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Etapa Ensino Médio Língua

Portuguesa

Colocação
pronominal
3a SÉRIE
Aula 3 – 4o Bimestre
Conteúdos Objetivos

• Colocação pronominal; • Comparar a colocação


pronominal na norma-padrão
• Obra Capitães da areia, e no português brasileiro
de Jorge Amado.
coloquial;
• Analisar características
linguísticas e textuais de
trechos do romance Capitães
da areia, de Jorge Amado.
Para começar
O que são pronomes e para que servem?
Pronomes são palavras que acompanham os substantivos, podendo
substituí-los (direta ou indiretamente), retomá-los ou se referir a eles.
Existem dois tipos de pronomes pessoais: do caso reto e do caso
oblíquo.

Vamos relembrar a função que alguns pronomes


estão desempenhando no texto a seguir?
Leiam o trecho extraído do romance
“Capitães da areia”, de Jorge Amado.
Para começar
Identifiquem os pronomes sublinhados como pessoais do caso
reto ou do caso oblíquo e apontem a quem se referem.
Depois vai o Sem-Pernas. [...] Monta um cavalo azul que tem estrelas
pintadas no lombo de madeira. Os lábios estão apertados, seus ouvidos
não ouvem a música da pianola. Só vê as luzes que giram com ele e
prende em si a certeza de que está num carrossel, girando num cavalo
como todos aqueles meninos que têm pai e mãe, e uma casa e quem os
beije e quem os ame. Pensa que é um deles e fecha os olhos para
guardar melhor esta certeza. Já não vê os soldados que o surraram, o
homem de colete que ria. Volta Seca os matou na sua corrida. O Sem-
Pernas vai teso no seu cavalo. É como se corresse sobre o mar para as
estrelas na mais maravilhosa viagem do mundo. [...] Seu coração bate
tanto, tanto, que ele o aperta com a mão.
AMADO, Jorge. Capitães da areia. Rio de Janeiro: Record, 1980.
Para começar Correção
Depois vai o Sem-Pernas. [...] Monta um cavalo azul que tem estrelas
pintadas no lombo de madeira. Os lábios estão apertados, seus
ouvidos não ouvem a música da pianola. Só vê as luzes que giram
com ele e prende em si a certeza de que está num carrossel, girando
num cavalo como todos aqueles meninos que têm pai e mãe, e uma
casa e quem os beije e quem os ame. Pensa que é um deles e fecha
os olhos para guardar melhor esta certeza. Já não vê os soldados que
o surraram, o homem de colete que ria. Volta Seca os matou na sua
corrida. O Sem-Pernas vai teso no seu cavalo. É como se corresse
sobre o mar para as estrelas na mais maravilhosa viagem do mundo.
[...] Seu coração bate tanto, tanto, que ele o aperta com a mão.
Sem-pernas / aqueles meninos / soldados / coração
Ele – pronome pessoal do caso reto / os demais são oblíquos
Foco no conteúdo
Pronomes pessoais

Pessoa Retos Oblíquos átonos Oblíquos tônicos


1ª p. do singular Eu me mim, comigo
2ª p. do singular Tu te ti, contigo
3ª p. do singular Ele o, a, se, lhe ele, ela, si, consigo
1ª p. do plural Nós nos nós, conosco
2ª p. do plural Vós vos vós, convosco
3ª p. do plural Eles os, as, se, lhes eles, elas, si consigo
Foco no conteúdo
Colocação pronominal
A colocação pronominal dos pronomes oblíquos átonos segue a
estrutura usual das palavras nas frases: sujeito + verbo +
complementos. No entanto, algumas particularidades fazem com que
sua colocação sofra alterações e obedeça a determinadas regras.

Temos a ênclise quando o pronome vem depois do verbo. Pode ser


considerada a colocação básica do pronome, pois obedece à sequência
verbo-complemento. Assim, o pronome surge depois do verbo.
Encontrei-o no corredor.
Foco no conteúdo
Casos de ênclise:
a. verbo no imperativo afirmativo: Levem-me ao seu líder!
b. verbo no infinitivo impessoal: Vou acompanhá-la ao mercado.
c. verbo no gerúndio: Aceitei o desafio fazendo-me de forte.

OBS: Embora a norma-padrão afirme que não é adequado iniciar frases


com próclise, o emprego é muito utilizado na linguagem coloquial:
Me procure, se precisar.
Dica: Para evitar uma formalidade extrema e artificialidade ao discurso,
você pode utilizar os pronomes retos (eu, tu, ele, nós, vós, eles) no
início das frases:
Amo-te! – Eu te amo!
Foco no conteúdo
Colocação pronominal
A próclise é a colocação mais recorrente. Ocorre quando o
pronome vem antes do verbo. O segredo aqui é se lembrar dos
fatores de próclise.
Não o encontrei no corredor.
Ocorre a próclise quando certas palavras ou expressões atraem o
pronome oblíquo para antes do verbo, como palavras com
sentido negativo, advérbios, pronomes indefinidos,
demonstrativos, interrogativos, relativos, conjunções
subordinativas etc.
Foco no conteúdo
Colocação pronominal
Casos de próclise:
a. palavras em sentido negativo – Nunca me encontrei naquele
lugar.
b. advérbios – Finalmente nos conhecemos.
c. pronomes indefinidos – Alguém o encontrou?
d. pronomes demonstrativos – Aquilo me deixou transtornado.
e. pronomes interrogativos – Quem nos enviou esse presente?
f. pronomes relativos – Essa é a praça onde o vi ontem.
g. conjunções subordinativas – Eu iria se me convidassem.
Foco no conteúdo
Colocação pronominal
Já a mesóclise só ocorre com verbos no futuro do presente e futuro
do pretérito do indicativo e o pronome é utilizado no meio desses
verbos:
Encontrá-lo-ei no corredor.
(Encontrarei – futuro do presente)
Ajudar-te-ia se tivesse pedido antes.
(Ajudaria – futuro de pretérito)
Atenção: a mesóclise só é utilizada em situações formais ou em textos
literários, pois geralmente é substituída pela próclise:
Eu o encontrarei no corredor. Eu te ajudaria se tivesse pedido antes.
Na prática
Insira os pronomes oblíquos nas frases seguindo as regras da
norma-padrão.
a. — Por que tu nunca contou isso? (me)
b. Dalva nunca deu sequer um olhar. (lhe)
c. — Foi o Querido-de-Deus que mandou. (nos)
d. Por isso vemos obrigados a não dar tão cedo a paróquia que o
senhor pediu. (nos/lhe)
e. — Pode dar o fogo, senhor? — levava na mão um cigarro apagado.
(me)
f. Elas podiam encarregar de vários dos Capitães da Areia, de educar e
alimentar. (se/o/o)
Na prática Correção
Insira os pronomes oblíquos nas frases seguindo as regras da
norma-padrão.
a. — Por que tu nunca me contou isso? (me)
b. Dalva nunca lhe deu sequer um olhar. (lhe)
c. — Foi o Querido-de-Deus que nos mandou. (nos)
d. Por isso nos vemos obrigados a não lhe dar tão cedo a paróquia
que o senhor pediu. (nos/lhe)
e. — Pode me dar o fogo, senhor? — levava na mão um cigarro
apagado. (me)
f. Elas podiam se encarregar de vários dos Capitães da Areia, de
educá-los e alimentá-los. (se/o/o)
Foco no conteúdo
Capitães da areia
Publicado em 1937, o romance narra a saga de um grupo de
crianças e adolescentes marginalizados, conhecidos como
Capitães da Areia, que vivem nas ruas de Salvador, Bahia.
Liderados por Pedro Bala, esses jovens órfãos desfavorecidos enfrentam
os desafios da sobrevivência, envolvendo-se em pequenos delitos para
garantir seu sustento. Embora vivam à margem da sociedade, os Capitães
da Areia revelam uma fraternidade única e o desejo de uma vida melhor.
Por meio dessa narrativa realista, Jorge Amado retrata os dilemas da
infância roubada e denuncia as injustiças sociais, ao mesmo tempo em
que destaca a força e a resiliência dessas crianças, que, apesar de todas
as adversidades, permanecem unidas em busca de esperança e liberdade.
Na prática
Leia o trecho a seguir para responder às questões:
“[Sem-Pernas] queria alegria, uma mão que o acarinhasse, alguém que
com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico e os muitos anos
(talvez tivessem sido apenas meses ou semanas, mas para ele seriam
sempre longos anos) que vivera sozinho nas ruas da cidade, hostilizado
pelos homens que passavam, empurrado pelos guardas, surrado pelos
moleques maiores. Nunca tivera família. Vivera na casa de um padeiro a
quem chamava ‘meu padrinho’ e que o surrava. Fugiu logo que pôde
compreender que a fuga o libertaria. Sofreu fome, um dia levaram-no
preso. Ele quer um carinho, u’a mão que passe sobre os seus olhos e
faça com que ele possa se esquecer daquela noite na cadeia, quando os
soldados bêbados o fizeram correr com sua perna coxa em volta de uma
saleta. Em cada canto estava um com uma borracha comprida.
Na prática
As marcas que ficaram nas suas costas desapareceram. Mas de
dentro dele nunca desapareceu a dor daquela hora. Corria na
saleta como um animal perseguido por outros mais fortes. A perna
coxa se recusava a ajudá-lo. E a borracha zunia nas suas costas
quando o cansaço o fazia parar. A princípio chorou muito, depois,
não sabe como, as lágrimas secaram. Certa hora não resistiu mais,
abateu-se no chão. Sangrava. Ainda hoje ouve como os soldados
riam e como riu aquele homem de colete cinzento que fumava um
charuto.”
AMADO, Jorge. Capitães da areia. Rio de Janeiro: Record, 1980.
Na prática
Selecione o trecho do texto no qual seria possível o uso da
mesóclise e reescreva-o realizando essa modificação.
a. [...] queria alegria, uma mão que o acarinhasse…
b. [...] alguém que com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico…
c. Fugiu logo que pôde compreender que a fuga o libertaria.
d. [...] quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna
coxa em volta de uma saleta.
e. A perna coxa se recusava a ajudá-lo.
Na prática Correção
Selecione o trecho do texto no qual seria possível o uso da
mesóclise e reescreva-o realizando essa modificação.
a. [...] queria alegria, uma mão que o acarinhasse…
b. [...]alguém que com muito amor o fizesse esquecer o defeito físico…
c. Fugiu logo que pôde compreender que a fuga o libertaria.
d. [...] quando os soldados bêbados o fizeram correr com sua perna
coxa em volta de uma saleta.
e. A perna coxa se recusava a ajudá-lo.
Reescrita: Fugiu logo que pôde compreender que a fuga libertá-lo-ia.
Aplicando fragmento* – nos slides 15 e 16.

(UNIFESP) Considere as afirmações seguintes.


I. O fragmento* do romance, ambientado na cidade de Salvador
das primeiras décadas do século passado, aborda a vida de uma
criança em situação de absoluta exclusão social e violência, o
que destoa do projeto literário e ideológico dos escritores
brasileiros que compõem a “Geração de 30”.
II. Valendo-se das conquistas do Modernismo, o romance
apresenta linguagem fluente e acessível ao grande público,
utilizando-se de um português coloquial, simples, próximo a um
modo natural de falar, com o largo emprego da frase curta e
econômica.
Aplicando
III. Sem-Pernas é uma personagem que, embora encarne um tipo social
claramente delimitado, o do menino “pobre, abandonado, aleijado e
discriminado”, adquire alguma profundidade psicológica, à medida
que seu passado e suas experiências dolorosas vêm à tona.
Conforme o texto, está correto o que se afirma apenas em:
a. I.
b. II.
c. III.
d. I e II.
e. II e III.
Aplicando Correção
II. Valendo-se das conquistas do Modernismo, o romance apresenta
linguagem fluente e acessível ao grande público, utilizando-se de um
português coloquial, simples, próximo a um modo natural de falar,
com o largo emprego da frase curta e econômica.
III. Sem-Pernas é uma personagem que, embora encarne um tipo social
claramente delimitado, o do menino “pobre, abandonado, aleijado e
discriminado”, adquire alguma profundidade psicológica, à medida
que seu passado e suas experiências dolorosas vêm à tona.
Conforme o texto, está correto o que se afirma apenas em:
a. I.
b. II.
c. III.
d. I e II.
e. II e III.
O que aprendemos hoje?

• Comparamos a colocação pronominal na norma-padrão


e no português brasileiro coloquial.
• Analisamos características linguísticas e textuais de
trechos do romance Capitães da areia, de Jorge
Amado.
Tarefa SP
Localizador: 101180
1. Professor, para visualizar a tarefa da aula, acesse com
seu login: tarefas.cmsp.educacao.sp.gov.br.
2. Clique em “Atividades” e, em seguida, em “Modelos”.
3. Em “Buscar por”, selecione a opção “Localizador”.
4. Copie o localizador acima e cole no campo de busca.
5. Clique em “Procurar”.
Videotutorial: http://tarefasp.educacao.sp.gov.br/.
Referências
AMADO, Jorge. Capitães da areia. 92. ed. Rio de Janeiro: Record,
1988.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 34. ed.
São Paulo: Cultrix, 1996.
PARANÁ (Estado). Secretaria da Educação. Material de Apoio ao
Professor. Paraná, 2022.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo Paulista
do Ensino Médio. São Paulo: SEE, 2020.
Referências
VESTIPROVAS. Disponível em:
http://www.vestiprovas.com.br/questao.php?questao=unifesp-2011-
2-25-literatura-autores-jorge-amado-capitaes-de-areia-10188.
Acesso em: 2 ago. 2023.
Referências
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