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Aula Português

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Colocação pronominal
Posições dos pronomes (3) Contemplando-a naquele instante de enlevo, dir-se-
-ia que ela se preparava para sua celeste ascensão.
oblíquos átonos José de Alencar

Como já vimos, os pronomes oblíquos átonos não A forma dir-se-ia é uma contração da forma verbal
possuem acento próprio (são átonos), eles têm de ser diria com o pronome átono se. Aparentemente, o verbo
pronunciados como sílaba de outra palavra. Isso quer dizer se abre (diria = dir + ia) para que o pronome se coloque
que, nas frases, eles aparecem “grudados” a outras palavras. entre as duas partes dele.
Para expressar essa ideia, dizemos que esses pronomes Como percebemos, os pronomes átonos podem
são clíticos (do grego, que significa “ligados”, “grudados”). aparecer antes, depois ou no meio das formas verbais
Esse fato é reconhecido pelo sistema ortográfico que com as quais se relacionam, às quais estão clíticos. Essas
utilizamos. Veja o seguinte enunciado: três posições são denominadas, respectivamente, de
próclise, ênclise e mesóclise.
(1) A ciência livra-nos do medo, combatendo com
respostas objetivas esse veneno subjetivo. Esquematicamente:
Hercule Granville
Posições do pronome átono
Nessa frase, aparece o pronome átono nos. Ele 1. Próclise: Madalena e eu não nos entendemos.
não aparece solto, mas ligado à forma verbal livra. A
leitura da frase faz perceber que o pronome e o verbo pronome antes do verbo
são pronunciados como uma única palavra. Para isto, 2. Ênclise: Por favor, Madalena, entenda-me.
empregamos o hífen entre o pronome e o verbo, para
indicar que o pronome nos é pronunciado como se fosse pronome após o verbo
uma sílaba átona da palavra livra-nos. 3. Mesóclise: Entender-me-ias se ouvisses o que eu falo.
É bem verdade que em outros casos não se usa o
hífen. Se o pronome é colocado antes da forma verbal, pronome no meio do verbo
não ocorre hífen, o que não significa que a relação entre
o pronome e o verbo não seja igualmente forte.
(2) O amor me cobre de glórias e me faz magnífico. Regras de colocação
Rubem Braga
pronominal
Observando a frase, poderíamos questionar: por que
A posição dos pronomes pessoais oblíquos átonos
não ocorre hífen ligando o substantivo amor ao prono-
altera a sonoridade do enunciado. Desse ponto de
me me? Por que não escrevemos “O amor-me cobre de
vista, a colocação pronominal deveria ser entendida
glórias...”?
exclusivamente como uma questão de eufonia (do grego
A resposta é que não escrevemos assim porque o eu = “bom” + “fonia” = “som”). O critério, portanto, para
pronome me não está clítico (= grudado) ao substantivo se escolher esta ou aquela colocação pronominal deveria
amor, mas à forma verbal cobre. ser apenas o ouvido. Entre dois enunciados como “Pedro
Há ainda um terceiro caso – cada vez mais raro hoje me convidou” e “Pedro convidou-me”, o falante escolhe
em dia – em que o pronome átono aparentemente fica aquele que lhe parecer mais sonoro dentro do contexto,
dentro da forma verbal, que se abre para recebê-lo. sem nenhuma interferência da normalização gramatical.

1
Infelizmente, porém, a questão não é tão simples as- (10) Quando me der na veneta eu abro o papel e leio.
sim. Por motivos históricos, desde o final do século XIX, José J. Veiga
surgiram, no Brasil, regras de colocação pronominal.
Essas regras visavam a imitar a pronúncia lusitana, des- (11) Se amo porque me amam, tem o amor causa.
Pe. Antônio Vieira
considerando as tendências brasileiras para colocação
pronominal. O primeiro trabalho com esse objetivo foi c) Advérbios (exemplos: agora, ainda, amanhã, antes,
escrito em 1880 pelo gramático Artur Barreiros. Desde breve, depois, hoje, já, jamais, logo, nunca, ontem,
então, essas regras são transmitidas por tradição escolar. sempre, bem, mal, demais, muito, pouco, quase, tão,
Estudaremos, nesta e na próxima aula, a maneira assim, melhor, pior, além das palavras com sufixo –
considerada culta de colocação pronominal. Comece- mente – rapidamente, certamente, rigorosamente,
mos pelas regras que ditam o uso da próclise. etc.):
(12) Mal se movia, com medo de espantar a própria
Próclise obrigatória atenção.
Clarice Lispector
A próclise é considerada obrigatória em, basicamen-
te, duas situações. Certos tipos de oração obrigam a co- (13) Se souberem que o autor sou eu, naturalmente me
locação do pronome átono antes do verbo. Igualmente, chamarão potoqueiro.
algumas palavras, ditas “atrativas”, quando vêm antes Graciliano Ramos
do verbo, atraem o pronome átono para antes dele.
d) Pronomes indefinidos (como algum, alguém, todo,
Vejamos esses casos:
tudo, certo, outro, vários, qualquer, etc.):
(14) E tudo se passa como eles querem.
1. Orações que obrigam próclise Pero Vaz de Caminha
Os tipos de oração em que o pronome deve vir ante-
(15) Todos se mantiveram na negativa.
posto ao verbo são as seguintes:
Antônio de Alcântara Machado
a) Orações interrogativas, quando iniciadas por pala-
vra ou expressão interrogativa (quem, o que, como, e) Gerúndios precedidos da preposição “em”:
onde, por que, quando, quem é que, etc.): (16) Em se tratando de futebol, o Brasil é um país de
(4) Quem me dará o beijo que cobiço? primeiro mundo.
Manuel Bandeira

b) Orações exclamativas: Observações:


(5) Deus lhe fale n’alma! A distância entre a partícula atrativa e o prono-
Machado de Assis me continua a exigir próclise:
(17) Dada a confusão do momento, Dirce nem se-
2. Palavras “atrativas” quer lhe perguntou onde estivera.
Dalton Trevisan
Como dissemos, palavras “atrativas” são aquelas que,
quando aparecem antes do verbo, obrigam a próclise. (18) Bibiana ficava constrangida quando alguma
São as seguintes: amiga que a visitava ou encontrava na rua
a) Palavras negativas (não, nem, nada, nenhum, nin- lhe pedia informações sobre Rodrigo.
guém, jamais, etc.): Érico Veríssimo

(6) Canudos não se rendeu.


Euclides da Cunha

(7) Nunca lhe pedira seu voto. Regras de ênclise


José Lins do Rego
As regras para uso de ênclise em norma culta são as
(8) Não ouviu o que o outro disse nem lhe viu a cara. seguintes:
Érico Veríssimo
a) Usa-se ênclise no início de frases e após pausas (=
b) Conjunções subordinativas e pronomes relativos pontuação):
(exemplos: que, como, onde, se, cujo, quando, em- Essa é certamente a regra de colocação pronominal
bora, porque, enquanto, etc.): mais difundida. Também é a responsável pela maior
(9) Trabalho para homem que me respeite. variação entre o uso culto e o uso popular da colocação
José Lins do Rego pronominal.

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Aula 11

Na fala cotidiana é comum construirmos frases como: É incorreto usar ênclise com particípios. Desta forma,
o enunciado a seguir está inadequado à norma culta:
(19) Me disseram que ele chega hoje da Europa.
Apesar de bastante comuns, enunciados como esse (23) Joana tinha amado-me.
são considerados incorretos de acordo com a norma
A correção seria:
culta. Note que nessa situação o pronome átono me
aparece colocado no início da sentença e, de acordo (23a) Joana tinha me amado.
com a regra que estamos estudando, não se inicia frase
com pronome átono. Assim, em norma culta, principal- Lembre-se também de que existem dois tipos de
mente escrita, deve-se optar pela ênclise: futuro no modo indicativo. São o futuro do presente
e o futuro do pretérito. Na 1a. pessoa do singular,
(19a) Disseram-me que ele chega hoje da Europa. o futuro do presente de “amar”, “bater” e “partir” é,
Igualmente devemos usar ênclise após pausa dentro respectivamente, “amarei”, “baterei” e “partirei”. No
do período. Essas pausas são marcadas pela pontuação futuro do pretérito, essas formas são “amaria”, “bateria”
(normalmente vírgula ou ponto e vírgula). e “partiria”.
(20) O terror crescia; avizinhava-se a revolução. Com esses tempos verbais não se usa ênclise. Estão,
portanto, inadequadas à escrita padrão, os seguintes
Machado de Assis
enunciados:
(21) Não teve remédio, declarou-se vencido e entregou
a espada ao barbeiro. (24) Eu convidarei-a para a festa.
Machado de Assis (Frase inadequada à norma culta)

(25) Ela convidaria-me para a festa.


Observações: (Frase inadequada à norma culta)
A pausa anula a “força” das palavras “atrativas”.
Se numa sentença ocorrer palavra atrativa segui- Para corrigir os enunciados acima, as opções são
da de pausa, devemos empregar a ênclise e não a próclise ou a mesóclise. Mas isso já é assunto para a
a próclise. próxima aula.

(22) Depois, vai-se de canoa até os Confins.


Mário Palmério
Mesóclise
Atualmente, a posição mais rara do pronome átono
Note que, neste exemplo, ocorre advérbio de- em relação às formas verbais é a mesóclise. Seu uso está
pois. Sua presença não obriga a próclise, pois ele praticamente restrito a situações de grande formalida-
vem seguido de vírgula (= pausa). Se, por outro de, como o discurso acadêmico-científico, o discurso
lado, retirarmos a vírgula – e, portanto, retirarmos jurídico ou burocrático, etc.
a pausa no interior do período –, então devemos Só é possível empregar mesóclise com formas
empregar a próclise: verbais de futuro do presente ou futuro do pretérito do
(22a) Depois se vai de canoa até os Confins. modo indicativo. Por exemplo:
Érico Veríssimo (26) Júlia convidar-me-ia para a festa. (convidar-me-ia
= convidaria + me)
b) Não se usa ênclise com particípios ou verbos no (27) Convidá-lo-ei para a festa. (convidá-lo-ei = convi-
futuro do indicativo: darei + o)
Para melhor compreendermos esta regra, recorde-
mos alguns princípios básicos sobre as formas verbais, Note que estamos dizendo que a mesóclise é possível
que já estudamos em aulas anteriores. nesses casos. Não dissemos que seu uso é obrigatório.
Todos percebemos que as frases (2) e (3) soariam estra-
O particípio é uma das três formas nominais do
nhas se empregadas na linguagem cotidiana. Poderíamos
verbo – as outras são o gerúndio e o infinitivo. Lem-
perfeitamente reescrever os enunciados, empregando
bre-se de que há particípios regulares e irregulares.
próclise em vez de mesóclise.
Os regulares apresentam a terminação -do (amar
amado; bater batido; partir partido). E exemplos (26a) Júlia me convidaria para a festa.
de irregulares são feito (do verbo fazer) e escrito (do
verbo escrever). (27a) Eu o convidarei para a festa.

Português 6A 3
Colocação pronominal e
Atenção as locuções verbais
Com os futuros do modo indicativo não se usa Chamamos de locução verbal a série de duas ou
ênclise, conforme já vimos na aula passada. mais palavras que funcionam como um único verbo. Na
maioria das vezes, as locuções verbais são formadas por
Em linhas gerais, esse é o emprego da mesóclise. apenas um verbo auxiliar e um verbo principal. Nesse
Falta, porém, uma observação importante. Se a frase caso, o pronome pode aparecer em quatro posições:
apresentar uma palavra “atrativa”, devemos empregar 1. Ênclise ao verbo principal
a próclise. As regras de próclise têm prevalência sobre
a mesóclise. Desse modo, estaria incorreta uma frase (30) Se eu encontrar Alcides, vou dizer-lhe umas
como a seguinte: verdades.
2. Próclise ao verbo principal
(28) Ela não convidar-me-ia para a festa.
(31) Desculpe, senhor Rodrigues, mas estão me
Como sabemos, a palavra “não” é “atrativa”. Assim, o chamando lá fora.
correto seria: 3. Ênclise ao verbo auxiliar
(28a) Ela não me convidaria para a festa. (32) Naquele dia eu estava muito perturbado.
Tinha-me esquecido de encontrar Venâncio, o
Colocação pronominal que me causou sérios transtornos.
4. Próclise ao verbo auxiliar
com infinitivos (33) Pensei que lhe houvesse dito para jamais se
Como já pudemos estudar em aula anterior, o dirigir à minha sobrinha com propostas de
infinitivo é uma das formas nominais do verbo. romantismo barato.
Simplificando – e até vulgarizando um pouco –, po-
demos dizer que o infinitivo é a forma que expressa, Regras para colocação
em português, o nome do verbo. Assim, o infinitivo
do verbo amar é amar, do verbo fazer é fazer, e assim pronominal em locuções
por diante. Na verdade, como já sabemos, esse é o
infinitivo impessoal.
verbais
Estudamos, na aula passada, diversos casos em que Com todo rigor, não há regras especiais para a
é obrigatório o uso da próclise. Sejamos agora mais exa- colocação dos pronomes átonos em locuções verbais.
tos. O fato é que as regras de próclise obrigatória valem As regras estudadas até aqui são válidas também para
para todas as formas verbais, com exceção do infinitivo. as locuções. Devemos apenas chamar atenção para os
Nesses casos, sempre é possível empregar a ênclise. casos que podem ocorrer nos exames vestibulares.
Vamos exemplificar:
1. Presença de palavra atrativa
[29] Saí para não o encontrar.
Se a locução verbal vier precedida de palavra atrati-
Nesse enunciado, utilizamos próclise. Essa posição va, não podemos empregar a ênclise ao verbo auxiliar.
é certamente correta. Inclusive, a frase apresenta a As outras três posições, contudo, são válidas.
palavra não, que, como vimos, é uma palavra “atrativa”.
(34a) Pensei que Joana queria mostrar-lhe os quadros
Por outro lado, a forma verbal relacionada ao pronome o
do salão nobre.
é encontrar. Trata-se de uma forma no infinitivo. Assim,
também é possível a ênclise, de modo que também é (34b) Pensei que Joana queria lhe mostrar os quadros
correto dizer: do salão nobre.
(34c) Pensei que Joana lhe queria mostrar os quadros
(29a) Saí para não encontrá-lo.
do salão nobre.
Nesses enunciados, aparece a palavra “atrativa” “que”
posicionada antes da locução verbal “queria mostrar”.
Lembre-se Portanto, a única variação incorreta seria o pronome
O infinitivo sempre aceita ênclise; com infini- “lhe” em posição de ênclise ao verbo auxiliar “queria”.
tivo, a próclise nunca é obrigatória.
(35d) Pensei que Joana queria-lhe mostrar os quadros
do salão nobre.

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Aula 11

2. Verbo no particípio ou no Mas isso não é verdade. As regras de colocação dão


conta de grande número de frases. Entretanto, tam-
futuro do indicativo bém há situações em que o uso é livre. Pense assim:
Como já dissemos na aula passada, formas verbais se a frase não se encaixar em nenhuma das regras
no futuro do presente, futuro do pretérito e particípio estudadas, pode-se usar a colocação que se julgar
não aceitam ênclise. Atenção para esse pormenor em mais conveniente. Essa liberdade normalmente recai
locuções verbais. sobre a ênclise ou próclise, já que o uso da mesóclise
é mais restrito.
O enunciado a seguir é gramaticalmente incorreto:
Observe, a propósito, essas duas sentenças extraídas
(35) A estranha senhora que eu conheci em Veneza da obra Fogo Morto, de José Lins do Rego:
havia lembrado-me a felicidade conjugal que eu
julgava irremediavelmente perdida. (36) Mestre José Amaro se levantou.
Essa sentença apresenta o pronome “me” em posição (37) Mestre José Amaro sentou-se novamente.
de ênclise ao verbo principal da locução verbal “havia Como podemos observar, as duas sentenças são
lembrado”. Como o verbo principal está no particípio muito semelhantes. Em ambas ocorre o sujeito “Mestre
(“lembrado”), a colocação é inadequada à norma culta. José Amaro”, colocado imediatamente antes do verbo da
oração. Mas numa situação o autor empregou a próclise
Uso livre e noutra, a ênclise. Nenhum dos dois enunciados é
gramaticalmente incorreto. A expressão “Mestre José
Depois de tanta regra para colocação pronominal, Amaro” não “atrai” o pronome átono, mas também não o
você deve estar pensando que todas as frases da repele. O uso da colocação pronominal, portanto, é livre
língua portuguesa se enquadram em alguma regra. nesse caso.

Testes
Assimilação 11.03. (PUCMG) – Assinale a alternativa em que a colocação do
pronome átono está de acordo com o padrão culto da língua:
11.01. (PUCPR) – A colocação do pronome átono se está a) Ninguém conseguiu-me provar que desenvolvimento
INCORRETA na alternativa: produz inflação.
a) ”Destinado a fazer cruzeiros pelos mais paradisíacos desti- b) Que o presidente Itamar mantenha-se disposto a observar
nos do mundo, o veleiro Le Ponant, de bandeira francesa, esta prioridade.
se transformou em palco de crime”. c) Nunca poderá se dizer que salário é um fator inflacionário.
b) “Pesquisadores descobrem que Átila, Rei dos Hunos, não d) Pode afirmar-se que o plano não pode ser simplesmente
era tão cruel como se imaginava”. um paliativo.
c) “Livro conta como Mohamed, o pai, nasceu pobre e se e) Temos esquecido-nos de aventuras no campo da economia.
tornou um bilionário construtor – e Osama, seu filho, um 11.04. (FEI – SP) – Assinale a alternativa em que o pronome
notório destruidor”. oblíquo esteja colocado de maneira correta, segundo a
d) “O que têm a ensinar as escolas que se saíram melhor no norma culta gramatical.
Exame Nacional do Ensino Médio”. a) Talvez tenha solicitado-me o pedido.
e) “Estudos revelam que fortes vínculos familiares prote- b) Jamais convidei-o para compor minha equipe.
gem e ajudam o organismo a se recuperar melhor das c) Se for necessário, calarei-me.
doenças”. d) Até lá muitos só se terão arrependido.
(ISTOÉ – Abril, 2008)
e) Não maltratá-lo-ei nunca.
11.02. (UEL – PR) – Trouxe as cópias, mas não ________ 11.05. (UFPB) – A colocação do pronome átono está incor-
_______ ainda; o senhor permite que ______________ reta apenas em:
em ________________ pasta? a) “...não poderia consultá-lo à fraca luz da masmorra”.
a) examinei-as – as guarde – sua. b) “Nunca mais vê-los-ia, nunca!”
b) as examinei – as guarde – vossa. c) “Quaresma, porém, enganava-se em parte”.
c) as examinei – as guarde – sua. d) “Mas, seu tenente, deixe-me escrever à minha mãe...”.
d) examinei-as – guarde-as – sua. e) “O que o fazia sofrer era aquela semivida de moça, mer-
e) as examinei – guarde-as – vossa. gulhada na loucura e na moléstia”.

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O texto transcrito abaixo serve de base à resolução das c) que leva, quando ela percebe.
questões de números 11.06 a 11.09. d) preocupar-se, que leva.
e) quando ela percebe, tornou-se.
Exercício de felicidade
Tivesse sido feito nos anos 60-70, “O fabuloso 11.09. No terceiro período do texto, aparece o elemento
destino de Amélie Poulain” correria o risco de ser coesivo “disso” e ele se refere:
tachado de filme comunista. Afinal, preocupar-se a) ao fato de que a película em questão é contemporânea.
com a felicidade dos outros é, evidentemente, ir b) a que o filme tem como tema a preocupação com a
contra a ordem estabelecida. Mas o filme de Jean felicidade alheia.
Pierre Jeunet é contemporâneo e, até por cau- c) a que a produção tem um viés comunista.
sa disso, tornou-se um fenômeno mundial pela d) a que o filme foi feito entre as décadas de 60 e 70.
simplicidade temática e seus elementos oníricos
e) a que a produção apresenta uma temática singela
– patinho feio em meio ao boom das superprodu-
ções belicistas. Amélie Poulain (Audrey Tautou) demais.
é uma garota que leva uma vidinha sem muitas 11.10. (UEL – PR) – Me esquece. Lhe pedi já uma penca
aventuras. Tudo muda quando ela de vezes. Por favor, larga do meu pé.
percebe que, a partir de gestos apa-
rentemente banais, tem o “poder” Reescrevendo a frase anterior totalmente de acordo com
de fazer brotar, em rostos sisudos, a norma culta escrita, tem-se:
sorrisos sinceros, num exercício de a) Esquece-me. Já pedi um tempão. Por favor, deixa isso
felicidade alheio. Também em DVD. pra lá.
“O fabuloso destino de Amélie Poulain” b) Me esqueça. Já te pedi isso centenas de vezes. Por favor,
(França/Alemanha, 2001, 122 min.) me larga do pé.
Direção: Jean-Pierre Jeunet
Elenco: Audrey Tautou e Mathieu Kassovitz (Revista de c) Esqueças de mim. Já te pedi muito. Por favor, pare de
Cinema, Ano III, n. 27, 07/2002) me cercar.
d) Esqueça-me. Já lhe fiz esse pedido muitas vezes. Por
favor, pare de insistir.
11.06. Por que, no texto, o filme “O fabuloso destino de
e) Esquece. Já lhe solicitei muitas vezes. Por favor, não
Amélie Poulain” é denominado de “patinho feio”?
assedie-me mais.
a) Por ser um filme de temática romântica e singela.
b) Por enaltecer o comunismo, tão elogiado nos anos 60 e 70. 11.11. (FGV – SP) – Observe:
c) Por apresentar uma temática contemporânea e recorrente “O diretor perguntou: - Onde estão os estagiários? Manda-
no cinema contemporâneo. ram-nos sair? Estão no andar de cima?”.
d) Por não se caracterizar como uma grande produção que O pronome sublinhado pertence:
exalta as guerras.
a) à terceira pessoa do plural.
e) Por narrar a vida de “uma garota que leva uma vidinha
sem muitas aventuras”. b) à segunda pessoa do singular.
c) à terceira pessoa do singular.
11.07. Sobre o texto, é adequada a seguinte inferência. d) à primeira pessoa do plural.
a) Apesar de sua temática singela, onírica e típica do e) à segunda pessoa do plural.
passado, o filme “o fabuloso destino de Amélie Poulain”
revelou-se um surpreendente sucesso mundial. 11.12. (UNIMAR – SP) – A colocação pronominal não
b) Um dos personagens do filme é o namorado de Amélie, corresponde ao que preceitua a gramática:
Pierre Jeunet. a) Há muitas estrelas que nos atraem.
c) O filme sob análise é uma produção francesa e caracteriza- b) Jamais dar-te-ei tantas explicações.
-se como um libelo antibelicista. c) A este compete, em se tratando do corpo da pátria,
d) A produção cinematográfica descrita é um filme menor revigorá-lo com o sangue do trabalho.
pela sua temática simples e não se destaca entre as boas d) Não o realizaria, entretanto, se a árvore não se manti-
produções belicistas de sua época. vesse verde sob a neve.
e) “Preocupar-se com a felicidade dos outros” é um tema
e) Não se fará se não nos dispusermos a perdoar-lhe.
bastante recorrente no cinema contemporâneo.
11.08. Quais dos elementos coesivos listados e grifados nas
alternativas que seguem referem-se à personagem Amélie
Aprofundamento
Poulain? 11.13. (UFPR) – O folclore político brasileiro atribui a Jânio
a) preocupar-se, tornou-se. Quadros a autoria das frases seguintes:
b) que leva, tornou-se. A. Fi-lo porque qui-lo.

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Aula 11

B. Bebo-o porque é líquido; se fosse sólido, comê-lo-ia.


38 tinham a habilitação necessária (licenciatura
Sem qualquer consideração acerca da real autoria das em matemática), segundo o Censo Escolar de
39
frases, observe o uso de pronomes nas mesmas e indique 40 2007. Hoje se estima que o déficit da área seja
as afirmativas corretas em relação à colocação pronominal. 41 ele 65 mil professores. Trata-se, já se vê, de
01) Uma forma possível de reescrever corretamente a fra- 42 uma emergência. Não basta um Pacto Nacio-
se A é: Fiz-lhe porque o quis. 43 nal pela Alfabetização na Idade Certa. O Brasil
02) A colocação de pronomes em A está correta. A rees- 44 precisa pôr a mesma ênfase na matemática –
crita da frase é simplesmente uma opção estilística. 45 para não se tornar um país de faz de conta.
04) A frase B pode ser reescrita como: Bebo-o porque é (Adaptado de “Faz de Conta”, Folha de S. Paulo. 02 abr. 2013.
líquido; se fosse sólido, comeria-o.
08) A forma de reescrever corretamente a frase A é: Fi-lo
porque o quis. 11.14. (UFPR) – Esse editorial do jornal Folha de S. Paulo
16) O segundo pronome da frase B deve ser eliminado. propõe que o governo:
Sua forma correta é: Bebo-o porque é líquido; se fosse a) dê mais ênfase à divulgação das boas notícias sobre
sólido, comeria.
a educação brasileira para evitar o destaque atual dos
32) A frase B está correta. Pode-se reescrevê-la por uma
problemas dessa área.
opção de estilo, não para eliminar erros.
b) dê prioridade à formação de professores de matemática
O texto a seguir é referência para as questões 11.14 e ao ensino dessa disciplina, especialmente no segundo
a 11.16. ciclo do ensino fundamental.
c) substitua o programa intitulado Pacto Nacional pela
1 Quanto mais uma nação se mostra encan- Alfabetização na Idade Certa por projetos de melhoria
2 tada com estatísticas, tanto mais se deve per- do ensino da matemática.
3 guntar pela capacidade de seus dirigentes e do d) invista no desenvolvimento de metodologias eficientes
4 público para digeri-las e daí derivar um curso para o ensino de matemática, especialmente no primeiro
5 de ação. O Brasil, todos sabem, não é um país ciclo do ensino fundamental.
6 dado às contas – e poucas áreas deixam isso e) reformule os programas de ensino de matemática, para
7 tão evidente quanto a educação.
priorizar conteúdos exigidos dos trabalhadores nos
8 Não lhe faltam, hoje, avaliações e indica-
vários setores da economia.
9 dores a apontar a má qualidade do ensino. Os
10 avanços obtidos – e os há – são incrementais, 11.15. (UFPR) – Avalie se as afirmativas a seguir estão de
11 difíceis de perceber e de valorizar. As más acordo com o texto:
12 notícias tendem a ganhar mais atenção, como
13 as que vêm do ensino de matemática. 1. Em 2007, a Prova Brasil apontou que 78% dos alunos
do quinto ano do fundamental apresentavam conheci-
14 O buraco negro está no segundo ciclo do
mento insuficiente de matemática.
15 ensino fundamental (antigo ginásio). Resulta-
16 dos de 2011 da Prova Brasil – exame bienal 2. Os alunos avaliados em 2007, quando cursavam o
17 realizado pelo governo da União – já haviam quinto ano do fundamental, foram avaliados nova-
18 indicado algum progresso no ciclo do ensino mente em 2011, então como alunos do nono ano do
19 fundamental e um desastre no ensino médio fundamental.
20 (antigo colegial). Na Prova Brasil de 2007, 3. Entre os níveis escolares avaliados pela Prova Brasil, o
21 22% dos estudantes no quinto ano estavam primeiro ciclo e o ensino médio apresentam resultados
22 bem em matemática. O mesmo contingente aceitáveis.
23 de alunos, ao terminar o nono ano em 2011,
4. Entre as habilidades avaliadas pela Prova Brasil no final
24 tinha só 12% de formandos com aprendiza-
do nono ano do nível fundamental estão a realização
25 do satisfatório da matéria. Em outras cifras,
de cálculos envolvendo percentuais e a interpretação
26 88% deles chegaram ao nível médio sem
de gráficos.
27 competência para fazer contas de percentuais
28 ou para interpretar gráficos – habilidades 5. O Censo Escolar de 2007 apontou que mais da metade
29 hoje demandadas até nos postos de trabalho dos professores de matemática atuantes não possuíam
30 de remuneração mais baixa na indústria, no o diploma superior de licenciado em matemática.
31 comércio e no agronegócio. Estão de acordo com o texto as afirmativas:
32 São muitas as razões para esse fracasso, a) 1 e 4 apenas.
33 mas há certo consenso de que a deficiência b) 1, 3 e 5 apenas.
34 maior está no lado docente. Não apenas a for-
c) 2, 3, 4 e 5 apenas.
35 mação notoriamente precária dos professores,
36 mas a pura e simples carência deles: só 45% d) 1, 2, 4 e 5 apenas.
37 dos mais de 145 mil docentes na disciplina e) 2, 3 e 4 apenas.

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11.16. (UFPR) – Considere as seguintes afirmativas sobre a) Eu o vi, não lhe falei, darei-te o livro.
expressões usadas no texto: b) Eu o vi, falei-lhe, nada lhe direi.
1. O trecho “para digeri-Ias e daí derivar um curso de ação” c) Nada dir-ihe-ei, não o estimo, deus ajude-nos.
(linhas 4 e 5), deve ser interpretado como “digerir as esta- d) Deus nos ajude! Não quero te ofender, mas vai-te embora.
tísticas e derivar dessa interpretação um curso de ação”. e) Me dá o livro, que eu te devolvo assim que o ler.
2. A expressão “a pura e simples carência deles” (linhas 33 e 34)
11.18. Sobre a colocação pronominal estão corretas as
indica que os professores têm carências na sua formação.
seguintes proposições:
3. No trecho “exame bienal realizado pelo governo da I. Diante de pronomes relativos, que, quem, qual, onde etc.,
União” (linhas 15 e 16), há a informação de que a Prova o uso da próclise é facultativo.
Brasil é realizada duas vezes por ano. II. Diante das conjunções subordinativas que, como, embora
4. O trecho “habilidades demandadas até nos postos de etc., o uso da próclise é obrigatório.
trabalho de remuneração mais baixa” (linhas 27 e 28) III. Quando o verbo não inicia a oração e quando o verbo
destaca que as habilidades mencionadas são exigidas estiver no infinitivo não flexionado precedido de palavra
na maioria dos postos de trabalho, mesmo nos mais mal negativa ou de preposição, pode-se usar, indiferentemen-
te, próclise ou ênclise.
remunerados.
IV. A eufonia, isto é, a agradabilidade sonora da frase, não
Assinale a alternativa correta. exerce influência sobre os fatores que regem a colocação
a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira. pronominal.
b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras. V. A mesóclise só é obrigatória quando se combinam dois
c) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. fatores: verbo no futuro iniciando a oração e ausência de
d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. palavra atrativa exigindo próclise.
e) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. a) II, Ill e V.
b) I e IV.
11.17. (MED. SANTO ANDRÉ – SP) – Assinale a alternativa c) II, IV e V.
em que todos os pronomes pessoais estão colocados cor- d) III e IV.
retamente, segundo o uso clássico da língua portuguesa: e) Todas estão corretas.

Discursivos
O texto transcrito a seguir serve de base à resolução da questão de número 11.19.

Eu tinha o medo imediato. E tanta claridade do dia. O arrojo do rio e só aquele estrape*, e o risco extenso
d’água, de parte a parte. Alto rio, fechei os olhos. Mas eu tinha até ali agarrado uma esperança. Tinha ouvido
dizer que, quando canoa vira, fica boiando, e é bastante a gente se apoiar nela, encostar um dedo que seja,
para se ter tenência, a constância de não afundar, e aí ir seguindo, até sobre se sair no seco. Eu disse isso.
E o canoeiro me contradisse: – “Esta é das que afundam inteiras. É canoa de peroba. Canoa de peroba e de
pau-d’óleo não sobrenadam... “ Me deu uma tontura. O ódio que eu quis: ah, tantas canoas no porto, boas
canoas boiantes, de faveira ou tamboril, de imburana, vinhático ou cedro, e a gente tinha escolhido aquela...
Até fosse crime, fabricar dessas, de madeira burra!
Rosa, Guimarães. Grande Sertão: Veredas, p. 88-89.
* instrumento de tortura

Diz Alfredo Bosi a respeito de Guimarães Rosa: “’Grande Sertão: Veredas’ e as novelas de ‘Corpo de Baile’
incluem e revitalizam recursos da expressão poética: células rítmicas, aliterações, onomatopeias, rimas inter-
nas, ousadias mórficas, elipses, cortes e deslocamentos de sintaxe, vocabulário insólito, arcaico ou de todo
neológico, associações raras, metáforas, anáforas, metonímias, fusão de estilos, coralidade”.
(BOSI, Alfredo, História Concisa da Literatura Brasileira, p, 430.)

8 Semiextensivo
Aula 11

11.19. (UFSCAR – SP) – Levando-se em conta a norma-padrão do português do Brasil,


a) Como você caracteriza a variação linguística que aparece em “Me deu uma tontura”?

b) Como você redigiria essa frase de acordo com a norma-padrão?

11.20. Reescreva as frases empregando, de acordo com a variedade padrão, os pronomes oblíquos átonos entre parênteses:
a) O dono do estabelecimento recebeu carinhosamente. (nos)

b) Que Deus proteja, filho! (o)

c) Olhou no espelho e percebeu que estava ainda mais jovem. (se)

d) Qual dos alunos candidataria à vaga de representante de sala? (se)

e) Enviarei as encomendas conforme o pedido. (lhe)

Gabarito
11.01. c 11.12. b 11.20. a) O dono do estabelecimento recebeu-
11.02. c 11.13. 40 (08, 32) -nos carinhosamente.
11.03. d 11.14. b b) Que Deus o proteja, filho!
11.04. d 11.15. d c) Olhou-se no espelho e percebeu que
11.05. b 11.16. b estava ainda mais jovem.
11.06. a 11.17. b d) Qual dos alunos se candidataria à vaga
11.07. d 11.18. a de representante da sala?
11.08. a 11.19. a) O uso do pronome oblíquo átono no e) Enviar-lhe-ei as encomendas conforme
11.09. d início da oração só é possível na modal- o pedido.
11.10. d idade oral, informal, coloquial da língua.
11.11. a b) Deu-me uma tontura.

Português 6A 9
Português
Aula 12 6A
Regência verbal

O que é regência Regência culta e


Observe os três enunciados a seguir: regência popular
(1) Os namorados amam observar as estrelas. Ao comparar frases cultas – principalmente escritas
(2) Os namorados adoram observar as estrelas. e formais – a frases populares ou informais, percebemos
algumas diferenças no uso de determinadas preposições,
(3) Os namorados gostam de observar as estrelas. caracterizando diferentes regências. Um bom exemplo é
Apesar de semelhantes, os três enunciados não têm o verbo ir. A maioria dos falantes do português do Brasil
exatamente o mesmo significado. Afinal, os verbos amar, diria, por exemplo:
adorar e gostar não são sinônimos perfeitos. Assim, em
(6) Gosto de ir na feirinha do Largo da Ordem.
cada caso, a substituição de um verbo por outro altera o
sentido da frase. A parte em negrito do enunciado mostra o verbo ir
Comparemos as frases (1) e (2). A troca da forma seguido da preposição em (lembre-se de que a forma na
verbal amam por adoram altera, como vimos, o sentido é uma contração da preposição em com o artigo a). Essa
da frase. Entretanto, ela não acarreta qualquer outra é a regência mais comum no Brasil para o verbo ir : ir em
alteração. As demais palavras do enunciado permane- algum lugar.
cem as mesmas. Assim, a troca amar por adorar altera o Numa situação mais formal, entretanto, talvez escu-
sentido, mas não provoca qualquer alteração gramatical tássemos:
no enunciado.
Por outro lado, a presença da forma verbal gostam (7) Gosto de ir à feirinha do Largo da Ordem.
no enunciado (3) modifica, além do sentido, também a
Agora o verbo ir rege a preposição a, implícita na for-
parte gramatical da frase. Sabemos disso porque a subs-
ma contraída à (o acento grave indica a crase, contração
tituição de amam ou adoram por gostam faz aparecer a
palavra de no enunciado. da preposição a com o artigo a).
Coloquialmente, podemos dizer que o verbo gostar Existe, portanto, certa variação entre a regência
pede a palavra de. Mais tecnicamente, dizemos que o em textos cultos e a regência em textos populares ou
verbo gostar rege a preposição de. informais, o que certamente não significa uma diferença
absoluta. O verbo gostar, por exemplo, sempre rege a
O mesmo fenômeno ocorre também com adjetivos.
preposição de, o que é válido para qualquer falante do
Observe, como exemplo, os dois enunciados a seguir:
português.
(4) Júlio é um homem amável com seus superiores.
(5) Júlio é um homem obediente a seus superiores. Regência e significado
Quando substituímos o adjetivo amável pelo adjeti- Nem sempre variações de regência produzem enun-
vo obediente, tivemos também de trocar a preposição ciados inadequados à norma-padrão. Frequentemente
com por a, porque amável rege a preposição com, ao o que ocorre é a alteração do significado da frase. Con-
passo que obediente rege a preposição a. fronte, por exemplo, estes enunciados:
Complementando, a regência é o estudo das pre-
(8) Cândida não queria voltar ao quarto.
posições exigidas por verbos (regência verbal) ou por
adjetivos e/ou substantivos (regência nominal). (9) Cândida não queria voltar do quarto.

10 Semiextensivo
Aula 12

Nenhuma das duas frases é inadequada à norma es- auxiliar, dar assistência. Nessa situação, em norma culta,
crita culta formal. Apenas elas querem transmitir ideias ele não rege qualquer preposição, ou seja, é um verbo
distintas. Na primeira, a personagem Cândida estava transitivo direto. Acompanhe o exemplo:
em outro lugar que não o quarto. Na segunda, ela se
(13) A situação da agricultura familiar é complicada por-
encontrava no quarto e não queria retornar para outro
que o governo não assiste os pequenos produtores
lugar qualquer.
nem com apoio técnico, nem com financiamento.
Em inúmeros casos, a alteração de uma preposição
determina modificação do significado global de um Nesse caso, não escrevemos “o governo não assiste
enunciado. Certos verbos, inclusive, variam considera- aos pequenos produtores” porque não queremos dizer
velmente de sentido quando variam de regência. que o governo não observa, mas que o governo não aju-
da, não dá assistência, caso em que o verbo é transitivo
Alguns verbos – diferentes direto e, portanto, não rege qualquer preposição.
Finalmente, vale conferir que o verbo assistir apresenta
regências e significados também um uso antigo, hoje praticamente abandonado,
Para o vestibular, é necessário conhecer a regência como sinônimo de morar, residir. Nesse caso, ele rege a
culta de alguns verbos, notadamente daqueles que preposição em. Como se trata de norma culta antiga, te-
apresentam variação em relação à norma popular ou mos de analisar um exemplo literário igualmente antigo:
informal. Trazemos a seguir uma lista dos casos mais (14) ...Incapaz de assistir num só terreno, mais propen-
importantes: so ao furor do que à ternura...
Bocage

1. Assistir Reproduzimos acima dois versos de soneto do poeta


O verbo assistir talvez seja o mais frequente em português Manuel Maria du Bocage, que viveu e escreveu
exercícios vestibulares sobre regência verbal. Em norma entre os séculos XVIII e XIX. Notamos que o verbo assistir
culta, sua regência varia conforme varie o seu significa- aparece empregado com a preposição em (assistir num
do. Basicamente, esse verbo apresenta três significados terreno = assistir em um terreno). O poeta, então, declara-
mais importantes. -se incapaz de morar, residir num só terreno.
O mais comum é que assistir seja sinônimo de pre-
senciar ou ver. Nesse caso, ele deve reger a preposição a. 2. Visar
Assim, no português escrito formal é mais adequado Outro verbo de várias regências, cada uma relaciona-
assistir a um filme do que assistir um filme. Confira: da a um diferente significado, é visar.
(10) Ontem à noite, o casal e seus acompanhantes Em seu uso provavelmente mais comum, visar é
assistiram ao balé Quebra-Nozes na Opera House. sinônimo de almejar, ter em vista, ter como meta. Nesse
Folha de S. Paulo, 31 out. 1994 caso, a regência culta preconiza que o verbo venha acom-
panhado da preposição a, como no exemplo a seguir:
(11) Com tal majoração de ingressos, só refinados milio-
nários assistiram aos jogos. (15) Novos modelos gerenciais, necessários, devem
Folha de S. Paulo, 31 out. 1994 visar ao resgate da saúde como um bem público a
Isso, entretanto, não significa que não seja frequente ser oferecido com eficiência e qualidade.
Folha de S. Paulo, 05 jan. 1995
a regência considerada inadequada. Pelo contrário, ela
é bastante comum, principalmente na reprodução de Além desse uso mais abstrato, o verbo visar apre-
textos orais, como no exemplo a seguir: senta dois sentidos mais concretos. Em ambos, ele rege
(12) O professor de inglês Carlos Celis, 27, também é complemento não preposicionado.
adepto da fórmula ‘quanto mais comida, melhor’. Visar pode significar pôr visto, normalmente em
‘Em casa ou no cinema, só assisto filmes com muita algum documento. Assim:
pipoca e coca-cola. Faz parte do ritual.’ (16) Na longa fila, os imigrantes aguardavam ansiosos
Folha de S. Paulo, 22 out. 1995
o momento em que o funcionário da alfândega
Além desse significado mais frequente, o verbo visaria os seus passaportes, ou os mandaria de
assistir também se emprega como sinônimo de ajudar, volta à pátria de origem.

Português 6A 11
Também pode o verbo visar significar mirar, tomar Ainda assim, em norma culta – principalmente
como alvo. O contexto mais evidente é o que fala de formal –, a regência considerada adequada utiliza a pre-
armas e tiros: posição a. Assim, as regências ir a algum lugar e chegar
a algum lugar, empregadas nos próximos exemplos, são
(17) Para obter um bom tiro, os arqueiros devem visar
mais cultas e mais formais do que ir em algum lugar e
um ponto relativamente inferior àquele que real-
chegar em algum lugar, dos exemplos anteriores:
mente desejam atingir.
(22) “Leonardo aproveitaria a tarde sem Repartição
(18) Provavelmente o pistoleiro visava o governador e
para ir à companhia imobiliária.”
não o prefeito, que acabou vítima do atentado em
Jorge Amado
Nova Iorque.
(23) “Sete dias depois de chegar ao Rio de Janeiro,
3. Aspirar recebi a carta do vigário.”
Machado de Assis
Juntamente com assistir e visar, o verbo aspirar
compõe o trio dos verbos que apresentam ao menos
duas regências, uma em que regem a preposição a 2. Preferir
(com sentido mais abstrato) e outra em que não regem A regência culta do verbo preferir recomenda
qualquer preposição (com sentido mais concreto). preferir isto a aquilo, ou seja: em norma culta, o verbo
Com sentido de sorver, tragar, cheirar, o verbo aspi- preferir rege a preposição a. Mas não é incomum que
rar é transitivo direto; sem preposição, pois. essa regência seja transgredida. Um exemplo é o trecho
a seguir, extraído de entrevista concedida pelo ator
(19) O padre saiu para o pátio, aspirou profundamente
norte-americano Sean Penn à jornalista Daniela Falcão,
o ar, depois contemplou a estrada luminosa que
do jornal Folha de S.Paulo, em 19 dez. 1995:
atravessava a abóbada celeste de um lado a outro,
caminho de Santiago. (24) Folha – Tim Robbins disse que você recebeu 1/8 do
José Saramago que deveria para trabalhar no filme...
Sean Penn – Bobagem. Não estou precisando tanto
Já no sentido mais abstrato de almejar, ter como
do dinheiro assim. Prefiro trabalhar com pessoas inte-
objetivo, o verbo aspirar rege a preposição a. Confira:
ligentes e ganhar mal do que fazer um filme imbecil e
(20) Os vestibulandos aspiram a um futuro promissor. receber uma fortuna.
Repare nos termos em negrito. Na fala do ator, Sean
Alguns verbos – diferenças Penn se utiliza da regência preferir isto do que aquilo,
bastante comum na linguagem cotidiana. Caso quisés-
entre regência culta e semos adequar a frase à norma culta, deveríamos optar
pela preposição a:
regência popular (25) Prefiro trabalhar com pessoas inteligentes e ga-
Estudemos alguns verbos de vasta ocorrência nos nhar mal a fazer um filme imbecil e receber uma
exames vestibulares pelo fato de apresentarem distinção fortuna.
entre o uso popular e o uso considerado culto e formal.
3. Obedecer/desobedecer
1. Ir/Chegar Na língua falada – e já também um pouco na escrita
Coloquialmente, o verbo ir (analisado na aula pas- – o verbo obedecer (e desobedecer) é bastante utilizado
sada) e o verbo chegar aparecem acompanhados da sem preposição, em frases como:
preposição em. É a forma mais frequente, várias vezes
reproduzida na literatura: (26) Os filhos hoje em dia não obedecem os pais.
(27) A Igreja Católica condena o uso de camisinha, mas
(20) “Os deputados trabalhistas chegavam agora às muitos fiéis desobedecem esse preceito.
nove horas, e o jornal convidavam (sic) o povo pra
ir na Estação do Norte.” Em norma culta, porém, o verbo obedecer rege a pre-
Mário de Andrade posição a. Assim, os enunciados acima deveriam ser:
(26a) Os filhos hoje em dia não obedecem aos pais.
(21) “Quando chegaram nos coqueiros, Mãe falou que
gostava deles, porque Não eram árvores dos Gerais.” (27a) A Igreja Católica condena o uso de camisinha mas
Guimarães Rosa muitos fiéis desobedecem a esse preceito.

12 Semiextensivo
Aula 12

4. Lembrar/esquecer 5. Pagar/perdoar
Os verbos lembrar e esquecer admitem duas regên- A regência culta dos verbos pagar/perdoar recomen-
cias cultas. O que não impede que a regência preferida da pagar/perdoar algo a alguém.
pelos brasileiros seja uma terceira – misto das duas pri-
Caso apareça apenas a dívida a ser paga ou perdoa-
meiras –, ainda considerada inadequada ao português
da, os verbos não regem qualquer preposição. Porém,
escrito culto formal.
diante da pessoa a receber o perdão ou o pagamento, os
As duas regências cultas de lembrar/esquecer são: verbos pagar/perdoar regem a preposição a.
(a) lembrar/esquecer algo; (31) Eu já paguei as contas.
(b) lembrar-se/esquecer-se de algo. (32) Eu já paguei aos credores.
Um filme norte-americano intitulado “Home alone” (33) Eu já paguei as contas aos credores.
foi exibido no Brasil com o título “Esqueceram de mim”.
(34) Eu já perdoei as dívidas.
Essa é a regência de uso coloquial, uma espécie de “cru-
zamento” entre as duas regências consideradas cultas. (35) Eu já perdoei aos devedores.
A preposição de deve ocorrer apenas quando os verbos (36) Eu já perdoei as dívidas aos devedores.
esquecer/lembrar vierem acompanhados de pronome. O maior problema a ser explorado por questões de
Assim, caso optássemos por um título menos coloquial exames vestibulares seria a substituição dos comple-
e mais formal para o filme, haveria duas opções: mentos desses verbos por pronomes átonos do caso
(a) Esqueceram-me. oblíquo.
(b) Esqueceram-se de mim. (31a) Eu já as paguei.
Vale ressaltar que a mesma regência valeria para o (32a) Eu já lhes paguei.
antônimo lembrar/lembrar-se de. (34a) Eu já as perdoei.
Vale ressaltar que a mesma regência valeria para o (35a) Eu já lhes perdoei.
antônimo lembrar/lembrar-se de.
Há, no entanto, uma terceira possibilidade de
regência para os verbos lembrar, esquecer, recordar e 6. Avisar/comunicar/informar
admirar. É uma possibilidade de regência culta, erudita, notificar
literária para os verbos lembrar, esquecer e recordar,
mas, interessantemente, ela acontece em português Com esses verbos, a regência culta é semelhante a
oral, coloquial com o verbo admirar(-se). pagar/perdoar e, do mesmo modo, o caso mais explora-
Já vistas as seguintes possibilidades: do pelos vestibulares é a substituição dos complemen-
tos por pronomes oblíquos átonos.
[28] Eu admiro sua desenvoltura e seu desempenho.
Os verbos avisar/comunicar/informar e outros admi-
[28a] Eu me admiro de sua desenvoltura e de seu
tem duas regências cultas:
desempenho.
(a) avisar/comunicar... algo a alguém;
É possível também uma terceira construção:
(b) avisar/comunicar... alguém de algo.
[28b] Admiram-me sua desenvoltura e seu desem-
penho. Assim, teríamos:
Observe-se que em (28) há objeto direto, em (28a), (36) Informei o fato ao policial.
objeto indireto e em (28b) sua desenvoltura e seu de- (36a) Informei-lhe o fato.
sempenho funcionam como sujeito. A mesma regência (37) Informei o policial do fato.
pode dar-se com os verbos lembrar, esquecer e recordar:
(37a) Informei-o do fato.
[29] Jamais esquecerei aqueles belos dias.
[29a] Jamais me esquecerei daqueles belos dias. Perceba que apenas um dos complementos deve vir
preposicionado. É justamente este o grande problema
[29b] Jamais me esquecerão aqueles belos dias. a ser explorado por questões e com o qual o estudante
[30] Ainda lembro seu doce sorriso. deve tomar cuidado em suas redações: os verbos avisar/
[30a] Ainda me lembro de seu doce sorriso. comunicar/informar... não admitem duplo complemen-
[30b] Ainda me lembra seu doce sorriso. to preposicionado. De modo que é considerada incorreta
a seguinte regência:
As possibilidades de letra (b) são próprias de um
português formal, culto e literário e, portanto, podem (38) Informei-lhe do fato. [Frase inadequada à
ser encontradas em autores clássicos. norma culta.]

Português 6A 13
Testes
d) As autoridades não perdoaram aos grevistas a sua ousadia.
Assimilação e) Informei-lhe sobre os novos planos da empresa.
12.01. (UFF – RJ) – Assinale a frase em que está usado
indevidamente um dos pronomes seguintes: o, lhe. Aperfeiçoamento
a) Não lhe agrada semelhante providência?
b) A resposta do professor não o satisfez. 12.06. (UFPR) – Leia como o dicionário Aurélio explica o
c) Ajudá-lo-ei a preparar as aulas. significado e o uso dos seguintes verbos.
d) O poeta assistiu-a nas horas amargas, com extrema
dedicação. Atender. V. t. i. 1. Dar, prestar atenção: Não atendeu
e) Vou visitar-lhe na próxima semana. à observação que lhe fizeram. 2. Tomar em conside-
ração; levar em conta; ter em vista; considerar: Não
12.02. (UFPA) – Assinale a alternativa que contém as res- atende a súplicas 3. Atentar, observar, notar: Atendia,
postas corretas. de longe, aos acontecimentos. T. d. 4. Acolher, rece-
I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involun- ber com atenção ou cortesia: Sempre atende aqueles
tariamente, prejudicou toda uma família. que o procuram Dar ou prestar atenção a. Tomar em
II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a firma a consideração; considerar: Atende antes de tudo as
aceitar qualquer ajuda do sogro. suas conveniências.
III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de desta- Desfrutar. V t. d. 1. V usufruir: Agora desfruta bene-
que, embora fosse tão humilde. fícios prestados; 2. Deliciar-se com; apreciar: Sádico,
IV. Aspirando o perfume das centenas de flores que enfei- desfrutou as cenas brutais do filme. 3. Viver à custa
tavam a sala, desmaiou. de. 4. Zombar de; troçar, chacotear. T. i. 5. Fruir (3):
a) II – III – IV b) I – II – III c) I – III – IV Desfruta de bom conceito no meio científico.
d) I – III e) I – II Precisar. V. t. d. 1. Indicar com exatidão; particulari-
zar, distinguir, especializar: Não sabe precisar a época
12.03. (UNIMEP – SP) – Quando implicar tem sentido de de sua viagem. 2. Ter precisão ou necessidade de; ne-
“acarretar”, “produzir como consequência”, constrói-se a cessitar: (...) precisa espairecer. 3. Citar ou mencionar
oração com objeto direto, como se vê em: especialmente: a testemunha precisou o criminoso.
a) Quando era pequeno, todos sempre implicaram comigo. T. I. 4. Ter necessidade; carecer, necessitar: Precisa
b) Muitas patroas costumam implicar com as empregadas de dinheiro. Int. 5. Ser pobre, necessitado. Trabalha
domésticas. porque precisa.
c) Pelo que diz o assessor, isso implica em gastar mais dinheiro. Proceder. V. t i. 1. Ter origem; originar-se, derivar
d) O banqueiro implicou-se em negócios escusos. (-se): O amor não procede do hábito. (...) 2. Provir por
e) Um novo congelamento de salários implicará uma reação geração; descender: Segundo o cristianismo, todos os
dos trabalhadores. homens são irmãos porque procedem de Adão e Eva.
3. Instaurar processo: O governo procederá contra os
12.04. (METODISTA – SP) – Aponte a alternativa em que a agiotas. 4. Levar a efeito: executar realizar: As juntas
regência do verbo pagar contraria a norma culta. apuradoras procederam à contagem dos votos.
a) Aliviando-se de um verdadeiro pesadelo, o filho pagava (...)
ao pai a promessa feita no início do ano.
Revidar. V. t. d. 1. Responder ou compensar (uma
b) O empregado pagou-lhe as polias e tachas roídas pela ofensa física ou moral) com outra maior: O rapaz
ferrugem para amaciar-lhe a raiva. revidou os socos do agressor. 2. Responder, replicar,
c) Pagou-lhe a dívida, querendo oferecer-lhe uma espécie contestando: O deputado revidou o discurso que o
de consolo. incriminava. T d. e i. e lnt. 3. Vingar uma ofensa com
d) O alto preço dessa doença, paguei-o com as moedas de outra maior: Revidou a alusão pérfida com as mais
meu hábil esforço. violentas injúrias.
e) Paguei-o, com ouro, todo o prejuízo que sofrera com a Visar. V. t. d. 1. Dirigir a vista fixamente para; mirar
destruição da seca. visar um alvo. 2. Apontar arma de fogo contra: Visou
o ladrão, imobilizando-o. 3. Pôr o sinal de visto em
12.05. (FEI – SP) – Assinalar a alternativa que apresenta
visar um cheque. 4. Ter por fim ou objetivo; ter em
incorreção na regência verbal:
vista: Ao escrever esta novela, visava um fim moral. T.
a) Custou-lhe entender a explicação. i. 4. Ter por fim ou objetivo; ter em vista. Estas medi-
b) Toda mudança implica um novo comportamento. das visavam ao bem público.
c) Os paraquedistas precisaram o lugar da queda.
14 Semiextensivo
Aula 12

Agora, considere os seguintes períodos: c) Se o segmento “Varreu o carinho” for substituído por
1. O caçador, depois de visar ao lobo na floresta, parou para Enalteceu o carinho, ainda assim mantém-se o sentido
revidar ao chamado dos companheiros de caça. original do texto.
2. Depois de precisar os detalhes do contrato, o vendedor d) Em “Se deitou”, o uso da próclise evidencia a aproxima-
pediu aos interessados que aguardassem, pois teria de ção da linguagem literária à linguagem coloquial.
atender o chamado do escritório. e) Em “Fräulein esperou um segundo”, o verbo destacado
classifica-se como transitivo indireto.
3. Para revidar as investidas dos clientes, o gerente adiou
o início da liquidação e procedeu a investigação do per-
centual de aumento de preços praticado pela loja, o que 12.08. (UDESC) – Assinale a alternativa incorreta com
permitiu que os funcionários desfrutassem de algumas relação ao texto.
horas extras de descanso. a) No período “haviam de lhe pagar os oito contos” há dois
complementos verbais: objeto direto e objeto indireto.
4. Os representantes do povo demoram a atender a de-
mandas dos cidadãos, mas sabem desfrutar as benesses b) A expressão destacada em “Subiu pro quarto” é, sinta-
do poder. ticamente, um adjunto adverbial de lugar.
Assumindo que as explicações sobre os verbos disponibiliza- c) O vocábulo que em “É certo que Fräulein tinha esclare-
das acima constituem a única possibilidade de uso segundo cido muito o que viera fazer na casa deles, porém dona
a norma culta da língua portuguesa, que períodos estariam Laura que tinha” morfologicamente, na sequência, é
adequados a essa norma? conjunção integrante, pronome relativo e pronome
relativo.
a) Somente o período 3.
d) Na oração “que despir-se” em relação à colocação
b) Somente os períodos 2 e 4.
pronominal ocorre ênclise. Pode-se usar a próclise,
c) Somente os períodos 1 e 3. mantendo-se o sentido original do texto e a correção
d) Somente os períodos 1 e 4. gramatical.
e) Somente os períodos 2, 3 e 4. e) Em “Prendeu com atenção os cabelos”, morfologica-
mente o segmento destacado é uma locução preposi-
As questões de números 12.07 a 12.09 dizem respeito
tiva e equivale a atenciosamente.
ao texto transcrito a seguir:
12.09. (UDESC) – Assinale a alternativa que contém a
É certo que Fräulein tinha esclarecido muito o oração que apresenta a mesma regência verbal que em
que viera fazer na casa deles, porém dona Laura que “haviam de lhe pagar os oito contos”.
tinha percebido tudo com a explicação de Felisber-
to, agora não compreendia mais nada. Afinal: o que a) Aquele dirigente do clube visava ao cargo de técnico
era mesmo que Fräulein estava fazendo na casa dela! do seu time.
b) Encontrei-a em casa.
Fräulein esperou um segundo. Nada tinham
para lhe falar aqueles dois. Cumprimentou e saiu. c) Desobedeceu às regras impostas pelo dirigente do time.
Subiu pro quarto. Fechou-se. Tirou o casaco. O pen- d) Chegamos cedo ao local das provas.
samento forte imobilizou-a. Comprimiu o seio com e) A vítima perdoou o crime ao agressor.
a mão, ao mesmo tempo que amarfanhava-lhe a
cara uma dor vigorosa, incompreendida assim! Mas Leia o texto que segue para dar solução à questão 12.10.
foi um minuto apenas, dominou-se. Tinha que des-
pir-se. Continuou se despindo. E Carlos?... Minuto “Assistindo a criatura que morria, perdeu-lhe o ódio.”
apenas. Varreu o carinho. Prendeu com atenção os
Adaptado de Dalton Trevisan.
cabelos. Lavou o rosto. Se deitou. Um momento no
escuro, os olhos inda pestanejaram pensativos. Não
tinha nada com isso: haviam de lhe pagar os oito
contos. Mas agora tinha que dormir, dormiu. 12.10. (UEPG – PR) – De acordo com a norma culta,
assinale o que for correto com relação à regência verbal.
In ANDRADE, Mario de. Amar, verbo intransitivo. Agir: Rio de Janeiro, 2008. p 57.
01) Ela assistia o programa do Faustão todos os domingos.
Verbo empregado no sentido de “ver”. É um verbo
12.07. (UDESC) – Assinale a alternativa correta de acordo transitivo indireto.
com o texto. 02) A criatura que morreu. assistia num asilo. Nesse caso,
a) Na oração “porém dona Laura que tinha percebido o verbo “assistia” está sendo empregado no sentido de
tudo”, a conjunção destacada pode ser substituída, sem “morar”, “residir”, sendo intransitivo.
prejuízo semântico, pela conjunção conforme. 04) Antes de morrer, ela assistia passivamente ao sofrimento
b) Da leitura do excerto infere-se que Fräulein não conse- de seus familiares. O verbo “assistia” está sendo em-
guiu dormir porque estava preocupada com o desdobrar pregado no sentido de “ver”, “presenciar”. Nesse caso, é
dos acontecimentos do dia seguinte. transitivo direto.

Português 6A 15
08) Durante o longo período de internamento, recebeu toda b) Lembrou-me a inusitada transformação por que passa a
a assistência necessária, na enfermaria. A transferência universidade brasileira.
para um leito individual era um direito que assistia aos c) Prefiro os casos que a inteligência discute a formas tec-
pacientes que tinham plano de saúde. O verbo “assistia” nocráticas da resolução dos problemas.
está sendo utilizado no sentido de “ajudar”, “cuidar”. É um d) Aqui se jogam as sementes para informar-lhes de que a
verbo transitivo indireto. cultura não deve ser acadêmica.
16) O verbo “assistindo” está sendo empregado no sentido e) Procede-se com brandura quando querem detectar falhas
de “auxiliar”, “dar assistência” à pessoa que morria. Trata-se no relacionamento humano.
de um verbo transitivo direto.
12.14. (UFPA – PA) – Assinale a alternativa que contém as
12.11. (FAAP – SP) – respostas corretas.
I. Visando apenas os seus próprios interesses, ele, involun-
“Triste ironia atroz que o senso humano irrita: tariamente, prejudicou toda uma família.
Ele que doira a noite e ilumina a cidade, II. Como era orgulhoso, preferiu declarar falida a firma a
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.” aceitar qualquer ajuda do sogro.
III. Desde criança sempre aspirava a uma posição de desta-
A preposição em logo após choupana é regida (exigida): que, embora fosse tão humilde.
a) pelo substantivo choupana. IV. Aspirando o perfume das centenas de flores que enfei-
b) pelo verbo habitar. tavam a sala, desmaiou.
c) pela mesma palavra que rege a preposição em (em + a) a) II, III e IV.
antes de choupana. b) I, II e III.
d) pelo substantivo luz. c) I, III e IV.
e) pelo verbo ter. d) I e III.
e) I e II.
12.12. Analise os elementos destacados nos períodos a
seguir: 12.15. (UFAM) – Assinale o item em que há erro quanto
I. “Ainda me lembro da época em que o público de um à regência:
espetáculo musical estava lá para ouvir música, talvez a) São essas as atitudes de que discordo.
para cantar e dançar, certamente não para fotografar e b) Há muito já lhe perdoei.
ser fotografado”. c) Informo-lhe de que paguei o colégio.
II. “(...) fotografias com caras e bocas, opiniões rasas a d) Costumo obedecer a preceitos éticos.
respeito de praticamente tudo, vídeos em que nada de e) A enfermeira assistiu irrepreensivelmente o doente.
interessante acontece”.
III. “Celulares e redes de compartilhamento transformaram 12.16. (ESPM – SP) – Assinale a única frase aceita pelas
os 15 minutos de fama em uma espécie de Show de normas de regência verbal:
Truman universal em que registros banais e confissões a) Sem-terra preferem a bolsa família a reforma agrária.
diversas tornaram todos um pouco inseguros”. b) O jogador disse que preferia jogar no morumbi do que
Os termos destacados poderiam, respectivamente, ser subs- jogar no interior.
tituídos, sem prejuízo à clareza do texto e sem desrespeitar c) O consumidor endividado prefere mais a bebida barata
a norma padrão culta, por: que o uísque importado.
a) quando – os quais – cujos. d) Deputado petista preferiu ficar no congresso que assumir
cargo administrativo.
b) onde – onde – onde.
e) A presidente afirmou que “prefere o barulho da imprensa
c) na qual – os quais – quando.
livre ao silêncio das ditaduras”.
d) onde – com os quais – onde.
e) quando – nos quais – no qual. 12.17. (CEET – RO) – Assinale a alternativa que apresenta
erro:
Aprofundamento a) Esqueci o nome dele.
b) Esqueci de meu irmão.
12.13. (UM – SP) – Em qual das alternativas ocorre erro de c) Esqueceu-me o nome dele.
regência verbal? d) Nunca me esqueceu esse fenômeno.
a) Esqueceu-me o desejo discreto de conhecer as coisas e) Esqueci-me do nome dele.
do coração.

16 Semiextensivo
Aula 12

Leia o texto a seguir transcrito e responda à questão de


número 12.18. D. Inês lhe dava a chave do cofre. Ela não deu.
José Medeiros, que é homem, borrou-se todo
quando lhe entrou um cangaceiro no estabeleci-
Pela tarde apareceu o Capitão Vitorino. Vi-
mento. Me disseram que o safado chorava como
nha numa burra velha, de chapéu de palha mui-
bezerro desmamado. Este cachorro anda agora
to alvo, com a fita verde-amarela na lapela do
com o fogo da força da polícia fazendo o diabo
paletó. O mestre José Amaro estava sentado na
com o povo.
tenda, sem trabalhar. E quando viu o compadre
alegrou-se. Agora as visitas de Vitorino faziam- (REGO, José Lins do. Fogo Morto)

-lhe bem. Desde aquele dia em que vira o com-


padre sair com a filha para o Recife, fazendo tudo
12.18. (FGV – SP) – Sem que haja alteração de sentido
com tão boa vontade, que Vitorino não lhe era
do texto, assinale a alternativa correta quanto à regência
mais o homem infeliz, o pobre bobo, o sem-ver-
gonha, o vagabundo que tanto lhe desagradava. verbal.
Vitorino apeou-se para falar do ataque ao Pilar. a) Quando o Capitão Vitorino chegou na sua casa, Mestre
Não era amigo de Quinca Napoleão, achava que José Amaro foi cumprimentar-lhe.
aquele bicho vivia de roubar o povo, mas não b) Mestre José Amaro lembrou-se que tinha desfeito a
aprovava o que o capitão fizera com a D. Inês. Imagem de Vitorino como um bobo.
– Meu compadre, uma mulher como a D. Inês c) A forma solícita como Vitorino tratou a filha vinha de
é para ser respeitada. encontro à imagem dele como pobre bobo.
– E o capitão desrespeitou a velha, compadre? d) Vitorino não se simpatizava de Quinca Napoleão e lhe
– Eu não estava lá. Mas me disseram que botou desaprovava o que fizera a D. Inês.
o rifle em cima dela, para fazer medo, para ver se e) Vitorino não era amigo de Quinca Napoleão, pensava de
que ele vivia de roubar o povo.

Discursivos
12.19. (FGV – SP) – Leia o texto.

“Faço humor para a família”,


diz Leandro Hassum sobre filme
Leandro Hassum, 39, é aquele gordinho gente boa, que
prefere fazer rir por alguma palhaçada do que fazer rir por
alguma grosseria. E ele não tem vergonha disso. Famoso
após estourar na Rede Globo, primeiro no “Zorra Total” e
depois em “Os Caras de Pau”, o bonachão se prepara agora
para a primeira grande incursão no cinema, como o prota-
gonista de “Até que a Sorte nos Separe”, comédia que estreia
hoje.
O filme segue o tipo de humor que tomou Hassum fa-
moso – mais calcado nos trejeitos físicos, com muitas care-
` Leandro Hassum e Danielle Winits em cena do fil- tas e efeitos vocais, do que em textos ferinos.
me “Até que a Sorte nos Separe” (TORRES, Iuri de Castro. Folha de S. Paulo, 05.10.2012. Adaptado

Com base no primeiro parágrafo do texto.


a) explique que sentido a flexão do diminutivo atribui à palavra “gordo”.

Português 6A 17
b) reescreva o período, adequando a regência do verbo “preferir” à norma-padrão da língua portuguesa.

12.20. Leia esta tira.

No 2o. e no 3o. quadrinhos da tira, a regência do verbo lembrar está em desacordo com a variedade padrão. Reescreva as
frases em que isso ocorre, empregando, de acordo com as regras gramaticais, o verbo lembrar como:
a) transitivo indireto, com o pronome.

b) transitivo direto, sem o pronome.

Gabarito
12.01. e 12.14. a 12.20. a) Eles nunca se lembram de uma data
12.02. a 12.15. c importante.
12.03. e 12.16. e Lembro-me do dia de nossa primeira
12.04. e 12.17. b briga feia.
12.05. e 12.18. c b) Eles nunca lembram uma data im-
12.06. b 12.19. a) O uso da forma "gordinho" deixa portante.
12.07. d clara a simpatia do enunciador pelo Lembro o dia de nossa primeira briga
12.08. e humorista. O diminutivo tem valor feia.
12.09. e afetivo valorativo.
12.10. 18 (02, 16) b) Leandro Hassum, 39, é aquele gordi-
12.11. b nho gente boa que prefere fazer rir
12.12. e por alguma palhaçada a fazer rir por
12.13. d uma grosseria.

18 Semiextensivo

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