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São Paulo
2017
CDU 728.222
--------------------------------------------------------------------------------------------------
Prefácio ............................................................................................ 7
Apresentação ................................................................................... 9
Capítulo I
Planejamento e empreendimento: a experiência europeia
em requalificar áreas degradadas ................................................13
Denise Falcão Pessoa
Capítulo II
Da cidade moderna à cidade contemporânea: consensos
do pensamento urbanístico no século XXI .................................35
Rafael Giácomo Pupim
Capítulo III
Cidades novas no Brasil: projetos urbanos e planejamento
regional ..........................................................................................65
Luciana Lessa Simões
Capítulo IV
Do planejamento urbano integrado ao planejamento
estratégico: a cidade de Goiânia na virada do milênio .............89
Vinícius Luz de Lima
Capítulo V
Reabilitação de áreas centrais e qualidade de vida:
repensando estratégias para o Elevado (SP) ..............................103
Valéria Nagy de Oliveira Campos
Capítulo VII
A relação do edifício habitacional com a cidade – uma
análise da herança brasileira .....................................................143
Catharina Teixeira
Capítulo VIII
Breve histórico da política habitacional em São Paulo – da
produção rentista do início do século XX à produção
habitacional do regime autoritário (1964 – 1986) ..................167
Mariana Cicuto Barros
Capítulo IX
Caracterização dos espaços livres de edificação no âmbito
residencial ....................................................................................193
Solange de Aragão
Capítulo X
Os espaços habitacionais contemporâneos no design de
interiores: uma relação física, social e sensorial ....................205
Eliana Maria Tancredi Zmyslowski
Os autores.....................................................................................215
PREFÁCIO
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO I
PLANEJAMENTO E EMPREENDIMENTO:
A EXPERIÊNCIA EUROPEIA EM REQUALIFICAR
ÁREAS DEGRADADAS
Denise Falcão Pessoa
Antecedentes
Primeiras experiências em revitalização urbana público/privada
1
ASCHER, François. Os novos princípios do urbanismo. São Paulo: Romeno Guerra, 2010, p.27.
2
HALL, Peter. Cidades do amanhã: uma história intelectual do planejamento e do projeto
urbanos do século XX. São Paulo: Perspectiva, 2005, p. 381.
3
Ibid., p. 381.
4
HALL, Peter. Cidades do amanhã: uma história intelectual do planejamento e do projeto
urbanos do século XX. São Paulo: Perspectiva, 2005, p. 415.
5
A view on cities – Feneuil Hall. Disponível em: http://www.aviewoncities.com/boston/
faneuilhall.htm. Acesso em: 10 fev. 2015.
Docklands – Londres
6
HALL, Peter. Cidades do amanhã: uma história intelectual do planejamento e do projeto
urbanos do século XX. São Paulo: Perspectiva, 2005, p. 417.
7
The London Docklands Development Corporation 1981-1998. Disponível em: http://www.
lddc-history.org.uk. Acesso em: 12 fev. 2017.
8
EDWARDS, Brian. Deconstructing the City: London Docklands. (tradução nossa). Disponível
em: http://www.rudi.net/books/12383. Acesso em: Acesso em: 14 fev. 2017.
9
COPANS, Rose. Intervenções de recuperação de zonas urbanas centrais: experiências nacionais
e internacionais. Disponível em: http://www.fflch.usp.br/centrodametropole/antigo/v1/diver-
cidade/numero2/caminhos/08Rose%20Compans.pdf. Acesso em: 10 jan. 2017.
O projeto visa criar 6 mil residências para 12 mil pessoas, edifícios para
escritórios, lojas, bares, restaurantes, escola primária, universidade, além de uma
filarmônica e um hotel. Há também o objetivo de atrair visitantes e turistas.
A área foi dividida em dez setores, sendo sua construção iniciada no senti-
do oeste-leste e norte-sul. A previsão inicial para o término das obras é de 2015.
O edifício da Elbphilarmonie (filarmônica) tem projeto de Herzog & de
Meuron. O projeto manteve a fachada do Kaispeicher, primeiro armazém constru-
ído nas docas de Hamburgo em 1875 e quase totalmente destruído na Segunda
Guerra Mundial. Foi reconstruído no mesmo local em 1966 e funcionou até 1990.
Além da filarmônica, o edifício abriga um hotel com 250 apartamentos, 45 apar-
tamentos privados de luxo com vista para o porto e estacionamento10 (Figura 6).
10
Elbphilarmonie Hamburg. Disponível em: https://www.elbphilharmonie.de/elbphilharmo-
nie. Acesso em: 10 jan. 2017.
11
HafenCity Hamburg – Essentials Quarters Projects, 2012.
12
Ibidem.
13
HafenCity Hamburg – Essentials Quarters Projects, 2012, p. 13.
14
VÁZQUEZ, Carlos Garcia. Ciudad hojaldre: visiones urbanas del siglo XXI. Barcelona:
Gustavo ili, 2006, p. 41.
15
Ibid., p. 39.
última geração, o muro era uma barreira de concreto armado de quatro me-
tros de altura (Figura 10).
16
Berlin Story Verlag. El muro de Berlim 1961-1989. 2012, p. 16.
VÁZQUEZ, Carlos Garcia. Ciudad hojaldre: visiones urbanas del siglo XXI. Barcelona:
17
Figura 12 – Haus Huth em Potsdamer Platz, único edifício que sobreviveu à guerra e ao
muro de Berlim, 2014.
Foto da Autora
18
MILLER, Rachel; REED, Amanda. Potsdamer Platz Renzo Piano Workshop. Berlin, Germany.
Disponível em https://courses.washington.edu/gehlstud/gehl-studio/wp-content/themes/gehl-
-studio/downloads/Autumn2008/Potsdamer_Platz.pdf. Acesso em: 28 jan. 2017.
Considerações finais
19
MILLER, Rachel; REED, Amanda. Potsdamer Platz Renzo Piano. Workshop. Berlin, Germany.
Disponível em https://courses.washington.edu/gehlstud/gehl-studio/wp-content/themes/gehl-
-studio/downloads/Autumn2008/Potsdamer_Platz.pdf. Acesso em: 28 jan. 2017.
O que é fato é que a urbanização de grandes áreas seria inviável sem a par-
ceria com empresas privadas. O alto custo de um empreendimento dessa natu-
reza está acima das possibilidades da maioria dos governos municipais, mesmo
quando há uma cooperação do governo federal.
Um aspecto que facilitou a revitalização nos três casos abordados foi o
fato de as áreas serem de propriedade pública na sua maior parte. No caso de
Docklands, a prefeitura de Londres era proprietária de grande parte da área. Em
Hamburgo o governo municipal foi adquirindo as glebas sem fazer alarde e
Potsdamer Platz era lugar ocupado pelo muro que dividia a Alemanha Oriental
e Ocidental, e portanto não era de propriedade privada. Se a área estivesse pul-
verizada na mão de muitos donos, as complicações para viabilizar projetos de
tal magnitude teriam sido muito maiores.
CAPÍTULO II
DA CIDADE MODERNA À CIDADE CONTEMPORÂNEA:
CONSENSOS DO PENSAMENTO URBANÍSTICO
NO SÉCULO XXI
Rafael Giácomo Pupim
pre o fazem ao se tratar de fenômenos recentes. Tal dificuldade pode ser ates-
tada pela compreensão que nos faz ter o urbanista italiano Bernardo Secchi,
ao considerar todo o século XX como um período de transição entre a cidade
moderna e a contemporânea20.
Em Primeira Lição de Urbanismo, Bernardo Secchi21 questiona a denomi-
nação “breve século XX” elaborada pelo historiador inglês Eric Hobsbawm22,
segundo a qual, o período central desse século, compreendido entre a Primeira
Guerra Mundial e o início dos anos 1990, concentra e exprime todas as suas pe-
culiaridades. Para Secchi, neste mesmo intervalo, situam-se algumas das maiores
experiências da cidade e do urbanismo ocidental: a experiência do movimen-
to moderno, da construção da cidade soviética, da cidade do New Deal e das
cidades das ditaduras europeias, das duas reconstruções pós-bélicas, da forma-
ção, em algumas regiões do mundo, de imensas megalópoles, e, na última parte
desse período, finalmente, termina a transição da cidade moderna para a cidade
contemporânea – uma transição “iniciada nas últimas décadas do século XIX”.
Trata-se de transformações bastante intensas, desdobramentos de conjunturas
que não se circunscrevem a este curto período. Para a história da cidade e do
urbanismo, portanto, o século XX foi um longo século.
Se o século XX foi um século de transição, é o contexto do século XXI,
sob os aspectos da globalização e do capitalismo avançado, da reestruturação
produtiva, da telemática e da sociedade informatizada, que apresenta as orien-
tações para o entendimento do que podemos chamar de cidade contemporânea.
Porém, tal como se dá com a aproximação das acepções dos termos moderno e
contemporâneo, o momento recente não é uma ruptura integral com o ideário
pregresso, sendo possível notar desdobramentos dos pressupostos da moder-
nidade. Dentre esses desdobramentos, destaca-se a manutenção da figura da
mobilidade – exacerbada na contemporaneidade. As rupturas se apresentam
pela transformação das figuras da continuidade, da homogeneidade e da uni-
dade para as figuras do fragmento e da complexidade, que norteiam o pensa-
mento contemporâneo.
20
SECCHI, Bernardo. Primeira lição de urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 2006.
21
SECCHI, Bernardo. op. cit., p.85.
22
HOBSBAWN, Eric J. Age of extremes: the short twentieth century 1914-1991. London:
Random House, 1994.
23
PICON, Antoine. Racionalidade técnica e utopia: a gênese da haussmannização. In:
SALGUEIRO, Heliana Angoti (Org.). Cidades capitais do Século XIX: racionalidade, cosmo-
politismo e transferências de modelos. São Paulo: Edusp, 2001.
nistas modernos aos problemas da cidade liberal tinham como ponto de partida
a pobreza e o caos resultante da cidade industrializada e, em grande medida,
se apoiavam nas inquietações atreladas à miséria do proletariado. As propostas
para a cidade moderna teriam, então, como pano de fundo, o ideal da justiça
social, da salubridade e da eficiência.
Como antecedentes às reformas urbanas de meados do século XIX e aos
modelos teóricos para as novas cidades industriais do final desse mesmo século,
têm-se, no início dos oitocentos, os urbanistas conhecidos como socialistas utó-
picos, que possuíam uma posição antiurbana, de inspiração romântica24, e que se
opunha à industrialização que gerava a metropolização. Nesta corrente, Robert
Owen, Charles Fourier e Etienne Cabet influenciaram profundamente o pensa-
mento e as ações políticas do século XIX ao pregarem mudanças na organização
social e nas relações de trabalho nas fábricas na busca de mais dignidade huma-
na. Esta nova ordem social induzia a formulação de um espaço que possibilitasse
a construção da sociedade idealizada. Os exemplos dessas novas concepções de
cidade se expressam em New Harmony (uma aldeia harmoniosa e cooperação es-
tabelecida ao redor de uma fábrica), arquitetada por Owen, no Falanstério (um
edifício monumental no qual as pessoas viveriam de forma comunitária), idea-
lizado por Fourier, no Familistério (uma redução do modelo fourierista edifica-
do por Godin), e na Icária, de Cabet, que se transformaram em símbolos desse
momento, propondo a alteração da estrutura física para abrigar a sociedade jus-
ta e sã, sem as lutas, a competição desenfreada e as tendências perversas da acu-
mulação de riquezas. A próxima geração de pensadores críticos, sobretudo Karl
Marx e Friedrich Engels, percebeu e pregou que entre a propriedade e a pobre-
za, o capital e o trabalho, as relações seriam de confrontação e de luta de classes.
Sob outro enfoque, as propostas para reformar a cidade liberal em mea-
dos do século XIX deram conta do problema da miséria e da degradação huma-
na como uma questão de salubridade e de controle social. Pela ação dos médicos,
que explicavam a proliferação das doenças a partir da teoria miasmática, a cida-
de sã deveria ser a cidade higiênica e descongestionada, na qual, além das redes
de água e esgoto, também eram fundamentais a abertura de espaços para a circu-
lação do ar, para a penetração da luz natural e para o contato dos citadinos com
espaços verdes. Na Paris de Haussmann, na Barcelona de Cerdá e na Ringstrasse
24
FILHO, Nestor Goulart Reis. Urbanização e teoria. São Paulo: Gráfica Urupês, 2000.
25
SALGUEIRO, Heliana Angoti (Org.). Cidades capitais do século XIX: racionalidade, cosmo-
politismo e transferências de Modelos. São Paulo: EDUSP, 2001.
26
SITTE, Camillo. A construção das cidades segundo seus princípios artísticos. (Ed. original
1889). São Paulo: Ática, 1992.
27
BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. São Paulo: Perspectiva, 1996.
Figura 3 – Esquema de organização das quadras ao longo de um eixo viário entre duas cidades
originais no Modelo da Cidade Linear de Arturo Soria y Mata, 1882.
Fonte: Wikimedia Commons, 2015. Creative Commons Attribution-Share Alike 2.5 Generic
license
28
HOWARD, Ebenezer. Cidades-jardins de amanhã. São Paulo: Hucitec, 1996.
29
CHOAY, Françoise. O urbanismo, utopias e realidade, uma antologia. São Paulo: Perspectiva, 1965.
ceitos teóricos na cidade de Lion, entre 1904 e 1914, onde constrói uma série de
edifícios públicos exemplares e bairros residenciais que resolvem em pequena es-
cala o caráter unitário da cidade racionalista, e sua defesa da técnica do concre-
to armado representam a ponte entre teoria e prática que faz da obra de Garnier
uma valiosa contribuição ao urbanismo do movimento moderno.
30
FILHO, Nestor Goulart Reis. Urbanização e teoria. São Paulo: Gráfica Urupês, 2000.
radas sob a ótica higienista, e nos quais o zoneamento funcional era enfatizado
fortemente. Neste contexto, as posturas gerais dos racionalistas se evidenciam por
descongestionar o centro das cidades e prever velocidade e eficiência na circulação,
por aumentar as densidades nos centros das cidades por meio da verticalização,
para realizar o contato exigido pelos negócios e em proporção elevar a quanti-
dade de áreas abertas para evitar a superlotação, por modificar completamente a
conformação tradicional da rua devido aos meios modernos de transporte (me-
trô, carros, trens, aviões), e por aumentar as superfícies verdes para assegurar a
higiene suficiente e a calma útil ao trabalho atento exigido pela era da máquina.
Nas propostas de Le Corbusier, estes consensos do pensamento urbanístico
moderno racionalista ficam evidentes. Na Cidade Contemporânea para 3.000.000
de habitantes, de 1922, a divisão da cidade em três setores distintos, organizados
em meio a grandes áreas verdes e interligados por uma rede viária de alta capacida-
de e de traçado geométrico, tem como pontos de destaque a sistematização viária,
que reduz a quantidade de vias de automóveis, a superquadra com os edifícios ele-
vados do solo, liberando ainda mais espaços abertos, e os “prédios-vila”. Esta pro-
posta é adaptada para o arrojado plano para Paris, o Plan Voisin, de 1925, segundo
o qual o centro da cidade seria completamente arrasado para dar lugar a uma nova
rede viária de autoestradas e a uma ordem geométrica de arranha-céus imersos em
amplas áreas verdes, rodeados por áreas habitacionais conectadas por vias de circu-
lação categorizadas por fluxo e tipo de tráfego. Na Ville Radieuse, de 1930, as fun-
ções urbanas, separadas, apresentam-se em faixas paralelas, e a ordem da cidade se
demonstra com clareza extrema na definição morfológica de cada setor. Com os
planos para Montevidéu, Buenos Aires, São Paulo e Rio de Janeiro, propostos entre
1929 e 1931, Le Corbusier formula a hipótese mais prodigiosa de sua visão urba-
nística: a solução única a partir de um gesto geral que aglutina arquitetura e cidade,
e que aparecerá mais acabada no Plano Obus para Argel em 1931.
Do pensamento racionalista sobre a cidade, destaca-se o quarto CIAM,
de 1933, que teve como produto a Carta de Atenas. Neste documento de com-
promisso, considerado a consubstanciação dos consensos do urbanismo moder-
no, a palavra de ordem é separar. Suas indicativas para a resolução das “quatro
funções urbanas” (habitar, circular, trabalhar e recrear-se) aparecem nos proje-
tos urbanos executados de Le Corbusier para Chandigard (projetada em 1950)
e de Lucio Costa para Brasília (concebida em 1956).
Figura 7 – Vista aérea do setor habitacional de Brasília, Asa Sul. As superquadras habitacionais
junto ao Eixo Rodoviário concebido sem cruzamentos em nível. Blocos de seis pavimentos
sobre pilotis em meio ao verde.
Fonte: GoogleEarth, 2016. Imagem do Satélite Landsat. Data das imagens: 18/02/2014.
Coordenadas 15º48”29,17”S 47º53”27,06”O elev 1099m altitude do ponto de visão
2,47km
31
BARONE, Ana Cláudia Castilho. Team 10: arquitetura como crítica. São Paulo: Annablume,
2002.
32
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
33
SECCHI, Bernardo. Primeira lição de urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 2006.
34
ROSSI, Aldo. A Arquitetura da Cidade. (Ed. original 1966) São Paulo: Martins Fontes,
1995.
35
VENTURI, Robert; SCOTT BROWN, Denise; IZENOUR, Steven. Aprendendo com Las
Vegas. (ed. original 1977). São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
projeto urbanístico, ressaltando que, o que à primeira vista aparece como ba-
nal, tem notável efeito comunicante e um efeito perceptivo rico de elementos36.
Outras figuras que atuaram como base para os consensos do urbanis-
mo moderno são as da utilidade e da funcionalidade. Tais figuras ganharam
vigor no ideal de distanciar e separar. Deste paradigma descende, a partir do
século XVIII, a geografia dos cemitérios, dos matadouros, dos hospitais, dos
quartéis e das prisões e, no século XIX, a disposição das fábricas e dos diver-
sos tipos de residência. No começo do século XX, esse ideal foi codificado na
pratica do zoning, consolidando na cidade um sistema de valores posicionais
que, ao longo do tempo, foi representado, de modo mais ou menos trans-
parente, nas características físicas e estéticas de suas diferentes partes e nos
correspondentes valores fundiários. A visão tardo-racionalista sobre a cidade
acompanhava o zoning da possibilidade de se desvencilhar da desordem ur-
bana e de se afastar da congestão por meio do conforto da circulação com o
automóvel, distanciando a moradia que, por sua vez, se inseria no verde do
espaço de ocupação rarefeita. O efeito dessa visão foram os bairros residen-
ciais fechados,37 afeitos à segregação social e sem estímulos à vivência urba-
na, pois não suscitam espaços compartilhados.
Na cidade moderna, como nos esclarece Secchi,38 alcançara-se gradual
e progressivamente certa coerência entre a forma urbana, o papel das diversas
partes, a disposição das diferentes atividades em seu interior e a distribuição
dos valores posicionais. No centro, as atividades direcionais e comerciais de
maior valor, as grandes instituições e a residência das classes mais abastadas; e,
gradualmente, em direção à periferia, atividades menos raras e classes sociais
menos ricas; na extrema fronteira, a fábrica, os quartéis, os manicômios e os
bairros populares. A pirâmide dos valores posicionais e estéticos espelhava a so-
cial. Porém, a cidade contemporânea é lugar de contínua e tendencial destrui-
ção de valores posicionais, de progressiva uniformização e democratização do
espaço urbano, de destruição de consolidados sistemas de valores simbólicos e
monetários, de contínua formação de novos itinerários privilegiados, de novos
36
LYNCH, Kevin. The image of the city. Cambridge: The M.I.T. Press, 1960.
37
MARCUSE, Peter. No caos, sino muros: el postmodernismo y la ciudad compartimentada.
In: RAMOS, Ángel M. (Ed.). Lo urbano. Barcelona: ETAB/UP, 2004.
38
SECCHI, Bernardo. Primeira lição de urbanismo. São Paulo: Perspectiva, 2006.
40
SOLÁ-MORALES, Ignasi de. Territórios. Barcelona: Gustavo Gili, 2002.
41
KOOLHAAS, Rem. The generic city. In.: KOOLHAAS, Rem. MAU, Bruce. S, M, L, XL.
New York: The Monacelli Press, 1995.
42
LIPIETZ, Alain. O local e o global: personalidade regional ou inter-regionalidade? In.:
Revista Espaço & Debates, São Paulo: Neru, n. 38, p. 10-20, 1994.
43
CASTELLS, Manuel. The informational city. Oxford: Blackwell, 1991.
Figura 8 – Gráfico das maiores Megacidades do munto de acordo com uchart.org (2014).
Fonte: Wikimedia Commons Internacional
44
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.
Figura 9 – Mapa das cidades globais de acordo com Globalization and World
Cities (GaWC) (dados de 2010).
Fonte: Wikimedia Commons
45
ARAUJO, Rosane Azevedo de. A cidade sou eu?: o urbanismo do século XXI. Tese
(Doutorado). Rio de Janeiro, UFRJ/FAU, 2007.
46
SASSEN, Saskia. As cidades na economia mundial. São Paulo: Studio Nobel, 1998.
47
FIRMINO, Rodrigo José. A simbiose do espaço: cidades virtuais, arquitetura recombinan-
te e a atualização do espaço urbano. In: LEMOS, André. (Org.) Cibercidade II: a cidade na
sociedade da informação. Rio de Janeiro: E-papers. 2005, p. 307-335.
48
LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Ed. 34, 1999.
49
MITCHELL, William J. City of bits: space, place and the infobahn. Cambridge: MIT Press,
1995.
50
MITCHELL, William J. e-topía: vida urbana, Jim, pero no la que nosostros conocemos.
Barcelona: Gustavo Gili, 2001.
51
ASCHER, François. Metápolis: acerca do futuro da cidade. Oeiras: Celta Editora, 1998.
52
MONTE-MÓR, R. L. Urbanização extensiva e lógicas de povoamento: um olhar ambiental.
In: SANTOS, Milton et. al. (Org.) Território, globalização e fragmentação. São Paulo: Hucitec/
Anpur, 1994, p. 169-181.
53
INDOVINA, Francesco. La Ciudad Difusa. In: RAMOS, Ángel Martins. Lo Urbano.
Barcelona: ETAB/UP, 2004.
54
Dois autores utilizam o termo “cidade dispersa” para tratar do fenômeno, Francisco Javier
Monclús (MONCLÚS, Francisco Javier. La ciudad dispersa. Barcelona: Centro de Cultura
Contemporanea de Barcelona, 1998) e Nestor Goulart Reis (REIS, Nestor Goulart. Notas
sobre urbanização dispersa e novas formas de tecido urbano. São Paulo: LAP-FAU-USP, 2006).
55
GARREAU, Joel. Edge city: life on the new frontier. New York: Doubleday, 1991.
56
GANDELSONAS, Mario. X Urbanism: architecture and the american city. Nova York:
Princenton Architectural Press, 1999.
INDOVINA, Francesco. La ciudad cifusa. In: RAMOS, Ángel Martins. Lo urbano. Barcelona:
57
ETAB/UP, 2004.
58
TSCHUMI, Bernard. The Manhattan transcripts. London: Academy Editions, St. Martin’s
Press, 1981.
59
NESBITT, Kate. Uma nova agenda para a arquitetura: antologia teórica. São Paulo, Cosac
Naify, 2006.
60
MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre, Sulina, 2007.
61
Small, medium, large, extra large (pequeno, médio, grande, extra grande) faz referência aos
parâmetros de medidas usados na comercialização das peças prontas para vestir.
62
KOOLHAAS, Rem. MAU, Bruce. S, M, L, XL. New York: The Monacelli Press, 1995.
63
ARAUJO, Rosane Azevedo de. A cidade sou eu?: o urbanismo do século XXI. Tese (Doutorado)
– Rio de Janeiro, UFRJ/FAU, 2007.
64
MONTANER, Josep Maria; MUXI, Zaida. Arquitetura e política. São Paulo: Gustavo Gili,
2014.
Figura 12 – Vista da Favela Jaqueline, no distrito de Vila Sônia (São Paulo, Brasil), 2008.
Fonte: Wikimedia Commons
65
ARANTES, Otília, VAINER, Carlos, MARICATO, Ermínia. A cidade do pensamento unico.
Desmanchando Consensos. Petrópolis: Vozes, 2000.
66
VAINER, Carlos. Pátria, empresa e mercadoria: notas sobre a estratégia discursiva do plane-
jamento estratégico urbano. In: VIII ENCONTRO NACIONAL DA ANPUR, 1999. Porto
Alegre. Anais eletrônicos. Porto Alegre: PROPUR – UFRGS, 1999.
67
LEFEBVRE, Henri. O direito à cidade. (Ed. original 1968). São Paulo: Centauro, 2001.
68
GEHL, Jan. Cidades para pessoas. São Paulo: Perspectiva, 2013.
69
MIT, Massachusetts Institute of Technology. City science. 2015. Disponível em: <http://
cities.media.mit.edu>. Acesso em: 16 maio de 2015.
CAPÍTULO III
CIDADES NOVAS NO BRASIL:
PROJETOS URBANOS E PLANEJAMENTO REGIONAL
Luciana Lessa Simões
70
Aristóteles apresenta as condições e características que uma cidade deve ter como princípio
necessário ao bom funcionamento de uma política ideal para a manutenção do Estado – en-
tendido como guardião do bem estar de seus habitantes – nos capítulos IV a XI do Livro VII
da Política. Dentre essas características, apresenta: o estabelecimento de limites para o número
de habitantes, a fim de que a cidade ideal possa se autogerir e ser autosuficiente; a determinação
dos serviços necessários à “felicidade” de seus habitantes; a divisão das terras em propriedades
“públicas” e “individuais”, a fim de garantir a inexistência de disputas com cidades vizinhas
nas regiões de fronteiras; os modelos de disposição de residências e instituições, diferentes
segundo cada forma de governo (monárquico, democrático ou aristocrático); a localização da
“ágora para negócios”, dos “locais destinados aos edifícios consagrados ao culto dos deuses” e
aos “repastos coletivos”; a garantia de segurança através do desenho da cidade e da disposição
de suas ruas. Aristóteles. Política. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1985.
71
O trabalho de PESSOA, Denise Falcão. Utopia e cidades: proposições. São Paulo: Annablume,
Fapesp, 2006, apresenta vários modelos propostos para as cidades ao longo da história e seu
reflexo em projetos urbanos.
bora muitas cidades continuem a surgir em países que ainda têm espaço a ser
ocupado, e economia em desenvolvimento.
72
GALANTAY, Ervin. Nuevas Ciudades: de la antiguidad a nuestros dias. Colección
Arquitectura/Perspectivas, Barcelona: Ecitorial Gustavo Gili, 1977.
73
Para outras informações sobre conceitos e exemplos de cidades novas na história, ver tam-
bém o trabalho de TREVISAN, Ricardo. Cidades Novas. Tese (Doutorado) – Universidade de
Brasília-UnB, Programa de Pós -Graduação em Arquitetura e Urbanismo, 2009.
74
GOLANY, Gideon. New-Town planning: principles and practice. New York: Wiley-
Interscience Publication/John Wiley & Sons, 1976.
75
Dentre esses estudos, encontram-se os trabalhos de GALLION, Arthur B. The Urban Pattern.
Londres-New York-Toronto: D. Van Nostrand Company, 1950; DODI, Luigi. Elementi di
Urbanística. Milão: Cesare Tamburini, 1953; BARTHOLOMEW, Harland. Land Uses in
American Cities. Cambridge: Harvard University Press, 1955; RIGOTTI, Giorgio. Urbanismo – La
Composicion. Barcelona-Madri: Editorial Labor S.A., 1967; GIBBERD, Frederick. Town Design.
London: Architectural Press, 1956; BIGOT, François e LECOIN, Jean-Pierre. «Consommation
d’espace par l’habitat et les équipements» in Cahiers de L’IAURP, vol. 34, p. 1-98, 1974; DE
CHIARA, Joseph e KOPPELMAN, Lee. Urban Planning and Design Criteria. Chicago-Londres:
University of Illinois Press-Urbana, 1975; GOLANY, Gideon. New-Town Planning: principles
and practice. New York: Wiley-Interscience Publication-John Wiley & Sons, 1976; CHAPIN
JR, F. Stuart. Urban Land Use Planning. Chicago: University of Illinois Press, 1972.
76
Em 1928, Henry Ford implantou a cidade chamada de Fordlândia (Fordland) próximo à cidade
de Santarém, no Pará, com o objetivo de abastecer sua empresa de látex necessário à confecção de
pneus para seus automóveis. Em 1945, com o fracasso do projeto de implantação das seringueiras,
a Companhia desistiu do empreendimento e o governo brasileiro assumiu os equipamentos e a
infraestrtura instalada na região. A cidade ficou conhecida como “a utopia de Ford”. Atualmente, está
abandonada, aguardando pelo seu tombamento (ver artigo de Lucas Fonseca, intitulado “Conheça
Fordlândia, a cidade construída pela Ford na Amazônia”, disponível em <http://www.tecmundo.
com.br/historia/42679-conheca-fordlandia-a-cidade-construida-pela-ford-na-amazonia.htm>).
77
Em artigo publicado no site Vitruvius, Carlos Teixeira relembra a história de cidades que foram
inundadas pela construção de represas e hidrelétricas. Em nota deste mesmo artigo, informa
que: “O Brasil é um dos países com mais usinas hidrelétricas do mundo e o terceiro ou quarto
em número de cidades submersas. São 34.000 km2 de terras inundadas para a formação de re-
presas, o que gerou o deslocamento de aproximadamente 200.000 famílias.” TEIXEIRA, Carlos
Moreira. Escala 1:1 Uma cidade protegida debaixo d’água. Minha Cidade, São Paulo, 07.082,
Vitruvius, maio 2007 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/minhacidade/07.082/1926>
78
São aproximadamente 5 milhões de Km2, compreendendo Amazonas, Acre, Amapá,
Rondônia, Roraima, Pará, Mato Grosso, parte do Maranhão e parte de Goiás.
79
A publicação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) chamada
aqui de Estatuto da Terra, reúne a Emenda Constitucional nº 10, a Mensagem nº 33 e a Lei
nº 4.504 de 1964.
80
Assim como os projetos de Sérgio Bernardes têm sido pouco estudados nas escolas de
Arquitetura do Brasil.
81
O Decreto n. 59.428, de 27 de outubro de 1966, apresentava os estímulos concedidos às
empresas particulares de colonização.
82
O INCRA chegou a formular um plano de “urbanismo rural” (INCRA, Urbanismo Rural.
1973). Porém, os projetos de colonização oficial sofriam com a descontinuidade administrativa
dos órgãos envolvidos, e, a partir de 1974, o Estado passa a incentivar a colonização particular,
que já contava com o interesse de empresários nacionais e internacionais.
ência sobre a dinâmica regional, bem como sua pertinência ao contexto físico-
-ambiental e socioeconômico local83.
83
A Construção n. 1805, setembro de 1982 e n. 1867, novembro de 1983; AU n. 10, feve-
reiro/março 87 e n. 12, junho/julho 1987; PROJETO n. 126, outubro 1989. Nessa época, a
preocupação com a ocupação da Amazônia e com a ameaça de desertificação da maior reserva
florestal do mundo já estava em pauta.
84
A adequação do projeto da Vila Serra do Navio às expectativas da população usuária é ava-
liada e confirmada pela manutenção das características originais de seus equipamentos e das
próprias habitações projetadas após 32 anos de utilização. Embora essa permanência possa ser
creditada ao fato de ter permanecido sob a gestão da empresa mineradora até 1992, com rígidas
regras de convivência e fiscalização, as manifestações que levaram ao tombamento da cidade
pelo IPHAN confirmam o reconhecimento de sua importância histórica e de suas qualidades
urbanísticas e arquitetônicas.
Figura 2 – Projeto de Oswaldo Arthur Bratke para Vila Amazonas sobre vista aérea da
cidade em sua configuração atual.
Fonte: OLIVEIRA, José Luiz Fleury de, 1984 (desenho). Imagem adaptada de Google
Earth, 2015. Imagem Digital Globe 2014. Data das imagens: 21/09/2014
O mesmo destino não teve a Vila Serra do Navio85. Apesar de seu projeto
ter sido mais completo e complexo, com base em um princípio de autosuficiên-
cia – pois se tratava de um núcleo urbano localizado em plena floresta amazôni-
ca, distante cerca de 200Km do porto de embarque de minérios – a cidade sofreu
com o abandono das atividades extrativistas, o isolamento e a falta de uma eco-
nomia que sustentasse sua infraestrutura e sua população. Após um período de
abandono que quase a transformou em uma “cidade fantasma”, e de seu tomba-
85
Sobre Vila Serra do Navio existem muitos trabalhos acadêmicos, artigos e publicações.
Dentre eles, podemos citar RIBEIRO, Benjamin Adiron. Vila Serra do Navio: comunidade
urbana na selva amazônica: um projeto do arq. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: Pini, 1992.
O livro de SEGAWA, Hugo. Oswaldo Arthur Bratke. São Paulo: ProEditores, 1997 também
traz informações importantes sobre esses projetos.
mento pelo IPHAN em 2010, a cidade busca, ainda hoje, um novo rumo, com
base no potencial ecoturístico e na exploração sustentável da floresta86. (Figura 3)
Figura 3 – Projeto de Oswaldo Arthur Bratke para Vila Serra do Navio sobre vista aérea da
cidade em sua configuração atual.
Fonte: OLIVEIRA, José Luiz Fleury de, 1984 (desenho). Imagem adaptada de GoogleEarth,
2015. Imagem Digital Globe 2015. Data das imagens: 27/08/2007
O fato de Vila Amazonas e Vila Serra do Navio serem, ainda hoje, as ci-
dades com melhor infraestrutura do Estado do Amapá é um testemunho de que
bons projetos de cidades podem atender ao objetivo de se tornarem indutores de
ocupação e desenvolvimento de regiões, gerando, inclusive, novas centralidades.
86
Ver notícia de Paul Meurs (Utrech-Holanda) na Revista Construção, Cenário, fevereiro de
1999, disponível em <http://www.piniweb.com.br/construcao/noticias/cenario-84535-1.asp>.
A partir de 2015 deu-se início ao processo de regularização fundiária de Vila Serra do Navio,
sob coordenação da Universidade Federal do Pará-UFPA e apoio do Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional-IPHAN – ver notícias em https://www.portal.ufpa.br/imprensa/
noticia.php?cod=10101.
Outros sete projetos de cidades criadas por incentivo oficial e iniciativa de em-
presas que aderiram aos programas de desenvolvimento da Amazônia são apresentados
a seguir e comparados com sua situação atual a partir de imagens de satélite. Para esta
comparação, foram utilizados os projetos e croquis de seus autores, e os desenhos ela-
borados pelo arquiteto José Luiz Fleury de Oliveira em sua dissertação de mestrado87.
O Plano de Desenvolvimento Urbano de Nova Marabá foi elaborado
em 1973 pelo escritório Joaquim Guedes e Associados, com a finalidade de re-
estruturar a rede de cidades existente em decorrência da implantação do núcleo
de Carajás, da rodovia Transamazônica e das obras de infraestrutura associadas
ao desenvolvimento da região88.
A necessidade de implantação de um núcleo de apoio para a exploração do
minério de ferro a 200 Km da cidade de Marabá foi o condicionante apontado
para sua relocação, com o objetivo de transformar a cidade em pólo regional e,
ao mesmo tempo, superar problemas detectados no núcleo existente.
A implantação do novo núcleo, extensão do núcleo originário, foi prevista
em três etapas: na primeira, até 1976, seriam abertos 3 dos 11 setores propos-
tos, para uma população estimada de 10.192 habitantes; na segunda, a abertu-
ra de outros 3 setores; na terceira, até 1985, alcançaria a ocupação de 799,15 ha
para uma população final de 51 mil habitantes.
O sistema viário estrutural obedeceu ao desenho proposto para a cidade,
mas as quadras acabaram adotando traçado mais irregular e orgânico do que
o previsto no projeto. A ocupação dos lotes também se desvirtuou da propos-
ta inicial89. (Figura 4)
87
Em sua dissertação de mestrado, trabalho que também foi premiado pelo Instituto de
Arquitetos do Brasil (IAB), Fleury estudou 12 (doze) cidades novas da Amazônia. OLIVEIRA,
José Luiz Fleury de. Amazônia: condicionantes da ocupação e assentamentos. (Dissertação)
– FAUUSP, 1984. Detalhes sobre a distribuição e localização dos equipamentos públicos e
índices urbanísticos resultantes em alguns desses projetos podem ser encontrados também em
SIMÕES, Luciana Lessa Simões. Índices urbanísticos e planejamento urbano no Brasil: novas
experiências. Pesquisa de Iniciação Científica CNPQ e FAUUSP, 1987.
88
A construção do trecho da rodovia PA-70, que ligaria Marabá ao grande eixo rodoviário da
Belém-Brasília e à capital do Estado do Pará também foi uma importante obra relacionada a
esse desenvolvimento.
89
ALMEIDA, José Jonas. A Cidade de Marabá sob o impacto dos projetos governamentais
(1970-2000). In: Fronteiras, MS, v. 11, n. 20, p. 167-188, jul./dez. 2009.
Figura 4 – Projeto do escritório Joaquim Guedes e Associados para Nova Marabá sobre vista
aérea da cidade em sua configuração atual.
Fonte: Joaquim Guedes e Associados (Plano de Desenvolvimento Urbano de Marabá).
Imagem adaptada de GoogleEarth, 2015. Imagem CNES/Astrium 2015. Data das imagens:
01/08/2013
90
Apesar da proposta de separação do Estado do Pará ter sido rejeitada pela população em
2011, políticos da região voltaram a apresentá-la em 2014. Ver reportagem disponível em
<http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2011/12/11/paraenses-negam-criacao-
-de-estados-de-carajas-e-tapajos.htm >
Figura 5 – Adaptação de Maria Izabel Meirelles para o projeto de Juruena sobre vista aérea
da cidade em sua configuração atual.
Fonte: Revista AU (n. 12). Imagem adaptada de GoogleEarth, 2015. Imagem CNES/Spot
Image 2015. Data das imagens: 12/08/2013
91
IBGE, 2010.
Figura 6 – Projeto de Jair Carvalho para Juina sobre vista aérea da cidade em sua
configuração atual.
Fonte: OLIVEIRA, José Luiz Fleury de, 1984 (desenho). Imagem adaptada de
GoogleEarth, 2015. Imagem CNES/Astrium 2015. Data das imagens: 14/07/2013
Figura 7 – Projeto do escritório M.K. Arquitetura S/C Ltda para Alta Floresta sobre vista
aérea da cidade em sua configuração atual.
Fonte: OLIVEIRA, José Luiz Fleury de, 1984 (desenho). Imagem adaptada de GoogleEarth,
2015. Imagem Digital Globe 2015. Data das imagens: 16/07/2013
tro de serviços. Nas duas cidades, o desenho urbano que se quer impor encon-
tra “resistência” das características naturais do sítio: em Alta Floresta, grandes
distâncias devem ser percorridas sem o sombreamento da área desmatada; em
Paranaita, a malha ortogonal tenta subverter o sistema de drenagem natural.
Criada em 1979, Paranaita permaneceu como distrito de Alta Floresta
até 1986, quando foi elevada à categoria de município. Também teve a vocação
agrícola substituída pelo garimpo e, além da usina hidrelétrica de São Manoel,
a usina Teles Pires está sendo instalada no município.
A imagem de satélite mostra que o traçado urbano original foi preservado
– embora também tenha “perdido” as vias em cul de sac – e que a área reserva-
da para expansão no projeto original foi utilizada, reproduzindo o conceito do
eixo central, sem os equipamentos públicos e com áreas residenciais. (Figura 8)
Figura 8 – Projeto do escritório M.K. Arquitetura S/C Ltda para Paranaita sobre vista aérea
da cidade em sua configuração atual.
Fonte: OLIVEIRA, José Luiz Fleury de, 1984 (desenho). Imagem adaptada de Google
Earth, 2015. Imagem Digital Globe 2015. Data das imagens: 27/06/2010
92
Ver artigo da Folha de São Paulo disponível em http://www1.folha.uol.com.br/
mercado/2014/04/1445694-no-para-dilma-defende-nova-rota-de-escoamento-da-soja.shtml.
Figura 9 – Projeto do escritório Joaquim Guedes e Associados para Nova Barcarena sobre
vista aérea da cidade em sua configuração atual.
Fonte: Joaquim Guedes e Associados (Revista Construção n. 1805). Imagem adaptada de
GoogleEarth, 2015. Imagem Digital Globe 2014. Data das imagens: 21/06/2014
93
IBGE, 2010.
Considerações finais
CAPÍTULO IV
DO PLANEJAMENTO URBANO INTEGRADO AO
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: A CIDADE DE GOIÂNIA
NA VIRADA DO MILÊNIO
Vinícius Luz de Lima
95
RIBEIRO, Luiz César de Queiroz; SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves dos. O futuro das
cidades brasileiras na crise. In: RIBEIRO, Luiz César de Queiroz; SANTOS JÚNIOR, Orlando
Alves dos (Org.). Globalização, fragmentação e reforma urbana: o futuro das cidades brasileiras
na crise. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997b. 432 p.
96
VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel, 1999.
97
ROLNIK, Raquel. Planejamento urbano nos anos 90: novas perspectivas para velhos te-
mas. In: RIBEIRO, Luiz César de Queiroz; SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves dos (Org.).
Globalização, fragmentação e reforma urbana: o futuro das cidades brasileiras na crise. 2. ed.Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997. 432 p.
98
Ibid.
Na capital goiana não foi diferente, pois após a década de 1990, o plane-
jamento integrado e ambicioso da década de 1970 foi superado pelo planeja-
mento de visão mais estratégica, participativo e negociado, resultando no PDIG
2000 – Plano Diretor Integrado de Goiânia102. Este plano urbano se caracte-
99
VILLAÇA, Flávio. Uma contribuição para a história do planejamento urbano no Brasil.
In: DEAK, Csaba; SCHIFFER, Sueli (Org.). O processo de urbanização no Brasil. São Paulo:
Editora da Universidade de São Paulo, 2004.
100
LEITÃO, Lúcia. Remendo novo em pano velho – breve consideração sobre os limites dos
planos diretores. In: FERNANDES, Edésio; ALFONSIN, Betânia (Org.). Direito urbanístico:
estudos brasileiros e internacionais. Belo Horizonte: Del Rey, 2006. 392 p.
101
FERNANDES, Edésio; ALFONSIN, Betânia (Org.). Direito urbanístico: estudos brasileiros
e internacionais. Belo Horizonte: Del Rey, 2006. 392 p.
102
GOIÂNIA. Lei Complementar nº 015, de 30 de dezembro de 1992. Define as Diretrizes
de Desenvolvimento para o Município e a Política Urbana, aprova o Plano Diretor, institui
os Sistemas de Planejamento Territorial Urbano e de Informações territoriais do Município, e
dá outras providências. D. O., nº.1.019, Goiânia, 01 jan. 1993. Disponível em: https://www.
goiania.go.gov.br/html/gabinete_civil/sileg/dados/legis/1992/lc_19921230_000000015.html
Acesso em: 03 maio 2017.
103
MOYSÉS, Aristides. Goiânia – metrópole não-planejada. Goiânia: Editora da UCG, 2004.
420 p.
104
Diário da Manhã. Plano dará um melhor ordenamento à cidade. Goiânia, Diário da Manhã.
1991.
105
LEI lança diretrizes para o desenvolvimento. O Popular. Goiânia, 17 jun. 1993.
106
MARICATO, Ermínia. Reforma urbana: limites e possibilidades – uma trajetória incom-
pleta. In: RIBEIRO, Luiz César de Queiroz; SANTOS JÚNIOR, Orlando Alves dos (Org.).
Globalização, fragmentação e reforma urbana: o futuro das cidades brasileiras na crise. 2. ed.
Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997. 432 p.
107
GOIÂNIA. Lei Complementar n. 171, de 29 de maio de 2007. Dispõe sobre o Plano Diretor
e o processo de planejamento urbano do Município de Goiânia e dá outras providências. D.
O. n. 4.147, Goiânia, 26 jun 2007. 1 CD-ROM.
108
Plano prioriza meio ambiente – Prefeitura debate os limites da expansão urbana e de-
senvolvimento sustentável. Diário da Manhã, Goiânia, 30 jul. 2002.
109
Câmara começa discutir hoje novo Plano Diretor. Diário da Manhã, Goiânia, 05 maio 2003
110
Expansão urbana ainda é polêmica. O Popular, Goiânia, 04 nov. 2003a.
111
Periferia pode ficar fora do IPTU progressivo. O Popular, Goiânia, 04 nov. 2003b.
112
Ibid.
113
VALE JUNIOR, Francisco Rodrigues. A função social da propriedade urbana em Goiânia:
teoria e prática. 2008. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial).
Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 2008.
114
MILARÉ, Edis. Direito do ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 3.ed. rev., atual.
e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.
115
MILARÉ, Edis. Direito do ambiente: doutrina, jurisprudência, glossário. 3.ed. rev., atual.
e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.
Considerações finais
CAPÍTULO V
REABILITAÇÃO DE ÁREAS CENTRAIS E
QUALIDADE DE VIDA:
REPENSANDO ESTRATÉGIAS PARA O ELEVADO (SP)
Valéria Nagy de Oliveira Campos
Nas últimas décadas, visando alcançar maior qualidade de vida para seus
habitantes, tem se tornado cada vez mais necessário que as cidades contemporâ-
neas enfrentem os problemas decorrentes do processo de urbanização dispersa,
entendida como uma distribuição de áreas urbanizadas pelo território, normal-
mente ao longo de rodovias, espalhada e ineficiente, extremamente dependen-
te do automóvel e da mobilidade que ele proporciona para a população e para
as unidades produtivas, a qual assume diferentes configurações desde condo-
mínios residenciais de alto padrão até favelas117.
Este processo tem como desdobramentos, por um lado, o esvaziamento
populacional das áreas centrais de cidades médias e grandes, com a consequente
subutilização da infraestrutura instalada e a deterioração do patrimônio cons-
truído, e, por outro, a periferização, isto é, a expansão contínua das fronteiras
urbanas pela ocupação de grandes glebas, distantes das áreas centrais e caren-
tes de infraestrutura e equipamentos públicos, consumindo extensas partes do
território e causando impactos ambientais, tais como poluição das águas, es-
corregamentos ou desmoronamentos em épocas de chuvas e destruição de ve-
getação nativa ou de áreas agrícolas.
Os desdobramentos da urbanização dispersa afetam profundamente o
território no qual incidem e a qualidade de vida da população afetada, apre-
sentando custos sociais e ambientais118.
No que tange à qualidade de vida, especificamente, embora seu concei-
to seja algo abrangente e as formas de medi-la muitas vezes dependam de in-
117
REIS FILHO, Nestor G. Notas sobre a urbanização dispersa e novas formas de tecido urbano.
São Paulo: Via das Artes, 2006.
118
CAMPOS, Valéria Nagy de O. Reabilitação de áreas urbanas centrais: uma contribuição
para cidades mais sustentáveis? In: Óculum Ensaios 16. Campinas: PUCCAMP, p. 64-81, jul./
dez. 2012, p. 64-81.
119
SANTOS, Luís D. e MARTINS, Isabel. A qualidade de vida da cidade urbana: o caso da cidade
do Porto. Working papers da FEP. Investigação – Trabalhos em curso – nº 116, maio de 2002.
120
CAMPOS, Valéria Nagy de O. Reabilitação de áreas urbanas centrais: uma contribuição
para cidades mais sustentáveis? In: Óculum Ensaios 16. Campinas: PUCCAMP, p. 64-81, jul./
dez. 2012.
121
NAKANO, Kazuo; CAMPOS, Cândido M.; ROLNIK, Raquel. Dinâmicas dos subespaços da
área central de São Paulo. In: Empresa Municipal de Urbanização – EMURB. Caminhos para o
centro: estratégias de desenvolvimento para a região central de São Paulo. São Paulo: 2004. p. 130
122
Em 25 de julho de 2016, foi sancionada pelo então prefeito Fernando Haddad a Lei que
alterou o nome dessa via expressa de “Elevado Presidente Arthur da Costa e Silva” para “Elevado
Presidente João Goulart”, no âmbito do projeto da Secretaria Municipal de Direitos Humanos
Minhocão, aqui o denominaremos Elevado por entender que tais nomes re-
velam concepções e propostas completamente diferentes; se fosse, de fato, um
“minhocão”, a referida intervenção passaria, como o nome indica, pelo subso-
lo, o que não teria causado tantos impactos negativos na região.
Assim, em um contexto no qual é evidente que o município de São Paulo
já alcançou os limites físicos impostos pela Serra da Cantareira, ao Norte, e pelas
Represas Guarapiranga e Billings, ao Sul, e que esgotou a capacidade de expan-
são no vetor Leste e no vetor Sudoeste, torna-se imperativo voltar as atenções
para os vazios urbanos e áreas subutilizadas da região central, buscar romper
suas barreiras físicas, costurando novamente o tecido urbano, e promover seu
repovoamento. Essa área possui grandes atrativos para os investidores – boa lo-
calização, infraestrutura já instalada, oferta de transporte público, patrimônio
arquitetônico e histórico –, mas necessita de “cuidados especiais” que equacio-
nem adequadamente os complexos problemas existentes, inclusive os sociais,
para que essas potencialidades se consolidem.
Tais problemas foram abordados pelo Plano Diretor Estratégico de São
Paulo aprovado em 2014123, o qual, no caso específico do Elevado, embora de
modo superficial, lançou a possibilidade de um outro futuro para esta via de
passagem, uma “cicatriz urbana”124 presente na área central.
Considerando, de um lado, os problemas socioeconômicos e urbanos exis-
tentes nessa área e, de outro, o regresso dos investimentos para a região ocorri-
do na virada do século XX para o XXI, estimulado pela mudança de orientação
do desenvolvimento urbano da cidade e da implementação de alguns planos
de reabilitação, esta abertura legal representa uma excelente oportunidade para
recuperar o local e proporcionar melhor qualidade de vida para todos. Porém,
e Cidadania que propunha alterar nomes de vias da cidade que homenageiam datas e pessoas
relacionadas ao período do regime militar brasileiro (1964-1985).
123
SÃO PAULO (SP). Lei nº 16.050, de 31 de julho de 2014. Aprova a Política de
Desenvolvimento Urbano e o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo e re-
voga a Lei nº 13.430/2002. São Paulo: Diário Oficial do Município de São Paulo, 2014.
Disponível em: < http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arquivos/PDE-Suplemento-DOC/
PDE_SUPLEMENTO-DOC.pdf>. Acesso em: 03 maio 2017.
124
LUNA, Francisco V. e MAGALHÃES Jr., Manuelito P. Uma cicatriz urbana. In: ARTIGAS,
Rosa; MELLO, Joana e CASTRO, Ana Cláudia (Org.). Caminhos do Elevado: memória e pro-
jetos. São Paulo: Sistema Municipal de Planejamento – Sempla; Departamento de Estatística
e Produção de Informação – Dipro; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2008. p. 7.
para que isto ocorra é necessário que se comece a abordar a questão de modo
mais abrangente e não apenas do ponto de vista da estrutura física da via ele-
vada e de sua função no sistema viário estrutural da cidade.
A preocupação com os impactos do Elevado na cidade e na vida da po-
pulação ao longo do tempo, bem como com seu destino, norteia esse capítulo
em paralelo às discussões sobre reabilitação para as áreas centrais sobre a qual
será apresentada a seguir uma breve análise.
125
CAMPOS, Valéria Nagy de O. Reabilitação de áreas urbanas centrais: uma contribuição para
cidades mais sustentáveis? In: Óculum Ensaios 16. Campinas: PUCCAMP, p. 64-81, jul./dez. 2012.
126
CAMPOS, Valéria Nagy de O. Reabilitação de áreas urbanas centrais: uma contribuição
para cidades mais sustentáveis? In: Óculum Ensaios 16. Campinas: PUCCAMP, p. 64-81, jul./
dez. 2012.
Para Arantes129, por sua vez, a gentrificação é inevitável porque ela faz
parte de uma ação estratégica (“gentrificação estratégica”) no desenvolvimento
da cidade sob a orientação empresarial, ou seja, havendo uma intervenção ur-
bana nestes moldes, a substituição de moradores e usuários não só é desejável
como também é necessária para que a operação tenha bons resultados – imo-
biliários principalmente.
Em outras situações, porém a análise de algumas experiências per-
mite identificar outra possibilidade: a de que haja uma “gentrificação às
127
BIDOU-ZACHARIASEN, C. (Coord.). De volta à cidade: dos processos de gentrificação
às políticas de revitalização dos centros urbanos. São Paulo: Annablume, 2006.
128
SILVA, Helena M. B. Apresentação. BIDOU-ZACHARIASEN, C. (Coord.). De volta à
cidade: dos processos de gentrificação às políticas de revitalização dos centros urbanos. São
Paulo: Annablume, 2006. p. 8.
129
ARANTES, Otília B. F. Berlim e Barcelona: duas imagens estratégicas. São Paulo: Annablume, 2012.
A área central da cidade de São Paulo, entre 1997 e 2008, foi foco de “pla-
nos de reabilitação” – como o Programa de Requalificação Urbana e Funcional
da Área Central (PROCENTRO) (aproximadamente 462 hectares), a Operação
Urbana Centro (aproximadamente 663 hectares), o “Programa de Reabilitação
da Área Central – Ação Centro” (aproximadamente 5.237 hectares), para citar
alguns –, que, em maior ou menor grau, têm lidado com os imensos desafios des-
sa área urbana – subutilizada, degradada e, por vezes, abandonada –, em virtude
dos problemas socioeconômicos, legais e urbanos existentes: elevada concentra-
130
CAMPOS, Valéria Nagy de O. Reabilitação de áreas urbanas centrais: uma contribuição para
cidades mais sustentáveis? In: Óculum Ensaios 16. Campinas: PUCCAMP, p. 78, jul./dez. 2012.
131
CAMPOS, op. cit.
132
O Programa atuou em diferentes linhas: algumas delas concentraram-se nos distritos Sé
e República e outras ampliaram o recorte territorial, considerando também distritos das
Subprefeituras da Mooca e da Lapa. (SÃO PAULO. Prefeitura Municipal de São Paulo. Plano
reconstruir o centro: reconstruir a cidade e a cidadania. São Paulo: Procentro, 2001; SILVA, Helena.
M. B.; CAMPOS, Valéria N.O. (Coord.). Programa morar no centro. São Paulo: PMSP, 2004.)
133
Cracolândia é o nome dado popularmente a uma região no centro da cidade de São Paulo,
nas imediações das avenidas Duque de Caxias, Ipiranga, Rio Branco, Casper Libero e Ruas
Mauá e Nothmann, na qual ocorre, há tempos, um intenso tráfico e consumo de drogas, em
particular o crack. Algumas administrações municipais, bem como a administração estadual,
têm tentado dar respostas a esse grande problema, mas sem sucesso até o momento; há muitas
controvérsias sobre o modo de tratá-lo.
(PUE)134; contudo, esse projeto foi abortado pela equipe eleita para a Prefeitura
em 2013 (gestão 2013-2016), por ser considerado inviável economicamente.
Com a mudança de gestão e com a aprovação do Plano Diretor Estratégico
de São Paulo (Lei Municipal nº 16.050), em 2014, o que se verificou foi um re-
direcionamento das atenções do governo municipal para uma área mais abran-
gente, chamada de Macroárea de Estruturação Metropolitana (MEM)135 (Figura
1), para a qual se destacaram algumas propostas, vinculadas ao referido Plano
Diretor Estratégico (2014), tais como o Arco do Tamanduateí, o Arco do Tietê
e a já mencionada referência – genérica – ao futuro do Elevado na região central.
134
Projeto Nova Luz, São Paulo, Brasil. Projeto Urbanístico Específico. Prefeitura do Município
de São Paulo (PMSP), Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SMDU), Consórcio Nova
Luz. Julho de 2011. Disponível em http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/
desenvolvimento_urbano/arquivos/nova_luz/201108_PUE.pdf. Acesso em: 18 mar. 2015.
135
A MEM, que envolve as orlas ferroviária e fluvial de São Paulo, tem um papel estratégico
na reestruturação urbana no Município por apresentar grande potencial de transformação
urbana, que precisa ser planejado e equilibrado.
136
Elevado, o triste futuro da avenida. O Estado de São Paulo, São Paulo, 01 dez. 1970. Geral,
p. 23. Disponível em: http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19701201-29342-nac-23-
999-23-not/. Acesso em: 18 fev. 2015. Apud Plano Urbanístico Básico, setor de Circulação e
Transporte, página 290, volume 4.
tado, mais caro e mais lento, fato que atrasou as obras. Mais um motivo para
que as críticas fossem severas:
O destino do Elevado
138
ANELLI, Renato L. S.; SEIXAS, Alexandre R. O peso das decisões: o impacto das redes
de infraestrutura no tecido urbano. In: ARTIGAS, Rosa; MELLO, Joana e CASTRO, Ana
Cláudia (Org.) Caminhos do Elevado: memória e projetos. São Paulo: Sistema Municipal de
Planejamento – Sempla; Departamento de Estatística e Produção de Informação – Dipro;
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2008. p. 59-73.
139
FERRARA, Lucrécia d’Alessio. Ver a cidade: cidade, imagem e leitura. São Paulo: Nobel,
1988. p. 51.
poderiam ser adotadas para mitigar tais problemas ou sobre qual seria o desti-
no do Elevado.
Em 1993, por exemplo, a então prefeita Luiza Erundina propôs sua de-
molição sob a justificativa de que esta via degradava a região por onde passava,
mas a proposta não seguiu adiante. Gestões seguintes voltaram a abordar de al-
gum modo a questão, mas não foi dada continuidade. Em 2006, na gestão do
então prefeito Gilberto Kassab, a discussão sobre o futuro do Elevado140 en-
trou novamente na ordem do dia; porém, naquele momento, decidiu-se lan-
çar um concurso de ideias:
140
Prefeitura de São Paulo abre discussão sobre demolição de Minhocão. Anúncio foi feito
durante a apresentação da Operação Urbana Lapa/Brás. Disponível em http://noticias.r7.com/
sao-paulo/noticias/prefeitura-de-sao-paulo-anuncia-demolicao-de-minhocao-20100506.html.
Acesso em: 16 fev. 2017.
141
FELDMAN, Sarah. Aprendendo com o Elevado Presidente Costa e Silva, o Minhocão.
Resenhas Online. São Paulo, ano 08, n. 091.04, Vitruvius, jul. 2009. Disponível em <http://
www.vitruvius.com.br/revistas/read/resenhasonline/08.091/3029>. Acesso em: 16 fev. 2015.
142
ARTIGAS, Rosa; MELLO, Joana e CASTRO, Ana Cláudia (Org.) Caminhos do Elevado:
memória e projetos. São Paulo: Sistema Municipal de Planejamento – Sempla; Departamento
de Estatística e Produção de Informação – Dipro; Imprensa Oficial do Estado de São Paulo,
2008. p. 84.
Contudo, em razão do modo vago com que foi tratado o assunto, a aná-
lise deste “Parágrafo único” leva a diferentes interpretações e questionamentos
sobre esse texto legal como apresentado a seguir.
143
NAGATOMI, Fernanda. Reurbanização de São Paulo em foco. Especial Operação Urbana
Lapa Brás. Jornal do Instituto de Engenharia, n. 59. jun./jul., 2010. p. 17.
144
O artigo 375, da Lei 16.050/2014 que instituiu o novo Plano Diretor de São Paulo, estabelece
que: “Ficam desde já enquadradas como ZEPAM: I – os parques urbanos municipais existentes;
II – os parques urbanos em implantação e planejados integrantes do Quadro 7 e Mapa 5 desta
lei; III – os parques naturais planejados. Parágrafo único. Lei específica [...] determinando a
gradual restrição ao transporte individual motorizado no Elevado Costa e Silva [...].”
145
BONDUKI, Nabil. Minhocão é um desastre urbanístico, mas é impossível fechá-lo agora.
Notícias UOL Opinião. 22 ago. 2014. Disponível em: http://noticias.uol.com.br/opiniao/
coluna/2014/08/22/minhocao-e-um-desastre-urbanistico-mas-e-impossivel-fecha-lo-imedia-
tamente.htm. Acesso em: 18 fev. 2017.
LAMAS, Julio. Afinal, o que será do Minhocão? Planeta Sustentável. 18 ago. 2014. Disponível
146
em http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/urbanidades/afinal-o-que-sera-do-minhocao/.
Acesso em: 18 fev. 2017.
Hades, na mitologia grega, é o nome dado ao deus do submundo e das almas, um lugar
148
rante a semana, o Elevado fecha entre 21:30 e 6:30 e, aos finais de semana, fe-
cha às 15h do sábado e reabre às 6:30 na segunda-feira. Já em 2017, na gestão
do prefeito João Doria (2017-2020), é possível identificar uma abordagem di-
ferente e já houve audiência pública para discutir sua intenção de restringir a
circulação de pessoas durante dias úteis no Elevado e a sua abertura para pe-
destres somente das 15h30 às 19h aos sábados e das 10h às 16h aos domingos.
A redação dada ao Parágrafo único do Plano Diretor Estratégico de São
Paulo – nem sequer um artigo –, que trata desta questão, deixou as intenções, as
responsabilidades e os prazos muito vagos, ficando a mercê do processo político
eleitoral e da alternância de grupos de interesse na administração municipal, a
qual levará o futuro do Elevado a rumos completamente distintos.
O Plano Diretor, tendo passado em vários momentos pela discussão com
diferentes atores, com interesses díspares e, por vezes conflitantes, poderia ter
avançado nesta proposta e encaminhado o processo. Ao contrário, porém tra-
tou-a de modo genérico e pontual e a abordou apenas do ponto de vista da via
expressa elevada, não demonstrando preocupação com o que ocorrerá com seu
entorno frente às medidas adotadas e nem definindo quais serão os atores que
participarão desta empreitada, que, como se pode perceber pela análise do con-
texto, tem atraído muitos setores, em especial do setor imobiliário, interessa-
dos na transformação do Elevado e na renovação das áreas adjacentes, tão bem
localizadas na cidade.
A questão continua em aberto e o debate parece se acirrar na medida em
que governos menos abertos à participação popular assumem a gestão muni-
cipal; corre-se o risco de repetir o que ocorreu no momento de sua constru-
ção, ou seja, ignorar completamente os desejos e necessidades dos moradores e
usuários da região, bem como os impactos da intervenção sobre a vida de toda
a população.
O Plano diz que o tráfego de veículos individuais motorizados será gra-
dualmente desativado no Elevado, então, qualquer que seja a proposta adotada,
ela deverá vir necessariamente articulada com uma proposta de mobilidade ur-
bana e de reabilitação da região na qual ele se insere, acompanhada de um pla-
no urbanístico, englobando soluções técnicas em diferentes níveis, bem como
as etapas de sua implantação e custos.
149
CAMPOS, Valéria Nagy de O. Reabilitação de áreas urbanas centrais: uma contribuição
para cidades mais sustentáveis? In: Óculum Ensaios 16. Campinas: PUCCAMP, p. 64-81, jul./
dez. 2012.
O destino do Elevado deve ser definido pelo poder público com partici-
pação popular, em especial, aquela que vive, mora e circula pelo seu entorno e
que convive com sua estrutura.
Esta é a responsabilidade do poder público: planejar e gerir os destinos
da cidade, com participação popular, priorizando as ações que possam garantir
o bem-estar e melhorar a qualidade de vida de todos seus cidadãos.
CAPÍTULO VI
OS EMPREENDIMENTOS MULTIFUNCIONAIS NO ESPAÇO
URBANO DAS GRANDES CIDADES – OBSERVADOS A PARTIR
DA CIDADE DE SÃO PAULO
Giselly Barros Rodrigues
150
GRASSIOTTO, Maria Luiza Fava et. al. Novos modelos de empreendimentos imobiliários
a partir de direcionamento do Plano Diretor. 11ª Conferência Internacional da Lares – Latin
American Real State Society – Centro Brasileiro Britânico, São Paulo, 2011.
151
ANTONUCCI, Denise et. al. Verticalização, habitação social e multifuncionalidade. Edifícios
dos IAPS em São Paulo. II Fórum de pesquisa FAU Mackenzie I, São Paulo, 2007.
ciais, ou seja, a relação do comércio com o cliente e com a infraestrutura viária foi
se modificando com o tempo e interferindo também no convívio social urbano.
CHAGAS, Carolina (Coord). São Paulo vertical. São Paulo: CUSHMAN & WAKEFIELD
154
SEMCO, 2004.
155
GALVÃO, Walter José Ferreira. Copan/SP: a trajetória de um mega empreendimento, da con-
cepção ao uso. 2007. 197 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
156
FIORIN, Evandro. Arquitetura paulista: do modelo à miragem. 2009. 190 . Tese – Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2009.
157
SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil 1900-1990. 2. ed. São Paulo: Editora da
Universidade de São Paulo, 1999.
158
IACOCCA, Angelo. A conquista da Paulista: Conjunto Nacional. São Paulo: Editora
Fundação Peirópolis, 1998.
159
SOMEKH, Nadia. A cidade vertical e o urbanismo modernizador. São Paulo: EDUSP;
Estúdio Nobel; FAPESP, 1997.
160
NARDELLI, Eduardo Sampaio et. al. Arquitetura multifuncional paulistana: forma, técnica
e integração urbana. In: III Seminário Docomo Estado de São Paulo. Permanência e transitorie-
dade do movimento modernista paulista. Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2005.
161
WORLD TRADE CENTER SÃO PAULO. Disponível em: <http://www.worldtradecen-
tersp.com.br>. Acesso em: 20 ago. 2017.
162
FIALHO, Roberto Novelli. Edifícios de escritórios na cidade de São Paulo. 2007. 385 f.
Tese – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
163
ANTONUCCI, Denise et. al. Verticalização, habitação social e multifuncionalidade. Edifícios
dos IAPS em São Paulo. II Fórum de pesquisa FAU Mackenzie I, São Paulo, 2007.
164
BARBOSA, Eunice. Evolução do uso do solo residencial na área central do município de São
Paulo. 2001. 230 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Escola Politécnica, Universidade
de São Paulo, São Paulo, 2001.
165
VASCONCELLOS, Eduardo Alcântara de. Mobilidade urbana e cidadania. Rio de Janeiro:
Senac Nacional, 2012.
166
MARTINS, Anamaria de Aragão C. Transformação urbana: projetando novos bairros em
antigas periferias. Brasília: Thesaurus, 2012.
167
MARTINS, Anamaria de Aragão C. Transformação urbana: projetando novos bairros em
antigas periferias. Brasília: Thesaurus, 2012.
168
SANTOS NETO, Adelino Francisco dos. (Re) leituras de Santa Ifigênia: diretrizes de reno-
vação urbana. 2000. 146 f. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade
de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2000.
169
DEVECCHI, Alejandra Maria. Reformar não é construir: a reabilitação de edifícios verticais:
novas formas de morar em São Paulo no século XXl. 2010. 552 f. Dissertação (Mestrado em
Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo,
São Paulo, 2010 e RIGHI, Roberto; MACHADO, Pedro de Assis Sousa. A Requalificação
de Edifícios na Área Central da Cidade de São Paulo. Informativo 38 FAUUSP, Dez. 2002.
Disponível em <http://www.usp.br/fau/antigo/informa/infor38-03.html>. Acesso em: 11
fev. 2012.
É importante salientar que existem diversos pontos que devem ser apri-
morados para que estas práticas sejam, de fato, sustentáveis e vantajosas, como:
170
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
171
VASCONCELLOS, Eduardo Alcântara de. Mobilidade urbana e cidadania. Rio de Janeiro:
Senac Nacional, 2012.
172
RODRIGUES, Giselly Barros. Retorno das classes A/B à região central de São Paulo por meio
da implantação de quadras multifuncionais. 2012. 142f. Dissertação (Mestrado em Habitação:
Planejamento e Tecnologia) – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.
Área de concentração: Planejamento, Gestão e Projeto, São Paulo, 2012.
173
SÃO PAULO (SP). Projeto de Lei n. 688/2013, de 02 de julho de 2014. Aprova a Política de
Desenvolvimento Urbano e o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo e revoga
a Lei 13.430/2002. Disponível em: <http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/arquivos/PDE-
Suplemento-DOC/PDE_SUPLEMENTO-DOC.pdf>. Acesso em: 03 maio 2017.
Considerações finais
174
RODRIGUES, Giselly Barros. Retorno das classes A/B à região central de São Paulo por meio
da implantação de quadras multifuncionais. 2012. 142f. Dissertação (Mestrado em Habitação:
Planejamento e Tecnologia) – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo.
Área de concentração: Planejamento, Gestão e Projeto, São Paulo, 2012.
175
ROSSI, Oriode José. Espaços multiuso: o projeto de arquitetura do espaço Brooklin – da
concepção à implantação. São Paulo: Dupla Editora, 2011.
176
ANTONUCCI, Denise et. al. Verticalização, habitação social e multifuncionalidade.
Edifícios dos IAPS em São Paulo. II Fórum de pesquisa FAU Mackenzie I, São Paulo, 2007 e
NARDELLI, Eduardo Sampaio et. al. Arquitetura multifuncional paulistana: forma, técnica e
integração urbana. In: III Seminário Docomo Estado de São Paulo. Permanência e transitorieda-
de do movimento modernista paulista. Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo, 2005.
CAPÍTULO VII
A RELAÇÃO DO EDIFÍCIO HABITACIONAL COM A CIDADE –
UMA ANÁLISE DA HERANÇA BRASILEIRA
Catharina Teixeira
177
TAFURI, Manfredo. Projeto e utopia. Lisboa: Presença, 1985.
178
STEINER, et al. Viviendas en bloques aislados. México: Gustavo Gili, 1992. 182 p.
183
BONDUKI, Nabil. Origens da habitação social no Brasil, São Paulo. São Paulo: Estação
Liberdade, 1998, apud ROLNIK, 1981.
184
Ibid.
185
Ibid.
Figura 4 – Esquema para uma seção da Cidade Jardim: O esquema mostra a distribuição
básica dos espaços e atividades dentro da Cidade Jardim. Desde o Centro, composto por
um parque rodeado pelas edificações públicas, passando por outro parque central, maior,
rodeado pelo Palácio de Cristal, seguindo pelas áreas residenciais até chegar à área das
indústrias, localizada na periferia, junto à linha férrea.
Fonte: Montagem da autora a partir da imagem publicada no texto Garden Cities of
Tomorrow (1902), de Ebenezer Howard
Figura 5 e 6 – Karl Marx Hoof. Fotos da entrada e foto do espaço semipúblico interno.
Fonte: Arquivo da autora
STEINER, et al. Viviendas en bloques aislados. México: Gustavo Gili, 1992. p.12, apud
186
TAUT,1880-1938.
187
CABRAL, Claudia Piantá Costa . Do Wissenhofsiedlung ao Hanservierten – Arquitetura
Moderna e a cidade pensadas desde a Habitação. Vitruvius-Resenhasonline – 117.02, ano
10, set. 2011.
188
Mies Van der Rohe. Catálogo da Exposição de 1927.
189
STEINER, et al. Viviendas en bloques aislados. México: Gustavo Gili, 1992. 182 p.
190
FIGUEROA, Mario. Habitação coletiva e a evolução da quadra. Vitruvius/Arquitextos –
069. 11 ano. 06 fev. 2006.
191
ESKINAZI, Mara Oliveira- A Interbau e a Requalificação Moderna do Oitocentista
Hansaviertel em Berlim – 1957. Anais do 7º Docomomo. Porto Alegre, 2007.
192
Tipologia que possui o térreo sem construção somente com os pilares estruturais.
193
MIGUEL et al. Construir Cidade ou Construir Habitação: Programa Minha Casa Minha
Vida no Município de São Carlos. Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono.
nal entre o campo e a cidade – inclusive no Brasil, onde a classe operária urbana
saiu do ambiente rural para viver nas cidades em um período de somente 50 anos.
194
BARREITOS, M. F. e ABIKO, A. K. Reflexões sobre o parcelamento do solo urbano. São
Paulo: USP-Poli, 1998. 27 p. (Boletim Técnico da Escola Politécnica – Depto de Engenharia
de Construção Civil).
Figuras 9, 10, 11 – Siedlung Vila Guiomar – Vista geral urbanística/ Vista dos blocos de
apartamentos/ Vista da tipologia de casas isoladas Santo André.
Fonte: Google Earth
Figura 12 – Vista Geral Edifício Copan. Centro de São Paulo. Projeto Arq.
Oscar Neymeier.
Fonte: Fotografia de Mark Hillary – Creative Commons CC 2.0 Universal
Public Domain Dedication
195
Modelo, protótipo, padrão.
tos públicos. Este período foi marcado pela preocupação com a redução dos
custos e a racionalização da construção. Divulgam-se repertórios tipológicos
que constituem um autêntico manual de produção em série, o que acabou in-
fluenciando, no Brasil, o modo operante das companhias públicas habitacionais
municipais e estaduais que constroem seus programas habitacionais a partir de
tipologias padrão aplicadas indiscriminadamente pelo território.
Considerações finais
197
BARREITOS, M. F.; ABIKO, A. K. Reflexões sobre o parcelamento do solo urbano. São
Paulo: USP-Poli, 1998. 27 p. (Boletim Técnico da Escola Politécnica – Depto de Engenharia
de Construção Civil).
Campinas,1997.
CAPÍTULO VIII
BREVE HISTÓRICO DA POLÍTICA HABITACIONAL EM
SÃO PAULO – DA PRODUÇÃO RENTISTA DO INÍCIO
DO SÉCULO XX À PRODUÇÃO HABITACIONAL DO
REGIME AUTORITÁRIO (1964 – 1986)
Mariana Cicuto Barros
FJP (Fundação João Pinheiro). Nota técnica. Déficit Habitacional no Brasil. Anos 2011 e 2012.
199
200
BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade/ Fapesp,
1998.
201
Historicamente, a Revolução Industrial foi um processo que se iniciou na Europa, em me-
ados do século XVIII, mais precisamente na Inglaterra, quando a população teve um aumento
204
Em 1808, o Brasil tinha uma população estimada em 2,4 milhões de habitantes, que pas-
sou, em 1874, para 9,9 milhões de habitantes (BOTELHO, Tarcísio. R. População e nação no
Brasil do século XIX. (Doutorado em História Social) – Universidade de São Paulo, São Paulo,
1998). Devemos considerar, nestas estimativas, a população cativa e os escravos e a transição
para o trabalho livre, no sentido de direcionar os escravos para áreas como as de cultivo do
café. Outro ponto a ser considerado são as diferenças das regiões brasileiras nesta trajetória.
Para uma análise mais aprofundada do tema sugere-se: BOTELHO, Tarcísio R. “População e
espaço nacional no Brasil no século XIX”. Cadernos de História, Belo Horizonte, v. 7, n. 8,
p. 67-83, 2º sem. 2005; FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 21. ed. São Paulo:
Nacional, 1986. (1ª edição 1959).
205
BIANCHINI, L. H.; SCHICCHI, M. C. Cortiços no centro de São Paulo: um convite à
permanência. Cuadernos de Vivienda y Urbanismo, v. 2, n. 3, 2009. p. 12-37.
206
Até 1850, a cidade de São Paulo estava pouco expandida e concentrava-se no “triângulo
histórico”. A partir de 1870, com o advento da ferrovia, a expansão cafeeira, entre outras causas,
a cidade inicia sua expansão territorial e a segregação sócio espacial.
207
SACHS, C. São Paulo: políticas públicas e habitação popular. São Paulo: Edusp, 1999.
208
(BLAY, E. A. Eu não tenho onde morar: vilas operárias na cidade de São Paulo. São Paulo,
Nobel, 1985).
209
Um médico da Câmara Municipal, o Dr. Eulálio da Costa Carvalho, em 1885, expõe o
grave problema sanitário, e que necessitaria impor normas para a construção dos cortiços, e
que neles são esquecidos “todos os conselhos de higiene [...]”. In: BLAY, Op. cit., p. 61.
210
Segundo o Relatório, em 1893, no bairro de Santa Ifigênia, havia “60 cortiços de todos os
tamanhos e feitios onde se agasalha uma população de 1.320 indivíduos de todas as naciona-
lidades e condições” (LOPEZ SILVA, A. A recuperação de cortiços na área central da cidade de
São Paulo. Dissertação (Mestrado) – Escola Politécnica/USP, São Paulo, 2011, p. 25)
211
Cortiço-páteo, casinha, hotel-cortiço, prédios sobrados convertidos em cortiços, vendas e
cortiços improvisados.
212
O Estado de S.Paulo, 21/6/1979. In: LÓPEZ, A; FRANÇA, E; COSTA, K. (Org.).
Cortiços: a experiência de São Paulo. Secretaria Municipal de Habitação, São Paulo, 2010, p.
26. Disponível em: http://www.habitasampa.inf.br/documentos/publicacoes/corticos/index.
html. Acesso em: 03 maio 2017.
213
PICCINI, A. Cortiços na cidade: conceito e preconceito na reestruturação do centro urbano
de São Paulo. São Paulo: Annablume, 2004, p. 43.
214
Na década de 1990, calculava-se que naquela época existiam em São Paulo mais de 90 mil
cortiços, abrigando uma população de aproximadamente 3 milhões de pessoas.(SÃO PAULO
(SP). Sempla. Cortiços em São Paulo: frente e verso. São Paulo: Sempla, 1986, p. 133. Apud
SIMÕES JUNIOR, J. G. Cortiços em São Paulo: o problema e suas alternativas. São Paulo:
Polis, 1991).
215
Não é objetivo de este trabalho apresentar as especificidades de cada programa atual de rea-
bilitação dos cortiços. Para mais detalhes sobre os programas, sugere-se: LÓPEZ, A; FRANÇA,
E; COSTA, K. (Org). Cortiços: A experiência de São Paulo. Secretaria Municipal de Habitação,
São Paulo, 2010. Disponível em: http://www.habitasampa.inf.br/documentos/publicacoes/
corticos/index.html. Acesso em: 03 maio 2017; SOUZA, T. C. S. Os Cortiços em São Paulo.
Programas/Vistorias/Relatos. Dissertação de mestrado apresentada na FAU-USP. São Paulo, 2011;
KOWARICK, L. Cortiços: a humilhação e subalternidade. Tempo Social. Revista de Sociologia da
USP. v. 25, n. 2, p. 49-77. São Paulo, 2013.
216
KOWARICK, L. Cortiços: a humilhação e subalternidade. Tempo Social. Revista de Sociologia
da USP. V.25,n.2, p. 49-77. São Paulo, 2013.
Vilas Operárias
217
Entre 1893 e 1900, teriam entrado 126.100 pessoas além do necessário para o trabalho
nas fazendas. Entre 1901 e 1909, este excedente alcança 215.200 pessoas (SPINDEL, C.R.
Homens e máquinas na transição de uma economia cafeeira: formação e uso da força de trabalho.
Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1980. In: BLAY, 1985, p. 40).
218
SÃO PAULO (ESTADO). Decreto n. 233, de 2 de março de 1894. Estabelece o Código
Sanitário. Disponível em: <https://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1894/
decreto-233-02.03.1894.html>. Acesso em: 03 maio 2017.
219
PRADO, C. Nova Contribuição para o estudo geográfico da cidade de São Paulo, Estudos
Brasileiros, Ano III, vol. 7, Rio de Janeiro, 1941.
Tecidos de Juta, em São Paulo, possuía, além das casas unifamiliares, equi-
pamentos coletivos (igreja, biblioteca, teatro, creche, jardim da infância, gru-
po escolar, consultório médico e dentário, associação recreativa e beneficente
e armazém), caracterizando a habitação não somente com o fornecimento da
casa, mas com infraestrutura de serviços necessários para que a família ocupas-
se seu tempo livre220. Essa Vila foi adquirida, nos anos 1940, pelo Instituto de
Aposentadoria e Pensão dos Industriários, pois representava um ideal em ha-
bitação a ser atingido.
A expansão das indústrias ao longo das ferrovias, principalmente nas áreas
de várzea, ocorreu simultaneamente à ocupação do espaço pela habitação operá-
ria. Concluindo brevemente alguma descrição da segregação espacial da cidade
de São Paulo, a localização das habitações operárias configurou a formação de
bairros com características diversas daqueles localizados em zonas “mais altas”,
mais caras, que são caracterizados pela ocupação das casas da burguesia, como
a Avenida Paulista, o bairro de Cerqueira César, os Jardins, etc. Compreender
este processo histórico da ocupação dos espaços pelos cortiços, vilas operárias
e pela moradia dos donos das indústrias, vinculado com a transformação dos
aspectos econômicos, contribui para o entendimento do desenho urbano atu-
al da cidade de São Paulo.
BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade/ Fapesp,
220
1998.
221
GRUPO DE ARQUITETURA E PLANEJAMENTO (GAP). Habitação popular: inventário
da ação governamental. Rio de Janeiro: Finep, 1983.
222
Não é objetivo de este trabalho discorrer sobre os CIAMs e suas especificidades. Para apro-
fundamento neste tema, sugere-se: BARONE, A. C. C. Team 10: arquitetura como crítica.
São Paulo: Annablume: Fapesp, 2002.
223
AYMONINO, C. (Ed.) L’abitazione razionale atti dei Congressi CIAM: 1929-1930.
Barcelona: Gustavo Gilli, 1972.
Esse debate, que ocorreu na Europa, sobretudo nos anos 1920, sobre as
Edificações Habitacionais, bem como o conteúdo das discussões, chegaram ao
Brasil basicamente por meio de três maneiras:
224
BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade/ Fapesp,
1998.
225
Foi criado, em 1930, o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que entre várias
medidas regulou o trabalho das mulheres e dos menores, instituiu a jornada de 8 horas de
trabalho e o direito às férias, além de organizar sindicatos e criar mecanismos para conciliar
conflitos entre patrões e operários.
226
GRUPO DE ARQUITETURA E PLANEJAMENTO (GAP). Habitação popular: inventário
da ação governamental. Rio de Janeiro: Finep, 1983.
227
BRUNA, P. Os primeiros arquitetos modernos: habitação social no Brasil 1930-1950. São
Paulo: Edusp, 2010.
228
BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade/ Fapesp,
1998.
BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade/ Fapesp,
229
1998.
BONDUKI, N. Origens da habitação social no Brasil. São Paulo: Estação Liberdade/ Fapesp,
230
1998.
O Conjunto Residencial Santa Cruz foi projetado pelo IAPB, entre 1946
e 1950, pelos Arquitetos Marcial Fleury de Oliveira e Roberto J.G. Tibau. O
projeto contempla 282 unidades habitacionais e localiza-se no bairro da Saúde,
entre as ruas Santa Cruz e a avenida Ricardo Jafet.
O conjunto é composto por 32 blocos “tipo A” e quinze blocos “tipo B”,
ambos contendo três dormitórios, sala, cozinha, banheiro social e serviço, des-
231
MENEGHELLO, I. B. Conjunto Habitacional da Várzea do Carmo: do projeto ideal ao
projeto real. In: 8° DOCOMOMO Brasil, Rio de Janeiro, 2009.
232
BONDUKI, 1997, apud BARROS,. BARROS, M.C. Autogestão na implementação de po-
líticas habitacionais. O mutirão autogerido Brasilândia B23. Dissertação de Mestrado, EESC/
USP, São Paulo, 2011. p. 261.
O BNH foi uma resposta do governo militar à forte crise de moradia pre-
sente em um país que se urbanizava aceleradamente, buscando, por um lado,
angariar apoio entre as massas populares urbanas, segmento que era uma das
principais bases de sustentação do populismo afastado do poder e, por outro,
criar uma política permanente de financiamento capaz de estruturar em mol-
des capitalistas o setor da construção civil habitacional, objetivo que acabou
por prevalecer235.
O SFH também administrava, desde sua criação em 1966, o Fundo de
Garantia de Tempo de Serviço (FGTS)236 e distribuía, por intermédio de ou-
tros bancos, os créditos de financiamento de habitações e de infraestruturas
233
SACHS, C. São Paulo: políticas públicas e habitação Popular. São Paulo: Edusp, 1999.
234
BRASIL. Lei n. 4.380, de 21 de agosto de 1964. Institui a correção monetária nos contratos
imobiliários de interêsse social, o sistema financeiro para aquisição da casa própria, cria o Banco
Nacional da Habitação (BNH), e Sociedades de Crédito Imobiliário, as Letras Imobiliárias,
o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo e dá outras providências. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4380.htm. Acesso em: 03 maio 2017.
235
BONDUKI, N. Política habitacional e inclusão social no Brasil: revisão histórica e novas
perspectivas no governo Lula. Revista Eletrônica de Arquitetura e Urbanismo, n. 1, 2008.
Disponível em: http://www.usjt.br/arq.urb/numero_01/artigo_05_180908.pdf.
236
A criação do FGTS modificou a legislação do trabalho, e, por este motivo, deu lugar a
diversos posicionamentos, sendo que alguns viam nele uma regressão em relação à estabilidade
no emprego, garantida pela legislação do trabalho anterior (que nunca fora aplicada), enquanto
outros afirmavam que o novo sistema flexibilizava o mercado de trabalho, ao mesmo tempo
em que oferecia uma garantia aos trabalhadores.
urbanas. A maior parte dos recursos utilizados pelo SFH provinha do FGTS,
bem como dos recursos voluntários, provenientes das cadernetas de poupança.
A Lei n. 4.380/64 atribuiu ao Estado Federal a responsabilidade da po-
lítica de habitação. O SERFHAU ficou encarregado da assistência técnica e
financeira aos Estados e municipalidades responsáveis pela elaboração dos pla-
nos para a construção de habitações. Os créditos deveriam privilegiar as popu-
lações menos favorecidas e o BNH não teria o direito de atribuir empréstimos
superiores a quinhentos salários mínimos.
De 1964 ao primeiro semestre de 1985, o SFH financiou perto de 4,4
milhões de habitações, mas seus investimentos favoreceram a classe média, se-
gundo Ermínia Maricato (1997):
237
MARICATO, E. Habitação e cidade. São Paulo, Editora Atual, 1997.
238
GRUPO DE ARQUITETURA E PLANEJAMENTO (GAP). Habitação popular: inventário
da ação governamental. Rio de Janeiro: Finep, 1983.
239
Ibid.
240
BONDUKI, N. Política Habitacional e Inclusão social no Brasil. Revisão histórica e no-
vas perspectivas no governo Lula. Revista Eletrônica de Arquitetura e Urbanismo, n° 1, 2008.
Disponível em: http://www.usjt.br/arq.urb/numero_01.
241
VALLADARES, Licia. Estudos Recentes sobre a Habitação no Brasil: Resenha de literatura.
In: Repensando a habitação no Brasil. Rio de Janeiro, Zahar, pp. 21-77, 1983.
funções e por uma participação cada vez maior dos financiamentos di-
rigidos para as faixas de renda mais altas. O alargamento do campo de
ação do BNH traduziu-se pela criação de programas de financiamen-
to da infraestrutura urbana, com a criação, em 1986, do Programa de
Financiamento para o Saneamento (FINASA) e, em 1969, do Plano
Nacional de Saneamento (PLANASA).
3) O terceiro período, de 1971 a 1979, corresponde à transformação do
BNH em uma empresa pública que assumia as funções de banco de se-
gunda linha, funcionando por meio de uma complexa rede de agentes
promotores, financeiros e depositários. A década de 1970 caracteriza-
-se também por uma intensificação dos programas de desenvolvimen-
to urbano, através da criação de fundos regionais de desenvolvimento
e pelo lançamento, a partir de 1972, de um programa de renovação
urbana – o projeto Comunidade Urbana para Recuperação Acelerada
(CURA), que financiava as obras de infraestrutura e os equipamen-
tos urbanos. Para a habitação popular, em 1973, houve a criação do
Plano Nacional de Habitação Popular (PLANHAB), destinado ori-
ginalmente às famílias de baixa renda, com renda inferior a três salá-
rios mínimos, dirigiu-se para o segmento do mercado representado
por famílias que dispunham de três a cinco salários mínimos e, em
1975, surge o Programa de Financiamento de Lotes Urbanizados
(PROFILURB)242.
242
Programa concebido pelo BNH, destinado, fundamentalmente, às famílias sem condições
financeiras para adquirir uma habitação completa. Tal programa contemplava tanto a urba-
nização de novas áreas, com seu loteamento e venda dos terrenos a pessoas de renda baixa,
como a aquisição de lotes em áreas já urbanizadas e a urbanização e regularização fundiária em
áreas faveladas. A atuação do BNH através do financiamento de unidades habitacionais e do
Profilurb evoluiu, em 1983, ao lançar o Programa Nacional de Autoconstrução, que recebeu
o nome de “Projeto João-de-Barro”. Experiências de promoção de mutirões foram realizadas
em todo o Brasil, porém houve resistência para essa nova modalidade de atuação por parte
das Companhias Estaduais e Municipais de Habitação (COHABs), que fizeram com que o
programa não tivesse uma expressão maior. Com a extinção do BNH, em 1986, o Programa
Nacional de Autoconstrução foi definitivamente encerrado pelo Governo Federal.
Considerações finais
243
PROMORAR: Programa de Erradicação da Habitação Subintegrada. PROMORAR e
PROFILURB eram programas que adotaram a autoconstrução e o mutirão como alternativas
possíveis da produção habitacional. Nessa fase, os mutirantes não participavam das decisões,
fornecendo apenas a mão de obra para os empreendimentos.
244
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L0601-1850.htm. Dispõe sobre
as terras devolutas do Império.
CAPÍTULO IX
CARACTERIZAÇÃO DOS ESPAÇOS LIVRES DE
EDIFICAÇÃO NO ÂMBITO RESIDENCIAL
Solange de Aragão
245
MAGNOLI, Miranda Martinelli. Espaços livres e urbanização: uma introdução a aspectos
da paisagem metropolitana. São Paulo: FAU-USP, 1982.
246
“Se a vida privada e social tem nos espaços edificados seu maior abrigo, a vida pública tem
seu maior suporte físico-material para ocorrer nos espaços livres públicos, são eles os espaços de
maior acessibilidade, de maior capacidade para receber a diversidade, a pluralidade e o impre-
visto, características de uma esfera pública mais rica.” QUEIROGA, Eugenio Fernandes. Da
relevância pública dos espaços livres um estudo sobre metrópoles e capitais brasileiras. Revista
do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 58, São Paulo, Junho de 2014. http://dx.doi.org/10.11606/
issn.2316-901X.v0i58p105-132.
247
“Os espaços livres privados constituem boa parte dos espaços livres das cidades brasileiras,
apresentando importância no sistema de espaços livres urbanos, sobretudo pelo aspecto de
complementaridade funcional, mas também contribuindo em aspectos ambientais – da escala
do lote à das metrópoles. São quintais, jardins, estacionamentos de centros comerciais ou de
logística, pátios fabris, vias de acesso de condomínios, são também lotes e glebas urbanas
desocupadas, com diferentes graus de cobertura vegetal. Nesses locais, ocorre importante
parcela da vida cotidiana, do trabalho doméstico ao corporativo, das festas familiares ao lazer
em clubes, etc.” QUEIROGA, Eugenio Fernandes. Da relevância pública dos espaços livres
um estudo sobre metrópoles e capitais brasileiras. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n.
58, São Paulo, Junho de 2014. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-901X.v0i58p105-132.
248
BACHELARD, Gaston. A poética do espaço [1957]. São Paulo: Martins Fontes, 1996, p. 25. E
ainda: “[...] a casa é nosso canto no mundo. Ela é, como se diz amiúde, o nosso primeiro universo.
É um verdadeiro cosmos. Um cosmos em toda a acepção do termo.” (p. 24).
249
Em Morfologia urbana e desenho da cidade, José Lamas, ao analisar os elementos morfológicos
do espaço urbano denomina essas áreas de “logradouro”:
“O logradouro constitui o espaço privado do lote não ocupado por construção, as traseiras, o
espaço privado, separado do espaço público pelos contínuos edificados. [...]
Teve várias utilizações ao longo das épocas, desde a horta ou quintal até a oficina, garagem
ou anexo, ou utilização coletiva em situações mais recentes, em sistema de condômino. É, em
boa medida, na utilização do logradouro que se torna possível a evolução das malhas urbanas:
densificação, reconstrução, ocupação.” LAMAS, José. Morfologia urbana e desenho da cidade. 3.
ed. Porto Fundação Calouste Gulbenkian: Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2004. p. 98.
O recuo posterior é quase sempre “quintal” – uma área com piso que
pode ou não apresentar canteiros ou áreas com vegetação (por vezes, com árvo-
res frutíferas como a jabuticabeira), e que pode servir de área de estar, de área
de lazer e, quase sempre, de complemento à área de serviço, onde se estendem
as roupas ao sol. É importante para os moradores por se tratar de um espaço
livre mais privativo, onde se pode estar sem ser visto pelos transeuntes e, nesse
sentido, é um complemento não apenas à área de serviço, mas à própria habita-
ção. Esse espaço pode ou não receber tratamento paisagístico, do que dependerá
o nível de qualidade estética, e sua qualidade ambiental estará intrinsecamente
ligada à existência de áreas permeáveis e de vegetação (a qual costuma atrair a
fauna local252). Mas dessas áreas situadas atrás das casas só é possível ver uma
250
Há casos ainda que são essencialmente contraditórios, em que o proprietário da casa térrea
ou do sobrado coloca um cimentado em todo o recuo frontal e em seguida dispõe alguns
vasos com plantas, como se quisesse fazer lembrar a ideia do jardim. Neste caso, essa área é
totalmente impermeabilizada e o que o proprietário pretende é agregar algum valor estético
ao espaço, que se tornou árido com o cimentado.
251
MARX, Murillo. Cidade brasileira. São Paulo: Melhoramentos: Edusp, 1980. p. 61.
252
Em O jardim de granito, Anne Whiston Spirn afirma que: “Parques e jardins privados com-
postos por uma topografia diversa e diversos tipos e arranjos de plantas abrigam um número
maior de espécies de pássaros”. SPIRN, Anne Whiston. O jardim de granito. São Paulo: Edusp,
1995, p. 245. Alguns paisagistas da atualidade têm procurado escolher espécies que atraiam
pássaros para os jardins implantados nos recuos frontal ou posterior. Existem algumas obras
elaboradas por especialistas que podem ser consultadas nesse sentido, entre elas, destacam-se:
FRISCH, Johan Dalgas. Aves brasileiras e plantas que as atraem. 3. ed. São Paulo: Dalgas Ecoltec,
2005 e FRISCH, Johan Dalgas. Jardim dos beija-flores. São Paulo: Dalgas Ecoltec, 1996.
253
MARX, Op. cit., p. 61.
254
Sobre esses espaços livres, ver também os artigos da autora: ARAGÃO, Solange de. Espaços
Livres Condominiais. Risco (São Carlos), v. 6, p. 49-64, 2007. Disponível em: http://www.
revistas.usp.br/risco/article/view/44712 e ARAGÃO, Solange de. Do conjunto ajardinado ao
conjunto parque – variações tipológicas na paisagem paulistana. Pós – Revista do Programa de
Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da FAU/USP, v. 20, p. 106-120, 2007. Disponível
em: http://www.revistas.usp.br/posfau/article/view/43488.
255
CALDEIRA, Teresa. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. 2. ed.
São Paulo: Editora 34: EDUSP, 2003. p. 258-9.
256
Sobre esse aspecto – de devastação da vegetação para construção dos condomínios horizontais,
ver o artigo: ARAGÃO, Solange de & SILVA FILHO, Carlos Alberto da. As antigas e as novas
vilas de São Paulo: conceituação e estudos de caso. Paisagem e Ambiente, São Paulo, v. 1, n.12,
p. 29-68, 1999. O coautor, Carlos Alberto da Silva Filho, é engenheiro-agrônomo do DEPAVE
(o Departamento de Áreas Verdes da cidade de São Paulo) e acompanhou todo esse processo.
257
Sobre as vilas e seus espaços livres de edificação, ver também o livro: ARAGÃO, Solange
de. No interior do quarteirão: um estudo sobre as vilas da cidade de São Paulo. São Paulo:
Annablume, 2010.
258
CULLEN, Gordon. Paisagem urbana [1959]. Lisboa: Edições 70, 1971. p. 11.
259
MARIZ, Fabio. O desenho da paisagem e a relação entre os padrões de urbanização e o suporte
físico. (Doutorado) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
São Paulo: FAUUSP, 1999.
CAPÍTULO X
OS ESPAÇOS HABITACIONAIS CONTEMPORÂNEOS
NO DESIGN DE INTERIORES:
UMA RELAÇÃO FÍSICA, SOCIAL E SENSORIAL
Eliana Maria Tancredi Zmyslowski
260
POPCORN, Faith, MARIGOLD, Lys. Click: 16 tendências que irão transformar sua vida,
seu trabalho e seus negócios no futuro. Tradução de Ana Gibson. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
261
Encasulamento – impulso de ficar dentro de casa, quando o lado de fora se torna muito
difícil e ameaçador. Um número cada vez maior de pessoas está transformando suas casas
em verdadeiros ninhos – fazem nova decoração, assistem a filmes pela TV a cabo, utilizam
a Internet para fazer compras e usam a secretária eletrônica para filtrar o mundo exterior. A
segurança do lar é o que importa.
262
POPCORN, op. cit., p. 53.
263
A palavra espaço possui várias acepções dentro de várias ciências.
264
O Design de Interiores é muitas vezes confundido com decoração. Trata-se na verdade de
uma “técnica cenográfica, visual e arquitetônica” aplicada nos ambientes internos da construção.
265
GURGEL, Mirian. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas residen-
ciais. São Paulo: SENAC, 2005. p. 26.
266
Espaço estruturalmente edificado.
267
GURGEL, Mirian. Projetando espaços: guia de arquitetura de interiores para áreas residen-
ciais. São Paulo: SENAC, 2005. p. 121.
268
FERNANDES, Antonio Teixeira. Espaço social e suas representações. Revista da Faculdade
de letras da Universidade do Porto, Porto-Portugal, 1992. p. 62.
269
FERNANDES, op. cit., p. 69.
273
BRANDÃO, Ludmila de Lima. A casa subjetiva: matérias, afetos e espaços domésticos. São
Paulo: Perspectiva, 2002. p. 64.
274
Home significa não só casa em inglês, mas também tudo que se refere a ela, por exemplo,
home-office, home-theater.
275
AUGÉ, Mac. Não Lugares: introdução a uma antropologia da super modernidade. São
Paulo: Papirus, 1994, p. 80.
276
Ibid., p. 98.
Pensar o ser humano com cinco peles é, de alguma forma, sugerir outras
possibilidades para seus limites e suas fronteiras. Uma pele que incorpora di-
ferentes dimensões e múltiplas formas, uma vez que se apresenta como sendo
muito mais do que uma simples membrana física, funcionando não só como
uma capa, mas como dimensão e extensão do próprio corpo. Desse modo, po-
demos dizer que a casa é a extensão do ser280.
277
AUGÉ, Mac. Não Lugares: introdução a uma antropologia da super modernidade. São
Paulo: Papirus, 1994, p. 98.
278
Pintor, artista gráfico e arquiteto (Viena, 15 de dezembro de 1928-19 de fevereiro de
2000). Friedrich Stowasser, mais conhecido pelo nome de Friedensreich Hundertwasser neto
do conhecido filósofo Joseph Maria Stowasser.
279
MARTINS, Suzana Barreto. Ergonomia e moda: repensando a segunda pele. In: PIRES,
Dorotéia Baduy (Org). Design de moda: olhares diversos Barueri, SP: Estação das Letras e
Cores Editora, 20086. p. 319-336.
280
No sentido de todo ente vivo e/ou animado.
Apoio para TV e
vídeo-game com
acessórios. Armário para
roupas
281
“Multifuncional” (substantivo feminino) é uma palavra de origem francesa, utilizada ori-
ginalmente para indicar aquele dormitório que possui um banheiro agregado.
espaços, que surgem por meio de formas diferenciadas do padrão que estamos
acostumados a viver.
Essa nova forma de “pensar” nos ambientes domésticos faz com que o de-
sign, especificamente o design de interiores, crie estratégias de espacializações
para um novo modelo, que diretamente tem a tecnologia como papel funda-
mental. “Para pensar casas contemporâneas convém começar por suas trans-
formações mais evidentes. Novas atitudes e novas máquinas combinam-se
produzindo novos espaços domésticos”.282
Com isso, conseguimos compreender como a tecnologia pode ser in-
fluenciar na relação do habitante com os ambientes domésticos no design de
interiores, tornando esses espaços integrados e multifuncionais (Figuras 4 e 5).
BRANDÃO, Ludmila de Lima. A casa subjetiva: matérias, afetos e espaços domésticos. São
282
OS AUTORES