Você está na página 1de 31

1

INSTITUTO EDUCACIONAL SÃO JOSÉ – IESJ


“EDUCAR PARA TRANSFORMAR”
CNPJ: 30.797.621/0001-09
Educação, Ensino Médio (Médio/EJA), Educação Profissional de Nível Tecnológico
(Técnico em Agropecuária).
Autorização ou Reconhecimento do curso: Resolução nº 272 de 21 de maio de 2020
Inscrição no INEP – 151718
Curso: Técnico em Agropecuária
Disciplina: Silvicultura
Aluno (a): ___________________________________________________
Diretor: José Valderí Costa Furtado
Professor: Gaspar Ferreira Da Silva

APOSTILA DE SILVICULTURA

PIÇARRA
2022

Prof. Gaspar Ferreira da Silva


Eng. Agrônomo
2

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 4
2. A SILVICULTURA NO BRASIL................................................................ 4
2.1 Espécies Cultivadas .................................................................................... 5
2.2 Coleta E Beneficiamento De Sementes ....................................................... 5
2.3 Beneficiamento das Sementes Coletadas ................................................... 6
2.4 Planejamento e instalação de viveiros......................................................... 7
2.5 Instalações de um viveiro ............................................................................ 7
2.6 Tipos de viveiro ........................................................................................... 7
2.7 Os viveiros temporários ........................................................................... 7
2.7 Os viveiros permanentes ou fixos................................................................ 7
2.8 Informações Importantes ............................................................................. 8
2.8 Escolha do local .......................................................................................... 8
2.9 Produção das mudas .................................................................................. 8
2.10 Cuidados com as mudas em viveiros ........................................................ 9
2.11 Irrigação .................................................................................................... 9
2.12 Adubação .................................................................................................. 9
2.13 Controle de pragas, doenças e ervas daninhas ......................................... 9
2.13 Propagação De Mudas .............................................................................. 9
2.14 Propagação Via Semente........................................................................ 10
2.14.1 Área coleta de sementes (ACS) ........................................................... 10
2.14.2 Área produção de sementes (APS) ...................................................... 10
2.14.3 Pomar de semente por mudas (PSM) .................................................. 10
2.14.4 Pomar de semente clonal (PSC) .......................................................... 10
2.15 Propagação Via Clonagem Ou Propagação Vegetativa .......................... 11
2.15.1 Micro-propagação ................................................................................ 11
2.15.2 Macro-propagação ............................................................................... 11
2.16 Sistema de Produção de Sementes ........................................................ 11
2.17 Produção Do Substrato ........................................................................... 12
2.18 Semeadura ............................................................................................. 12
2.19 Retirada De Mudas ................................................................................. 13
2.20 Cuidados na Retirada das Mudas .......................................................... 13
2.21 Semeadura Direta Em Recipientes.......................................................... 13
2.22 Tipos De Recipientes .............................................................................. 13
2.23 Substrato ................................................................................................. 14
2.24 Preparo do Substrato .............................................................................. 15
2.25 Dormência das Sementes ....................................................................... 16
2. 26 Preparo do Solo ..................................................................................... 17
2.27 Combate à formiga .................................................................................. 17
2.28 Capina .................................................................................................... 18
2.29 Aplicação de herbicida pós-emergente em área total antes do plantio .... 18
2.30 Aplicação de herbicida pré-emergente nas linhas de plantio ................... 18
2.31 Aplicação de herbicida pós-emergente após o plantio ............................. 19
2.31 Preparo do solo ....................................................................................... 19
2.32 Adubação ................................................................................................ 19
2.33 Calagem.................................................................................................. 20
2.34 Adubação de base e de cobertura ........................................................... 20
2.35 Plantio ..................................................................................................... 20
2.36 Irrigação .................................................................................................. 21

Prof. Gaspar Ferreira da Silva


Eng. Agrônomo
3

2.36 Replantio ................................................................................................. 21


2.37 Condução da Floresta ............................................................................. 21
2.38 Talhadia .................................................................................................. 21
2.38 Desrama ................................................................................................. 22
2.39 Desbastes ............................................................................................... 22
2.40 Colheita ................................................................................................... 23
2.41 Carregamento ......................................................................................... 23
2.42 Armazenagem ......................................................................................... 24
2.43 Armazenagem Ao Ar Livre ...................................................................... 24
2.44 Armazenagem Em Galpões .................................................................... 25
2.45 Produtos Da Madeira .............................................................................. 25
2.46 Exemplos ................................................................................................ 25
2.47 Dendrologia ............................................................................................. 25
2.48 Morfologia ............................................................................................... 26
2.49 Ecologia .................................................................................................. 26
2.50 Economia ................................................................................................ 26
2.51 Ficha Dendrológica ................................................................................. 26
2.52 Dendrometria .......................................................................................... 28
2.53 Tipos de medidas .................................................................................... 29
2.54 Idade das árvores ................................................................................... 29
REFERENCIAS .............................................................................................. 31

Prof. Gaspar Ferreira da Silva


Eng. Agrônomo
4

1. INTRODUÇÃO

A palavra silvicultura provém do latim e quer dizer floresta (silva) e cultivo de


árvores (cultura). Silvicultura é a arte e a ciência que estuda as maneiras naturais e
artificiais de restaurar e melhorar o povoamento nas florestas, para atender às exigências
do mercado. Este estudo pode ser aplicado na manutenção, no aproveitamento e no uso
consciente dasflorestas.
A silvicultura é dividida em clássica e moderna. A clássica abrange as florestas
naturais, buscando forças produtivas provenientes dos sítios ecológicos, e as restrições
são determinadas pela necessidade de não prejudicar a estabilidade natural do
ecossistema. Jáa moderna, opera com as florestas plantações, que são mais autônomas
do sítio natural, e mantidas artificialmente.
O objetivo de ambas é a produção de madeira e, durante seu manejo, é
necessária aparticipação de técnicos de diversas áreas. Porém, a silvicultura moderna não
tem apenas afinalidade de produzir madeira, mas também serviços e bens.
A silvicultura pode ser definida como prática para o melhor uso da floresta,
considerando o processo de produção, reprodução e cultivo de florestas, levando sempre
em consideração práticas para a preservação e o reflorestamento.

2. A SILVICULTURA NO BRASIL

Na economia brasileira, a atividade florestal sempre teve grande destaque, a


exploração florestal foi uma das primeiras atividades econômicas do país, iniciando-se
logoapós a chegada dos portugueses com a exploração do pau-brasil.
A Silvicultura Brasileira de florestas plantadas comemorou recentemente seu
centenário, baseando-se na introdução do eucalipto em escala comercial, impulsionando
uma grande transformação na produção de madeira, marcado por uma amplitude de
indústrias e produtos, composta basicamente de madeira industrial (celulose e papel e
painéis), processamento mecânico da madeira (serrados e compensados) e de madeira
paraenergia (lenha, cavaco e carvão vegetal).
De acordo com o Sistema Nacional e Informações Florestais (SNIF), o número
de florestas plantadas pulou de 33% para 77% entre os anos 1990 e 2010. Com uma
maior conscientização ambiental dos produtores, essa porcentagem tende a subir nos
próximos anos. Hoje o Brasil detém hoje as melhores tecnologias na silvicultura do
eucalipto, atingindogrande produtividade.
Atualmente, a silvicultura responde por mais de 70% da produção de madeira
no país(segundo levantamento do IBGE), sendo os principais produtos a celulose, o
carvão e a lenha. Contudo, isso não vale para a região Norte, onde a Floresta Amazônica
ainda supre a maior parte da demanda por produtos madeireiros e não-madeireiros. Esse
quadro tambémdeve se reverter a longo prazo, visto que o desmatamento na Amazônia
é combatido com intensidade cada vez maior e o manejo florestal sustentável, embora
importante, não pode assegurar o suprimento de madeira no ritmo de crescimento da
demanda, especialmente para fins energético.
Alguns estados da região Norte, como o Amapá, Roraima, Tocantins e o Pará
possuem consideráveis extensões de florestas plantadas, dada a existência de
siderúrgicase fábricas de celulose na região. Já no Amazonas, no Acre e em Rondônia,
as áreas ainda são pequenas, mas crescentes. A princípio, o principal produto das
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
5

florestas plantadas destes estados deve ser a lenha, para o abastecimento de caldeiras de
cerâmicas, frigoríficos, graníferas e termelétricas, além de fornos de panificadoras e
restaurantes.
Não obstante, a crescente demanda por madeira para fins energéticos, o plantio
de árvores para produção de madeira serrada, tratada e painéis de madeira, nos estados
da região Norte, também pode ser uma alternativa economicamente viável, podendo-se
trabalhar em sinergia com o manejo florestal sustentável. Afinal, serrarias, marcenarias
e fábricas painéis de madeira, geralmente, podem beneficiar tanto madeiras nativas
quanto exóticas.

2.1 Espécies Cultivadas

Em se falando de espécies florestais para cultivo, atualmente, os eucaliptos são


os mais cultivados, ocupando mais de 6,5 milhões de hectares no Brasil (74% do total
de florestas plantadas), segundo a Associação Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas (ABRAF). Com exceção de Roraima, onde a acácia-mangium parece ser
preponderante, nosdemais estados da região Norte os eucaliptos também são as principais
espécies cultivadas.
A preferência pelos eucaliptos se explica por sua elevada produtividade,
plasticidade (podem ser cultivados em diversas condições edafoclimáticas),
multiplicidade de uso (lenha,celulose e madeira serrada, por exemplo), disponibilidade
de material genético e aceitação no mercado. Apesar de ser a segunda essência mais
cultivada no Brasil, os plantios de pinos na região Norte são tímidos, provavelmente
devido à baixa demanda por celulose de fibra longa, madeira e resina pelas fábricas da
região.
Ainda com relação às espécies exóticas, uma espécie que tem sido cada vez
mais plantada na Amazônia Legal é a teca (Tectona grandis), conhecida por sua madeira
nobre, de alto valor de mercado. Já grandes extensões de acácia-mangium existem
basicamente em Roraima. A acácia-mangium, assim como os eucaliptos, é relativamente
rústica e presta-se para a produção de lenha, celulose, madeira serrada e mel. Também é
fixadora de nitrogênio atmosférico, sendo bastante empregada em recuperação de áreas
degradadas. Porém, não há disponibilidade de materiais melhorados e sua aceitação no
mercado regionalnão é tão alta.
Com relação às espécies nativas, para produção de madeira, apenas o
Schizolobiumparahyba var. amazonicum, conhecido como paricá ou bandarra, possui
considerável área plantada (cerca de 85 mil hectares), concentrada em Tocantis e no
Pará. A espécie possui rápido crescimento e seu principal uso é a fabricação de
laminados.
A Floresta Amazônica possui uma grande diversidade de espécies nativas com
potencial para produção de madeira, como o pau-de-balsa (Ochroma pyramidale), a
sumaúma (Ceiba pentandra), o taxi-branco (Sclerolobium paniculatum), o ipê
(Handroanthus spp.) e o tauari (Couratari spp.). Domesticar essas espécies é
fundamental para garantir a perpetuidade do setor florestal, pois pode evitar o
esgotamento das árvores de remanescentes florestais e garantir o suprimento de produtos
diversificados, tanto para o mercado interno quanto para exportação.

2.2 Coleta E Beneficiamento De Sementes

O primeiro passo para produção de mudas florestais e posterior estabelecimento


Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
6

de um viveiro é a coleta de sementes, que graças ao mecanismo de dormência, possibilita


que fiquem disponíveis para serem armazenadas por longos períodos de tempos,
provendo assim, condições para que as mudas possam ser produzidas em épocas
distintas daquelasque as sementes foram produzidas.
A coleta de sementes deve ser feita de árvores selecionadas, considerando os
objetivos do plantio florestal que será formado, chamadas de árvores matrizes, essas
árvoresem sua maioria apresentam as chamadas ‘características superiores’ às demais,
como altura, boa formação de copa, bom diâmetro, qualidade da madeira, frutificação,
não presença de bifurcações ou ataques de pragas e doenças. Todavia essas
características podem variar de acordo com a finalidade do plantio da floresta.
A coleta deve respeitar alguns requisitos; em florestas naturais a mesma não pode
serfeita todas de uma mesma árvore matriz, sendo recomendado coletar de no mínimo
15 árvores por espécie, estando distantes entre 50 e 100 metros entre elas, se por acaso
as árvores se localizarem próximas umas das outras, nesse caso deve considera-las como
sendo uma família, devendo colher o fruto de no mínimo 5 grupos de famílias com
distânciasvariando de 50 a 100 metros, e em 3 árvores diferentes da mesma família. Já
se você for coletar sementes em uma floresta plantada deve-se coletar de um maior
número de árvorespossíveis, partindo-se do princípio de que todas possuem a mesma
característica genética.
As sementes devem ser coletas em sua época de maturação (varia entre espécies),
ou seja, quando os frutos começam a secar e abrir ou até mesmo mudar sua coloração
(maturação). Deve-se tomar cuidado com os frutos leves ou alados (como é o caso dos
ipês)eles devem ser coletados antes que se abram, pois os mesmo podem ser levados pelo
vento.
Existem algumas maneiras das sementes serem coletadas, podendo ser através
de escadas, utilizando podão, equipamento de alpinismo, etc. esses métodos variam
muito de espécie para espécie, terreno e experiência do coletor.

2.3 Beneficiamento das Sementes Coletadas

Após termos coletados as sementes entramos na parte do beneficiamento. Essa


faseconsiste na remoção das sementes de seu fruto, sementes envoltas de frutos carnosos
podem ser extraídas por meio da técnica da maceração ou despolpamento (bastante
utilizada para frutos de goiti, araçá, jambo, mangaba, cajarana, cajá, jatobá) com uso de
peneira e água o coletor ira esfregar os frutos para que os mesmos liberem as sementes,
após essa técnica as sementes são postas para secagem, esse despolpamento do fruto
pode variar conforme a espécie, algumas são necessário os frutos ficarem imersos em
águapor até 24 horas.
Para a retirada das sementes dos frutos secos caso os mesmos não se abram
naturalmente utiliza-se processos mecânicos como martelos, facas, tesouras, facões e até
mesmo machado (ex. Flamboyant, tamboril, jucá).
Depois de beneficiadas, as sementes contêm materiais indesejáveis (como
restos de frutos, galhos, sementes chochas e de outras espécies, etc.), que devem ser
removidos afimde facilitar a secagem, o armazenamento e a semeadura, para espécies
florestais costuma-se utilizar peneiras ou até mesmo catação manual.
É importante que as sementes sequem até atingirem a umidade adequada para
a espécie (que varia bastante, podendo ser de aproximadamente 5% para algumas e de
40%para outras, são as chamadas sementes ortodoxas, diferentemente das recalcitrantes
que não toleram o processo de secagem sendo que as mesmas devem ser plantadas logo
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
7

após a colheita ex.: abacate, manga, cacau), quando estarão prontas para serem
armazenadas. Isto diminui o risco de que elas sejam atacadas por fungos e outros
microrganismos ou quepercam sua capacidade de germinar.
Após todo o trabalho com as sementes, parte-se para o setor da preparação do
espaço para produção de mudas, nesta etapa, trataremos do planejamento e instalação de
viveiros florestais.

2.4 Planejamento e instalação de viveiros

O viveiro de produção de mudas é uma área ou superfície de terreno, com


características próprias, destinada a produção, ao manejo e a proteção das mudas até que
tenham idade e tamanho suficientes para serem transplantadas no local definitivo,
resistindo às condições adversas do local de crescimento e apresentar um bom
desenvolvimento.
O êxito de um projeto, quer tenha a finalidade de ornamentação, produção de
frutos, florestas ou arborização, depende diretamente da qualidade das mudas
produzidas. Mudascom sistema radicular e parte aérea bem formada, com bom estado
nutricional, livres de pragas e doenças, têm altas taxas de sobrevivência e
desenvolvimento após o plantio.

2.5 Instalações de um viveiro

Antes de instalar o viveiro é necessário responder à pergunta: por quanto tempo


queroter esse viveiro ativo? É algo temporário ou de longa duração? Com a resposta em
mente veja abaixo os principais tipos de viveiro e suas características.

2.6 Tipos de viveiro

Quanto à sua duração, os viveiros podem ser classificados em temporários e


permanentes, e quanto a proteção do sistema radicular, em viveiros com mudas de raiz
nua(canteiros no chão) ou em recipientes.

2.7 Os viveiros temporários

Destinam-se à produção de mudas em determinado local durante apenas certo


período e, cumprindo as finalidades a que se destinaram, são desativados. Esses viveiros
são de instalações simples, geralmente dentro da área de plantio, visando a redução de
custos de transporte das mudas e melhor adaptação das mesmas às condições climáticas
do local. São adequados quando o objetivo for reflorestamento de pequenas áreas, e até
mesmo de grandes áreas, no entanto, longe de outras áreas.

2.7 Os viveiros permanentes ou fixos

Têm por finalidade produzir mudas durante muitos anos, e por isso requerem
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
8

planejamento muito mais cuidadoso, uma vez que suas instalações são mais sofisticadas
seonerosas, para suportar o maior período de produção de mudas. Ele deve ser localizado
naparte mais central da área a ser plantada, evitando, assim, altos custos de transporte
das mudas para o campo.
Se o objetivo for produção de mudas para comercialização geralmente, ele é
instaladopróximo aos centros consumidores das mudas.

2.8 Informações Importantes

- A extensão do viveiro será determinada em função de alguns fatores:


- Quantidade de mudas que serão produzidas para plantio e replantio;
- Densidade de mudas por metro quadrado – em função das espécies;
- Espécies escolhidas e período de rotação das mudas;
- Dimensões dos canteiros e passeios entre eles;
- Dimensão das instalações – galpões e etc.

2.8 Escolha do local

O local para a construção de um viveiro deve ser definido depois da análise


cautelosa de diferentes aspectos do ambiente. De preferência, o construtor deve
considerar uma áreacom as seguintes características:
Inclinação do terreno: o terreno deve ser levemente inclinado (1% a 3%) a fim
de evitaracúmulo de água das chuvas ou mesmo do excesso de irrigação.
Drenagem: o solo deve oferecer boa drenagem, evitando-se solos pedregosos
ou muito argilosos.
Fonte de água: a disponibilidade de fonte de água limpa e permanente deve ser
suficiente para irrigação em qualquer época do ano.
Proximidade das áreas de plantio: a localização deve ser próxima do local onde
as mudas serão plantadas, principalmente no caso de viveiros temporários.
Orientação geográfica: o maior comprimento do viveiro deve ficar no sentido
do sol nascente para o poente (leste-oeste), o que garantirá ambientes totalmente
ensolarados namaior parte do tempo.
Proteção das mudas: o local deve ser cercado para evitar a entrada de animais,
alémde implantação de quebra-ventos, que deverá servir para a proteção das mudas, das
sementeiras, dos sombrites e demais instalações do viveiro.

2.9 Produção das mudas

Após ter coletado e beneficiado as sementes, planejado e montado o viveiro,


chegamos na parte de produzir nossas mudas.
Na escolha de recipientes deve-se considerar o tamanho inicial e final da muda,
custode aquisição, durabilidade, facilidade de manuseio e de armazenamento, dentre
outros. De modo geral, o tamanho do recipiente deverá ser escolhido de forma a
proporcionar o maior volume possível de solo às raízes, mas que seja de menor peso
possível e facilmente transportável.
A forma de propagação pode ser por sementes, vegetativamente ou por divisão.
As plantas propagadas por sementes são plantadas em sementeiras ou canteiros, ou
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
9

diretamente em sacos plásticos ou tubetes. Para as plantas propagadas vegetativamente,


oempreendedor deverá manter uma área com várias plantas matrizes para extração de
mudas, enxertos e bulbos. As plantas propagadas por divisão poderão ser plantadas
diretamente em sacos plásticos ou tubetes.

2.10 Cuidados com as mudas em viveiros

Após semeadura, as mudas necessitam de cuidados especiais, para que possam


desenvolver-se corretamente.

2.11 Irrigação

Todo viveiro necessita de água. Assim, deve-se planejar uma boa forma de
poder irrigar as mudas, diariamente. Deve-se molhar o substrato das mudas pelo
menos duas vezes ao dia, recomendam-se o início da manhã e o final da tarde. Para
estufa, recomenda-se o sistema de irrigação por nebulização (para deixar o ar úmido) já
para casa de sombra ou de pleno sol, os sistemas de irrigação devem promover gotas
mais grossas, o que levaráum maior consumo de água.

2.12 Adubação

Com a perda que pode acontecer durante a rega, a reposição de nutrientes pode
sernecessária durante o desenvolvimento das mudas, esse processo varia muito para cada
espécie, visto que pode variar a necessidade de determinado nutriente.

2.13 Controle de pragas, doenças e ervas daninhas

A presença de folhas murchas, amarelas ou cortadas indica que as mudas podem


estar doentes ou sendo atacadas por pragas. Se for o caso de doença nas folhas,
recomenda-se inicialmente a redução do sombreamento e da irrigação. Se isso não for
suficiente, pode ser necessário pulverização com fungicida, mas qualquer ação nesse
sentido deve ocorrer sempre mediante orientação de técnicos profissionais.
O controle de ervas daninhas deve ser feito por todo o viveiro, e não nos
canteiros, podendo ser feito manualmente (arrancando as ervas com a mão) ou por
mediante o uso deherbicidas.
As sementeiras suspensas resolvem muitos problemas relacionados ao ataque
de pragas como moluscos, cupins e roedores. Sistemas de propagação de mudas de
essênciasflorestais

2.13 Propagação De Mudas

Atualmente, o Brasil atingiu grande desenvolvimento do setor florestal obtendo


alta produtividade em suas florestas plantadas, sendo alcançado pelas condições
climáticas favoráveis, qualidade genética das florestas e pelo manejo adequado. A
obtenção de florestadeve ser iniciada com a aquisição de material adequado às condições
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
10

locais e finalidade. Esse material deve ser oriundo de um processo de melhoramento que
consiste na seleção e propagação de plantas com as características desejadas, também
chamadas de plantas superiores.
A propagação das mudas pode ser realizada de duas maneiras via semente ou
via clonagem (propagação vegetativa).

2.14 Propagação Via Semente

Este tipo de propagação gera maior variabilidade entre os indivíduos o que


possibilita maior distribuição e adaptação do material em condições de solo e clima
diferentes.

2.14.1 Área coleta de sementes (ACS)

A área de coleta de sementes consiste na escolha de algumas árvores com


características desejáveis. Cada árvore selecionada é chamada de planta-mãe, ou seja,
cada semente terá 50 % do material genético de origem conhecida. A principal vantagem
desse sistema é a grande disponibilidade de pólen que resulta em maior troca genética e
maior nível de polinização, conseqüentemente grande quantidade de sementes viáveis e
maior variabilidade genética. Os ganhos obtidos nessa área são relativamente baixos e é
recomendada para o início do melhoramento do material introduzido.

2.14.2 Área produção de sementes (APS)

Na área de produção de sementes ocorre a retirada das árvores sem as


características desejáveis através do desbaste seletivo. Assim cada semente terá 100 %
do material genético proveniente de árvores com as características desejáveis. As
principais vantagens desse sistema são: produção de sementes com material genético
superior; baixocusto e em curto período. Essa área deve ficar isolada de outras onde
existam florestas quepossam estar polinizando os indivíduos selecionados.

2.14.3 Pomar de semente por mudas (PSM)

O pomar de sementes por mudas é implantado a partir da seleção de plantas de


um teste de progênie (estudo feito sobre o comportamento das diferentes plantas
selecionadas de diferentes populações). A área deve ficar devidamente isolada e
corretamente manejadapara produção de sementes. Esse sistema tem maiores ganhos
genéticos, mas não pode ser obtido na introdução de material genético.

2.14.4 Pomar de semente clonal (PSC)

O pomar de semente clonal consiste na pré-seleção de diferentes materiais com


as características desejáveis que devem ser clonados e implantados, com o devido
isolamento,de modo a direcionar o cruzamento entre diferentes clones superiores. Nesse
sistema ocorrem grandes ganhos genéticos e também pode ocorrer a precocidade na
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
11

produção de sementes, quando a propagação é realizada via enxertia.

2.15 Propagação Via Clonagem Ou Propagação Vegetativa

A propagação vegetativa é utilizada para obter ganhos genéticos de


maneira maisrápida, pois essa técnica conserva características da planta mãe. Mas
deve-se ressaltar quemesmo em floresta de origem de propagação vegetativa podem
ocorrer diferenças entre ummesmo clone devido às diferenciações ocorridas durante a
fase de propagação do material.
Existem diversos métodos para a propagação vegetativa de plantas jovens ou
adultase para todos os métodos deve-se trabalhar com condições de umidade e
temperatura controlada e meios propícios para cada sistema.

2.15.1 Micro-propagação

Esse método de propagação vegetativa é baseado nas técnicas de cultura de


tecidose é realizado a partir de calos, órgãos, células e protoplastos. A cultura de tecidos
consiste em cultivar segmentos da planta em tubos de ensaio que contenham soluções
nutritivas e hormônios na dosagem adequada para o desenvolvimento. Após o termino
da fase de desenvolvimento em tubos de ensaio, as plantas passarão por aclimatização e
posteriormente serão levadas ao campo. Nesse sistema é possível obter com rapidez a
produção de um grande número de mudas idênticas.

2.15.2 Macro-propagação

O método de macro-propagação é baseado nos métodos convencionais de


estaquia e enxertia.
Estaquia – É o processo de enraizamento de estacas obtidas de material
selecionado. Essaé a metodologia mais utilizada nas grandes empresas florestais que
obtêm as estacas nos mini-jardins clonais. Podem existir nesse processo, além da
metodologia, algumas características inadequadas para o enraizamento das estacas,
como o material genético e aidade (o material adulto apresenta maior dificuldade de
enraizamento).
Enxertia – É o processo de inserção da parte superior de uma planta em outra,
através da implantação do ramo, gema ou borbulha da planta a ser multiplicada
(cavaleiro) sobre o porta-enxerto (cavalo). Nesse procedimento pode ocorrer a rejeição
do material, sendo quea melhor maneira de evitá-lo é utilizar plantas jovens.

2.16 Sistema de Produção de Sementes

Neste sistema as sementes são semeadas em canteiros para posteriormente


serem repicadas em recipientes, onde completarão o seu desenvolvimento. O processo
de semeadura em sementeiras já foi a prática mais utilizada para a produção de mudas
florestais, devido a grande oferta de mão-de-obra, e dos projetos de reflorestamento
que na sua maioria, não apresentavam grandes dimensões. Hoje este processo ainda
é utilizado para espécies que levam muito tempo para germinar, espécies que
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
12

apresentam germinação desuniforme ou que possuem sementes muito pequenas.

Dentre as vantagens das sementeiras podem ser citadas:

Possibilitam alta densidade de mudas por m2;


Garantem o suprimento de mudas no caso de
perdas;
Propicia maior uniformidade nos canteiros após a repicagem.

Entre as desvantagens:

A repicagem requer cuidados especiais no manuseio das mudas, evitando-se danos


principalmente ao sistema radicular;
Exigência de condições climáticas adequadas (dias úmidos e nublados) para o
processode repicagem;
Utilização de um aparato de cobertura (sombrite ou ripado) para os canteiros
demudas recém repicadas;
O custo de produção final da muda se torna um pouco superior.

2.17 Produção Do Substrato

O substrato utilizado para formar o leito de semeadura deve ser constituído


de uma mistura de terra arenosa, terra argilosa e esterco curtido na proporção de 2:1:1.
A terra deve ser retirada do subsolo, a uma profundidade de + 20 cm, a fim de se evitar
a ocorrência de propágulos de microrganismos e de sementes de ervas daninhas. Esta
deve ser peneirada em peneirões com malha de 1,5 cm. Deve-se dar preferência ao
uso do esterco curtido, que devido ao processo da compostagem, já eliminou
parte dos microrganismos patogênicos e disponibilizou parcialmente os nutrientes. Na
ausência de esterco o mesmo pode ser substituído por 2 a 4 kg de NPK (6:15:6) por m3
demistura.

2.18 Semeadura

Após o preparo da sementeira com o substrato, inicia-se a semeadura, que


podeser de duas formas:

A lanço: para sementes pequenas;


Em sulcos: para sementes maiores.

É fundamental que se distribua as sementes na sementeira de forma


uniforme,a fim de oferecer o mesmo espaço para cada planta, evitando-se assim
grande número de mudas por unidade de área, o que propicia o aparecimento de fungos,
além de aumentar os efeitos da competição. A densidade ótima de semeadura varia
de espécie para espécie ou mesmo entre sementes de procedências diferentes, região
para região, ou até mesmo com estações do ano.
A época mais apropriada para semeadura varia de acordo com os seguintes
aspectos:
•Espécie;
•Taxa de crescimento;
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
13

•Riqueza do solo utilizado;


•Clima local.
Após a semeadura, as sementes são cobertas com uma fina camada de substrato,
seguida de uma cobertura morta, a fim de proteger as sementes pré-germinadas dos
raios solares, ventos, pingos d’água, além de manter a umidade. Alguns materiais que
podem ser utilizados para cobertura morta são: Casca de arroz; Capim picado;
Serragem.

2.19 Retirada De Mudas

Deve ser feita por meio de uma espátula ou ferramenta semelhante. A


permanência das plântulas na sementeira, desde a germinação até sua repicagem
varia de espécie para espécie, de acordo com as seguintes características:
Eucalyptus spp: 3 a 4 cm de altura ou 2 a 3 pares de folhas, e no máximo
35 diasapós a semeadura.
Pinus spp: deve ser realizada após a queda do tegumento das sementes e
oaparecimento das primeiras acículas;
Demais espécies: 2 a 3 pares de folhas, uma vez que a altura é muito
variável entreas espécies.

2.20 Cuidados na Retirada das Mudas

 Molhar bem o canteiro antes de iniciar a operação;


 Molhar bem as embalagens que irão receber as mudas;
 Evitar dias de sol, ou se necessário, fazê-lo no início da manhã ou no fim
da tarde;
 Cobrir as mudas com um sombrite ou um ripado pelo período mínimo
(dependendoda espécie) de dois dias.

2.21 Semeadura Direta Em Recipientes

Este método vem a cada dia ocupando maior espaço nas empresas
florestais, especialmente na produção de mudas em grande escala. Isto se deve as seguintes
vantagens:
 A área do canteiro servirá apenas de base física para a colocação dos recipientes;
 Reduz o período para a produção de mudas;
 Produz mudas mais vigorosas;
 O substrato utilizado para encher os recipientes não é o do local do viveiro;
 Menor perda de mudas por doenças;
 Consegue-se mudas com o sistema radicular de melhor conformação;
 Menor custo, em relação as mudas produzidas por repicagem.

2.22 Tipos De Recipientes

A produção de mudas em recipientes vem a cada dia tendo uma maior


aceitação pelas empresas florestais, principalmente as que utilizam o Pinus e o
Eucalyptus como matéria prima, onde o tubete é o mais utilizado. Porém há vários
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
14

outros tipos de recipientes onde a escolha do ideal a ser utilizado vai depender da
espécie, das condições disponíveis do produtor e da produção esperada.

Principais vantagens, em comparação com a produção em raiz nua:


 Diminui o choque provocado pelo plantio;
 Melhor adaptação a sítios mais secos;
 Possibilidade de estender a estação de plantio;
 Replantio das falhas, na mesma estação de plantio;
 Resolve o problema da produção de mudas para
algumas espécies.As desvantagens são:
 Mais difíceis de serem manuseadas;
 Maior peso para o transporte;
 Oferece maior dificuldade em operações mecanizadas para o plantio;
 Dependendo do recipiente, exigem trabalho manual mais intensivo;
 Custo mais elevado de produção, transporte e plantio.

Na escolha do recipiente que se vai utilizar, alguns aspectos físicos


devem ser observados para a qualidade das mudas produzidas:
a) Forma: a forma do recipiente deve evitar o crescimento das raízes em
forma espiral, estrangulada, ou de qualquer outro problema. Indícios de recipientes
inadequados podem ser visualizados com a curvatura na base do fuste da muda
ea inclinação da árvore adulta, decorrentes de problemas no sistema radicular.

b) Material: o material não deve desintegrar-se durante a fase de produção


demudas, o que dificulta a manipulação e o transporte dos recipientes.

c) Dimensões: é a combinação entre a altura e o diâmetro. É deste


aspecto que resulta o volume de cada recipiente, onde, quando forem maiores que os
indicados provocam gastos desnecessários, elevam a área do viveiro, aumentam os
custos detransporte, manutenção e distribuição das mudas em campo. Por outro lado,
como a disponibilidade de água e nutrientes é diretamente proporcional ao volume
de substrato, dimensões pequenas resultam em volume reduzido, afetando o
desenvolvimento da muda. Outro problema é o sistema radicial que é variável de espécie
para espécie.
d) Rotação da espécie no viveiro: o período de produção da muda deve ser
compatível com a duração dos recipientes e deve atender a qualidade do substrato
pela perda dos nutrientes com a lixiviação.

2.23 Substrato

Sua principal função é sustentar a planta e fornecer-lhe nutrientes, água e


oxigênio. É composto por três fases, sendo elas:
 Sólida: constituído de partículas minerais e orgânicas;
 Líquida: formada pela água, na qual encontram-se os nutrientes, sendo
chamada de soluçãodo solo;
 Gasosa: constituída pelo ar, a atmosfera do substrato. Estes dois últimos são
inteiramente dependentes dos espaços livres no solo (poros), podendo ser
classificados ainda comomacroporos e microporos;
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
15

O substrato deve apresentar boas características físicas e químicas, sendo as


físicas as mais importantes, uma vez que a parte química pode ser mais facilmente
manuseada pelo técnico.

2.24 Preparo do Substrato

Para o preparo do substrato, alguns pontos devem ser observados: não


deve ser muito compacto, para não prejudicar a aeração e o desenvolvimento das raízes;
apresentar substâncias orgânicas, para melhorar a agregação e aumentar a capacidade
de troca catiônica e a retenção de água; e deve estar isento de sementes de plantas
indesejáveis, de pragas e de microrganismos patogênicos. São descritos abaixo, alguns
componentes que podem ser usados na constituição do substrato:

Vermiculita: é um mineral de estrutura variável, constituído de lâminas ou


camadas, justapostas em tetraedros de sílica e octaedros de ferro e magnésio. O
octaedro de magnésio, quando submetido ao aquecimento, expande-se. Isto resulta no
melhoramento das condições físicas, químicas e hídricas do solo. A vermiculita
possuia capacidade de reter a água do solo, deixando disponível para a planta,
em caso de uma breve estiagem. É um substrato praticamente inerte, sendo necessário
o balanceamento de nutrientes essenciais, por meio de adubações periódicas. Outro
grande problema da vermiculita é de se conseguir uma boa aderência do substrato
ao redordas raízes, sendo necessário levar o tubete ao campo até o momento do
plantio.

Composto orgânico: é o material resultante da decomposição de restos animais


e vegetais, através do processo da compostagem. Este processo consiste em amontoar
esses resíduos e, mediante tratamentos químicos ou não, acelerar a sua decomposição.
Adecomposição por microrganismos do solo processa-se mais rapidamente quando estes
encontram quantidades suficientes de nitrogênio e fósforo prontamente assimiláveis. Em
termos práticos, o teor de nitrogênio é que determina a velocidade de decomposição.
Quando o resíduo tem menos de 1% de N, a decomposição é extremamente lenta, por
ser um material pobre. Tendo o resíduo mais de 2% de N, a decomposição é rápida,
mas sujeita à perda de N para a atmosfera. O composto estimula a proliferação de
microrganismos úteis, melhora as qualidades físicas do solo, aumenta a capacidade de
retenção de água e nutrientes, facilita o arejamento e reduz o efeito da erosão pela
chuva.
Esterco bovino: quando bem curtido, muito contribui para melhorar as
condições físicas, químicas e biológicas do substrato, além de fornecer vários nutrientes
essenciais às plantas. Ele aumenta a capacidade de troca catiônica, a capacidade de
retenção de água, a porosidade do solo e a agregação do substrato, as quais são
mais importantes que os elementos químicos e nutrientes adicionados pelo esterco. O
valor do esterco como fertilizante depende de vários fatores, dentre os quais o grau de
decomposição em que se encontra e os teores que ele apresenta de diversos
elementos essenciais às plantas. O esterco bem curtido é útil misturado com outros
substratos, proporcionando resultados semelhantes ao do composto orgânico, porém
inferiores.
Moinha de carvão vegetal: é um subproduto do processo de carvoejamento,
uma vez que se constitui de partículas finas que não são aproveitadas pelas empresas
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
16

produtoras de ferro-gusa. Na produção de mudas utilizando tubetes, a moinha é um


excelente produto para ser misturado com outros substratos, principalmente os
orgânicos.
Terra de subsolo: deve-se dar preferência aos solos areno-argilosos, pois estes
apresentam boa agregação, permitem uma boa drenagem da água, não apresentam
problemas para o desenvolvimento das raízes, possui boa capacidade de reter
umidade e apresentam coesão necessária para a agregação ao sistema radicular. É
utilizada principalmente com mudas que são produzidas em sacos plásticos. É
importante se fazer uma análise química, para verificar a necessidade ou não, de
uma correção do pH, uma vez que espécies folhosas desenvolvem-se melhor em
solos com pH nafaixa de 6,0 a 6,5. Para a retirada da terra deve-se remover uma
camada superficialde aproximadamente 20 cm, para que a terra a ser usada no viveiro
não seja acompanhada por sementes de plantas indesejáveis.
Serragem: é um resíduo de serraria raramente usado, onde, por ser orgânico,
pode ser usado na produção do composto e em cobertura morta para viveiros. A
qualidade da serragem por sua vez vai depender da espécie de origem. Isto
porque a serragem pode conter resina, tanino, terebentina, muito comum em serragem
de coníferas e que podem ser tóxicas as plantas. Outro fator a ser considerado é
de que a serragem, por apresentar relação elevada de C/N (851/1), é um produto de
compostagem muito lenta, sendo assim importante que a serragem a ser utilizada no
viveiro esteja bem decomposta.

2.25 Dormência das Sementes

O termo dormência de sementes aplica-se à condição das sementes viáveis que


nãogerminam apesar de lhes serem fornecidas as condições ambientais adequadas para
germinarem (ex. água e temperatura conveniente). O fenómeno de dormência nas
sementes provém da adaptação das espécies às condições ambientais em que se
reproduzem. É, portanto, um recurso utilizado pelas plantas para germinarem na época
apropriada ao seu desenvolvimento, e que visa a perpetuação da espécie.

Consideram-se fundamentalmente três tipos de dormência:

Dormência inata descreve a dormência que se encontra presente imediatamente após a


paragem do crescimento do embrião, quando a semente se encontra na planta mãe. Esta
dormência já existe, portanto, quando colhemos as sementes. Este tipo de dormência
impede a semente de ter uma germinação vivípara, bem como, durante algum tempo
após o amadurecimento e a colheita das sementes. Existe sempre alguma variação na
duração do período de dormência das sementes de uma planta (polimorfismo).

Dormência induzida descreve a dormência que resulta de se fornecerem condições para


a semente germinar (ex. água) mas por ser desfavorável qualquer factor ambiental a
sementenão germina, e persiste dormente, mesmo que se remova o factor inibitório da
germinação.

Dormência forçada descreve a dormência que resulta das condições em que as


sementesviáveis não germinam por alguma limitação ambiental mas que germinam após
a remoção do factor inibitório da germinação.

Prof. Gaspar Ferreira da Silva


Eng. Agrônomo
17

Algumas causas de dormência das sementes:

Tegumento impermeável: as sementes com estas características, são chamados de


sementes com casca dura, por não conseguirem absorver água e/ou oxigénio.

Embrião fisiologicamente imaturo ou rudimentar: no processo de maturação da


sementeo embrião não está totalmente formado, sendo necessário fornecer condições
favoráveis para o seu desenvolvimento.
Substâncias inibidoras: são substâncias existentes nas sementes que podem impedir a
sua germinação.

Combinação de causas: necessariamente as sementes não apresentam somente um tipo


de dormência, podendo haver na mesma espécie mais de uma causa de dormência.

Alguns processos para quebra de dormência das sementes.

Escarificação química: é um método químico, feito geralmente com ácidos (sulfúrico,


clorídrico etc.), que possibilita as sementes a executar trocas de água e/ou gases com o
meioenvolvente.

Escarificação mecânica: é a abrasão das sementes sobre uma superfície áspera (lixa,
pisoáspero etc.). É utilizado para facilitar a absorção de água pela semente.

Estratificação: consiste num tratamento húmido à baixa temperatura, auxiliando as


sementes na maturação do embrião, nas trocas gasosas e na embebição pela água.

Choque de temperatura: é feito com alternância de temperaturas variando em,


aproximadamente, 20ºC, durante períodos de 8 a 12 horas.

Água quente: é utilizado em sementes que apresentam impermeabilidade do tegumento


e consiste na imersão das sementes em água à temperatura de 76 a 100ºC, com um tempo
de tratamento específico para cada espécie.

2. 26 Preparo do Solo

Na área florestal, para a obtenção e manutenção de uma boa produtividade,


alguns critérios quanto ao plantio florestal devem ser seguidos, dos quais se destacam
práticas de combate a formiga cortadeira, controle de mato competição, preparo de solo,
adubação, plantio e irrigação.
Assim, buscando-se adequar a um cronograma operacional para plantios
florestais, elaborou-se uma explicação das etapas básicas de implantação que tem como
objetivo auxiliar o pequeno produtor na formação de sua floresta.

2.27 Combate à formiga

As formigas cortadeiras são apontadas como uma das principais pragas


florestais. Ocombate às formigas pode ser dividido em três fases:
Inicial: realizado em toda a área a ser plantada. Quando o combate inicial for
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
18

feito após a limpeza da área, é indicado que se aguarde um período de aproximadamente


60 diasentre a operação de limpeza e o combate;
Repasse: operação que visa combater os formigueiros que não foram totalmente
extintos e é realizado por volta de 60 dias após o combate inicial, antes do plantio em
toda a área;
Monitoramento: realizado durante todo o período de formação e maturação da
floresta, prosseguindo após o corte da mesma. Após o plantio, o monitoramento deve
ser constante até o primeiro ano de plantio. É indicado que se faça o monitoramento
anual, de forma a evitar a proliferação dos formigueiro.
Os formicidas disponíveis no mercado são sob a forma de pó seco, de iscas
granuladas e de líquidos termonebuláveis.
As iscas granuladas são as mais utilizadas na área florestal devido a fácil
aplicação, baixo custo, alto rendimento em áreas limpas e menor perigo aos aplicadores.
Os dois princípios ativos usados para a produção de iscas encontrados no comércio são
sulfluramidae fipronil. Estes princípios ativos participam com 0,3 a 0,5% da isca, sendo
que o restante écomposto de material que funciona como atrativo para as formigas.

2.28 Capina

A mato competição é um dos fatores limitantes ao estabelecimento de florestas


no Brasil, afetando o desenvolvimento das culturas florestais através da competição por
água, luz e nutrientes.
O combate pode ser realizado de várias maneiras: roçadas manuais, mecânicas
e químicas. A escolha do melhor sistema de controle às plantas invasoras dependerá do
tamanho da área, da cultura, época de plantio, orçamento disponível, rendimentos
operacionais e taxa de colonização, entre outros.
O período de maior incidência de mato competição em plantações de eucalipto
ocorre até o 7º mês após o plantio. É nesse período, portanto que se deve ter mais
cuidados no controle das plantas invasoras.
O método químico de controle é o mais utilizado em razão de seus resultados
serem mais rápidos e eficientes, minimizando custos. Para este tipo de controle
recomenda-se a aplicação em três fases:

2.29 Aplicação de herbicida pós-emergente em área total antes do plantio

A aplicação de herbicida antes do plantio para o preparo da área pode ser feito
aproximadamente 15-25 dias antes do plantio. Para esta aplicação, o herbicida glyphosate
éo mais usado em plantios comerciais, pois este possui um efetivo controle sobre grande
número de espécies invasoras.
Na aplicação em área total são utilizadas barras de aspersão que cobrem grande
superfície.

2.30 Aplicação de herbicida pré-emergente nas linhas de plantio

Os herbicidas pré-emergentes são produtos usados para controlar o banco de


sementes das plantas daninhas depositadas sobre o solo. Sua aplicação é realizada logo
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
19

após o plantio das mudas, numa faixa de aproximadamente 1 metro na linha de plantio,
poiseste não possui ação sobre as mudas. Os herbicidas pré-emergentes mais utilizados no
meioflorestal são o isoxaflutole e o oxyfluorfen.

2.31 Aplicação de herbicida pós-emergente após o plantio

A aplicação de pós-emergente após o plantio deverá ser efetuado até o período


de ocorrência da mato competição. Nesta fase o herbicida pós-emergente pode ser
aplicado nas entrelinhas de plantio (aplicação mecânica), ou nas linhas de plantio
(manual). Tomando- se cuidados para não ocorrer deriva às mudas. O número de
aplicações depende da intensidade de infestação, sendo normalmente realizado uma ou
duas aplicações.

2.31 Preparo do solo

Atualmente o preparo do solo é realizado com base no conceito de cultivo


mínimo, devido a rápida evolução da silvicultura nas décadas de 80 e 90. O preparo do
solo tem comoobjetivo a diminuição da resistência do solo à expansão das raízes e maior
aproveitamento da água melhorando a condução e desenvolvimento do sistema
radicular.
O cultivo mínimo do solo consiste em revolvê-lo o mínimo necessário,
mantendo os resíduos vegetais (da cultura e de plantas invasoras) sobre o solo como
cobertura morta. Para plantações florestais, prevê a realização de um preparo localizado
apenas na linha ou na cova de plantio. Devido ao amplo espaçamento de plantio,
geralmente, 3,0 m entrelinhas,o volume de solo revolvido é bem menor do que aquele
realizado para culturas anuais.
Os implementos mais usados em áreas manejadas no sistema de cultivo mínimo
são o subsolador (profundidade de trabalho superior a 30 cm), o escarificador
(profundidade de trabalho até 30 cm), o coveador mecânico e implementos manuais que
são utilizados em áreas muito declivosas (forte ondulada e montanhosa).

2.32 Adubação

A adubação é uma prática que visa suprir as demandas nutricionais das plantas,
na busca por maior produção. No Brasil, as maiores limitações nutricionais têm sido
observadasquanto ao elemento P.
Contudo, o aumento do número de rotações, leva à demanda por outros
nutrientes. No caso do eucalipto, entre 70-80% da exigência nutricional das árvores,
ocorrem na fase inicial de desenvolvimento da cultura, sendo, portanto uma indicação do
período de aplicaçãodos fertilizantes. No programa de fertilização aqui estabelecido,
todo o processo é compreendido pelas seguintes etapas:
I) Calagem: fornecimento de Ca e Mg;
II) Adubação de base: fornecimento de P, N, K, B; e
III) Adubação de cobertura: fornecimento de N, K, B e Zn.
Antes de qualquer tomada de decisão é recomendado que se faça uma
análise dosolo para avaliar a necessidade de calagem e a adubação mais adequada.

Prof. Gaspar Ferreira da Silva


Eng. Agrônomo
20

2.33 Calagem

Calagem é uma etapa do preparo do solo para cultivo florestal na qual se aplica
calcário com o objetivo de elevar os teores de cálcio e magnésio. Para sua aplicação é
indicado que seja feita com antecedência ao plantio (aproximadamente dois meses) e
realizada a lanço na superfície do solo.
O calcário é classificado em calcítico, magnesiano ou dolomítico quando
apresenta menos de 5% de óxido de magnésio (%MgO), de 5-12% de MgO e acima de
12% de MgO, respectivamente.

Efeitos da calagem:
a) Efeitos físicos: melhoria da estrutura pela granulação das partículas
(estrutura,porosidade, permeabilidade, aeração);
b) Efeitos químicos: correção da acidez e aumento da disponibilidade
de algunsnutrientes principalmente o Ca e o Mg; e
c) Efeitos biológicos: estímulo ao desenvolvimento da vida microbiana.

2.34 Adubação de base e de cobertura

Para o plantio de áreas florestais, a adubação é realizada em momentos


distintosdurante a produção da floresta, dividida em 3 ou 4 aplicações – até os 24
meses de plantio.Após este período ocorre o fechamento das copas, iniciando a
ciclagem de nutrientes.
Porém, as dosagens mudam de acordo com seu desenvolvimento. Na fase
inicial é comumente aplicado maiores dosagens de P, e maiores dosagens de N e K
somente a partirda segunda aplicação.
Adubação de base ou de plantio: pode ser realizada junto com a subsolagem e
o adubo é aplicado em filete, ou pode ser aplicado em covetas laterais no plantio. Tais
covetasdevem ficar de 5 a 10 cm de distância da muda e todo o adubo colocado em 1
ou 2 covetaspor planta.
Adubação de cobertura: pode ser parcelada entre 2 a 4 aplicações e realizada
de maneira manual com aplicação do adubo na projeção da copa, no período de 3 a 24
mesesapós o plantio. Realiza-se ainda de maneira mecanizada em um filete contínuo.
Nos dois tipos de aplicações, deve-se iniciar a partir de um diâmetro de copa superior a
40 cm.

2.35 Plantio

Em áreas onde foi realizada a subsolagem ou coveamento, o plantio pode ser


feito por meio de plantadeiras ou “chuchos”. Para o caso de ocorrência de cupim, a
prevenção ao ataque é realizada através da imersão das mudas em solução contendo
cupinicida antes deserem enviadas para o plantio. A muda deve ser colocada com o
coleto ao nível do solo, devendo ser pressionada junto à altura do mesmo para mantê-la
firme ao chão e não deixarbolsões de ar. Todas as embalagens, tubete ou saco plástico,
devem ser recolhidas e depositadas em locais apropriados.

Prof. Gaspar Ferreira da Silva


Eng. Agrônomo
21

2.36 Irrigação

A aplicação de água no solo tem finalidade de fornecer às mudas a umidade


necessária ao seu desenvolvimento. A irrigação no campo pode ser realizada quando o
plantio se dá em épocas secas, sendo recomendado acima de 3 litros de água por planta.
Como a irrigação é uma prática silvicultural cara, surgiram algumas alternativas
como o hidrogel, que retém a água de irrigação por maior período de tempo,
disponibilizando-a demaneira gradativa para as plantas, o que resulta na diminuição da
mortalidade das mudas. A aplicação mais prática do hidrogel é na cova de plantio e
hidratado.
A adição de hidrogéis no solo otimiza a disponibilidade de água, reduz as
perdas por percolação e melhora a aeração e drenagem do solo, acelerando o
desenvolvimento do sistema radicular e da parte aérea das plantas.

2.36 Replantio

O replantio deve ser realizado quando o índice de mortalidade das mudas


ultrapassar5 %, no período de 15 a 30 dias após o plantio. Os mesmos tratos culturais
descritos acimapara o plantio, devem ser seguidos também para o replantio. O período
estipulado para o replantio não deve ser ultrapassado, pois caso ocorra, as mudas
transplantadas possivelmente serão sombreadas, prejudicando seu desenvolvimento.

2.37 Condução da Floresta

Existem vários sistemas silviculturais que podem ser utilizados de acordo com
os diferentes produtos da floresta. O sistema silvicultural adotado determina a
distribuição das idades das árvores, ou seja, a estrutura do povoamento. Neste sentido,
serão abordados dois regimes de regeneração - alto fuste e talhadia, nos quais se aplicam
sistemas de exploração caracterizados por corte raso e desbastes, onde se pode utilizar
de trato culturalcaracterizado como desrama.
No manejo do alto fuste são necessários apenas tratos culturais à formação da
floresta(preparo do solo, plantio, irrigação, adubação, controle de pragas, doenças e da
mato- competição) e obtém-se normalmente somente um produto com o corte raso da
floresta. Entretanto, para formação de florestas visando diversos produtos, faz-se
necessário o uso de outras técnicas que permitirão a obtenção de madeira com maior
valor agregado. Esse maior valor é obtido com melhorias da qualidade da madeira que
depende de três fatores: forma da árvore, dimensões e características físicas. Isto é, estes
efeitos podem serresumidos na obtenção de toras com maior diâmetro e livre de nós, em
que é necessário o manejo adequado da floresta através das práticas de desrama e
desbaste.

2.38 Talhadia

É a condução do crescimento dos brotos nas cepas da floresta recém cortada,


dando-se início a um novo ciclo florestal, sendo somente aplicável às espécies florestais
que tenhamcapacidade de brotar após o seu corte. A utilização deste sistema justifica-se
por proporcionar menores custos na produção madeireira, produção de madeira de
menores dimensões, dispensa de preparo de solo e aquisição de mudas, e ciclos de cortes
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
22

mais curtoscom antecipação de retornos financeiros mais rápidos.


À adoção do sistema de talhadia recomenda-se a escolha de espécies com boa
capacidade de rebrotar, áreas com baixa mortalidade, material genético de qualidade e
espaçamento adequado. São vários os fatores que influenciam a produtividade das cepas,
sendo principalmente devido ao material genético, à altura de corte das cepas, ao tipo do
solo, à face de exposição do terreno, à sobrevivência, ao sombreamento das cepas, às
formigas cortadeiras e cupins, à época de corte, ao mato-competição, aos danos às cepas
eàs condições climáticas.
Para esse sistema, recomenda-se a retirada da madeira deixando a cepa com 10
a 15 cm de altura. Para a condução da talhadia é aconselhável realizar adubação
semelhanteàquela recomendada no plantio e o combate às formigas cortadeiras é de suma
importânciapara evitar drástica redução na sobrevivência das cepas.

2.38 Desrama

É uma operação visa à obtenção de toras sem a presença de nós, melhorando a


qualidade e aumentando o valor da madeira. Esta operação é realizada em diferentes
momentos na floresta, dependendo do seu potencial produtivo, a qual também
determinará a altura limite de desrama. A eliminação dos galhos é uma prática aplicada
às florestas quevisam à produção de madeira para movelaria, pisos, produção de chapas
laminadas etc.
A desrama também pode ocorrer naturalmente dependendo da espécie utilizada
e o espaçamento do povoamento, porém, o tempo de permanência do galho no fuste
implicará na formação do nó, mesmo que o galho já esteja morto. Este é o caso do
eucalipto, no entanto, o fato é que esta atividade deve ser levada em conta caso se deseje
a obtenção demadeira de qualidade superior, pois mesmo com a morte do galho, por
vezes, este não cai,sendo englobado pelos anéis de crescimento, deixando a madeira
marcada. O nó além de
provocar perda de qualidade visual, também implica em perda qualidade nas
propriedades mecânicas da madeira.

2.39 Desbastes

O desbaste é uma atividade silvicultural que tem como objetivo a remoção de


algumasárvores de forma a favorecer o crescimento das árvores remanescentes. Essa
retirada visa,portanto, diminuir a competição existente entre as plantas, disponibilizando
maior quantidade de recursos, principalmente água e luz. Com maior quantidade de
recursos as árvores remanescentes irão apresentar maiores taxas de crescimento,
produzindo toras com maioresdiâmetros em um menor período de tempo, deste modo
essa atividade deve ser compatível com os objetivos de produção. O programa de
desbastes é realizado em ciclos longos de corte, no qual se retiram gradativamente as
árvores, não deixando a floresta totalmente exposta.
Nas florestas plantadas, podem ser utilizados dois tipos de desbaste: o
sistemático eo seletivo.
Desbaste sistemático: Consiste na retirada das plantas sem prévia avaliação, por
exemplo,retirada de uma em cada 4 linhas de plantio. Os desbastes sistemáticos são mais
recomendáveis para povoamentos altamente uniformes, nos quais as árvores pouco se
diferenciaram entre si. Por isso, caso seja aplicado em povoamentos de menor
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
23

uniformidade,a sua utilização acarreta em perda de indivíduos superiores. Esse sistema


é mais simples eas principais vantagens são a facilidade de execução, sem a necessidade
de selecionar as árvores e menos custo de extração. A desvantagem é a menor
produtividade do plantio, pois sem seleção, são retiradas também árvores com bom
crescimento.
Desbaste seletivo: Consiste na retirada de plantas segundo certas
características pré- estabelecidas, que variam de acordo com o propósito a que se destina
a produção. Para a escolha dessas árvores, é necessária a prévia seleção no campo, o que
não ocorre no desbaste sistemático. O sistema mais empregado é o seletivo por baixo,
que consiste na remoção das árvores inferiores (dominadas ou defeituosas), deixando as
árvores de maioresdiâmetros. Esse método é mais trabalhoso, porém permite melhores
resultados na produçãoe na qualidade da madeira. As desvantagens é o alto custo da
operação, maior dificuldade de extração das árvores.

2.40 Colheita

A atenção das empresas florestais e consumidores de madeira com relação a


colheitaflorestal sempre foi muito grande por causa da alta representatividade nos custos
de produção e elevada demanda de mão-de-obra.
Existem três sistemas de colheita florestal utilizados no Brasil, o manual, o
semi- mecanizado e o mecanizado.
O sistema de colheita manual consiste na derrubada, desgalhamento e
traçamento realizado apenas com o uso do machado. Já no sistema semi-mecanizado é
utilizada alguma máquina aliada ao trabalho manual, como, por exemplo, realizar a
derrubada e o processamento das árvores em toras utilizando motosserra e proceder o
desgalhamento como uso do machado.
O sistema mecanizado utiliza máquinas para realizar todas as operações de
colheita, como, por exemplo, utilizar o Harvester para derrubar, desgalhar e torar as
árvores. Existem diversos equipamentos utilizados para as diferentes operações
florestais, bem como.
Feller-bunchers: são equipamentos sofisticados (tratores florestais
cortadores - acumuladores) que acumulam árvores durante o processo de abate
formando pilhas, o quefacilita o transporte.
Harvesters: são máquinas polivalentes auto-propelidas (rodas ou esteira)
que são capazes de operarem como cortadoras e processadoras de árvores e também
cavaqueamento e/ou transporte de madeira.
O baldeio ou arraste pode ser realizada através de tratores adaptados (auto-
carregáveis), ou por máquinas especificas para esta função com Skidder (Arraste)
e o Forwarder (baldeio).

2.41 Carregamento

O carregamento dos caminhões pode ser executado com tratores adaptados com
grua ou com carregadores especiais para a área florestal, como por exemplo os
carregadores florestais.
A junção entre colheita, baldeio ou arraste e carregadores é chamado de módulo
florestal. Os módulos florestais melhores para cada tipo de floresta vão depender muito
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
24

do diâmetro das árvores, rotação da floresta, número de fuste por cepa, declividade do
terreno,etc.
No sistema de madeira traçada pode-se transportar a carga longitudinalmente
ou transversalmente do caminhão, dependendo do comprimento da madeira utilizada.
Este sistema é mais utilizado nas industrias de papel e celulose, pequenos consumidores
de madeira, indústria de aglomerado, MDF, chapas de fibra, e outros.
Já no sistema de árvores inteiras, a madeira é transportada no sentido
longitudinal do caminhão e é mais utilizado para espécies nativas ou para madeiras
exóticas com a finalidade de uso em serraria.
Um outro sistema é o transporte de madeira em forma de cavacos. Este sistema
aindaestá em estudos no Brasil devido a utilização de máquinas picadoras no campo e a
mudançatotal das carrocerias dos caminhões.
Também é utilizado no Brasil um sistema onde uma só máquina faz as etapas
de baldeio, carregamento e transporte de madeira até a fábrica. Este equipamento fora
de estrada é chamado de Timber Hauler. O que torna difícil sua utilização é que esta
máquina só pode trafegar em estradas particulares devido a não adaptação do Timber
Hauler as leisde tráfego brasileiras em estradas comuns, como por exemplo a sua largura
e peso da composição.

2.42 Armazenagem

A armazenagem é uma das principais fases do processamento da madeira.


Desde o seu corte até o uso final, a madeira passa por várias etapas de armazenamento.
Durante este período, as peças de madeira, sejam elas verdes ou secas, devem receber um
cuidadotodo especial.
A madeira quando armazenada deve receber alguns cuidados específicos,
estandoela verde ou seca, bruta ou beneficiada ou ainda empilhada adequadamente ou
não. Os principais cuidados que se deve ter com a madeira à armazenar são basicamente
dois.
O primeiro é protegê-la contra a ação das intempéries. Existem situações em
que amadeira é empilhada sem tabiques ou separadores. Nestas situações a água da
chuva fica armazenada nos pequenos espaços entre as tábuas, favorecendo o
aparecimento de fungosmanchadores ou emboloradores.
E o segundo é preservá-la contra a ação dos organismos xilófagos. Neste caso,
independentemente da dimensão e forma da madeira ou ainda da maneira como ela foi
armazenada, deve-se, na medida do possível, efetuar um tratamento químico temporário
para poder protegê-la contra a ação destes microrganismos.

2.43 Armazenagem Ao Ar Livre

Nesta prática de armazenagem da madeira, deve-se ter o cuidado de escolher


um local bem drenado, ventilado, livre de vegetação ou detritos que possam restringir a
movimentação do ar principalmente ao próximo ao solo e também locais que não
apresentemriscos de incêndios. As pilhas de madeira devem ser colocadas sobre suportes
a uma distância mínima de 40 a 50 cm do solo.

Prof. Gaspar Ferreira da Silva


Eng. Agrônomo
25

2.44 Armazenagem Em Galpões

A estocagem em galpões promove uma maior e melhor proteção à madeira em


relação àquelas estocadas ao ar livre. Além de fornecerem uma maior proteção contra as
intempéries, os galpões dispensam gastos extras com lonas para coberturas temporárias
e com mão de obra para colocação, retirada e manutenção deste tipo de cobertura. Os
galpõespodem ser abertos ou fechados.
Os galpões abertos são aqueles que não possuem paredes laterais, entretanto,
existem alguns que podem ser abertos em um ou mais lados, permanecendo os demais
fechados. São excelentes para a proteção de madeira verde ou parcialmente seca.
Dependendo das condições climáticas locais, podem ser usados inclusive para armazenar
madeiras secas em estufas.
Entretanto, a escolha do melhor sistema de armazenagem sempre estará em
funçãodos seguintes fatores:
temperatura de umidade desejado;
condições climáticas locais e;
possibilidades de investimento da empresa.

2.45 Produtos Da Madeira

Flores, frutos, galhos, cascas, madeira e resina estão presentes em nossas casas
e atividades cotidianas, como madeira para a construção civil, a fabricação de móveis,
diversos tipos de papéis para a produção de livros, cadernos, embalagens, papel
higiênico, guardanapos, além de produtos como medicamentos e cosméticos, entre
outros.
O setor também investe fortemente em inovação e tecnologia para desenvolver
soluções alternativas ao uso de recursos fósseis e finitos, em prol de uma economia de
baixocarbono.
Além das funções produtivas, os plantios de árvores desempenham importante
papelna prestação de serviços ambientais: evitam o desmatamento de habitats naturais,
protegendo assim a biodiversidade; preservam o solo e as nascentes de rios; recuperam
áreas degradadas; são fontes de energia renovável e contribuem para a redução das
emissões de gases causadores do Efeito Estufa por serem estoques naturais de carbonos.

2.46 Exemplos

Os produtos florestais vão desde os mais curiosos como molho barbecue,


sorvetes,xaropes, cremes de leite, sucos, ração canina, esmaltes, capsulas de remédios,
repelentes naturais, desinfetantes, sabão, filtros de purificação, roupas, tecidos,
cosméticos e fraldas, até os mais evidentes como lápis, papéis, embalagens, painéis de
madeira, pisos laminados, livros e cadernos; passando também pelos combustíveis,
solventes, adesivos, tintas, conservantes, fibras de carbono, energia, mantas asfálticas,
entre outros.

2.47 Dendrologia

A Dendrologia (do grego dendro = árvore e logia = estudo) é o ramo da


Engenharia Florestal e Botânica que supre essa necessidade. Dentre seus principais
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
26

objetivos destacam-se:
Nomenclatura de árvores – Como as árvores são nomeadas por meio da
nomenclaturacientífica, nomes comuns e termos botânicos;
Classificação de árvores – As características das principais famílias botânicas
e como asárvores são classificadas em famílias, gêneros e outros grupos;
Reconhecimento de árvores – Reconhecimento de espécies arbóreas a
partir de suascaracterísticas morfológicas, chaves e manuais;
Distribuição das árvores – Como as árvores são distribuídas nas zonas
climáticas eformações florestais;
Importância das espécies florestais – A importância ecológica e econômica
de espéciesarbóreas.

2.48 Morfologia

- Baseada em caracteres primários (morfologia floral);


- Usando também caracteres secundários para o fácil reconhecimento (porte, forma
da copae do tronco; cor, estrutura e aspecto da casca e das folhas; presença de
acúleos, espinhos,látex, exsudações, odores, entre outros).

2.49 Ecologia

- Autecologia
Distribuição geográfica natural, exigências de sítio (condições macro e
microclimáticase edáficas),biologia reprodutiva e estratégias de reprodução.

- Sinecologia
Posição e função das árvores nas comunidades de plantas, as interações com
outrasplantas e a fauna.

-Aspectos históricos
Histórico da ocorrência das espécies e de sua distribuição geográfica.

2.50 Economia

- Importância econômica das árvores utilização artesanal e industrial (histórica e


atual) deseus produtos; cultivo das espécies para fins produtivos e de conservação
(recuperação).

2.51 Ficha Dendrológica

Taxonomia
Família,
Prof. Gaspar Ferreira da Silva
Eng. Agrônomo
27

gênero,
espécie;
Nomes
populare
s.
Característica
s
morfológic
as Aspecto
geral
(hábito);
Tronco,
raízes,
ramificaçã
o;Folhas;

Flores
e
Inflores
cências
;Frutos
e
sement
es.
Biologia reprodutiva
Fenologia;
Vetores
de
polinizaç
ão;
Vetores
de
dispersão
;
Estratégi
a de
reproduç
ão.
Habitat / Autecologia
Região bioclimática, solo, exposição,
Preferências de sitio (encosta, topo de morro,
várzea);Estádio sucessional, grupo ecológico.
Distribuição geográfica
Centro, limites;
Ocorrência atual e histórica; refúgios.

Prof. Gaspar Ferreira da Silva


Eng. Agrônomo
28

Emprego da madeira ou de
outros produtos
Características
físicas/químicas do lenho;
Emprego atual e histórico;

Uso industrial, artesanal e potencial.


Silvicultura (cultivo e manejo)
Coleta e
armazenamento de
sementes;Germinação,
quebra de dormência;
Produção de mudas;
Crescimento e produção;
Tratamentos silviculturais;
Melhoramento;Uso p/
arborização urbana;
Uso p/ recuperação de
áreas degradadas;Uso
medicinal;
Pragas e doenças.

2.52 Dendrometria

A palavra dendrometria deriva dos vocábulos gregos "dendro" = árvore e


"metrum" =medida. Conseqüentemente a dendrometria trata das medições ou variáveis
de medida na árvore. Por muito tempo considerou-se sinônimos do termo dendrometria
as expressões dasometria (dasos = floresta), silvimetria (silva = floresta) e mensuração
florestal. Mencionara importância da dendrometria no setor florestal não requer muita
explicação, já que deve ser conhecida por todo pessoal vinculado à ciência florestal.
Tem por objetivo geral a determinação do volume das árvores e suas respectivas
partes, bem como as existências de madeira numa dada área. Pretende saber também, a
grandeza e volume dos principais produtos florestais. A dendrometria é aplicada com
três principais objetivos:

Prof. Gaspar Ferreira da Silva


Eng. Agrônomo
29

a. objetivos comerciais - visando estimar com precisão o que se retira das


florestas nacompra e venda de material.

b. objetivos de ordenamento - na exploração do produto florestal, deve-se


ter em mente o rendimento sustentado, onde o que se retira deve equivaler ao que
cresce na mesma área. Para atingir este objetivo deve-se elaborar planos de
ordenamento florestal a longo prazo, e para isso é preciso conhecer o
desenvolvimento da floresta, por espécies e locais.

c. objetivos de pesquisa - para se determinar com precisão o


desenvolvimento de uma floresta usa-se técnicas especiais que avançam sem parar
em outras condições, o queexige a pesquisa detalhada sobre a sua adaptabilidade
ou a busca de novas técnicas de aplicação específica.

2.53 Tipos de medidas

a. Medida direta - refere-se às medidas feitas diretamente sobre a árvore,


como o DAP, a CAP, o comprimento de toras, a espessura de casca, e outras.
Estamos nesse casofazendo uma determinação, que é diferente de estimação que
implica em medição indireta ou estimativa.

b. Medida indireta - são medidas que estão fora do alcance do medidor,


muitas vezesfeita com auxílio de instrumentos óticos, como a altura da árvore em
pé, a área basal e o diâmetro a várias alturas, usando o relascópio de Bitterlich, e
outras.

c. Medida estimada - são medidas baseadas em métodos estatísticos,


feitas na árvore ou no povoamento. É bastante usada, pelo fato de ser econômica e
de ganhar tempo,pois são feitas em amostras, que estimam o todo, através de curvas,
equações e tabelas.

2.54 Idade das árvores

É através da idade que o técnico florestal pode avaliar os incrementos em


diâmetro,volume ou altura de uma dada espécie em certo local, ou construir curvas de
índice de sítio.
Quando se trata de povoamentos plantados, a determinação da idade não é um
problema, pois existe o acompanhamento dos plantios, em arquivos. No entanto para
árvoresnativas a avaliação da idade é mais difícil, se não impossível na maioria das
espécies.
Os métodos para avaliação da idade das árvores variam muito em precisão, e
de acordo com a experiência do observador:
a. Método da observação - é de baixa precisão, e está ligado a algumas
características da espécie, sob determinadas condições ambientais. A conformação
da árvore e o aspecto da casca podem ser características morfologicas decisivas,
assim comoo aspecto sanitário.
b. Método da contagem dos verticílios - em algumas espécies os
verticílios se mantem nítidos através da vida do indivíduo, e a sua contagem fornece
30

a idade, como é o caso da Terminalia catapa, Araucaria excelsa, Cordia goeldiana.


O seu inconveniente é a tendência de queda dos galhos inferiores com o avanço da
idade.
c. Método dos anéis de crescimento - é bastante difundido, e consta da
medição dosanéis de crescimento da árvore. Os anéis são camadas justapostas de
atividade cambial.
d. Métodos de análise de tronco – secciona-se as árvores a espaços pré-
estabelecidos (análise total de tronco) ou retira-se amostras com a verruma também
conhecida como trado (análise parcial de tronco), contando-se e medindo-se os
anéis, de modo a se obter além da idade, toda a evolução da árvore, tendo-se idéia
precisa sobre o crescimento em altura, em diâmetro, em volume, além de permitir
determinação do fator de forma de cubagem.
Um anel é constituido por uma parte mais escura chamada lenho de verão ou
tardio,constituido por um maior número de células por unidade de área, e uma parte mais
clara formada no inicio da estação denominada lenho inicial ou de primavera. A
formação destes anéis requer um período de estiagem ou de frio. A existência de
irregularidade entre o período seco e o úmido pode levar à formação de falsos anéis, o
que pode prejudicar uma estimativa correta da idade das árvores.
Basicamente o principal objetivo da dendrometria é a avaliação dos volumes
de árvores isoladas ou do povoamento. Como o diâmetro ou a circunferência
desempenha papel importante no cálculo do volume, área basal ou crescimento, devem
ser tomados coma máxima precisão.
O diâmetro ou a circunferência são tomados à altura do peito, convencionado
comosendo a 1,30 m, simbolizados por:
DAP (diâmetro à
altura do peito) e CAP
(circunferência à
altura do peito).
31

REFERENCIAS

https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/agroenergia/arvore/CONT000fmcbqcwh0
2wyiv80kxlb36vbkge01.html
https://www.totvs.com/blog/a-silvicultura-no-brasil/
https://www.portaldoagronegocio.com.br/artigo/silvicultura-para-a-amazonia
http://www.centralflorestal.com.br/2017/09/silvicultura-as-sementes-e-os-
viveiros.html https://www.ipef.br/silvicultura/producaomudaspropagacao.asp
http://home.furb.br/lschorn/silvi/2/Apostila%20Silvicultura.PDF
http://www.ci.esapl.pt/miguelbrito/fisiologia/page11.html
https://www.ebah.com.br/content/ABAAAficYAA/dendrometria-dendrologia
https://www.ipef.br/silvicultura/plantio.asp
https://www.ipef.br/silvicultura/manejo.asp
http://www.remade.com.br/br/revistadamadeira_materia.php?num=468&subject=Silvicu
lt ura&title=Produtividade%20do%20plantio%20ao%20transporte
http://www.remade.com.br/br/revistadamadeira_materia.php?num=517&subje
ct=Armaze https://www.iba.org/produtos-florestais

Você também pode gostar