação é prejudicado pelo fato
das fibras e finos da casca possuírem drenabilidade mais lenta e maior
índice de retenção de água (“Water Retention Value”);
 Na máquina de papel, há dificuldades com a drenagem, com a
resistência a úmido das folhas e com a qualidade do papel.

A facilidade maior ou menor para se remover a casca da madeira


depende basicamente:

 Da forma ou geometria superficial da madeira (forma tortuosa,


rachaduras, tocos provenientes de galhos);

 Da espécie em utilização;

 Da estação do ano, condições climáticas;

 Da estocagem das toras – quanto mais seca a madeira maior a


dificuldade para descascar;

 Do processo empregado para descascamento.

Várias técnicas têm sido desenvolvidas para a remoção de cascas – as


quais deram origem a diversos tipos de equipamentos. Alguns fatores
importantes para a seleção do melhor equipamento:

 Volume de madeira a ser descascada;

 Espécies utilizadas;

 Condições climáticas;

 Disponibilidade de mão de obra e de energia;

 Custos do equipamento e de instalação;

 Custos de operação;

 Eficiência do descascamento.

Os equipamentos mais comuns são os descascadores de:

 Tambor ("drum barker");

 Bolsa ("pocket barker");

 Anel ("ring barker");

 Corte ("cutter head barker");

 Hidráulico ("hydraulic barker").

 Faca ("knife barker").


Descascador de Tambor

 A madeira é alimentada continuamente em um tambor cilíndrico


rotatório com ranhuras para permitir a saída das cascas;

 São montados inclinados e giram com velocidade lenta – isso permite o


atrito entre as toras e as paredes do tambor, ocasionando assim a
remoção da casca. Nas paredes internas o tambor possui saliências
metálicas, na forma de barras ou placas de metais;

 O diâmetro dos tambores é selecionado em função do comprimento das


toras a serem descascadas, sendo geralmente 1,6 a 1,8 vezes o
comprimento das toras. Com um descascador de 5,0 metros de diâmetro
e 20,0 metros de comprimento consegue-se descascar cerca de 320 m 3
esteres / hora de Eucalipto e cerca de 450 m3 esteres / hora de Pinus;

 Os tambores podem ser operados ou não com a inclusão de jatos de


água, que visão a limpeza da madeira e auxiliam a remoção da casca;

 Este tipo de equipamento representa um investimento alto, portanto são


empregados em industrias que requerem grande produtividade.

Descascamento na Floresta

Atualmente, existe cada vez mais a tendência de se descascar as árvores


na floresta. A razão principal é ecológica, mas os resultados econômicos daí
advindos são também relevantes.

A casca permanecendo na floresta colabora para melhorias substanciais


na conservação do sítio florestal e em sua produtividade. Não importa qual seja
a forma de se descascar na floresta, o importante é que a casca seja bem
distribuída pelo solo, de forma a não cobrir as cepas, pois se isso acontecer, a
brotação ficará prejudicada e a nova geração de árvores ficará muito desigual,
com muitas falhas.
De qualquer forma, essas operações apesar de robustas são de muita
facilidade.

O conceito é simples e a produtividade, a confiabilidade e a


disponibilidade das máquinas são boas.
Descascador móvel da DEMUTH.

Eucalipto e Pinus – madeiras descascadas.

Uma outra forma para se descascar toras no mato consiste no uso dos
harvesters. Esses equipamentos foram desenvolvidos para cortar, desgalhar e
secionar as árvores. Entretanto, com um pequeno ajuste no rotor, eles se
converteram em eficientes processadores globais, ou seja, entregam a tora
secionada e descascada.

Através da ação do rotor, a casca é esfregada, ralada e se parte, soltando


com alguma facilidade nas árvores verdes colhidas naquele exato momento.

A eficiência nesse momento não é tão grande, talvez seja de 80 a 90% de


descascamento.
Picagem da Madeira

O objetivo deste processo é reduzir toras de madeira a fragmentos, cujo


tamanho facilite a penetração do licor de cozimento dos processos químicos e
semiquímicos.

Os cavacos de madeira constituem um material de fácil transporte (por


correias ou pneumaticamente).

Os fatores mais importantes que afetam a qualidade dos cavacos são:

 Direção e velocidade da tora que adentra no picador;

 Ângulos de corte das facas;

 Velocidade de corte;

 Troca constante das facas.

Para entrar no cone de alimentação do picador, as toras grandes demais


devem ser cortadas previamente.

Antes dos picadores há um detector de metais para evitar queda de


materiais metálicos, os quais danificariam o equipamento.

Picadores de Discos

Os picadores de discos de múltiplas facas são os mais utilizados. As toras


de madeira são transportadas por esteiras, e um alimentador com rolos
dentados, e velocidade variável, leva as toras à boca do picador que recebe a
madeira através de uma calha em “V” que forma um ângulo que varia de 35 a
45º com o disco de facas.

O disco tem um diâmetro que varia de 70 a 450 cm e pode ser equipado


com 4,8,10,12, e, às vezes, com 16 ou mais facas. Cavacos são obtidos pelo
impacto da tora com as facas e deixam o picador através de fendas existentes
atrás do disco.
O ajuste das facas permite regular o tamanho dos cavacos. O calor
desenvolvido pela atuação da faca sobre a madeira faz perder o fio, portanto as
facas dos picadores requerem freqüente troca para afiação.

Essa freqüência varia de acordo com a espécie e as características da


madeira que está sendo picada, sendo que, geralmente faz-se uma afiação do
jogo de facas após um período de 4 a 10 horas de operação.

A maior porção de cavacos deve ter o comprimento variando entre 16 mm


e 25 mm.

Picador de Disco DEMUTH

Picadores de Tambor

Este equipamento consome menos energia que o picador de disco devido


à operação ser contínua e principalmente por ocorrer em um plano paralelo ao
do eixo das fibras. Os cavacos são produzidos de uma maneira mais uniforme
e praticamente dispensam uma peneiração após a picagem.

Em decorrência da baixa velocidade de picagem, ocorre o aumento na


vida útil das facas, diminuindo a necessidade de afiação destas.

A tora de madeira a ser forçada contra o rotor, é cortada em


comprimentos iguais pelas facas e primeira contra-faca, para ser, após,
descarregada pela peneira na forma de cavacos.
Partículas que foram mal picadas e ficaram desbitoladas são repicadas na
segunda contra-faca.
Alterações de comprimento de cavaco são facilmente obtidas a partir de
simples troca das engrenagens motoras do sistema de alimentação, e
alterando-se a relação rotação/número de facas e velocidade de entrada.
São utilizados na linha de produção normal e/ou como repicador de
materiais over size, após a classificação dos cavacos.
(Mod. Picador de Tambor da DEMUTH)

1 - Capota do Rotor 7 - Capota dos Rolos 13 - Rolo Acelerador


2 - Segunda Contra-Faca 8 - Rolo Transportador 14 - Rolo Transportador da Correia
3 - Rotor 9 - Articulador da Capota dos Rolos 15 - Correia Alimentadora
4 - Grampo de Fixação da Faca 10 - Peneira 16 - Rolo de Retorno
5 - Faca 11 - Sistema de Contra-Faca
6 - Conj.Anéis de Fixação do Rotor 12 - Pente Inferior

Peneiramento ou Classificação de Cavacos

Após a picagem os cavacos são classificados com o objetivo de separar,


do material aceito, os cavacos superdimensionados (over size) e os finos.

O material superdimensionado é repicado e os finos, ou são processados


separadamente, ou, então queimados na caldeira.
Os cavacos são lançados sobre a primeira tela perfurada por um funil
dosador de descarga que pode, opcionalmente, ser provido de uma rosca
equalizadora de fluxo.

Os cavacos menores que a perfuração da malha desta primeira tela de


classificação são lançados sobre a segunda e terceira tela, que por sua vez
descarregam aqueles com dimensões aceitas ao processo. Já os cavacos
sobredimensionados são retirados da peneira, por saída adequada, para serem
repicados e retornarem ao processo inicial da seleção.

O último patamar recebe todos os cavacos de menor tamanho não aceitos


no processo.

Estocagem de Cavacos

A estocagem é feita em silos ou em pilhas ao ar livre. As figuras seguintes


apresentam o modelo de pilhas (as grandes empresas utilizam os dois tipos).
Algumas vantagens da estocagem da madeira na forma de cavacos e em
pilhas ao ar livre são:

 Maior facilidade de manuseio;

 Disponibilidade de material, independente do funcionamento de


equipamentos como descascador, picador, etc;

 Alteração qualitativa e quantitativa de certos extrativos, cujo efeito é


benéfico.

Alguns cuidados também são importantes, principalmente quando não se


processa um manuseio adequado:

 Aumento da temperatura demasiada no interior da pilha de cavacos;

 Decomposição parcial com subseqüente perda de substância;


 Coloração da madeira que pode causar uma redução do grau de alvura
da polpa celulósica;

 Aumento do consumo de reagentes no cozimento;

 Perdas em rendimento e em propriedades físicas da pasta resultante;

 Perdas de resinas recuperáveis (Tall-oil e Terebentina).

Tais problemas são causados por um desencadeamento de reações


biológicas, microbiológicas e químicas durante a estocagem.

A intensidade destas reações depende do tipo e da idade da madeira


estocada, das condições climáticas e das dimensões e da forma da pilha.

Aproveitamento da Casca da madeira

Quando a madeira é descascada na floresta, perde-se o material para


utilização como biomassa – nesse caso o material servirá para enriquecer o
solo através da sua própria decomposição orgânica, adicionando nele os seus
nutrientes.

Quando a madeira é descascada na industria, a casca é picada e


estocada para alimentar as caldeiras de biomassa, transformando-se em
combustíveis, isso serve para reduzir os custos com aquisição de óleo e/ou gás
para geração de energia térmica e, em algumas unidades industriais, energia
elétrica também.

As espécies comerciais de eucaliptos de reflorestamento possuem entre


10 a 18% de seu tronco comercial como sendo de casca. As árvores clonais
melhoradas geneticamente para alto incremento volumétrico mostram entre 9 a
12% de casca em volume.

Povoamentos comerciais de menor incremento apresentam entre 12 a


18% de casca no volume das árvores.

Picador de cascas DEMUTH


(1) correia de alimentação (2) rolos transportadores inferiores (3) rolo
compactador superior dentado (4)rotor (5) rolo compactador, (6) facas (7)
primeira contra-faca (8) peneira (9)segunda contra-faca (10) (11) capotas do
rotor e do rolo compactador (12) Sistema de fixação da faca por grampos e
parafusos.

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