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Guião de Geologia

Bom dia a todos, hoje eu e o meu grupo iremos relatar a nossa visita de estudo
realizada no final de março, ao maciço calcário estremenho, de modo a analisarmos e
retermos melhor os conceitos que adquirimos nesta saída de campo no âmbito das
disciplinas de biologia e geologia e físico-química. Ora o maciço calcário estremenho
integra uma unidade geomorfológica elevada situada entre Ota até Coimbra, na Região
do Centro de Portugal. Esta região é uma zona de convergência da placa africana com a
placa euroasiática o que provoca a compressão tectónica nessa zona e levou à formação
de relevos e regiões montanhosas que constituem o maciço calcário estremenho. Assim,
com a ação dos agentes erosivos, como o vento e a água, estes relevos são
transformados, dando origem a uma nova paisagem, o modelo cársico. Integres nesta
zona, visitamos vários espaços que se associam a processos geológicos estudados em
aula, como as grutas da Moeda, as exposições permanentes no centro de ciência viva do
Alviela, o percurso pedestre das nascentes dos Olhos d’Água e as Pegadas de
Dinossauros de Vale dos Meios. Iremos então descrever, com detalhe, cada uma destas
visitas.
Grutas da Moeda:
As Grutas da Moeda foram descobertas em 1971 por dois caçadores que perseguiam
uma raposa que se terá refugiado num alagar, mais precisamente o alagar da moeda. A
partir daí, iniciaram-se explorações, e foram-se descobrindo cada vez mais galerias. No
entanto só algumas destas são visitáveis. A maioria das grutas em regiões calcárias, tal
como as do maciço calcário de Estremenho, formam-se pelo processo de dissolução da
rocha calcária pela água da chuva da rocha (carsificação). Nesta, a paisagem formada
por esta meteorização química é denominada carso. Estas regiões possuem um relevo
acidentado e alta permeabilidade do solo o que faz com que os escoamentos das águas
sejam rápidos e que existam cursos de água à superfície. A formação das grutas
depende do trabalho químico e mecânico da água da chuva que é ligeiramente ácida
com pH 5,6 (saturada em CO2) esta quando entra em contacto com a calcite, que é o
principal constituinte do calcário, dissolve-se originando acido carbónico como podemos
ver através desta equação química
H2O + CO2 H2CO3
Esta meteorização química do calcário que levou à formação das galerias é evidenciada
a partir do modelado cársico que é possível observar-se nessas zonas, a existência de
campo de lápias (fraturas no maciço que por sua vez facilitarão a infiltração de água e a
consequente carbonatação), a existências de grutas entre outras. Este ácido carbónico
infiltra-se nas fendas e planos de estratificação provocando erosão física e meteorização
química do calcário. O ácido carbónico, em contacto com o carbonato de cálcio
existente nos blocos calcários, origina o bicarbonato de cálcio. Processo descrito na
seguinte equação química
H2CO3+ CaCo3 Ca(HCO3)
Durante as infiltrações, a água escorre por diversos locais formando pequenas
gotículas.
- Ao entrar em contacto com o calcário, rocha rica em CaCo3, irá ocorrer a meteorização
química. A existência de uma maior quantidade de carbonato de cálcio vai levar
segundo o princípio de le Châtelier à quebra o equilíbrio químico e no sentido de
contrariar a alteração o sistema irá evoluir no sentido direto aumento a produção de
bicarbonato de cálcio e consequentemente um aumento dos iões de cálcio e de
bicarbonato na água que sai na exsurgência comparativamente à infiltrada. Ao longo do
percurso parte destes iões de cálcio e de bicarbonato vão precipitar iniciando a
formação de espeleotemas (todas as formações rochosas que ocorrem no interior das
grutas) uma vez que a quantidade de CO2 na água é superior à concentração de CO2 no
ar e assim como equilíbrio químico é quebrado através do princípio de le Châtelier a
reação química evolui no sentido de contrariar a alteração, logo esta ocorrerá no
sentido inverso. Estes espeleotemas podem ser:
. estalactites (formam-se no teto);
. estalagmites (formam-se no chão);
. colunas (junção de uma estalactite com uma estalagmite);
. brócolos, couve-flor e pipocas (provêm de salpicos de água);
. gours (provêm de escorrência ou piscinas);
. bandeiras ou cortinas (passagem de água em paredes inclinadas).
Visita às exposições permanentes e percurso pedestre, nascentes dos Olhos d´Agua

Esta nascente apresenta grande importância, visto que, durante muitos anos foi a
principal fonte de fornecimento de água à cidade de Lisboa. Este rio, tal como, todos
que têm origem em regiões calcárias apresentam uma particularidade, estas em vez de
nasceram nos cumes das montanhas, nascem no sopé. Mas o que é que alimenta o rio?
A nascente do Alviela têm origem em galerias subterrâneas que ao longo do tempo
foram meteorizadas pela água que circula a grande velocidade, devido à meteorização
química, mas também à meteorização física. Ao longo do tempo, parte das galerias
deixam de estar submersas e passam a ser visitáveis. Durante o ano, é possível observar
dois tipos de nascentes: as nascentes permanentes, onde passa água todo o ano; e as
nascentes secundárias, nas quais existe água apenas nos períodos de maior
pluviosidade, visto que a água da chuva se infiltra através das fissuras presentes nas
rochas. Pensa-se que esta região possui um dos maiores reservatórios de água do país.
Tal como, a água se infiltra pelas fissuras da rocha, os aquíferos presentes no interior da
rocha, ou seja, no espaço vazio existente no interior está também sujeito aos poluentes
que se possam infiltrar, como por exemplo, os combustíveis fosseis, o que por sua vez
irá levar à contaminação dos aquífero.
Esta região calcária é também abrigo de cerca de doze espécies distintas de morcegos
com dimensões de cerca de 6cm. Por vezes quando pensámos em morcegos vem nos à
cabeça inúmeros conceitos que não passam de mitos e agora vamos falar de alguns e
exlicar o porquê de estes não passarem de mitos.
O primeiro é o facto de associarmos os morcegos a vampiros: na realidade, existem
vários tipos de morcegos e, por exemplo, em Portugal a população é apenas insetívora,
podendo comer cerca de metade do seu peso em insetos durante uma noite, sendo
assim por esta razão uma das principais formas de controlo de pragas. Noutros países
existem morcegos que se alimentam de fruta, frugívoros, outros que desempenham um
papel de polinizadores, alimentando-se do néctar, nectarívoros, e de sangue,
hematófagos, mas nem todos se alimentam, de facto, de sangue.
Outro é serem cegos, isto é totalmente falso, na verdade estes veem, mas como andam
preferencialmente durante a noite utilizam outras formas de orientação tal como a eco
localização emitindo ultra-sons que lhes permitem detetar a distância e a forma dos
obstáculos;
Outro é serem todos pretos apenas as asas são pretas mas como normalmente os
vemos de noite parecem-nos todos pretos;
E por último serem de grandes dimensões, o que é totalmente mentira pois,
geralmente, os morcegos possuem dimensões que variam entre os 3cm e os 30cm mais
o menos.
Exposições permanentes: Centro de Ciência Viva do Alviela
Durante esta visita, num dos dias tivemos a oportunidade de conhecer o centro de
ciência viva do Alviela que que nos disponibiliza um variado leque de atividades lúdicas
que nos mostram a conhecer um pouco mais da região que nos rodeia de forma
interativa e cativante. Estas atividades são:
Geódromo: um simulador de realidade virtual que transporta os visitantes numa viagem
incrível de 175 milhões de anos, até ao tempo em que os dinossáurios "desenharam" as
suas pegadas na rocha calcária da Serra de Aire. No filme, podemos ainda atravessar
grutas e algares, bem como observar a queda do meteorito que abriu a cratera de Torre
ao largo da Nazaré e veja como milhões de anos de alterações geológicas fizeram do
Maciço Calcário Estremenho uma sucessão de montes e vales, fendas e cavidades, um
deserto aparente a superficie, onde a agua percorre verdadeiros labirintos
subterraneos.
Carso: esta visita ao Carso inicia-se com uma viagem 3D sobre a zona que envolve a
nascente do Alviela e os seus percursos subterrâneos. Através de módulos interativos,
podemos fazer chover sobre o Carso e observar a circulação subterrânea das águas da
chuva. Podemos ainda observar um camião cisterna a derramar gasolina sobre uma
região calcária.
Quiroptário: A verdade é que em Portugal, os morcegos, animais de vida silenciosa e
discreta são essenciais para o controlo de pragas e, à semelhança de outros animais um
pouco por todo o mundo, encontram-se também em perigo de extinção. O quiroptário
oferece-nos diversas experiências para que possamos perceber melhor o modo de vida
destes animais de duas asas, tais como ficar pendurado de cabeça para baixo, aumentar
a capacidade de audição, guiar-se apenas pelo som ou partilhar um espaço ínfimo com
mil acompanhantes.

Pegadas de Dinossauros de Vale dos Meios


As pegadas presentes na jazida de Vale dos Meios remontam a um período da história
da terra de há aproximadamente 168 milhões de anos (Jurássico Médio).
Nesta jazida é possível obter uma imensa quantidade de informação paleobiológica
(estudo dos fósseis de origem animal e de origem vegetal) que caracteriza os
dinossauros carnívoros, assim como do ambiente do Jurássico Médio, altura em que os
dinossauros estavam numa fase inicial da sua evolução, uma vez que encontramos
pegadas destes seres vivos conservadas por moldagem.
Uma laje de enormes proporções, com cerca de 7500 metros quadrados, está repleta de
pegadas de dinossauros terópedes e carnívoros bípedes, os primeiros deste tipo a serem
identificados.
As pegadas deixadas pelos dinossauros permitem-nos perceber que o terreno que
percorreram era plano e horizontal, mas também inundado e lamacento, visto que se
encontrava junto às margens de uma laguna litoral. Só por isso foi possível a
conservação desta pegada. As pegadas dos terópedes ( dinossauros carnívoros, com
dentes agudos em forma de punhal) ficaram muito bem conservadas, com contornos
nítidos que nos permitem conhecer a morfologia das suas patas, bem como o tipo de
locomoção e o seu comportamento, já que, ao medirmos o comprimento da pegada,
conseguimos estabelecer uma relação com a altura da perna e, posteriormente, o
comprimento da sua passada. Assim, ao calcular o coeficiente do comprimento da
passada com a altura da perna, verificamos se o dinossauro se locomovia a trote,
marcha ou corrida

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