Você está na página 1de 21

Capítulo 4

ESPAÇO DE ESTADOS

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 182

Exemplo 1

No modelo do músculo da rã suspenso (Cap. 3) obteve-se a


equação diferencial de 2ª ordem

 
M y  B y  Ky  u B

Pode-se reduzir a duas de 1ª ordem, por


substituição de variáveis: u
(Bruce)


≜ ≜

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 183

1
• •
≜ ⇒ = =

• • • ••
≜ ⇒ =( )=
• 1
=− − +
• 1
ou seja =− − +

x1  x2
 B K 1
x2   x2  x1  u
M M M
=


 0 1  0
x K B  x   1  u
 
  x  Ax  Bu
 M M M 
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 184

O que queremos observar ?

A posição y ?

Neste caso a saída é y e portanto

y  x1  1x1  0 x2  0u  1 0 x   0 u

y  Cx  Du

y  Cx  Du
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 185

2
Exemplo 2

No modelo de inspiração-expiração pulmonar


VL (t )  aV L (t )  bP (t ) O que queremos observar ?
VL ? Nesse caso x é a saída
≜ ≜ ( )

=− +
yx
y  x  0u

x  Ax  Bu y  Cx  Du

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 186

Exemplo 3 Metabolismo da glucose

( )
=− ( )− ℎ( ) + ( )

ℎ( )
=− ℎ( ) + ( )+ ( )

( ): desvio do nível da glucose do seu valor recomendado


ℎ( ): desvio do nível da insulina do seu valor recomendado
( ): taxa experimental de infusão de glucose
( ): taxa experimental de infusão de insulina
, , , : constantes características de cada indivíduo.

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 187

3
Estados: ≜ ( ) ≜ ℎ(t)
Entradas: ≜ ( ) ≜ ( )
Saídas: = =

=− − + =

=+ − + =


− − 1 0 1 0 0 0
• = − + = +
0 1 0 1 0 0


x  Ax  Bu y  Cx  Du
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 188

Exemplo 4 No modelo de Lotka-Volterra

dx(t )
 ax(t )  bx(t ) y (t )
dt
dy (t )
 cy (t )  px(t ) y (t )
dt

≜ (presas) ≜ (predadores)

( )
= ( )− ( ) ( )
( )
=− ( )+ ( ) ( )

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 189

4
 
x  ax1  bx1 x2 x  f1 ( x1 , x2 )
1 1
 
x  cx1  px1 x2 x  f 2 ( x1 , x2 )
2 2


x  f ( x)

Sistema não linear autónomo (sem entrada exógena)

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 190

Caso geral
dxi
 f i ( x1 (t ), ... , xn (t ), u1 (t ), ... , um (t ), t )
dt
yi (t )  gi ( x1 (t ), ..., xn (t ), u1 (t ), ..., um (t ), t )
u1 y1
n variáveis de estado
u2 y2
x1 x2 … xn
um yr

x  f ( x, u , t ), x(t0 )  x0
y  g ( x, u , t )
Caso de sistema invariante: o t não aparece explicitamente
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 191

5

Equação de estado = , , , ( ) = 0


Caso linear invariante = + , ( ) = 0

Equação de saída y  g ( x, u )

Caso linear y  Cx  Du

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 192


x  Ax  Bu , x(t0 )  x0
y  Cx  Du
D
Condições
iniciais
(memória)

u +
x x +
y
B Integrador
C
+
+

A
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 193

6
Plano de fase e curvas de fase

x1 ' = - 2 x1 + 3 x2 + u u=1
x2 ' = - 0.5 x1 + 2 x2

2 −2 + 3 + = 0
1.5
−0.5 + 2 = 0
4
1 = = 0.8
5
0.5
= = 0.2
5
0
x2

-0.5

-1

-1.5

-2

-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3


x1

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 194

Plano de fase e curvas de fase


x1 ' = - 2 x1 + 3 x2 + u u=1
x2 ' = - 0.5 x1 + 2 x2

1.5

0.5

0
x2

-0.5

-1

-1.5

-2

-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3


x1

Traçado com o pplane.jar disponível em https://www.cs.unm.edu/~joel/dfield/ [13/10/2023]

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 195

7
Resolução da equação de estado

- Pela transformada de Laplace

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 196

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 197

8
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 198

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 199

9
Resolução da equação de estado no domínio temporal

x  Ax  Bu , x(0)  x0


Parte homogénea x  Ax, x(0)  x0

Exemplo

x  ax, x(0)  x 0 (uma variável de estado)

x(t )  e at .x0 de facto,



x  x0 ae at  a ( x0 e at )  ax
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 200

… e se A for uma matriz ?


= , (0) = ( variáveis de estado)

( )= . ???? (Série de Taylor)

( ) ( )
= (0) + (0) + (0) + (0) +. . . + (0) +. . .
1! 2! 3! !

=1+ + + +. . . + +. . .
2! 3! !

=1+ + + +. . . + +. . .
2! 3! !

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 201

10
Matriz de transição de estado, (t)

x (t )   (t ) x0
Conhecida a condição inicial, para calcular o estado em
qualquer instante futuro basta multiplicar o estado inicial pela
matriz de transição de estado nesse instante; isto é, esta
matriz transita o estado inicial no instante 0 para o instante t,
e daí o seu nome.

No caso linear invariante (coeficientes constantes)

x(t )  e At .x0  (t )  e At
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 202

Polinómio característico da matriz A

I  A  0
Q ( )   n  an -1 n -1  ...  a1  a0  0

Valores próprios de A: raízes da sua equação característica

Vetores próprios à direita de A: vetores v tais que

 v  Av   v  Av  0  [ I  A]v  0
Vetores próprios à esquerda de A: vetores w tais que

wT   wT A  wT   wT A  0  wT [ I  A]  0
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 203

11
Estrutura própria da matriz A (caso de valores próprios distintos)

Conjunto dos
Valores próprios i
Vetores próprios
à direita vi
à esquerda wi
Matrizes
Constituintes
n n de A
T
A   i vi w   i Z i i
i 1 i 1

A matriz A pode ser reconstruída a partir da sua estrutura


própria (caso n valores próprios distintos)
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 204

Pelo Teorema das Matrizes Constituintes

At  n  jt 
e    e . v j wTj 
 j 1 
e portanto

 n t 
x(t )  e j . v j wTj  .x(0)
 j 1 

 e1t . v1 w1T .x(0)  ect . v2 w2T x(0).  ...  ent . vn wnT .x(0)

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 205

12
Este resultado diz-nos que, para uma dada condição inicial,

• a trajetória temporal do estado é uma soma


ponderada de exponenciais dos valores próprios da
matriz A (os termos et) .

• são os vetores próprios que estabelecem os


coeficientes de ponderação.

Se existe um i real positivo lim eit  


t 

… e o sistema é instável em relação às condições iniciais!!!

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 206

Caso de um par de valores próprios


complexos conjugados:

• Se a parte real é negativa, contribui com uma


sinusóide decrescente

• Se a parte real é positiva, contribui com uma


sinusóide crescente.

• Se a parte real é nula, contribui com uma


sinusóide de amplitude
- constante se for simples,
- crescente se for múltiplo.

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 207

13
Condição necessária e suficiente de
estabilidade às condições iniciais:

• Que todos os valores próprios de A


tenham parte real negativa ou nula,
mas neste caso têm que ser
simples (multiplicidade 1).

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 208

Solução da equação de estado completa


x  Ax  Bu

t
x (t )  e x (0)   e A( t  ) Bu ( ) d
At

x (t )  xzi  xzs

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 209

14
Pontos singulares de sistemas não-lineares
Para um sistema não-linear definido por

x  f ( x , u)

São pontos singulares (também chamados singularidades ou


estados de equilíbrio) aqueles em que

x  0  f ( x , u)  0

f ( xs , us )  0

ys  g ( xs , us )
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 210

Exemplo

x1 ' = x1 + x2 - 2 u u=1
x2 ' = x2 (x1 - x2)

x1  x 1  x2 - 2u 2


1.5
x 2  x2 ( x1 - x2 )
1

0.5
x2

1
x1s    uS 0

1
-0.5

2
xs2    uS -1

0 -1 -0.5 0 0.5 1 1.5


x1
2 2.5 3 3.5 4

Traçado com o pplane.jar disponível em


https://www.cs.unm.edu/~joel/dfield/ [13/10/2023]

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 211

15
Linearização em torno dos estados de equilíbrio
(também chamados singularidades)

Série de Taylor

fi ( x1s  x1 , x2 s  x2 ,...xns  xn , u1s  u1 , u2 s  u2 ,..., ums  um ) 
n m
fi f
fi ( x1s , x2 s ,...xns , u1s , u2 s ,..., ums )   xk   i uk
k 1 xk k 1 uk

+ termos de ordem superior

gi ( x1s  x1 , x2 s  x2 ,...xns  xn , u1s  u1 , u2 s  u2 ,..., ums  um ) 
n m
gi g
g i ( x1s , x2 s ,...xns , u1s , u2 s ,..., ums )   xk   i uk
k 1 xk k 1 uk

+ termos de ordem superior


@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 212

Definindo as matrizes Jacobianas:

 f1 f1   f1 f1 


 x ... ...
xn   u um 
 1   1 
A   ... ... ...  B   ... ... ... 
   
 f n ...
f n   f n ...
f n 
 x1 xn  ( x , uS )
 u1 um  ( x ,uS )
S S

 g1 g1 
 x ...  g1 g1 
xn   u ...
 1
 1 um 
C   ... ... ...  D   ... ... ... 
   
 g p ...
g p 
 g p g p 
 x ...
 1 xn  ( x ,u )  u
 1 um  ( x ,u )
S S S S

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 213

16
Substituindo na série de Taylor


x s  f ( xs , us ) y s  g ( xs , u s )
 
( x s  x)  f ( xs  x, us  u ) ys  y  g ( xs  x, us  u )
 
x s  x  f ( xs , us )  Ax  Bu ys  y  g ( xs , us )  C x  Du


 x  Ax  Bu
y  C x  Du

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 214

Exemplo 1 •
x1  x 1  x2 - 2u y  x1 x2

x 2  x2 ( x1 - x2 )

1 2
x1s    uS xs2    uS
1 0 us=1
us=1
1 1   2  1 1   2 
A B=   A B=  
 x2

2 x2  x1 [1,1] 0  x2 2 x2  x1 [2,0] 0

C  [ x2 x1 ][1,1] D=[0] C  [ x2 x1 ][2,0] D=[0]

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 215

17
1 2
x1s    uS xs2    uS
1 0

1 1   2  1 1   2 
A  B=   A  B=  
1 1 0 0 2  0

C  [1 1] D=[0] C  [2 1] D=[0]

eig(A) » eig(A)

ans = ans =

-1.4142 1
1.4142 2

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 216

As singularidades são um ponto sela e um nó instável


x1 ' = x1 + x2 - 2 u u=1
x2 ' = x2 (x1 - x2)

1.5

0.5
x2

-0.5

-1

-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4


x1
Traçado com o pplane.jar disponível em https://www.cs.unm.edu/~joel/dfield/
@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 217

18
Exemplo 2


x1  (x 1 -1) 2  u y  x2

x 2  (x2 - 2) 2  u

(x 1 -1) 2  u  0  (x 1 -1) 2  u  (x 1 -1)   u


(x2 - 2) 2  u  0  (x2 - 2) 2  u  (x2 - 2)   u

 (x 1 -1)   u  x 1S = 1  uS
 (x2 - 2)   u  x2 S = 2  uS

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 218

x 1S = 1  u S

uS  1 x2 S = 2  uS

2 2 0  0 
x1S    xS2    xS3    xS4   
3 1  3 1 

2 0 2 0   2 0   2 0 
A  A  A  A 
0 2  0 2   0 2  0 2 

nó instável ponto sela ponto sela nó estável

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 219

19
ponto sela nó instável
x1 ' = (x1 - 1) 2 - u u=1
x2 ' = (x2 - 2) 2 - u

nó estável
2

1
x2

-1

-2

-1 -0.5 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4


x1
Traçado com o pplane.jar disponível em https://www.cs.unm.edu/~joel/dfield/

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 220

Conclusão

• A representação de estado aplica-se de igual modo aos


sistemas lineares e não lineares, variantes ou invariantes.

• No caso linear, obtém-se uma representação matricial. As


propriedades dinâmicas do sistema são dependentes dos valores
próprios da matriz de estado, tal como são dependentes dos polos
da função de transferência na representação no domínio complexo.

• Os sistemas não lineares podem ter zero, um ou vários estados de


equilíbrio, ou singularidades, ou pontos singulares, para a mesma
entrada. Alcançam um ou outro conforme as condições iniciais.

• Aproximando as funções de estado e de saída pela série de Taylor


nos pontos singulares, desprezando os termos de ordem superior
à primeira, obtém-se um sistema linearizado. A estabilidade local,
em torno da singularidade, é definida pela estabilidade do
sistema linearizado.

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 221

20
Bibliografia

Baura, G. D., System Theory and Practical Applications of Biomedical Signals, ,


John Wiley and Sons, 2002
Bruce, Eugene N., Biomedical Signal Processing and Signal Modelling, John
Wiley and Sons, 2001
D’Azzo, John J. and Constantine H. Houpis Linear Control System Analysis and
Design with Matlab, 5th Ed. Marcel Dekker 2003
Carvalho, M., Sistemas de Controlo Automático, LTC- Livros Técnicos e
Científicos Editora, 2000
Chen, T. Systems and Signals Analysis, 2nd Ed, Sunders College Publ, 1994
Hoppensteadt, F.C. and Charles S. Peskin,, Modeling and Simulation in
Medicine and the Life Sciences , Springer Verlag, 2000
Ribeiro, M. Isabel, Análise de Sistemas Lineares, IST Press, 2002

pplane is copyrighted by
John C. Polking, Department of Mathematics, Rice University.
Mais informação em : https://www.cs.unm.edu/~joel/dfield/ [13/10/2023]

Versão atualizada para MATLAB


https://www.mathworks.com/matlabcentral/fileexchange/61636-pplane [13/10/2023]

@AC-ADC/DEI/FCTUC/LEB/MCPF/DSBF/2023-24/Cap4 222

21

Você também pode gostar