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EVIDÊNCIAS MORFO-ECOLÓGICAS ACERCA DA ORIGEM

DAS AVES A PARTIR DOS THEROPODA

INTRODUÇÃO
Atualmente a sistemática cladística demonstra que as aves são dinossauros
terópodes mais derivados ao enfatizar as linhagens evolutivas monofiléticas. Análises
filogenéticas e de fósseis indicam que as aves e os dromeosauros são linhagens
descendentes de Maniraptora. Ainda assim, permanecem muitas controversas e muitos
pesquisadores se opõem à esta ideia.
O registro fóssil das aves possui lacunas, explicadas pelos diversos processos
que levam à fossilização e até mesmo a própria estrutura óssea das aves. Porém, as
informações que temos até hoje são o suficiente para elucidar a questão da origem
dinossauria das aves.
A seguir veremos alguns dos pontos fundamentais que implicam na origem das
aves a partir dos Theropoda.

PENAS
As penas surgiram antes do voo, a seleção natural e a seleção sexual juntas
colaboraram para o aparecimento delas. Aparentemente as penas não são escamas
modificadas, elas surgiram entre os dinossauros terópodes como estruturas tubulares
independentes e ficaram mais complexas de forma progressiva. As hipóteses levantadas
argumentam que as penas estão relacionadas com a evolução de uma alta taxa
metabólica, proporcionando melhora nas habilidades locomotoras, em comportamentos
distintos, na comunicação visual, na camuflagem e no controle da temperatura corporal.
Os apêndices penáceos tiveram um importante papel para a competição e para o sucesso
nas radiações de terópodes maniraptores e seus descendentes.
Outra hipótese que aponta a origem das penas explica que os dinossauros não
avianos podem ter utilizado as penas em conjunto com posturas do corpo para gerar
movimentos relacionados a interações sociais, assim como as aves atuais fazem. As
penas também podem ter servido para cobrir os ovos no ninho, como em Caudipteryx (o
primeiro dinossauro com penas a ser descoberto), para mantê-los aquecidos e/ou
protegê-los do sol.
VOO
Existem duas teorias acerca das forças seletivas que levaram à evolução das asas
e do voo nos ancestrais das aves (dromeossauros pró-aves):

Árvore-ar
Segundo essa teoria, os ancestrais do Archaeopteryx (Archaeopteryx é
considerado um gênero transicional entre os dinossauros e as aves) eram arborícolas que
saltavam de galho em galho e de árvore em árvore. Ao passo que a evolução selecionou
maiores distâncias entre os galhos e as árvores, seria benéfico para esses animais
desenvolver alguma estrutura que oferecesse uma superfície para a força de ascensão.
Dessa forma, o voo teria transacionado de um estágio planador, em seguida a um
estágio intermediário (o planeio era auxiliado por um débil voo batido, assim como os
Archaeopteryx) e por fim ao estágio de voo batido completamente desenvolvido.

Chão-ar
Conforme a linhagem dos dromeossauros constituía-se de predadores terrestres,
bípedes e cursores, essa teoria sugere que o voo batido evoluiu a partir de formas
terrestres.
Originalmente, essa hipótese postulou que os ancestrais das aves usavam suas
asas como planadores, aumentando assim a força de ascensão e aliviando o peso durante
a corrida. Subsequentemente, as asas eram batidas ao mesmo tempo que o animal corria
e o impulsionava para frente. Por fim, as penas de voo e os músculos peitoral
desenvolveram-se o bastante para sustentar, de fato, o voo eficiente no ar. O erro nesta
proposta é que, para ganhar velocidade, é preciso uma tração mínima sobre o solo, que
só pode ser alcançada pelo contato firme dos pés com o chão. Ao estender as asas
emplumadas para provocar ascensão, o peso do corpo diminui sobre os pés e reduz a
tração, o que não aumenta a velocidade do animal, mas diminui.
A teoria cursora foi reformulada após a identificação de um espécime fóssil de
Archaeopteryx, que evidenciou alguns detalhes ósseos desconhecidos até então. A
morfologia da mão, metacarpos, antebraço, úmero e aparelho peitoral de Archaeopteryx
e de outros dromeossauros indica que eles usavam os membros dianteiros para capturar
presas. A fúrcula bem desenvolvida e a posição lateral da fossa glenóide são as únicas
características que sugere o voo de Archaeopteryx, sendo assim, eles provavelmente
eram mais adaptados para a predação do que para o voo. Assim, foi presumido que as
asas dos ancestrais proto-aves de Archaeopteryx eram inicialmente usadas para prender
as presas contra o solo ou derrubá-las no chão, facilitando a captura pelas garras e
dentes. E progressivamente as asas derivaram-se em apêndices vibráteis eficazes para
dominar presas maiores.
De acordo com isso, a origem terrestre do voo é plausível e embasada por
múltiplas evidências; os membros peitorais emplumados semelhantes aos de
Caudipteryx e Archaeopteryx revelam poucas adaptações para a vida arborícola.

OSTEOLOGIA E FISIOLOGIA
As aves não são as únicas a possuírem os sacos aéreos do sistema respiratório,
estudos em dinossauros terópodes a partir de ossos pneumáticos apontaram a presença
desse sistema de ventilação nestes animais. Similaridades cerebrais que viabilizaram a
origem do voo foram encontradas em Theropoda e Aves através de tomografias
computadorizadas dos crânios.
Além disso, muitas novidades esqueléticas, compartilhada entre esses grupos,
são relevantes:
a. ossos pneumáticos;
b. pés tridáctilos que suporta o peso do corpo (postura digitígrada);
c. aparecimento de uma junta rotativa no punho, o que favoreceu o uso das mãos
para apreensão eficaz;
d. ampliação do coracoide e do esterno propiciando um aumento da musculatura
peitoral e penas plumáceas para regulação da temperatura;
e. fusão das clavículas originando a fúrcula.
f. pescoço alongado e móvel em forma de S.

OVOS E COMPORTAMENTO
Evidências fósseis e moleculares mostram que os Neornithes (o grupo que inclui
todas as aves modernas) provavelmente surgiram no Hemisfério Sul e que a partir dessa
região, ocorreu o repovoamento e a expansão global de grande parte das ordens de aves
no Terciário. Nesse processo foram fundamentais as conexões de terra da Antártida para
a América do Sul, para a Austrália e para a África. No Oligoceno as correntes
circumpolares começaram a fluir e as condições climáticas causadas por elas pode ter
favorecido o metabolismo endotérmico e o voo, facilitando a expansão global das aves
modernas.
Já foram encontrados diversos ovos de dinossauros fossilizados contendo
embriões bem como fósseis de dinossauro junto de seu ninho, o que permite estudar e
comparar essas estruturas, comportamentos e desenvolvimento embrionário entre
espécies. O desenvolvimento embrionário de terópodes maniraptores é semelhante ao
desenvolvimento das aves, os ovos de terópodes troodontídeos apontam prováveis
sinapomorfias com os ovos das aves, como por exemplo, a forma assimétrica, estrutura
dos poros da casca, estruturas prismáticas presente nas camadas da casca e porção
interna da casca contendo estrutura cristalina de calcita. Esses ovos, em seu arranjo
físico geral, dispõem de aspectos intermediários entre os ovos de terópodes e de aves.
É muito difundido o conhecimento de que as aves se dedicam aos cuidados com
sua prole, construindo e protegendo seus ninhos e se empenhando em garantir a
segurança e alimentação de sua prole.
O cuidado parental, que observamos nas aves, também era presente em muitos
terópodes. O registro fóssil de Citipati osmolskae e Oviraptor philoceratops, mostra que
estes animais tinham comportamentos como chocar os ovos, cuidar do ninho e,
ocasionalmente, nidificar em colônia. Isso se fez presente também em outros terópodes,
como nos troodontídeos, oviraptorossaurideos e provavelmente em coelussáurios, que
construíam ninhos com sedimentos, manipulavam os ovos no ninho e os chocavam.
Hábitos similares aos das aves no cuidado parental.

CONCLUSÕES
Estas são apenas algumas das evidências que corroboram a origem Therapoda
das Aves. É evidente o parentesco entre esses dois grupos animais, o que é muito bem
apontado e esclarecido na literatura por diversos campos da biologia.

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