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ÍNDICES DE VEGETAÇÃO
APONTAMENTOS DE AULA
Piracicaba
2021
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1. INTRODUÇÃO
Os índices são utilizados na agricultura para expressar de forma mais clara a variabilidade
especializada da cultura. Para tanto, deve-se utilizar no mesmo talhão, com mesma época de plantio
e variedade e, sobretudo, conhecer o histórico da área.
A maior fonte de dados de vegetação e solos para o sensoriamento remoto é dada por imagens
de satélite, as quais permitem a obtenção de informações de tempo em tempo de um mesmo local
(resolução temporal). Os dados de imagens de satélite são usualmente armazenados no pixel para
cada banda, pelo nível digital (ND, digital number).
É importante ressaltar que os efeitos atmosféricos (espalhamento e absorção) são maiores nos
comprimentos de onda do visível. O material a seguir abordará os principais índices de vegetação.
2. ÍNDICES DE VEGETAÇÃO
espectral da vegetação, solo e água. Porém, com mais aplicação no comportamento espectral
da vegetação.
Figura 1: Curvas espectrais para a vegetação considerando diferentes IAFs (reflectância aditiva)
No caso do solo, há que se considerar que, quanto mais espectralmente escuros forem
os solos, ou seja, quanto menores forem as reflectâncias no vermelho e no infravermelho
próximo, mais próximos de (A) esses solos estarão representados, e, por outro lado, quanto mais
refletivos (mais claros) forem os solos, mais próximas de (B) suas reflectâncias estarão
representadas.
A linha do solo é obtida quando, num espaço vermelho × infravermelho próximo, são
plotados pontos espectrais referentes a pixels que contêm exclusivamente solos expostos, tanto
os escuros como os claros, obtendo-se, em seguida, a linha que melhor se ajusta aos pontos
correspondentes a esses solos.
3. TIPOS DE IV
Existem vários tipos de IV’s (índices de vegetação) que podem ser agrupados em três
classes: índices intrínsecos ou simples, índices que utilizam a linha de solo e índices
atmosfericamente corrigidos.
SR = NIR/Red
Em que:
Destaca-se que o NDVI é um dos índices empregados há mais tempo e está entre os
mais utilizados em razão de sua excelente responsividade a variações de vigor da vegetação.
Dessa forma, a folha verde se apresenta com uma maior taxa fotossintética, pois
apresenta uma menor refletância em todos os comprimentos de onda do visível, sendo mais
bem observada essa diferença em 550 nm (Verde). Além disso, no red-edge aproximadamente
entre 690 – 720 nm observa-se que a curva está mais à direita no gráfico. Além disso, há uma
maior refletância no IVP devido à variação entre AR (Índice de Refração 1.0) e mesófilo
esponjoso hidratado (1.4), já que quanto maior as diferenças entre ar e H2O maior é a refletância
nas folhas verdes.
Para a folha verde amarelada, a qual está caminhando para a senescência, tem-se uma
maior refletância em todos os comprimentos do visível, com um deslocamento de maior
refletância na região do amarelo (565 – 575 nm). Tal fato está relacionado a degradação da
clorofila, que em maior quantidade marcara a resposta das xantolitas e carotenoides (amarelo –
laranja). Ao observarmos a região do vermelho, verifica-se a diminuição da fotossíntese (600-
680 nm). Para o red-edge, a curva se posicionou mais à esquerda.
Conclui-se, portanto, que a folha verde é mais saudável que a folha verde-amarela. Mas
como o índice pode facilitar uma interpretação? Para isso, adota-se:
Pode-se observar que os valores são adimensionais e que em ordem de grandeza a folha
mais saudável (verde) tem valores maiores (9,2) em comparação a folha verde-amarelo (5,25)
a qual caminha para a senescência. Porém, esse índice é mais bem explorado em condições de
maior biomassa (florestas plantadas e matas nativas), pois é mais sensível as variações.
-1 Água
0 Solo
+1 Vegetação
𝐼𝑉𝑃 − 𝑉
𝑁𝐷𝑉𝐼 =
(𝐼𝑉𝑃 + 𝑉)
Em que:
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No IVP, a maior refletância se deve a estrutura celular da folha e suas variações internas
no conteúdo de ar e H2O, promovendo um maior espalhamento, consequentemente um menor
aproveitamento de energia nessa região do espectro eletromagnético. Assim, o IVP ao chegar
ao mesofilo esponjoso e as cavidades existentes no interior da folha, sofre múltiplas reflexões
e refrações devido às diferenças dos índices de refração 1,0 (ar) e paredes celulósicas hidratas
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A refletância entre os teores de H2O e ar, os quais podem influenciar na resposta espectral da
vegetação, pode ser mais bem observado entre uma folha nova e uma folha “madura”. A
Folha nova é mais compacta, ↑ H2O e ↓Ar com menor refletância no IVP. Já a Folha
Além da questão da água nas folhas, é importante salientar que a reflectância na região
do IV-Próximo aumenta com a maior densidade das folhas. A chamada reflectância aditiva, ou
seja, é quando a energia transmitida através das folhas superiores é parcialmente refletida pelas
folhas que estão mais abaixo. Assim, parte da energia transmitida para as folhas de baixo é
somada com a energia refletida pela folha de cima, como descrito na figura a seguir.
A energia que foi transmitida da folha 1 para a folha 2 é reaproveitada quando o mesmo
comportamento da folha 3 ou em mais folhas. Esse processo é denominado de refletância
aditiva e explica também porque a NDVI é um índice que indica variação de biomassa. Porém,
temos que lembrar que o NDVI “satura”, ou seja, ele é sensível apenas a variações baixas e
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médias de biomassa. Isso ocorre devido a uma baixa variação com o grande aumento do número
de folhas para o vermelho em relação ao IVP.
30 − 5
42 𝑑𝑖𝑎𝑠 − 𝑁𝐷𝑉𝐼 = = 0,71
30 + 5
45 − 2
50 𝑑𝑖𝑎𝑠 − 𝑁𝐷𝑉𝐼 = = 0,91
45 + 2
50 − 4
68 𝑑𝑖𝑎𝑠 − 𝑁𝐷𝑉𝐼 = = 0,85
50 + 4
Aos 42 dias a cultura do feijão ainda não fechou o dossel, predominam folhas mais
novas, portanto com menores teores de clorofila, explicando assim uma menor observação do
vermelho e verde, fotossíntese. Também as folhas mais novas são mais compactas, com mais
H2O e menos lacunosas (menos ar), o que explica também uma menor refletância no IVP.
Podemos dizer que a cultura encontra-se em pleno crescimento vegetativo (V1, V2...).
Nesse contexto, mais uma vez podemos observar que os valores obtidos de NDVI (0,71
aos 42 dias e 0,91 aos 50 dias) refletem o que a média propõe, ou seja, maiores valores de
biomassa e vigor vegetativo com valores mais próximos de 1. Porém, aos 68 dias, a cultura já
se encontra no final do enchimento de grãos, toda a energia, nutrientes acumulados nas folhas,
passa agora a ser utilizado e alocado para o grão. Observamos que temos uma diminuição da
taxa fotossintética (degradação da clorofila), principalmente por um aumento da refletância do
verde (550 nm) e do vermelho (680 nm).
Mas como explicar uma maior refletância no IVP? Tal fato está associado a uma
diminuição da H2O, aumento dos espaços lacunosos de ar no mesófilo esponjoso, promovendo
um aumento nas refrações, gerando assim uma maior refletância e não um aumento de
biomassa.
O valor obtido de NDVI (0,85) ainda se apresenta mais próxima do valor 1, apesar da
cultura já estar em senescência. Este fato levanta uma pequena discussão com relação a
utilização do NDVI. Assim, o NDVI é muito utilizado na agricultura de precisão para expressar
e mapear a variabilidade em talhos agrícolas. Para obtenção de resultados coerentes, devem-se
tomar alguns cuidados para cada talhão (basicamente, o histórico de monitoramento da área):
● Mesma variedade
● Mesma época de plantio
● Mesmos dados culturais
Em que:
Por ser um índice normalizado também varia de -1 (água), 0 (solo) e +1 (vegetação mais
relacionada a teor de clorofila). O conceito é o mesmo do NDVI, em que, quanto menor a
refletância no verde, maior conteúdo de clorofila na folha e quanto maior o número de folhas
maior a resposta pro IVP.
45 − 4
50 𝑑𝑖𝑎𝑠 − 𝐺𝑁𝐷𝑉𝐼 = = 0,84
45 + 4
30 − 6
42 𝑑𝑖𝑎𝑠 − 𝐺𝑁𝐷𝑉𝐼 = = 0,66
30 + 6
Observa-se que os menores valores do GNDVI foram obtidos aos 42 dias, o qual já foi
comentado que a cultura ainda não estava com o dossel fechado, com maior número de folhas
mais novas, isto é, menor teor de clorofila.
É um índice baseado no NDVI proposto por Huete (1988) foi modificado para tentar
diminuir os efeitos do solo na resposta da vegetação. Ele varia de -1 à +1, de água, solo até
maior biomassa.
(𝐼𝑉𝑃 − 𝑅). (1 + 𝐿)
𝑆𝐴𝑉𝐼 =
(𝐼𝑉𝑃 + 𝑅) + 𝐿
Em que:
O fator de ajuste (L) pode variar de 0,25 à 1. O valor mais utilizado é 0,5, porém é
indicado da seguinte forma:
L: 0 – SAVI = NDVI
Esse índice foi proposto por Richardson e Wiegand (1977) e considera que quanto maior
for a distância de um ponto em relação a outro do solo, maior será a quantidade de vegetação
presente no respectivo “pixel”.
Em que:
O atmospherically resistant vegetation index (ARVI), que foi proposto por Kaufman e
Tanré (1992) como um processo de autocorreção para efeitos atmosféricos no canal do
vermelho (red), com base na diferença entre o vermelho e o azul (blue), variando entre -1 e +1.
𝑁𝐼𝑅 − 𝑅𝐵
𝐴𝑅𝑉𝐼 =
𝑁𝐼𝑅 + 𝑅𝐵
Em que:
O valor de 𝛾 (gama) assume o valor de 1,0, esse IV’s é uma similar ao NDVI, porém
com a substituição do vermelho (Red) pelo termo RB.
O Green Atmospherically Resistant Vegetation Index (GARI) foi proposto por Gitelson,
Kaufman e Merzlyak (1996) com o objetivo de diminuir os efeitos atmosféricos.
Em que:
Blue, Green, Red, NIR: valores dos pixels nas bandas azul, verde, vermelho, infravermelho
próximo, respectivamente.
Pode-se notar que também é uma variação do NDVI onde o vermelho é substituído por
(Verde-Azul-Vermelho), também variado de –1 à +1.
4. ÍNDICE RED-EDGE
A feição chamada de red-edge foi pela primeira vez descrita por Collins (1978). Quando
se estuda a curva espectral da vegetação, verifica-se que existe uma feição bastante específica
na região entre 690 nm e 720 nm, a qual é caracterizada por uma baixa reflectância do vermelho
em virtude da absorção pela clorofila, e em seguida subindo bruscamente até um platò, com
frequência chamado de red-edge shoulder, que se inicia por volta de 800 nm e para o qual a
elevada reflectância no infravermelho é associada à estrutura interna e ao conteúdo interno de
água das folhas.
5. REFERÊNCIAS