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CENTRO UNIVERSITÁRIO IMEPAC

BACHAREL EM PSICOLOGIA

ESTÊVÃO FERRARI
MARIANA COELHO

TRABALHO SOBRE OPIODIES

ARAGUARI – MG
2023
Estêvão Ferrari
Mariana Coelho

TRABALHO SOBRE OPIOIDES

Trabalho de Psicofarmacologia apresentado ao Curso de


Psicologia do Centro Universitário IMEPAC como
requisito parcial para conclusão do curso.

Professora: Mestre Rita Alessandra Cardoso

Araguari – MG
2023
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO

2 DESENVOLVIMENTO

3 CONCLUSÃO

4 REFERÊNCIAS

1 INTRODUÇÃO

O ópio é uma substância extraída por meio de cortes na cápsula de Papaver


somniferum, que é uma planta pertencente à família das Papaveráceas, composta
por aproximadamente 44 gêneros e 760 espécies e conhecidas popularmente como
Papoulas. O suco leitoso extraído da planta ainda verde, quando seco, origina o pó
de ópio, que possui cor marrom e pode ser dissolvido na boca ou consumido na
forma de chá.
O nome ópio é de origem grega e seus derivados sofreram diversas mudanças de
nomenclatura ao longo dos anos, de acordo com os novos avanços na pesquisa
científica. Essas substâncias, já foram denominadas como narcóticos,
hipnoanalgésicos e narco analgésicos, termos que incluíam outras drogas que
também causavam sono. Outras nomenclaturas utilizadas, tais como opiáceos para
substâncias naturais e algumas semissintéticas e opioides para as sintéticas,
referem-se a substâncias que têm origens e estruturas químicas diferentes, porém
ações e efeitos clínicos semelhantes

2 DESENVOLVIMENTO

1. De acordo com a OMS no ano de 2003 6 países desenvolvidos consumiram


cerca 79% da morfina produzida do mundo inteiro? Comente sobre este
feito.

O consumo de opioides mais que dobrou em todo o mundo, no período de 1998 a


2010, seguindo-se um período de estabilização e, depois, um declínio de 2014 a
2017. Como reflexo disso, nos EUA, a prescrição de opioides triplicou de 1999 a
2015, com aumento de taxas para a prática de família, clínica geral e medicina
interna, em comparação a outras especialidades. O país também teve o maior
consumo entre 2013 e 2016.

Entre os anos 1999 e 2010, as mortes por overdose de opioides prescritos


aumentaram em paralelo com o aumento da prescrição de opioides. Em 2015,
overdoses de medicamentos envolvidos com opioides foram responsáveis por 33.091
mortes. Além disso, cerca de dois milhões de indivíduos nos EUA têm transtorno de
uso de opioides (dependência) associado a opioides prescritos. Em 2015, a taxa de
prescrição permaneceu mais do que três vezes maior do que em 1999 e foi quase
quatro vezes maior do que na Europa (UNITED NATIONS OFFICE ON DRUGS AND
CRIME, 2019).

O recente declínio no nível global foi motivado, sobretudo, pelas reduções nas
quantidades de opioides disponíveis para consumo relatadas na América do Norte,
entre 2017-2018. Contudo, observaram-se níveis extremamente altos de consumo na
América do Norte, particularmente nos EUA, enquanto o consumo de opioides
farmacêuticos nas demais Américas, África e Ásia. Permaneceu relativamente baixo
durante o período 2015-2017 (expresso em doses diárias padrão), sugerindo uma
grave falta contínua de acessibilidade e disponibilidade de medicamentos para dor
para a maioria dos habitantes de países de renda média e baixa (UNITED NATIONS
OFFICE ON DRUGS AND CRIME, 2019). Com o uso de doses diárias definidas,
descobriu-se que o Canadá tem a segunda maior taxa mundial de prescrição de
opioides. Nesse país, desde 2000, a dispensação de prescrições de opioides tem
crescido progressivamente, de 10.209 doses diárias definidas por milhão de
habitantes por dia, em 2001-2003, para 30.540, em 2012-2014 (PEREIRA;
ANDRADE; TAKITANE, 2016). A prevalência anual do uso de opioides na Europa, em
2017, é estimada em 0,7% da população de 15 a 64 anos, com a heroína sendo o
opioide mais comumente utilizado na região. A fabricação lícita de heroína ocorre
notadamente na Suíça e no Reino Unido, para fornecer às pessoas envolvidas em
programas de suicídio assistido por heroína nesses países e em vários outros,
incluindo Canadá, Dinamarca, Alemanha e Holanda (UNITED NATIONS OFFICE ON
DRUGS AND CRIME, 2019). A maior parte dos opioides lícitos disponíveis para o
mercado na África é o tramadol, principalmente na Nigéria e no Egito.

Os importadores da África Ocidental geralmente desenvolvem a sua cadeia de


suprimentos lícitos entrando em contato com um exportador ou intermediário
localizado na Ásia e na Europa ou diretamente com um fabricante ou empresa
comercial farmacêutica (UNITED NATIONS OFFICE ON DRUGS AND CRIME, 2019).
A situação na América Latina, no tocante ao acesso e à disponibilidade de opioides,
ainda é limitada e está abaixo de 100 doses diárias definidas estatisticamente. Os
países com o menor consumo registrado incluem Guatemala, Equador e Bolívia. No
Chile, Argentina, Colômbia, Brasil e Uruguai, o consumo de opioides foi aumentado
com sucesso para 200 doses diárias (KRAWCZYK et al., 2018).
2. Quanto ao uso de opioides para pacientes com dor crônica, comente
sobre as possíveis reações adversas do medicamento.

As condições comuns que causam dor crônica a nível mundial incluem cefaleia, dor
neuropática, fibromialgia, dor lombar e osteoartrite (KIMBER et al., 2015).
As consequências psicossociais da dor não gerenciada podem ser graves, com
redução da qualidade de vida, resultados psicológicos adversos (função cognitiva
prejudicada, ansiedade, depressão patológica, ideação suicida, desespero,
desesperança), comprometimento das relações sociais/interpessoais (interrupção do
relacionamento, perda de emprego/ruína financeira), neuroplasticidade e
automedicação (ROSE, 2018).

3. Comente quanto a classificação de opioides.

1) analgésicos opioides naturais (morfina, codeína) e semissintéticos (oxicodona,


hidrocodona); 2) metadona; 3) analgésicos opioides sintéticos não-metadona (fentanil,
tramadol) e 4) opioides ilícitos (heroína). Os grupos de um a três podem ser
combinados como analgésicos opioides ou opioides prescritos, distintos dos opioides
ilícitos (ROSE, 2018).

Na medicina, eles atuam como agonistas dos receptores opioides específicos μ (mu
ou mi), κ (kappa) e δ (delta), pré-sinápticos ou pós-sinápticos, localizados no sistema
nervoso central (cérebro e medula espinhal) e periférico (SHIPTON; SHIPTON;
SHIPTON, 2018). Em particular, os receptores mu-opioides no tronco cerebral são os
principais responsáveis pela depressão respiratória associada a incidentes e mortes
por opioides. As variações na seletividade e afinidade pelos receptores e na
farmacocinética e biodisponibilidade afetam início, potência e duração dos efeitos
analgésicos e agradáveis das drogas — opioides ativam áreas de recompensa,
mediando uma associação aprendida entre o seu recebimento e o efeito prazeroso
(VOLKOW; MCLELLAN, 2016).

Segundo Højsteds, opioides são úteis para o tratamento de episódios dolorosos


agudos de curto prazo.
4. No que tange o manejo de opioides, comente sobre os devidos
cuidados que devem ser tomados antes de iniciar o uso do
medicamento.

Antes de iniciar terapia com opioides, deve-se avaliar a necessidade e pensar em


como interrompê-la se malsucedida. Uma avaliação completa do paciente dever ser
realizada: história médica e de uso de substâncias, exame físico e avaliação
psicológica.

Diagnóstico e proposta terapêutica devem ser discutidos com os pacientes, incluindo


orientações sobre riscos e formas de monitoramento. Uso concomitante de
benzodiazepínicos aumenta o risco de overdose, e história de transtornos mentais,
abuso sexual ou físico aumenta o risco de uso indevido. Teste de rastreio
toxicológico de urina é recomendado para avaliar risco de overdose e abuso.
Ademais, maior uso de práticas de prescrição e gerenciamento com suporte
científico (PEREIRA; ANDRADE; TAKITANE, 2016).

O uso deve ser limitado em idosos, pelo maior risco de sedação, quedas e overdose,
e restrito em crianças, em razão do maior risco de danos. O risco de sobredosagem
aumenta sete a nove vezes quando a dose é maior que 100 mg/dia. Na população
jovem, o risco de overdose é maior por uso indevido e dependência.

Em gestantes, a terapia deve ser reduzida gradualmente até a sua interrupção,


metadona pode ser usada para gestantes dependentes de opioides, buprenorfina
também pode ser usada (naloxona é um perigo para o feto). Nas lactantes, deve ser
usada morfina, por ser o opioide com a menor taxa de secreção no leite materno.
Codeína e oxicodona aumentam risco de depressão respiratória e morte infantil.

5. Comente sobre o uso da naloxona para tratamento de overdose.


A expansão do acesso à naloxona demonstrou reduzir significativamente a morte por
overdoses de opioides. Para reduzir os riscos, pode-se limitar a prescrição à menor
dose e menor duração efetivas para dor aguda e crônica, sem comprometer a
analgesia (VOLKOW; MCLELLAN, 2016).

Um estudo com 17.568 adultos de Massachusetts, que sobreviveram a uma overdose


de opioides entre 2012 e 2014, mostrou que a buprenorfina e metadona foram
associados à redução de mortalidade por todas as causas e por opioides
(LAROCHELLE et al., 2018).

A reversão da overdose de opioides com naloxona é imperativa, e auto injetores de


naloxona devem estar disponíveis para leigos e socorristas, incluindo bombeiros e
pessoal do departamento de polícia globalmente (MERCADANTE, 2019). Novos
agentes de reversão de overdose precisam ser criados.

Além disso, o risco de desvio pode ser reduzido pelo registro dos prescritores em
programas nacionais de monitoramento de medicamentos prescritos, bancos de
dados eletrônicos que controlam prescrição e dispensação de controlados (VOLKOW;
MCLELLAN, 2016).

As prescrições devem seguir critérios recomendados por protocolos institucionais e


diretrizes nacionais, incluindo monitoramento do uso com programas de
monitoramento de prescrição de medicamentos (PMPM), mas um estudo mostrou que
apenas 46% dos prescritores seguem essas recomendações. Monitoramento e
reavaliações regulares permitem redução gradual da dose e descontinuação do uso
em pacientes que não apresentam benefício claro ou naqueles que apresentam risco
elevado de overdose — alcoólatras, usuários de benzodiazepínicos, disfunção renal
ou hepática, história de tentativas ou ideação suicida, depressão (VOLKOW;
MCLELLAN, 2016).

3 CONCLUSÃO

Em alguns países da Europa e principalmente nos Estados Unidos o uso


exacerbado dos derivados do ópio como droga de recreação e para tratamento da
dor é usado de forma comum chegando a atingir níveis epidemiológicos.
No Brasil, o uso dessas substâncias não é tão comum quanto em outros países, pois
além de não ser de fácil acesso, ainda é controlada pelas autoridades de saúde
quando usada para controle e tratamento da dor.
Pelo fato de poder causar danos irreparáveis ao indivíduo que faz o uso da droga,
deve-se fazer o supervisionamento do indivíduo que a está utilizando com os
devidos cuidados.
4 REFERÊNCIAS

PEREIRA, M. M.; ANDRADE, L. P.; TAKITANE, J. Evolução do uso abusivo de derivados


de ópio. Saúde, Ética & Justiça, v. 21, n. 1, p. 12-17, 2016.

Servin, E. T. N., Filipe, L. N. S. M., da Cunha Leal, P., de Oliveira, C. M. B., Moura, E. C.
R., & de Sousa Gomes, L. M. R. (2020). A crise mundial de uso de opióides em dor
crônica não oncológica: causas e estratégias de manejo e relação com o Brasil. Brazilian
Journal of Health Review, 3(6), 18692-18712.

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